Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis COMPREENSIBILIDADE E DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL: Um enfoque na teoria Semiótica Carlos Eduardo Gomes da Silva São Paulo 2011 Carlos Eduardo Gomes da Silva COMPREENSIBILIDADE E DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL: Um enfoque na teoria Semiótica Dissertação apresentada ao programa de pósgraduação em Ciências Contábeis da Universidade Presbiteriana Mackenzie para a obtenção do título de Mestre em Controladoria Empresarial. Orientador: Profª. Dra. Maria Thereza Pompa Antunes São Paulo 2011 S586 Silva, Carlos Eduardo Gomes da Compreensibilidade e disseminação da informação contábil: Um enfoque na Teoria Semiótica / Carlos Eduardo Gomes da Silva – 2012. 77 f. : il. ; 30 cm Dissertação (Mestrado Profissional em Controladoria Empresarial) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2012. Orientação: Profa. Dra. Maria Thereza Pompa Antunes Bibliografia: f. 62-65 1. Teoria semiótica 2.Teoria comunicação 3.Informação contábil I. Título. CDD 657 Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Prof. Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto Decano de Pesquisa e Pós-Graduação Prof. Dr. Moisés Ari Zilber Diretor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Prof. Dr. Sérgio Lex Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis Profa. Dra. Maria Thereza Pompa Antunes "Aquele que se sabe profundo esforça-se por ser claro; aquele que gostaria de parecer profundo à multidão esforça-se por ser obscuro." Friedrich Nietzsche Aos meus pais Marcos Eduardo Gomes da Silva e Aldenisa Cruvinel Barbosa da Silva, pelos seus exemplos de dignidade, honradez e constante apoio em todos os momentos. À minha irmã Elisangela Gomes da Silva que me mostra o quão feliz é o homem que se dedica e ama o que faz. Aos meus amigos que sempre me estimularam e entenderam momentos. minha ausência em alguns AGRADECIMENTOS A elaboração de um trabalho dessa natureza deixa-nos em débito com muitas pessoas e, mesmo podendo incorrer no grave erro de omitir alguns, é necessário que se agradeça a algumas pessoas que trabalharam nesse processo de maneira mais próxima. Em primeiro lugar, à minha orientadora Profª. Dra. Maria Thereza Pompa Antunes, por toda a sua paciência e atenção no decorrer desse trabalho e por ter acreditado em um sonho que se torna realidade nesse momento, além de todo o seu ilibado esforço e exemplo de dedicação à ciência. Ao Prof. Dr. Marcos Rizolli por todas as suas esclarecedoras recomendações que acompanharam esse projeto desde a sua pré-qualificação, por compartilhar seu vasto conhecimento que tanto contribuiu para o nosso desenvolvimento intelectual. Ao Prof. Dr. Masayuki Nakagawa por ter respondido de forma tão acolhedora ao nosso convite para participar como membro da comissão examinadora e por todo o apoio a nós oferecido desde a concepção deste projeto. A todos os professores que nos acompanharam durante todo o mestrado e às suas valiosas lições a nós transmitidas. A todos os colegas da quarta turma de mestrado profissional em controladoria empresarial pelo convívio diário. A Taís Evelin dos Santos e a todos os membros da Secretaria de Pós-Graduação, os funcionários da Biblioteca e do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) por todo o apoio e atenção durante o mestrado. A todos os meus companheiros da empresa AC Nielsen do Brasil Ltda. que sempre me apoiaram em todas as etapas desse processo. Em especial, Marina Carla Mariani e Tatiana Hatori Vidal que atuaram como grandes incentivadoras e Márcio Monteiro da Rocha Nóbrega pelo especial apoio no momento de coleta de dados. Por fim, agradeço aos meus familiares, em especial a minha prima Tatiana Galo Saiki que foi uma das maiores motivadoras para o meu ingresso no curso de Mestrado Profissional da Universidade Presbiteriana Mackenzie. RESUMO Diversos estudos mostram que um dos maiores problemas da compreensão da informação contábil está em suas terminologias. Em vista disso, o presente estudo buscou compreender como se dá o processo de comunicação entre os jornalistas e as áreas de Relações com Investidores de empresas com o objetivo de verificar onde se encontram os problemas de compreensão da informação contábil, considerando-se que a mesma possui uma estrutura fechada e uma taxonomia própria. A escolha por jornalistas deveu-se ao fato de que os mesmos atuam como tradutores da informação contábil recebida para o grande público, enquanto a área de Relações com Investidores é entendida como o porta-voz da empresa para os acionistas, sendo ambos, então, considerados fonte secundária da informação contábil. A pesquisa contou com uma amostra de duzentos jornalistas e 155 empresas que possuíam ações listadas no BM&F BOVESPA. Os dados foram coletados por meio de questionário contendo perguntas abertas e fechadas, disponibilizado na web e tratados por meio das técnicas de análise de conteúdo e análise fatorial. Em linhas gerais, a análise dos resultados possibilitou verificar que os jornalistas utilizam as mesmas fontes de informação contábil que os demais usuários externos, contudo, não existe uma interação efetiva com as áreas de Relações com Investidores. Adicionalmente, verificou-se que a Contabilidade precisa de uma maior simplificação em suas terminologias, pois foi possível perceber que os seus “tradutores” podem não cumprir perfeitamente este papel. Palavras-chave: Teoria Semiótica, Teoria Comunicação, Informação Contábil. ABSTRACT Several studies show that one of the major problems in understanding the accounting information relies on its terminology. Accordingly, this study aimed to understand how the communication process between journalists and companies Investors Relations areas is, in order to verify where the problems to understand accounting information are, considering that accounting information has a closed structure and its own taxonomy. The choice of journalists was due to the fact that they act as translators of accounting information received to the general public, while the Investors Relations area is seen as the spokesman for the company’s shareholders, both considered, then, as a secondary source of accounting information. The survey covered as sample two hundred journalists and 155 companies that have shares listed on BM&F BOVESPA. Data were collected through a questionnaire containing open and closed questions, made available on the web and treated by techniques of content analysis and factor analysis. In general, the analysis of the results enabled to verify that journalists use the same sources of accounting information that the other external users, however there is not effective interaction with the Investor Relations areas. Additionally, it was found that accounting needs further simplification in its terminology, because it is seen that their translators cannot perfect fulfill this role. Keywords: Semiotic Theory, Communication Theory, Accounting Information. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 13 1.1. Contextualização do Tema ............................................................................................. 13 1.2. Questão de Pesquisa ....................................................................................................... 14 1.3. Objetivo Geral ................................................................................................................ 14 1.4. Justificativas e Contribuições ........................................................................................ 15 1.5. Delimitação do Estudo ................................................................................................... 16 2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................. 17 2.1. Convergência das Informações Contábeis ..................................................................... 17 2.1.1. CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis ........................................................... 17 2.1.2. Principais Alterações Propostas pela Convergência. .................................................. 19 2.2. Informação Contábil ...................................................................................................... 21 2.2.1. Usuários da Informação Contábil ............................................................................ 21 2.2.2. Enfoques da Informação Contábil ........................................................................... 22 2.3. Teoria da Comunicação ................................................................................................. 23 2.4. Teoria Semiótica ............................................................................................................ 25 2.4.1. Teoria Semiótica Peirceana ..................................................................................... 26 2.4.2. Dimensões da Semiótica ......................................................................................... 31 2.5. Estudos Conduzidos ....................................................................................................... 33 2.5.1. Análise dos Estudos Conduzidos sobre o Tema...................................................... 34 2.6. Informação Contábil através da Teoria da Comunicação .............................................. 34 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................................................... 38 3.1. Objetivos Gerais e Específicos ...................................................................................... 38 3.1.1. Objetivos Específicos .............................................................................................. 38 3.2. Tipologia do Estudo ....................................................................................................... 39 3.3. População e Amostra ..................................................................................................... 39 3.3.1. Esquema da Pesquisa .............................................................................................. 40 3.4. Procedimentos de Coleta de Dados................................................................................ 41 3.4.1. Procedimentos Aplicados aos Jornalistas ................................................................ 41 3.4.2. Procedimentos Aplicados ao Departamento de Relações com Investidores ........... 42 3.5. Procedimentos de Tratamento dos Dados ...................................................................... 43 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................................................... 44 4.1. Análise do Questionário Aplicado aos Jornalistas ......................................................... 44 4.1.1. Informações Gerais do Respondente ....................................................................... 44 4.1.2. Informações sobre a Atuação Profissional do Respondente ................................... 45 4.1.3. Análise Semântica da Informação Contábil ............................................................ 46 4.1.4. Análise Pragmática da informação contábil ............................................................ 50 4.1.5. Análise Sintática da Informação Contábil ............................................................... 52 4.1.6. Processos de Melhora na Comunicação entre Empresa e Usuário Final ................ 54 4.2. Análise do Questionário Aplicado à Área de Relações com Investidores ..................... 55 5. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 59 5.1. Sugestões para Futuros Estudos ..................................................................................... 60 5.2. Limitações do Estudo..................................................................................................... 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................62 APÊNDICES ............................................................................................................................ 66 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Enfoques da Teoria da Contabilidade ...................................................................... 23 Figura 2 – Fluxo de comunicação da Informação Contábil...................................................... 24 Figura 3 - Definição de Signo .................................................................................................. 27 Figura 4 - Aplicação da definição de Santaella aos Demonstrativos Contábeis ...................... 31 Figura 5 - Fluxo da informação contábil .................................................................................. 35 Figura 6 - Fluxo da informação do ponto de vista dos contadores ........................................... 35 Figura 7 - Fluxo da informação do ponto de vista dos jornalistas ............................................ 36 Figura 8 - Fluxo da informação do ponto de vista dos usuários externos ................................ 37 Figura 9 – Esquema de pesquisa (Fluxo da informação contábil) ............................................ 40 Figura 10 - Sexo dos respondentes ........................................................................................... 44 Figura 11 – Faixa etária dos respondentes................................................................................ 45 Figura 12 – Grau de instrução aplicado a Contabilidade, Economia e áreas correlatas ........... 45 Figura 13 – Mídia para a qual o trabalho do jornalista é voltado ............................................. 46 Figura 14 – Exclusividade do veículo em relação às áreas de Economia ou Finanças ............ 46 Figura 15 - Interação entre os jornalistas e RI (ponto de vista dos jornalistas) ........................ 