SUBSÍDIOS PARA
ENCONTROS
VOCACIONAIS
1
2
SUMÁRIO
1º ENCONTRO - Vocação: Experiência do Amor de Deus..........................................05
1 – O AMOR
2 – TRABALHO EM GRUPO
3 – O AMOR MISERICORDIOSO DE DEUS
2º ENCONTRO - Acompanhamento Espiritual (Nível Arquidiiocesano)..................09
2º ENCONTRO - Quem sou eu? (Nível Setorial) ........................................................16
1 – FILMES OU SLIDES.
1.1 – PARTILHA DO FILME
2 – CHAMADO A SER PESSOA
3 - ADORAÇÃO
3º ENCONTRO - Vida de Oração...................................................................................20
1 – O QUE É ORAÇÃO? POR QUÊ? COMO?
2 – O ESPÍRITO SANTO – MESTRE INTERIOR
3 – PREDISPOSIÇÕES PARA REZAR
4 – JESUS ENSINA O PAI NOSSO
5 – A VIDA DE ORAÇÃO DE JESUS
6 – DESCUBRA O VALOR DA ORAÇÃO E A NECESSIDADE DE REZAR
4º ENCONTRO - Vocações na Bíblia.............................................................................24
1 -TEXTOS BÍBLICOS SOBRE AS VOCAÇÕES
1.1 – ANTIGO TESTAMENTO
1.2 – NOVO TESTAMENTO
2 – OBEDIÊNCIA E GRATIDÃO
5º ENCONTRO - Quem somos nós?..............................................................................34
1 – FILMES OU SLIDES
1.1 – PARTILHA DO FILME
2 – CHAMADO A SER CRISTÃO
6º ENCONTRO - Leitura Orante da Bíblia (Lectio Divina)..........................................38
1 – APRESENTAÇÃO
2 – AS VÁRIAS MANEIRAS DE SE OLHAR E LER A BÍBLIA
3– OS CRITÉRIOS DA LEITURA ORANTE
4 – OS QUATRO DEGRAUS DA LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
3
7º ENCONTRO - Sexualidade e Ser Humano...............................................................48
1 – A SEXUALIDADE E O SER HUMANO
1.1 – GRUPOS E PLENÁRIO
2 – SEXUALIDADE HUMANA: VERDADE E SIGNIFICADO
2.1 – A SITUAÇÃO E O PROBLEMA
2.2 – O AMOR E A SEXUALIDADE HUMANA
8º ENCONTRO - Vocações Específicas..........................................................................52
1 – A MANIFESTAÇÃO DE DEUS NA VOCAÇÃO
2 – A APESPOSTA HUMANA NA VOCAÇÃO
3 – MARIA, MODELO DE RESPOSTA A DEUS
4 – FILMES SOBRE MARIA
5 – CONSEQUENCIAS DE ASSUMIR UMA VOCAÇÃO
6 – COMO SE DESCOBRE A VOCAÇÃO AO SACERDÓCIO?
7 – VOCAÇÃO CONSAGRADA – VOCAÇÃO RELIGIOSA
8 – VOCAÇÃO MATRIMONIAL
9º ENCONTRO - Retiro ou Manhã de Espiritualidade I..............................................64
9º ENCONTRO - Retiro ou Manhã de Espiritualidade II.............................................66
ORAÇÃO VOCACIONAL.................................................................................................74
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1° ENCONTRO
VOCAÇÃO: EXPERIÊNCIA DO AMOR DE DEUS
INTRODUÇÃO:
* Dinâmica introdutória ao tema
* Oração com símbolos (profetas, personalidades...)
*Cânticos
Noção de Vocação, Sujeito, Centro e Mediações na Vocação.
Vocação é o chamado de Deus, é iniciativa D’Ele, que tem como finalidade a realização plena da pessoa humana.
O sujeito de toda vocação é Deus, é Ele que chama.
O centro da vocação é a Missão, e não a pessoa humana.
As mediações são muitas: as pessoas, a Igreja, as necessidades dos irmãos.
A partir de textos bíblicos de vocacionados que fizeram a experiência do Amor de
Deus, fazer um paralelo do antes e depois da experiência:
- Abraão – Gn 12,1-3 construir um grande povo.
- Moisés – missão libertadora Ex 3,7-12.
- João Batista – preparar o povo Jo 1,23.
- Maria – Lc 1,38 mãe de Jesus.
- Os Apóstolos – Mt 4,19-20 anunciadores do reino de Deus
Todos que fizeram experiência do amor de Deus mudaram radicalmente sua
vida podendo perceber um antes e um depois, uma vida nova (cf. os textos acima
citados).
Aqueles que são chamados sentem-se perdidos e dá-lhes sua força, os capacita
para a missão.
“Não fostes vós que me escolhestes; fui eu quem vos escolhi e vos designei para
dardes fruto e para que o vosso fruto permaneça.” (Jo 15, 16)
Ao incentivar a reflexão e a oração pelas vocações, a Igreja está a nos dizer que
“ser feliz é ser aquilo que Deus quer”. Ou seja, que a dinâmica de ser e de crescer
de fato só ocorre quando respondemos conscientemente ao chamado de amor do
Senhor. Deus é Amor (I Jo 4,8), e Ele nos ama infinitamente e tem um plano exclusivo de felicidade plena para cada um de nós. Seu amor nos chamou a vida; Seu
amor nos concedeu liberdade, individualidade; Seu amor nos capacitou a realizar
o amor; Seu amor nos tornou senhores da transformação das realidades criadas
5
pelos dons que nos deu; Seu amor nos dá sentido; Tudo parte de uma iniciativa
de Deus para conosco, um chamado que primeiro nasce em Seu coração e depois
transborda na história de nossa existência. Ser feliz é ser um com a essência de
amor de Deus, expressa numa relação de fé, livre e infinita em suas possibilidades
humanas e divinas.
Falar de vocação é falar de uma experiência pessoal com o amor de Deus. E esta
experiência envolve a nossa história de vida e tudo o que ela contém: vida em família, com os nossos amigos, nossa visão de mundo, nossas verdades intelectuais,
afetividade, sexualidade, amores e desamores, alegrias e sofrimentos, capacidades
e fraquezas, nossos pecados. Tudo está relacionado de forma muito minuciosa e
complexa, assim, a reflexão sobre a vocação é aprofundar-se na riqueza da vida
que existe em nós. (blog.cancaonova.com/.../vocacao-uma-experiencia-de-amorde-deus/)
O itinerário apresentado por Jesus primeiro é percorrido por Ele mesmo, não
havendo uma falsa promessa, mas um testemunho. Jesus aprende com sua própria
história, na comunidade e com as escrituras, é batizado, diz sim à missão, porém
tudo isto não impede que Ele sofra com os desafios que aparecem para desviá-lo
na missão (Lc 4,1-13). Para aprender com tudo, e vencer os obstáculos, Jesus cultiva sua intimidade com o Pai através do diálogo e da oração (Lc 11,1-4). Jesus não
para diante dos desafios que aparecem, mas aprende, transformando os obstáculos em escola da fé. Jesus mostra esta imagem de aprendizagem na transfiguração
diante dos apóstolos Pedro, Tiago e João. “Seu rosto tornou-se brilhante como o
sol e suas vestes brancas como a neve” (Mt 17,1-2). Esta é uma imagem tão bela
para seus discípulos, que Pedro quer permanecer ali para sempre: “Como é bom
estarmos aqui” (Mt 17,4). Essa imagem transfigurada é fruto de um caminho percorrido, de testemunhos dados e de uma intimidade profunda com o Pai, capaz
de transmitir sinais de acerto vocacional para aqueles que seguem o chamado de
Deus. Não somente Jesus foi convidado a este feito, mas, também nós. A vida nos
mostra que ao sermos transfigurados, no dia-a-dia, diante da realidade que nos
convoca ao testemunho, ao mesmo tempo, somos também provocados à traição
do projeto, diante de tantas outras propostas que contrariam o chamado. A partir
das vivências de Jesus “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o
amará, e nós viremos a ele, e faremos nele morada” (Jo 14,23), muitos de seus seguidores deram testemunho sobre a possibilidade de se transfigurar, de transformar os limites em potenciais para a missão. Paulo: “não sou eu quem vivo é Cristo
quem vive em mim” (Gl 2,20); Pedro: “somos participantes da natureza divina” (2
Pd 1,4). Os testemunhos dos primeiros vocacionados não podem ser somente admirados e venerados, mas devem inspirar atitudes, em nós, desse tempo que pede
resposta. Para isso é preciso não somente observar o itinerário de Jesus e de seus
discípulos, mas construirmos nosso próprio itinerário inspirado neles. (capuchinhosbc.org.br/texto-4-experiencia-de-deus-nossa-participacao-no-projeto)
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1 – O AMOR
O que é o Amor?
Há muitas definições de amor, mais simples, é a de que quaisquer circunstâncias,
“amar é cuidar bem do outro. Isto é amor”.
O amor procede de Deus e quem ama nasce de Deus e conhece a Deus. Se nos
amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e seu amor em nós é perfeito.
(1Jo 4,7-8.12).
O amor verdadeiro é graça, Dom gratuito de Deus. (Frei Teylor J. Tonin). Abertura
para o outro, dedicação ao próximo sem interesse.
O Amor Eros, Philos e Ágape.
EROS: amor possessivo, paixão instável, satisfação sexual, tipo de relacionamento marcado pelo ciúme e egoísmo. Valoriza-se mais as virtudes da pessoa humana,
sua beleza, seu status...
PHILOS: amizade, amor, sentimento de afeição, estima e admiração. É um amor
– amizade.
ÁGAPE: modelo deste amor é o próprio Cristo. É o amor ideal. Abertura para o
outro é doar-se aos outros. Confiar no outro. Um amor desinteressado, seu egoísmo, sem possessão.
O Amor de Deus em Nós – Cor 13,1-13
O amor de Deus em nós nos impele para o amor ao próximo.
Ainda que eu falasse a língua dos anjos e a dos homens, se eu não tivesse a caridade seria como um bronze que soa ou como um címbalo que retine.
Conclusão- nisto consiste o amo de Deus: não fomos nós que amamos a Deus,
mas foi Ele que nos amou primeiro e enviou-nos o seu Filho.
- Rm 8,2; II Cor 3,17
2 – TRABALHO EM GRUPO
Como é nosso relacionamento na família, na escola, no trabalho, na comunidade?
3 – O AMOR MISERICORDIOSO DE DEUS
Misericórdia
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Uma coisa aparece claramente no Evangelho: Jesus odeia o pecado, mas não o
pecador.
A atitude de Jesus com a mulher adúltera é significativa, mostra o que é misericórdia e também a misericórdia de Jesus: “Não te condeno, vai e não tornes a
pecar!” (Jo 8,11).
O Evangelho é a revelação em Jesus Cristo, da misericórdia de Deus para com os
pecadores. (Lc 15).
Noção de Pecado
É uma falta contra a razão, a verdade e a consciência reta. É uma falta para com
o amor verdadeiro, uma ofensa a Deus e ao próximo. (Catecismo da Igreja 1849).
Consequências do Pecado
Desequilíbrio pessoal, familiar e social (Neri Feitosa)
Angústia ruptura com Deus, traz o mal-estar para a pessoa, fortalece os vícios
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2° ENCONTRO
ACOMPANHAMENTO ESPIRITUAL
(Somente no nível Arquidiocese)
Em seus “Exercícios Espirituais”, o Santo Inácio sugere o exame do final do dia a
cada noite, e aponta o grande proveito par nós de cultivar essa prática. Não é fazer
um exame de consciência, se trata de receber de Deus o dia, tomar quinze minutos
para relê-lo e recebê-lo como um presente e um chamado de Deus.
Todo dia é uma história onde Deus está presente em mim, nas outras pessoas,
nos meus encontros com os outros e nos acontecimentos. É preciso dar-se um
tempo para tomar consciência desta presença.
A releitura de vida, re-ler a vida ou dar uma segunda olhada sobre a própria vida
é o primeiro passo do discernimento espiritual, o qual é contínuo. Toda releitura
se realiza em um clima de oração. A releitura não é uma introspecção, é aprender
a ver a vida como Deus a vê.
Para que devemos fazer uma releitura?
- Para nos conhecer melhor.
- Para crescer em auto-estima vendo os aspectos positivos
- Para agradecer a Deus pelos dons recebidos.
- Para chegar a uma maior identificação com Cristo.
- Para descobrir a vontade de Deus inscrita na minha vida.
Não somos os primeiros em fazer releitura, na Bíblia, se volta constantemente
a reler os acontecimentos do passado. No Novo testamento, o mesmo Jesus nos
convida a fazer releitura... que não é tão diferente que fazer memória. “Façam isto
em minha memória”. Na tradição cristã, são muitos os que tem escrito seu livro de
vida: As confissões de Santo Agostino, o livro do peregrino do Santo Inácio, Santa
Teresa de Ávila e Santa Teresinha do Menino Jesus.
Os movimentos interiores (consolação e desolação), que descobriu o Santo Ignácio, são a matéria para o discernimento espiritual.
PASSOS SUGERIDOS PARA RELER A VIDA.
Me colocar em atitude de recolhimento e de oração: pedir a Deus me permitir
olhar sobre meu dia com uma mirada semelhante à sua (ver meu dia como ele o
vê).
Primeiro nível: Leitura descritiva.
Identificar em meu dia um acontecimento pessoal ou um fato de outras pessoas.
9
Trata-se de olhar ao meu redor, e descobrir que sentimentos esse acontecimento
produz em mim: alegria, paz, plenitude, vida.
•
Recordar, visualizar o fato.
•
Recordar, re-viver os sentimentos que este fato provocou em mim. Buscar por quê este fato provoca em mim estes sentimentos.
•
Perguntar-me si há um dom ou um chamado de Deus neste fato e nestes sentimentos.
Segundo nivel: Leitura afetiva.
Identificar no meu dia o que ha sido para mim fonte de tristeza, inquietude, desânimo, amargura.
•
Recordar, visualizar o fato.
•
Buscar por que este fato ha provocado em mim estes sentimentos.
•
Discernir neste fato e nos sentimentos correspondentes o chamado de
Deus a pedir perdão, superar as dificuldades e seguir enfrente.
Terceiro nível: Leitura espiritual.
Deixar que se apresentem em minha mente e em meu coração palavras e atitudes de Jesus ou de outros personagens da Bíblia, que tenham relação com os fatos
recordados.
Sempre terminar o exame com uma oração para agradecer a Deus pelo que ha
sido motivo de alegria, pedir perdão pelos meus erros, pedir as forças de Deus
para superar as dificuldades e seguir enfrente. Me abro ao dia de amanhã com
luzes e forças renovadas.
•Anotar - resumindo com o que fico - Diário espiritual..., Folha de caminho, etc...
O DIÁRIO ESPIRITUAL
Sugerimos ter um caderno muito pessoal onde possa escrever suas releituras e
acontecimentos pessoais. Há pessoas, sobretudo os homens, que tem resistência
para usar esta ferramenta, pensam que é coisa de mulheres.
Fazer uso desta ferramenta é decisão de cada pessoa, é ela que escolhe livremente.
O que é um diário espiritual? É um instrumento muito útil e eficaz. Nele se escreve a releitura de cada dia... por tanto, é de suma importância tomar tempo para
reler o dia, saborear tudo o que foi bom e reconhecer a presença de Deus. Por
isso, a motivação maior para reler a vida é querer experimentar o gosto de “viver
com” Deus e desejar “ficar com” Ele. Os exercícios espirituais nos permitem fazer uma experiência pessoal de Deus. O que nos permite viver esta experiência
pessoal é justamente o tempo que nos damos para reler a história de nossa vida
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em todos e em cada um de seus estratos. Esta releitura nos permite reconhecer
as pegadas de Deus, reconhecer sua presença e ação em nossa vida e escutar seu
chamado a ser mas feliz.
Este instrumento nos permite viver mais e ser mais livres e felizes. Por que?
• Porque nos permite ficar satisfeitos da vivência diária e de ver realizados nossos desejos e sonhos.
• Porque nos proporciona duas coisas importantes:
- nos reconhecer mais humanos e, conseqüentemente, nos sentir mais perto
de Deus, à imagem de quem fomos criados.
- Reconhecer as pegadas deixadas por Deus no simples caminhar de nossa
vida diária. O sentimos bem perto de nós, bem próximo, imediato; como disse Inácio.
MOTIVAÇÕES PARA UTILIZAR O DIARIO ESPIRITUAL COMO INSTRUMENTO DE CRESCIMENTO...
A) A prática do diário espiritual permite captar a forma que tem nossas vivências, nomeá-las, identificar e libertar os sentimentos, as emoções e descobrir os
passos de crescimento.
B) Escrever permite nos situar melhor frente a nossa própria experiência, nos
permite tomar distância, objetivar o que se vive, compreendê-lo melhor e mudar
algumas coisas.
C) Permite dar uma profundidade aos acontecimentos diários normais e descobrir o sentido oculto de cada acontecimento.
D)A releitura permite descobrir toda a densidade e a riqueza do vivido. Nos
permite um melhor conhecimento de nós, captar o valor de cada acontecimento e
descobrir o rosto e os passos de Deus em nossa vida.
E) Permite uma toma de consciência que leva a criar uma melhor relação consigo mesmo, com os outros e com Deus.
F) Não é necessário escrever tudo... apenas uns “Flash”. Encontrar um fato ou
outro do dia e prestar atenção... colocar a mirada numa experiência positiva.
G) Escrever nos dá luzes e nos devolve a paz interior.
H) Permite reconhecer os chamados recebidos, relativizar as dificuldades, reconhecer as alegrias que de outra maneira passariam desapercebidas.
I) Liberta os caminhos para a transformação. Permite uma melhor integração
dos acontecimentos.
J) Me permite descrever com maior precisão o que me habita... superar o vago,
o desnecessário.
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K) Uma maneira de decidir sobre minha vida, de orientá-la e de tomar posse
dela. Captar a importância e a profundidade das relações. Cultiva a memória espiritual.
AJUDA AO ACOMPANHANTE E AO ACOMPANHADO.
A)Permite ler as forças. Fazer um caminho é mais claro. É mais fácil para o
acompanhante ajudar o outro no seu processo de crescimento. O material que se
leva no momento do acompanhamento é mais concreto e vá mais além do bom
desejo e de expressões superficiais.
B) A pessoa que tem feito a experiência da releitura de vida esta disposta a ir
mas além, tem o gosto de viver o acompanhamento espiritual. Está aberta para
observar um aspecto particular que se deve trabalhar.
C) É uma ajuda - memória no acompanhamento. Pode ajudar a sair dos períodos de desolação. Ajuda a perceber melhor o caminho de crescimento.
D)Si a pessoa chega preparada, o acompanhante se concentra mais rapidamente e mais profundamente. Isto permite uma estrutura ao acompanhamento
pessoal.
E) Permite fazer uma síntese do vivido. È uma ajuda para aprofundar uma experiência espiritual e ver como Deus age e conduz à pessoa.
F) Destaca a experiência de Deus na vida no dia-a-dia. Permite tomar contato
de novo com a realidade de sua vida. Desperta a consciência do que foi vivido.
G) Permite ver, avaliar os passos de crescimento, o conhecimento de si mesmo,
ajuda a discernir como Deus se faz presente nos acontecimentos.
H) Assegura uma continuidade no processo de crescimento. Obriga a aprofundar nas situações vividas. Permite se espelhar e tomar distância.
I) Permite a quem pratica os exercícios espirituais entrar de olhos abertos na
experiência de Deus e colaborar com todo seu ser.
J) Ajuda a quem se exercita na descoberta do Fio Condutor de suas relações
(Fio de Ouro) e o Fio Condutor dos chamados de Deus em sua vida (escolhas).
