ENSAIO SOBRE A
CEGUEIRA
“Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero
que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se
descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é
simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da
minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através
da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso
que tenhamos coragem para reconhecer isso”, disse o
escritor José Saramago, por ocasião da apresentação
pública do seu romance “Ensaio sobre a Cegueira”.
CEGO
1. Privado da vista.
2. Fig. Alucinado, transtornado, obcecado.
3. Que impede a reflexão, o raciocínio; que
perturba o julgamento, oblitera a razão.
(Fonte: Dicionário Eletrônico Aurélio)
Existe no Ensaio sobre a Cegueira, de Saramago,
uma diferença sutil entre os atos de olhar e de ver:
 olhar: percepção visual, uma consequência
física do sentido humano da visão.
 ver: possibilidade de observação cuidada, de
exame daquilo que nos aparece à vista.
Epígrafe do livro:
“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”
Reparar, portanto, não é nada mais do
que se libertar da superficialidade da visão
para aprofundar o interior do que é o
homem e, finalmente, conhecê-lo.
Reparar: 1.fazer reparo ou conserto em;
consertar, restaurar, refazer:
O pedreiro reparou o muro parcialmente
destruído.
6. Fixar a vista ou a atenção em; observar,
ver, notar
(Fonte: Dicionário Eletrônico Aurélio)
Jogo
entre
desumanização
e
humanização.
Traz
passagens em que se
desce ao extremo mais
baixo da barbárie, mas
sempre atentando para
momentos
de
solidariedade
e
de
compaixão – momentos
em que o reparar se
torna fundamental.
A cegueira apresentada por Saramago
pode ser encarada como um sintoma da
alienação do homem em relação a si
próprio e aos outros.
Frieza resultante do tecnicismo, que faz
com que os homens percam a consciência
de si e se deformem, se massifiquem e
se barbarizem, tornando-se semelhantes
a um objeto.
“Com a valorização do mundo das coisas,
aumenta em proporção direta a
desvalorização do mundo dos homens.”
Karl Marx
IMPORTÂNCIA DA ARTE
Função humanizadora
A arte, principalmente a literatura,
é
humanizadora, quer dizer, reverte o
processo de reificação ao qual os
indivíduos estão submetidos.
Ela [a Literatura] não corrompe nem
edifica, portanto; mas, trazendo livremente
em si o que chamamos o bem e o que
chamamos o mal, humaniza em sentido
profundo, porque faz viver.
(Antonio Candido, “A literatura e a formação do
homem”)
As leituras e interpretações de uma obra
literária são múltiplas. O leitor sempre
interage ativamente com o texto, lendo-o
sob a ótica de seus valores, experiências
e perspectivas. Ao refletir sobre a
cegueira, pudemos dividi-la em três tipos:
– cegueira física;
– cegueira ideológica.
– cegueira epistemológica.
Cegueira física
• Cegueira física: é aquela que
usualmente vem a nossa mente
quando pensamos no significado da
palavra. É literal, denotativa.
• A cegueira é a falta do sentido da
visão. Pode ser total ou parcial.
• Vários tipos: visão reduzida, parcial,
daltonismo, estrabismo, etc.
As classificações dependem de onde se
tenha produzido o dano que impede a visão:
1. nas estruturas transparentes do olho,
como as cataratas e a opacidade da
córnea;
2. na retina, como a degeneração macular;
3. no nervo óptico, como o glaucoma ou
diabetes;
4. no cérebro.
Os outros dois tipos de cegueira podem
ser considerados metafóricos, pois não
significam a falta do sentido da visão
física
e
não
estão
ligados
necessariamente aos globos oculares e
aos nervos óticos.
Cegueira ideológica
• Cegueira ideológica é o tipo de cegueira
provocado por outras pessoas, instituições
ou meios de comunicação
• Instrumento de dominação
• Age através do convencimento
• Falácias
Cegueira epistemológica
• Cegueira epistemológica: diz respeito a
nossa capacidade de experimentar a
realidade em que estamos inseridos e
conhecer a verdade das coisas.
• “Mito da caverna”: A república, de Platão,
livro VII.
Mito da Caverna
Platão
Adaptação de Maurício de Souza
INFOEDUCAÇÃO INDICA
Janela da alma
Documentário.
Dir: João Jardim
e
Walter
Carvalho. BRA,
2003.
O demolidor
Dir.
Mark
Steven
Jonhson. EUA, 2003.
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