A narrativa corre sem divisões de capítulos. Mário de Andrade usa as formas conhecidas de discurso. É mais frequente o discurso direto, nos diálogos, mas em algumas vezes, usa também o discurso indireto e o discurso indireto livre. A narrativa segue, de modo geral, uma linha linear: princípio, meio e fim. Começa com a chegada de Fräulein, estende- se em episódios e incidentes, acaba com a saída de Fräulein. Quando termina o idílio, o autor escreve “Fim” e, depois, ainda narra um pequeno episódio: um encontro de longe entre Carlos e Fräulein, num corso de carnaval. Geralmente a narrativa fica retardada pelos comentários marginais do narrador: algumas vezes exposição de tese. Apesar de certos alongamentos em seus comentários marginais, o narrador conta com rapidez, dinamicamente, em frases e palavras com jeito cinematográfico. Mário de Andrade usa uma linguagem sincopada, cheia de elipses que obrigam o leitor a ligar e completar os pensamentos. Em vez de dizer e de explicar tudo, apenas sugere em frases curtas, mínimas. A pontuação da frase é muito liberal. Conscientemente liberal. O ritmo de leitura depende muito da capacidade de cada leitor. Abandona a pontuação quando as frases se amontoam, acavalando-se umas sobre as outras, polifônicas, simultâneas, fugindo das regrinhas escolares de pontos e vírgulas. É preciso lembrar que Mário de Andrade é sempre um experimentador em busca de soluções novas para a linguagem. Para alcançar ou tentar suas inovações ele trabalhou exaustivamente: fazia e refazia suas redações em versões diferentes. Assim em Amar, Verbo Intransitivo e mais ainda em Macunaíma. “Sobre Fräulein: Agora primeiro vou deixar o livro descansar uma semana ou mais sem pegar nele, depois principiarei a corrigir e a escrever o livro na forma definitiva. Definitiva? Não posso garantir nada, não. Fräulein teve quatro redações diferentes!” (Carta a Manuel Bandeira, pág. 184).