Terrorismo: Modalidade de acção de guerra subversiva
pela qual se pretende criar a insegurança dos dirigentes
políticos e militares e o medo na população civil.
TERROR
Bioterrorismo: Ameaça ou utilização deliberada de
microorganismos ou de tóxicos destinados a causar morte ou
doença em pessoas, animais ou plantas, pânico e instabilidade
social, com o fim de atingir objectivos políticos, ideológicos
e/ou económicos.
 Homem de Neanderthal coloca fezes de animais nas
flechas para aumentar o poder letal
 492 (A.C.): Espartanos incendeiam e mandam enxofre
para criar fumos tóxicos na guerra de Peloponnesian
 Legionários romanos contaminam águas de poços
dos inimigos com carcaças de animais
 1346-47: Mongóis catapultam corpos infectados com
peste para o interior das muralhas de Kaffa
 24 Abril 1863: Departamento de guerra E.U.A. proclama
“O uso de veneno, seja ele qual for, para envenenar poços,
comida ou armas, está inteiramente proibido nas guerras
actuais”
 29 Junho 1899: “Convenção de Haia com respeito a
leis e costumes de Guerra e Terra” com a promessa de
não usar gases tóxicos, nem outros venenos como armas
 Séc. XX (1ª Guerra Mundial): governo britânico
armazena 5 milhões kg de ração de alimento para gado
infectado com antrax para infectar os rebanhos alemães (no
caso de estes recorrerem a armas biológicas)
 22 Abril 1915: alemães atacam franceses com gás cloro
em Ypres. É o 1º uso significativo de químicos na 1º G.M,
provoca 92000 baixas
 1916-18: Alemães usam antraz e mormo para infectar
gado e comida para exportar para Forças Aliadas
 17 Junho 1925: “Protocolo de Genebra para a proibição
do uso na guerra de gases asfixiantes, venenos ou outros e
de métodos bacteriológicos”. Não ratificado pelos E.U.A. e
não assinado pelo Japão
 1936: Itália usa gás mostarda contra Etíopes durante invasão
da Abyssinia
 1940: Japoneses lançam arroz e trigo com insectos
infectados com peste, sobre a China e Manchúria (260 mil
mortos)
 2ª Guerra Mundial: Japoneses nos campos de concentração,
infectam pessoas com botulismo, encefalite, tifo e varíola (para
teste), pelo menos 10000 pessoas morrem
 Set. 1950-Fev. 1951: Teste de métodos de dispersão de
armas biológicas com recurso a agentes simuladores, sobre
San Francisco
 25 Novembro 1969: Nixon anuncia o desmantelamento do
programa americano de desenvolvimento de armas biológicas
 10 Abril 1972: “Convenção da proibição do
desenvolvimento, produção e armazenamento de armas
bacteriológicas ou toxinas e sua destruição”
 1979: Acidente de Sverdlovsk, dispersão acidental de
quantidade desconhecida de esporos de B. anthracis
 1980’s: Rícino é usado pelo KGB durante guerra-fria e
durante a guerra Irão-Iraque
 1985: Oregon, 751 pessoas sofrem de gastroenterite
por Salmonella typhimurium devido a atentado do
culto religioso Shree Rajneesh
 1995: Seita religiosa de Aum Shinrikyo, solta gás
sarin no metro de Tokyo, causando 12 mortos e 5500
feridos
• Infecciosidade e propriedades tóxicas elevadas
• Contagiosidade
• Severidade dos efeitos
• Susceptibilidade da população alvo
Disseminação:
aerossóis < contacto < alimento contaminado
Parassimpaticomimético
indirecto

inibidores da colinesterase
• Desenvolvido em 1938 como pesticida
• Gás incolor e sem cheiro
• 20x mais mortífero que o cianídrico
• Agente nervoso: interfere com a transferência impulso
nervoso
• Mais pesado que o ar
• DL: 0,5 mg (contacto,adulto
humano)
• Contacto com os olhos ou pele, ou
via aérea, comida e água
• Depois de exposto, excreta sarin
durante 30 minutos
• “Bomba atómica dos pobres”
• Aum Shinrikyo, o movimento
religioso usou o agente em 1995 no
metro de Tóquio
Sintomas e Sinais
Miose
Mg.min.m-3
Depressão de AChE
(aproximada)
Cefaleias
Rinorreia
<2
<5%
Broncoespasmos
5
20%
Dores no peito
5-15
20%-40%
15
50%
Suores
40
80%
Fraqueza
Salivação
Náusea e Vómito
Defecar e Urinar
100
100%
Falha respiratória
Convulsões
Paralisias e Morte
(TX60, EA1701)
• Composto organofosforado sulfonado
• Criado em 1950 no Reino Unido - nome
de código “VX” pelo exército norteamericano
• Incolor e sem paladar, assemelha-se ao óleo de carros na cor e
aparência
• Agente nervoso
• 100x e 2x mais mortífero que Sarin por contacto/inalação
• Menos volátil dos agentes nervosos: persistente
• Agente químico nervoso mais mortífero
(TX60, EA1701)
• Uma gota na pele: morte (10 mg)
• Morte em 15 minutos
• Síntese complicada e perigosa,
sendo mais fácil roubar de base mal
guardada
• Tem antídoto: cocktail de drogas, mas actua tão rapidamente
que teria de ser imediato e no coração
• Ainda não foi utilizado no seu potencial máximo: localmente,
perigo de afectar quem utiliza (vento...)
