UFU - Julho/2008 Leia o seguinte fragmento de O Príncipe, de F Maquiavel, e faça o que se pede a seguir. I L E há de se entender o seguinte: que O um príncipe, e especialmente um S príncipe novo, não pode observar todas O as coisas a que são obrigados os F homens considerados bons, sendo I freqüentemente forçado, para manter o A governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião. É necessário, por isso, que possua ânimo disposto a voltar-se para a direção a que os ventos e as variações da sorte o impelirem, e, como disse mais acima, não partir do bem, mas podendo, saber entrar para o mal, se a isso estiver obrigado. MAQUIAVEL, NICOLAU. O PRÍNCIPE. SÃO PAULO: ABRIL CULTURAL, 1973. P. 80. COLEÇÃO OS PENSADORES. A) Extraia uma expressão do texto acima que defina a idéia de que, para Maquiavel, “os fins justificam os meios” e justifique sua resposta. B) Extraia uma expressão do texto acima que esteja adequada ao conceito de fortuna e explique por que ela é adequada. RESOLUÇÃO: A) Expressão: “(... ) que um príncipe, e especialmente um príncipe novo, não pode observar todas as coisas a que são obrigados os homens considerados bons, sendo freqüentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião.” Justificativa: Maquiavel não parte de um código moral pré-estabelecido, mas da realidade, da situação concreta ou verdade efetiva das coisas, é ela que determina a ação do príncipe se este quiser se manter no poder. Se for necessário agir com violência para se manter no poder, ele o fará, não de maneira arbitrária, mas com inteligência, sabendo usar a força inerente a todo poder. B) “É necessário, por isso, que possua ânimo disposto a voltar-se para a direção a que os ventos e as variações da sorte o impelirem (....)”. Justificativa: Maquiavel afirma que o bom governante, o homem de “virtú”, é aquele capaz de conquistar e dominar a “fortuna”, sendo essa o destino, a sorte, as circunstâncias, as oportunidades para realizar as grandes obras para a obtenção ou manutenção de seu Estado, além de conseguir o triunfo sobre as dificuldades apresentadas. Somente esse novo príncipe, por sua verdadeira coragem, cálculo e força e usando o critério da conveniência e oportunidade, adquiri, desse modo, a riqueza, o poder e a glória sobre seus governados.