CINE AULA
JOSÉ SARAMAGO
Graça Migliorini & Mônica Soares
JOSÉ SARAMAGO
Saramago nasceu em Portugal (Ribatejo), em 1922. Fez estudos
secundários com muitas dificuldades. Seu primeiro emprego foi
como serralheiro mecânico, tendo exercido depois, diversas outras
profissões: desenhista, funcionário de saúde e de previdência
social, editor, tradutor, jornalista. Em 1972 fez parte da redação do
jornal Diário de Lisboa. A partir de 1976 passou a viver
exclusivamente de seu trabalho literário, primeiro como tradutor,
depois como autor. Foi laureado com o prêmio Nobel daLiteratura
1998 Atingiu a celebridade aos 60 anos Vive hoje (2008) nas ilhas
Canárias.
1. Manual de Pintura e Caligrafia (1977)
O livro parece uma autobiografia mas, na sua
intensidade, encerra também o tema do amor,
assuntos de natureza ética, impressões de
viagens e reflexões sobre a relação entre o
indivíduo e a sociedade.
2. Memorial do Convento (1982)
É um texto multifacetado e plurissignificativo
que tem, ao mesmo tempo, uma perspectiva
histórica, social e individual, permeada de
imaginação.
3. O ano da Morte de Ricardo Reis (1984)
A ação passa-se em Lisboa no ano de 1936, em plena
ditadura, mas possui um ambiente de irrealidade
superiormente evocado Este ambiente é acentuado pelas
repetidas visitas do poeta Fernando Pessoa à casa da
personagem principal (que é extraída da produção
pessoana) e das suas conversas sobre a existêcia do
homem. Juntos deixam o mundo após seu último
encontro. É Fernando Pessoa encontrando-se com um dos
seus heterõnimos.
4. A Jangada de Pedra (1986)
Uma série de acontecimentos sobrenaturais culmina na
separação daPenínsula Ibérica que começa a vagar no
Atlântico, inicialmente em direção aos Açores. Comentários
sobre a vida, ironiza as autoridades e os políticos.
5. História do Cerco de Lisboa (1989)
É um romance sobre um romance. A história nasce
da obstinação de um revisor ao acrescentar um
não, um estratagema que dá ao acontecimento
histórico um percurso diferente.
6. O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991)
Romance sobre a vida de Jesus encerra, na sua
franqueza, reflexões merecedoras de atenção sobre
grandes questões. Deus e o Diabo negociam sobre
o mal. Jesus contesta o seu papel e desafia Deus.
7. Todos os Nomes (1977)
Uma história de dimensões quase metafísicas sobre um
funcionário público da Conservatória dos Registros
Centrais. Ele fica obsecado por um dos nomes do registro e
segue a sua pista até seu trágico final.
8. As Intermitências da Morte (2005)
Uma visão dos fatos a partir do dia primeiro de janeiro
quando ninguém mais morreu naquele lugar. Na ausência
da morte surgem conflitos, discussões e soluções para o
problema dos que não morrem. No sétimo capítulo há uma
carta mandada pela morte a uma emissora de televisão,
para que seja levada a público a notícia de seu retorno.
9. Ensaio sobre a Cegueira (1995)
A obra mostra o caos que se chega quando
um dos sentidos falta a uma população.
Evidencia uma epidemia de cegueira.
Contexto
I - “ Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”
Palavras de José Saramago, na apresentação
pública do seu romance Ensaio sobre a Cegueira.
“ Este é um livro francamente terrível com o qual
eu quero que o leitor sofra tanto quanto eu sofri
ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura.
É um livro brutal e violento. São trezentas páginas
de constante aflição. Através da escrita, tentei
dizer que não somos bons e que é preciso que
tenhamos coragem para reconhecer isso”
II- A idéia do título nasceu num restaurante de
Lisboa.
Reflexão → E se fôssemos cegos? Como seríamos?
A idéia original transforma-se em algo que vai
muito além da própria cegueira, como a cegueira
da razão, e não – simplesmente - a física.
III – Ensaio sobre a Cegueira é uma obra em que
obriga a sociedade a fazer um profundo exame de
consciência sobre o mundo.
De característica onisciente, a narrativa leva-nos a
refletir sobre a moral, os costumes, a ética e o
preconceito. [ crítica aos valores sociais da socie-
.
dade portuguesa contemporânea].
IV – Estilo
Pode-se afirmar que a obra é difícil de ser lida, não apenas
pelo seu contexto filosófico, mas pelo estilo de José
Saramago: as falas entre vírgulas forçam o leitor a um
verdadeiro mergulho em suas idéias.
A desconstrução do tempo linear em suas idas e vindas nas
memórias das personagens evoca as características do ser
humano:
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•
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Poder
Obediência
Carinho
Desejo
Vergonha
Mesquinhez
Instintos
Reforça perguntas essenciais:
• O que é viver?
• Quem é o outro?
• Que relação tenho com a vida, com o
mundo, com o tempo?
• Onde estou?
• Quem sou?
• Como sobreviver?
V – Personagens
As personagens não são caracterizadas por seus
nomes, mas por particularidades
O sentimento, a ação e a atitude dos indivíduos
passam a ser suas identidades.
VI – Conclusão
“ Sou simplesmente a que nasceu para ver o horror.”
A pergunta que fica é: como o ser humano ultrapassa
as situações insólitas, momentos pitorescos,
perigosos e até onde ele pode suportar em nome da
sobrevivência.
Reflexão
“Sua visão do mundo nunca mais será
a mesma.”
Graça Migliorini & Mônica Soares
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