UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE “ GESTÃO DO CONHECIMENTO Claudia Maria Dos Santos Moura Orientador Prof. Mestre Robson Materko RIO DE JANEIRO FEVEREIRO / 2001 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE” GESTÃO DO CONHECIMENTO Claudia Maria Dos Santos Moura Orientador Prof. Mestre Robson Materko Trabalho monográfico apresentado como Requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialista em Reengenharia e Gestão em Recursos Humanos. RIO DE JANEIRO FEVEREIRO/ 2001 Agradecimentos Agradeço a todos os meus amigos e ao meu professor, orientador que durante esses meses, contribuíram de forma significativa dessa monografia. na elaboração Dedicatória Dedico este meu trabalho a minha família, principalmente a meus queridos pais, aos meus avôs Juca e Eliza que em outra dimensão espiritual me confortaram, a minha tia Irani e ao meu marido que me deram forças para que eu pudesse chegar ao final dessa missão. “O conhecimento é a capacidade, que o ser humano possui, de mudar sua vida a partir do pensamento, e esta capacidade foi sempre fundamental à existência humana, uma vez que ela permite mudar rapidamente padrões individuais e sociais, de modo a adaptar-se às mudanças ambientais”. (Castro D. M., Unicamp, 1995) Sumário Introdução ............................................................................ 08 1- Organizações que aprendem............................................ 10 2 – Criação do Conhecimento Organizacional .................. 14 2.1 – Conhecimento Tácito e Conhecimento Explícito........ 16 4 - As Leis da Quinta Disciplina............................................. 20 5- Gestão do Conhecimento ,Capital Humano: Vantagem Competitiva ............................................................................ 27 Conclusão ................................................................................ 31 Referências Bibliográficas..................................................... 32 Resumo Resumo Organizações que aprendem são organizações que sabem valorizar o conhecimento de seus funcionários para o seu próprio benefício bem como para os que nela trabalham . Nos dias de hoje, onde usá-la cabe à organização valorizar e estimular seus funcionários a difundir os próprios conhecimentos aos seus companheiros de trabalho e expandir cada vez mais os seus. Por se tratar de um tema atual, criou– me interesse em pesquisar , através de artigos, noticiários e livros . Será abordada a Gestão do Conhecimento mostrando como a informação foi sendo utilizada na história e como é vista atualmente pelas organizações. utilizando-se o pensamento sistêmico como uma disciplina, onde existem vários tipos de compensação , reforço e equilíbrio. O que são as organizações que aprendem, onde os conhecimentos pessoais entram para contribuir na formação de uma empresa que aprende , como desenvolver seu domínio pessoal dentro da empresa e com esta deve estimular seus funcionários a crescer . Liderar uma organização que aprende requer certas características, por esta razão devem-se dar valor ao líder como gerente , como projetista e com um professor. Já a questão da falta de tempo , deve ser vista com muita cautela pelos gerentes e o conhecimento individual deve ser reconhecimento pelas organizações. É fundamental estimular o aprendizado e difundi-lo para benefício da organização que competem no mercado mundial. Introdução “Reparta o seu conhecimento. É uma forma de alcançar a imortalidade.” Dalaí Lama (s/d) São muitos os sinais de que o conhecimento se tornou o recurso econômico mais importante para a competitividade das empresas e dos países. Este trabalho se preocupa em discutir vários elementos constituintes da Gestão do Conhecimento no ambiente empresarial e avaliá-los, de forma exploratória, no contexto das empresas que atuam no Brasil. Para melhor fundamentar esta discussão analisa-se a literatura que trata dos processos individuais e coletivos relacionados à criatividade, ao aprendizado e à importância do conhecimento tácito e da intuição. Em seguida, são avaliadas várias dimensões da prática gerencial e da organização do trabalho que facilitam e/ou estimulam os processos de geração, difusão e apropriação de conhecimento no ambiente empresarial. Entre as dimensões analisadas, encontram-se: o papel da alta administração, a cultura organizacional, as características da estrutura organizacional, as políticas de administração de recursos humanos, os sistemas de informação, as práticas de mensuração e divulgação de resultados e os processos de aprendizado por meio de alianças com outras empresas. A partir das conclusões sobre as melhores práticas em cada uma destas dimensões, existência de três grupos de empresas : Empresas que Aprendem; Empresas Tradicionais e Pequenas Atrasadas. O primeiro grupo, as Empresas que Aprendem, é constituído pelas empresas que apresentaram o maior grau de aderência às práticas selecionadas de Gestão do Conhecimento e também a maior tendência a terem um desempenho empresarial superior, medido pela posição de mercado e, principalmente, pelo ganho recente de market share. Verifica-se, que este grupo apresenta uma maior concentração de empresas estrangeiras e de grande porte, assim como empresas com maior envolvimento com o mercado externo e atuando em setores de ponta. O segundo grupo, as Empresas Tradicionais, em que comparação com aquelas do primeiro grupo, apresentam menor aderência às práticas selecionadas de Gestão do Conhecimento, vêm tendo um desempenho recente não tão favorável,apresentando menor comprometimento com o mercado externo, além de apresentarem capital predominantemente nacional (privado e estatal). O terceiro Grupo, as Pequenas Atrasadas, inclui empresas com baixo grau de adesão às práticas associadas à "Gestão do Conhecimento". Estas se caracterizam de maneira oposta às empresas do primeiro grupo, terem capital predominantemente nacional, serem as empresas que indicaram menor ganho recente de market share, colocarem-se, com maior freqüência, em terceiro lugar ou inferior em termos de posição de mercado e não exercerem atividade exportadora. As conclusões do trabalho sugerem que as práticas gerenciais, que foram relacionadas a uma efetiva Gestão do Conhecimento e, conseqüentemente, ao estímulo ao aprendizado, à criatividade e à inovação no contexto organizacional, estão fortemente associadas a melhores desempenhos empresariais. Neste sentido, constituem-se como particularmente relevantes as seguintes práticas gerenciais: liderança e cultura voltada para a experimentação, para a inovação e para a busca de grandes desafios; trabalho em equipes multidisciplinares; criação de diferentes oportunidades para o estabelecimento de contatos pessoais como forma de desenvolver, difundir e assimilar o conhecimento tácito dos funcionários; acesso generalizado à informação e ao conhecimento organizacional; estímulo à diversidade e ao desenvolvimento pessoal e profissional; e, finalmente, ampla inserção individual e organizacional no ambiente externo à organização. Organizações Que Aprendem “Seja em pesquisa e desenvolvimento, na gerência da empresa ou em qualquer outro aspecto do negócio, a força ativa é “pessoas”. E pessoas têm vontade própria, mente própria e uma forma de pensar própria. Se os próprios funcionários não estiverem suficientemente motivados a questionar as metas de crescimento e o desenvolvimento tecnológico... simplesmente não haverá crescimento, ganho de produtividade ou desenvolvimento tecnológico”. Peter Senge (1998) O aprendizado é o processo através do qual as organizações adquirem, inovam ou disseminam o conhecimento . Logicamente, este é um processo normal e amplamente praticado nas empresas. Porém, é na maioria das vezes contingêncial, raramente planejado e administrada de forma a ocorrer na hora certa e de maneira organizada ,concomitantemente com os objetivos da organização. Segundo Kim (1993,apud Robbins,2000,p.476), “uma organização que aprende é uma organização que desenvolveu a capacidade contínua para adaptar-se e mudar”. Tal como os indivíduos aprendem, o mesmo acontece com as organizações. “Todas as organizações aprendem, quer escolham conscientemente ou não, sendo um requisito fundamental para a continuidade de sua existência”. Já Kofman (1993,apud Robbins ,2000,p.77) estabelece que: “Os proponentes da organização que aprende a encaram como remédio para os três problemas fundamentais inerentes às organizações tradicionais:fragmentação,competição e imediatismo. O primeiro problema, a fragmentação baseada na especialização cria “paredes” e “chaminés” que separam funções diferente em feudos independentes e freqüentemente em guerra. O s membros da equipe gerencial competem entre si para mostrar que tem razão, quem sabe mais ou é mais convincente. As divisões competem entre si quando deveriam cooperar para compartilhar conhecimento. O terceiro , o imediatismo, desvia a atenção da administração para a resolução de problemas tenta desfazer-se de alguma coisa, ao passo que o criador tenta fazer alguma coisa nova para existência. Uma ênfase no imediatismo afasta a inovação e a melhoria contínua, em seu lugar, incentiva as pessoas a correrem para apagar incêndios”. Existem