K) Esta permite ao acompanhante reler sua prática de acompanhamento, verificar o que o acompanhado desperta nele e tomar consciência das relações de
transferência ou projeção e de contra-transferência. Una ferramenta para conhecer-se melhor e conhecer o outro.
L) Permite ver a mão do Senhor personalizada em cada pessoa. Faz descobrir os
passos de Deus na vida da pessoa na trajetória recorrida, no decorrer do período
vivido.
M)Ajuda a descobrir sua identidade, sua escolha, sua missão. Permite ver o ca12
minho percorrido no curso dos encontros.
MOTIVAÇÕES PARA MANTER O DIÁRIO.
a) Fixar um tempo durante o dia. Ter um ritmo e um lugar propício. Dar-se uma
ferramenta de acordo ao seu desejo; por exemplo: um pequeno caderno em vez
de uma grande folha, um lugar silencioso em vez de um barulhento, etc.
b) Tomar o tempo para interiorizar antes de começar a escrever. Deixar emergir
o que deve escrever espontaneamente em vez de buscar.
c) Responder à pergunta: O que mais mexeu comigo hoje? Não precisa escrever
todo, encontre um fato do dia e perceba-o em comunhão com o cenário de vida.
d) Começar com uma palavra, uma frase, um desenho.
e) Permite recuperar a vida no concreto dos fatos no dia-a-dia. Devolve a lucidez e a liberdade interior; valoriza a vida e a torna mais dinâmica.
f) Permite tornar se responsável de si mesmo. Estar mais em contato consigo
mesmo, descobrir a riqueza de suas experiências. É como saborear a vida duas vezes.
O DIRECIONAMENTO
Não há exercícios espirituais sem acompanhamento espiritual. É bom abrir-se ao
outro para verificar a qualidade de nossa experiência e para nomear em alta voz o
que se há vivido.
O acompanhamento espiritual se prepara com antecedência. É necessário retomar as releituras que se tem feito e partilhar com o acompanhante as principais
tomadas de consciência... as desolações e consolações... os problemas que ha
encontrado, etc...
No processo de formação missionária além fronteiras, pedimos que cada mês se
encontrem com seu acompanhante espiritual num ambiente de confiança recíproca e de abertura.
No isolamento, corremos o risco de cair na ilusão.,. e de não resistir à tentação
das aparências. O diálogo no acompanhamento permite dissipar os possíveis erros
e nomear as coisas pelo seu nome. Vendo-se no espelho de um testigo humano... e finalmente de Deus, a pessoa vá sarando de suas cegueiras e feridas
e descobre como Deus agiu e age ainda em sua vida. Só sendo acolhida, compreendida e amada, a pessoa acompanhada sai do isolamento e vai fazendo a
experiência de Iibertação.
O diálogo no acompanhamento ajuda a crescer em uma relação mais profunda com o Senhor. Ajuda à pessoa a crescer em maturidade humana e espiritual
alcançando sua plena condição de filho/filha de Deus. A pessoa acompanhada
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adquire mas autonomia espiritual de tal forma que o acompanhante não é mais
imprescindível.
NECESSÁRIA ABERTURA
Em Francês, a palavra “encerro” se traduz pela palavra “enfer-mement”, e a palavra “inferno” por “enfer”. Ao no abrir de par em par nossas janelas corporais, psicológicas e espirituais corremos o risco de seguir em nossos infernos.
É necessário abrir…. E abrir-se na verdade. A verdade os fará livres, disse Jesus.
O que quer dizer isto?
A LIBERTAÇÃO CORPORAL
O relaxamento que praticamos tem como finalidade nos libertar de nossas tenções para permitir que a luz que vem de nosso centro flua com maior liberdade.
Uma pessoa livre de tenções se expressa mais facilmente, adquire uma maior consciência corporal e acolhe com maior facilidade o que vem do exterior pelas janelas
e as portas que são os sentidos.
LIBERTAÇÃO PSICOLÓGICA.
Sabemos que de uma montanha (témpano) de gelo só uma pequena parte sobre-sai no meio das águas, assim acontece conosco. O que chega à consciência é
muito pouco em relação ao que fica no inconsciente.
Para permitir uma maior consciência devemos adquirir a faculdade necessária
para nos libertar, tirar nossas defesas e nossas trancas é como tirar as “seguranças” que impedem o fluir da luz desde nosso centro... A ajuda psicológica favorece
sempre um processo de libertação.
Não sei si já perceberam que quando estamos mais descansados é quando mas
sonhamos. O descanso abre as portas do inconsciente.
LIBERTAÇÃO ESPIRITUAL.
A oração, o encontro amoroso com Deus, a contemplação nos ajuda a purificar
nosso espírito, nos centra nos valores superiores e nos liberta de nossas falsas
imagens de Deus.
Não existe separação entre estes três níveis do ser humano. Todo o ser humano é corporal, é psicológico e espiritual. Por isso, na vida espiritual não se coloca
de forma alheia as dimensões corporais e psicológicas. A espiritualidade se vive
corporalmente e psicologicamente. Da mesma forma na oração, o corpo e o afeto
oram junto ao espírito.
O TRABALHO PESSOAL
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Em cada encontro vamos providenciar uma folha de “trabalho” para que possam
exercitar-se durante o mês. É importante fazer este trabalho, ele é a base para o
processo de discernimento vocacional.
Vale a pena observar o seguinte: se forma quem quiser. Mesmo que nosso esforço seja grande, não ajuda muito si vocês não assumem seu processo, isto é, a
auto-formação.
- Testemunho
É bom pedir que uma pessoa que usa estas ferramentas dê seu testemunho.
- Trabalho para o mês:
Para que se adestrem à releitura e ao diário espiritual lhes convidamos a fazer
releitura diária do que hão vivido durante este mês.
Releitura descritiva:
1- faço um resumo do que tenho feito e vivido hoje… o escrevo.
Releitura afetiva:
2- O que eu senti nisto que he vivido? … Anoto os diferentes sentimentos que
tenho sentido.
Releitura espiritual:
3- Quê cena do evangelho me faz recordar o que he experimentado hoje?
4- Quê chamado de Deus posso identificar em mim?
Termino com uma breve oração…
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2° ENCONTRO
QUEM SOU EU?
(Somente no nível Setorial)
* Dinâmica introdutória ao tema
* Oração com símbolos (profetas, personalidades...)
*Cânticos
1 – FILMES OU SLIDES.
- O rio
- Além das ilusões
- Outros
1.1 – Partilha do filme
Ser Imagem e Semelhança
- Gn. 1,26
De onde vim? Para onde vou?
Vim de Deus e vou para Deus, nunca descobriremos quem realmente somos
se não descobrirmos nosso princípio e o nosso termo.
Existe em meu ser, que sou eu,
Pessoa -> exterior
-> interior
Nós não somos coisas, somos pessoas.
Pessoa: amada
Coisa: usada
A diferença entre pessoa e coisa é clara.
Coisa
- matéria
Pessoa
- espírito
- irracional - razão = inteligência
- ser bruto - sensível = vontade
- estático - faz história
- imóvel - capaz de crescer
Ser Único e Irrepetível
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Deus não repete, não enjoa, não esgota, não cansa nem se cansa.
Deus é sempre novo e presente, ontem hoje e sempre. Ele é Deus.
Somos imagem d’Ele, por isso somos únicos e irrepetíveis e o amor d’Ele por
nós, único e irrepetível. Deus ama cada um com 100% do seu amor. Ele não precisa
dividir seu coração porque Ele é infinito.
Dimensões: Biológicas, Físicas, Espirituais...
Não podemos olhar alguém somente pela aparência física, pois a pessoa é
mais que o físico que ela possui; nem somente pela inteligência, pois a pessoa é
mais que o raciocínio que possui; nem somente pela afetividade, pois a pessoa é
muito mais que os sentimentos que possui. A pessoa é um todo.
Como tratar e olhar a pessoa?
CoisaPessoa
- Aparência - interior
- quantidade - qualidade
- produção - valor pessoal
- raciocínio - amor
- forças - liberdade
- experiências
- diálogo
- tamanho - coração
- problema - mistério
- provas – conclusão
- sinais – revelação
Busca do Sentido da Vida
Em nós existe as supremas necessidades de
- Conhecer-se
- Aceitar-se
“Para tornar-se pessoa!”
Conhecer-se: limites e capacidades físicas, intelectuais e afetivas. A história
passada a família. Aceitar-se: sabendo-se limitado e terreno, conhecendo e amando a história pessoal.
Janela de Johary
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EU
PÚBLICO
CEGO
SECRETO
DESCONHECIDO
Através desta janela podemos perceber que possuímos em nosso eu algumas
faces:
- O eu público é o que você demonstra ser aos outros, é o que você sabe e o
outro também sabe sobre o seu eu. Ex.: alguém que tem um temperamento difícil.
- O eu secreto já não é conhecido pelo outro, somente você sabe que o possui,
por isso é secreto, só você o conhece. Ex.: alguém que parece ser durão, e todos
pensam que ele é durão, mas no seu íntimo é muito sensível, ninguém sabe somente a pessoa.
- O eu cego somente o outro enxerga em mim. Este eu não percebo. Ex.: alguém que é muito chato e não percebe que suas atitudes incomodam, até que
alguém o diga.
- O eu desconhecido nem a pessoa sabe, nem o outro sabe, somente Deus
perscruta o íntimo desconhecido de alguém e lá Deus executa a cura, sem que
nunca a pessoa saiba.
2 – CHAMADO A SER PESSOA E SENHOR DA PRÓPRIA VIDA
Na Bíblia: Gn 1,26-31
1º Deus chama à existência todos os homens, animais e coisas.
2º Deus escolhe, convida e chama o seu povo.
O sim ao chamamento de Deus é livre e é este o marco da História humana.
Sempre há um “antes” e um “depois”, do sim ou do não. Deus entra na História
pessoal do homem e faz a diferença e deixa o seu marco.
Valorizar, Conhecer, Promover e Cultivar a Vida.
É obrigação do homem, pois é ele o responsável pelo planeta que Deus lhe
deu. Ser promotor da vida e ser portador da eterna vida que é Deus.
Que nada nem ninguém impeçam o progresso de sua vida pessoal e de seu
crescimento espiritual.
Jesus é o caminho, a verdade e a vida.
Relacionamento Interpessoal (Família, Amigos...)
O homem não se realiza sozinho, pois, o homem é um ser essencialmente
social.
Nesse esforço conjunto, chamado de “sociedade”, é importante o trabalho
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exercido pelo homem, para colocar a natureza a serviço dos homens.
“Nenhum homem é uma ilha”.
Deus é comunidade, comunidade Trinitária.
Jesus viveu em comunidade, na infância com Maria, José e seus pastores próximos. Participava ativamente da comunidade judaica. E depois na vida adulta, em
sua vida pública, junto de seus discípulos e das multidões.
Foi morto ao lado de dois ladrões e ao ressuscitar voltou ao seio da Trindade
e permanecerá em meio a nós até o fim dos tempos.
Valores (Honestidade, Verdade, Justiça...)
Só nos voltamos e nos esforçamos para adquirir valores quando percebemos
o verdadeiro sentido de estarmos vivos e assim podermos redecidir sobre nossas
escolhas. Assim quando fazemos um encontro pessoal com Deus em nossa caminhada de jovens, vamos deixando que os “fantasmas”, do medo, da insegurança, da
dúvida, da rebeldia, que nos assustam se diluam com ilusões que alimentamos.
Somente a verdade e o amor são valores consistentes. Este processo ocorre se
deixarmos, com liberdade, que Deus trabalhe em nós, que Ele nos modelo e nos
forme.
Então nossos olhos se abriram para as necessidades do outro, pois saímos do
“Berço”, deixamos o nosso egoísmo infantil, e nos atiramos na caminhada em busca da maturidade, da santidade. Aquilo que para nós era impossível de enxergar
se torna claro. O outro precisa de mim e eu preciso do outro. A justiça e o amor
serão o único caminho para a fraternidade e a felicidade que seu coração procura.
O encontro com Deus, o encontro com o outro e o encontro consigo mesmo
se torna o anseio do seu coração. Assim você poderá responder à pergunta chave
deste encontro: “Quem sou eu?”.
3 – ADORAÇÃO
* Maria, a primeira vocacionada do Pai, modelo de Igreja.
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3° ENCONTRO
VIDA DE ORAÇÃO
* Dinâmica introdutória ao tema
* Oração com símbolos (profetas, personalidades...)
*Cânticos
1 - O QUE É ORAÇÃO? POR QUÊ? COMO?
A oração é um Dom de Deus, mantém nossa união com Ele.
A oração é a elevação da alma a Deus ou a pedido de Deus dos bens convenientes (S. João Damasceno). De onde falamos quando rezamos? Das profundezas da nossa vontade própria, do nosso orgulho, ou das profundezas de um
coração humilde e contrito? Quem se humilha será exaltado.
2 - O ESPÍRITO SANTO – MESTRE INTERIOR
O sopro da vida divina, o Espírito Santo, exprime-se e faz-se ouvir, da forma
mais simples e comum, na oração. É belo e salutar pensar que onde quer que no
mundo se reze, aí está presente o Espírito Santo sopro vital da oração. É belo e
salutar reconhecer que, se a oração se encontra difundida por todo o universo,
igualmente difundida é a presença e a ação do Espírito Santo, que “insufla” a oração no coração do homem. A oração é a revelação do abismo que é o coração do
homem, apesar das proibições e das perseguições, e mesmo malgrado as proclamações oficiais. A oração leva o homem à profundidade que somente Deus pode
preencher, precisamente pelo Espírito Santo!
“Espírito Santo, vem em auxílio da minha fraqueza, pois eu não sei orar como
deve ser. Mas vem orar em mim com gemidos inefáveis, e tu ó Pai que perscruta
os corações, tu sabes que é o Espírito que ora em nós, e que essa oração corresponde aos teus desígnios. Amém!” (Jean La France).
“Para mim a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado
ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da
alegria” (Santa Teresinha do Menino Jesus).
3 - PREDISPOSIÇÕES PARA REZAR
No sermão da montanha Jesus insiste na conversão do coração: a reconciliação com o irmão antes de apresentar uma oferenda no altar, o amor aos inimigos
e a oração pelos perseguidos, orar ao Pai em segredo, não multiplicar as palavras, perdoar do fundo do coração e a busca do Resino.
20
A primeira e principal disposição para orar é a humildade para que o homem
possa receber gratuitamente o Dom da oração; o homem é um mendigo de Deus.
4 - JESUS ENSINA O PAI NOSSO
“Estando num certo lugar, orando, ao terminar, um de seus discípulos pediulhe: ‘Senhor, ensinanos a orar, como João ensinou seus discípulos’” (Lc 11,1). É
em resposta a este pedido que o Senhor confia a seus discípulos e à sua Igreja a
oração cristã fundamental. S. Lucas traz uma narração que contém 5 pedidos; S.
Mateus traz uma que contém 7 pedidos; a tradição litúrgica da Igreja conservou o
texto de S. Mateus.
Esta oração também é chamada de Oração Dominical ou Oração do Senhor.
Obs.: caro palestrante, você encontrará uma fonte riquíssima sobre este assunto no Catecismo da Igreja Católica.
5 - A VIDA DE ORAÇÃO DE JESUS
“Eu e o Pai somos um”, disse Jesus aos judeus no Pórtico de Salomão (Jo
10.30). Apesar da completa intimidade com o Pai, Jesus era um homem de oração? A resposta, a mais explícita possível, é da lavra daquele que escreveu a
Epístola aos Hebreus: “Durante a sua vida aqui na terra, Cristo, em alta voz e com
lágrimas, fez orações e súplicas a Deus, que o podia salvar da morte. E as suas
orações foram atendidas porque ele era dedicado a Deus” (Hb 5.7).
Só no último dia de vida (a sexta-feira começava na noite de quinta-feira),
Jesus orou três vezes: no Cenáculo, no Getsêmani e no Calvário. Na sala ampla
e mobiliada, ele orou pelos discípulos e por aqueles que creriam nele (Jo 17.20).
No Getsêmani, Jesus orou por ele mesmo: “Meu Pai, se for possível, afasta de
mim este cálice” (Mt 26.39). Na cruz, das sete palavras ali proferidas, três foram
orações: a primeira, em favor daqueles que o crucificavam (“Pai, perdoa-lhes”); as
outras duas em favor dele mesmas (“Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” e “Pai, nas tuas mãos entrego meu Espírito!”).
Além das orações feitas na cruz, o Evangelho de Lucas menciona a vida de
oração de Jesus em cinco passagens:
(5,16) Mas Jesus retirava-se para lugares solitários e orava.
(6,12) Num daqueles dias, Jesus saiu para o monte a fim de orar, e passou a
noite orando a Deus.
(9,18) Certa vez Jesus estava orando em particular, e com ele estavam os
seus discípulos.
(9,28) Aproximadamente oito dias depois de dizer essas coisas, Jesus tomou
21
consigo a Pedro, João e Tiago e subiu a um monte para orar.
(11,1) Certo dia Jesus estava orando em um determinado lugar.
A esta lista, deve-se acrescentar a passagem de Marcos 1.35: “De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa e foi para um
lugar deserto, onde ficou orando”.
Não se diz que Jesus orava naqueles horários rígidos de oração, pela manhã,
ao meio-dia e à tarde (Sl 55.17; Dn 6.10). Ele orava mais durante a noite do que
durante o dia, mais nas montanhas do que em outro lugar. Uma coisa é certa: as
orações do Senhor não eram rotineiras e cheias de vãs repetições.
Influenciado pela vida de oração de Jesus, um dos discípulos lhe disse: “Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou os discípulos dele” (Lc 11.1). Foi
nessa ocasião que Jesus ofereceu o modelo universal da oração dominical e discorreu sobre a perseverança na oração e sobre a boa vontade de Deus em nos
ouvir e responder (Lc 11.2-13).
Há uma relação das orações de Jesus com os acontecimentos anteriores ou
posteriores que o envolviam, como se pode ver nos textos que as seguem ou antecedem.
6 – DESCOBRIR O VALOR DA ORAÇÃO E A NECESSIDADE DE ORAR
Material: Folhas de papel e lápis para cada participante; Bíblias.
Objetivo: Descobrir o valor da oração e a necessidade de orar.
Divida a turma em grupos. Distribua as leituras e perguntas por grupos diferentes. Dê um tempo para cada grupo ler, conversar sobre cada parte e responder
de preferência escrevendo um texto. Depois junte todos, ouça as respostas e faça
comentários.
Como e por que devemos orar? Mateus 6, 5 -13.
Como e por que devemos orar? Marcos 11, 22 – 25.
Como é a pessoa que costuma orar? Romanos 12, 10 – 21.
Para que serve a oração e a Palavra de Deus? Efésios 6, 10 – 20.
Respostas para ajudar na reflexão:
1 - Ao orar a pessoa assume a existência de um Deus amoroso que está
atento para sua realidade e é Onipresente. A constância desta ação, inculca na
mente Sua presença, levando a pessoa a sentir-se acompanhada. Na oração
descobrimos nossa dependência do Criador, e a necessidade de Sua orientação,
proteção, conforto. A prática da oração impulsiona a pessoa à disciplina da de22
pendência; o que redundará em conhecimento, obediência, e bênçãos. A oração
também possui uma função terapêutica, pois, leva a pessoa a abrir-se; a colocar
para fora aquilo que incomoda que amedronta; e que, se guardado, poderia facilmente redundar em distúrbios emocionais, ou mesmo depressão. Ao se colocar
diante do Deus Amor; criador e sustentador do universo, inclusive de sua própria
vida, a pessoa liberta-se da ansiedade de seu próprio controle.
Leia e medite com todos Filipenses 4, 4 – 9.
A oração é importantíssima porque a partir dela o Espírito do Senhor trabalha
em nosso ser, guiando e confortando-nos para uma vida melhor.
