PROCAD UFPB/UFBA/UFMA/UFPA Introdução a Instrumentação Biomédica TRANSDUTORES DE FLUXO SANGUINEO O Sistema Circulatório A circulação tem basicamente a função de atender às necessidades dos tecidos. Conceitos Importantes: Artérias: Transportam o sangue sob alta pressão até as veias; Arteríolas: atuam como válvulas de controle; O Sistema Circulatório Capilares: realizam trocas de líquidos e outras substâncias entre o sangue e o líquido intersticial; Vênulas: coletam sangue dos capilares; Veias: funcionam como condutos para o transporte de sangue dos tecidos de volta para o coração. O Sistema Circulatório Características Físicas do Sangue: É um líquido viscoso composto de células e plasma; O plasma faz parte do líquido extra celular; A viscosidade depende diretamente do hematócrito(quantidade do sangue composta de células). O Fluxo Sanguíneo Def.: É a quantidade de sangue que passa por um determinado ponto da circulação num dado período de tempo, normalmente expressa em mililitros ou litros por minuto. O Fluxo Sanguíneo Na equação ao lado: Q ( P2 P1 ) / R Q é o fluxo sanguíneo; P1 e P2 são as pressões nas extremidades da seção do vaso considerado; R é a resistência vascular que impede o sangue de fluir através do vaso; O Fluxo Sanguíneo Observemos com atenção o fato de que quem determina a taxa de fluxo não é a pressão absoluta no vaso mas sim o gradiente de pressão entre as duas extremidades. O Fluxo Sanguíneo Fluxo Laminar; Fluxo Turbulento. O Débito Cardíaco (DC) Def.: Quantidade de sangue bombeada por cada ventrículo do coração num período de tempo; Assim, a medida do fluxo sanguíneo seria portanto a medida do débito cardíaco; Depende da superfície corpórea do paciente; Valores típicos do DC( Decrescem com a idade do paciente): Homem: 6,0 l/min; Mulher: 5,0 l/min; Caracterização Desejável para uma Metodologia de Medida de Fluxo Sanguíneo e / ou Monitoração de Pacientes: Rápida e fácil execução; Os resultados obtidos precisam ser confiáveis e reproduzíveis; O paciente não pode sofrer nenhum dano físico quando submetido ao método bem como não deve sofrer reações indesejáveis; Complicações de ordem anestésica e cirúrgica devem ser evitadas; Método de Diluição do Indicador por Infusão Contínua Esta metodologia não mede o fluxo sanguíneo instantâneo e sim o fluxo sanguíneo médio; Neste caso temos então : Método de Fick; Método de Fick de Diluição do Indicador Técnica de Fick: Este método diz que o débito cardíaco pode ser relacionado pelo consumo temporal de Oxigênio de um paciente em função da diferença das concentrações arterial e venosa de Oxigênio. V´ (dm / dt ) /(Ca Cv ) Na equação de Fick, ao lado, temos que: – V´: fluxo sanguíneo(l/min); – (dm/dt): consumo de oxigênio(l/min); – Ca: concentração arterial de de oxigênio; – Cv: concentração venosa de oxigênio. Método de Fick (Oxigênio como Indicador) Neste caso, o consumo de oxigênio é medido por um espirômetro, como indicado abaixo: Método de Fick ( O Oxigênio como Indicador ) A concentração arterial de oxigênio pode ser obtida a partir de uma amostra de sangue colhida em qualquer artéria o que pode ser feito a partir de um cateter a exemplo do que está ilustrado ao lado: Método de Fick ( O Oxigênio como Indicador ) A Concentração Venosa de oxigênio deve ser obtida a partir de uma amostra de sangue colhida da artéria pulmonar, requerendo assim a introdução de um cateter venoso através de uma veia. Método de Fick ( O Oxigênio como Indicador ) Considerações qualitativas sobe o método de Fick – Os resultados obtidos por este método são bastante confiáveis e exatos; – Requer condições fisiológicas relativamente constantes; – Requer muitos minutos para a sua execução; – Não fornece o débito cardíaco instantâneo; – Constitui um método INVASIVO; Adaptações Modernas do Método de Fick NICO(Novametrix Non-Invasive Cardiac Output Monitor) Método de Diluição do Indicador por Injeção Rápida Método de Diluição do Corante: Avalia o débito cardíaco a partir da curva de diluição do corante, exposta ao lado: V ´ m t1 C (t )dt 0 Método de Diluição do Corante Considerações acerca do método: – Qualquer ponto do sistema arterial pode ser usado para a retira da do sangue, sendo porém preferencialmente usados a artéria femoral(na coxa) ou ainda a radial( no braço); – O local para injeção do corante deve ser adequado já que este determina a forma da curva de diluição; – A passagem do indicador pelas veias provoca a dispersão da curva de diluição. Método de Diluição do Corante Características desejáveis