três tipos de aprendizado organizacional: aprender como melhorar o conhecimento existente ; aprender a criar um novo conhecimento e disseminar ou transferir o conhecimento para outras áreas da organização. O aprendizado organizacional assim como o aprendizado individual, ocorre em quatro estágios : compreensão, conscientização ,ação e análise. Essas tarefas coletivas, indicam o desafio de se criar uma organização que aprende, uma vez que implicam em uma melhoria significativa na qualidade dos relacionamentos e em uma comunicação eficaz , que deve ser franca e direta. O processo de aprendizagem organizacional possui formas distintas: o processo que leva à reflexão, chamado do ciclo “aprender” e o processo que leva à ação, chamado de ciclo “aprender-agir”. Embora ambos possam acontecer no mesmo momento, o primeiro é aquelas aonde as pessoas buscam novas maneiras de aprender, novas maneiras de colocar este aprendizado em prática ou de mudar os processos atuais. Já o ciclo “aprender-agir” é aquelas aonde as pessoas fazem uso de um conhecimento adquirido na prática. “Nenhuma organização que aprende se constrói da noite para o dia. O sucesso emana de atitudes cultivadas com zelo, de comprometimento e de processos gerenciais que acumulem resultados gradualmente e com firmeza . O primeiro passo é promover um ambiente propício ao aprendizado” (David A. Gavin, p. 51). As organizações que aprendem são particularmente hábeis no aprendizado do conhecimento organizacional, e para tanto utilizam práticas diferenciadas que proporcionam “insights” para os diversos grupos, criando uma participação ampla na geração do conhecimento e na produção de mudança. Podemos dizer então, que nessas organizações o aprendizado é intencional, eficaz e coerente ao objetivo e à estratégia da organização; é oportuno, pois prevê ameaças, desafios e oportunidades; as pessoas se consideram capazes de agregar continuamente novas formas de criar resultados, tornando a organização mais flexível e ágil ao lidar com as incertezas e assim, as mudanças caminham ao lado do aprendizado. A responsabilidade de criar a visão do conhecimento é função da alta gerência. É ela quem deve capacitar os colaboradores de uma empresa a terem um senso de direcionamento que os tornem aptos a compreender a importância das tarefas que desenvolvem dentro da organização. Através deste processo, consegue-se obter um nível de comprometimento superior de cada indivíduo com seu cargo e sua empresa, bem como o aumento de sua realização pessoal. Dentro deste conceito, cria-se melhores condições para que as pessoas expressem seus pontos de vista, idéias e intuições, o que muitas vezes podem render valiosos “insights” para a empresa, resultando na geração do conhecimento. Este é o modelo que contraria a empresa que limita o ser humano a simplesmente desempenhar suas rotinas diárias de maneira sistemática, e em muitos casos quase que roboticamente. As organizações que funcionam desta maneira não abrem espaço para que seus colaboradores “descubram” seus verdadeiros talentos e dons, desperdiçando recursos e diminuindo seu grau de realização pessoal, à medida que estes percebem que o sistema apresenta- se inteiramente fechado às novas propostas. Para o desenvolvimento de um senso de compromisso com a empresa também é preciso que o conhecimento já existente não seja transmitido de uma maneira “engessada” inflexivel, ou seja, nunca afirmando que seja realmente correto e definitivo. Uma pequena janela que se abre para a dúvida pode instigar as pessoas a correrem atrás de um novo desafio: encontrar uma nova maneira de se executar velhas rotinas, por exemplo. Gerou-se então um aprimoramento nos processos organizacionais, que pode ser convertido em vantagem competitiva para a organização. Este tema passa a ter cada vez mais relevância, tanto que muitas empresas já desenvolvem métodos para mensurar a quantidade e qualidade das informações que a alta gerência passam para outros membros, tanto internos quanto externamente a companhia. Cada vez mais é necessário que todos, mas fundamentalmente a alta direção , tenha consciência de que não se pode desperdiçar o potencial latente de se criar conhecimento existente dentro de cada mente, sem discriminação hierárquica . Criação do Conhecimento Organizacional “Gestão do Conhecimento é, em seu significado atual, um esforço para fazer com que o conhecimento de uma organização esteja disponível para aqueles que dele necessitem dentro dela, quando isso se faça necessário, onde isso se faça necessário e na forma como se faça necessário, onde isso se faça necessário e na forma como se faça necessário, com o objetivo de aumentar o desempenho humano e organizacional”. Terra 2000 A abordagem da filosofia ocidental ao conhecimento está relacionada com o modo que os teóricos organizacionais tratam o conhecimento. A divisão cartesiana entre sujeito e objeto, conhecedor e conhecido, geraram uma visão da organização como mecanismo para processamento de informações, onde a organização processa informa a partir do ambiente externo, para se adaptar a novas circunstâncias. Esta visão é eficaz ao explicar como as organizações funcionam, mas não explica a inovação. Quando as organizações inovam, criam novos conhecimentos e informações, de dentro para fora, a fim de redefinir tanto os problemas quanto às soluções, recriando o seu meio. Precisamos de uma nova teoria da criação do conhecimento organizacional, que sistematize relações, esclareça os seus vínculos , avalie seus resultados e aplicações para explicar a inovação, bastante diferente da abordagem ocidental tradicional. O ponto fundamental desta teoria é a distinção entre o conhecimento tático e o explícito. O segredo para a criação do conhecimento está na mobilização e conversão do conhecimento tático. Como esta teoria tem sua preocupação com a criação do conhecimento organizacional e não individual estará preocupada com os níveis de entidades criadoras do conhecimento (grupal, individual,organizacional e interorganizacional), tendo sua própria ontologia. Esta teoria tem as duas dimensões epistemológicas e ontológicas da criação do conhecimento. Nessa fusão, surge a espiral da criação do conhecimento, que surge quando ocorre a interação entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. O conhecimento é a capacidade das pessoas de desempenhar nas empresas, as mais diversas tarefas . Todas os profissionais que trabalham em uma empresa possuem o chamado conhecimento organizacional que é a capacidade de realizarem coletivamente tarefas que não seriam capazes de realizar isoladamente. O conhecimento pode ser explícito ou tático. É considerados explícitos aquele conhecimento que está documentado através de manuais, procedimentos escritos, arquivos de computador, desenhos técnicos, etc... Já o conhecimento tático é aquele que não está documentado e depende da capacidade individual, incluindo o instinto, a compreensão e a capacidade analítica. Deve-se notar que os dois tipos de conhecimento são importantes para as organizações pois eles se completam, sendo que o conhecimento tácito é fundamental para que o conhecimento explícito seja colocado em prática de maneira adequada e eficiente. Conhecimento Tácito e Conhecimento Explicito O conhecimento tácito e o conhecimento explícito são mutuamente complementares, eles não são entidades totalmente separadas, interagem uns com as outras e realizam trocas nas atividades criativas dos seres humanos . O ser humano é criado dentro de uma atmosfera onde se expande e se integra ao meio social. Essa interação é chamada de conversão social e é através dessa conversão que o conhecimento tácito e explícito se difundem tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. Existem quatro posturas distintas de conversão do conhecimento partindo-se do princípio que o conhecimento é criado pelo meio de interação entre o conhecimento tácito e o explícito. Socialização é o processo de compartilhamento de experiências e, a partir , da criação do conhecimento tácito, como modelos mentais ou habilidades técnicas compartilhadas. A combinação do conhecimento explícito com o explícito é um processo de sistematização de conceitos em sistema de conhecimento. Esse modo de conversão do conhecimento envolve a combinação de conjuntos diferentes de conhecimento explícito. Os indivíduos trocam e combinam conhecimentos através de meios como documentos reuniões, conversas ao telefone ou redes de comunicação computadorizadas. As reconfigurações existentes através da classificação, do acréscimo, da combinação e da categorização do conhecimento explícito podem levar a novos conhecimentos. No contexto dos negócios, consta-se a conversão do conhecimento através da combinação, quando os gerentes de nível médio desmembram e operacionalizam visões empresariais, conceitos de negócios ou conceitos de produto. A gerência de nível médio desempenha um papel crítico na criação de novos conceitos através da rede de informações e conhecimentos codificados. N Kraft General Foods, fabricante de derivados do leito e alimentos processados, dados do sistema sobre varejistas nos pontos de venda são usados não apenas para descobrir o que vende e o que não