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4° ENCONTRO
VOCAÇÕES NA BÍBLIA
INTRODUÇÃO
* Dinâmica introdutória ao tema
* Oração com símbolos (profetas, personalidades...)
*Cânticos
1 - TEXTO BÍBLICO SOBRE AS VOMateus
CAÇÕES
9, 36-38 - Operários para a ceifa.
1.1 – Antigo Testamento
20, 1-16 - Trabalhadores da vinha.
Gênesis 1,26; 2,7 - Vocação de Adão.
21, 28-32 - Parábola dos filhos.
Gênesis 9, 8.11 - Vocação de Noé.
22,1-14 - Parábola dos convidados.
Gênesis 12, 1-4 - Vocação de Abraão.
Marcos
Êxodo 3, 5-15 - Vocação de Moisés.
1, 14-20 - O chamado dos primeiros
Êxodo 19, 5-6 - Vocação do Povo de discípulos.
Deus.
10, 17-27 - O jovem rico.
1 Samuel 3,13-19 - Vocação de Samuel.
10, 28-30 - Há que deixar tudo.
Lucas
1 Samuel 16, 1-13 - Vocação de Davi.
1,26-38 - Vocação de Maria - A AnunJudite, 8, 30; 9,17 - Vocação de Ju- ciação.
dite.
1,76-79 - Vocação de João Batista Ester 4,12-16 - Vocação de Ester.
Irás adiante preparar o caminho.
Isaías 6, 1-8 - Vocação de Isaías.
5, 1-11 - A pesca milagrosa.
Isaías 46, 1-5.
6, 13 - Vocação dos discípulos.
Jeremias 1, 4-9 - Vocação de Jeremias.
7, 22-23 - Vocação de Cristo.
9,57-62 - As condições para seguir
Jesus.
1 Reis 19,19 - Vocação de Elias.
Amós 7,14 - Vocação de Amós.
10, 1-38 - Missão, alegria, serviço.
Ezequiel 3,4 - Vocação de Ezequiel.
14, 25-33 - Renunciar tudo.
Daniel 2,19 - Vocação de Daniel.
João
Provérbios 16,9 - Vocações ocultas.
1, 35-51- Vocação dos primeiros discípulos.
6, 68 - A quem iremos?
1.2 – Novo Testamento
24
15, 9-17 - Fui eu que vos escolhi a
vós.
Atos
9, 3-6; 22, 6-11; 26, 13-18 - Vocação
de Paulo.
20, 17-18.23 - Vai... e diz-lhes...
21, 15-19 - Tu, segue-me.
Gálatas
1, 12-16 - Paulo chamado e enviado.
4,13-15 - Chamados à liberdade e a libertar.
1 Coríntios
1, 1-3 - Chamados pelo Senhor.
1, 27 - Escolheu os fracos...
12, 7-12 - Diversidade de talentos.
2 Coríntios
5, 17-21 - Ministros da Palavra.
2 Timóteo
1, 12.21-8 - Viver na confiança, como soldado de Cristo.
- Diante dos textos reflita:
Como se realiza o chamado de Deus em nossa vida?
Quais as condições para seguir Jesus?
(caminhonovo.org/subsidios/textos_biblicos_vocacao.htm)
02 - OBEDIÊNCIA E GRATIDÃO
Paulo perseguia até a morte todo aquele que professasse ser cristão ou pregasse a doutrina de Cristo. Deus intervém em sua vida. Paulo converte-se e torna-se
cristão quando ia para Damasco. Ouve uma voz: “Saulo, por que me persegues?”
De perseguidor torna-se pregador.
Em todas essas histórias de vocação podemos perceber que é Deus quem
chama alguma pessoa concreta (Moisés, Jeremias, Maria...), a partir de uma necessidade do povo, para essa pessoa realizar a missão de ajudar o povo a satisfazer essa necessidade concreta (respectivamente, libertar o povo do domínio
egípcio, denunciar as injustiças, ser Mãe do Salvador Prometido...)
Portanto, segundo a Bíblia, duas são as atitudes fundamentais do vocacionado
diante do chamado de Deus: obediência e gratidão. Obediência para seguir com
prontidão e boa vontade o chamado de Deus. Gratidão por reconhecer que
a iniciativa da vocação é sempre de Deus, que nos chama porque nos ama.
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Falar da vocação na Bíblia exige uma análise acurada da vida das pessoas
que fizeram história em Israel. Falar de vocação é falar da experiência de Deus
que eles e elas fizeram. Cada um, a seu modo, soube experimentar Deus e seus
mistérios. Viver a vocação é passar a vida inteira procurando explicar o inexplicável em nossas vidas. A vida é igual para a grande maioria dos mortais: nascemos, crescemos, realizamos ou não em uma profissão, geramos ou não filhos, e
morremos. A diferença, no entanto, para muitos, reside na experiência de fé em
Deus, o Sagrado, o Eterno, Alá. Vários nomes, mas um único Mistério. Judeus,
cristãos, mulçumanos, hinduístas, indígenas, etc., procuram demonstrar a presença de Deus e seu mistério. Para nós, cristãos, Jesus Cristo, segundo nossa
fé, Deus encarnado no meio de nós, faz o diferencial. Mas Jesus tem sua origem
no judaísmo. Ele foi judeu. Filho de mãe judia, o seu nascimento é envolto em um
polêmico mistério de fé.
Compreender a nossa vocação significa mergulhar na vida de Jesus, no judaísmo e na Bíblia. Como a Bíblia registrou o chamado de Deus a pessoas e comunidades? Como as pessoas, comunidades e instituições responderam a este chamado? Como Jesus anunciou a sua vocação? Como a Bíblia registrou, de modo
oficial, a história de ilustres personagens da história de Israel? Como a Bíblia
registrou a vocação de personagens menos importantes e até subalternos? Estas
e outras perguntas serão a gasolina que impulsionará as páginas seguintes. Vamos tomar como ponto de partida a história de Israel, contada na Bíblia. Vamos
analisar pessoas, etapas e fatos desta história, que recebeu a cunha de “História
da Salvação”. A análise dará primazia para os elementos essenciais da vocação
aí vivenciadas. Assim, encontraremos os elementos essenciais da vocação de
nossos pais e mães na fé. Assim, estaremos falando de nós mesmos e de nossa
vocação.
2.1 - Abraão e Sara: chamados para formar um povo
Os textos que falam da vocação de Abraão são: Gn 12,1-9; Sb 10,5; At 7, 2-3 e
Hb 11, 8. Abraão, ainda chamado de Abrão, é chamado por Deus, quando ainda
estava em Ur, na Caldeia, para iniciar uma peregrinação. Naquele então, levas de
forasteiros deixam suas terras em buscas de uma vida melhor no Egito. Abraão e
sua família eram um deles. Na caminhada ocorre o chamado. Abraão deixa a sua
terra e se estabelece em Canaã, antes mesmo de chegar no Egito. Ele e Sara
crêem na promessa de uma terra farta, descendência numerosa e eternidade da
bênção divina. Em Abraão todos os povos da terra serão benditos (Gn 12, 19). O
livro da Sabedoria conservou a memória da trajetória vocacional de Abraão como
homem justo, forte e pleno de Sabedoria. A carta aos Hebreus destaca a fé de
Abraão e Sara na promessa. Eles foram obedientes ao chamado. Os elementos
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da vocação de Abraão e Sara são: fé na promessa divina, sabedoria na vivencia
do chamado, certeza que Deus o chamou e caminha com ele.
2.2 - Sara, Agar e Rebeca: sacerdotisas e visionárias
As matriarcas Sara, Agar e Rebeca se destacam na história do povo da Bíblia.
Elas exerceram, em um mundo patriarcal, o chamado, a vocação de modo provocador. Elas controlaram seus corpos, vivendo como educadoras, sacerdotisas
e visionárias. Os patriarcas procuraram manter o controle sobre elas, mas, ao
contrário, elas reagiram e se mostraram capazes de brigar pelos seus interesses,
como fez Agar ou até mesmo tramar com o marido a escolha de um filho em detrimento do outro, como no caso de Rebeca. A vocação de Sara e Agar se parecem.
Estas duas mulheres têm experiências parecidas. Ambas vivem em terra estrangeira. Sara é da Mesopotâmia e Agar, do Egito. Sara e Agar têm o mesmo marido,
um único filho e são escolhidas por Deus para se tornarem mãe de um povo.
2.3 – José do Egito.
Os textos que falam da vocação e vida de José são: Gn 37-50. Filho predileto de
Jacó, José era não muito querido pelos seus irmãos. Ele foi vendido aos mercadores madianitas. Ele acabou indo morar no Egito, aonde, de prisioneiro, chegou
a ser general do Faraó. A história de José e conservada na Bíblia tem como um
dos objetivos justificar a importância da monarquia em Israel. José é escolhido,
chamado por Deus, para manter o seu povo vivo em tempos de penúria. Os elementos essenciais da vocação de José são: predileção, sabedoria para governar,
decifrar sonhos, interpretar os acontecimentos da vida.
2.4 – Moisés: a vocação de um libertador
A trajetória da vocação de Moisés aparece em Ex 3, 1-15; 4, 1-17; 6, 2-13: 6, 2830; 7,1-7. Deus chama Moisés numa chama de fogo, do meio de uma sarça que
ardia, mas não se consumia. Deus o chama pelo nome: “Moisés, Moisés”. E ele
responde prontamente: “Eis me aqui.” Deus se apresenta e convoca Moisés para
voltar ao Egito e libertar o seu povo. Moisés tinha consciência da questão. De lá,
ele havia fugido. Esta narrativa que mostrar o caminho vocacional de Moisés: ele
tem consciência da situação, sabe que Deus o chama, mas tem medo. Ele apela
para vários argumentos, dentre eles, o não saber falar, isto é, não a tarimba de
profeta. Isto não é verdade, mas Deus aceita e coloca o irmão pra ajuda-lo. Na
verdade, nisto está a justificativa da necessidade do sacerdócio, representado na
pessoa de Aarão, para a realização da vocação de Moisés. Moisés recebe o poder de falar com o Faraó, na pessoa de seu irmão Aarão. Moisés já tinha 80 anos,
quando foi chamado, isto quer dizer que ele era sábio. Os elementos essenciais
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da vocação de Moisés são: tomada de consciência da realidade, medo, rejeição
do chamado, autoridade divina para denunciar a injustiça, intermediador entre
Deus e o seu povo, libertador do seu povo, certeza que Deus Libertador caminha
com ele.
2.5 – Aarão: vocação de intérprete e sacerdote
Ex 29 e Eclo 45, 6-26 contam como Deus escolheu Aarão para ser o seu sacerdote. Aarão e seus filhos são ungidos para este ministério. Aarão fora também
escolhido para falar em nome, ser o intérprete de Moisés. Os elementos essenciais da vocação de Aarão são: escolha e unção sacerdotal intérprete da palavra
de seu irmão Moisés.
2.6 – Josué: chamado para continuar a missão de Moisés
Os textos que falam da vocação de Josué são: Dt 31, 1-8; Js 1,1-9. Quando
Moisés morre, ele passa a sua missão para Josué. Deus promete que estará
sempre com ele e o pede para ser forte e corajoso, seguir a Lei e conduzir o povo
até a Terra da Promessa. Interessante é que o antes medroso Moisés agora, no
fim da carreira, pede a Josué para não ter medo. Os elementos essenciais da
vocação de Josué são: continuar da vocação de Moisés, coragem para lutar e
vencer os inimigos, conduzir o povo, manter a identidade do povo a Lei de Deus,
certeza que Deus caminha com ele.
2.7 – Samuel: mediador entre Deus e o povo
Os textos que falam da vocação de Samuel são: 1Sm 3,1-21-4,1. Samuel, ainda menino servido a Deus no templo, ouve de Deus o chamado. A corrupção andava solta em Israel. Os filhos do sacerdote Elí não agradavam a Deus com as
suas ações injustas. O chamado de Samuel foi para denunciar esta situação a Eli
e a todo o povo. Samuel e tornou-se juiz, profeta, sacerdote e chefe de exercito.
Samuel foi comparado a Moisés (Jr 15,1). Os elementos essenciais da vocação
de Samuel são: não compreensão do chamado, escolha de Deus para a missão
especifica de denunciar e reconduzir o povo para Deus, fazer a passagem do tribalismo para a monarquia, ser abençoado por Deus, ser mediador entre Deus e
o povo.
2.8 – Saul: escolhido e consagrado
Os textos que falam de Saul são: 1Sm 9,1.27- 10,8; 16,1. A instalação da monarquia em Israel começa com Saul, benjaminita poderoso, jovem e bonito. Saul
é escolhido por Deus e consagrado por Samuel. Os elementos essenciais da
vocação de Saul são: escolha divina, consagração, ação política de julgamento e
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condução do povo, rejeição divina.
2.9 – Davi: vocação vivida no erro e na santidade
A vocação de Davi é descrita em 1Sm 16, 1-23. A memória do povo conservou
a imagem de Davi como homem justo, piedoso e pecador. A sua escolha foi feita
por Deus, quando ainda era menino. Saul não cumpriu bem a sua vocação. Samuel recebe o encargo divino de ir até a casa de Davi e ungi-lo como futuro rei e
escolhido de Deus. A primeira proeza de Davi foi a de vencer o inimigo gingante
Golias. Com maestria Davi, mesmo sendo rejeitado por Saul, torna-se amigo da
família real, conquista o poder com calma e habilidade política. Governa com justiça e inicia a dinastia Davídica, da qual nasceria o Messias. Os elementos essenciais da vocação de Davi são: escolha divina, unção, diálogo com Deus e o povo.
2.10 – Elias: o profeta do povo
O primeiro livro dos Reis 18 e 19 narram a vocação de Elias. Profeta que deixa a corte para viver com povo, Elias recebe a missão de Deus de denunciar as
injustiças do rei Acab e constituir Jeú como novo rei de Israel. Os elementos essenciais da vocação de Elias são: fala em nome de Deus, denuncia as injustiças,
ação política em defesa dos pobres.
2.11 – Eliseu: chamado para continuar a missão de Elias
Para continuar a missão de Elias, 1Rs 19, 16.19-21 conta que Elias o ungiu
como seu sucessor. Elias o chama, mas Eliseu retruca pedindo para ir despedirse de seu pai e de sua mãe. Em 2 Rs 2 narra a arrebatação de Elias ao céu e
confirmação da missão de Eliseu, através do manto de Elias. Os elementos essenciais da vocação de Eliseu são: escolha, unção, pedido para despedir-se dos
pais e confirmação da missão.
2.12- Isaías: vocação para denunciar e anunciar
Is 6, 1-10 narra a vocação do Isaías. Ela ocorre por meio de uma visão de Deus
sentado no trono, com vestes que cobria o santuário e rodeado de serafins, os
quais proclamam a grandeza de Deus. Isaías toma consciência de sua limitação,
de sua condição de pecador. Um dos anjos vem com uma brasa e lhe toca a boca,
purificando-o e perdoando os seus pecados. Nisto está a escolha. Isaías aceita o
chamado e recebe a missão de ser profeta, de denunciar o pecado do povo. Os
elementos essenciais da vocação de Isaías são: visão, consagração através da
boca com o toque da brasa purificadora, aceitação da missão.
2.13 – Jeremias: vocação marcada pelo medo
29
A vocação de Jeremias é descrita em um texto de bela construção literária em
Jr 1,4 - 10. Deus se revela a Jeremias e lhe dá missão, tacando a sua boca, colocando as suas palavras na boca de Jeremias. Jeremias retruca dizendo que
não sabe falar. A missão de Jeremias é a de destruir, arrancar e plantar a justiça
divina. Jeremias teve medo de assumir o seu chamado. Ele dizia o que o povo
não queria ouvir. O exílio da Babilônia é culpa vossa e não de vossos pais, dizia.
Assumam os seus erros e mudem de vida. Os elementos essenciais da vocação
de Jeremias são: escolha desde o ventre materno, consagração, rejeição e medo
da missão, confirmação da missão com o toque da mão de Deus na boca de Jeremias.
Jeremias é o profeta medroso. O seu nascimento foi cercado de alegria na casa
paterna (Jr 20,15). Jeremias, no entanto, quando já crescido amaldiçoa o dia do
seu nascimento: “Maldito o dia em que nasci” (Jr 20,14). Ele demonstra claramente que não queria ter nascido. A sua mãe levou a culpa: “Minha mãe teria sido minha sepultura” (Jr 20,17). “Mãe, minha desgraça é a vida que a senhora me deu”
(Jr 15,10).
O não querer assumir a vocação fez de Jeremias um homem de medo. Jeremias sabia que não era fácil viver como profeta. Deus o havia constituído para
“destruir, demolir e plantar” (Jr 1,10). “Ah! Senhor Deus, eis que eu não sei falar,
porque ainda sou uma criança!” (Jr 1,6). Neste processo vocacional, Deus insiste
com seu escolhido: “Não tenhas medo deles, para que eu não te faça ter medo
deles” (Jr 1, 17).
Jeremias viveu na roça. Não se casou. Conhecedor do sofrimento de seu povo,
Jeremias sabia que algo deveria ser feito, mas ele tinha medo. No ano 627 antes
da Era Comum, no décimo terceiro ano do governo de Josias, Jeremias sente o
chamado de Deus. O livro que leva o seu nome descreve os elementos essenciais desta vocação nos seguintes pontos:
- Deus quando chama alguém é porque este já é íntimo seu. “Antes mesmo de
te formar no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei” (Jr 1,1-5). Com estas palavras, Jeremias narra a sua experiência de Deus,
remetida às entranhas de seu nascimento.
- A missão mesma, a sua realização, confirma o chamado. Jeremias tem consciência que ele é um consagrado. “Eu te consagrei” (Jr 1,5b). Ele tem consciência
que esta é a sua missão. Ele na sabe fazer outra coisa que ser profeta.
- O medo e outras limitações humanas são inerentes à vocação. Jeremias, de
tanto medo diante do chamado, diz que não sabe falar. “Eu sou criança” (Jr 1,6).
Jeremias sabe que ele não pode ser outra pessoa. Ele é Jeremias, e basta.
- O profeta é porta-voz de Deus (Jr 1,7). Jeremias terá que falar em nome de
30
Deus em sintonia com o povo a quem ele foi enviado por Deus. Deus estará com
ele sempre.
- O profeta é abençoado por Deus. As palavras de Deus são colocadas em sua
boca, para que ele fale em nome de Deus (Jr 1,10).
- O profeta é seduzido por Deus. “Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei
seduzir” (Jr 20,7). Estas palavras proferidas por Jeremias demonstram como ele
compreendeu o mistério da vocação em sua vida. Deus mudou a vida de Jeremias.
2.14 – Jonas: medo de anunciar
Este é um personagem bíblico de grande valor para todos nós. A sua ação profética e o simbolismo que moldura a sua história, com certeza, iluminam o nosso
caminhar para Deus. Jonas somos todos nós, quando cultivamos medos que nos
impedem de ir a frente aos caminhos da vida. Medo de sair proclamando a Palavra
que liberta medo de mergulhar no sagrado, medo de assumir responsabilidades
que a vida nos impõe. Jonas nos convoca a mergulha nos mais profundo de nós
mesmos, a fazer uma viagem interior ao túnel do tempo, para superar traumas e
recobrar forças para o presente. O tema do nosso retiro é: “Jonas: Levanta-te e
desperta-te do teu medo”!
O livro de Jonas4 apresenta a história do todo ser humano que vive o medo.
Jonas, em hebraico, Yoná, significa pomba de asas aparadas. No imaginário coletivo, Jonas é aquele que esteve dentro da “baleia”.