no corante utilizado: Deve ser inócuo para o paciente; A dinâmica circulatória não deve ser afetada; Deve permanecer no fluxo sanguíneo entre os locais de injeção e amostragem; Deve ser mensurável. Método de Diluição do Corante Corantes mais usados: Evans Blue: Não tóxico; Seu uso por mais de oito vezes no paciente provoca descoloração da pele; Para a máxima absorção de luz, este corante possui um comprimento de onda de 620mm, acarretando assim interferência da hemoglobina na medida do débito cardíaco; Método de Diluição do Corante Corantes mais usados: Cardiogreen: Não Tóxico; Para a máxima absorção de luz, este corante possui um comprimento de onda de 805nm; É lentamente eliminado do organismo; Método de Diluição do Corante O “cuvette” , inserido num espectrofotômetro,mede a concentração do corante a partir do princípio de absorção fotométrica, obtendo assim a curva de diluição; Método de Diluição do Corante Considerações qualitativas sobre o método: – É tão exato quanto o método de Fick; – Sua execução é rápida e simples; – Apresenta o fenômeno de recirculação do corante. Método da Termodiluição O princípio deste método é basicamente o mesmo do método de diluição do corante,sendo que agora o indicador é uma solução (salina)fria(soro). Neste caso o débito cardíaco pode ser avaliado segundo a expressão ao lado, na qual: – Vi = volume de soro injetado; – Tb = temperatura inicial do sangue; – Ti = temperatura inicial do soro injetado; – K = constante de correção; – ∆Tb(t) =variação da temperatura do sangue no loca de deteção. DC VI (TB TI ) K t1 T B 0 (t )dt Método da Termodiluição Procedimentos para a obtenção do Débito cardíaco via termodiluição: Método da Termodiluição Observações acerca dos parâmetros envolvidos na medida do débito por termodiluição: Volume do soro injetado; Temperatura inicial do sangue; Temperatura inicial do soro injetado. Método da Termodiluição Considerações sobre a curva de termodiluição: – Semelhante à de diluição do corante,sem porém apresentar o segundo pico; – É obtida através de um termistor normalmente na configuração ponte de wheatstone; – Precaução com a corrente do termistor; Método da Termodiluição Alguns fatores que acarretam mudanças bruscas na forma da curva de termodiluição: – Alterações abruptas na frequência cardíaca; – Padrões anormais de respiração; – Pequeno volume de soro injetado. Método da Termodiluição Considerações qualitativas acerca do método: – Possibilita medidas simultâneas dos DC’s direito e esquerdo; – Permite medidas frequentes já que o indicador é inofensivo; – Possui uma reprodutibilidade e exatidão comparáveis aos métodos anteriormente expostos; – Apresenta uma baixíssima recirculação do corante. Método da Termodiluição Considerações qualitativas acerca do método: – Não introduz substâncias estranhas na corrente sanguínea; – Requer cateterização do coração. Fluxômetro Eletromagnético Na equação ao lado: L1 e u.B.dL 0 – e= Força eletromotriz induzida; – B= Densidade de fluxo magnético; – u= velocidade instantânea do fluxo passando pelo condutor; – L= Comprimento entre os eletrodos. Fluxômetro Eletromagnético Para um fluxômetro ideal, considerando um campo magnético uniforme e um perfil uniforme de velocidade, teríamos então a seguinte expressão: e = Blu (considerando a ortogonalidade dos parâmteros); Fluxômetro Eletromagnético Comportamento dos fluxômetros reais: – Parâmetro que quantifica a diferença entre os fluxômetros ideais e reais: A Sensibilidade do transdutor. Idealmente a sensibilidade seria 1,0 e no caso real menor que 1.0. Fluxômetro Eletromagnético Fatores causadores de erros na medida de fluxo sanguíneo : – Quando a condutividade da parede do vaso é maior que a condutividade do sangue a sensibilidade do transdutor diminui; – Se há entre os eletrodos e o vaso uma fina camada de fluido, geralmente com condutividade maior que a da parede do vaso, também há um comprometimento na sensibilidade; Fluxômetro Eletromagnético Fatores causadores de erros na medida de fluxo sanguíneo : – Quando o hematócrito aumenta, a condutividade do sangue diminui, reduzindo, em consequência, a sensibilidade do transdutor; – O perfil do fluxo sanguíneo, bem como a sua velocidade, interfere no resultado da medida. Fluxômetro Eletromagnético As sondas utilizadas nos fluxômetros: – Característica Principal desejável: “Garantir” a sensibilidade do transdutor; Os eletrodos devem ter uma alta impedância, normalmente são platinizados; Fluxômetro Eletromagnético Tipos de excitação do