vende, mas também para criar novas maneiras de vender, ou seja, novos sistemas de método de venda. A empresa desenvolveu um programa de marketing que faz uso intensivo das informações coletas. Na alta gerência da organização , o modo de combinação é realizado quando os conceitos intermediários são combinados e integrados a conceitos principais a fim de gerar um novo significado para estes últimos. A externalização do conhecimento tácito em conhecimento explícito consiste em um processo de articulação do conhecimento tácito em conceitos explícitos, bem como um processo de criação do conhecimento perfeito, na medida em que o conhecimento tácito se torna explícito, expresso na forma de metáforas, analogias , conceitos, hipóteses ou modelos. O modo de externalização da conversão do conhecimento é visto geralmente no processo de criação do conceito e é provocado pelo diálogo ou pela reflexão coletiva. A externalização é a chave para a criação do conhecimento, pois cria novos conceitos e explícitos a partir do conhecimento tácito. A eficácia e eficiência da conversão do conhecimento tácito em explícito esta relacionada com o uso da metáfora, analogia e modelo. O conhecimento tácito pode ser expresso na medida do possível pela metáfora. A metáfora é uma forma de perceber ou entender intuitivamente uma coisa imaginando outra simbolicamente. É também uma ferramenta importante para a criação de uma rede de novos conceitos. Esse processo criativo e cognitivo continua à medida que pensamos nas semelhanças entre os conceitos e sentimentos um desequilíbrio, contradição ou incoerência em suas associações, o que leva à descoberta de um novo significado ou à formação de um novo paradigma. Metáfora e analogia muitas vezes se confundem . A associação através da analogia é realizada pelo pensamento racional e concentra-se nas semelhanças estruturais entre as duas coisas, daí as diferenças. Por outro lado, a associação de duas coisas pela metáfora é motivada pela intuição e por imagens holísticas e não tem como objetivo encontrar diferenças entre elas. Desta forma, a analogia nos ajuda a entender o desconhecido através do conhecido e elimina a lacuna entre imagem e o modelo lógico. Os modelos são geralmente gerados a partir de metáforas quando são criados novos conceitos no contexto dos negócios. A internalização é o processo de incorporação do conhecimento explícito no conhecimento tácito. É intimamente ligado ao aprender fazendo. Quando são internalizadas nas bases do conhecimento tácito dos indivíduos sob a forma de modelos mentais ou know-how técnico compartilhado, as experiências através da socialização, externalização e combinação tornam-se ativos valiosos. No entanto, para viabilizar a criação do conhecimento organizacional, o conhecimento tácito acumulado precisa ser socializado com os outros membros da organização, iniciando assim nova espiral da criação do conhecimento. Para que o conhecimento explícito se torne tácito, são necessárias a verbalização e a diagramação do conhecimento sob a forma de documentos, manuais ou histórias orais. A documentação ajuda os indivíduos a internalizarem suas experiências, aumentando assim seu conhecimento tácito. Além disso, documentos manuais facilitam a transferências do conhecimento explícito para outras pessoas, ajudando-as a vivências indiretamente as experiências dos outros . A espiral do conhecimento tem como objetivo compartilhar o conhecimento tácito.Isoladamente contudo, constitui uma forma limitada de criação do conhecimento. A não ser que se torne explícito, o conhecimento compartilhado não pode ser facilmente alavancado pela organização como um todo. Além disso, a mera combinação de diferentes informações explícitas em um todo novo na realidade não amplia a base de conhecimento existente na empresa. Porém quando há interação do conhecimento explícito em conhecimento tácito, surge a inovação. A criação do conhecimento organizacional é uma interação contínua e dinâmica entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. Essa interação é moldada pelas mudanças entre diferentes modos de conversão do conhecimento que, por sua vez, são induzidos por vários fatores. Em primeiro lugar, o modo de socialização normalmente começa desenvolvendo um campo de interação. Esse campo facilita o compartilhamento das experiências e modelos mentais dos membros. O modo de externalização é provocado pelo diálogo ou pela reflexão coletiva significativos, nos quais o emprego do uma metáfora ajuda os membros da equipe a articularem o conhecimento tácito oculto, que de outra forma é difícil de ser comunicado. A modo de combinação é provocado pela colocação do conhecimento recém criado e do conhecimento já existente proveniente de outras seções da organização em uma rede . Os conteúdos do conhecimento interagem entre si na espiral de criação do conhecimento,gerando o compartilhamento desejos dos consumidores podendo do conhecimento sobre os transformar em conhecimento conceitual explícito sobre o conceito do novo produto . O conhecimento operacional baseado na experiência muita vezes dá origem a um novo ciclo de criação do conhecimento. As Leis da Quinta Disciplina Desde de cedo aprendemos a separar e dividir os problemas para facilitar a execução de tarefas e o tratamento de assuntos complexos. Com isso, freqüentemente deixamos de ver as conseqüências dos nossos atos e perdemos, também , o sentido de conexão com o todo maior. Precisamos resgatar a nossa capacidade de ver o mundo como um sistema de forças entrelaçadas e relacionadas entre si. Ao fazermos isso estaremos em condições de formar as organizações de aprendizagem. Nas quais as pessoas tomarão posições objetivas,aprenderão a criar os resultados desejados e a usar nos e elevados padrões de raciocínio. Enfim, onde as pessoas aprenderão continuamente a aprender em grupo. Se uma organização de aprendizagem fosse uma inovação no campo de engenharia, os seus componentes seriam chamados de “tecnologias” , mas como é uma inovação no campo do comportamento humano,seus componentes devem ser vistos como “disciplinas”. Disciplina, nesse contexto, significa um conjunto de teorias e técnicas que devem ser estudadas e dominadas para serem posta em prática. Para Peter Senge (1998) muitos dos problemas enfrentados nas empresas são decorrentes das ações tomadas para solucionar outros no passado. Se identificássemos isso, evitaríamos a perda de tempo buscando as causas dos impasses pelos quais estamos passando no momento. Como descobrir a causa , se as vendas de uma empresa caem vertiginosamente no mês? Simples, a grande promoção do mês passado fez com que os compradores habituais gastassem todas seus reservas com produtos em liquidação. Existe um processo para solução de problemas que parte do princípio de que quanto mais se é exigido, mais todos devem concentrar esforços para ajudar a tomar a melhor decisão possível. Mas sabe-se que pelo exemplo do feedback de compensação isto não funciona. Muitas empresas, quando percebem a queda nas vendas de um determinado produto, investem pesado em propaganda e baixam os preços. Isso pode solucionar temporariamente o problema, mas os gastos extraordinários fazem com que se deixe de investir na qualidade dos serviços como prazo de entrega e padrão de qualidade do produto. No futuro essa queda faz com queda faz com que os consumidores fiquem insatisfeitos e deixem de comprar. Assim quanto mais se vendem mais clientes se perde. O feedback de compensação causa um intervalo de tempo entre o beneficio em curto prazo e o prejuízo em longo prazo. Uma solução sempre parece maravilhosa quando cura os primeiros sintomas. As coisas podem melhorar, ou até o problema ser resolvido, mas depois de alguns anos ele pode voltar ou podem surgir novos problemas até piores. Como uma úlcera adquirida pelo excesso de comprimidos para dor de cabeça. As pessoas gostam de utilizar as soluções conhecidas para resolver seus problemas, optando por aquilo que conhecem melhor. As soluções nem sempre são fáceis de se encontrar, afinal se assim fossem outros já a teriam achado. Por isto, Senge (1998,p.92) afirma : “Insistir cada vez mais na busca de soluções familiares , deixando que os problemas básicos persistam ou se acentuem, é um indício claro de que o pensamento não – sistêmico está sendo adotado – o que chamamos freqüentemente, de síndrome de ö que precisamos aqui é um martelo maior”. A solução fácil ou familiar não é apenas ineficaz, mas perigosa, podendo criar dependências. Em longo prazo isso pode gerar a necessidade de doses cada vez maiores de “transferência de solução. responsabilidade A este fenômeno damos o nome de a um interventor”. Transfere-se a responsabilidade da solução de um problema para alguém como mais poder que nós, claro que tudo ficará resolvido no momento, mas após algum tempo estaremos menos aptos ainda a resolvê-lo. “O ritmo ideal para solução de problemas é muito lento do que o mais rápido possível“ diz Senge, (1998,p.94). Quando o crescimento se torna excessivo, o próprio sistema buscará compensá-lo , diminuindo o ritmo e , colocando em risco a sobrevivência da organização. Mas deve-se evitar temer a intervenção sistêmica para que isso não o impeça de agir, ou