Deitado, ele não quer se levantar para pôr-se a caminho em direção a Nínive,
a cidade do inimigo povo Assírio, o qual destruiu Israel. Jonas não acredita que
Deus o chama para anunciar a boa nova ao opressor. Ele não crê que o opressor
possa se salvar. Deus o chama para profetizar e ele foge da tarefa. Ele prefere ir
para a colônia de férias, Tarsis. No barco para Tarsis, a tempestade, o capitão e os
marinheiros representam a presença de Deus que continua desafiar Jonas. Para
salvar a todos, Jonas é jogado ao mar. Ele cai justamente no interior de um peixe
grande. Nesse momento, Jonas toma consciência de seus atos, ele mergulha no
silêncio de si mesmo, enfrenta o mostro do mar, lugar do perigo, que mora dentro
dele mesmo.
Todos nós, em nossas vidas, desde o nascer ao morrer, passamos por experiências de medo e desejo. A vontade, o desejo de nascer nos impulsiona para
fora do ventre da mãe. É preciso se libertar. Nessa libertação perdurará sempre o
medo de morrer.
A criança tem desejo da presença da mãe e medo da sua ausência. Muitos
não chegam a superar essa fase e carregam sempre dentro de si as amarras do
31
cordão umbilical. Muitas mães não querem que seus filhos se tornem adultos. A
criança ainda pequena tem desejo de seu próprio corpo, mas tem medo de se
decompor. As suas próprias fezes a assusta. Já adulto, passamos pela experiência do desejo de união do sexo oposto, misturado com o medo impotência, da
castração. Quem não supera essa fase será sempre desintegrado nas relações
afetivas.
Na adolescência, o ser humano vive o drama de corresponder ou não à imagem
que os pais têm ou gostaria que ele fosse. O distanciar-se dos pais é normal. Uma
nova identidade precisa ser forjada. Muitos não superam essa fase e permanecem eternamente no desejo dos pais. Quem passe dessa fase ainda vive o dilema
do desejo de autonomia e medo de autonomia. A liberdade custa caro. Ela exige
responsabilidade. A vida continua, e aí vem do desejo da unidade com Deus e
o medo de perder a representação de Deus. Deus, muitas vezes é projeção de
nossas frustrações e desejos. Não queremos que Deus seja aquilo projetamos.
Vencer o complexo de Jonas é superar as imagens falsas e frustrações.
Experimentar Deus, tendo como inspiração Jonas, significa colocar todo o nosso corpo em oração e descobrir com ele as nossas alegrias e frustrações.Todos
estão convidados entrar no ventre da “baleia” com Jonas, tomar consciência dos
medos e frustrações, e rezar com e a partir deles. Vamos ao desafio: rezar com o
corpo. Faremos percurso de Jonas: fugir, deixar-se ser lançado no fundo do mar,
entrar no ventre da baleia e colocar-se a caminho de Nínive.
2.15 – Gedeão: medo
O livro de Juízes 6,11-24.36-40 conta vocação de Gedeão, juiz em Israel, que
recebeu a missão de libertar seu povo das mãos de Madian. Gedeão argumenta que o seu clã é mais pobre em Manasses e ele é mais novo da casa de seu
pai. Deus lhe garante que o acompanhará no exercício da missão e ele aceita o
desafio. Com coragem, Gedeão defende o seu povo, luta contra a idolatria. Os
elementos essenciais da vocação de Gedeão são: chamado de Deus para uma
missão específica, incapacidade de assumir a missão, Deus garante que o acompanhará, aceitação da missão.
2.16 - João Batista: vocação de anunciar a chegada do Messias
A comunidade de Lucas conservou em Lc 1,5-22.57-80 a história da vocação
de João Batista. Deus escolhe o idoso e piedoso casal Isabel e Zacarias para
gerar aquele que seria o percussor do Messias. E Isabel ainda era estéril. Deus
traça a missão de João Batista: ser consagrado ao Reino, ser pleno do Espírito
Santo, converter os filhos de Israel, preparar a vinda do Messias, vida austera no
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deserto. Os elementos essenciais da vocação de João Batista são: consagração
e escolha desde o seio materno, vida austera de anuncio do messias e pregação
da justiça.
2.17 – Maria: vocação para ser a mãe de Deus
É também a comunidade lucana, em Lc 1,26-38, que conserva o chamado desta mulher de vida exemplar em Israel. Um anjo, isto é, Deus mesmo lhe aparece
e lhe anuncia que ela seria a mãe do Salvador de Israel. Maria objeta que ela era
ainda namorada de José. Ela ainda não tinha tido relacionamento sexual com
nenhum homem. Deus lhe garante que a gestação de seu filho seria por obra do
Espírito Santo. Maria, sem muito compreender aquela proposta confia e aceita a
missão. Os elementos essenciais da vocação de Maria são: chamado, anúncio da
missão, rejeição, explicação da missão e aceitação.
2.18 – Jesus: síntese da vocação profética
A esperança, anunciada pelos profetas de outrora, se concretizou no profeta
Jesus, o “ungido do Senhor”, o descendente de Davi, para aqueles que nele acreditaram. É o testemunho que encontramos no Segundo Testamento. Contraditoriamente ao que pensavam os seus compatriotas a respeito do papel do profeta adivinho que denuncia as falhas dos outros - Jesus mostrou que a sua esperança
profética se baseia na conversão do outro, por mais pecador que ele seja. Vários
fatos da sua vida elucidam o que afirmamos.
Basta ver, por exemplo, o caso da mulher de má reputação que entra na casa
do fariseu, onde Jesus estava comendo (Lc 7, 36-50). Do mesmo modo, o clássico texto de Lc 4,16-30 (Jesus na sinagoga de Nazaré) revela o programa profético
de Jesus5. Jesus entra na Sinagoga e lê o texto Is 61, 61,1-2 e se declara como
“evangelizador dos pobres”, apresentando a sua plataforma de missão profética
e pastoral.
A ação de Jesus é marcada pelos seguintes pontos:
1) Jesus toma a Palavra de Deus, dada aos Profetas;
2) Faz a Palavra ressoar aos ouvidos da comunidade reunida, isto é, a sinagoga;
3) Atualiza a Palavra, ao dizer: “hoje se cumpriu”;
4) Jesus se assenta, isto é, fala com autoridade.
Os primeiros cristãos entenderam que Jesus era o profeta prometido, aquele
que o Senhor prometeu e que Israel esperava.
Frei Jacir de Freitas Faria, OFM (padrefelix.com.br/b_vocac_bib.htm)
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5° ENCONTRO
QUEM SOMOS NÓS?
* Dinâmica introdutória ao tema
* Oração com símbolos (profetas, personalidades...)
*Cânticos
1 – FILME OU SLIDES
- o país dos poços
- boneca de sal
- outros
1.1 – Partilha do Filme
Ver o Outro como Imagem e Semelhança de Deus
O homem foi criado à imagem e semelhança do Criador.
Em Cristo, Redentor e Salvador, a imagem divina, alterada homem pelo primeiro pecado, foi restaurada em sua beleza original e enobrecida pela graça de Deus.
A imagem divina está presente em cada pessoa. Resplandece na comunhão
das pessoas à semelhança da união das pessoas divinas entre si.
Dotada de alma “espiritual imortal” a pessoa humana é a “única criatura na
Terra que Deus quis por si mesma”. “A pessoa humana participa da luz e da força
do Espírito Divino; pela razão é capaz de compreender a ordem das coisas estabelecidas pelo Criador, por seu Amor da verdade e do bem”.
Em virtude de sua alma, poderes espirituais, inteligência e vontade, o homem
é dotado de liberdade, sinal eminente da imagem de Deus. Ainda pela razão o homem conhece a voz de Deus que o insta a fazer o bem e evitar o mal.
Esta lei que ressoa na consciência e se cumpre no Amor a Deus e ao próximo.
Entender o Mistério do Outro
rio”.
O homem é “ontologicamente mistério. Em última análise, tem raiz no mistéQuem sou? De onde vim? Para que existo?
De fato os jovens têm dificuldades de entender o sentido do mistério que
permeia a vida. Perderam a capacidade de interpretar com profundidade suas próprias relações. A tensão ou inquietação, mais do que nunca presentes, permanece
um estado de ansiedade, deixando a pessoa desconcertada e perplexa em um
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presente incapaz de assumir o passado pessoal e cultural, e de orientar para um
projeto, e na expectativa para um futuro. A vocação é um dar espaço para Deus na
própria vida, a fim de que o próprio mistério pessoal se torne decifrável.
O caminho para entender o mistério do outro na busca do “sentido” e a “descoberta de si”, como profundas da pessoa, amadurecem, se aprofundam no exercício da oração, seja pessoal ou comunitária.
Só assim, o homem é definido na sua capacidade de ser interpelado por Deus
e de responder a este apelo (o da vocação se situa entre a graça, o amor de Deus
que chama e a liberdade do homem, que no amor responde a Deus).
Amar o Próximo
Todos os homens são chamados ao mesmo fim, o próprio Deus. Existe certa
semelhança entre a união das pessoas divinas e a fraternidade que os homens devem estabelecer entre si, na verdade e no amor. O amor ao próximo é inseparável
do Amor a Deus. Cada pessoa humana é um ser social que vive em comunidade,
que se define por seu fim e obedece, por conseguinte, as regras específicas, mas
“a pessoa humana é e deve ser o princípio, sujeito e fim de todas as instituições
sociais”. (Na caridade e no amor).
Sentir-se Igreja
Na linguagem cristã a palavra “Igreja” designa a assembléia litúrgica, mas
também a comunidade local ou universal dos crentes. Na verdade estes três significados são inseparáveis, “a Igreja” é o povo que Deus reúne no mundo inteiro. A
palavra “Igreja” significa “convocação”.
Assembléia daqueles que a palavra de Deus convoca para formarem o Povo
de Deus e que alimentados pelo corpo de Cristo se tornem Corpo de Cristo.
A Igreja é ao mesmo tempo caminho e finalidade do desígnio de Deus. Configurada na Criação, preparada na antiga aliança, fundada pelas palavras e atos de
Jesus Cristo, realizada pela sua cruz redentora e ressurreição, ela é manifestada
como mistério de salvação pela efusão do Espírito Santo. Será consumada na glória do céu como assembléia de todos os resgatados da terra. A Igreja é ao mesmo
tempo visível e espiritual, sociedade hierárquica e Corpo Místico de Cristo. Ela é
formada de um elemento humano e divino, somente a Fé pode acolher este mistério. A Igreja é no mundo presente o sacramento da salvação, o sinal e o instrumento da comunhão de Deus e dos homens.
2 – CHAMADO A SER CRISTÃO
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O Batismo
O santo Batismo é o fundamento de toda vida cristã, o pórtico da vida no Espírito e a porta que abre o acesso aos demais sacramentos. Pelo Batismo somos
libertados do pecado e regenerados como filhos de Deus; tornamo-nos membros
de Cristo e somos incorporados à Igreja e feitos participantes de sua missão.
Ele é denominado Batismo com base no ritual central pelo qual é realizado,
batizar – “Baptizem” – em grego significa “mergulhar, imergir”. O mergulho na
água simboliza o sepultamento do catecúmeno na morte de Cristo, da qual Ele
ressuscita como “nova criatura”. (2Cor 5,17/ Gl 6,15).
O batismo é o mais belo e magnífico Dom de Deus. Chamamos de Dom, Graça,
Unção, Iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, zelo e tudo
que existe de mais precioso. Dom porque é conferido àqueles que nada trazem;
graça porque é dado até aos culpados; batismo porque o pecado é sepultado na
água; unção porque é sagrado e régio (tais são os ungidos); iluminação porque é
luz resplandecente; veste porque é o sinal do Senhorio de Deus.
A Eucaristia
Na última ceia, na noite em que ia ser entregue, nosso Salvador instituiu o
Sacrifício Eucarístico de seu Corpo e Sangue; por ele perpetua pelos séculos até
que volte o sacrifício da cruz, confiado destarte à Igreja, sua dileta esposa, o memorial de sua morte e ressurreição. Sacramento do amor, sinal de unidade, vínculo
da caridade, banquete pascal em que Cristo é recebido como alimento, o espírito
é acumulado de graça e nos é dado o penhor da Glória futura (Cat. Igreja Católica
nº 1323).
“É fonte e ápice de toda a vida cristã”. Os demais sacramentos, assim como
todos os ministérios eclesiásticos e tarefas apostólicas, se ligam à Sagrada Eucaristia e a ela se ordenam, pois a Santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual
da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa páscoa. A comunhão de vida com Deus e
a unidade do povo de Deus, pelas quais a Igreja é ela mesma, a Eucaristia as significa e realiza. “Nela está o clímax, tanto da ação pela qual, em Cristo, Deus Santifica
o mundo, quanto do culto que no Espírito Santo os homens prestam a Cristo, por
Ele ao Pai”.
A Pessoa Humana é Chamada a Amar (Doação)
Amor doação: é gratuito, profundo, produz a comunhão e se traduz em atitudes de proximidade, disponibilidade, serviçalidade.
“O meu é teu, o teu é meu”. Aquele que ama não cansa nem se cansa, não se
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entristece nem entristece, pelo contrário, irradia claridade, vida, energia, compreensão, acolhida. “A pessoa amada se sente confiante, segura e calma”.
O amor cristão é manifestado por Cristo, converte ao nome em alguém capaz
de amar “ao divino, ao cristão” no Espírito. O Espírito de Cristo, no Filho, cria no
coração do crente o “amor filial”; torna – o “Filho no Filho” e o autoriza a chamar a
Deus ABBA (pai). (Rm 5,5; Rm 5,22; Rm 15, 30). A partir desse amor surge o amor
fraterno, de igual, a todo o amador por Deus em Cristo (Gl 4,9; Rm 8,37; Jo 13,34;
1Jo 4,21). No Cristão este amor de Deus derramado no seu coração pelo Espírito
Santo, leva-o a aceitar, incondicionalmente, a todos os homens e a servir aos mais
necessitados (Benevolência, beneficência), como na parábola do Samaritano, com
quem Cristo se identifica (Mt 5,43; Lc 7,47; Ef 4,31-32; 6,31-38; 5,1-14; Jo 13,34-35;
15,10-15). – Maturidade afetiva Pe. Vicente IPV.
Servir a Exemplo de Jesus
O diácono do Pai, o servo por excelência. O amor de Jesus se manifesta na
sua acolhida aos pobres, pecadores, enfermos, estrangeiros, marginalizados (Lc
6,36; Mt 18,33). A expressão máxima é o perdão aos inimigos na cruz (Lc 23,34) e
a entrega da vida por aqueles que Ele amava (Mc 14,24-41; Rm 5,8; 8,35) e pelos
injustos (2Cor 5,18) (Maturidade afetiva Pe. Vicente – IPV).
Todos nós somos chamados por Cristo a termos uma vida centrada na sua
pessoa, isto é, viver à maneira de Jesus. Este chamado faz parte integrante a participação na sua missão salvífica - proclamar o Evangelho e edificar o Reino de Deus.
Neste aspecto compreendemos que vocação é o caminho de todos. E aquele que
chama sempre deseja alguma coisa da pessoa a quem chama. Se quisermos podemos definir o chamado em três pontos: 1- chamado à vida; 2 - chamado à fé;
3 - chamado a um estado de vida fundamental e específico.
Como vemos, o primeiro chamado que recebemos é o chamado a existência.
Ao sermos chamados à vida, nos comprometemos a cumprir uma determinada
vocação, uma missão, para que todos os outros possam viver bem.
Ao sermos chamados à fé, pelo batismo, nos comprometemos a seguir os ensinamentos de Jesus Cristo e a colaborar com os homens na busca da verdade e do
bem comum, vivendo como irmãos. Ao sermos chamados a qualquer outro estado
de vida, quer seja sacerdotal, religioso, matrimonial, etc., assumimos um compromisso específico com a comunidade. Portanto, esse compromisso fundamental
nos leva ajudar a comunidade encontrar a verdadeira felicidade, aquela que vem
de Cristo. Para que isto de fato aconteça, é indispensável que cada um faça desabrochar e fortificar a vocação que está plantada no seu interior.
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6° ENCONTRO
LEITURA ORANTE DA BÍBLIA (LECTIO DIVINA)
*Cânticos
1 - APRESENTAÇÃO
Estão reunidos aqui alguns temas sobre a Leitura Orante da Bíblia. A Leitura
Orante (Lectio Divina) tem que ser o eixo da nossa espiritualidade. Dirigido a todas
as pessoas leigas, leigos, religiosos, religiosas, agentes de pastoral –, o assunto é
bastante amplo.
A Palavra de Deus é como o arroz e feijão de todos os dias. Não há diferença
entre o arroz que se come em nossa casa e na casa do nosso vizinho. É o alimento
de todos para todos os dias. A diferença está somente no tempero! A grande novidade eclesial acontecida nos últimos anos do milênio recém-findo foi o reencontro das comunidades com a Palavra de Deus. É difícil explicar como foi que tudo
aconteceu.
2 - AS VÁRIAS MANEIRAS DE SE OLHAR E LER A BÍBLIA
O que está na Bíblia não está só na Bíblia. Está também na vida de todos os
que procuram viver na fidelidade à Palavra. Abrindo a Bíblia nós não abrimos um
livro estranho, mas sim um livro que fala de nós mesmos, de nossa vida, da nossa
caminhada e da nossa luta. Na Leitura Orante da Bíblia, vamos olhar para o que é
nosso “escrito para nós” (1Cor 10,11). Vamos descobrir, com a ajuda da Bíblia, que
a Palavra de Deus está na nossa vida, na nossa história, na história de nosso povo.
Olhando de longe, a Bíblia parece uma parede imensa, onde cada tijolo contribui a seu modo para fazer aparecer o desenho do projeto de Deus. Apesar de
enorme, feito de muitos tijolos, de muitos textos e livros, o desenho tem uma
grande unidade. De ponta a ponta, transparecem nele os traços de um rosto. É
o rosto do próprio Deus com os traços humanos de Jesus Cristo. É Jesus que, de
maneira discreta, dá unidade a todas as partes da Bíblia. Olhando mais de perto,
nós percebemos o que de longe não aparece. Cada tijolo é diferente do outro no
tamanho, na forma, no peso, no valor, na época e no material de fabricação. Cada
livro da Bíblia é diferente do outro no gênero literário, na língua, no autor ou autora, no assunto, na época e lugar em que foi escrito, no objetivo, no destinatário,
na mensagem.
Do ponto de vista literário, a Bíblia tem uma variedade imensa. E a gente se
admira ao ver como uma variedade tão grande consegue construir uma unidade
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tão forte e tão bonita.
3 - OS CRITÉRIOS DA LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
Não basta a razão para descobrir todo o sentido da Bíblia. Segundo o Documento Dei Verbum do Concílio Vaticano II: “a Sagrada Escritura também deve ser
lida e interpretada naquele mesmo Espírito em que foi escrita” e que “para captar
bem o sentido dos textos sagrados, deve-se atender com não menor diligência ao
conteúdo e à unidade de toda a Escritura, levada em conta a Tradição viva de Igreja
toda e a analogia da fé” (DV 12).
Estes critérios permitem descobrir o sentido pleno da Bíblia, impedir que o seu
sentido seja manipulado e evitar que o texto seja isolado do seu contexto de origem que o gerou, da tradição que o transmite e da vida atual da Igreja a que deve
servir. Aqui, vamos dar uma atenção maior a uma parte da “Tradição viva de toda
a Igreja” e veremos o que a prática secular da Leitura Orante da Bíblia nos tem a
dizer. Além disso, um subsídio – Visão Global da Bíblia – nos ajudará a perceber a
importância “do conteúdo e da unidade de toda a Escritura”.