50 Figura 16 – Relevância dos Demonstrativos financeiros ......................................................... 51 Figura 17 – Categorização das empresas segundo BM&F BOVESPA ................................... 55 Figura 18 – Interação RI com Contabilidade e Finanças.......................................................... 56 Figura 19 – Interação jornalistas com área de RI ..................................................................... 57 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Órgãos componentes do Comitê de Pronunciamentos Contábeis .......................... 18 Quadro 2 - Comparativo CPC e IAS ........................................................................................ 19 Quadro 3 - Usuários externos da informação contábil ............................................................. 22 Quadro 4 – Concepção de Signo por Peirce ............................................................................. 28 Quadro 5 – Análise dos artigos já lançados sobre Semiótica ................................................... 33 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Distribuição dos respondentes (jornalistas) ............................................................ 42 Tabela 2 - Matriz de correlação ................................................................................................ 47 Tabela 3 - Teste KMO e Bartlett .............................................................................................. 48 Tabela 4 – Total da variância explicada ................................................................................... 48 Tabela 5 – Rotated Component Matrix .................................................................................... 49 Tabela 6 – Análise de conteúdo (processo de análise das demonstrações financeiras) ........... 52 Tabela 7 - Categorização das respostas (Sintática) .................................................................. 54 Tabela 8 – Problemas enfrentados pelos usuários externos ..................................................... 57 1. INTRODUÇÃO 1.1. Contextualização do Tema Os relatórios contábeis são meios potencialmente importantes para a administração comunicar o desempenho e a governança da empresa aos investidores e demais interessados (Palepu, Healy e Bernard, 2004). De acordo com Hendriksen e Van Breda (1999), o propósito principal desses relatórios é o de dar suporte ao processo decisório dos stakeholders. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), em seu pronunciamento conceitual básico, reconhece que as demonstrações contábeis geradas de acordo com os seus pronunciamentos objetivam a tomada de decisão de usuários externos, não focam grupos específicos de usuário ou atendem necessidades específicas de informações (CPC, 2009). Entretanto, preocupados com a terminologia contábil utilizada e a eficácia da informação nas demonstrações contábeis, Dias Filho e Nakagawa (2001) julgam que as demonstrações contábeis não são suficientemente claras e complementam que uma não compreensão por parte dos usuários externos torna-se arriscada em um momento no qual se verifica o crescimento dos usuários externos da informação contábil. Corroborando com a visão de Dias Filho e Nakagawa, e ao considerarem que o problema de comunicação é universal, Moraes, Nagano e Merlo (2004) afirmam que este problema da compreensibilidade da informação transmitida não somente atinge a Contabilidade, como também todas as áreas do conhecimento humano. Nesse sentido, é lícito afirmar que o contador precisar atuar não só como um gerador de informações contábeis, mas, principalmente, como um comunicador dessas informações aos usuários interessados. Principalmente porque grande parte deles está fora do ambiente empresarial, a exemplo dos investidores, clientes, credores e da sociedade em geral. Ilufi (2000) salienta tal importância ao afirmar que a alta gerência espera que a Contabilidade seja uma ponte de comunicação entre os usuários externos e a empresa por meio da divulgação da posição econômica e financeira da mesma. Considera, ainda, que para o contador tornar-se apto a gerar esse tipo de informação é indispensável à sua formação a introdução de conceitos da Teoria da Comunicação. Na mesma linha de pensamento, Oliver (1974) afirma que a disciplina contábil deve ser uma disciplina comunicativa e que a grande comunicação entre as partes seria mais efetiva 14 se os relatórios contábeis pudessem servir de apoio para qualquer tomada de decisão. Todavia, o entendimento das informações contábeis constitui requisito essencial para que as mesmas sejam utilizadas adequadamente no processo decisório (Dias Filho e Nakagawa, 2001, p. 43). Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo demonstrar que a Teoria Semiótica, adequadamente compreendida e utilizada pelo contador responsável pela elaboração e divulgação dos relatórios contábeis da empresa, poderá materializar os benefícios oferecidos pela Teoria da Comunicação em termos de compreensibilidade da informação contábil, tão esperada e desejada por parte de todos os seus usuários. Para tanto, parte-se do princípio de que se os relatórios contábeis estão simbolicamente corretos, conforme afirma o CPC, é de se questionar por que neles existe um problema de compreensão por parte dos usuários da informação contábil. (Ilufi, 2000; Dias Filho e Nakagawa, 2001) 1.2. Questão de Pesquisa Considerando que os jornalistas utilizam a mesma fonte de informação que os demais estratos de usuários da informação contábil, mas que, diferentemente dos integrantes dos outros estratos, estes formam opinião, emitem pareceres, interpretam e comentam resultados divulgados pelas empresas e, com isso, tornam-se novos geradores de informação, o presente estudo busca responder a seguinte questão de pesquisa: Sendo a compreensibilidade da informação contábil um elemento imprescindivel à eficácia das decisões ecomômicas e accountability dos administradores de empresas, como incorporar os princípos e diretrizes da Teoria Semiótica nos processos de elaboração e divulgação de relatórios contábeis, no contexto da Teoria da Comunicação? 1.3. Objetivo Geral Considerando-se que o contador é o gerador de informações contábeis e divulgador primário dessas informações e que os jornalistas atuam como tradutores da informação contábil ou divulgadores secundários; assumindo, ainda, que entre esses dois geradores de informações podem ocorrer ruídos na comunicação, o presente trabalho tem o seguinte objetivo geral: Verificar como ocorre a comunicação contábil aplicando os conceitos da Teoria Semiótica de forma a identificar em qual das esferas da Semiótica ocorrem possíveis 15 problemas de interpretação, ou seja: Sintática: o signo e sua mensagem apenas pelo que é dito; Semântica: interpretação dada ao signo com base em conhecimentos prévios e informações adquiridas; ou Pragmática: utilização do signo e sua aplicabilidade. 1.4. Justificativas e Contribuições Etheridge e Hsu (2004) afirmam que Contabilidade envolve comunicação e que a Contabilidade possui diversas maneiras de comunicar-se, tanto interna como externamente, através de relatórios contábeis, gerenciais e de auditoria. Dias Filho e Nakagawa (2001) demonstram preocupação com a linguagem contábil à medida que seus agentes aumentam em relação à demanda por mais informações contábeis. Nos estudos internacionais de Haried (1972, 1973), Nakano (1972), Oliver (1974), Belkaoui (1980) e Etheridge e Hsu (2004), verifica-se a preocupação com a comunicação contábil. No Brasil poucos foram os estudos que tratam o contador como um comunicador da informação financeira e econômica da empresa, sendo que a maioria dos estudos é da última década. Iudicibus, Martins e Carvalho (2005), por exemplo, tratam da evolução da Contabilidade e da figura do contador, desde o guarda-livros até o gerador de informação, atualmente fundamental para os negócios da empresa. Dias Filho (2011) e Dias Filho e Nakagawa (2001, 2002), por diversas vezes, vêm alertando para o problema de comunicação que abrange a Contabilidade, assim como Moraes, Nagano e Merlo (2004) que tratam não somente da linguagem contábil simples, mas dos processos decisórios sobre seus dados. Vale destacar, entretanto, que a maioria desses estudos, tanto em nível nacional como internacional, caracteriza-se como revisão bibliográfica ou análise Semântica, o que não consegue cobrir todos os componentes que envolvem a Teoria Semiótica. Outro fato a destacar é que em todos os trabalhos até o momento apresentados, o enfoque é dado ao gerador dos dados contábeis, isto é, sempre se estudou o contador e a sua interpretação sobre os números que são gerados e as informações que são fornecidas. Assim sendo, pode-se dizer que a principal contribuição deste trabalho é ter como objeto de estudo um estrato de usuários da informação contábil. Usuários que também são comunicadores dessas informações, com o diferencial de não ter trabalhado nos números que geraram os demonstrativos e que exprimem opiniões sobre a situação financeira e econômica das empresas, com o poder de influenciar os demais interessados pela informação contábil. 16 Para tal, serão usadas como embasamento teórico as três dimensões que envolvem a Semiótica: Sintática, Semântica e Pragmática. Adicionalmente, este estudo visa contribuir para com a legislação brasileira que está em processo de convergência para as normas internacionais de Contabilidade, buscando um maior nível de disclosure e a melhoria na qualidade da informação contábil. Em síntese, o principal diferencial do presente estudo é que ele aborda toda a amplitude da Semiótica (dimensões Semântica, Sintática e Pragmática) aplicada à análise dos dados contábeis tendo como foco não os contadores, mas especificamente, os jornalistas que servem de tradutores das informações contábeis aos usuários externos e partindo do pressuposto que esse estrato de usuário não possui um relatório específico a ele destinado. 1.5. Delimitação do Estudo Com a elaboração desta pesquisa pretende-se somente buscar estudar a compreensão dos atos e fatos contábeis pelos jornalistas, não tendo como pretensão uma crítica ao trabalho dos mesmos e, tampouco, julgar o profissionalismo deste estrato. Também se desconsiderará conceitos como o da Teoria da Agência e Teoria do Poder, partindo do princípio que os veículos de comunicação e seus atores são livres desses tipos de pressão no que tange à informação publicada. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. Convergência das Informações Contábeis No ano de 2007 a legislação contábil brasileira passou por uma grande reformulação rumando à convergência das normas contábeis brasileiras com as internacionais. A antiga Lei da Sociedade por Ações (Lei das S/As) 6.404, datada de 1976, teve alterações advindas da Lei 11.638/2007. Em 2009 a Lei 11.941 complementou as alterações da Lei 11.638, criando assim condições para que o Brasil participasse definitivamente do processo de convergência mundial das práticas contábeis. As normas contábeis internacionais são emitidas pelo IASB (International Accounting Standards Board) e dividem-se em pronunciamentos IAS (International Accounting Standards) e o IFRS (International Financial and Report Standards). Tais normatizações estão sendo traduzidas, interpretadas e introduzidas no Brasil pelo CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis). Dessa forma, O CPC atua na interpretação e tradução das normas internacionais, originando os pronunciamentos contábeis brasileiros, que posteriormente são referendados pelo Conselho Federal de Contabilidade, principal órgão normatizador do Brasil. Adicionalmente, existem órgãos setoriais, tais como o BACEN (Banco Central do Brasil) e a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), que agem como reguladores de seus respectivos setores de atuação. 