seja , não fazer nada, ao invés de tomar decisões que possam provocar um efeito contrário ou até piorar as coisas . Por traz de todos os problemas está uma característica fundamental dos sistemas humanos complexos: “causa” e “efeito” não estão próximos no tempo e espaço. Se existe um problema na linha de produção, costuma - se buscar a causa na produção. Para Senger (1998) a origem de nossas dificuldades não está na intensidade do problema nem nos adversários fortes, mas em nós mesmos. Existe uma grande diferença entre a natureza de uma realidade e o que pensamos a respeito dela . Para corrigir este engano devemos abandonar a idéia de que causa e efeitos estão próximos no tempo e espaço. Em geral a solução de um problema difícil é uma questão de descobrir onde está a maior alavancagem, uma mudança que , com o mínimo de esforço, resultaria em melhoria duradoura e significativa. O problema é que as mudanças de alavancagem não são óbvias para a maioria dos envolvidos no sistema, até que se entendam as forças que fazem parte desse sistema e que elas não estão “próximas no tempo e no espaço” dos sintomas óbvios do problema. Muitas vezes, dilemas complexos deixam de ser apenas dilemas e passam a ser resultado do raciocínio instantâneo, e não do pensamento baseado em processo, podendo ser visto de forma diferente quando se analisa coincidentemente a mudança em longo prazo . A verdadeira alavancagem consiste em ver como opções de escolha do tipo ou isto ou aquilo, podem ser transformadas ao longo do tempo. Ainda de acordo com Senge (1998) os sistemas vivos têm integridade , ou seja seu caráter depende de um todo. Mesmo nas organizações, para se resolver certos problemas gerenciais mais complexos é necessário ver o sistema inteiro responsável. Mas isto não é uma unanimidade, muitos problemas podem ser resolvidos analisando-se exclusivamente as áreas diretamente envolvidas. O chamado “princípio dos limites do sistema” consiste em examinar as interações mais importantes para o problema em questão, independentemente dos limites da organização. As organizações são projetadas de forma que dificulta a prática desse princípio, reforçando as divisões de empresa. Quando não conseguimos identificar o ponto de alavancagem de um determinado problema, a razão pode estar no fato de que este ponto encontra-se nas interações, que não são identificadas quando se analisa apenas a parte envolvida. Segundo Senge (1998,p.99): “o pensamento sistêmico é uma disciplina para ver o todo que pode ser maior que a soma das partes, é um quadro referencial para haver ação mútua, ao invés de eventos”. Nos dias de hoje pensamento sistêmico é mais necessário que nunca, pois nos tornamos cada vez mais desamparados diante de tanta complexidade. Talvez a humanidade possa, na atualidade, gerar mais informações do que o homem pode absorver, gerar uma interdependência muito maior do que o homem pode administrar e de acelerar as mudanças com uma velocidade muito maior do que o homem pode acompanhar. A complexidade pode minar a confiança e a responsabilidade, mas o pensamento sistêmico é o antídoto para essa sensação de impotência. O pensamento sistêmico é uma disciplina para se ver as estruturas subjacentes às situações complexas e para discernir entre mudanças de alta e de baixa alavancagem. Para isso o pensamento sistêmico nos oferece uma linguagem que começa com a reestruturação do modo como pensamos. O pensamento sistêmico é a pedra fundamental que determina como as organizações que aprendem pensam a respeito do seu universo. A realidade é constituída de círculos, mas nós vemos linhas retas. E é ai que começam nossas imitações ao raciocínio sistêmico. Isso se deve ao fato de que o pensamento é derivado de nossa linguagem, que é responsável pela formação da percepção. O que enxergamos depende do que estamos preparados para ver. No cotidiano usamos a palavra feedback no sentido de ter uma opinião a respeito de algo que fizemos , ou seja feedback positivo é algo encorajador, e negativo significa algo ruim.Já no pensamento sistêmico, feedback é um conceito mais amplo, tem o sentido de fluxo de influência recíproca ,uma vez que toda e qualquer influência é, ao mesmo tempo,causa e efeito jamais tendo um único sentido. Embora seja muito simples, o círculo de feedback derruba idéias extremamente fortes, como a casualidade e o antropocentrismo, além de complicar a ética da responsabilidade. Ao dominar o pensamento sistêmico, abandonamos a premissa de que existe um indivíduo ou agente individual responsável. A perspectiva de feedback sugere que todos compartilhem a responsabilidade dos problemas gerados por um sistema . Isso não quer dizer necessariamente que todos os envolvidos podem exercer o mesmo poder de engajamento a longo prazo ,modelos mentais para detectar as falhas na nossa maneira atual de ver o mundo para mudar o sistema . O aprendizado em grupo permite que as pessoas enxerguem além dos limites das suas perspectivas pessoais motivando-as a pesquisar continuamente suas ações . Devemos deixar de lado certos conceitos simplistas sobre causalidade e responsabilidade, que funcionam bem em certas ocasiões, mas que quando lidamos com problemas de complexidade dinâmica, passam a ser perda de tempo. Existem dois tipos distintos de processos de feedback: de reforço e de equilíbrio. Os processos de feedback de reforço (ou de ampliação) são os propulsores de crescimento. Já o feedback de equilíbrio (ou de estabilização) entra em ação sempre que existe um comportamento orientado para uma meta. Quando alguém faz parte de um sistema de feedback de reforço, pode não perceber como as pequenas ações podem evoluir transformando-se em grandes mudanças, para melhorar ou para pior. Ver o sistema permite influenciar seu funcionamento. Porém quando se está em um sistema de equilíbrio, busca-se a estabilidade , e estando de acordo com a meta do sistema, o indivíduo ficará satisfeito. Caso contrário, se sentirá frustrado em todos os seus esforços para mudar as coisas, a não ser que possa mudar a meta do sistema ou enfraquecer sua influência. Em um sistema de equilíbrio existe uma coesão que tenta manter o objetivo. Embora conceitualmente simples, os processos de equilíbrio podem gerar um comportamento surpreendente e problemático, caso não sejam detectados a tempo . Isso não é tão raro de acontecer, uma vez que os círculos de equilíbrio são muito mais difíceis de serem identificados do que os círculos de reforço,pois , na maioria das vezes parece que nada está acontecendo. Para Peter Senge(1998) as defasagens entre as ações e as conseqüências estão por toda parte nos sistemas humanos, podendo distanciarnos de nossa metas também podem resultar em instabilidade e colapso, principalmente quando são prolongadas. Em geral, o ponto de vista sistêmico é orientado em direção ä visão de longo prazo. Por isso as defasagens e os círculos de feedback são tão importantes. Com freqüência,podem ser ignorados em curto prazo, pois são inconseqüentes e só voltam para assombrar em longo prazo. Finalizando, o raciocínio sistêmico torna compreensível o aspecto mais sutil da organização de aprendizagem, uma nova forma pela qual os indivíduos vêem a si próprio e o mundo. No cerne da organização de aprendizagem existe a mudança de mentalidade, a qual implica deixarmos de nos ver separadamente do mundo para passamos a nos considerar parte integrante dele. Percebemos que os nossos problemas não são causados por alguém ou alguma coisa externa e sim através dos nossos atos. As organizações que aprendem tornam-se lugar onde os indivíduos criam sua própria realidade e a transformam. “Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio... e moverei o mundo”. Gestão do Conhecimento , Capital Humano como Vantagem Competitiva “ Numa economia onde a única certeza é a incerteza, apenas o conhecimento é fonte segura de vantagem competitiva”. Ikujiro Nonaka (2000) As empresas não podem mais esperar que os produtos e práticas que fizeram seu sucesso no passado possam mantê-las viável no futuro. Pressões de preço não deixam espaço para a produção ineficiente. O ciclo de desenvolvimento de um produto e sua introdução no mercado dura cada vez menos tempo. Hoje as empresas necessitam de qualidade, valor, bom atendimento, inovação e velocidade de chegada ao mercado para que possam ter sucesso, e esses fatores serão ainda mais críticos no futuro. Cada vez mais as empresas serão diferenciadas com base naquilo que sabem , podemos então definir que as empresas prósperas da próxima década como “uma organização que sabe como fazer bem e rápido novas coisas”. O que faz as organizações funcionarem é o conhecimento. O conhecimento não é algo novo. Novo é reconhecer o conhecimento como um ativo corporativo e entender a necessidade de geri-lo e cercá-lo do mesmo cuidado dedicado à obtenção de valor de outros ativos mais tangíveis. O conhecimento deve levar em consideração sua principal matéria prima que é o capital intelectual que inova e viabiliza a melhoria da organização. Em seu livro “Capital Intelectual” Thomas Stewart (1998), menciona que o aspecto mais importante de um processo de gestão do conhecimento é o Capital Estrutural, ou seja, de forma bem resumida, como