Nos subsídios apresentados, abordaremos mais de perto os outros critérios
recomendados pelo documento Dei Verbum. A Leitura Orante da Bíblia é o coração
da vida religiosa do cristão. Existe uma leitura da Bíblia que começa a ser feita pelas
nossas Comunidades. Algumas características dessa leitura:
1. Levar, para dentro da Bíblia, os problemas da nossa vida. Ler a Bíblia a partir
da nossa luta e da nossa realidade;
2. A leitura é feita em Comunidade. É, antes de tudo, uma atividade comunitária, uma prática orante, um ato de fé;
3. Uma leitura obediente, respeitando o texto e se colocando à escuta do que
Deus tem a dizer, dispostos a mudar se Ele o exigir.
Esta prática tão simples é profundamente fiel à prática da mais antiga Tradição
da Igreja. Por isso mesmo, através dela, o Espírito de Deus chama nossa atenção
para alguns elementos importantes e indispensáveis da leitura cristã da Bíblia, que
nós tínhamos esquecido ou negligenciado: partir da realidade de hoje e criar um
ambiente comunitário e orante de fé.
Os três critérios — REALIDADE, COMUNIDADE, TEXTO — são três ângulos
específicos, cada um com características próprias. Ao se fazer a leitura, esses três
critérios se articulam entre si em vista do mesmo objetivo: escutar Deus hoje. Esses
três critérios constituem a mística da leitura da Bíblia que estaremos aprendendo
neste curso. Eles dão unidade ao plano todo, unificam os grupos que dele participam ou vierem a participar e nos colocam no coração da Tradição da Igreja, mar39
cada pela prática secular da Leitura Orante da Bíblia.
A Leitura Orante indica a prática de leitura que vamos fazer da Bíblia para
alimentar a nossa fé, a nossa esperança, o nosso amor e o nosso compromisso.
A Leitura Orante da Bíblia, sempre foi a espinha dorsal da Vida Religiosa Cristã,
desde os seus mais remotos inícios, já no tempo do monarquismo. Ela sempre reaparece quando se procura ler a Bíblia com fidelidade. Reapareceu nestes últimos
anos, sem rótulo e sem nome, principalmente aqui na América Latina, no meio das
Comunidades que recomeçaram a ler a Bíblia.
Com a prática da Leitura Orante da Bíblia, aproximamo-nos dessa fonte inesgotável do passado que, no presente, está gerando e irrigando a vida nova das
nossas Comunidades. Depois de umas breves informações históricas e algumas
considerações gerais, vamos analisar de perto os quatro degraus da Leitura Orante: a leitura, a meditação, a oração, a contemplação. São os quatro passos da leitura da Bíblia, tanto individual como comunitária. São, também, e, sobretudo, quatro
atitudes permanentes que devemos ter diante da Palavra de Deus. Vamos ver em
que consistem e como, quando articulados entre si, formam o método da Leitura
Orante da Bíblia.
4 - OS QUATRO DEGRAUS DA LEITURA ORANTE DA BÍBLIA.
Os quatro degraus da Leitura Orante são: leitura, meditação, oração e contemplação.
Nem sempre é fácil distinguir um do outro. Por exemplo, o que alguns autores
afirmam da leitura, outros o atribuem à meditação, e assim por diante. A causa
desta falta de clareza está na própria natureza da Leitura Orante. Trata-se de um
processo dinâmico de leitura, em que as várias etapas nascem uma da outra. É
como a passagem da noite para o dia. Na hora de amanhecer, alguns dizem: “É
noite ainda!” Outros dizem: “O dia já chegou!” Além disso, trata-se de quatro atitudes permanentes. A atitude da leitura, por exemplo, continua também durante
a meditação. As quatro atitudes existem e atuam juntas, durante todo o processo
da Leitura Orante, embora em intensidade diferente conforme o degrau em que a
pessoa ou a comunidade se encontra.
O importante, nesta nossa reflexão, é que apareçam as características principais de cada uma dessas quatro atitudes que, juntas, integram a Leitura Orante.
4.1 - A Leitura: Conhecer, Respeitar e Situar.
A leitura é o primeiro passo para se conhecer e amar a Palavra de Deus. Não
se ama o que não se conhece. É também o primeiro passo do processo da apropriação da Palavra: ler, ler, ler! Ler muito para familiarizar-se com a Bíblia; para que
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ela se torne nossa palavra, capaz de expressar nossa vida e nossa história, pois ela
“foi escrita para nós que tocamos o fim dos tempos” (1Cor 10,11).
Esse processo de reapropriação da Palavra já está em andamento nas Comunidades. A leitura é uma atividade bastante elementar: ler, pronunciar bem as
palavras, se possível em voz alta. Este primeiro passo é muito importante e muito
exigente. Não pode ser feito de maneira superficial.
Para muitos, a Bíblia é o meio principal de alfabetização e funciona como gramática. Pela leitura frequentamos a Bíblia como se frequenta um amigo. Há uma
semelhança muito grande entre a maneira de se conviver com o povo e com a
Bíblia. Os dois exigem o máximo de atenção, respeito, amizade, entrega, silêncio,
escuta. Os dois, tanto o povo como a Bíblia, não se defendem logo, quando são
agredidos ou manipulados, mas os dois acabam vencendo o agressor pelo cansaço.
A leitura da Bíblia ajuda a criar em nós os olhos certos para ler a vida do povo
e vice-versa. A leitura, assim como a convivência com o povo, não pode depender
do gosto do momento, mas exigem da pessoa uma determinação constante e 15
contínuas.
A leitura deve ser perseverante e diária. Exige ascese e disciplina. Não pode ser
interesseira, mas deve ser desinteressada, gratuita, em vista do Reino e do bem do
povo. A leitura é ponto de partida, não é ponto de chegada. Faz o leitor pisar no
chão. Prepara o leitor e o texto para o diálogo da meditação.
4.2 - A Meditação: Ruminar, Dialogar, Atualizar.
A leitura respondeu à pergunta: “O que diz o texto?” A meditação vai responder à pergunta: “O que diz o texto para mim, para nós?”
A questão central que se coloca daqui para a frente é esta: o que é que Deus,
através desse texto, tem a dizer hoje, aqui, para nós? A meditação indica o esforço
que se faz para atualizar o texto e trazê-lo para dentro do horizonte da nossa vida
e realidade, tanto pessoal como social. O texto que foi escrito para nós deve falar
para nós.
Dentro da dinâmica da Leitura Orante, a meditação ocupa um lugar central.
Guigo dizia: “A meditação é uma diligente atividade da mente que, com a ajuda
da própria razão, procura o conhecimento da verdade oculta”. Qual é esta verdade
oculta? Através da leitura descobrimos como o texto se situava no contexto daquela época, qual a posição que tomava nos conflitos, qual a mensagem que tinha
para o povo. De lá para cá a situação mudou, o contexto é outro, os conflitos são
diferentes. No entanto, a fé nos diz que esse texto, apesar de ser de outra época e
41
de outro contexto, tem algo a nos dizer hoje. Nele deve existir um valor permanente que quer produzir no presente a mesma conversão ou mudança que produziu
naquele tempo. Ora, a verdade oculta de que falava Guigo é este valor permanente, esta mensagem que lá existe para o nosso contexto e que deve ser descoberta
e atualizada pela meditação.
Como fazer a meditação? Uma primeira forma de se realizar a meditação é sugerida pelo próprio Guigo. Ele manda usar a mente e a razão para poder descobrir
a “verdade oculta”. Entra-se em diálogo com o texto, com Deus, fazendo perguntas
que obrigam a usar a razão e que procuram trazer o texto para dentro do horizonte da nossa vida. Medita-se refletindo, interrogando: o que há de semelhante e de
diferente entre a situação do texto e a nossa hoje? Quais os conflitos de ontem que
existem hoje? Quais dentre eles são diferentes? O que a mensagem deste texto diz
para a nossa situação? Que mudança de comportamento ele sugere para mim que
vivo na América Latina, no Brasil, no Amazonas, em Manaus? E para nós, cristãos,
católicos, em que ponto nos condena? O que ele quer fazer crescer em mim, em
nós? etc.
Outra maneira de se fazer a meditação é repetir o texto, ruminá-lo, mastigá-lo
até descobrir o que ele tem a nos dizer. É o que Maria fazia quando ruminava as
coisas em seu coração (Lc 2,19.51). É o que recomenda o salmo ao justo: “Meditar
dia e noite na lei do Senhor” (Sl 1,2). É o que Isaías define com tanta precisão: “Sim,
Javé, o teu Nome e a lembrança de Ti resumem todo o desejo da nossa alma” (Is
26,8). Após ter feito a leitura e ter descoberto o seu sentido para nós, é bom procurar resumir tudo numa frase, de preferência do próprio texto bíblico, para ser
levada conosco na memória e ser repetida e mastigada durante o dia, até se misturar com o nosso próprio ser.
Através dessa ruminação, nós nos colocamos sob o julgamento da Palavra de
Deus e deixamos que ela nos penetre, como espada de dois gumes (Hb 4,12), pois
água mole em pedra dura tanto bate até que fura! “Ela vai julgando as disposições
e intenções do coração. E não há criatura oculta à sua presença. Tudo está nu e
descoberto aos olhos daquele a quem devemos prestar contas” (Hb 4,12-13).
Nós, muitas vezes, nos escondemos atrás de máscaras e ídolos, ideologias
e convenções, doutrinas repetidas e tradições humanas (cf. Mc 7,8-13). Pela meditação ou ruminação, a Palavra de Deus vai entrando aos poucos, vai tirando as
máscaras, vai revelando e quebrando a alienação em que vivemos, devolvendonos a nós mesmos, para que nos tornemos uma expressão viva da palavra ouvida,
meditada e ruminada.
Cassiano aponta outro aspecto importante da meditação, como consequência
da ruminação. Ele diz: “Instruídos por aquilo que nós mesmos sentimos, já não per42
cebemos o texto como algo que só ouvimos, mas sim como algo que experimentamos e tocamos com nossas mãos; não como uma história estranha e inaudita,
mas como algo que damos à luz desde o mais profundo do nosso coração, como
se fossem sentimentos que formam parte do nosso próprio ser. Repitamo-lo: não
é a leitura que nos faz penetrar no sentido das palavras, mas sim a própria experiência nossa adquirida anteriormente na vida de cada dia”. Aqui já nem parece
haver diferença entre Bíblia e vida, entre a Palavra de Deus e a nossa palavra. Ora,
conforme Cassiano, é nesta quase identificação nossa com a Palavra da Bíblia que
está o segredo da percepção do sentido que a Bíblia tem para nós. Cassiano diz
que a percepção do sentido do texto não vem do estudo, mas da experiência que
nós mesmos temos da vida.
O estudo coloca os fios, a experiência adquirida gera a força, a meditação
aperta o botão, faz a força correr pelos fios e acende a lâmpada do texto. Tanto
os fios como a força, ambos são necessários para que haja luz. A vida ilumina o
texto, o texto ilumina a vida. A meditação também aprofunda a dimensão pessoal
da Palavra de Deus.
Uma palavra tem valor não só pela ideia que comunica, mas também pela
pessoa que a pronuncia e pela maneira como é pronunciada. Na Bíblia, quem nos
dirige a Palavra é Deus, e Ele o faz com muito amor.
4.3 - A Oração: Suplicar, Louvar, Recitar.
A atitude de oração está presente desde o começo da Leitura Orante. No início
da leitura invoca-se o Espírito Santo. Durante a leitura sempre aparecem pequenos
momentos de oração. A meditação já é quase uma atitude de oração, pois, por si
mesma, se transforma em prece. Mas dentro da dinâmica da Leitura Orante, apesar
de tudo ser regado com oração, deve haver um momento especial, próprio, para a
prece. Esse momento é o terceiro degrau, o da oração.
Através da leitura procuramos descobrir: “O que o texto diz?” A meditação
aplica a leitura à nossa vida: “O que o texto diz para mim, para nós?” Até agora,
era Deus quem falava. Chegou o momento da oração propriamente dita: “O que o
texto me faz dizer, nos faz dizer a Deus?” A atitude de oração diante da Palavra de
Deus deve ser como aquela de Maria, que disse: “Faça-se em mim segundo a tua
palavra” (Lc 1,38). A palavra que Maria ouviu não era uma palavra da Bíblia, mas
sim uma palavra percebida nos fatos da vida, por ocasião da visita do anjo. Maria
foi capaz de percebê-la, porque a ruminação (cf. Lc 2,19.51) tinha purificado o seu
olhar e o seu coração. Os puros de coração percebem a ação de Deus nos fatos (cf.
Mt 5,8). Rezando e cantando (cf. Lc 1,46-56), eles a encarnam na vida.
Essa atitude de oração deve ser realista e não ingênua, o que se alcança pela
43
leitura. Deve nascer da experiência do nosso nada e dos problemas reais da vida,
o que se alcança pela meditação. Deve tornar-se uma atitude permanente de vida,
o que se alcança na contemplação. A oração, provocada pela meditação, inicia por
uma atitude de admiração silenciosa e da adoração ao Senhor. A partir daí brota a
nossa resposta à Palavra de Deus.
Desde os tempos do Novo Testamento, os cristãos descobriram que nós não
sabemos rezar como convém. É o próprio Espírito que ora em nós (Rm 8,26). Quem
melhor fala a Deus é o próprio Deus. Por isso, a oração dos Salmos ainda é a melhor oração. O próprio Jesus usou frequentemente os salmos e orações da Bíblia.
Ele é o grande cantor dos Salmos (Sto. Agostinho). Com Ele e nEle, os cristãos prolongam a Leitura Orante pela oração pessoal, pela oração litúrgica e pelas preces
da Igreja.
Nesta grande comunhão eclesial é importante que a Palavra de Deus suscite
em nós, cristãos, uma intensa vida de oração individual. Dependendo do que se
ouviu da parte de Deus na leitura e na meditação, a resposta pode ser de louvor
ou de ação de graças, de súplica ou de perdão, pode ser até de revolta ou de imprecação, como o foi a resposta de Jó, de Jeremias e de tantos Salmos. Como na
meditação, é importante que esta oração espontânea não seja só individual, mas
também tenha sua expressão comunitária, em forma de partilha.
A oração, provocada pela meditação, também pode ser recitação de preces já
existentes. Neste ponto o Ofício Divino presta uma grande ajuda. Ele espalha a leitura através das horas do dia. Infelizmente, a Liturgia das Horas que, nos primeiros
séculos, alimentava a oração pessoal do Povo de Deus ficou restrita aos monges e
clérigos. O monge ouvia a Palavra, memorizava-a e a levava consigo para ruminá
-la nos intervalos, durante o trabalho manual. Além disso, uma das primeiras tarefas do monge, ao entrar no mosteiro, era decorar os salmos para que servissem de
porta-voz e apoio no seu diálogo com Deus.
Hoje em dia, já não podemos repetir o esquema dos antigos monges e das
primeiras comunidades. Os tempos mudaram. Fica, porém, a inspiração, o modelo
e o desafio: decorar algum salmo para as horas de precisão; carregar consigo alguma frase da Bíblia para ruminá-la ao longo do dia, nos intervalos, durante o trabalho, no ônibus, no roçado; criar um esquema de vida, adaptado ao nosso modo
de viver, que alcance para nós o mesmo objetivo. Além do que já vimos, a Leitura
Orante procura acentuar outro aspecto muito importante da oração, a saber, a sua
ligação bem concreta com a vida, com a caminhada e a luta do povo. É um assunto
delicado e difícil, que exige uma breve reflexão para situá-lo.
A Palavra de Deus vale não só pela ideia que transmite, mas também pela
força que comunica. Não só diz, mas também faz. Um exemplo concreto é o sa44
cramento: a palavra “Isto é o meu corpo!” faz o que diz. Na Criação, Deus fala e as
coisas começam a existir (Sl 148,5; Gn 1,3). O povo judeu, muito mais do que nós
hoje, tinha sensibilidade para valorizar esses dois aspectos da palavra e mantê-los
unidos. Eles diziam na língua deles: dabar, o que significava, ao mesmo tempo,
palavra e coisa: diz e faz, anuncia e traz, ensina e anima, ilumina e fortalece, luz e
força, Palavra e Espírito.
Ora, a Leitura Orante, que tem suas raízes no povo judeu, também valoriza os
dois aspectos e os mantém unidos. Pela leitura, procura descobrir a ideia, a mensagem, que a palavra transmite e ensina. Pela meditação, e, sobretudo pela oração,
ela cria o espaço onde a palavra faz o que diz, traz o que anuncia, comunica a sua
força e nos revigora para a caminhada.
4.4 - A Contemplação: Enxergar, Saborear, Agir.
A contemplação é o último degrau da Leitura Orante. É o seu ponto de chegada. Cada vez, porém, que se chega ao último degrau, este se torna patamar para
um novo começo. E assim, através de um processo sempre renovado de leitura,
meditação, oração, contemplação, vamos crescendo na compreensão do sentido
e da força da Palavra de Deus. Nunca se chegará ao ponto de poder dizer: “Agora
realizei todo o objetivo da Palavra de Deus na minha vida!”, pois sempre haverá
pela frente um olhar mais penetrante, uma leitura mais profunda, uma meditação
mais exigente, uma oração mais engajada, uma contemplação mais transparente.
Até todos os véus caírem, até que a realidade toda seja transformada e chegue à
plenitude do Reino. Mas, até lá, ainda resta um longo caminho (1Rs 19,7).
A contemplação reúne em si todo o caminho percorrido da Leitura Orante: até
agora, você se colocou diante de Deus, leu e escutou a Palavra, estudou e descobriu o seu sentido; com ele você se comprometeu e começou a ruminálo para que
entrasse na dinâmica da sua própria vida e passasse da cabeça para o coração;
você transformou tudo isto em oração diante de Deus como projeto para a sua
vida; o sal da Palavra desapareceu na sua vida e lhe deu um novo sabor; o pão da
Palavra foi mastigado e lhe deu força para uma nova ação.
Agora, no fim, tendo tudo isto na mente e no coração, você começa a ter um
novo olhar para observar e avaliar a vida, os fatos, a história, a caminhada das comunidades, a situação do povo na América Latina, os pobres. É o olhar de Deus
sobre o mundo, que assim se comunica e se esparrama. Este novo olhar é a contemplação.
5 - COMO FAZER A LEITURA ORANTE HOJE?
O mais fácil seria seguir, simplesmente, os quatro degraus recomendados por
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Guigo: leitura, meditação, oração e contemplação. Há, porém, algumas diferenças
fundamentais entre a Lectio Divina sugerida por Guigo e a Leitura Orante como
proposta para os dias de hoje.
Através dos roteiros de estudo sugeridos, notaremos que eles têm como objetivo orientar a reunião semanal (ou mensal) de um grupo de pessoas (ou famílias) que convivem, ou não, integradas na mesma comunidade. Depois, a reunião
semanal (ou mensal) tem como finalidade estimular e orientar as pessoas para que
se disponha a uma leitura diária da Bíblia, que as leve a alimentar a sua vida e a
vida da sua comunidade com a luz e a força libertadoras da Palavra de Deus.
Por isso, depois que as pessoas do grupo tiverem assumido a leitura da Bíblia
no ritmo diário da sua vida, poderão estar contribuindo para a formação de outros
grupos de Leitura Orante.
A reunião proposta pelos roteiros é como os andaimes ao redor de um prédio
em construção. A leitura diária é o próprio prédio. Na hora em que o prédio estiver pronto, tiram-se os andaimes e fica só o prédio. É importante observar que os
andaimes já utilizados, poderão ser usados na construção de outros prédios.
Saindo do contexto da Lectio Divina recomendada por Guigo, para os mosteiros e a vida do povo da Idade Média, transportada para dinamizar as reuniões das
Comunidades aqui, hoje, a primeira coisa de que precisa para poder ser verdadeira
Leitura Orante é do lema empregado por eles: “Ora et Labora”. Rezar e Trabalhar.
Precisa do clima comunitário de oração e da realidade dura da vida do povo. Do
contrário, não funciona e acaba morrendo.