2.1.1. CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) é uma organização sem fins lucrativos formado pelas principais autoridades de Contabilidade no Brasil: ABRASCA, APIMEC, BM&F BOVESPA, CFC, FIPECAFI e IBRACON. Autarquias como o BACEN e SUSEP possuem regulamentações próprias, portanto podem ou não aderir aos pronunciamentos emitidos pelo CPC. Todavia, para sanar possíveis divergências entre o CPC e as referidas autarquias, as mesmas são sempre procuradas para dirimir sobre assuntos de interesses comuns. O Quadro 1 apresenta um resumo das principais responsabilidades dos órgãos contábeis do Brasil que compõem o CPC. 18 Quadro 1 - Órgãos componentes do Comitê de Pronunciamentos Contábeis Sigla Órgão Responsabilidades Servir de intermediários entre as empresas de Capital Aberto ABRASCA Associação Brasileira das Companhias Abertas junto aos centros de decisão e opinião pública Centralizador dos APIMECs de outros estados, além de certificar os profissionais, e possuir representação frente ao Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento APIMEC governo e congeneres. Também desenvolvem estudos e do Mercado de Capitais pesquisas visando o desenvolvimento do mercado de capitais e seus afiliados Órgão responsável pela comercialização de ações e títulos do Bolsa de Mercadorias e Futuros e Bolsa de Valores de São BM&F BOVESPA mercado de capitais, atuando como um intermediário entre Paulo as empresas e os investidores Órgão responsável pela certificação dos contadores além de CFC Conselho Federal de Contabilidade emissor das Normas Brasileiras de Contabilidade, sendo assim um órgão regulamentador da profissão contábil A FIPECAFI é a maior instituição de pesquisas em Contabilidade, Ciências Atuariais e Financeiras do país, é Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis Atuárias e FIPECAFI uma das fundações que redige o Manual de Contabilidade Financeiras das Sociedades por Ações, além de outras publicações referência em suas áreas de atuação Representar os auditores, concentrando em um único órgão IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil e representatividade dos profissionais auditores e contadores Fonte: CPC, 2009. No ano de 2010 o CPC emitiu 42 pronunciamentos, 16 interpretações e cinco orientações, que são advindos tanto do IAS como do IFRS, possuindo ainda dois pronunciamentos não finalizados. O Quadro 2 mostra qual é o status de cada pronunciamento CPC com o referente IAS e IFRS. 19 Quadro 2 - Comparativo CPC e IAS CPC 003 CPC 004 CPC 005 CPC 006 Pronunciamentos Contábeis - CPC Redução ao valor recuperável de ativo Efeito das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis Demonstração de fluxo de caixa Atigo intangível Divulgação sobre partes relacionadas Operações de arrendamento mercantil CPC 007 Subvenção e assistência governamentais IAS 20 CPC 010 CPC 011 IFRS 2 IFRS 4 CPC 020 CPC 021 CPC 022 Pagamento baseado em ações Contratos de seguro Instrumentos financeiros: reconhecimento, mensuração e evidenciação Combinação de negócios Estoques Contratos de construção Investimento em coligada e em controlada Investimento em empreendimento controlado em conjunto (joint venture) Custos de empréstimos Demonstração intermediária Informações por segmento CPC 022 Informações por segmento CPC 023 Políticas contábeis, mudança de estimativa e retificação de erro IAS 8 CPC 024 Evento subsequente IAS 10 CPC 025 Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes IAS 37 CPC 026 CPC 027 CPC 028 Apresentação das demonstrações contábeis Ativo imobilizado Propriedade por investimento IAS 1 IAS 16 IAS 40 CPC 029 Ativo biológico e produto agrícola IFRS 6 CPC 029 CPC 030 Ativo biológico e produto agrícola Receitas IAS 41 IAS 18 CPC 031 Ativo não circulante mantido para venda e operação descontinuada IFRS 5 CPC 032 CPC 033 Tributos sobre o lucro Benefícios a empregados IAS 12 IAS 19 CPC 035 Demonstrações separadas IAS 27 CPC 036 Demonstrações consolidadas CPC 037 Adoção inicial das normas internacionais de contabilidade IFRS 1 CPC 038 Instrumentos financeiros: reconhecimento e mensuração IAS 39 CPC 039 Instrumentos financeiros: apresentação IFRS 7 CPC 039 Instrumentos financeiros: apresentação IAS 30 CPC 040 Instrumentos financeiros: evidenciação IAS 32 CPC 041 Resultado por ação IAS 33 CPC 001 CPC 002 CPC 014 CPC 015 CPC 016 CPC 017 CPC 018 CPC 019 IASB Pronunciations - IAS IAS 36 "Impairment of Assets" (Redução no valor recuperável de ativos) IAS 21 "The Effects of Changes in Foreign Exchange Rates" (Efeitos das alterações nas taxas de câmbio) IAS 7 IAS 38 IAS 24 IAS 17 IFRS 9 IFRS 3 IAS 2 IAS 11 IAS 28 IAS 31 IAS 23 IAS 34 IFRS 8 IAS 14 IAS 26 IAS 29 "Cash Flow Statements" (Demonstração dos fluxos de caixa) "Intangible Assets" (Ativos intangíveis) "Related Party Disclosures" (Divulgações das partes relacionadas) "Leases" (Arrendamentos) Accounting for Government Grants and Disclosure of Government Assistance" (Contabilidade de concessões governamentais e divulgação de assistência governamental) "Share-based Payment" (Pagamentos em ações) "Insurance Contracts" (Contratos de seguro) "Financial Instruments" (Instrumentos financeiros. Substituirá IAS 39 a partir de 1 de janeiro de 2013) "Business Combinations" (Combinações de negócios) "Inventories" (Estoques) Construction Contracts" (Contratos de construção) "Investments in Associates" (Contabilidade para investimentos em associadas) "Interests in Joint Ventures" (Tratamento contábil de participação em empreendimentos em conjunto) "Borrowing Costs" (Custos de empréstimos) "Interim Financial Reporting" (Relatórios financeiros intermediários) "Operating Segments" (Segmentos operacionais) "Segment Reporting" (Relatórios por segmento. Substituído desde 1 de janeiro de 2009 por IFRS 8) "Accounting Policies, Changes in Accounting Estimates and Errors" (Políticas contábeis, alterações de estimativas e Erros) "Events after the Balance Sheet Date" (Eventos subseqüentes à data do balanço patrimonial) "Provisions, Contingent Liabilities and Contingent Assets" (Provisões, passivos e ativos contingentes) "Presentation of Financial Statements" (Apresentação das demonstrações financeiras) "Property, Plant and Equipment" (Ativo Imobilizado) "Investment Property" (Propriedades para investimento) "Exploration for and Evaluation of Mineral Resources" (Exploração e avaliação de recursos minerais) "Agriculture" (Agricultura) "Revenue" (Receita) "Non-current Assets Held for Sale and Discontinued Operations" (Ativos não correntes detidos para revenda e operações descontinuadas) Income Taxes" (Imposto de renda) "Employee Benefits" (Benefícios aos empregados) "Consolidated and Separate Financial Statements" (Demonstrações financeiras consolidadas e contabilidade para investimentos em subsidiarias) "First-time Adoption of International Financial Reporting Standards" (Primeira aplicação das normas internacionais de contabilidade) "Financial Instruments: Recognition and Measurement" (Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e mensuração) "Financial Instruments: Disclosures" (Instrumentos financeiros: Divulgações) "Disclosures in the Financial Statements of Banks and Similar Financial Institutions" (substituído desde 1 de janeiro de 2007 por IFRS 7) "Financial Instruments: Disclosure and Presentation" (Instrumentos Financeiros: divulgação e apresentação) "Earnings per Share" (Lucro por ação) "Accounting and Reporting by Retirement Benefit Plans" (Contabilidade e emissão de relatórios para planos de beneficio de aposentadoria) "Financial Reporting in Hyperinflationary Economies" (Demonstrações financeiras em economias hiperinflacionárias) Fonte: Ernst & Young, 2010 2.1.2. Principais Alterações Propostas pela Convergência. A Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade (CPC 00), conhecido como CPC Conceitual, apresenta a finalidade dos pronunciamentos emitidos pelo Comitê e salienta que sua principal finalidade é preparar demonstrações contábeis que sejam úteis para a tomada de decisão por parte dos usuários em geral, sem preocupar-se com interesses específicos. (CPC, 2008) Os pronunciamentos podem apresentar: alterações contábeis, complementos às normas contábeis já existentes no país e, em outros casos, regulamentações de algumas propostas das 20 Leis 11.638 e 11.941. No caso das Pequenas e Médias Empresas que não se enquadram no Regime de Sociedades por Ações, o CPC também emitiu pareceres regulatórios abarcando, dessa maneira, todas as categorias de empresas existentes no país. Conforme comentado anteriormente, órgãos regulamentadores financeiros como o BACEN, SUSEP e COSIF têm a prerrogativa de adoção das normas, verificando os interesses de seus representados. O presente estudo visa especificamente as alterações que tangem os relatórios financeiros que, a partir do alinhamento às normas internacionais, foram denominados Demonstrações Financeiras, já que esses são os relatórios divulgados pelas sociedades anônimas abertas e utilizados pelos usuários externos. O CPC 26 conceitua as demonstrações contábeis como: “aquelas cujo propósito reside no atendimento das necessidades informacionais de usuários externos que não se encontram em condições de requerer relatórios especificamente planejados para atender às suas necessidades peculiares” (CPC, 2009 p.95) A Lei 11.638/2007 instituiu os seguintes relatórios como obrigatórios para as sociedades anônimas: Balanço Patrimonial Demonstração de Resultado Demonstrações de Mutações do Patrimônio Líquido Demonstrações de Fluxos de Caixa (exceto para companhias de capital fechado com patrimônio líquido inferior a R$ 2 milhões) Demonstração do Valor Adicionado (se a companhia for de capital aberto). O CPC 03 – Demonstração de Fluxo de Caixa – alterou a lei local que antes exigia a apresentação da DOAR (Demonstração de Origem e Aplicação de Recursos) e que colocava a Demonstração de Fluxo de Caixa como um demonstrativo complementar divulgado pelas empresas de capital aberto. O CPC 36 – Demonstrações Consolidadas – inclui os acionistas não controladores como parte do Patrimônio Líquido. O CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis – modificou a maneira como são apresentados os Ativos e Passivos que antes eram evidenciados por nível decrescente de liquidez e exigibilidade, respectivamente, e que agora são divididos em circulante e não circulante. 21 O CPC 09 – Demonstração de Valor Adicionado – regulamenta a Demonstração de Valor Adicionado que teve a sua emissão obrigatória com o advento da Lei 11.638. Até a promulgação da referida Lei, as companhias abertas emitiam esse relatório apenas de modo complementar. O pronunciamento conceitual CPC 00 afirma que as normas emitidas pelo CPC visam todos os usuários externos da Contabilidade, sem considerar estratos específicos de usuários. Como a convergência das normas contábeis iniciou-se no ano de 2010 as empresas tiveram que reemitir os seus relatórios para que fosse atendido o conceito de comparabilidade. 2.2. Informação Contábil 2.2.1. Usuários da Informação Contábil Mesmo tendo em conta a infinidade de tipos de usuários diretos da informação contábil, o CPC afirma: Demonstrações contábeis preparadas sob a égide desta Estrutura Conceitual objetivam fornecer informações que sejam úteis na tomada de decisões e avaliações por parte dos usuários em geral, não tendo o propósito de atender fnalidade ou necessidade específca de determinados grupos de usuários. (CPC 00, 2009 p. 16) Dias Filho e Nakagawa (2001, p. 47) ratificam a informação exposta pelo CPC ao afirmarem que a Contabilidade tem por missão a facilitação na tomada de decisão e complementam dizendo que o mínimo que se pode esperar das demonstrações contábeis é que as mesmas possuam clareza em suas informações e que elas sejam compreensíveis. O Pronunciamento Contábil Conceitual (CPC 00) elenca ainda alguns dos usuários externos da informação contábil descritos no Quadro 3, como segue: 22 Quadro 3 - Usuários externos da informação contábil Tipo de usuário Investidores Empregados Credores Fornecedores e Outros Credores Comerciais Clientes Governo e suas Agencias Público Necessidade de Informação Os provedores de capital de risco e seus analistas que se preocupam com o risco inerente ao investimento e o retorno que ele produz. Eles necessitam de informações para ajudá-los a decidir se devem comprar, manter ou vender investimentos. Os acionistas também estão interessados em informações que os habilitem a avaliar se a entidade tem capacidade de pagar dividendos. Os empregados e seus representantes estão interessados em informações sobre a estabilidade e a lucratividade de seus empregadores. Também se interessam por informações que lhes permitam avaliar a capacidade que tem a entidade de prover sua remuneração, seus benefícios de aposentadoria e suas oportunidades de emprego. Estes estão interessados em informações que lhes permitam determinar a capacidade da entidade em pagar seus empréstimos e os correspondentes juros no vencimento. Os fornecedores e outros credores estão interessados em informações que lhes permitam avaliar se as importâncias que lhes são devidas serão pagas nos respectivos vencimentos. Os credores comerciais provavelmente estarão interessados em uma entidade por um período menor do que os credores por empréstimos, a não ser que dependam da continuidade da entidade como um cliente importante. Os clientes têm interesse em informações sobre a continuidade operacional da entidade, especialmente quando têm um relacionamento a longo-prazo com ela, ou dela dependem como fornecedor importante. Os governos e suas agências estão interessados na destinação de recursos e, portanto, nas atividades das entidades. Necessitam também de informações a fim de regulamentar as atividades das entidades, estabelecer políticas fiscais e servir de base para determinar a renda nacional e estatísticas semelhantes. As entidades afetam o público de diversas maneiras. Elas podem, por exemplo, fazer contribuição substancial à economia local de vários modos, inclusive empregando pessoas e utilizando fornecedores locais. As demonstrações contábeis podem ajudar o público fornecendo informações sobre a evolução do desempenho da entidade e os desenvolvimentos recentes. Fonte: Adaptado CPC, (2009) 2.2.2. Enfoques da Informação Contábil Hendriksen e Van Breda (1999, p. 23) afirmam que devido à grande quantidade de usuários da informação contábil, diversos enfoques têm que ser abordados para que se atendam às diversas necessidades de informação da forma mais abrangente possível. Tais enfoques podem ser resumidos a seguir: Enfoque fiscal: a Contabilidade enquanto prestadora de informação à Receita Federal e órgãos tributários e toda e qualquer inferências que as mesmas podem ter sobre a legislação contábil. Enfoque legal: toda a normatização aplicada pelos órgãos reguladores da Contabilidade e litígios envolvendo interpretações sobre números e reportes. Enfoque ético: aplicação dos conceitos de justiça, verdade e equidade na postura profissional, não somente do contador, mas de todos os atores do processo contábil (gerência, administração, etc.). Enfoque econômico: análise dos efeitos macroeconômicos (divulgação da informação dentro de um setor de atuação na economia nacional) e microeconômicos (dentro da 23 empresa e os impactos que podem causar na tomada de decisão da gerência e administração). Enfoque comportamental: visão dos usuários externos e decisões tomadas com base em relatórios reportados e na relevância da informação transmitida. Tal enfoque traz à tona conceitos da real função fundamental da Contabilidade. Enfoque estrutural: focado principalmente na estrutura conceitual da Contabilidade para a resolução de conflitos, utilizando principalmente analogias em determinados casos. Tal enfoque é o mesmo praticado no início do curso de Contabilidade A Figura 1 ilustra a relação dos enfoques da Contabilidade com a informação contábil gerada: Figura 1 - Enfoques da Teoria da Contabilidade Fonte: Hendriksen e Van Breda (1999) 2.3. Teoria da Comunicação Para que haja uma compreensão mais adequada do estudo da relação entre a Contabilidade e a Teoria Semiótica, julga-se necessário conhecer os conceitos da Teoria da Comunicação. 