Tema 8 - Bioterrorismo: Realidade ou Ficção? Grupo contra Catarina Luz José Maria Perdigão Rafael Ortiz Definições •Terrorismo: não existe uma só definição aceite universalmente. “método de violência premeditada dirgida contra alvos civis, cuja finalidade é semear o terror de modo a intimidar uma população ou obrigar um governo ou uma organização internacional a realizar um acto ou abster-se de o fazer.” • Bioterrorismo: Uso ou ameaça de uso de bactérias, vírus ou toxinas como armas com fins terroristas. • Neste caso só nos interessa estudar: Biotoxinas Haverá Terror no Bioterrorismo? Avaliação de Risco Parâmetros a avaliar: • Intenções ou objectivos do grupo ou indivíduo • Capacidades técnicas que estes possuem • Características das substâncias tóxicas utilizadas • Cenário de dispersão do tóxico A falta de dados coloca dois problemas essenciais: 1. O reduzido número de casos torna difícil o desenvolvimento de metodologias preditivas. 2. O provável reduzido número de ataques futuros torna difícil calibrar e validar qualquer metodologia preditiva. Motivações dos grupos terroristas • Terrorismo apoiado pelo estado • Terrorismo nacionalista/étnico • Terrorismo ideológico não apoiado pelo estado • Terrorismo antigovernamental Aspectos dissuasores do uso deste tipo de armas Terrorismo apoiado pelo estado • Têm alvos bem definidos • Possíveis retaliações • Falta de controlo sobre o grupo Terrorismo nacionalista/étnico • Dependem da manipulação das emoções da população • Perda de apoio externo Terrorismo ideológico não apoiado pelo estado • Perigo envolvido • Falta de experiência • Falta de recursos Terrorismo anti-governamental • O alvo é o próprio governo • Perda de apoio por parte da população Algumas biotoxinas que podem ser utilizadas • Toxina do Clostridium botulinum • Bacillus anthracis – produz toxina tripartida • Salmonella spp. (S.typhi) • Enterotoxina B de Staphylococcus spp. • Toxina epsilon do Clostridium perfringens • Toxina do rícino Clostridium botulinum Características principais • DL50 = 3000 unidades (1 unidade = DL50 rato, aproximadamente 0,4 ng) • Transmissão por ingestão (alimentar) da toxina pré-formada. • Não contagiosa • Existe um soro antibotulínico polivalente (anti-toxina) Bacillus anthracis Características principais • Inalação de aerossóis contendo esporos (DI50= 10.000 a 20.000) • Infecção cutânea (DI50 = 10 a 50) • Ingestão de esporos (DI50= 250.000 a 1.000.000) • Não contagiosa Salmonella spp. Características principais • Não ocorre transmissão por contacto directo • Ingestão de alimentos ou água • Transmissão fecal-oral – falta de higiene • Tratamento antibiótico e vacinação contra a forma tifóide • DI50 107 Rícino Características principais • Ingestão de alimentos ou água • Inalação de aerossóis • DL50 = 3-5 mg/Kg • Terapêutica: medicação de suporte (que pode incluir fluidoterapia) Os microorganismos são armas fracas • Longo período de incubação de muitos patogénios efeitos não imediatos. • A epidemia resultante pode ser confundida com um surto natural da doença. • O efeito dos aerossóis biológicos é incerto dependendo das flutuações do vento e de outras condições climáticas. Fases para a utilização de agentes biológicos como armas terroristas 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Obter uma estirpe virulenta do agente Cultivar o agente em quantidade suficiente Manter o agente vivo até à sua dispersão O agente tem que resistir ao calor e ao choque Chegar ao alvo com partículas de dimensões adequadas Atingir uma ampla área geográfica em concentrações suficientes Escapar à detecção pelas autoridades Modos de disseminação • Contaminação de alimentos • Contaminação da água da rede pública • Disseminação por aerossóis • Contaminação de objectos (fomites) Tentativas de ataques Bioterroristas (Fonte:CDC) • • • • • • • Weather Underground (1970) R.I.S.E. (1972) Red Army Faction (1980) Rajneeshee Cult (1984) Minnesota Patriots Council (1991) Aum Shinrikyo (1995) Larry Wayne Harris (1998) Dados sobre ataques com agentes biológicos (Fonte:CDC) • Em 40 anos (1960-1999) registaram-se 66 casos de crime e 55 de terrorismo. • Dos actos terroristas apenas um resultou em infecções: a contaminação de saladas no Oregon em 1984 com Salmonella tiphymurium (culto Rajneeshee) – 751 intoxicações alimentares – 0 mortes. • Cartas com B.anthracis depois do 11 de Setembro de 2001 – 21 casos de carbúnculo – 3 mortes. Comparações... • Atentados de 11/09/2001: 2829 mortos. • Atentado de 11/03/2004 (Madrid): 190 mortos e cerca de 1.500 feridos. • Acidentes: nos EUA, todos os anos ocorrem em média 60.000 derrames, fugas ou explosões de produtos químicos (8.000 graves), provocando entre 300 e 400 mortes. • Doenças/intoxicações alimentares: 76 milhões de casos por ano nos EUA, com 325.000 hospitalizações e 5.000 mortes. Resultados • A probabilidade de uma disseminação bem sucedida é muito baixa. • Os terroristas não possuem tecnologia ou capital para produzir armas biológicas de forma lucrativa. • Tanto os grupos terroristas como os governos têm recursos limitados, tendo que ponderar como atingir os seus objectivos ao mais baixo custo. • A única forma lucrativa é tendo acesso a materiais a partir de governos ou empreendimentos controlados pelo estado sanções pela comunidade internacional. • Quando avaliamos políticas de redução de risco temos que considerar todas as fontes de perigo. • Objectivo primordial: regulação do acesso a armas biológicas. Conclusão (Previsões) • Fraudes e ameaças serão mais prováveis que o uso efectivo de armas biológicas. • Ataques sabotados de pequena escala e tentativas de homicídio pessoal serão mais prováveis que ataques de larga escala e homicídios em massa. • Uma disseminação imperfeita em recintos fechados será a forma mais provável de ataque. Bioterrorismo ou Psicoterrorismo? • Armas com grande poder psicológico. • Principal objectivo: indução de medo, confusão e incerteza na vida quotidiana. • Traumas associados a falsos alarmes. • Necessidade de desmistificar e informar a população sobre o verdadeiro poder das armas biológicas. MSI • MSI - Mass Sociogenic Illness (Doença Sociogénica em massa) • Ocorrência de sintomas físicos não específicos sem causa orgânica. • O medo do bioterrorismo pode provocar casos de pânico e MSI nos quais as pessoas desenvolvem sintomas em reacção a uma ameaça imaginária.