Estes dois elementos, portanto, devem estar sempre presentes na prática da
Leitura Orante. Guigo, na sua sabedoria bem prática, nada mais fez do que sistematizar em quatro degraus o processo normal de uma leitura proveitosa da Bíblia.
Hoje, quem quer ler a Bíblia com proveito, deve fazer o mesmo.
Primeiro você deve ler o texto, e ler de novo, até entender o que está escrito.
É a leitura. Em seguida, deve assimilar o que leu e trazê-lo para dentro da sua vida
e da vida da sua comunidade. É a meditação. Depois, você deve reagir diante da
mensagem que captou durante a leitura e responder a Deus se aceita ou não. É a
oração. Por fim, o resultado da leitura que fica nos seus olhos o ajudará a apreciar
e saborear melhor as coisas de Deus e da vida. É a contemplação. Este é o caminho
óbvio. Não há outro. Por isso, a Leitura Orante (Lectio Divina) continua atual até
hoje.
Com outras palavras, os quatro degraus não são técnicas de leitura, mas sim
etapas do processo normal da assimilação da Palavra de Deus na vida, através da
leitura meditada e orante. Não são normas técnicas para orientar a nossa reunião
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em torno da Bíblia, mas sim atitudes básicas que todos devemos ter sempre diante
da Palavra de Deus. Elas devem estar presentes tanto na leitura individual como
na reunião do grupo, tanto na prática simples das comunidades, como no estudo
científico dos exegetas.
6 - O MÉTODO A SER USADO NA LEITURA ORANTE DA BÍBLIA.
6.1 - A Dinâmica dos Encontros
1º Momento: Oração Inicial
Quando um grupo se reúne para aprofundar o estudo da Bíblia, ele é a comunidade de fé que se encontra sob a ação do Espírito Santo. Por isso, uma oração
inicial criará o clima orante e celebrativo.
2º Momento: Mutirão da Memória
Relembrar rapidamente o tema estudado no encontro, levantando os pontos
mais importantes. Isto para que os temas estudados não fiquem isolados, mas estejam ligados e assim favoreçam uma visão de conjunto.
3º Momento: Estudo do Tema
a) Palavra-chave: Indica o assunto do encontro e revela o seu quadro de referência, apontando uma realidade tanto da Bíblia como da vida de hoje.
a1) Citação bíblica: Explicita o mesmo assunto em forma de oração. É
uma frase curta, em forma de ditado, para ser guardada de maneira bem visível. A
citação bíblica pode ser utilizada na oração inicial.
b) Realidade de hoje: Nesta primeira parte, trazemos para dentro do encontro
a realidade da vida de hoje, indicada pela palavra-chave e pela citação bíblica. É
para escutar e refletir a situação do povo. Colocamos na mesa o assunto – as angústias, os sofrimentos, os problemas, mas também as alegrias, as conquistas, as
realizações – que deve ser iluminado pela Palavra de Deus.
c) Estudo do texto sugerido: Em cada roteiro são indicados três textos que servem como porta de entrada para o período da história a ser estudado no encontro.
O primeiro dos três textos vem desenvolvido, e os outros dois são alternativos. O
texto escolhido deve ser apresentado e introduzido pelo coordenador da reunião.
(animacaosjc.com.br/paginas/.../leituraorante/LeituraOrante-Formacao.pdf)
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7° ENCONTRO
SEXUALIDADE E O SER HUMANO
* Dinâmica introdutória ao tema
* Oração com símbolos (profetas, personalidades...)
*Cânticos
1 – A SEXUALIDADE E O SER HUMANO
A Sexualidade Feminina e Masculina
Somos homem ou mulher.
Assim como meu corpo define o ser no mundo, a diferenciação sexual define
a minha maneira de ser. Não existe ser humano neutro.
Somos sexuados na totalidade do nosso ser.
O ser humano não é um ser fechado em si mesmo – ser para o outro e ser para
a outra.
Ser homem ou mulher não é a mesma coisa. É uma diferença que abre portas
diversas de realização, tendo como fim a complementaridade dos dois sexos.
Por sermos homem ou mulher, corpo masculino ou feminino, temos características próprias de cada sexo, que devem ser conhecidas, valorizadas e integradas na construção de um homem feliz e uma mulher feliz, no plano físico, psicológico e espiritual.
Uso Correto da Sexualidade
A sexualidade está ordenada para o amor conjugal entre o homem e a mulher.
A sexualidade, mediante a qual o homem e a mulher se doam um ao outro
com os atos próprios e exclusivos dos esposos, não é em absoluto algo puramente
biológico, mas diz respeito ao núcleo íntimo da pessoa humana como tal. Ela só
se realiza de maneira verdadeiramente humana se for parte do amor com o qual
homem e mulher se empenham totalmente um para com o outro até a morte.
No casamento a intimidade corporal dos esposos se torna um sinal de comunhão espiritual. Entre os batizados os vínculos do matrimônio são santificados
pelo sacramento (Catecismo da Igreja 2360 e 2361). O uso correto da sexualidade
se dá dentro do matrimônio, do amor conjugal entre o homem e a mulher.
Noções Básicas Fundamentais na Moral Cristã
- Homem e mulher são iguais, com a mesma dignidade pessoal, nenhum é
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superior ao outro.
- O valor da pessoa humana, que não pode ser utilizada como instrumento de
produção de propaganda ou de prazer, é contrair o projeto de Deus.
- O sexo é um Dom de Deus, a sexualidade é a nossa maneira de ser homem
ou de ser mulher. A sexualidade faz as pessoas crescerem no plano de Deus é a
abençoada.
- Casamento: para Jesus o amor humano que se compromete no casamento
exige um sim definitivo para toda vida. “Portanto, não separe o homem o que Deus
uniu” (Mt 19,5-6).
Os Abusos do Sexo e suas Consequências
Principais abusos que podem desvirtuar a verdadeira finalidade do sexo:
1º - a fornicação
2º - o adultério
3º - a masturbação
4º - o homossexualismo
5º - relações matrimoniais antinaturais.
O prazer sexual é moralmente desordenado quando é buscado por si mesmo;
isolado das finalidades do matrimônio cristão.
Consequências dos abusos sexuais:
- Pecado, angústia, desequilíbrio pessoal, perigo de contágio de doenças
venéreas entre elas a AIDS.
1.1 – Grupos e Plenário
2 - SEXUALIDADE HUMANA: VERDADE E SIGNIFICADO
2.1 – A situação e o Problema
1. Entre as múltiplas dificuldades que os pais encontram hoje, mesmo tendo em devida conta os diversos contextos culturais, está certamente a de poder
oferecer aos filhos uma adequada preparação para a vida adulta, em particular no
que se refere à educação para o verdadeiro significado da sexualidade. As razões
desta dificuldade, que, aliás, não é de todo nova, são diversas.
No passado, mesmo quando da parte da família não se dava uma explícita
educação sexual, todavia a cultura geral, marcada pelo respeito dos valores fundamentais, servia objetivamente para protegê-los e conservar. A falta dos modelos
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tradicionais em grande parte da sociedade, tanto nos países desenvolvidos como
naqueles em vias de desenvolvimento, deixou os filhos privados de indicações
unívocas e positivas, enquanto os pais se acharam impreparados para dar as respostas adequadas. Este novo contexto é ainda agravado por um obscurecimento
da verdade sobre o homem a que assistimos e em que age, entre outras coisas,
uma pressão em direção à banalização do sexo. Há, portanto uma cultura em que
a sociedade e os meios de comunicação a maior parte das vezes oferecem a esse
respeito uma informação despersonalizada, lúdica, muitas vezes pessimista e, além
disso, sem consideração pelas diversas etapas de formação e de evolução das crianças e dos jovens, sob o influxo de um distorcido conceito individualista da liberdade e num contexto privado de valores fundamentais sobre a vida, sobre o amor
humano e sobre a família.
4. Na óptica da redenção e no caminho formativo dos adolescentes e dos
jovens, a virtude da castidade, que se coloca no interior da temperança — virtude
cardeal que no batismo foi elevada e impregnada pela graça — não é entendida
como uma virtude repressiva, mas, pelo contrário, como a transparência e, ao mesmo tempo, a guarda de um dom recebido, precioso e rico, o dom do amor, em
vista do dom de si que se realiza na vocação específica de cada um. A castidade
é, portanto, aquela « energia espiritual que sabe defender o amor dos perigos do
egoísmo e da agressividade e sabe promovê-lo para a sua plena realização.
2.2 – O amor e a sexualidade humana
10. O ser humano é chamado ao amor e ao dom de si na sua unidade
corpórea-espiritual. Feminilidade e masculinidade são dons complementares, pelo
que a sexualidade humana é parte integrante da capacidade concreta de amor que
Deus inscreveu no homem e na mulher. « A sexualidade é uma componente fundamental da personalidade, um modo de ser, de se manifestar, de comunicar com os
outros, de sentir, de expressar e de viver o amor humano ».15 Esta capacidade de
amor como dom de si tem, por isso, uma sua « encarnação » no caráter esponsal
do corpo, no qual se inscreve a masculinidade e a feminilidade da pessoa. « O corpo humano, com o seu sexo, e a sua masculinidade e feminilidade, visto no próprio
mistério da criação, não é somente fonte de fecundidade e de procriação, como
em toda a ordem natural, mas encerra desde “o princípio” o atributo “esponsal”,
isto é, a capacidade de exprimir o amor precisamente pelo qual o homem-pessoa
se torna dom e — mediante este dom — atuar o próprio sentido do seu ser e existir ».16 Qualquer forma de amor será sempre marcada por esta caracterização
masculina e feminina.
11. A sexualidade humana é, portanto, um Bem: parte daquele dom criado
que Deus viu ser « muito bom » quando criou a pessoa humana à sua imagem e
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semelhança e « homem e mulher os criou » (Gen 1, 27). Enquanto modalidade de
se relacionar e se abrir aos outros, a sexualidade tem como fim intrínseco o amor,
mais precisamente o amor como doação e acolhimento, como dar e receber. A
relação entre um homem e uma mulher é uma relação de amor: « A sexualidade
deve ser orientada, elevada e integrada pelo amor, que é o único a torná-la verdadeiramente humana ».17 Quando tal amor se realiza no matrimonio, o dom de si
exprime, por intermédio do corpo, a complementaridade e a totalidade do dom; o
amor conjugal torna-se, então, força que enriquece e faz crescer as pessoas e, ao
mesmo tempo, contribui para alimentar a civilização do amor; quando pelo contrário falta o sentido e o significado do dom na sexualidade, acontece « uma civilização das “coisas” e não das “pessoas”; uma civilização onde as pessoas se usam
como se usam as coisas.
(vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/family/documents/rc_pc_family_
doc_08121995_humansexuality_po.html)
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8° ENCONTRO
VOCAÇÕES ESPECÍFICAS
* Dinâmica introdutória ao tema
* Oração com símbolos (profetas, personalidades...)
*Cânticos
1 – A MANIFESTAÇÃO DE DEUS NA VOCAÇÃO
Como Deus Fala? Como Deus nos Chama?
Deus nos fala de vários modos, mas a maneira mais comum pela qual costuma
chamar seus escolhidos é pelos acontecimentos e pelas pessoas, que são mediações, instrumentos através dos quais, Deus nos dá a perceber sua vontade.
Exigência da Experiência de Deus
É preciso durante a caminhada fazer uma sólida e verdadeira experiência de
Deus, “conhecer a Jesus de um modo autêntico, aprofundar no seu conhecimento
para encontrar sua amizade”.
A Importância da Manifestação de Deus em Nossa Vida, Motivando-nos,
Animando-nos, Dando-nos Mais Confiança.
Lembramos novamente o fato das mediações, dos “anjos” através dos quais,
Deus costuma se manifestar em nossa caminhada. Somente uma vida alicerçada
na fé e vivificada pela oração pode nos animar nos motivar.
A Busca Pessoal do Encontro com Deus
Deus “Quebra o Silêncio” e o Caminho Parece Ficar Mais Difícil – Não Há
Como Dizer “Não” e aí entra a Necessidade da Fé
2 – A RESPOSTA HUMANA NA VOCAÇÃO
Ter Por Base: Jeremias, Isaías, Jonas e Outros.
O Problema Não é Responder, Mas Sim dar as Respostas Diárias, Adequadas a Deus.
“A verdadeira resposta a toda vocação é obra do amor” (João Paulo II)
As Respostas Comuns: Fuga, Medos, Inseguranças.
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Somente a fé é capaz de fazer com que o vocacionado supere seus limites
humanos e se deixe guiar por Deus (Ef 1,18)
Responder é Ser Responsável = Esta Dimensão Está Presente no Chamado
A responsabilidade implica a liberdade humana, a qual permite ao homem
assumir seus atos, sua resposta que vai se fazendo dia-a-dia na caminhada vocacional. A vocação respondida livremente dá unidade aos atos e faz o vocacionado
“mais pessoa”.
A Deus Não Se Dá Qualquer Resposta Ou Uma Resposta Comum
A Deus se responde de tal forma não a aumentar a sua glória, mas a manifestá-la e comunicá-la, pois Ele nos criou para manifestar a sua perfeição pelos bens
que prodigaliza às criaturas.
A Busca Pessoal/Meditar
Lc 9,23-26
Sugestão: escrever a própria história e as manifestações de Deus na mesma.
3 – MARIA, MODELO DE RESPOSTA A DEUS.
O Sim de Maria
O Sim da Virgem Santíssima foi fruto de uma escuta acolhedora do Senhor,
de uma resposta total e plena, que a levou a entregar todo seu ser e a colocar-se
imediatamente a serviço (Lc 1,1-45).
A Confiança a Fé e a Esperança
Só confia aquele que sente-se amado, assim aconteceu com a Virgem Maria,
entregando-se a seu projeto de amor, vivendo sempre mais as virtudes teologais
que fundamentam, animam e caracterizam o agir moral do cristão. Informam e
vivificam todas as virtudes morais.
Texto Bíblico
- Lc 1,26-38;
- Is 7,14;
- Mq 5,2;
- Ap 12,1;
- Gl 4,4
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Os Problemas a Enfrentar, ao dar o Sim.
Ao dar seu sim, admitir que é chamado por Deus, o vocacionado é chamado a
enfrentar os obstáculos, que vão desde a mentalidade da sociedade em geral, que
vem sendo marcada pelos contra valores até as pequenas renúncias aos projetos
pessoais, chegando ao ponto mais alto da vocação que é a resposta ao apelo de
Jesus, “Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e sigame” (Mc 8,34).
O Apoio de Deus – “E o Anjo se Afastou”
Deus costuma dar à pessoa chamada os meios e as condições para responder
livremente, mas após dar as condições conta com o empenho humano natural e
auto transcendente da pessoa chamada (Lc 1,38)
Fé, Renúncias, Sofrimentos e Alegrias, as Recompensas.
A entrega incondicional da Virgem Maria em atitude de fé operante levou-a
a lançar-se no projeto de Deus. Com sua capacidade de renunciar-se e sofrer pela
realização da vontade Divina, acolheu com fé a Palavra e a praticou, sendo esta sua
alegria.
4 – FILME DE MARIA
5 – CONSEQÜÊNCIAS DO ASSUMIR UMA VOCAÇÃO
Ter por base Jesus Cristo e sua resposta ao Pai.
Conhecemos o amor de Deus, porque Jesus Cristo deu sua vida por nós (1Jo 3,
16; 4,9). Ele é a grande palavra de amor. Deu-nos seu amor dando sua vida por nós
(Jo 15,13). O exemplo de Jesus é nos dado abrir-se à revelação do amor de Deus e
responder a este amor pela fé.
Renúncia Perseguição
Quando Jesus fala-nos sobre as Bem-aventuranças, mostra-nos claramente
seu projeto de vida, o que nos dá sentido a todas as contrariedades vividas pelo
Reino de Deus (Mt 5,1-12).
Ser e Permanecer Fiel ao Chamado
Todos os filhos da Igreja, chamados pelo Pai a “escutar” Cristo, não podem
deixar de sentir uma profunda exigência de conversão e santidade. Somente o caminho da conversão em profunda intimidade com o Pai, pode dar-nos a graça da
perseverança e fidelidade.
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Ir Contra a Correnteza
Tomar a direção contrária a que nos impele a correnteza, implica uma personalidade madura e integrada que possa ser verdadeiro sinal de Jesus no mundo.
As Recompensas
Jesus promete que aos que seguirem o Reino, assim como o Pai dispôs para
si (LC 22,28-30).
N.B: propomos que o grupo levante novas questões a respeito do tema para
partilha, promovendo assim um enriquecimento pessoal e comunitário.
6 – COMO SE DESCOBRE A VOCAÇÃO AO SACERDÓCIO?
6.1. Os Sinais
Há infinitas formas que Deus pode utilizar para chamar um jovem ao seu serviço. Eis alguns dos sintomas mais frequentes:
- Você quer fazer alguma coisa grandiosa na vida.
- Você sente que Deus espera algo mais de você.
- Você se preocupa com o sofrimento do ser humano.
- Você gosta da vida de um jovem “normal”, mas sente que está faltando algo.
6.2. Seja Honesto
- Diante de Deus e diante de si mesmo.
- Só você pode dar a resposta a Deus.
- Há muitos jovens que têm medo de descobrir a vocação e preferem se esconder debaixo de pretextos.
- É um erro achar que Deus pode nos propor algo que não nos faça felizes!
6.3. Ter Qualidades
Quando Deus chama, Ele dá as qualidades necessárias para o sacerdócio. Você
tem de saber se possui essas qualidades. Para isso, converse com o sacerdote
orientador vocacional.
6.4. Não se Esqueçam que a Vocação é um Processo
- A vocação sacerdotal é um processo, como toda história de amor.
- Não queira respostas fulminantes e por fax.
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- Deus se esconde um pouco quando nos chama, e faz isto porque quer deixar
uma boa margem para a nossa liberdade. De outro jeito, não seria uma história de
amor e sim escravidão.
- Peça ajuda a algum sacerdote orientador vocacional.
- Aproveite os encontros e retiros vocacionais para conhecer melhor a vocação e o ambiente de um seminário.
O assunto se torna mais delicado e as responsabilidades maiores, quando se
trata da vocação que visa servir a Deus num estado especialmente consagrado ao
Senhor: a vocação sacerdotal.
Por «vocação sacerdotal» entende-se o chamado ao ministério do culto e da
cura de almas, no Corpo Místico de Cristo; é oficialmente conferido pelo sacramento da Ordem, destinado aos varões apenas.
6.5. - Uma das Questões que Primeiramente Afloram ao Espírito do Interessado Neste Assunto, é a Seguinte: Como Discernir a Vocação Sacerdotal?
6.5.1. Critérios Naturais.
Compreende-se que o fundamento normal de uma vocação sacerdotal seja
uma natureza humana sadia, um equilíbrio físico e psíquico tal que possa satisfazer
às imperiosas exigências do estado de consagração a Deus. Quem não possui os
pré-requisitos de saúde para tanto, pode crer (à exceção de casos extraordinários)
que também não possui a vocação sacerdotal.
Neste conjunto de ideias, merecem especial menção as análises e os testes
psicológicos. Não há dúvida, são de valor para se discernir uma vocação sobrenatural, pois a graça supõe a natureza, como a germinação de uma semente supõe a
receptividade do terreno. É mister, porém, advertir que as testes psicológicos por
si não fornecem a última palavra no discernimento de uma vocação sacerdotal. Em
outros termos: não é ao psicólogo, nem ao médico, que compete proferir a sentença definitiva sobre uma presumida vocação dessas; tal sentença toca a quem
se serve de critérios de acompanhamento, geralmente ao sacerdote promotor, ao
reitor do seminário ou ao bispo.