24 Jakobson (apud. Chalhub, 2008) determina o escopo da Semiótica na relação com a Linguística e, por sua vez, não dissocia a Semiótica do campo da Comunicação, conforme cita: The subject matter of semiotic is the communicaton of any message whatever, whereas the field of linguistics is confined to the communication of verbal messages. Hence, of these two sciences of man, the latter has a narrower scope, yet on the other hand, any human communication of non-verbal messages presupposes a circuit verbal messages, without reversal implication. (NÖTH, 1995 p. 75) Ainda de acordo com Jakobson, apresenta-se o esquema de processo de comunicação contábil. Figura 2 – Fluxo de comunicação da Informação Contábil Emissor Contador Mensagem Informação Contábil Receptor Jornalistas Canal Relatórios Contábeis Código Terminologias Contábeis Fonte: o autor De acordo com a terminologia adotada por Jakobson (apud. Chalhub, 2008 p.40), o emissor seria o contador, que prepara e envia a informação para o mercado financeiro e órgãos regulamentadores. Os receptores seriam os jornalistas e outros usuários externos, o canal seriam os relatórios obrigatórios e voluntários, a mensagem seria a situação financeira da empresa em determinado momento e o código seria a terminologia utilizada e, portanto, o foco de estudo deste trabalho. 25 Quanto ao código e possíveis problemas de interpretação na leitura do mesmo, Chalhub chama a atenção dizendo: Dissemos que há palavras que escapam da nossa intenção: tropeçamos em algum termo, trocamos por outro, esquecemos, produzimos ambiguidade no receptor quando enunciamos um termo plurissignificativo – portanto, inúmeros são os níveis do discurso em que a intenção escapa quando escapam equívocos. (CHALHUB, 2008, p. 42) Quando analisada à luz da Teoria Semiótica, pode-se afirmar que as ambiguidades produzidas, citadas pela referida autora, seriam problemas de ordem Semântica, enquanto a troca de termos denota um problema Sintático. Subliminarmente, verifica-se um problema pragmático ao analisar alguma tomada de decisão julgada equivocada por parte do receptor por causa da decodificação da informação pelo mesmo. Eco (2003, p. 5) diz que, à primeira vista, falar de Semiótica pode ser comparado a analisar uma lista de comportamentos comunicativos, inviesando o conceito de que a Semiótica estuda os processos culturais como somente processos comunicativos. Contudo, tal viés acontece somente porque a Semiótica estabelece em si um sistema de significação. Entretanto, o autor salienta que para que se evitem possíveis equívocos é necessário que se esclareça que há uma diferença entre a Semiótica da Comunicação e Semiótica da Significação, mas não se deve tratar os dois polos dicotomicamente. 2.4. Teoria Semiótica Semiótica vem da raiz grega semeion que quer dizer signo e, dessa forma, é denominada a ciência dos signos ou a ciência geral de todas as linguagens (Santaella, 2007, p. 9). Morris (1976, p. 10) afirma que a Semiótica é simultaneamente uma ciência entre as ciências e um instrumento das ciências, pois fundamenta qualquer ciência especial dos signos como lógica, linguística, matemática, entre outros. Quanto ao seu objetivo, assim se expressa Santaella: “A Semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção de significação e sentido”. (Santaella, 2007, p. 9) 26 Considerando que para Hendriksen e Van Breda (1999, p. 29) a Contabilidade é uma linguagem conhecida como a linguagem dos negócios, pode-se concluir que a Contabilidade também pode ser estudada por meio dos conceitos da Teoria Semiótica, fato corroborado pelos referidos autores, quando os mesmos afirmam: “Os números e as classificações contábeis variam no que diz respeito à interpretação que pode ser feita pelo leitor das informações contábeis”. Por outro lado, Iudicibus, Martins e Carvalho (2005) salientam que mesmo sendo um assunto que sempre preocupou os estudiosos de Contabilidade, o processo de comunicação e a semiótica contábil ainda são pouco explorados e classificam como insípidos os estudos feitos até então. 2.4.1. Teoria Semiótica Peirceana Nöth (2005) comenta que o ponto inicial da teoria Peirceana é o axioma de que as cognições, os homens e as idéias são em sua essência entidades semióticas. Então, sendo signos, os homens são comparados às ideias, da mesma maneira que uma leva à outra e assim tudo possui uma marca e um passado. Santaella (1983) chama a atenção para o fato de que por mais que Peirce considerasse toda e qualquer produção, realização e expressão humana como sendo uma questão semiótica, em momento algum, Peirce denotou qualquer onipotência da semiótica em relação às outras ciências. A filosofia semiótica de Peirce torna-se inovadora quando o referido filósofo utiliza conceitos próprios em suas teorias como o conceito da Primeiridade, Secundidade e Terceiridade. Nöth (1995) resume esses conceitos da seguinte maneira: Primeiridade: categoria do sentimento imediato e presente nas coisas sem nenhuma relação com outros fenômenos do mundo. Secundidade: quando existe uma relação entre o primeiro e o segundo fenômeno, é considerada a categoria da comparação. Terceiridade: é a categoria de relação entre o segundo e o terceiro fonômeno. Seria a categoria de mediação do hábito, da memória, da continuidade, da síntese, da comunicação, da representação, da semiose e dos signos. 27 Com base no exposto, conclui-se que a base do signo é uma relação harmoniosa entre os três conceitos expostos anteriormente. Posteriormente, Peirce refere-se aos três constituintes do signo como: representamen (signo), objeto e interpretante. A Figura 3 apresenta o esquema elaborado por Santaella (1983 p.12), sobre a definição de signo por Peirce: Figura 3 - Definição de Signo Fonte: Santaella (1983) 2.4.1.1. Signo A definição de signo possui uma alta complexidade. Peirce (apud. Santaella, 2000), afirma que o mesmo mudou por diversas vezes o seu conceito de signo. O Quadro 4 demonstra os conceitos de Peirce sobre signos e suas correlações entre os objetos e interpretantes: 28 Quadro 4 – Concepção de Signo por Peirce Conforme Natureza Quali-signo Sin-signo Legi-signo Conforme a Conforme a maneira de Conforme a natureza do Conforme apelo do Conforme o natureza do Conforme a interpretante natureza ou interpretante modo de objeto dinamico relacao do signo imediato ou modo de ser do dinamico ou a apresentacao do ou determinacao com seu objeto modo de interpretante relacao do signo objeto imediato: do signo pelo dinamico: apresentacao do dinâmico com o objeto dinâmico interpretante interpretante imediato dinamico: descritivo objeto natureza possível abstrativo Ícone designativo objeto natureza ocorrência concretivo Índice copulante (distributivo) objeto natureza necessitante coletivo Símbolo Hipotético Categórico Relativo Simpatético Chocante (percussivo) Usual Sugestivo, expressão de sentimento Conforme a natureza do interpretante normal on de acordo com o proposito do interpretante normal: Conforme a Conforme a natureza da natureza da influencia do garantia de use signo ou de do signo ou de acordo com a acordo com a relacao do signo relacao triadica com o do signo com seu interpretante objeto: normal: Gratificante Rema (ou sema, como um Garantia do simples signo) instinto Imperativo Prático (para produzir ação) Dicente (ou fema com antecedente e consequente) Garantia da experiência Significativo (indicativo) Argumento (deloma, com antecedente, Pragmático (para consequente e produzir principio de autocontrole) sequencia) Garantia da forma Fonte: Santella, (2000) Peirce (apud. Santaella 2000) sintetiza o conceito de signo ao afirmar que o signo comunica algo externo à mente e o local onde signo está é denominado objeto, sendo o significado a transmissão de uma informação através do signo. Entretanto, Santaella (2000), ao citar Peirce, chama a atenção dizendo que uma informação não pode ser considerada um signo se houver algo que a veicule, mas que não tenha ou não faça referência a algo que seja parte do conhecimento da pessoa a quem a informação é transmitida. 2.4.1.2. Objeto Nöth (1995) chama a atenção para o fato de que de acordo com a definição Peirceana, o objeto pode ser “uma coisa mental” ou algo do qual “temos conhecimento perceptivo”. Dentro da concepção de Peirce, o objeto classifica-se em duas espécies: Imediato ou Dinâmico. Objeto Imediato é o objeto intrínseco ao signo que depende da sua representação dentro do signo. Objeto Dinâmico é o que se encontra fora do signo. Em outras palavras, é o que realiza a atribuição do signo à sua representação. Tal ponto deve ser considerado na condução deste, pois a informação estudada e o estrato escolhido possuem prévio conhecimento do tema e do objeto de informação, neste caso, os objetos serão os demonstrativos contábeis. 29 2.4.1.3. Interpretante Seguindo a tríade Peirceana, pode-se encontrar além do signo e do objeto, a figura do interpretante. Ainda conforme o próprio Peirce, não se pode dissociar a figura do signo da figura do interpretante. O interpretante é a significação do signo, sendo denominado por Peirce como o próprio resultado significante, podendo também ser algo criado na mente do intérprete. Assim como os outros dois atributos, Peirce também subdivide o interpretante em três classes: Interpretante Imediato: que é a “qualidade da impressão que um signo é capaz de produzir, sem uma reação atual”. Interpretante Dinâmico: “efeito direto realmente produzido por um signo sobre um intérprete”. Interpretante Final: que está ligado à categoria da lei, seria “aquele resultado interpretativo ao qual cada intérprete está destinado a chegar se o signo for suficientemente considerado”. Santaella (2000) complementa ao explicar que os interpretantes passam por três niveis de compreensão denominados primeridade (objeto), secundidade (fenômeno) e terceridade (cultura). Perez (2007) salienta que o conceito de interpretante abrange dois pontos principais: o intérprete e a interpretação. Ainda complementa que diversos grupos podem ter diversas interpretações sobre um mesmo signo ou imagem, por projetar determinadas expectativas e diferentes pontos de vista. A Semiose representa uma série de interpretantes sucessivos, não havendo em seu processo um início ou um fim, é, portanto, um processo infinito. Santaella (2007) em suas explanações salienta a existência de uma semiose indexical que em um primeiro momento apresenta uma semiose com início, meio e fim e que pode ser verificada por um segundo ponto de vista. As análises contábeis feitas através dos demonstrativos financeiros e contábeis enquadram-se em uma semiose indexical, pois se limitam aos demonstrativos e podem sofrer mais de um tipo de inferência e análise, seja pelos índices que serão utilizados, ou pela métrica adotada. 2.4.1.4. Aplicação das Estruturas Semióticas às Demonstrações Contábeis 30 Baseado no esquema elaborado por Santaella e utilizando-se da filosofia Peirceana, pode-se elaborar o seguinte mapeamento baseado nos demonstrativos contábeis: Objeto Dinâmico – Cenário Econômico – Cenário de Incerteza: por estar fora do signo, mas auxiliando o mesmo em sua compreensão, o Cenário Econômico engloba todo o contexto no qual o signo é originado. Verifica-se que independente do usuário final da informação contábil, o mesmo não se altera. Entretanto, cabe salientar que baseada no cenário em que o usuário está inserido, a sua interpretação final pode ser alterada, pois está diretamente relacionada com a necessidade de informação que o usuário demanda. Objeto Imediato – Atos e Fatos Contábeis: o objeto imediato está dentro do signo e comporta-se como um em sua ausência, os atos e fatos contábeis em teoria falam por si, os demonstrativos financeiros em teoria somente os harmonizam e os dispõem de maneira que facilitam sua compreensão. Fundamento – Terminologia Contábil: o fundamento possui todos os componentes que um signo necessita para ser considerado um signo (sin, quali e legi signo), que é a existência de um signo, uma lei que rege esse signo ou uma qualidade inerente a ele. Interpretante Intermediário – Informação Contábil: a primeira reação causada ao usuário que se utiliza de uma demonstração financeira é a busca da informação que ele está desejando adquirir. Interpretante Dinâmico – Usuário Externo: o usuário externo está alheio ao processo de criação dos demonstrativos financeiros, entretanto é para ele que tais demonstrativos são gerados e é nele que ocorrerá o processo de semiose final. Interpretante em si – Tomada de Decisão: após todo o processo de semiose pelo qual o demonstrativo financeiro passou, caberá ao usuário final a tomada de decisão e, portanto, o final desse primeiro processo semiótico. Baseado no modelo proposto por Santaella, foi elaborado um esquema mostrando o processo de Semiose nos Demonstrativos Contábeis. A Figura 4 mostra uma adaptação do modelo de Santaella para a Contabilidade. 31 Figura 4 - Aplicação da definição de Santaella aos Demonstrativos Contábeis Fonte: o autor 2.4.2. Dimensões da Semiótica A Teoria Semiótica apresenta dimensões em seu processo de semiose. Aplicando a Teoria dos Signos de Peirce e partindo do pressuposto exposto pelo mesmo que tudo é signo, essas dimensões visam, de uma forma didática e detalhada, mostrar cada uma das etapas que envolvem o processo de semiose. 