fluxômetro: – Fluxômetro DC: Há flutuações das tensões na interface do eletrodo com o vaso; Interferência do ECG, cujo espectro de frequência é semelhante ao do fluxo; O ruído do sistema de amplificação torna-se relevante para o “RANGER” de frequência de interesse( 0 a 30 Hz); Fluxômetro Eletromagnético Tipos de excitação do fluxômetro: – Fluxômetro AC: – Embora resolva os problemas causados no fluxômetro DC, a excitação AC cria outro problema: a TENSÃO DE TRANSFORMADOR, que se soma à tensão induzida pelo fluxômetro e que, muitas vezes, é maior do que a tensão induzida; – A tensão total seria portanto: (V= Vfsenwt + Vt coswt ); Métodos Pletismográficos Medem variações de volume no tempo e, consequentemente, o fluxo sanguíneo. – Pletismografia de oclusão Venosa; – Pletismografia de impedância elétrica. Métodos Pletismográficos Pletismografia de oclusão venosa: Métodos Pletismográficos Pletismografia de oclusão venosa: – Procedimentos do Método: Métodos Pletismográficos Pletismografia de oclusão venosa: Aplicações para o método: – Medida não invasiva de fluxo sanguíneo em membros ; – Caracterização de trombose venosa. Métodos Pletismográficos Pletismografia de impedância elétrica: – Variações de volume num membro ou tecido devidas ao fluxo de sangue implica em variações da impedância elétrica associada. Métodos Pletismográficos Após algumas deduções encontramos: b L2 Z V 2 Z Em que: – ∆V é a variação mensurável de volume; – ρb é a resistividade do sangue; – L é o comprimento do cilindro ; – ∆Z=[(Zb//Z) –Z]; Métodos Pletismográficos Justificativas para a relação matemática entre a variação volumétrica do tecido com uma impedância elétrica associadas: – A expansão das artérias é uniforme; – A resistividade so sangue ρb não varia; – As linhas de corrente são paralelas às artérias. Métodos Pletismográficos Considerações sobre a frequência de excitação: – São geralmente recomendadas freqüências na ordem de 100 kHz pois: Para um boa relação sinal/ruído são necessárias correntes maiores que 1mA; A impedância da interface entre pele-eletrodo decrescem com o aumento da freqüência; Já em freqüências maiores que 100kHz ocorre o efeito de capacitâncias indesejáveis. Métodos Pletismográficos Considerações qualitataivas sobre os métodos pletismográfiacos: – São não invasivos; – Pouco exatos. Transdutores Ultra-sônicos Os Transdutores ultra-sônicos medem o fluxo sanguíneo instantâneo; Esquema generalizado de um sistema ultra-sônico de medida ou monitoramento de um parâmetro: Transdutores Ultra-sônicos Os Transdutores Ultra-sônicos Piezoelétricos: – Convertem energia elétrica em energia mecânica a partir de um cristal piezoelétrico; – Materiais mais usados: Titanato de Barium, Zirconato dentre outros. Transdutores ultra-sônicos Comportamento de um feixe ultra-sônico: O comprimento de campo próximo é dado por: – l= r2/ ג O ângulo θ de divergência no campo afastado é dado por: – Θ=arcsen(0,61ג/r) Com: r = raio do transdutor; = גcomprimento de onda; Transdutores ultra-sônicos O princípio do fluxômetro ultra-sônico Doopler Transdutores ultra-sônicos Cálculo do deslocamento de Frequência Doopler: Transdutores ultra-sônicos Cálculo do deslocamento de Frequência Doopler: – Consideremos os seguintes parâmetros para a ilustração anterior: fs = frequência da fonte ultrasônica; C = velocidade do som; V = velocidade do sangue; Θ = ângulo que o cristal piezoelétrico faz com o eixo do fluxo sanguíneo; (C -Vcos Θ) = velocidade relativa do som em relação à fonte quando o som é emitido na direção contrária ao fluxo; (C+Vcos Θ) = velocidade relativa do som em relação à fonte quando o som é dirigido na mesma direção do fluxo; Transdutores ultra-sônicos Se גé comprimento de onda que é o mesmo nos dois casos, podemos dizer que: – ( =גC -Vcos Θ) / fs = (C+Vcos Θ) /fr; – Resolvendo esta equação para fr e encontrando ∆f(deslocamento de frequência Doopler), obtemos a expressão final para ∆f: – Considerando, para tal, que: C>>V f 2V cos( ) C Modos de visulização dos Tecidos: Conclusões Abrangência do assunto abordado; Cada um dos métodos abordados merece um estudo detalhado, especialmente a metodologia ultrasônica; Considerações sobre a Radioisotopia; Bibliografia GUYTON, Arthur C. Tratado de Fisiologia Médica. 8.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992. 864p. AKAY, M; DEUTSCH, S; WELKOWITZ, W. Biomedical Instruments. 2.ed. San Diego:Academic Press,1992. 377p. BRONZINO, Joseph D. Biomedical Engineering and Instrumentation. 1.ed. USA: PWS Publishers, 481p.