Por conseguinte, depois de se considerar a psicologia do candidato, será forçosa levar em conta critérios sobrenaturais, dos quais uns são positivos, os outros
negativos.
6.5.2. Critérios Positivos:
1.Ter um interesse especial pelas coisas de Deus, estima que fomenta o cultivo
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da vida interior, o prazer pela oração, o amor ao culto Sagrado (Sagrada liturgia,
Missa...), ao canto religioso, à ornamentação da casa de Deus, o repúdio ao pecado, aos prazeres da carne.
6.5.3. Critérios Negativos.
tos.
Estes se prendem geralmente a falhas morais e temperamentais dos candida-
A vida sacerdotal tem índole, em certo grau, comunitária; requerer sujeição e
maleabilidade. Por isto qualquer vocação de tal tipo supõe capacidade de suportar
e de se adaptar, qualidades sem as quais se torna irrealizável a vocação. Especificando, os autores recomendam que se leve em conta particular:
a) um temperamento insaciável: há pessoas que, por suas atitudes espontâneas, envenenam o ambiente em que se encontram; tendem a interpretar para o
mal tudo que o que se lhes diz e faz, de modo que não conseguem viver sem se
desentender com os outros; atribuem ao próximo as suas intenções maliciosas e o
criticam levianamente;
b) um temperamento anárquico ou indócil: trata-se de pessoas que sistematicamente tendem a emitir opinião contrária à dos Superiores, chegando a criar
partidos e dissidências; capazes de pensar e dizer que nasceram para mandar, não
para obedecer e fazer como os outros;
c) um temperamento inconstante e impulsivo: são pessoas que não sabem
manter seus pareceres, seus planos e resoluções, ficando à mercê do entusiasmo
ou do desânimo;
d) um temperamento mundano: sempre inclinado a se deleitar em diversões
fúteis e pouco morais; a saber: pornografia, segundos interesses em suas relações
afetivas, palavrões....
7 - VIDA CONSAGRADA - VOCAÇÃO RELIGIOSA
Identidade da Vocação Consagrada e Religiosa na Igreja O carisma da Vida
Religiosa está orientado também para o mundo. É por causa do mundo. Demonstra o contraste, não é fuga, mas compromisso. A vocação religiosa é assumida por
homens e mulheres que foram chamados a testemunhar Jesus Cristo de uma maneira radical. É a entrega da própria vida a Deus. Essa vocação existe desde o início do Cristianismo: vida eremítica, monástica e religiosa. Nesses dois mil anos de
história surgiram inúmeras ordens, congregações, institutos, sociedades de vida
apostólica. Os religiosos vivem: como testemunha radical de Jesus Cristo, como sinal visível de Cristo libertador, a total disponibilidade a Deus, à Igreja e aos irmãos
e irmãs, a total partilha dos bens, o amor sem exclusividades, a consagração a um
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carisma específico, numa comunidade fraterna, a dimensão profética no meio da
sociedade, assumem uma missão específica. Um religioso vive em primeiro lugar
a sua consagração nos votos, depois, por carisma congregacional, por vocação e
necessidade da Igreja, se ordena padre.
7.1. Os Votos
O carisma da Vida Religiosa é um dom para Igreja e um sinal para o mundo.
Não é fuga de uma realidade, mas compromisso com o mundo. Enfatiza o contraste do Evangelho com a sociedade materialista. Os votos são como que sinais
visualizadores de uma realidade futura como sonho, mas presente como necessidade. Não se pode mergulhar naquilo que a sociedade apresenta como modelo.
Seríamos medíocres se não tivéssemos a coragem de buscar perspectivas novas.
De que valeria o esforço de anos vividos, de aperfeiçoamento contínuo, de ideais
sonhados, se não tivéssemos certeza de que isso tudo está mergulhado no coração misericordioso do Pai, enxertado na árvore da vida, que é o Cristo e alicerçado
pela força vibrante e sempre presente do Espírito Santificador. O voto assumido
é sinal visualizador do Reino presente. Sinal sempre profético e nunca mesclado
das coisas “do mundo”. O voto é para os homens e mulheres que o contemplam,
sinal de que existe alguma coisa muito maior que simples realidades terrenas. Sinal
mergulhado no Cristo histórico, atualizado no Cristo vivo e eucarístico presente em
todas as comunidades e que aponta as realidades vindouras do Reino já iniciado.
O voto é sinal de que a vida tem sentido para todos. Numa sociedade que privilegia o poder, o(a) religioso(a) responde com a obediência. O voto de obediência é
um sinal onde homens e mulheres colocam-se numa atitude de dependência. Dependentes de Deus são porta-vozes e braços de Deus. É a experiência que sentiu
o profeta Amós: a vocação é descobrir e reconhecer que o Senhor quer dispor da
vida das pessoas para seus projetos. Tirou Amós do meio do seu rebanho e enviou
para proclamar a sua Palavra. O voto de obediência está ligado também à necessidade da Igreja, representada pela Congregação de origem do(a) religioso(a).
Numa sociedade profundamente erotizada os religiosos vivem a castidade. O voto
de castidade é a oferta oblativa da própria vida. É a entrega da força vital que é a
sexualidade a uma causa nobre. Vive-se a castidade canalizando a energia fundamental para as obras proféticas geradoras de vida e de esperança nas comunidades cristãs. Hoje o amor é confundido com relacionamento puramente sexual. Isto
é a instrumentalização do amor e da força da sexualidade. A castidade no meio
da sociedade erotizada é vista como sinal de contradição, sinal do Reino futuro.
Outro aspecto muito marcante no mundo de hoje é o apego demasiado às coisas
materiais, vive-se em um consumismo desenfreado. As pessoas valem por aquilo
que elas têm e não por aquilo que são. Os religiosos para demonstrarem que o
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TER não é tudo na vida e sim apenas um instrumento, fazem o voto de pobreza.
Falar em viver a pobreza, sem ter nada em seu nome, sem buscar ambições, é um
sinal profético de contraste para a sociedade capitalista que privilegia o dinheiro
e o ter coisas. As pessoas não são coisas, elas não valem por aquilo que têm, mas,
por aquilo que são.
7.2. Os carismas
Outra característica importante na vida religiosa é o carisma. O carisma é um
dom, uma graça, um presente, que está relacionado diretamente com o ser da
pessoa. É aquilo que ela é, é a ação de Deus na vida da pessoa. O carisma é a ação
do Espírito Santo que potencia a pessoa para uma determinada missão. Os religiosos vivem um carisma específico, e deriva daí, a sua missão própria. Acostumamos
ver os religiosos e religiosas, os irmãos, as irmãs, os padres ligados a uma congregação, à frente de grandes obras: nas escolas, hospitais, missões populares, em
mosteiros e comunidades contemplativas e em tantos lugares. Essas são as obras.
São frutos de um carisma especial. Cada congregação, instituto ou ordem tem um
carisma específico a ser seguido, que um dia foi inspirado pelo Espírito Santo e
definido pelos seus fundadores.
7.3. Novo Perfil da Vida Religiosa Inserida
A situação social continua excluindo os mais fracos. A opção pelos mais pobres e pela sua libertação; é um desafio para a Igreja e para a Vida Religiosa. É
urgente criar novos jeitos de viver a Vida Religiosa no meio do povo das periferias
e do campo. Na inserção é preciso adotar uma postura de compaixão, paciência,
presença, modéstia, flexibilidade e criatividade. A Vida Religiosa Inserida é desafiada na tolerância e no cotidiano da vida dos excluídos. É uma graça do Espírito
Santo, partilhar da vida dos últimos. Ama-se os pobres, não por serem pobres, mas
por serem pessoas humanas, “Preferidas do Pai”. Daí a gratuidade do amor. O religioso não se distingue pela sua ação, mas pela sua vida, onde convivem pessoas
diferentes (idade, nação, personalidade) não se casam. Querem viver o Evangelho
de um modo especial. Vivem em comunidade. É uma forma profética de vida.
8 – VOCAÇÃO MATRIMONIAL
8.1. Desenvolvendo o Tema
Toda pessoa tem uma vocação, isto é, um chamado de Deus para se realizar e
ser feliz, no conjunto dos viventes. E não uma vocação qualquer, mas vocação ao
amor e à santidade. Deus não chama uns para a perfeição e outros para a mediocridade. O que Deus faz a sempre perfeito. Assim é que, por diferentes caminhos,
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ou diferentes estados de vida (casado, solteiro, consagrado ou sacerdote), todos
são chamados à santidade e à plenitude da caridade.
Para quem tem fé, o matrimônio também é vocação: um chamado de Deus
ao dom de si no amor recíproco e aberto à vida. Quem não tem fé, não tem como
sentir-se chamado – pois desconhece o Interlocutor divino que o chama – nem
tem a quem responder. Mas, na fé, sentimo-nos chamados por Deus a um caminho
e a uma plenitude que só ele pode dar.
“Não é bom para o homem ficar só”, disse Deus, nem é bom para a mulher (Gn
2,18-25). “Façamos o homem nossa imagem e semelhança” – e os fez homem e
mulher; em seguida os abençoou (Gn 1,26-28). O casal humano nasce dessa bênção original. E nasce com a vocação de formar uma comunhão de vida no amor,
seja para amparo mútuo, seja para sobrevivência da espécie humana.
A serviço desse amor mútuo do casal está o sacramento do matrimônio. O
amor do homem à sua esposa, e o amor da mulher ao seu marido deveriam ser tais
que pudessem lembrar o amor imenso e gratuito que Deus oferece a cada pessoa
e a humanidade inteira. Sobretudo deveria lembrar o amor de Cristo por sua Igreja.
Igreja que tem sua dimensão doméstica em cada lar: a Igreja doméstica.
O casal humano torna-se o berço da vida e da família. E esta constitui a célula
fundamental da sociedade. Deus confia ao casal o cuidado desse milagre que se
chama Vida – a vida indefesa e nascente de cada pessoa. Nesse clima de amor e
cuidado, a pessoa pode nascer, crescer, firmar-se.
8.2. - Aprofundando o Assunto
• “Não é bom que o homem esteja sozinho. Vou fazer para ele uma companheira que lhe seja semelhante” (Gn 2,18). E o homem exultou feliz reconhecendose nela: “Está é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gn 2,23), Sob a luz
deste texto, tente perceber como esta vocação vem acontecendo hoje na convivência entre homens e mulheres. Imagine como Deus se sente olhando para essa
paisagem humana? Tente perceber também como é que você se sente diante de
presente que Deus põe em sua vida através do sexo oposto.
• Na linguagem de Francisco de Assis chama a atenção sua maneira respeitosa, positiva é nobre como se refere à mulher. Chega a comparar-se com uma mulher humilde que Deus assume como esposa fecunda (2Cel 16)
ORAÇÃO DA FAMÍLIA
Que nenhuma família comece em qualquer de repente. Que nenhuma família
termine por falta de amor. Que o casal seja um para o outro de corpo e de men60
te, e que nada no mundo separe um casal sonhador.
Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte. Que ninguém interfira no
lar e na vida dos dois. Que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte.
Que eles vivam do ontem, no hoje e em função de um depois.
Que a família comece e termine sabendo onde vai. E que o homem carregue
nos ombros a graça de um Pai. Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego
e calor. E que os filhos conheçam a força que brota do amor.
Abençoa, Senhor as famílias, amém.
Abençoa, Senhor, a minha também.
Que marido e mulher tenham força de amar sem medida. Que ninguém vá
dormir sem pedir ou sem dar seu perdão. Que as crianças aprendam no colo o
sentido da vida, que a família celebre a partilha do abraço e do pão.
Que marido e mulher não se traiam, nem traiam seus filhos. Que o ciúme
não mate a certeza do amor entre os dois. Que no seu firmamento a estrela que
tem maior brilho, seja a firme esperança de um céu aqui mesmo e depois.
Refletindo e Respondendo
1) Quais as suas maiores dúvidas sobre a vocação matrimonial?
2) Indique três ou mais valores fundamentais que sustentam a vocação matrimonial.
3) Qual a missão da família Cristã no mundo de Hoje?
(procasp.org.br/subsidios.../14.../20-9-a-vocacao-matrimonial)
É Possível Identificar que Fomos Escolhidos Por Deus Para o Matrimonio
É natural que, para alcançar o conhecimento de si mesmo, o ser humano passe
por processos. Colher do coração de Deus qual é a nossa identidade, quem somos, qual missão temos nesta vida, onde Deus quer que estejamos e no que nossos dons podem ajudar a humanidade não é possível de uma hora para a outra.
Precisamos de uma caminhada processual, de descobertas que se conectam, se
complementam e se confirmam nos fatos ordinários da vida e no decorrer de um
tempo, formando em nós a maturidade, a intimidade com o Senhor, e, daí então,
consequentemente, dando-nos a consciência de si mesmo.
Uma certeza é que ninguém veio a este mundo por acaso; todos temos um
específico para cumprir (cf. Eclo 39, 21 – CNBB).
Existe, para cada um de nós, um plano de salvação e uma missão para contribuirmos com a ação de atrair outras almas para Cristo. Sim, você, independente do
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que faz, de onde faz, é chamado à santidade própria e a colaborar com a salvação
de outras pessoas.
Durante a vida, percebemos como isso será feito por meio de dois pontos:
– Nossa Espiritualidade: A vida de oração, as práticas de piedade devem nos
mostrar o sentido maior de tudo, a revelação de Deus sobre coisas invisíveis aos
olhos humanos. “Todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a
Deus” (Rm 8,28).
A espiritualidade nos faz enxergar que, até mesmo algo que parece infrutífero no plano natural pode ser uma semente lançada para algo melhor a você ou a
outros no futuro. Exemplo: o sacrifício de Cristo, em análise puramente humana,
foi somente de um homem que fez o bem e, ao fim, morreu. Para muitos, pareceu
um fracasso! Mas, na verdade, foi desse aparente fracasso que veio a salvação para
nós.
- Nossa Humanidade: Os dons, as habilidades, os interesses e as aptidões que
temos começarão a demonstrar nossa vocação por meio de nossas vontades e
pensamentos. Por exemplo: Quando olhamos a história de um jogador de futebol,
veremos que ele se encantou com tudo o que envolve esse esporte desde pequeno e, com certeza, era sua brincadeira preferida. Um padre encantava-se com as
coisas do altar de forma muito maior que seus amigos desde antes do seminário.
Na vontade que tinha de manusear os objetos sagrados, imaginar-se fazendo a
homilia e, talvez, ao participar da Missa, detinha-se com pensamentos do tipo: “Eu
no lugar desse padre, faria isso e aquilo…”, via seus traços de vocação.
Quanto à vocação ao matrimônio acontece o mesmo. O chamado a este sacramento irá aflorar em nossas vontades e pensamentos.
Dons – Você percebe em si a inclinação para ter amor, afeição, atenção e cuidado com uma pessoa, em especial os esposos e os filhos que virão?
Habilidades – Você se interessa por tarefas que dizem de uma vida de casado
como percebe aptidão e bem-estar em realizar serviços de casa? Gosta de reunião
de família, tem interesse na missão da família na sociedade, gosta de estar, brincar
e ensinar as crianças com as quais, hoje, você tem contato?
Interesse – Quando vê uma casa, um imóvel ou quando vê um eletrodoméstico, uma mobília, você se imagina projetando seu lar ou usando estes objetos?
Quando vê uma roupa de criança na vitrine ou roupa do outro sexo na loja, você
se imagina presenteando seus filhos e seu cônjuge? Quando aprende algo ou alcança uma realização, você se imagina oferecendo o fruto disso ou o seu melhor
para sua futura família?
62
É em coisas assim, simples, que vamos percebendo a nossa vocação. Deus
não é incoerente. Se Ele nos pede algo, é porque, antes, já depositou em nós toda
a bagagem que precisaremos. Não pense que o Senhor nos permite ter um forte
desejo por uma vocação e nos chamar a outra coisa.
Também, não deixe o medo definir suas escolhas, pois a sua vocação é mais
forte que tudo o que você tenha presenciado de infelicidade. Um casamento só
não traz felicidade e sentido de vida quando vivido fora do amor do Senhor. “No
amor não há temor”. Até podemos passar por tempos de dúvida, mas tenha calma,
viva o processo e tudo em você se revelará.
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9° ENCONTRO
RETIRO OU MANHÃ DE ESPIRITUALIDADE I
TEMA: “A EXPERIÊNCIA DE DEUS”
* Dinâmica introdutória ao tema
* Oração com símbolos (profetas, personalidades...)
*Cânticos
1 – ESCUTA DE DEUS
O Que é Retiro?
É um tempo de graça, Dom da benevolência de Deus, tempo de afastamento
interno e externo das pessoas e atividades, a fim de que possa haver um possível
reconhecimento de nossa vida interior, de nossos relacionamentos conosco mesmos, com Deus e com o próximo. Estar só nos leva ao deserto, lugar de purificação
(Lc 4, 1; Mc 1,35).
O Valor do Silêncio
Silenciar, meio para voltar-se ao interior e descobrir a essência de nossa existência. Deus costuma revelar-se no silêncio e somente no silêncio somos capazes
de fechar os olhos e a mente a tudo o que é relativo e deixar-nos tocar pelo essencial (I Reis 18)
O Silêncio que nos leva a estar a sós na presença de Deus nos proporciona
condição de escuta, desejo de Deus, participação ativa e consciente nos projetos
comunitários.
Frutos do Silêncio
- Capacidade de escuta e acolhida do outro - Desejo de comunhão - Boa convivência consigo mesmo - Convivialidade com Deus - Gratuidade e gratidão - Desejo de estar só, para o encontro íntimo com Deus, porém sem se isolar.
2 – O PECADO E A CONSCIÊNCIA DE SER PECADOR
Noção de Pecado
O pecado é uma recusa obstinada ao amor de Deus. Para compreender o que
é o pecado, é preciso antes de tudo reconhecermos a ligação profunda do homem
com Deus.
O Não Escutar a Deus
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Como fruto do pecado original o homem continua muitas vezes e de muitos
modos não escutando, não acolhendo o projeto de Deus, pensando bastar-se a si
próprio repetindo a recusa à voz de Deus.
Filme
- Sugestão: “O amor do Pai”, ou outros relacionados ao tema.
- Textos bíblicos sobre o pecado, para o estudo em grupos.
03 – FÉ E VOCAÇÃO
O Que é Fé?
Um ato pessoal: a resposta livre do homem a iniciativa de Deus que se revela.
Porém não é um ato isolado, nós a recebemos dos que creram antes de nós (nossos pais na fé) e a transmitimos aos que virão.
Fé: Estrutura Interna para Acolher, Envolve Riscos.
Embora a fé seja um Dom de Deus, o qual recebemos no batismo, inclui a necessidade de uma liberdade para responder aos seus apelos, neste sentido é que
falamos de uma estrutura interna, uma capacidade de deixar-se conduzir por Deus.
Vocação Envolve Riscos. Para Acolhê-la é Preciso Ter Fé
A vocação é um chamado de Deus ao homem, que exige uma resposta consciente e livre, sendo que também envolve as capacidades humanas da pessoa chamada. Nesse sentido as inseguranças humanas se não reconhecidas e superadas
pela fé, podem impedir a realização do projeto de Deus (Gn 22,1-18).
Estudos de Textos Bíblicos em Grupos
(Abraão, Moisés, Samuel, Amós, Isaías, Maria e Jesus).