2.4.2.1. Dimensão Semântica Hendriksen e Van Breda (1999) definem a dimensão Semântica na Contabilidade quando se pergunta qual é o significado que a palavra tem para o ouvinte. A Semântica de acordo com esses autores é diretamente proporcional à compreensão que o usuário possui sobre determinado termo. Ainda sobre esse conceito, Nakano (1972, p. 694) afirma que os ruídos na Contabilidade podem acontecer através de problemas de engenharia ou problemas de Semântica, em que o primeiro é um problema conceitual ou de construção da informação e o segundo é um problema de interpretação das informações recebidas. 32 Haried (1972) conduziu uma pesquisa com estudantes e profissionais de Contabilidade na qual ele tentou evidenciar o conhecimento que os mesmos possuíam sobre determinados termos da Contabilidade e sua aplicação. Para mensurar tal compreensão, utilizou-se de escalas fatoriais. Com relação ao processo de codificação da informação e Semântica, Poyrazian (1972, p. 36) afirma que quanto mais ampla e precisa é a convenção do signo, mais ele é codificado e, portanto, mais fácil de ser interpretado. Nöth (1995) exemplifica que existem três tipos de Semântica: Semântica linguística, Semântica lógica e Semântica geral e ainda afirma que a Semântica estrutural é a principal vertente da linguagem moderna que começou com a decomposição de palavras em elementos semânticos. Para fins deste estudo serão utilizados como objetos semânticos as terminologias contábeis e as interpretações que os usuários possuem sobre esses termos. 2.4.2.2. Dimensão Pragmática Morris (1976, p. 50) conceitua a Pragmática como a ciência da relação dos signos com seus intérpretes em que o intérprete do signo é a mente e o interpretante é um pensamento ou conceito. Ainda nesse contexto, Hendriksen e Van Breda (1999) afirmam que a Pragmática é o estudo do efeito da linguagem. Nöth (1995) com relação à pragmática, usa a definição de Peirce que afirma: “A sign addresses somebody, that is, creates in the mind of that person an equivalent sign, or perhaps a more developed sign. That sign which it creates I call the interpretant of the first sign. (NÖTH, 1995, p. 43) Para este trabalho o direcionamento pragmático será dado no momento em que forem estudadas as formas como os jornalistas e analistas financeiros de mercado analisam as informações contábeis e financeiras das empresas e qual é o parecer que os mesmos dão sobre determinada situação. 33 2.4.2.3. Dimensão Sintática Muitos autores dos ramos da linguística afirmam que a Sintática é o estudo que mais evoluiu dentro da Semiótica. Morris (1946) conceitua a Sintática como a relação dos signos entre si, desconsiderando as relações entre os signos e os objetos e os intérpretes. Em outras palavras, é o mesmo que dizer que a Sintática é o significado da palavra pela palavra sem nenhuma interferência de ambientes externos. Para Hendriksen e Van Breda (1999) é o estudo da gramática e da linguagem. Neste estudo, a Sintática terá como base de consulta a literatura contábil atualmente existente; cabe salientar que mesmo existindo literatura aplicável às terminologias contábeis, ainda existem algumas divergências sobre determinados conceitos. Assim sendo, neste estudo será considerado o senso comum das terminologias contábeis e no caso de não se identificar nenhum consenso aplicável, serão utilizadas as terminologias adotadas nos pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis. 2.5. Estudos Conduzidos O Quadro 5 apresenta a relação dos estudos produzidos na Europa, Estados Unidos e Brasil no período de 1972 a 2010, segregando o enfoque e o procedimento de coleta de dados. É possível verificar que a maioria dos estudos publicados abrange especificamente a dimensão Semântica e que foram feitos em sua maioria na década de 1970 na Europa e Estados Unidos, não havendo nenhum artigo neste período com o enfoque pragmático. Quadro 5 – Análise dos artigos já lançados sobre Semiótica Ano 1972 1972 1974 1974 1980 1995 2000 2001 2001 2001 2003 2004 2004 2005 Autor Haried Nakano Haried Oliver Belkaoui Da Silva Dias Filho Siqueira Dias Filho e Nakagawa Dias Filho Panhoca Etheridge Moraes Iudicibus, Martins e Carvalho País Estados Unidos Estados Unidos Estados Unidos Estados Unidos Estados Unidos Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Uruguai Estados Unidos Brasil Brasil Fonte: o autor Enfoque Semântica Semântica Semântica Semântica Sintática Semântica Semiótica Semiótica Semiótica Semiótica Semântica Semiótica Semantica Semiótica Estudo e Coleta Pesquisa Campo Pesquisa Campo Pesquisa Campo Pesquisa Campo Pesquisa Campo Pesquisa Campo Revisão Bibliográfica Pesquisa Campo Revisão Bibliográfica Revisão Bibliográfica Pesquisa Campo Pesquisa Campo Pesquisa Campo Revisão Bibliográfica 34 2.5.1. Análise dos Estudos Conduzidos sobre o Tema Na sequência, apresentam-se dois estudos que foram desenvolvidos sobre o tema. a) Haried, Andrew A. – The Semantic Dimensions of Financial Statements (1972). Tema: Análise dos problemas semânticos da Contabilidade com os usuários externos. Enfoque: Estudo semântico das informações contábeis. Metodologia de estudo: O estudo do referido autor foi feito com profissionais das áreas contábeis em que se aplicaram questionários na intenção de obter o real entendimento dos geradores da informação contábil. Segundo Haried, os problemas semânticos com os usuários externos acontecem porque os próprios geradores da informação não possuem conhecimento sobre os números e taxonomias que estão utilizando. Tratamento dos dados: Os dados foram analisados utilizando inferências estatísticas e aplicação da técnica de análise fatorial que, segundo Corrar (2009), é uma técnica estatística que busca uma estruturação através de um conjunto de variáveis. Conclusão dos estudos: A análise resultou em uma escala fatorial de sete critérios semânticos, que serão utilizados na confecção deste estudo. b) Nakano, Isao – Noise and Redundancy in Accounting Communications (1972). Tema: Análise dos ruídos da Contabilidade e seu significado com os contadores. Metodologia de estudo: O referido estudo buscou a identificação dos ruídos semânticos e ruídos de engenharia dentro da Contabilidade. Para isso, o autor buscou verificar o entendimento que os usuários possuíam sobre alguns termos e aplicação dos cálculos. Nesse estudo, os conceitos de lucro e custo foram verificados. Tratamento dos dados: Os dados foram analisados utilizando inferências estatísticas e aplicação da técnica de análise fatorial. Conclusão dos estudos: A análise resultou em uma escala fatorial de sete critérios semânticos, que serão utilizados na confecção deste estudo. 2.6. Informação Contábil através da Teoria da Comunicação Analisando o processo de comunicação contábil através da Teoria da Comunicação, obtém-se o seguinte fluxo de informação: 35 Figura 5 - Fluxo da informação contábil Fonte: o autor Nota-se que o fluxo de informação contábil sofre um processo cíclico na sua concepção. Nesse esquema, os contadores podem ser denominados como emissores primários da informação, os jornalistas como receptores e emissores secundários da informação e finalmente os usuários externos como receptores universais da informação. Analisando os interesses de cada um dos atores do processo comunicativo obtém-se o fluxo da informação a seguir. É preciso ressaltar que este trabalho não engloba a Teoria do Poder e da Agência. Figura 6 - Fluxo da informação do ponto de vista dos contadores Fonte: o autor Cumprimento da legislação pertinente. Atração de investidores. Transparência. Gestão de performance (usuário interno). 36 Como é possível observar na matriz acima, os emissores primários da informação contábil (contadores) têm como principais interesses da informação contábil: Atendimento ao Fisco: de acordo com as legislações vigentes, a empresa é obrigada a apresentar alguns demonstrativos contábeis para o fisco e órgãos normatizadores. Tais informações contábeis seguem um padrão previamente definido e possuem as informações básicas da empresa. Outros relatórios e obrigações fiscais acessórias são solicitados para embasar possíveis informações tributárias que não sejam contempladas. Atração de Investidores: os informativos contábeis que são voltados para os investidores costumam possuir informações adicionais na intenção de mostrar uma empresa rentável e, portanto, alvo de investimentos. Transparência: a emissão de alguns relatórios voluntários vem de encontro à intenção da empresa que se mostra sustentável, além disso, tais relatórios apresentam os valores intrínsecos da empresa, sua missão e sua visão de futuro. Gestão de Performance (usuários internos): essa emissão caracteriza-se pela não normatização, sendo feita de acordo com as necessidades da diretoria financeira e da alta gerência. Figura 7 - Fluxo da informação do ponto de vista dos jornalistas Traduzir as informações geradas pela empresa para o grande público. Fiscalizar a empresa em um nível mais amplo. Fornecer julgamentos. Fonte: o autor Dentro do fluxo de comunicação, o interesse dos jornalistas, denominados nesse trabalho como emissores secundários, é o de atuar como tradutores das informações 37 contábeis para os usuários externos. Faz-se importante a sinalização de que o fisco não necessita de tal tradução pelo fato de ser normatizador da informação contábil. No que se refere à fiscalização da empresa por parte dos jornalistas, entende-se aqui a fiscalização de escândalos envolvendo números e gestão da empresa, o que se difere da fiscalização governamental que implica em punições e sanções mais severas. A fiscalização por parte dos jornalistas é válida de acordo com o critério do investidor. Figura 8 - Fluxo da informação do ponto de vista dos usuários externos Informações sólidas e completas Fornecer julgamentos Fiscalização da empresa Fonte: o autor Os receptores universais das informações, os usuários externos, buscam uma fonte de informação segura e completa de uma empresa que seja rentável e sólida para a aplicação de suas reservas financeiras. Tal como os jornalistas, os usuários externos também emitem julgamentos sobre as informações que recebem. Tais usuários podem ser inclusive o governo, que nesse caso pode aplicar sanções à empresa. Para fins deste trabalho, os usuários externos da informação resumem-se apenas à figura dos investidores, que nesse caso aplicam sanções simplesmente não efetuando a compra ou venda de suas ações no mercado. Pode-se afirmar que o julgamento dos investidores é mais perceptível, pois uma oscilação no mercado é facilmente notada em âmbito global. 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1. Objetivos Gerais e Específicos O objetivo geral deste estudo é o de verificar como acontece o processo de comunicação na Contabilidade, especificamente com os jornalistas que, por sua vez, executam o papel de emissores secundários da informação contábil, emitindo pareceres e servindo como tradutores da informação para o grande público. Por não haver um relatório específico a esse estrato, este trabalho verificará se existe algum problema de má interpretação por parte dos jornalistas e em que esfera semiótica tal problema pode acontecer (Semântica, Sintática ou Pragmática), além de estudar como as áreas internas da empresa, responsáveis pela divulgação dos relatórios, interagem com os jornalistas. 3.1.1. Objetivos Específicos São os objetivos específicos: Conhecer a fonte de informação dos jornalistas, isto é, saber se eles somente se baseiam nas informações publicadas ou recorrem a outros canais de comunicação da empresa, como a área de Relação com Investidores. Caracterizar na literatura as explicações de determinados termos da Contabilidade e a sua aplicação diária, respaldando, assim, a parte Sintática. Buscar a compreensão que o estrato de usuário tem sobre determinado termo ao ler uma informação contábil, respaldando, assim, a parte Semântica. Investigar como se dá o processo de análise e interpretação da informação contábil por parte do estrato e, assim, confrontá-lo com a teoria para dar respaldo à parte Pragmática. Identificar pontos que possam contribuir para uma melhor compreensão da informação contábil. Analisar como os departamentos de Contabilidade e o de Relação com Investidores recebem o retorno da informação divulgada pelos jornalistas. 39 3.2. Tipologia do Estudo Considerando-se que o objetivo geral proposto envolve estudo de um estrato específico de usuário da informação contábil e a inclusão de uma dimensão da Semiótica que ainda é pouco explorada nas pesquisas já realizadas (enfoque pragmático), este estudo se trata de uma pesquisa exploratória descritiva. Beuren (2009) afirma que a pesquisa exploratória é caracterizada quando há pouco conhecimento sobre determinado tema, ou quando se busca conhecimento sobre o mesmo em maior profundidade; ainda salienta que a exploração de um assunto busca também novas dimensões sobre determinado assunto ou problema. A pesquisa descritiva pode ser definida como a pesquisa que busca a descrição de determinado fenômeno ou amostra de uma população. Quanto aos procedimentos, trata-se de um levantamento ou survey (Beuren, 2009). Cooper e Schindler (2003) afirmam que quando um survey é aplicado a um estudo, é possível ter como produto final uma nova hipótese ou a desconsideração de uma antiga. Em relação à abordagem do problema, o presente estudo é considerado uma pesquisa quantitativa e qualitativa. Na intenção de verificar como acontece o retorno da informação por parte da empresa, também foi aplicado um questionário junto aos profissionais de Relações com Investidores, sendo que as empresas que não possuem esse departamento foram excluídas do estudo. 