a empresa gerencia este conhecimento. Já Paulo Henrique (2001) discorda desse ponto vista leva em consideração o gerenciamento do conhecimento esta relacionado de formar direta com sua própria fonte geradora – a mente humana. Afirma Prussak e Davenport (1998) que: “Conhecimento é uma mistura fluída de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para a avaliação e incorporação de novas experiências e informações” . Segundo eles o conhecimento é uma mistura de vários elementos; é fluído e formalmente estruturado ; é intuitivo e portanto difícil de colara em palavras ou de ser entendido em termos lógicos. O mais importante é que este conhecimento existe dentro das pessoas, faz parte da complexidade e imprevisibilidade humana e é entregue através de meios estruturados, tais como livros e documentos, e de contatos pessoa a pessoa que vão desde conversas até relações de aprendizado. Outro aspecto importante do conhecimento é a experiência. O conhecimento desenvolve-se ao longo do tempo através da experiência. Um dos principais benefícios da experiência é que ela proporciona uma perspectiva histórica para olhar e entender novas situações e eventos. O conhecimento nascido da experiência reconhece padrões que nos são familiares e pode fazer inter-relações entre aquilo que está acontecendo agora e aquilo que antes aconteceu. A importância da experiência no conhecimento é indicar a capacidade do conhecimento de lidar com a complexidade. Embora seja tentador buscar respostas simples para problemas complexos e lidar com incertezas fingindo que elas não existem, geralmente decide-se melhor sabendo mais do que sabendo menos, ainda que o “menos” possa parecer mais claro e mais definido. Certeza e clareza geralmente surgem quando se ignoram fatores essenciais. O capital humano leva em consideração os valores e crenças numa discussão sobre o conhecimento. Na verdade, os valores e crenças das pessoas exercem forte impacto sobre o conhecimento organizacional , pois determinam, em grande medida, aquilo que o conhecedor vê, absorve e conclui a partir de suas observações. Crescemos na Era Industrial mas ela se foi, suplantada pela Era da Informação. Estamos deixando para trás um mundo econômico cujas principais fontes de riqueza eram físicas. A terra, recursos naturais como petróleo, minério e energia, e o trabalho humano e mecânico eram os ingredientes pelos quais se gerava riqueza. Nessa nova era, a riqueza é o produto do conhecimento - não apenas o conhecimento científico, mas a notícia, a opinião, a diversão, a comunicação, as idéias e os serviços , tornaram-se as matérias-primas básicas e os produtos mais importantes da economia. A informação e o conhecimento são as armas competitivas mais poderosas de nossa era. O conhecimento é mais valioso e poderoso do que os recursos naturais, grandes indústrias ou contas bancárias. Em todos os setores, as empresas bem-sucedidas são as que têm as melhores informações ou as que as controlam de forma mais eficaz. Mas, Capital Intelectual não significa um grupo de Ph.D´s trancados em um laboratório ou num Staff de Diretores com MBA’s. O capital intelectual é a soma do conhecimento de todos em uma empresa, o que lhe propicia vantagem competitiva. Ao contrário dos ativos, com os quais empresários e contadores estão familiarizados com propriedades, fábricas, equipamentos, dinheiro - o capital intelectual é intangível. É o conhecimento da força de trabalho: o treinamento, é a equipe de funcionários, é a rede eletrônica que transporta a informação, é a cooperação, o aprendizado compartilhado entre a empresa e seus clientes. Hoje as empresas precisam aprender a gerenciar o conhecimento. Alguém que saiba andar e correr no chão tem de aprender novas habilidades para nadar e mergulhar e se movimentar dentro d’água da mesma forma. As habilidades necessárias para o sucesso de indivíduos e empresas em seu novo ambiente e na economia do conhecimento são em muitos casos, diferentes daquelas com as quais estão acostumados.Em resumo, a empresas não podem mais esperar que os produtos e praticas de sucesso do passado garantam seu futuro, cada vez mais elas serão diferenciadas com base naquilo que sabem. Em busca de novos fatores de eficiência, as empresas globais terceirizaram grande parte do trabalho de produção para países onde o custo da mão-de-obra é relativamente baixo. Cada vez mais as atividades baseadas no conhecimento e voltadas para o desenvolvimento de produtos e processo estão tornando-se as principais funções internas das empresas e aquelas com maior potencial de obtenção de vantagem competitiva. O que podemos notar é que as vantagens relativas a produtos e serviços são cada vez mais difíceis de se sustentarem, o conhecimento, em contrapartida, pode propiciar uma vantagem sustentável. Com o tempo, os concorrentes quase sempre conseguem igualar a qualidade e o preço do atual produto ou serviço do mercado. Quando isso acontece, porém, a empresa rica em conhecimento e gestora do conhecimento terá passado para um novo nível de qualidade, criatividade e eficiência. A vantagem do conhecimento é sustentável porque gera retornos crescentes e dianteira continuadas. Ao contrário dos ativos materiais que se desgastam à medida que são usados: idéias geram novas idéias, conhecimento compartilhado permanece com o doador ao mesmo tempo em que enriquece o recebedor. A vantagem do conhecimento é uma vantagem sustentável! Conclusão Neste trabalho foi apresentado o tema Gestão do Conhecimento abordando alguns aspectos contemporâneos. Como a informação foi ganhando importância para as civilizações, e como foi mudando o modo de se passar à frente os conhecimentos adquiridos. Em seguida foram abordadas as leis da Quinta disciplina, dando-se ênfase ao pensamento sistêmico, que pretende analisar a organização como um todo. Mais adiante foi tratado os aspectos gerais das empresas que aprendem, onde os indivíduos que nelas trabalham é que devem adquirir conhecimentos para que a organização cresce. Foi apresentado o domínio pessoal como disciplina de crescimento e aprendizado pessoais como foi mostrado o que é necessário para se liderar uma organização que aprende, onde há uma nova visão de liderança muito focada em tarefas sutis e de maior prioridades. O líder foi tratado como um projetista , que são capazes de projetar suas ações; regentes que conseguem determinar o rumo da orquestra; e professores que estimulam todos a aprender, foram apresentados como modelos de liderança. E finalmente foi abordada a questão da falta de tempo dos gerentes para disseminar o aprendizado. O conhecimento pessoal deve ser valorizado dentro das organizações nos dias atuais. Deve-se estimular seus funcionários na busca incessante de informação e a propagação para benefício da empresa. Aquelas organizações que continuarem a desconsiderar a capacidade de seus funcionários intelectual, criativa e intuitiva tendem a serem sucumbidas nesse contexto globalizado. Cabe aos gerentes mudar dentro das estruturas organizacionais as posturas tradicionais, protegendo o conhecimento adquirido e gerando parceria externa com as demais empresas com o objetivo comum de crescimento. Referências Bibliografiacas SENGE, Peter , A Quinta Disciplina, Editora Best Seller, São Paulo, 1990 Qualidade, Revista, Editora Banas, nº 107, 2001 JUNIOR,Moacir, Gestão Estratégica do Conhecimento:Integrando Aprendizagem,Conhecimento e Competência, Editora Atlas, São Paulo,2001 BOLGAR, Paulo, Gestão do Conhecimento e Capital Humano,Comunidade Virtual ,2001 TERRA, Jose Cláudio Cyrineu, Gestão do Conhecimento: O Grande Desafio Empresarial , Editora Negocio,2000 Havard Business Rewiew ,Gestão do Conhecimento ,Editora Campus,2000 NONAKA, Ikujiro; TAKEUCHI, Hirotaka, Criação do Conhecimento na Empresa,Editora Campus, 1997 RODRIGUEZ, Martius Vicente, Gestão do Conhecimento ,IBPI,2000 MOTTA, Paulo R., Transformação Organizacional ,RJ ,Ed.Qualitymark,1997 GUERREIRO, Ramos Alberto .,A Nova Ciência das Oragnizações,RJ, Fundação Getulio Vargas, 1981 Conhecimento,Tecnologia e Organização: Evolução, Conflitos e Perspectivas Sumário - O século XX se encerra em um cenário de mudanças, impasses e perplexidades. Essas mudanças podem ser observadas na transformação das organizações, no trabalho e na educação. Este artigo aborda as principais mudanças que caracterizam a segunda metade do século XX e suas conseqüências e aplicações no campo da Administração. Mais especificamente, são discutidas as novas perspectivas abertas pela Tecnologia da Informação e da Comunicação e seus impactos nas organizações. É dada atenção especial à função do Conhecimento nas empresas como elemento de competitividade e ao papel da Tecnologia da Informação e da Comunicação no suporte à Gestão do Conhecimento. Este trabalho busca abordar as principais mudanças que caracterizam a segunda metade do século XX e suas conseqüências e aplicações no campo da Administração. Na primeira parte é traçado um quadro de referência histórico e conceitual no qual essas mudanças serão discutidas. Na segunda parte, são discutidas as novas perspectivas abertas pela Tecnologia da Informação e da Comunicação e seus impactos nas organizações, num contexto acirradamente