65
9° ENCONTRO
RETIRO OU MANHÃ DE ESPIRITUALIDADE II
TEMA: “O ESPÍRITO SANTO E A VOCAÇÃO”
INTRODUÇÃO:
Lê-se passagens bíblicas que falam sobre a “sombra” (ex. Natanael na sombra da árvore, Maria “e a sombra do Altíssimo a cobrirá”, Jonas que sentou-se à
sombra e a árvore secou, etc...) Explicar que a sombra é um símbolo bíblico que
nos mostra a ação do Espírito Santo. Depois cada jovem deve se colocar na sombra
do Espírito Santo durante todo o Retiro. Sairão de dois em dois, um caminhando
atrás (sombra) do outro e imitando todos os gestos que o da frente faz, enquanto
isso, tocam-se várias músicas em vários ritmos, em um determinado momento o
dirigente falará bem alto: “SOMBRA” e o da frente se voltará para a sua sombra e
perguntará tudo o que puder para ela, alguns minutos de conversa serão dados e
então começará de novo a dinâmica, só que com os personagens trocados.
1 – A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO
O Espírito Santo no Novo e no Antigo Testamento
A sua personalidade divina não se nos mostra desde o primeiro instante. Discretamente, o Espírito Santo chama primeiro a nossa atenção para fenômenos
naturais; fenômenos estes, que nos deixam entrever já a atividade d’Ele sobre o
mundo. Depois o Espírito Santo se revelará na ação que exerce sobre os homens
inspirados por Ele. Enfim sua personalidade será revelada por Jesus Cristo e pela
atividade que este Espírito exercerá a partir do Pentecostes.
A palavra: ruah e a palavra pneuma, que significam espírito, uma em hebraico
e outra grega, carregam-se de um sentido cada vez mais intenso que mais tarde
designará o Espírito de Deus, a terceira pessoa da Santíssima Trindade. O sopro
que vai e vem pelas narinas, o vento que sacode a face da terra, essas palavras
aparecem nos textos mais antigos da Sagrada Escritura (assinalar o Pentateuco) e
significa na maioria dos casos, o vento, o sopro do ar.
O Espírito Santo – Vida, Envio, Força/Unção
A Igreja professa a sua fé no Espírito Santo, como “naquele que é o Senhor e
dá a vida”. É o que proclama no símbolo da fé, chamado Niceno-Constantinopolitano, do nome dos dois Concílios: de Nicéia (a 325) e de Constantinopla ( a 381).
Jesus anuncia e promete no dia solene da Festa dos Tabernáculo: “quem tem
sede, venha a mim; e beba quem crê em mim. Como diz a Escritura, do seu seio
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fluirão rios de água viva” (Jo 7,37s). e o Evangelista explica: “Jesus dizia isso referindo-se ao Espírito, que haveriam de receber os que nele acreditassem” (Jo 7,39s).
Também fala da água viva com a Samaritana, no diálogo com Nicodemos, quando
anuncia a necessidade de um novo nascimento “pela água e pelo Espírito” para
“entrar no Reino de Deus”.
A Igreja, portanto, instruída pelas palavras de Cristo, indo beber a experiência
de Pentecostes e da própria, “história apostólica”, proclama, desde o início, a sua
fé no Espírito Santo, como naquele que dá vida, aquele no qual o imperscrutável
Deus uno e Trino se comunica com os homens, constituindo neles a nascente da
vida eterna.
Então nos perguntamos como Jesus envia o Espírito a nós se ele já age desde
os primórdios? Se Ele é parte integrante da família divina? Se Ele é Deus?
Parece que as palavras pronunciadas por Jesus no discurso de despedida devem ser relidas em comparação com aquele princípio tão longínquo, mas fundamental, que conhecemos pelo livro do Gênesis, “se eu não for, o Consolador não
virá a vós; mas se eu for eu vo-lo enviarei”. Este, antes de mais nada, é um novo
princípio. Ao começar pela queda original – se interpôs o pecado, que está em
contradição com a presença do Espírito de Deus na criação e está, sobretudo, em
contradição com a comunicação salvífica de Deus ao homem. A “partida” de Cristo mediante a cruz tem potência da Redenção; e isto significa também uma nova
presença do Espírito de Deus ao homem no Espírito Santo. “Porque vós sois seus
filhos Deus enviou aos vossos corações o Espírito do seu Filho que clama: Abbá!
Pai!”. No fato de enviar o Espírito “aos nossos corações” começa a realizar-se o que
“a própria criação aguarda ansiosamente”, a revelação dos filhos de Deus. E vem
para permanecer com os apóstolos desde o dia de Pentecostes, para permanecer
com a Igreja e na Igreja, mediante ela no mundo.
A missão do Messias, isto é, daquele que recebera a plenitude do Espírito
Santo, em favor do povo eleito por Deus e de toda a humanidade. Messias literalmente significa “Cristo”, isto é “Ungido”, e na história da salvação significa “ungido
pelo Espírito Santo”. Simão Pedro, na casa de Cornélio disse: “Vós conheceis o que
aconteceu por toda a Judéia... depois do batismo pregado por João: como Deus
ungiu com seu Espírito Santo e com poder Jesus de Nazaré” (At 10,37s).
O “sacramento” do Espírito de santidade e da consagração era já desde os
tempos do sacerdócio antigo, “um perfume composto segundo a arte do perfumador” (Ex 30,34-38). Assim é ainda agora na Igreja. Um perfume ou o santo óleo
do batismo e da confirmação; perfume que serve igualmente para a consagração
dos vasos sagrados e, em certas Igrejas do Oriente, dos recém-casados.
67
O Espírito Santo e Jesus
Jesus de Nazaré é aquele que vem com o Espírito Santo e o traz como peculiar
de sua própria pessoa, para infundi-lo através de sua humanidade: “Ele vos batizará no Espírito Santo”. Jesus anuncia sua vinda como de um “outro Consolador”,
o qual, sendo o Espírito da Verdade, guiará os Apóstolos e a Igreja “a toda a verdade”. Isto se realizará em virtude da particular comunhão entre o Espírito Santo e
Cristo: “receberá do que é meu para vo-lo anunciar” (Jo 16,14). É Ele o Espírito da
verdade, o Paráclito enviado por Cristo ressuscitado para nos transformar e fazer
de nós a sua própria imagem de ressuscitado.
É Ele Que Nos Leva ao Filho, ao Pai.
“Consumada a obra que o Pai tinha confiado ao Filho sobre a terra” (Jo 17,4),
no dia de Pentecostes foi enviado o Espírito Santo para santificar continuamente
a Igreja, e, assim os que viessem a acreditar tivesse, mediante Cristo, acesso ao Pai
num só Espírito” (Ef 2,18).
Existe uma oração na Igreja que se chama: Veni Creator. Esta oração contém
o seguinte trecho: “Revelai-nos o Pai, o Filho e também vós, Espírito comum aos
dois, fazei-nos sempre crer em vós”. A missão do Paráclito é justamente a de revelar aos fiéis o Mistério Trinitário.
Alguns trechos de Mercenier das pág. 361 a 379 nos dizem o seguinte: “A força do Espírito Santo que desceu sobre nós confirmou os fiéis no conhecimento da
Trindade que nos fortifica...”
“O Pai é luz; o Verbo é luz; também é luz o Espírito Santo que foi enviado
sobre os Apóstolos sob a forma de línguas de fogo; é por meio dele que o Pai é
conhecido, que o Filho é glorificado, e que a todos os homens se torna conhecido
um só poder, uma só substância, uma só adoração da Santíssima Trindade”.
2 – O ESPÍRITO SANTO REVELA O PECADO
Noção de Pecado
O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta
ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego
perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. Foi definido como “uma palavra, um ato ou um desejo contrário à lei eterna”.
É uma ofensa contra Deus, ergue-se contra o amor de Deus por nós e desvia
Dele os nossos corações.
“Amor de si mesmo até o desprezo de Deus”.
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O Perdão Pela Força do Espírito Santo
“Se dissermos: ‘Não temos pecado’, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. se confessarmos nossos pecados, Ele, que é fiel e justo, perdoará nossos pecados e nos purificará de toda injustiça” (1Jo 1,8-9).
Em Deus, o espírito que é amor faz com que a consideração do pecado humano se traduza em novas dádivas do amor salvífico. Se o pecado, rejeitando o
amor, gerou o “sofrimento” do homem que, de algum modo, se estendeu a toda a
criação, o Espírito Santo entrará no sofrimento humano e cósmico com uma nova
efusão de amor, que redimirá o mundo.
A Conversão
O “converter quanto ao pecado, por parte do Espírito Santo, torna-se um manifestar-se diante da criação” submetida à caducidade e, sobretudo no mais íntimo
das consciências humanas, que o pecado é vencido pelo sacrifício de Jesus.
A conversão é o caminho de volta para o Pai.
A conversão requer que se lance lua sobre o pecado, contém em si mesma o
julgamento interior da consciência.
Pode-se ver nisso a prova da ação do Espírito de verdade no mais íntimo do
homem, e isso se torna ao mesmo tempo o início de um novo Dom da graça e do
amor. “Recebei o Espírito Santo”. Assim, nesta ação de “lançar luz sobre o pecado”
descobrimos um duplo Dom: o Dom da verdade da consciência e o Dom da redenção. O espírito de verdade é Consolador.
3 – OS DONS DO ESPÍRITO SANTO EM SUAS MANIFESTAÇÕES NA VOCAÇÃO
O Espírito Santo – Fonte de Deus
Os dons do Espírito Santo são sete: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus.
“Como podemos pensar no Espírito Santo sem pensar imediatamente no Ser
Supremo... no Ser Infinito, imutável, com quem nenhuma criatura pode comparar?” (S. Basílio).
Deus é amor (1Jo 4,8), amor essencial. Podemos dizer que no Espírito Santo a
vida íntima de Deus Uno e Trino se torna totalmente Dom, permuta de amor recíproco entre as pessoas divinas. O Espírito Santo é o Amor e Dom enquanto dádiva
em relação às criaturas (Dom criado).
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“O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que
nos foi dado” (Rom 5,5).
Os Dons na Vocação Pessoal
Em plenitude pertencem a Cristo, Filho de Davi. Completam e levam à perfeição as virtudes daqueles que os recebem. Tornam os fiéis dóceis ‘as inspirações
divinas’.
“Que teu bom espírito me conduza por uma terra bem aplanada” (Sl 143,10).
“Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus...
Filhos, portanto, herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo”(Rom 8,1417)
Os Dons Estão a Serviço do Outro e da Identificação Pessoal e Edificação
da Igreja
Abrem-se as portas do Cenáculo e os Apóstolos dirigem-se aos habitantes
peregrinos, que tinham vindo a Jerusalém por ocasião da festa, para dar testemunho de Cristo com o poder do Espírito Santo. E assim disse realiza o anúncio de
Jesus: “Ele dará testemunho de mim: e também vós dareis testemunho de mim,
porque estivestes comigo desde o princípio”(Jo 15,26).
“Sem dúvida que o Espírito Santo já agia no mundo, antes ainda que Cristo
fosse glorificado. Contudo, foi no dia de Pentecostes que desceu sobre os discípulos, para permanecer com eles eternamente” (Jo 14,16); e a Igreja já apareceu
publicamente diante da multidão e teve o seu início a difusão do Evangelho entre
os pagãos, através da pregação”. (Ad Gente).
A Vivência da Caridade
A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas, por si mesmo, e ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus.
Jesus fez da caridade o novo mandamento. Amando os seus “até o fim” (Jo
13,1), manifesta o amor que recebe do Pai. Fruto do Espírito Santo e plenitude da
lei a caridade guarda os mandamentos de Deus e de seu Cristo: “permanecei em
meu amor. Se observais os mandamentos, permanecereis no meu amor” (Jo 15,910). O Senhor exige que amemos como ele as crianças e os pobres.
O Apóstolo São Paulo traçou um quando incomparável da caridade em I Cor
13,4-7, e ainda “se não tivesse caridade, nada seria...” “e tudo o que é privilégio,
serviço e mesmo virtude...” “Se não tivesse caridade, isso nada me adiantaria” (I Cor
13,1-4).
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O Espírito e a Missão
Não existe envio do Espírito Santo (depois do pecado original) sem a cruz e a
ressurreição: “Se eu não for, não virá a vós o Consolador” (Jo 16,20). Estabelece-se
também uma íntima ligação entre a missão do Espírito Santo e a missão do filho
na Redenção. Esta missão do filho, num certo sentido, tem o seu “cumprimento” na
Redenção. A missão do Espírito Santo “vai haurir” algo da Redenção: “Ele receberá
do que é meu para vo-lo anunciar” (Jo 16,15). A Redenção é totalmente operada
pelo Filho, como o Ungido, que veio e agiu com o poder do Espírito Santo, oferecendo-se por fim em sacrifício supremo no madeiro da cruz. E esta Redenção, ao
mesmo tempo, é constantemente operada nos corações e nas consciências humanas na história do mundo – pelo Espírito Santo, que é o “outro Consolador”.
4 – OS FRUTOS DO ESPÍRITO SANTO
A Vida Segundo o Espírito Santo
A vida moral dos cristãos é sustentada pelos dons do Espírito Santo.
A vocação da humanidade consiste em manifestar a imagem de Deus e ser
transformada à imagem do Filho único do Pai pelo Espírito Santo.
É grato para nós tomar consciência cada vez mais viva do fato de que, dentro
da ação desenvolvida pela Igreja na história da salvação, inscrita na história da salvação da humanidade, está presente e a agir o Espírito Santo, aquele que anima
com o sopro da vida divina, a peregrinação terrena do homem faz convergir toda
criação, toda História, para o seu terno último no oceano infinito de Deus.
O Que Interessa na Vida Cristã é Dar Frutos
A pessoa humana tem necessidade de vida social. Esta não constitui para ela
algo acrescentado, mas é uma exigência de sua natureza. Mediante o intercâmbio
com seus irmãos, o homem desenvolve as próprias virtualidades; responde assim
a sua vocação.
Uma sociedade é um conjunto de pessoas ligadas de maneira orgânica por
um princípio de unidade que ultrapassa cada uma delas. Assembléia ao mesmo
tempo visível e espiritual, uma sociedade perdura no tempo: ela recolhe o passado
e prepara o futuro. Por ela cada homem é constituído “herdeiro”, recebe “talentos”
que enriquecem sua identidade e com os quais deve produzir frutos. Com justa
razão deve cada qual dedicar-se às comunidades encarregadas do bem comum.
Os Frutos do Espírito – Gl. 5,22 E 55
Os frutos do Espírito são perfeições que o Espírito Santo modela em nós como
71
primícias da glória eterna. A Tradição da Igreja enumera doze: “caridade, alegria,
paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência e castidade”.
5 – MARIA, O “SIM” À AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO.
Plena do Espírito Santo
A vida de Maria sobre a terra é um maravilhoso conjunto de todos os privilégios da natureza e da graça, de todas as prerrogativas e dignidades. Foi o Espírito
Santo que lhe deu a graça, a formosura e a nobreza que a adornam e que depositou em seu coração os tesouros da ciência e bondade para que o Salvador encontra-se nela uma mãe. A vida de Maria é incontestavelmente a maior maravilha
que podemos admirar em uma simples criatura; e toda essa maravilha é um Dom,
uma prova do poder e bondade do Espírito Santo (Pe. Maurício Mescler – “O Dom
de Pentecostes”).
Achaste Graça Diante de Deus
Maria é cheia de graça porque o Senhor está com ela. A graça com ela é
cumulada é a presença daquele que é a fonte de toda graça. “Alegra-te filha de
Jerusalém... o Senhor está no meio de ti” (Sf. 3,14s). Maria em quem vem habitar
o próprio Senhor, é em pessoa a filha de Simão, a Arca da Aliança, o lugar onde
reside a glória do Senhor: ela é a morada de Deus entre os homens” (Ap 21,3).
“Cheia de graça” e toda dedicada àquele que nela vem habitar a que ela vai dar ao
mundo.
A Sombra do Altíssimo Te Cobrirá
O Concílio no-lo diz: “A Santíssima Virgem... envolvida pela sombra do Espírito Santo... deu à luz o Filho, que Deus estabeleceu como primogênito entre
muitos irmãos” (Rom 8,29), isto é entre os fiéis, em cuja regeneração e formação
ela coopera com amor materno”. Ela, pelas suas graças e funções singulares... está
intimamente unida à Igreja, contemplando a sua misteriosa santidade e imitando
sua caridade... torna-se também ela mãe”.
E Ela Concebeu do Espírito Santo
Maria é convidada a conceber àquele que habitará “corporalmente a plenitude da divindade” (Cl 2,9).
A resposta divina à sua pergunta “como se fará isto, se não conheço homem
algum?” (Lc 1,34) é dada pelo poder do Espírito Santo: “O Espírito Santo virá sobre
ti” (Lc 1,35).
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O Espírito Santo é enviado para santificar o seio da Virgem Maria. Com efeito,
o nascimento de Cristo “não lhe violou, mas sagrou a integridade virginal da sua
mãe”.
Bendita Entre as Mulheres, da Anunciação a Cruz
O papel de Maria com a Igreja é inseparável de sua união com Cristo, decorrendo diretamente dela. “Esta união de Maria com seu Filho na obra da salvação
manifesta-se desde a hora de sua concepção virginal até a sua morte” (LG 57).
A virgem avançou na sua peregrinação de fé, manteve fielmente sua união
com o Filho até a cruz, onde esteve presente não sem desígnio divino, sofreu intensamente junto com seu unigênito. E com ânimo materno se associou ao seu
sacrifício, consentindo com amor na imolação da vítima por ela gerada.
6 – O ESPÍRITO SANTO MOVENDO PARA A AÇÃO E O SERVIÇO
A Igreja/Preparação é Origem
O tempo da Igreja teve início com a “vinda”, isto é com a descida do Espírito
Santo sobre os Apóstolos, reunidos no Cenáculo com Maria.
“Sem dúvida que o Espírito Santo já agia no mundo, antes ainda que Cristo fosse glorificado. Contudo, foi no dia de Pentecostes que ele desceu sobre os
discípulos, para permanecer com eles eternamente (Jo 14,16); e a Igreja apareceu
publicamente diante da multidão e teve o seu início a difusão do Evangelho entre
os pagãos, através da pregação (Ad Gentes, 4).
O Espírito Santo – Quem Move
Com a vinda do Espírito Santo, eles sentiram-se capazes de cumprir a missão
que lhes fora confiada. Sentiram-se cheio de fortaleza. Foi isso precisamente que o
Espírito Santo operou neles; e é isto que ele continua a operar na Igreja, mediante
os seus sucessores.
* ANÚNCIO * ESCOLHA
Meditar e explanar At 2,1-23 Meditar e explanar At 1,15-26
* SERVIÇO * COMUNHÃO
Editar e explanar At 6,1-7 Meditar e explanar At 2,42s
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BIBLIOGRAFIA
Catecismo da Igreja Católica
Carta Encíclica: Dominum et vivificantem
João Paulo II - O sopro do Espírito de Deus
D. T. Maertens, OSB
O Dom de Pentecostes
Maurício Meschler, SJ
ORAÇÃO VOCACIONAL
“Senhor da messe e pastor do rebanho,
faz ressoar em nossos ouvidos teu forte e suave convite: “Vem e segue-me”!
Derrama sobre nós o teu Espírito, que Ele nos dê sabedoria para ver o caminho
e generosidade para seguir tua voz.
Senhor, que a messe não se perca por falta de operários.
Desperta nossas comunidades para a missão.
Ensina nossa vida a ser serviço.
Fortalece os que querem dedicar-se ao Reino, na vida consagrada e religiosa.
Senhor, que o rebanho não pereça por falta de pastores.
Sustenta a fidelidade de nossos bispos, padres e ministros.
Dá perseverança a nossos seminaristas.
Desperta o coração de nossos jovens para o ministério pastoral em tua Igreja.
Senhor da messe e pastor do rebanho, chama-nos para o serviço de teu povo.
Maria, Mãe da Igreja, modelo dos servidores do Evangelho, ajuda-nos a
responder SIM.
Amém.
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SERVIÇO DE ANIMAÇÃO VOCACIONAL
ARQUIDIOCESE DE MANAUS
Pe. Ronaldo - (92) 98181-6257 / 3644-3505
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