3.3. População e Amostra A população alvo desse estudo é composta por jornalistas que trabalham especificamente com notícias econômicas e financeiras, com pareceres acerca das situações financeiras, econômicas e patrimoniais das empresas. A amostra inicial foi composta por jornalistas das diversas mídias de comunicação existentes: sites, jornais, revistas e televisão, priorizando quantidades iguais de profissionais atuantes nas diferentes plataformas de comunicação, mantendo assim a imparcialidade da pesquisa. Tal amostra julga-se necessária para que se façam as devidas inferências estatísticas abordadas na literatura. Na área de Relações com Investidores, foram selecionados os profissionais das empresas listadas na BM&F BOVESPA com níveis de governança 1, 2 e Novo Mercado, 40 pois, segundo os regulamentos do próprio instituto, são os níveis com os maiores indicadores de disclosure. 3.3.1. Esquema da Pesquisa De acordo com a Figura 9, pode-se verificar que a Contabilidade envia a mesma informação para diversos estratos de usuários. Entretanto, existem “traduções” dessas informações para o grande público, que muitas vezes desconhece algum cenário no qual a empresa está inserida, ou até mesmo desconhece alguma terminologia contábil. Figura 9 – Esquema de pesquisa (Fluxo da informação contábil) Emissor Contador Relatórios Financeiros Relatórios de Auditoria Relatórios Gerenciais Relatórios Financeiros Relatórios de Auditoria Relatórios Gerenciais Receptor Emissor Receptor Usuários externos em geral Jornalistas Jornais Revistas Mídia Televisiva, Internet Meios de comunicação Retorno de comunicação Fonte: o autor Os jornalistas podem ser entendidos como tradutores dessa informação para o grande público, influenciando a opinião dos mesmos, ao passo que a área de Relações com Investidores das empresas tem como principal objetivo ser uma ponte de comunicação entre ela, seus investidores e demais usuários externos. Nesse sentido, a Figura 9 ilustra o esquema desta pesquisa que buscou informações dos jornalistas e das áreas de Relações com Investidores na intenção verificar como se dá o processo de interação e comunicação entre as referidas áreas. 41 3.4. Procedimentos de Coleta de Dados. Os dados foram coletados por meio de um questionário eletrônico gerado através do site Encuesta Facil®. Este questionário foi disponibilizado aos dois estratos de usuários: jornalistas e analistas de Relações com Investidores. O questionário utilizado replica o estudo conduzido por Haried (1972) e Oliver (1974) com a diferença de que o público alvo não são os contadores, mas os disseminadores secundários da informação contábil e, além disso, introduz dois novos conceitos do campo da Semiótica: o da Pragmática e da Percepção de Valor. A matriz de amarração lógica (APÊNDICE A) possui a estrutura dos questionários quanto à forma e aos objetivos, os questionários (APÊNDICES B e C) são os que foram disponibilizados para os jornalistas e profissionais da área de Relações com Investidores, respectivamente. 3.4.1. Procedimentos Aplicados aos Jornalistas O questionário é composto de cinco partes e 29 questões (dispostas entre 22 questões fechadas e sete abertas) que buscam identificar o conhecimento do entrevistado sobre a Semiótica da informação contábil em suas três esferas (Semântica, Sintática e Pragmática). Além disso, o questionário busca também a percepção dos jornalistas sobre a Contabilidade e quais os problemas que as informações financeiras possuem no que tange a sua compreensão. A amostra inicial de jornalistas contava com duzentos jornalistas que escreviam para colunas de economia, finanças e negócios. Todos receberam o link de acesso ao questionário através de seus correios eletrônicos. A ferramenta disponibilizada pelo site possibilitava saber quais pessoas haviam acessado a página e respondido o questionário de forma completa e/ou parcial, assim como as pessoas que simplesmente não aceitavam os questionários. Semanalmente os entrevistados recebiam e-mails com lembretes sobre o questionário com telefones para contato e informações sobre a confidencialidade da pesquisa, a importância do estudo e outras informações. Das negativas recebidas, a maioria afirmou o desconhecimento assumido dos termos e acrônimos utilizados. Os demais alegaram que as empresas nas quais trabalhavam, ou para quem prestavam serviços, não permitiam que os mesmos respondessem a questionários de acordo com as suas políticas internas. Da amostra de duzentos jornalistas, 23% responderam o 42 questionário completo. O restante respondeu de maneira parcial. A Tabela 1 apresenta a distribuição dos respondentes. Tabela 1 – Distribuição dos respondentes (jornalistas) Amostra Total Parcialmente Respondidos Totalmente respondidos 200 96 47 Fonte: o autor 3.4.2. Procedimentos Aplicados ao Departamento de Relações com Investidores A população alvo desse estudo formou-se por todas as empresas listadas no BM&F BOVESPA no ano de 2011. A amostra inicial foi composta por 178 empresas, levando em consideração que todas estavam listadas como nível 1 e nível 2 de Governança Corporativa e no Novo Mercado. O método de contato com as empresas foi através de endereços de e-mail (para onde seriam enviados os links para o questionário), extraídos através de suas páginas de internet na seção que trata de Relação com Investidores. Após análise das 178 empresas listadas, verificou-se que 21 não apresentavam endereço eletrônico de e-mail, sendo que todas as suas consultas deveriam ser feitas com formulários eletrônicos disponibilizados nos endereços eletrônicos que não aceitavam links para outros endereços. Da mesma forma, outras empresas eram coligadas e apresentavam o mesmo endereço de e-mail para contato e, por essa razão, foram excluídas da amostra, mantendo-se apenas um endereço. Ao final da análise restaram 155 empresas que receberam em seus endereços de e-mail um questionário gerado pela ferramenta Encuesta Facil® composto por oito questões, sendo quatro delas abertas e quatro fechadas. Foram recebidas 19 respostas dos profissionais da área de Relação com Investidores e não houve respostas parciais dos mesmos, como ocorrido com os jornalistas. O propósito do questionário foi verificar como se dá o retorno da informação contábil por partes dos jornalistas, uma vez que o mesmo fora emitido pela empresa. 43 3.5. Procedimentos de Tratamento dos Dados As perguntas disponibilizadas aos respondentes através do site Enquete Fácil® dividiam-se em perguntas abertas e fechadas. A análise inicialmente adotada para as questões fechadas foi a de análise descritiva, de acordo com a matriz de amarração lógica proposta. Somente as perguntas do terceiro bloco foram analisadas com a utilização do software SPSS 17.0 por meio da técnica estatística de análise fatorial. O restante das perguntas fechadas teve como principal função a categorização dos dados e seus gráficos foram desenvolvidos através do software Microsoft Excel® com dados extraídos integralmente do site gerador dos questionários. Para análise das perguntas abertas foi aplicado o método de análise de conteúdo que, de acordo com Beuren (2009), privilegia dados qualitativos, visto que há maior ênfase no conteúdo das mensagens. Ainda sobre a análise de conteúdo, Beuren (2009) acrescenta que a metodologia caracteriza-se por um processo de investigação do conteúdo simbólico das mensagens. 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1. Análise do Questionário Aplicado aos Jornalistas 4.1.1. Informações Gerais do Respondente O primeiro grupo de questões caracteriza o respondente em termos de sexo, idade, tipo de mídia em que trabalha, formação acadêmica em termos de curso de graduação e/ou pósgraduação em áreas de Contábeis, Economia, Finanças e/ou correlatos. A análise do perfil dos respondentes permitiu verificar que 57% dos entrevistados pertenciam ao sexo feminino. A Figura 10 mostra a comparação entre os sexos dos respondentes. Figura 10 - Sexo dos respondentes Sexo do Respondente Feminino Masculino 43% 57% Fonte: o autor Com respeito à idade dos entrevistados, verifica-se que o percentual entre 20 e 30 anos e 41 e 50 anos são matematicamente iguais, 35%, a Figura 11 permite verificar a disposição entre as idades dos respondentes. 45 Figura 11 – Faixa etária dos respondentes Idade do Respondente 35% 35% 24% 7% Entre 20 e 30 anos Entre 31 e 40 anos Entre 41 e 50 anos Acima de 50 anos Fonte: o autor Através da Figura 12 é possível verificar que 83% dos respondentes não possuíam curso de pós-graduação em Finanças, Contábeis ou áreas correlatas. Figura 12 – Grau de instrução aplicado a Contabilidade, Economia e áreas correlatas Você já cursou algum curso de pós-graduação ou especialização nas áreas de finanças, contabilidade ou economia? 17% Sim 83% Não Fonte: o autor 4.1.2. Informações sobre a Atuação Profissional do Respondente Com relação ao veículo de comunicação para o qual o jornalista escreve, pode-se verificar que 73% escrevem para jornais e revistas impressos, 22% escrevem para outras mídias digitais (blogs, sites econômicos, entre outros) e apenas 5% escrevem para jornais e revistas exclusivamente digitais. A Figura 13 apresenta a concentração das respostas. 46 Figura 13 – Mídia para a qual o trabalho do jornalista é voltado Midia a qual o trabalho é voltado 12% Jornais e Revistas Impressas 10% Jornais e Revistas Digitais 5% 73% Outros canais de internet (sites, blogs, portais) Outro (Justificar) Fonte: o autor Com relação ao nível de especialização do veículo no qual o jornalista trabalha, podese verificar que 81% deles não são voltados especificamente para Economia e/ou Finanças, o que de alguma maneira pode explicar a não obrigatoriedade de o jornalista possuir um curso de Pós-Graduação ou MBA em Finanças e/ou Economia. Figura 14 – Exclusividade do veículo em relação às áreas de Economia ou Finanças O veículo para o qual você escreve é voltado exclusivamente para a área de finanças e/ou economia? Sim 19% Não 81% Fonte: o autor 4.1.3. Análise Semântica da Informação Contábil A terceira parte do questionário tinha por objetivo verificar qual o conhecimento que os jornalistas possuíam sobre determinadas terminologias. Para tanto, foram utilizadas terminologias novas propostas pelas alterações oriundas da harmonização das informações contábeis em conjunto com terminologias mais antigas. 47 Foram apresentadas dez terminologias (Fluxo de caixa, Depreciação, Eventos subsequentes, Goodwill, Regime de competência, Reserva de reestrutura, Provisão de despesas, Provisão para devedores duvidosos, Reserva de lucros, Ações em tesouraria, Ativo intangível) e nove critérios qualitativos (Necessidade, Tempestividade, Atualidade, Exatidão, Estabilidade, Mensurabilidade, Benefício, Gerenciabilidade e Dinamismo), aos quais os jornalistas deveriam atribuir um grau de importância entre 0 e 100% onde 0% seria completamente negativo e 100% completamente positivo. Utilizando-se do software de análise estatística SPSS 17.0®, foi possível analisar os dados e aplicar a Análise fatorial que se caracteriza pelo “agrupamento” de fatores que possuam correlação entre eles. Corrar, Paulo e Dias Filho (2009), afirmam que a matriz de correlação é de fundamental importância no momento em que se inicia uma análise fatorial e ainda salientam que quanto mais o Sig (parte posterior da figura) apresentar valores próximos de zero, maior o poder de explicação da Análise fatorial. A Tabela 2 apresenta a matriz de correlação encontrada. Tabela 2 - Matriz de correlação Correlation Matrix Exatidao Correlation Sig. (1-tailed) Beneficio a Dinamismo Atualidade Mensurabilidade Gerenciabilidade Exatidao 1,000 ,866 ,912 ,987 ,961 ,981 Beneficio ,866 1,000 ,944 ,889 ,902 ,889 Dinamismo ,912 ,944 1,000 ,921 ,943 ,941 Atualidade ,987 ,889 ,921 1,000 ,965 ,977 Mensurabilidade ,961 ,902 ,943 ,965 1,000 ,983 Gerenciabilidade ,981 ,889 ,941 ,977 ,983 1,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 Exatidao Beneficio ,000 Dinamismo ,000 ,000 Atualidade ,000 ,000 ,000 Mensurabilidade ,000 ,000 ,000 ,000 Gerenciabilidade ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 Fonte: SPSS 17.0 Um segundo teste que foi aplicado aos dados e possibilita verificar se é aplicável ou não a Análise fatorial, é o teste de Kaiser-Meyer-Olkin que indica o grau de explicação dos dados a partir dos fatores encontrados na Análise fatorial. Corrar, Paulo e Dias Filho (2009) salientam que se o grau de explicação do KMO foi menor que 0,5, significa que há uma inviabilidade na análise fatorial (AF) e complementam dizendo que quanto mais próximo de 1, mais explicável se torna a aplicação da AF. 48 A Tabela 3 apresenta um KMO de 0,876, o que justifica a utilização da fatorial. Além disso, os autores supramencionados comentam que ademais do KMO, o teste de significância não deve ultrapassar 0,05 e verifica-se que o presente estudo alcançou uma Sig de 0,00, corroborando com a utilização da referida técnica. Tabela 3 - Teste KMO e Bartlett KMO and Bartlett's Test Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Bartlett's Test of Approx. Chi-Square Sphericity df Sig. ,876 108,285 15 ,000 Fonte: SPSS 17.0 Inicialmente na análise utilizaram-se todos os indicadores (características qualitativas das terminologias), entretanto o nível do KMO estava em aproximadamente 0,675. Então, foram excluídos três indicadores (Necessidade, Tempestividade e Estabilidade) aumentando assim o KMO para 0,876. Após comprovação de que a Análise fatorial ocorreria com sucesso, gerou-se a variância total explicada que se refere ao cálculo de fatores gerados pelo sistema. Verificou-se com isso que os dois fatores gerados pelo sistema SPSS® explicam 98% da variância dos dados originais. Tal variância é possível de ser verificada na tabela Total Variance Explained na Tabela 4. Tabela 4 – Total da variância explicada Total Variance Explained Component 1 2 3 4 5 6 Initial Eigenvalues % of Cumulativ Total Variance e% 5,689 94,808 94,808 ,198 ,056 ,035 ,014 ,009 3,301 ,926 ,582 ,233 ,150 98,110 99,036 99,617 99,850 100,000 Extraction Sums of Squared Loadings Rotation Sums of Squared Loadings Total % of Variance 5,689 94,808 Total % of Variance Cumulative % 3,347 55,779 55,779 ,198 3,301 Cumulative % 94,808 98,110 2,540 42,330 98,110 Fonte: SPSS 17.0 A matriz de rotação dos fatores permitiu que fossem observados quais os indicadores que se encontrariam em cada um dos fatores calculados, ao final da análise foram obtidos dois fatores dispostos a seguir: 49 Fator 1: Indicadores quanto à Gerenciabilidade da Informação: Nesse fator pode-se verificar que a presença mais forte é dos aspectos que tangem a gerenciabilidade da informação contábil recebida. O fator 1 explica 94,8% da variância e é composto pelos seguintes indicadores: Exatidão Atualidade Gerenciabilidade Mensurabilidade Fator 2: Indicadores quanto ao retorno obtido Nesse fator pode-se verificar os aspectos no que toca o benefício gerado e o dinamismo que essas terminologias apresentam ao usuário final. O fator 2 explica 3,3% da variância e é composto pelos indicadores: Dinamismo Beneficio A Tabela 5 mostra a disposição dos indicadores em relação aos fatores. Tabela 5 – Rotated Component Matrix Rotated Component Matrix Exatidao Beneficio Dinamismo Atualidade Mensurabilidade Gerenciabilidade a Component 1 2 ,857 ,503 ,502 ,856 ,620 ,765 ,830 ,542 ,783 ,601 ,821 ,561 Fonte: SPSS 17.0 Verifica-se com isso que os jornalistas, em suas análises, atribuem uma maior importância aos aspectos relacionados à gerenciabilidade (gestão) da informação gerada quando comparadas ao retorno que a empresa oferece. Por serem emissores secundários no processo de comunicação contábil, cabe aos jornalistas somente a parte de fazer os seus julgamentos sobre as informações que foram publicadas e, portanto, uma informação que não possua um nível de gerenciamento adequado é mais visível em seus trabalhos e em alguns casos até o inviabiliza. 