competitivo. Na terceira e última parte é dada atenção especial à função do Conhecimento nas empresas como elemento de competitividade, e ao papel da Tecnologia da Informação e da Comunicação no suporte à Gestão do Conhecimento. Evolução: A Passagem para a Era do Conhecimento O final do século XX, como no fim do século anterior, é marcado por impasses e perplexidades. A tônica das reflexões gira em torno da mudança em todos os níveis sociais. A sociedade parece viver, em escala global e mais do que nunca, uma série de profundas e inéditas transformações. Cabe a reflexão, no entanto, de que a destruição do passado, isto é, a destruição dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas, tem sido uma característica neste final de século XX.1 Assim sendo, as transformações operadas durante este século podem ser mais bem compreendidas numa visão histórica, comparando-se qualitativamente a sociedade do seu início com a da última década. Nessa visão, três aspectos fundamentais podem ser ressaltados. Primeiro, o mundo deixou de ser eurocêntrico. A Europa, paulatinamente, deixa seu papel central do final do século XIX: a população declina, a produção mingua, os centros industriais se mudam para outro lugar. Os Estados Unidos passam a ser a grande economia propulsora da produção e do consumo em massa. O segundo aspecto importante é a mundialização, o processo que paulatinamente foi transformando o mundo na unidade básica de operações, suplantando a era das "economias nacionais". A característica fundamental deste final de século XX é a tensão entre a aceleração desse processo e a incapacidade das instituições e dos indivíduos em geral de se adaptarem a ele. O terceiro aspecto fundamental é a desintegração dos padrões de relacionamento social humano, e com ela a quebra do elo entre gerações. Daí a ruptura entre passado e presente dando a dimensão da escala de mudança global. Se a tradição pode ser vista como o texto constitutivo de uma sociedade, texto segundo o qual o presente se encontra interpretado e tratado, então a perda do vínculo com a tradição traz a aparente desordem que sentimos na interpretação do presente. Na verdade, é o pensamento moderno que opera rupturas, que afasta a tradição portadora de permanência e apreende tudo sob o aspecto do movimento, sendo deste, ao mesmo tempo, seu instrumento e expressão. O conceito de mudança é central ao entendimento da evolução que a sociedade, em geral, e as organizações, em particular, estão passando nessa segunda metade do século. Este conceito tem sido usado e abusado nos diversos meios de comunicação, bem como na extensa bibliografia atual sobre organizações. A Informática, o Marketing e as diversas disciplinas de Comunicação têm se apoderado do conceito de mudança e, em diversos momentos, têm traído seu sentido original. Percebe-se, assim, que o movimento geral que substituiu a crítica pela promoção comercial não deixou de afetar a filosofia. Assim, cabe retomar o sentido original de "mudança", no caminho da análise da evolução das organizações. A idéia de mudança remete a origens filosóficas pré-socráticas em Heráclito (século V a.C.) e Parmênides (século V a.C.). São duas visões antagônicas da mudança. Para Heráclito, a tensão, o combate entre os opostos, à mudança e a dialética são os princípios do universo (ao contrário, por exemplo, da harmonia pitagórica), enquanto o Logos (a Razão) governa o mundo e mantém a sua ordem. O ser está em permanente mutação. Já para Parmênides, o ser é uno, inalterável, eterno, imóvel e indivisível. A mudança seria então uma ilusão dos sentidos. Parmênides opõe a razão à percepção e à opinião. A mudança se tornou uma categoria central no mundo atual, intimamente associada com o comportamento das pessoas na sociedade e nas organizações. A origem do termo "comportamento" data de cerca de 1490 e significava conformidade a ordens exteriores. Hoje, as pessoas se comportam de acordo com persuasões organizadas, e o indivíduo tornou-se uma criatura que se comporta. Nessa linha, ocorre uma deturpação da noção de conduta humana que se tornou característica básica das sociedades contemporâneas, numa culminação de uma experiência histórica, a esta altura já velha de três séculos, que tenta criar um tipo nunca visto de vida humana associada, ordenada e sancionada pelos processos auto-reguladores de mercado.Nesse experimento o indivíduo teria ganhado uma ilusória melhoria material e perdido, em troca, o senso pessoal de auto-orientação. Isso se reflete nas organizações atuais em uma "síndrome comportamentalista", ancorada em uma pronunciada "fluidez da individualidade",9 segundo a qual a natureza humana seria inconstante e estaria em contínua transição, numa visão que remete a Montaigne e antes a Heráclito. A fluidez da individualidade está relacionada com a forma de representação pela qual a sociedade capitalista se legitima, e dá espaço a uma forma de conduta humana que se conforma a critérios utilitários, na qual o bom e o mau são convenções e a imparcialidade substitui a verdade. Como conseqüência, retomando o pensamento de Hobbes, o cidadão se conforma a prescrições externas, não sendo livre para deliberar, e portanto verdadeiramente incapaz de ação.10 Há assim uma fé errônea na absoluta transitoriedade das coisas. Whitehead já defendia que não é concebível a mudança pela mudança, o fluxo do nada para o nada. A idéia de fluxo de Whitehead é de que o caráter da realidade é composto por organismos que permanecem através do fluxo das coisas. Assim, para mudar é preciso antes ser. A origem dessa noção generalizada de transitoriedade está em parte na ciência a partir do século XVII, que vê o universo como partículas em movimento. Por outro lado, essa noção é também fruto da interiorização acrítica, pelo indivíduo, da auto-representação da sociedade moderna.11 Do ponto de vista da percepção do cidadão comum, este final de século pertence ao movimento, pertence à mudança. Tanto em extensão, quanto em intensidade, as transformações envolvidas na modernidade são mais profundas do que a maioria das mudanças características dos períodos anteriores. É importante perceber que a percepção tanto de aceleração, quanto de descontinuidade, advém do "descolamento" das relações sociais, isto é, a extração das relações sociais dos contextos locais de interação e sua reestruturação em outras escalas de espaço-tempo.12 Assim sendo, para além das mitificações que abundam na bibliografia atual em Administração e na mídia impressa e televisada, a idéia geral de mudança, em movimento nessa segunda metade do século XX , é crucial para o entendimento da dinâmica da sociedade e das organizações. Não só mais mudanças estão acontecendo, e mais rápido, mas também nossas percepções das mudanças se tornam mais aguda pela simultaneidade entre acontecimento e notícia propiciada pela Tecnologia da Informação e da Comunicação. Vistas na ótica do presente, as mudanças são descontínuas e não parecem seguir um padrão.13 Essas mudanças são particularmente incisivas no mundo do trabalho. A tecnologia está automatizando cada vez mais atividades, reduzindo as necessidades de pessoal. As empresas estão "terceirizando" cada vez mais atividades. Os serviços públicos estão sendo privatizados. Nessas novas condições, o emprego está desaparecendo e as pessoas estão buscando novas maneiras de trabalhar. A organização está se transformando de uma estrutura composta de cargos em um campo de "trabalho que precisa ser feito".14 Na Administração começa-se a falar em uma Era do Conhecimento, do Capital Intelectual e da Inteligência Competitiva. O que torna o momento atual inédito, sob a ótica das organizações, é o fato de que enquanto terra, trabalho, matériasprimas e até o capital podem ser considerados recursos finitos, o conhecimento é inexaurível.15 Nessa perspectiva, todas as áreas da organização precisam ser repensadas. A moeda está perdendo seu caráter material, transformando-se em uma mensagem: a moeda eletrônica.16 O trabalho é profundamente afetado. Uma das transformações mais importantes ligadas à revolução industrial se refere à realidade do tempo de trabalho, pela divisão do tempo em horas e dias "úteis" em contraposição a uma visão cíclica do tempo na tradição. Nos sistemas industrializados ocidentais, o quadro temporal do trabalho nas empresas está no centro das questões econômicas, culturais e tecnológicas, numa tendência à flexibilização e à redução do tempo de trabalho.17 A situação atual dessas questões é fruto de uma tendência, iniciada na década de 1970 com a crise do petróleo, de novas relações entre a organização e o meio externo, e de mundialização da economia e dos mercados. Na Era do Conhecimento busca-se o "homem global", o homem integrado. Onde o homem global está envolvido, não existe trabalho. O trabalho aparece com a divisão do trabalho e com a especialização das tarefas. Com a Tecnologia da Informação, o homem volta a se envolver - como nas sociedades tribais completamente em seus papéis. Nessa nova organização, o homem se transforma em coletor de informações, num conceito inclusivo de "cultura". No mundo deste final de século, nômade e sem emprego, o homem se volta para a busca de conhecimento e o