Estado e Relações de Poder
O pensamento de Maquiavel
Prof. Fábio Abreu dos Passos
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Contexto histórico –
2ª metade sec. XV
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Grande mudanças em governos e ideias
sobre o governo
Época medieval:
 Poder político disperso (feudalismo).
 Sociedade medieval era local (reflexo
organização econômica/ transporte)
Contexto histórico –
2ª metade sec. XV (2)
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Novidade: unidade nacional
+ Rei
 superação ideias sobre papel igreja e
império
Organização comércio em âmbito
nacional +
comércio longa distância. Era necessário
poder
político nacional
=>
Monarquias absolutas substituíram as
cidades livres e o sistema feudal
(revolucionando instituições e civilização
medieval)
Preocupação Maquiavel
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E a Itália?
País dividido entre cinco centros de
poder: Veneza, Milão, Florença
(Firenze), Roma e Nápoles
Lógica política:
 Evitar invasões estrangeiras
 Manutenção do equilíbrio de
poder
Preocupação Maquiavel
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Itália deve adaptar-se à nova situação: precisa
de um líder para criar um Estado nacional.
A organização das cidades livres não poderia
resistir.
No livro “Comentários (Discorsi) sobre a
primeira década de Tito Lívio”:
Um país nunca pode ser unido e feliz
quando não obedece um só governo,
republicano ou monárquico, como nos
casos da França e Espanha.
O Príncipe
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Combinação de:
•
Experiência concreta
•
Observação processos políticos
•
Estudo da história
Dirigido ao Lorenzo de Medici (potencial
“salvador” da Itália)
Empirismo senso comum: não há ainda
tentativa de empirismo indutivo (testar
hipóteses). Exemplos históricos são
selecionados para sustentar suas teses.
O Príncipe
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Sucesso ou fracasso da política depende do
líder. O Princípe é o governante, o poder
Executivo, a autoridade legítima.
Logo no início do Cap II:
“Discorrerei somente sobre os
principados,
examinando de que modo suas várias
modalidades...podem ser mantidas e
governadas”.
O Príncipe
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O livro pode ser lido
de várias formas

Na tradição diplomática
(precursora RI), balanço de poder
entre cidades-estados

Manual sobre liderança

Tratado político sobre a
oportunidade histórica de criar um
Estado na Itália e a necessidade de
um príncipe assumir essa tarefa
Fortuna e Virtú: contra o determinismo
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Virtú => capacidade
de realizar; poder
humano de
efetuar mudanças
Fortuna=> o acaso; o curso da história
Entre Fortuna e Virtú: a oportunidade
“...não devemos nada à fortuna, senão à
oportunidade (l´ocassione)...”
“...sem sua virtude, a ocasião teria
vindo em
vão”.
Fortuna e Virtú: contra o determinismo
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Maquiavel se posiciona contra o fatalismo que se
conformava com o comando do mundo pela
Providência divina (determinismo) ou pelo acaso.
Por isso a importância do conhecimento do
mundo:
apoderar-se da oportunidade, permacendo imunes
às surpresas do acaso =>
•
•
Política como exercício da escolha
É preferível o príncipe ser audacioso do que
prudente.
Fortuna e Virtú: contra o determinismo
Cap XXIV/ XXV:
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Sorte - mostra todo o seu poder quando não
foi posto nenhum empenho para lhe resistir.
Considerar em tempos tranquilos as coisas
que podem mudar (“lembrar da tempestade
durante a calmaria”) =>
defesa de planejamento
(p. 145/146)
Realismo político
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Descrição das coisas como são, não a defesa do
que elas deveriam ser.
•
•
•
Objetivo da política: a conquista do poder e
a sua manutenção.
O Príncipe como estudo sobre a dinâmica
do
poder: disputa de poder permanente
Elemente a-histórico: condição humana,
independe de lugar e época.
Realismo político
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Cap III
Organização de colônias
Cap VI
Fala na dificuldade de instituir uma nova
ordem das coisas. Quem toma tal iniciativa
suscita a inimizade de todos os que são
beneficiados pela ordem antiga.
Cap XII/ XIII
Não confiar em tropas mercenárias e/ou
forças auxiliares (de vizinhos poderosos).
Ética e Moral em Maquiavel
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Thomaso de Aquino (século 13) em “Sobre
a Realeza” dava conselhos ao príncipe
cristão: piedade, moderação, caridade,
generosidade, honestidade.
Maquiavel: “...para se manter o príncipe
deve adquirir a capacidade e não ser bom, e
que faça ou não uso dela de acordo com a
necessidade”.
Ética e Moral em Maquiavel
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Cap XVIII
Evitar desviar-se do bem quando foi possível, mas
guardando a capacidade de praticar o mal, se
forçado pela necessidade: “...os fins justificam os
meios”.
Cap XIX
“..quando um partido cujo apoio lhe seja
necessário para manter sua posição é corrupto,
precisa amoldar-se a ele e satisfazê-lo...”
Ética e Moral em Maquiavel
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Cap. XV
O Príncipe “...não deverá se importar com a
prática escandalosa daqueles vícios sem os
quais seria difícil salvar o Estado”.
Poder pelo poder?
Objetivo do príncipe: uma ordem estável em
meio
a um mundo de contingência e acaso. Somente
por esse propósito é que a prática da tirania
pode
ser usada.
Ética e Moral em Maquiavel
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Robert Chisholm:
A ética política de Maquiavel tem como um de
seus componentes a lealdade e alguma instituição
que vai além da fortuna pessoal. Ou seja: não é
somente a conquista e a manutenção do poder. Ele
coloca a ambição necessária do príncipe acima de
interesses imediatos: estabelecimento da ordem
temporal. Não fornece a base para uma
moralidade universal, apenas para as relações
entre as cidadãos e entre governante e governado.
Princípios democráticos em Maquiavel
O príncipe precisa do apoio do povo
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Cap III
“...o príncipe precisará sempre do favor dos habitantes
de
um território para poder dominá-lo, por mais poderoso
que seja seu exército”.
“...precisa tratar bem os homens ou então aniquilá-los”.
Cap IX: “...é necessário que o príncipe tenha
o favor do povo, senão, não encontrará seu apoio na
adversidade.”
Cap XX: “...a melhor fortaleza é a construída sobre a
estima dos súditos, pois as fortificações não salvarão um
príncipe odiado pelo povo”.
O Mito do líder
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Ênfase na importância da liderança: impor
confiança, governar é decidir. Só inspira
credibilidade na massa quem age com decisão.
Mito do líder absoluto que defende o destino da
nação (despotismo iluminado)
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