50 4.1.4. Análise Pragmática da informação contábil Nesse bloco de questões foram obtidas 48 respostas. As perguntas desse bloco visavam compreender e investigar como acontecia a análise da informação. Outro objetivo dessa parte do questionário era verificar qual era a fonte de informação por parte dos jornalistas e como era a relação deles com as áreas de Relações com Investidores das empresas. Ao serem perguntados sobre como eles consideravam a sua interação com a área de Relações com Investidores, 34% dos jornalistas responderam que possuem um contato frequente com a área de RI enquanto 24% consideram nada frequente a sua interação com a referida área. A Figura 15 apresenta a distribuição das respostas. Figura 15 - Interação entre os jornalistas e RI (ponto de vista dos jornalistas) Frequencia com a qual Jornalistas procuram a área de RI 10% 24% 12% 20% 34% Extrem. Frequente Muito Frequente Pouco Frequente Nada Frequente Frequente Fonte: o autor Ainda perguntados sobre o feedback por parte da área de Relações com Investidores em relação a uma matéria publicada, verificou-se que 52% dos jornalistas responderam que existe um contato das áreas de RI das empresas em relação a uma publicação contra 48% dos jornalistas que responderam que não existe essa interação. Com relação aos índices que melhor refletem a real situação da empresa, 58% dos entrevistados acreditam que a análise do EBITDA é a melhor métrica de desempenho das empresas, seguida pela análise por índices em 28%. 11% dos entrevistados abstiveram-se de responder alegando desconhecimento técnico. Sobre o grau de importância dos Demonstrativos financeiros, os jornalistas deveriam elencar em grau de importância atribuindo a cada Demonstrativo financeiro uma nota de um a 51 sete, em que um é o mais importante e sete o menos importante. Os relatórios analisados foram: Demonstração de Origens e Aplicação de Recursos (DOAR) Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) Fluxo de Caixa (FC) Demonstração de lucros e prejuízos acumulados Demonstração de mutação do patrimônio líquido Balanço patrimonial Demonstração do valor adicionado (DVA) Observou-se que a DRE foi considerada mais relevante, apresentando uma maior concentração nas categorias 1 e 2, enquanto a DVA foi considerada a menos relevante, apresentando uma grande concentração na categoria 7. Uma justificativa plausível para o DVA encontrar-se em desvantagem aos demais relatórios dá-se pelo fato de sua obrigatoriedade ser nova, pois tal demonstrativo veio em substituição ao DOAR. A Figura 16 apresenta a variação dos resultados de cada um dos demonstrativos. Figura 16 – Relevância dos Demonstrativos financeiros Grau de Relevância das Demonstrações Financeiras 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% DOAR 1 9% 2 14% 3 11% 4 17% 5 14% 6 14% 7 20% DRE 37% 29% 20% 3% 11% 0% 0% FC 11% 26% 23% 26% 11% 3% 0% DLPA 14% 17% 20% 14% 20% 11% 3% DMPL 6% 3% 11% 20% 20% 26% 14% BP 20% 11% 11% 11% 11% 20% 14% DVA 3% 0% 3% 9% 11% 26% 49% Fonte: o autor 52 Para inferir-se sobre o processo de análise das demonstrações e informações recebidas das empresas, foi elaborada uma pergunta aberta para que os jornalistas pudessem descrever de maneira breve como eles faziam suas análises. Através da técnica de análise de conteúdo, que é uma técnica que busca quantificar dados qualitativos, foi possível elaborar uma frequência com as respostas recebidas. Foi possível verificar que 24,4% dos jornalistas não possuem conhecimento do processo de análise, enquanto 37,8% dos entrevistados afirmam que utilizam os relatórios e informações divulgados pela área de Relações com Investidores e também outras ferramentas como conference calls e dados extraídos da Bolsa de Valores e CMV como, por exemplo, fatos relevantes das empresas. Apenas 20% dos entrevistados afirmam procurar auxílio de especialistas para dirimir questões e/ou dúvidas no cálculo das informações. A Tabela 6 mostra a distribuição das respostas: Tabela 6 – Análise de conteúdo (processo de análise das demonstrações financeiras) Utilizam-se apenas de Relatórios Financeiros e Informações obtidas junto às áreas de Relações com Investidores 37,80% Não possuem conhecimento para responder a questão 24,40% Buscam a ajuda de especialistas que lhes enviam os dados analisados para que os jornalistas comentem Não podem responder por contrato de confidencialidade com a empresa em que trabalham Agregam dados Calculados pelos próprios jornalistas aos relatórios recebidos Total 20,00% 11,10% 6,70% 100,00% Fonte: o autor 4.1.5. Análise Sintática da Informação Contábil Essa parte do questionário tinha por objetivo verificar a análise Sintática da informação contábil. Para tanto, foi utilizada uma técnica de associação de raciocínio denominada precedente/dependente, em que o respondente, de acordo com o seu conhecimento, deveria associar a uma terminologia uma expressão ou palavra que a caracterizasse. Nesta parte foram obtidas 48 respostas. Os dados analisados foram confrontados com a literatura e o ranking dado às respostas foi categorizado da seguinte maneira: 53 Sem conhecimento: o respondente afirma que não possui conhecimento, ou simplesmente deixa a reposta em branco, ou dá alguma resposta que inviabiliza a questão. Dificuldade na expressão da idéia: o respondente possui dificuldade na construção da idéia, pois atribui uma qualidade que não pode ser julgada como errada, entretanto necessita de um complemento. Correta: ao ser comparada com a literatura, a resposta denota que o respondente possui conhecimento total ou parcial do conceito sobre o qual houve a explanação. As terminologias e seus respectivos significados de acordo com a literatura foram: Risco Fiscal: risco ao qual a empresa está exposta no momento em que possui um descontrole gerencial que pode acarretar em um não pagamento de impostos, apropriação indevida de impostos e elisão fiscal, entre outros que possam expor as empresas frente a órgãos públicos. Provisão para devedores duvidosos: de acordo com o CPC (2008) é uma reserva que a empresa faz prevendo uma situação de perda futura. No caso de devedores duvidosos, é uma provisão registrada em uma conta de ativo que visa trazer ao valor mais próximo de uma realidade o valor que a empresa possui com a sua carteira de contas a receber. Goodwill: Costa et al. (2009) afirma que Goodwill é “um ativo que representa os benefícios futuros advindos de outros ativos adquiridos em uma combinação de negócios que não são identificáveis individualmente e reconhecidos separadamente”. Adiantamento para futuro aumento de capital: De acordo com a definição do CPC (2009) os adiantamentos para futuro aumento de capital correspondem a valores recebidos dos acionistas ou quotistas da empresa, destinados a serem utilizados como futuro aporte de capital. Seu registro deve ser no Patrimônio Líquido caso o aportador não tenha expectativa de recebimento do valor no futuro e no Passivo caso haja essa expectativa. Verificou-se que a maioria dos entrevistados possuía conhecimento das terminologias. A Tabela 7 mostra uma análise sobre as categorias expressas anteriormente, nela é possível verificar que a média percentual de acertos está entre 52% e 67%, sendo então lícito afirmar que os jornalistas possuem algum conhecimento teórico contábil. 54 Tabela 7 - Categorização das respostas (Sintática) Risco Fiscal s/ conh não expr correto Total 28,3% 17,4% 54,3% 100,0% Provisão Devedores Duvidosos 19,6% 17,4% 63,0% 100,0% Goodwill Adiantamento Futuro Aumento de Capital 28,3% 17,4% 54,3% 100,0% 19,6% 13,0% 67,4% 100,0% Fonte: o autor 4.1.6. Processos de Melhora na Comunicação entre Empresa e Usuário Final Neste estudo também foram incluídas questões em que os jornalistas, como tradutores da informação contábil, deveriam expressar quais os pontos que eles creem que devam ser melhorados para que haja uma comunicação mais fluida entre a empresa e o usuário final. A primeira pergunta era a seguinte: “Em sua opinião, quais os componentes que um relatório contábil deve conter para ser viável para uma análise precisa da empresa e para uma boa compreensão do público?” A grande maioria dos jornalistas respondeu que uma linguagem menos técnica seria ideal para que houvesse êxito nesse processo de comunicação, outros ainda completaram dizendo que as empresas deveriam adicionar outras informações como projeções, faturamentos, contratos e expectativa de crescimento. No entanto, a inclusão desse tipo de informação seria arriscada em determinados casos, pois os concorrentes saberiam dos planos futuros da empresa e a mesma perderia competitividade estratégica. A segunda pergunta buscava saber como os jornalistas encaravam o processo de harmonização das normas contábeis, já que a mesma busca um maior nível de transparência nas informações ao usuário externo. “Dê a sua opinião com relação à convergência das informações contábeis com o padrão IFRS do ponto de vista de um analista da informação divulgada, isto é, o que melhorou ou piorou, como está o nível de transparência”. Os jornalistas em sua maioria afirmam que a adoção do IFRS melhorou o nível de transparência, mas ainda está muito aquém do que eles realmente necessitam. Esta informação corrobora com a questão anterior, em que os entrevistados salientam a importância de um maior nível de detalhe na informação e também uma linguagem mais clara. A última questão discorria sobre as dúvidas mais frequentes que os jornalistas possuem quando recebem a informação financeira das empresas: “Quais as maiores dúvidas com as quais você se depara ao receber uma informação financeira”? 55 Muitos afirmaram que a maior dúvida que possuíam era com relação às terminologias e nomenclaturas utilizadas, outros comentaram que não possuem dúvidas recorrentes, mas buscam detalhes de valores que aparecem em algumas contas, para identificar o risco financeiro que tal valor pode trazer para a empresa. 4.2. Análise do Questionário Aplicado à Área de Relações com Investidores As questões aplicadas aos profissionais das áreas de Relação com Investidores visavam verificar como se dava o processo de retorno da informação divulgada pelos jornalistas, analisando também se havia algum processo de interação entre as duas áreas, pois atualmente a área de Relações com Investidores é a área responsável pela comunicação entre a empresa e os seus usuários externos. O questionário foi enviado através dos endereços eletrônicos para 155 empresas listadas na BM&F BOVESPA categorizadas no Nível 1, 2 e Novo Mercado, e foram obtidas somente 19 respostas. Entre as 19 empresas que responderam ao questionário 45% estavam listadas no Nível 1, 44% pertencem ao Novo Mercado e 11% pertencem ao Nível 2. A categorização dos mesmos encontra-se melhor detalhada na Figura 17. Figura 17 – Categorização das empresas segundo BM&F BOVESPA Categorização da Empresa no BM&F Bovespa NIVEL 1 NIVEL 2 NOVO MERCADO 44% 45% 11% Fonte: o autor Com relação à adoção de relatórios voluntários, isto é, relatórios que não são exigidos pela BM&F BOVESPA e tampouco pelas normas contábeis, mas que são emitidos pelas empresas com o intuito de apresentar uma maior transparência em suas ações sociais e 56 comercializações, notou-se que 65% das empresas afirmam que utilizam relatórios voluntários. Foi verificado também que 83% das empresas não possuem profissionais de Contabilidade, Finanças e/ou Economia em suas áreas de Relações com Investidores, mas afirmam que ao receber qualquer retorno por parte dos jornalistas com referência aos dados publicados, ele é enviado para a área de Contabilidade e Finanças para que essas áreas tenham ciência do que está sendo noticiado sobre a empresa em determinado momento. A Figura 18 mostra que 78% das empresas possuem uma comunicação efetiva entre as áreas de Relações com Investidores e Contabilidade, pois há um retorno à área geradora da informação (Contabilidade) em relação a uma notícia veiculada. Figura 18 – Interação RI com Contabilidade e Finanças Ao ser publicada uma informação financeira, quando do “retorno” por meio de notícias de jornais, revistas e sites, são reportados para os profissionais que desenvolveram a informação, isto é, a área de finanças? Não 22% Sim 78% Fonte: o autor Ao serem perguntados sobre como classificam o retorno por parte dos jornalistas, seja com dúvidas, com propostas ou até mesmo sugestões, a Figura 19 apresenta uma concentração de 45% no critério “Dentro das expectativas”, seguidos de 35% que classificam o retorno dos jornalistas como “Abaixo das expectativas”. 