desenvolvimento dos processos criativos.18 Isso leva conseqüentemente à previsão de que, principalmente na área de serviços, o emprego irá desaparecer e com ele o homem trabalhador, mudando a visão de "classe trabalhadora" como entendida até então.19 Pretende-se que, na nova fase das organizações, os problemas sociológicos clássicos - o trabalhador como apêndice da máquina, o trabalhador como escravo dos produtos do seu trabalho, e o trabalhador sem possuir verdadeiramente os frutos do seu trabalho20 - sejam superados. A educação também é afetada, na medida em que passa a ser cada vez mais direcionada para a descoberta, ao invés de apenas no sentido tradicional da instrução.21 Para as organizações empresariais isso é uma necessidade hoje. O homem global, munido de uma instrução abrangente e flexível, que lhe conferisse mobilidade social e organizacional, sempre foi uma utopia. Hoje está se tornando uma realidade, através das novas tecnologias de educação continuada e na ênfase crescente no trabalho intelectual.22 A passagem para a Era do Conhecimento se dá na medida de uma maior valorização da interconexão entre as áreas de atuação humana e no "destronamento" da matéria. Na tecnologia, na economia e na política, a riqueza sob forma de recursos físicos vem perdendo valor e significação. O poder do conhecimento das pessoas vem ultrapassando a força bruta das coisas.23 Conflitos: A Tirania do Mercado A entrada em cena do Conhecimento nas organizações remete à Teoria do Capital Humano, que se apresenta sob duas perspectivas. Primeiro, na perspectiva de uma mão-de-obra mais qualificada. E segundo, no auto desenvolvimento pelo trabalhador de um capital pessoal levando à empregabilidade. Essa teoria é uma derivação da teoria econômica neoclássica, e seu ressurgimento, em parte, se deve à crise do modelo taylorista e, por outro lado, à redefinição das relações de trabalho e do papel do sistema educacional. A idéia de que o aperfeiçoamento da força de trabalho eleva a eficiência do trabalho e do capital remete às obras de Adam Smith e Karl Marx. A ofensiva neoliberal da década de 1980-1990 retomou a Teoria do Capital Humano, reforçada pelo trabalho de Gary Becker, professor da Universidade de Chicago e Prêmio Nobel de Economia em 1992. Becker usou essa teoria para explicar que as diferenças de salário são responsabilidade dos próprios trabalhadores.24 A crítica à Teoria do Capital Humana data da década de 70 e aponta o utilitarismo imediatista decorrente de sua aceitação irrestrita. Um ponto importante a considerar no atual contexto mundial são as desigualdades. As transformações não se dão, nem podem se dar, de forma homogênea sobre um conjunto heterogêneo de culturas, riquezas naturais, sistemas políticos e diferenciadas capacidades produtivas. O quadro abaixo exemplifica algumas diferenças marcantes, comparando renda per capita, porcentagem de analfabetos e acesso ao saneamento básico em diferentes países do mundo. Outro ponto de conflito marcante, presente na passagem para a Era do Conhecimento, é o desemprego tecnológico. As inovações tecnológicas historicamente são responsáveis por desemprego, por vários motivos. Um aspecto a se considerar é o do aumento da produtividade com as novas tecnologias e a conseqüente racionalização dos processos e redução da necessidade de mão-de-obra. Naturalmente, existem efeitos compensatórios, como a criação de novos produtos, serviços e mercados. Assim sendo, não é trivial determinar-se o impacto da tecnologia no emprego. Outro elemento a ser considerado é a mudança na estrutura ocupacional e no perfil da força de trabalho. Quando a tecnologia elimina posições de trabalho de um determinado perfil profissional, geralmente cria outras posições - em maior ou menor quantidade - em outro ponto da indústria, para empregar trabalhadores com outro perfil profissional. De qualquer forma, constata-se que os trabalhadores menos qualificados, ou com qualificações obsoletas, são mais atingidos pelo desemprego tecnológico.25 Por outro lado, tendências recentes na organização dos processos de trabalho têm incorporado estratégias de redução da divisão técnica do trabalho, da individualização das tarefas e da rígida separação entre concepção e execução, buscando o enriquecimento das tarefas e abrindo espaço para a intervenção dos executores na modificação dos próprios processos de trabalho com maior autonomia.26 Tudo isso se dá sob a "tirania do mercado globalizado", sob uma reestruturação produtiva, com aumento do fluxo de capitais internacionais e aceleração tecnológica. As conseqüências desse processo de globalização, seu caráter parcial-globalização do capital, mas não do trabalho, por exemplo - e as suas bases ideológicas, têm levado à percepção de paradoxos. Em paralelo com uma crescente desregulamentação econômica, está ocorrendo um processo de regionalização, aspectos não necessariamente antagônicos e, por vezes, convergentes. Enquanto que a globalização leva a uma homogeneização dos mercados, a regionalização leva a uma diferenciação dos produtos. O global e o local determinam-se reciprocamente, às vezes de forma congruente, outras de forma descontrolada. Cada país apropria de forma diferenciada o movimento geral de globalização.27 No contexto globalizado atual, a empresa cessa de ser a célula básica da sociedade industrial moderna e se torna combatente no mercado internacional, transformando tecnologias novas em processos de produção e adaptando-se a um meio ambiente de mudanças constantes e pouco previsíveis.28 O ambiente é de disputa, de competição: fazer cada vez mais, melhor, mais barato. Sob a tirania do mercado e o signo da inovação, um intenso debate tem-se travado em torno das implicações desse processo para o ser humano em geral e o trabalhador em particular. Há um conflito de visões. De um lado, uma visão pessimista em que o homem é substituído pela máquina, com a conseqüente redução do emprego. De outro lado, numa posição otimista em relação às aplicações das novas tecnologias, aponta-se para a liberação do ser humano das tarefas menos nobres (braçais e repetitivas) e sua dedicação às funções mais elevadas (culturais e de lazer), em virtude do aumento da produtividade e do tempo livre.29É importante observar que, enquanto variável social, a tecnologia pressupõe formas de aplicação diversas a partir de condicionantes que presidem sua introdução, podendo gerar efeitos diferenciados, dependendo de fatores como regime político onde se inserem as empresas, tradições culturais, desempenho econômico e formas de organização dos trabalhadores.30 Para as organizações, o fato é que produtividade e tecnologia convergem. Mais ainda, segundo pesquisas recentes, essa convergência é mais incisiva em países que investem adequadamente em educação e pesquisa.31 E num ambiente globalizado, a dimensão internacional da difusão tecnológica é muito maior. Pesquisas recentes mostram que um quarto dos benefícios dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, feitos pelas sete maiores economias, são apropriados por seus parceiros comerciais.32 Isso dá uma medida da interdependência entre os desenvolvimentos tecnológicos implementados em uma parte do mundo e seus reflexos em uma economia globalizada. Por outro lado, graças à tecnologia e às conexões eletrônicas entre clientes e fornecedores, está havendo uma redução de custos de negociação e uma facilidade maior para otimização das transações, numa nova abordagem de parceria nas cadeias de valor agregado.33 Além disso, o desenvolvimento de novas tecnologias de transporte e telecomunicações está constantemente redefinindo as fronteiras efetivas entre o local, o nacional e o internacional. Os desenvolvimentos recentes em Informática e Telecomunicações estão viabilizando o trabalho a distância, o que irá afetar a oferta de mão-de-obra no nível local e internacional, seu preço e sua capacitação.34 No final do século XX estes conflitos estão longe de ser superados. Os avanços da Tecnonologia da Informação e da Comunicação e as novas formas e técnicas organizacionais, em um contexto capitalista global, colocam em questão a centralidade do trabalho. Após três séculos de sociedade industrial, o trabalho está passando a assumir um conteúdo crescentemente intelectual, com o aumento da importância da informação. Isso está levando a uma revisão das correlações entre trabalho, emprego, identidade social e individual, e ao surgimento de novas formas de construção de identidade e de socialização. Por outro lado, as novas formas de ocupação da força de trabalho - como o trabalho temporário, terceirização, etc. - estão ainda longe do conceito de trabalho humano livre da esfera da necessidade de sobrevivência.35 A questão ética permeia a atuação organizacional hoje de forma crítica. Ética deriva do termo grego que significa costumes.36Na passagem para a Era do Conhecimento, seria ético considerar o Conhecimento como mais um recurso a serviço do capital ? Seria o conhecimento gerenciável? Vive-se um momento de recuperação da importância do r homem nas organizações, etiquetada de "capital humano", "capital intelectual" e "inteligência competitiva". A perspectiva humana vê a organização como um conjunto