Um Olhar Histórico sobre a Supervisão Pedagógica História da Supervisão O ensino foi orientado pelo Plano Geral dos Jesuítas, no qual já se notava a idéia de supervisão. O alvará que instituiu as Reformas, previu o cargo de diretor geral dos estudos e a designação de comissários para fazer, em cada local, o levantamento do estado das escolas. Nesse sentido, a idéia de supervisão englobava os aspectos políticoadministrativos (inspeção e direção). História da Supervisão A Lei de 15 de outubro de 1827 instituiu ‘as escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares populosos do Império’, sob a orientação do ‘método do Ensino Mútuo’ pelo qual o professor exerce as funções de docência e também de supervisão. Em 1834 - necessidade de criação de um ‘INSPETOR DE ESTUDOS’. Em 1854 – a missão do inspetor geral era ‘supervisionar... todos os estabelecimentos de ensino públicos e particulares’. O final da monarquia assistiu a uma grande quantidade de reformas no ensino, para organizar um sistema nacional de ensino com uma organização pedagógico-administrativa do sistema, como um todo para o Brasil. História da Supervisão 1896: No início do período republicano, a reforma instrução pública paulista, instituiu o INSPETOR DE ENSINO, cuja função, que deveria ser orientadora, caracterizou-se por uma ação burocrática no lugar das funções pedagógicas. A década de 20 é marcada, na educação brasileira, pelo surgimento dos profissionais da educação, ou seja, os TÉCNICOS. A reforma Carneiro Leão, de 1928, implementa uma organização de trabalho marcada pela separação da parte administrativa e técnica. A separação entre a parte administrativa e a parte técnica é condição para o surgimento da figura do supervisor, distinta do diretor e do inspetor sendo a parte administrativa de responsabilidade do SUPERVISOR e a parte técnica, do inspetor. História da Supervisão E é quando se quer emprestar à figura do inspetor um papel predominantemente de orientação pedagógica e de estímulo à competência técnica, em lugar da fiscalização para detectar falhas e aplicar punições, que esse profissional passa a ser chamado de supervisor. Os Pioneiros da Educação em seu manifesto (1932), sugerem a pretensão de se atingir, na educação, o estágio tecnológico, através da fundamentação científica. Neste contexto surgem os técnicos, chamados ESPECIALISTAS EM EDUCAÇÃO, entre ele, o SUPERVISOR que seria formado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, criada pela reforma Francisco Campos, em 1931. História da Supervisão A função de supervisão nas escolas de quinta à oitava séries surge após o golpe de 64. O profissional que exerce essa função é, então, habilitado pelo curso de Pedagogia, com o objetivo de garantir, nas escolas, a eficiência e a produtividade do processo educativo. No final da década, pelo Parecer nº 252 de 1969, o curso de Pedagogia foi organizado na forma de habilitações: administração, inspeção, supervisão e orientação. ‘A nova estrutura do curso de Pedagogia decorrente do Parecer 252/69 abria a perspectiva de profissionalização da supervisão educacional na esteira da orientação educacional, cuja profissão já havia sido regulamentada por meio da Lei nº 5564, de 21 de dezembro de 1968, antecipando-se, portanto, ao próprio Parecer nº 252/69 ’ Saviani (2000). História da Supervisão O caráter tecnicista do método de divisão do trabalho promove no meio educacional, através da hierarquização das funções: 1- o distanciamento entre as etapas de concepção e execução do ensino, colocando o supervisor numa posição de controle hierárquico, característico do sistema capitalista. 