MAIORIA DAS EMPRESAS AINDA RESISTE EM CONTRATAR PROFISSIONAIS COM MAIS DE 40, DIZ PESQUISA Salários elevados, perfil conservador e pouco respeito à gestão dos mais jovens foram os entraves apontados para a contratação de trabalhadores maduros (Por O Globo) RIO — Pesquisa aponta que a maioria das empresas (62,2%) ainda resiste em contratar trabalhadores com mais de 40 anos. Os dados mostram que a maioria das empresas (89,4%) contrata profissionais nessa faixa etária, sim, porém com baixa frequência e principalmente para cargos de gestão e alta gestão. Já para preencher cargos técnicos e operacionais e mesmo de analistas, os trabalhadores maduros são contratados menos frequentemente. O levantamento “Mercado de trabalho para profissionais de 40 anos” foi realizado pelo site Vagas.com. Fatores como salários elevados, perfil conservador e pouco respeito à gestão dos mais jovens foram alguns dos maiores entraves apontados no levantamento que impediriam a contratação desse profissional mais experiente. — As empresas continuam contratando profissionais dessa faixa etária, mas para posições mais estratégicas. Como o perfil desse trabalhador normalmente é mais qualificado, nem sempre há vagas para atender a esse tipo de demanda — observa Fabíola Lago, da equipe de Comunicação do Vagas.com, que encomendou a pesquisa. O estudo envolveu dois públicos: empresas contratantes (426 respondentes) e os próprios profissionais — 1.594 entrevistados, predominantemente do sexo masculino (77,2%), a maioria na faixa dos 40 aos 49 anos (65,4%), pós-graduados (52,6%) e com filhos (74,2%) — para compreender sua empregabilidade no cenário atual. — Os resultados mostram duas visões quase antagônicas sobre critérios de seleção e contratação — diz Rafael Urbano, da equipe de Inteligência de Negócios, que coordenou o estudo. Entre as barreiras verificadas para se contratar profissionais na faixa dos 40, mais da metade (56,1%) acredita que a remuneração mais alta é um impeditivo. Dos demais obstáculos que mais foram mencionados no levantamento, aparecem: possuem um perfil mais conservador (40,6%), não respeitam as lideranças mais jovens (30,5%), perfil pouco inovador (26,5%), idade (23%) e conhecimento técnico defasado (19,7%). Outro dado que mostra a preferência das empresas por pessoas mais jovens é quando há uma disputa com profissionais mais maduros. Os mais novos têm a preferência de 56,7% dos entrevistados em um processo seletivo ante 43,3% da turma dos 40. Por outro lado, quando perguntadas sobre para quais tipos de cargos as empresas procuram profissionais “quarentões”, os representantes dessas companhias priorizam para vagas de gestão (77,7%), especialistas e consultores (68%), alta gestão (58%), operacional (40,9%), analistas (32%), cargos técnicos (25,5%), outros (7,6%) e estagiário/ auxiliar (6,8%). A pesquisa também conseguiu identificar quais são as vantagens de se contratar profissionais acima de quarenta anos. Das respostas que tiveram maior percentual, aparecem: maturidade (81,4%), experiência de mercado (80,1%), conhecimento técnico (70,1%), experiência de vida (69,1%), mais comprometimento (58,5%), equilíbrio emocional (57,5%) e mais fidelidade à empresa (45,4%). E o que dizem os profissionais acima de 40 anos Um dado que chamou a atenção foi a sensação desses candidatos em relação ao mercado de trabalho. Quando questionados sobre os desafios para quem está nessa faixa etária, o item que prevaleceu foi preconceito das empresas (59,8%). Em seguida, aparece aceitar salários mais baixos para não perder a oportunidade (43,9%), omitir verdadeira qualificação para não perder a oportunidade (14,4%) e fazer pósgraduação, MBA, mestrado (14,2%). Mais abaixo também foram mencionados acompanhar o ritmo das mudanças tecnológicas (8%), adaptar-se às grandes mudanças no mercado ou empresa (7,6%), ter mais conhecimento técnico (7,2%), desenvolver competências comportamentais (7,1%) e trabalhar com profissionais mais jovens (6,6%). Publicidade A pesquisa também procurou conhecer o grau de valorização desse profissional. Os que se sentem pouco ou nada valorizados somam 34,4%. Os valorizados ou muito valorizados são 49,2%. Na hora de procurar por um emprego, cerca de três em cada quatro profissionais quarentões (72,6%) disseram que o mercado está “muito difícil” ou “difícil”. E se procurar por uma nova oportunidade não está fácil, mudar de profissão seria uma boa alternativa? Para 26,3%, atuar em outra área valeria a pena. Outros 14,1% revelaram que pretendem abrir um negócio próprio. Quase metade (46,2%) não pretende mudar de profissão, enquanto 10,2% disseram que vão continuar fazendo a mesma coisa. A maioria dos entrevistados (60,9%) está trabalhando, mas procura uma oportunidade de emprego melhor. Aqueles que não trabalham e querem se recolocar no mercado somam 32,6%.