• E.U.A., França e Rússia, Síria? e Iraque??
(TX60, EA1701)
Miose
Cefaleias
Rinorreia
Broncoespasmos
Dores no peito
Salivação
Náusea
Vómito
Suores
Fraqueza
Defecar
Urinar
Paralisias
Perda de consciência
Convulsões
Falha respiratória
Morte
Sintomas e Sinais
• 40 moléculas (Tricotecina, DAS, DON, Fusarenona-X,
etc.). Distribuídas por 4 grupos.
• São produzidas pelos géneros: Acremonium,
Cylindrocarpon, Dendrodochium, Myrothecium,
Fusarium, etc.
• Mecanismo de acção:
ligação à subunidade 60 S ribossomal
inibe a acção da peptidil transferase *
síntese proteica inibida
e consequentemente a síntese de DNA e RNA (efeito
de cascata)
* algumas toxinas actuam no início do ciclo ribossomal – DAS, toxina T-2,
furasenona-X – outras na etapa de alongamento-terminação – DON, tricotecina.
• Zootóxicas: via digestiva, respiratória e cutânea
Provocam a síndrome Leucemia Tóxica Alimentar:
1ª fase – inflamação do TGI com emese, diarreia e dor
abdominal
2ª fase – alterações da função medular (leucemia)
3ª fase – hemorragias petequiais da pele e mucosas,
necrose do TGI e infecções secundárias, adenopatias,
hepatite com icterícia
4ª fase – morte por asfixia (edema da glote)
4-5 mg/pessoa provocam a sua morte
• Fitotóxicas: impedem a germinação das sementes,
provocam o apodrecimento da raiz e necrose da planta.
• Uso:
 Usadas no Peru pelos USA para controlar as produções
de cocaína
 Relatos populares afirmam que os aviões da DEA
pulverizaram os campos. Os campos estão “infectados”
por Fusarium sp.
 A Embaixada Americana em Lima diz que várias
culturas (tomate e papaia) foram afectadas e que 3000
camponeses tiveram que mudar de vida
• Extraído de sementes de Ricinus communis
• DL50 = 0,2 mg; 3g de semente matam uma
criança
• Tóxico quando ingerido, inalado ou injectado
• Pó disperso no ambiente seria destruído por O3
ou outros poluentes
• Não se conhece antídoto
• Extraído de Abrus precatorius
• Mais venenoso que o rícino
• Estável em temperaturas muito altas ou muito baixas
• Tóxico: ☺ contacto com pele e mucosas
☺ ingerido
☺ inalado
• Sintomas: dependem da forma de exposição
(irritação gastro-intestinal, vómito, diarreia, dor
abdominal, colapso e morte)
• Mecanismo de acção:
☺ Actua destruindo ribossomas e impedindo a síntese de
proteínas
☺ Morte em 36-72 horas (há pouca hipótese de
sobrevivência)
• Etiologia: Clostridium botulinum
 clostrídeo neurotóxico
 esporos mantêm-se viáveis no meio ambiente
(até 30 anos)
• P.I.: 1-5 dias
• 3 tipos:  alimentar (“foodborne”)
 infantil
 contaminação de feridas
• Mantém-se activo pouco tempo após libertação
• Capacidade letal: 1x10-9g
• Difícil de produzir e converter em armas
• Sintomas: fraqueza, tonturas, boca seca, visão enevoada,
náuseas, vómito, dificuldade em falar e engolir, pálpebras
caídas, paralisia progressiva e eventual asfixia
• Patogenia: toxinas
tracto intestinal ou feridas
junções neuromusculares (ligam-se
a receptores da Ach, nas
terminações nervosas)
paralisia
MORTE
(por asfixia)
circulação
• Doença grave, causada por Bacillus
anthracis
 bacilo Gram +
 forma esporos (quando em contacto com o ar)
 fácil dispersão
 permanecem durante décadas no solo
(ex: 40anos, Gruinard Island, 2ª G.M.)
