Encontro Regional da América Latina de Educação em Prisões
27 e 28/Mar/2008
GT: PRESO-EDUCADOR (PEER EDUCATION)
Raiane Patrícia Severino Assumpção – [email protected]
GT: PRESO-EDUCADOR (PEER EDUCATION)
O IPF está responsável pela dinâmica do Grupo de Trabalho sobre
o Preso-Educador, constituído no âmbito do processo preparatório
à Conferência Internacional sobre Educação em Prisões.
Busca sistematizar informações, incentivar e subsidiar debates
sobre o perfil do preso-educador, como construir coletivamente
recomendações na perspectiva da educação como direito.
INSTITUTO PAULO FREIRE (IPF)
São Paulo-SP/ Brasil
www.paulofreire.org - [email protected]
GT: PRESO-EDUCADOR (PEER EDUCATION)
Eu gosto de ser gente precisamente por causa da minha
responsabilidade ética e política em face do mundo e dos
outros. Não posso ser se os outros não são; sobretudo não
posso ser, se proíbo que os outros sejam. (Paulo Freire)
INSTITUTO PAULO FREIRE (IPF)
São Paulo-SP/ Brasil
www.paulofreire.org - [email protected]
I – Procedimentos


Contatos pessoais e pesquisas na Internet para
identificação de organizações e pessoas que
abordam ou atuam em relação ao tema
Solicitação de informações sobre a temática
(envio de questionário) para organizações da
Rede Freiriana – membros de 90 países
I - Procedimentos


Levantamento bibliográfico sobre o tema, a partir
de referências encontradas em pesquisas
acadêmicas, bases de dados virtuais (Scielo,
bibliotecas de faculdades de educação do Brasil)
Reuniões
de
socialização,
debate
e
sistematização: identificação de dados oficiais,
diálogo com pesquisadores e elaboração de
texto.
II - Balanço


Retorno de questionários: África do Sul, Angola,
Argentina, Brasil, França, Nigéria e Togu;
Dados oficiais e pesquisas acadêmicas – mais
informações sobre o Brasil, especificamente São
Paulo;
II Balanço
Principais Dificuldades:


Obter retorno dos contatos estabelecidos,
principalmente
com
informações
qualiquantitativas
A natureza da temática: o perfil do presoeducador - desenvolvimento de uma análise
qualitativa
II - Balanço

Pesquisas acadêmicas, o levantamento
empreendido no Brasil mostra que a educação
no sistema prisional é um tema emergente,
ainda com reduzida produção. Estudos sobre
a educação de mulheres encarceradas são
ainda mais escassos.
III - Diagnóstico
Sobre a educação

Indicações preliminares são baseadas em
pesquisas acadêmicas e relatórios produzidos
por organizações da sociedade civil ou
gestores, mas restritos à determinada
experiência,
unidades
prisionais
ou
estados/províncias
III - Diagnóstico
Sobre a educação

Não há informações sobre o perfil ou atuação
do preso-educador no Brasil: dados do
Ministério da Justiça;
IV – Diagnóstico a partir de algumas
experiências
FUNAP (SP)
Perfil do educador nas prisões (fonte: Funap/2005)
300 monitores, entre eles 175 monitores-presos
Nível de escolaridade:

15 % Ensino Fundamental Completo

65 % Ensino Médio Incompleto

15 % Ensino Fundamental Completo

05 % Ensino Superior (Completo ou Incompleto)
FUNAP (SP)
Perfil do educador nas prisões (fonte: Funap/2005)
Experiência em trabalhos comunitários ou
sociais:

85 % nunca realizaram

15 % já realizaram
FUNAP (SP)
Perfil do educador nas prisões (fonte: Funap/2005)
Experiência com educação/ensino:

95 % nunca realizaram

05 % já realizaram.
FUNAP (SP)
Perfil do educador nas prisões (fonte: Funap/2005)
Expectativas:
 Aprender a ensinar os colegas;



Aprender coisas diferentes;
Conhecer e entender Paulo Freire e seu
método;
Ensinar os colegas a ler e escrever.
Funap


Algumas aprendizagens
O grupo inicialmente buscou referência para a
ação pedagógica em suas experiências
escolares vivenciadas ao longo da vida.
Nessa ação pedagógica vimos práticas como
transmissão de conhecimento, atividades
descontextualizadas,
atitudes
autoritárias,
atividades de repetição para fixação, ênfase nos
conteúdos escolares de forma fragmentada e o
entendimento de que o educando não sabe
nada.
Algumas aprendizagens
Funap