2- A utilização da técnica, de forma descontextualizada, que mais serviu ao supervisor uma forma de controle de qualidade do que um meio de orientação e atuação pedagógica. O conceito de supervisão ficou atrelado à organização industrial do trabalho, como atividade técnica especializada. História da Supervisão A década de 80 foi marcada pelo 'movimento crítico' da Educação que apontou os 'especialistas do ensino', mais especificamente os supervisores, como responsáveis pelo insucesso escolar. O sonho, era revolucionar o pedagógico e ‘lançar as sementes de uma educação geral, crítica e política’. Porém, a realidade mostra que a mudança não virá com a extinção do especialista. A função de supervisão foi extinta. Contudo, a ausência do profissional foi muito sentida pelos professores; História da Supervisão Concluiu-se que o conhecimento do supervisor tinha origem e finalidade na prática; A prática necessitava, não de poder, mas de articulação. Os professores precisavam de um profissional que realizasse um trabalho, coletivo, interdisciplinar e democrático. A década de 90 assiste à redescoberta da SUPERVISÃO, como sendo o instrumento para a mudança nas escolas. Mas, a educação , como aparelho de um sistema político, vê a figura do supervisor como ‘apenas um intermediário na implantação de novas propostas curriculares amplamente divulgadas pelos órgãos oficiais'. História da Supervisão O caráter autoritário da função de supervisor nas décadas do movimento tecnicista não atendia mais às necessidades de um sistema aberto de ensino, integrado à sociedade e com ela comprometido. A realidade escolar apresentava uma necessidade mais coerente com o momento sócio-político, de inquietação e de quebra de paradigmas, onde a concepção e a execução do trabalho não se separam. A função supervisora torna-se 'aglutinadora e impulsionadora' de um grupo diversificado de pessoas, que representam as idéias modernas de educação e que valorizam o conhecimento de emancipação, fundamentado na participação e na solidariedade. Como 'mediadora de um sistema' a função não era mais de subordinação à autoridade e de controle da qualidade do serviço educacional, mas de 'intérprete' de uma realidade em constante transformação. História da Supervisão Desafio do supervisor: Um supervisor competente, entendendo-se que a competência é um compromisso com o público, com a ‘cidade’ e com a coletividade. O interesse coletivo opõe-se ao interesse individualizado, na educação e na função do supervisor. A análise da realidade permite que averiguemos até que ponto, o sonho da década de noventa, é realidade neste século. SUPERVISÃO: SÉCULO XXI – BRASIL LDBEN 9.394 de 1996: Título VI (Art. 61/67): trata dos Profissionais da Educação. O artigo 64 institui que a formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feito em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação. A redefinição, a busca do curso de pedagogia e a luta dos movimentos sociais dos educadores por uma proposta curricular, para que a formação do pedagogo seja de caráter cientifico, acadêmico, político, técnico, didáticopedagógico, mas sobretudo por ter como base de sua formação a docência, como foco importante na reconstrução de sua identidade. SUPERVISÃO: SÉCULO XXI – BRASIL Campo da Pedagogia: a base de sua atuação seria a docência na educação infantil, nas séries iniciais do ensino fundamental e nas disciplinas da formação pedagógica do nível médio, podendo ainda atuar na organização de sistemas, unidades, projetos e experiências educacionais escolares e não-escolares; na produção e difusão do conhecimento científico e tecnológico do campo educacional e nas áreas emergentes do campo educacional (ANFOPE, 2004). A AÇÃO SUPERVISORA Pensar a supervisão é pensar o significado do nome e o significado da função. Análise do nome supervisão: o prefixo super une-se à visão, para designar o ato de ver o geral. Para possibilitar a visão geral é preciso ver na perspectiva de um ângulo de visão, que possibilite o olhar do conjunto dos elementos e os elos articuladores. A AÇÃO SUPERVISORA SUPERVISÃO EDUCACIONAL: extrapola as atividades da escola para alcançar os aspectos estruturais e sistêmicos da educação. SUPERVISÃO ESCOLAR: supõe a supervisão da escola nos serviços administrativos, de funcionamento geral e também os pedagógicos. SUPERVISÃO PEDAGÓGICA: refere-se à abrangência da função, um olhar sobre o pedagógico oferece condições de coordenação e orientação. COORDENAÇÃO:co-ordenar é organizar em comum, é prever e promover a integração do trabalho da escola. Referências Ferreira, N. S. C. Supervisão Educacional para uma escola de qualidade. São Paulo: Cortez, 2006. _______________.Supervisão educacional: uma reflexão crítica. Petrópolis: Vozes, 1987.