57 Figura 19 – Interação jornalistas com área de RI Como a área de RI considera o retorno das informações por parte dos jornalistas 45% 35% 15% 5% Excede as Expectativas Dentro das Expectativas Abaixo das Expectativas Não há retorno por parte dos Jornalistas Fonte: o autor Quando solicitados que justificassem o porquê da sua resposta anterior, os profissionais de RI afirmam que dão entrevistas a alguns jornais e recebem perguntas no momento que fazem o press release e conference calls com os acionistas e demais usuários. Sobre dúvidas complementares por parte dos jornalistas no momento em que se emite uma demonstração financeira, matematicamente encontram-se empatadas as respostas que afirmam e que negam se há perguntas no momento da emissão dos mesmos. Analisando as perguntas que são frequentemente feitas, verifica-se que as mesmas tangem alguns números ou maior nível de detalhes e também algumas informações adicionais quando as empresas possuem algum fato relevante junto a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Assim como o questionário aplicado aos jornalistas, o questionário aplicado aos profissionais de RI visava também verificar quais eram os maiores problemas apresentados pelos usuários externos assim que a empresa emitia uma Demonstração Financeira. Tabela 8 – Problemas enfrentados pelos usuários externos Desconhecimento das Terminologias Interpretação Distorcida dos Jornalistas Desconhecimento das Operações Fonte: o autor 22,0% 50,0% 28,0% 58 A Tabela 8 permitiu verificar que os profissionais das áreas de RI atribuem que grande parte dos problemas de compreensão dos usuários externos acontece inicialmente por uma má interpretação dos jornalistas que, muitas vezes, segundo comentam, não possuem o devido conhecimento no momento em que veiculam uma notícia. 5. CONCLUSÃO O presente trabalho buscou compreender como se dá o processo de comunicação entre os jornalistas e as áreas de Relações com Investidores de empresas, com o objetivo de verificar onde se encontram os problemas de compreensão da Informação Contábil, tendo a mesma uma estrutura fechada e uma taxonomia própria. A escolha por jornalistas deveu-se ao fato de que os mesmos atuam como tradutores da Informação Contábil recebida pelo grande público, enquanto a área de Relações com Investidores é entendida como a porta-voz da empresa para os acionistas, sendo ambos, então, considerados fonte secundária da informação contábil. Em linhas gerais, podem-se resumir como principais conclusões do estudo que: Os jornalistas utilizam as mesmas fontes de informação contábil que os demais usuários externos, entretanto, não existe uma interação muito efetiva com as áreas de Relações com Investidores. A falta de profissionais das áreas de Contabilidade e Finanças, tanto nas áreas de Relações com Investidores quanto entre os jornalistas, acentua possíveis problemas de interpretação. Os jornalistas possuem conhecimento das terminologias contábeis, entretanto, afirmam que os maiores problemas de interpretação encontram-se nos números apresentados e sua concepção. Ambos os estratos (Relações com Investidores e Jornalistas) acreditam que o processo de harmonização das informações contábeis é benéfico, pois aumentará o nível de transparência nas mesmas, contudo salientam que os relatórios necessitam ser revistos em sua estrutura conceitual, buscando uma simplificação. Em suma, pode-se verificar que ambos os estratos de respondentes possuem um conhecimento razoável sobre a Contabilidade. Entretanto, faltam-lhes profissionais de Contabilidade ou algum tipo de especialização adicional. Tal fraqueza por parte dos jornalistas pôde ser evidenciada quando se verificou que apenas 6,7% dos mesmos fazem cálculos adicionais aos relatórios recebidos na intenção de ratificar ou retificar a informação recebida e que 37,8% tomam suas conclusões baseadas nos relatórios contábeis e outras informações recebidas pela empresa. Este aspecto é notado pelos 60 profissionais das áreas de relações com investidores que classificam como mediana a interação dos jornalistas com as suas áreas. Estes profissionais afirmam que muitos dos problemas enfrentados pelos usuários externos das informações contábeis acontecem devido à visão distorcida que os jornalistas têm diante das informações publicadas, seja por desconhecimento da operação, por desconhecimento das terminologias ou até mesmo pela não procura às áreas de RI para sanar dúvidas. Por outro lado, pode ser que os jornalistas também tenham notado a ausência de profissionais contábeis nas áreas de RI e, por esse motivo, não buscam sanar dúvidas com a referida área por não conseguir obter a resposta desejada. Entretanto, é lícito afirmar que o problema de compreensão das terminologias contábeis e sua correta aplicação em um determinado contexto já foram levantados várias vezes por diversos autores, conforme já foi comentado anteriormente. Diante do exposto, pode-se inferir que o usuário externo necessita de uma linguagem clara que o capacite a tomar decisões sem a necessidade de intérpretes, pois os profissionais que deveriam cumprir esse papel também estão aquém das expectativas. Conclui-se então que o processo pelo qual a Contabilidade internacional vem passando deve contemplar essa preocupação e com isso melhorar as terminologias e até mesmo a estrutura conceitual das demonstrações financeiras visando, assim, uma melhor compreensão por parte dos usuários finais. Adicionalmente, pode-se concluir que os veículos de comunicação devem ter profissionais especializados, assim como possuem outras áreas (esportes, por exemplo), para que os mesmos ao tentarem “traduzir” as informações ao grande público, o façam de maneira acurada. Pois cabe lembrar que os jornalistas têm a função de serem formadores de opinião e, portanto, devem possuir um arcabouço teórico que os balizem no momento de escrever suas conclusões. As empresas, por sua vez, diminuiriam muito os problemas de notícias mal veiculadas sobre a sua saúde financeira se em sua área de relação com investidores, que seria o seu “cartão postal” aos usuários externos, houvesse profissionais contábeis e/ou financeiros para que os mesmos pudessem agregar um nível maior de detalhe ao responderem alguma dúvida. 5.1. Sugestões para Futuros Estudos Visando futuros estudos, é possível fazer algumas sugestões. Uma delas seria uma pesquisa com jornalistas para entender como é que eles veem as áreas de Relações com 61 Investidores das empresas, para que se compreenda por que existe essa interação tão fraca. Além disso, sugere-se que se faça um mapeamento das terminologias que são alvo de maior complexidade de compreensão dos periodistas de forma a ser elaborado um glossário. Gerar um relatório baseado nos moldes que eles propõem também seria uma medida interessante no momento em que grande parte das críticas dos jornalistas é baseada na estrutura conceitual das demonstrações financeiras. Outra sugestão seria um estudo direcionado às notas explicativas que servem de meio de comunicação complementar aos demonstrativos financeiros. 5.2. Limitações do Estudo No desenvolvimento deste estudo foi possível verificar que os jornalistas não possuem grande acesso às pesquisas acadêmicas, visto que grande parte deles negou-se a responder as questões, alegando que as mesmas não lhe agregariam nada profissionalmente ou, até mesmo, que não possuíam interesse em responder a questionários principalmente oriundos de cursos de Contabilidade. O grande número de negativas ao pedido de responderem ao questionário denota que os mesmos não possuem uma preocupação com o panorama acadêmico atual do país e que não se importam com estudos de outras áreas que não a jornalística, que os contemple como alvo de estudos. Verifica-se, ainda, que os jornalistas possuem completo desconhecimento do real papel do contador enquanto comunicador da empresa para o grande público. Têm uma visão retrógrada de que o contador ainda é o antigo book keeper que tem como principal função somente o débito e crédito e que accountability seria somente a Contabilidade pura e simples, sem nenhum tipo de interação da figura do contador com qualquer outro agente externo. Esse aspecto pode ser entendido como uma limitação do estudo, pois embora o trabalho tenha sido feito com uma amostra significativa, esta poderia ter sido bem maior. É preciso salientar que não houve nenhuma pergunta ou menção direta sobre as notas explicativas, o que poderia ter gerado alguma análise adicional. As mesmas foram tratadas como parte das demonstrações financeiras e não foi dado a elas nenhum destaque. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELKAOUI, Ahmed. The interprofessional linguistic communication of accounting concepts: an experiment in sociolinguistics. Journal of Accounting Research, Chicago, v. 18, n. 2, p. 362-374, Autumn 1980. Disponível em: <www.jstor.org/stable/2490583>. Acesso em: 1º ago. 2010. BEUREN, Ilse Maria (Coord.). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2009. 195 p. BM&F BOVESPA (São Paulo). Bolsa de Valores de São Paulo: empresas listadas. [São Paulo, 2011]. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/Cias-Listadas/EmpresasListadas/BuscaEmpresaListada.aspx?idioma=pt-br >. Acesso em: 03 jul. 2011. CHALHUB, Samira. Funções da linguagem. 12. ed. 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APÊNDICES APÊNDICE A MATRIZ DE AMARRAÇÃO DA PESQUISA OBJETIVO GERAL DA PESQUISA O objetivo geral deste estudo será verificar como acontece o processo de comunicação na Contabilidade, especificamente com os jornalistas que por sua vez executam o papel de emissores secundários da informação contábil, emitindo pareceres e, além disso, servindo como tradutores da informação para o grande público. OBJETIVO QUESTÕES-CHAVES TÉCNICAS DE ANÁLISE Conhecer a fonte de informação dos jornalistas, isto é, se eles somente se baseiam das informações publicadas ou recorrem a outros canais de comunicação da empresa, como a área de Relação com Investidores Questões 21,22 (fechadas) Questão 24 (aberta) Histograma para identificação das respostas fechadas e análise de conteúdo para as questões abertas Caracterizar na literatura as explicações de determinados termos da Contabilidade e a sua aplicação diária, respaldando assim a parte Sintática Parte 5 – ANÁLISE SINTÁTICA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL Questões abertas para que o usuário introduza a expressão ou o significado que o mesmo possua sobre o termo Análise de conteúdo as respostas que são abertas e confronto com a literatura contábil Buscar a compreensão que o estrato de usuário tem sobre determinado termo ao ler uma informação contábil, respaldando a parte Semântica Parte 3 – ANÁLISE SEMÂNTICA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL Questões de múltipla escolha gradual onde o entrevistado deverá atribuir um peso para cada característica apresentada Análises fatoriais de cada uma das características na intenção de verificar uma escala geral de como os jornalistas interpretam os dados contábeis/financeiros Investigar como se dá o processo de análise e interpretação da informação contábil por parte do estrato, e assim confrontá-lo com a teoria para dar respaldo a parte Pragmática Parte 4 – ANÁLISE PRAGMÁTICA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL Questões 17 – 19 (fechadas) Histograma para identificação das respostas fechadas e análise de conteúdo para as questões abertas Identificar pontos que possam contribuir para uma melhor compreensão da informação contábil Questões 20, 23 e 25 Análise de conteúdo das respostas na intenção de se criar uma proposta de melhoria na transparência e interpretação dos dados 67 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS A coleta de dados se dará através de questionários eletrônicos que serão distribuídos a duas frentes de usuários com objetivos específicos Questionário aos jornalistas As questões elaboradas visarão obter uma analise de como esse estrato recebe e interpreta a informação contábil, e correlacionará alguns conceitos e utilizações de informação com a teoria contábil/financeira. A correlação será feita aplicando-se conceitos da Teoria Semiótica Questionário ao departamento de Relação com Investidores As questões visarão obter um panorama de como se dá o processo de comunicação entre a área emissora da informação e os seus “tradutores”. O produto dessa investigação procurará verificar o quanto as áreas estão integradas em um processo de comunicação. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA PESQUISA (*) Teoria da Contabilidade. A informação contábil Harmonização das normas contábeis brasileiras e internacionais (IFRS) Contabilidade como produtora de informação Teoria da Comunicação Processo da comunicação e seus agentes Estrutura da comunicação Teoria Semiótica Teoria dos Signos Dimensões da Teoria Semiótica Componentes da Teoria Semiótica (*) Ver referências bibliográficas do trabalho para cada um dos pontos abordados 68 APÊNDICE B 69 70 71 72 73 74 75 APÊNDICE C