Maquiavel: notas de aula Introdução à Ciência Política para Relações Internacionais Setembro 2014 Cristina Buarque Preâmbulo • Diferente de Aristóteles, que esperava da política (e dos governantes) a garantia da “boa vida”, Maquiavel apenas esperava dela condições para uma vida segura – e mesmo assim precariamente. Cena política - Itália fragmentada: tempo de revoluções, intrigas, alianças e traições. - Guerra como modo de vida - Objetivo da política: ordem Cena intelectual: Humanismo cívico • Afinidades: • Paradigma antropocêntrico • A origem do conhecimento é a experiência, e não a revelação. • Vida terrena não é “organizada” por mundo transcendente. • Contra o modelo da vida contemplativa: cidadão voltado para resolver problemas da cidade. • Objetivo: restituir dignidade à política. • Distâncias: • As ações morais não são sempre racionais. • Política independe da ética. A crítica da moral cristã • Por seu irrealismo, e não por seu valor intrínseco. • As medidas ideais, cabíveis apenas aos anjos, são irresponsáveis e conduzem à ruína política. • A história ensina que é impossível combinar virtudes cristãs com sociedade forte e vigorosa Se não há Deus, o que há? • Incerteza, inconstância e imprevisibilidade. • Fortuna, deusa-mulher, “cruel”, age “sem piedade, sem lei ou sem direito”. Apesar da incerteza sobre o mundo, psicologia constante dos homens • Natureza humana repetitiva • Homens são “falsos, dissimulados, covardes e facilmente corruptíveis”. • Moral possível: pagã Apesar da incerteza sobre o mundo, história cíclica e não cumulativa • “História mestra da vida”: coleção de exemplos e lições úteis. • “Basta considerar o que foi para saber o que será. Em todas as épocas, o que acontece neste mundo tem analogia com o que já aconteceu. Isto provém do fato de que, como todas as coisas humanas são tratadas por pessoas que têm ou terão sempre as mesmas paixões, não podem deixar de apresentar os mesmos resultados.” • “Refletindo sobre o funcionamento das coisas humanas, estimo que o mundo se sustenta no mesmo estado em que sempre esteve em todos os tempos”. O Príncipe: conflito, virtù e força • Conflito: condição permanente da política • Virtù: capacidade de interpretar a cena política e lidar com a fortuna. • Força: uso equilibrado, medida justa. • O Príncipe quer ser temido, mas não odiado. Mesmo o príncipe virtuoso… • Não disporá de verdade que possa resolver o problema da desordem. O conhecimento humano é incerto. • Agirá numa atmosfera de “angústia, incerteza e solidão”. • Um dia ruirá… Não há ordem que se prolongue indefinidamente.