Através dos encontros de formação, leituras e
reflexão sobre a prática, avançamos e até
superamos algumas questões como:
- transmissão de conhecimento x construção de
conhecimento,
- atividades descontextualizadas x atividades
contextualizadas,
Algumas aprendizagens
Funap
- ênfase nos conteúdos escolares de forma
fragmentada x conteúdos a partir do contexto
gerador,
- 'o educando não sabe nada' x educando e
educador parceiros e sujeitos na construção do
conhecimento.
Funap
Alguns entraves não superados:
- atitudes autoritárias;
- autonomia;
- educação como direito humano, numa realidade onde
muitos outros direitos são privados;
- funcionamento, estrutura, dinâmica e prioridades do
presídio (que interferem na sala de aula, na frequência
do educando, do educador e mesmo das formações).
IV – Diagnóstico a partir de algumas
experiências
MOVA BRASIL (2005 a 2007)
PÓLO
ETAPA
N.TURMAS
LOCALIDADE
RJ
II
02
Casa de Custódia de Itaperuna
III
02
IV
01
Centro de Recuperação de Menores C. dos Goytacazes
II
01
Cadeia Municipal Onofre Lopes - Mossoró
III
02
Presídio Provisório – Bairro Aeroporto - Caraúbas
01
Penitenciaria Agricola Mario Negocio - Mossoró
02
Complexo Penal Agrícola - Mossoró
02
Presídio Provisório – Bairro Aeroporto - Caraúbas
RN
IV
BA, CE, PE, SE, SA não tiveram turmas em presídios.
Perfil do educador nas prisões (fonte: Mova – 13 turmas)

Nenhum educador é presidiário

Gênero: Feminino

Idade entre 25 e 47 anos
Perfil do educador nas prisões (fonte: Mova)

Formação:
40% Ensino Médio completo
40% Ensino superior incompleto
20% Ensino superior completo
Algumas experiências
MOVA

A prática pedagógica: basea-se na dialogicidade
monitor levanta os conhecimentos prévios dos
educandos a partir de questionamentos que os
levam a refletir sobre suas vidas antes e depois
de estarem ali encarcerados, surgindo então os
temas geradores.
Algumas experiências
MOVA

A partir destes temas eram elaboradas as
aulas, visando aquisição da leitura, da escrita e
da matemática, elevação da auto-estima e
garantia de direitos aos educandos.
Algumas experiências
MOVA

As
Formações
Pedagógicas
ocorriam
semanalmente
juntamente
com
outros
monitores e com a Coordenação Local, onde
nesses encontros eram discutidas experiências
vividas, temas pertinentes a prática Libertadora,
onde os ensinamentos Freirianos eram
tomados como base, além dos estudos
propostos pela Coordenação de Pólo.
Algumas experiências
MOVA

A cada dois meses havia encontros de formação com
a Coordenadora de Pólo, onde havia uma vasta troca
de experiências e onde tiravam as dívidas de como
buscar as contribuições das áreas de conhecimento
para que os educandos avancem do senso comum.
Algumas Experiências
MOVA

A confiança dada ao coordenador local e ao
monitor, a boa acessibilidade às visitas
mensais, e o auxílio que os encarcerados já
alfabetizados davam aos educandos não
alfabetizados com permissão do monitor, como
forma de se sentirem úteis em poder ajudar o
próximo.
Algumas experiências
MOVA
Neste processo chegamos a vários resultados:

Humanização do espaço onde viviam;

Aquisição de documentos pessoais;

Atendimento médico, oftalmológico e odontológico aos apenados;

Encaminhamento de educandos alfabetizados para o EJA nos
presídios;

Oficinas e artesanatos;

Feiras para vender os produtos confeccionados.
Recomendações
Definição de uma Política Pública para a
Educação em Prisões, com foco:
formação de formadores: perspectiva libertadora
(Paulo Freire)


controle social
V – Termo de Referência
Prática Pedagógica




Relação entre ensino regular e ensino
profissionalizante, educação cultural e física
Oferta material didático-pedagógico
Formação das/os profissionais da educação
Situação funcional das/os profissionais da
educação
V – Termo de Referência
Controle social
Disponibilidade de dados e informações oficiais
referentes à atividade do preso-educador:
registro e acompanhamento do desempenho,
aulas (conteúdo, metodologia, recursos),
formação

Acompanhamento pedagógico por profissionais
e membros da organizações da sociedade civil
organizada

VI – Pŕoximas etapas
1. Intensificar a busca por informações – aproveitamos
este momento para solicitar o apoio de vocês nesta
tarefa
2. Termo de Referência ficará disponível na página
eletrônica da Ação Educativa, do Ilanud e do Instituto
Paulo Freire (www.paulofreire.org)
“Uma das tarefas mais
importantes
da
prática
educativocrítica é propiciar as
condições em que os
educandos em suas
relações uns com os
outros e todos com o
professor
ou
a
professora ensaiam a
experiência profunda
de assumir-se.
Assumir-se como ser
social e histórico, como
ser
pensante,
comunicante,
transformador, criador,
realizador de sonhos”.
Paulo Freire