 factores de virulência:  cápsula(poli-D-glutamato)
 toxina(tripartida, factor 1, 2 e 3)
• Sintomas: febre, mal-estar, fadiga, tosse, dificuldade em
respirar, toxémia e cianose
3 tipos de infecção:
Cutânea (5-20% mortes nos
casos não tratados)
Gastrointestinal (25-60%
mortes)
Inalação (99% morte s/
tratamento; 45-80% c/ tratamento)
P.I.: 1-7dias
• Doença não se transmite entre pessoas
• Capacidade letal: 1x10-9g
• Forma de transmissão:
animai
armas biológicas
• Agente categoria A:
maior ameaça para saúde pública
pode espalhar-se por uma grande área
necessário bom plano de protecção para saúde
pública
• Doença causada por Salmonella sp.
 Coco Gram –
 não forma esporos
• Dose infectante: 15-20 cél., dependendo da idade e saúde
do hospedeiro e da estirpe do agente
• Estirpes de S. enterica  3 serovars
 S. typhimurium  fatal em pessoas imunosuprimidas
 S. enteritidis  principal causa de infecção alimentar
 S. typhi  febre tifóide
Patogenia: ingestão
INTESTINO
liga-se às
paredes
penetra no enterócito
(multiplica-se e destrói a célula)
ENTERITE
DIARREIA
atravessa a
barreira intestinal
SEPTICÉMIA
Os agentes infecciosos utilizados em actos terroristas,
também são responsáveis por surtos naturais de doença.
• Investigação epidemiológica:
 Aumento brusco do número de casos num curto espaço de
tempo (mesmo estadio de evolução)
 Doença mais severa do que o esperado para um dado
agente
 Epidemias múltiplas e simultâneas de diferentes doenças
 Isolamento de variantes de microorganismos diferentes
dos comuns para dada zona geográfica
• Agente específico ou toxina utilizada
• Método e eficácia de dispersão
• População exposta
• Nível de imunidade da população
• Eficácia pós-exposição e/ou regime terapêutico
• Capacidade de transmissão secundária
Objectivos:
• Ataque das fontes de alimento do inimigo
• Alteração dos padrões de abastecimento e procura da comunidade
• Destabilização do governo por escassez alimentar e desemprego
Consequências:
• Perda directa devido a doença
• Custos com o diagnóstico e vigilância
• Custos devidos a esforços para conter quebra nas fontes
• Perdas devidas a restrições sanitárias e fitossanitárias no tratado
internacional
• Efeitos ambientais
Objectivos:
• Criar apreensão e
instabilidade social
Consequências:
• Diminuição da produtividade
• Recessão económica
• Custos relacionados com o diagnóstico, tratamento imediato
e a médio/longo prazo e controlo da situação
• Várias organizações encaram o bioterrorismo como uma
ameaça real.
09/2002
Medidas do Plano de Contingência:
“Detecção rápida de potenciais agentes biológicos e/ou
casos de doença resultantes da sua libertação deliberada,
bem como a instituição de medidas de tratamento e
profilaxia adequados”
Ministério da Saúde
FASE 0:
• existe consciência do risco, mas não há ameaça potencial
FASE 1:
• alerta em função de uma ameaça potencial ou plausível
FASE 2:
• alerta em função do aparecimento de actos bioterroristas
confirmados noutros países
FASE 3:
• alerta nacional por ocorrência em Portugal de situações
suspeitas ou confirmadas de bioterrorismo
FASE 4:
• período pós-crise, durante o qual se regressa à Fase 0
• Medidas a serem asseguradas pelas autoridades:
 fornecer informação aos responsáveis da saúde e ao público
 medidas profilácticas: vacinas e antibióticos
 vigilância do ataque e possíveis contágios
 manutenção da qualidade: ar, água e comida
• Bom sistema de telecomunicações
Funções:
• estar alerta
• comunicar ocorrências suspeitas
• informar/educar agentes económicos
• obrigação de zelar e cumprir as
regras de boa prática sanitária:
1. deslocações às explorações
2. necrópsias
3. inspecção sanitária em matadouros
4. recolha e envio de material suspeito