de indivíduos e grupos que têm objetivos de auto-realização. Essa perspectiva concentra-se na ligação do indivíduo com o trabalho, ressaltando os fatores de motivação, liderança e demais aspectos psicossociais. Assim os indivíduos a organização - e não a tecnologia e nem o mercado - são o centro de referência nessa perspectiva.37 Como acomodar os conflitos e contradições inerentes ao momento atual? Essas são questões ainda em aberto. Nos pilares da chamada "sociedade da informação" está à tecnologia e seu principal agente é a empresa.38 As empresas, principalmente as de grande porte, parecem não ter outra alternativa a não ser se tornarem baseadas em informação. As empresas baseadas em informação requerem muito mais especialistas gerais do que as tradicionais. Para lidar com informação relevante para os objetivos organizacionais, as essoas necessitarão de mais conhecimento.39 O papel do conhecimento no trabalho só agora começa a ser reconhecido. E o papel do trabalho na vida do indivíduo e da sociedade é um dos aspectos no qual a sociedade moderna está mais confusa.40 No entanto, é cada vez mais aceito que o Conhecimento é crucial para o crescimento e a criação de empregos. Hoje o Conhecimento exerce um papel central no processo econômico. O investimento inatingível está crescendo muito mais rápido do que o investimento físico. Indivíduos com mais conhecimento obtêm empregos mais bem remunerados. Empresas com mais conhecimento são mais bem-sucedidas em seus mercados. Nações com mais conhecimento são mais produtivas. Esse papel estratégico está por trás dos investimentos crescentes em conhecimento por parte dos indivíduos, empresas e países. As economias mais desenvolvidas estão se tornando cada vez mais baseadas em conhecimento.41 Perspectivas: A Tecnologia para a Gestão do Conhecimento Novas formas de organização estão surgindo. As organizações são criadas para executar estratégias de negócio. Diferentes estratégias têm levado a diferentes tipos de organização. A necessidade de uma organização reconfigurável advém do declínio da sustentabilidade de sua vantagem competitiva. Quando as vantagens não duram muito, também não duram as organizações que as exercem. Tradicionalmente, para competir, as empresas desenvolviam esforços de planejamento e orçamento, desenvolvimento de novos produtos e serviços, criação de sistemas de informação, sistemas de seleção, acompanhamento, treinamento e compensação de recursos humanos, todos projetados e alinhados entre si e com a estratégia e estrutura da empresa. Hoje esse modelo não funciona tão bem porque as fórmulas de sucesso não duram. As vantagens, em torno das quais a empresa projeta sua atuação, são rapidamente copiadas e superadas.42 É o conhecimento que a organização detém, juntamente com a sua capacidade de aprendizado coletivo, que permitem à organização se "reconfigurar" adequadamente, e a tempo, no ambiente atual de mudança permanente. Naturalmente, as simplificações excessivas, tão comuns na Administração, devem ser evitadas. As organizações são muitas coisas ao mesmo tempo, e a forma de abordá-las irá condicionar a ação sobre elas. Imagens e metáforas - como Inteligência Competitiva, Era do Conhecimento, Capital Intelectual, por exemplo não são somente construtos de interpretação ou formas de se encarar a realidade: fornecem também uma estrutura para a ação.43 Assim, ao focarmos a Gestão do Conhecimento, estamos mais buscando um novo caminho de ação do que tentando simplificar as diversas dimensões organizacionais. Uma pesquisa recente sobre a implantação da Gestão do Conhecimento em empresas européias, publicada pela revista Information Strategy Online, ligada à conceituada The Economist, traz algumas informações interessantes para reflexão. Para 73 % das pessoas pesquisadas - entre gerentes e executivos - a Gestão do Conhecimento é vista como: Uma coleção de processos que governa a criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir plenamente os objetivos da organização.44 Mesmo considerando o estado embrionário em que a Gestão do Conhecimento se encontra nas organizações em todo mundo, este percentual de concordância em torno de uma definição indica um amadurecimento em relação ao tema. Vale lembrar que, pelo menos do ponto de vista acadêmico, este é um campo novo, na confluência entre teoria da organização, estratégia gerencial e sistemas de informação, que lida principalmente com aqueles aspectos críticos para a adaptação e sobrevivência da empresa, diante de um ambiente de mudança crescente e descontínua. Para as empresas mais inovadoras, o conhecimento coletivo já é reconhecido como uma competência fundamental para a performance organizacional, e se baseia nas habilidades e experiências individuais em relação ao trabalho realizado. É comum encontrar, na literatura especializada, essas questões associadas a organizações do aprendizado, reengenharia de processos, corporações virtuais, novas formas de organização, educação para o trabalho, criatividade, inovação e tecnologia da informação. Para muitos autores a Gestão do Conhecimento é um ponto importante de confluência entre a cultura administrativa da empresa e a tecnologia de informação que ela utiliza. Segundo a pesquisa da Information Strategy Online, 89 % dos entrevistados acredita que o conhecimento é a chave para o poder nos negócios. As áreas críticas de conhecimento apontadas pelos executivos europeus são: preferências e necessidades dos clientes, desempenho da companhia, concorrência, aplicações de tecnologia, uso da informação existente, setores e nichos de mercado e regulamentações externas. As organizações necessitam de uma abordagem que veja a organização como uma comunidade humana, cujo conhecimento coletivo representa um diferencial competitivo em relação à concorrência. É no conhecimento coletivo que se baseiam as competências competitivas essenciais. Numa empresa de petróleo, esse diferencial pode ser um entendimento mais apurado dos padrões geológicos pelos engenheiros de perfuração. Numa companhia de gás, pode ser o conhecimento técnico empregado pelo pessoal de campo. Para um supermercado, pode ser uma compreensão mais abrangente dos hábitos de consumo dos clientes. Já numa empresa de telemarketing, pode ser a sensibilidade especial e a capacidade de empatia com o consumidor no momento do atendimento. Em qualquer caso, esse conhecimento coletivo é aprimorado criando-se redes informais de pessoas que realizam trabalhos afins, pessoas que eventualmente estão dispersas em diferentes unidades de negócio. O objetivo aqui é colocar em contato grupos de profissionais expostos a classes de problemas e tentativas comuns de solução que, através da troca de experiências e informações, aumentem e refinem o conhecimento coletivo. Os problemas de relações humanas no trabalho nesse tipo de rede são cruciais para a Gestão do Conhecimento. E para 83 % do universo pesquisado, a Gestão do Conhecimento não é uma pura e simples extensão da Tecnologia da Informação. Assim sendo, o desafio para a área de Tecnologia da Informação é identificar, encontrar e/ou desenvolver, e implementar tecnologias e sistemas de informação que apóiem a comunicação empresarial e a troca de idéias e experiências, que facilitem e incentivem as pessoas a se unirem, a participarem, a tomarem parte em grupos, e a se renovarem em redes informais. A empresa precisa dar meios para que se formem comunidades de trabalho, e não apenas para que as pessoas se comuniquem burocraticamente. Assim, o desafio para a área de tecnologia passa a ser migrar de uma posição de suporte a processos para o suporte a competências. É preciso sair do patamar do processamento de transações, da integração da logística, do workflow e do comércio eletrônico, e agregar um perfil de construção de formas de comunicação, de conversação e aprendizado on the job, de comunidades de trabalho, e de estruturação e acesso às idéias e experiências. O papel a ser desempenhado pela Tecnologia da Informação é estratégico: ajudar o desenvolvimento do conhecimento coletivo, e do aprendizado contínuo, tornando mais fácil para as pessoas na organização compartilharem problemas, perspectivas, idéias e soluções. Mas é preciso salientar que a Gestão do Conhecimento é uma questão essencialmente de pessoas e processos. Muitas empresas têm se frustrado com seus investimentos em comunicações e redes. Fora da perspectiva da Gestão do Conhecimento, por exemplo, a adoção de groupware tem fracassado em favorecer o trabalho realmente de equipe, gerando apenas intermináveis listas de discussão pouco úteis para a empresa. Da mesma forma, não é preciso ser adivinho para prever que a proliferação de intranets vai gerar principalmente inúmeros pequenos web sites nas empresas, que adicionarão pouco valor aos negócios. Concluindo, as tecnologias úteis para a Gestão do Conhecimento são aquelas que propiciam a integração das pessoas, que facilitam a superação das fronteiras entre unidades de negócio, que ajudam a prevenir a fragmentação das informações e permitem criar redes globais para o compartilhamento do conhecimento, por exemplo, para a criação de bases de dados de clientes e para o entendimento do comportamento do consumidor.