Bronquiectasias Uso prolongado de macrolídeos Mauro Gomes Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de S. Paulo Hospital Samaritano / SP Macrolídeos e PBD A Pan-bronquiolite Difusa (PBD) é caracterizada pela inflamação crônica dos bronquíolos respiratórios e que, clinicamente, apresenta-se como diagnóstico diferencial das síndromes sinusopulmonares (Yamanaka, 1969). Infecções recorrentes Tosse produtiva, dispnéia e sinusite Raramente descrita em caucasianos Sobrevida em 5 anos: Sobrevida c/ macrolídeo: 63% (sem P. aeruginosa) 8% (com P. aeruginosa) 92% Kudoh et al. Am J Respir Crit Care Med. 1998;157:1829–32 Pan-bronquiolite Difusa (PBD): pré e pós macrolídeo 7 / set / 1994 9 / jul / 1997 Kudoh S, Keicho N. Semin Respir Crit Care Med 2003; 24: 607-618 Pseudomonas aeruginosa Variante mucóide Biofilme de alginato Bronquiectasias e Pseudomonas aeruginosa Mauro Gomes Bronquiectasias e Pseudomonas aeruginosa Mauro Gomes Pseudomonas em FC e bronquiectasias Pseudomonas, variante mucóide maior produção de escarro maior extensão do processo maior nº. de hospitalizações menor qualidade de vida mais freqüente nas bronquiectasias císticas MARCADOR PARA DOENÇA GRAVE Lynch DA et al. Am J Roentgenol 1999; 173:53-8 Ho PL et al. Chest 1998; 114:1594-8 Miszkiel KA et al. Thorax 1997; 52:260-4 Wilson CB et al. Am J Respir Crit Care Med 1997; 156:536-41 Azitromicina na Fibrose Cística Limitado número de estudos avaliando segurança e eficácia; Evidências sugerem que 3-6 meses de tratamento é seguro e bem tolerado; Decréscimo do nº. de exacerbações e melhora da função pulmonar; Experiência com outros macrolídeos são limitadas. Máiz Carro L, Cantón Moreno R. Med Clin 2004;122(8):311-6 Azitromicina na Fibrose Cística Pequena (significativa) melhora na função pulmonar Macrolide Study Group FEV1 – 6 meses x placebo 500 mg - 3x/sem (250 mg se < 40kg) • 185 doentes com 6 anos ou mais Maior nº. de efeitos adversos leves • colonizados Maior estudo: por PA há pelo menos 1 ano •185 doentes 168 dias de administração • + 4,4% VEF - 1,8% (placebo) 1 vsnecessários Mais estudos são para definir: Quando começar? • queda nº de exacerbações e hospitalização Estudos somente com 6 meses de terapia •Qual mais diarréia, náuseas e chiado papel dos outros macrolídeos? Southern KW et al. Macrolide antibiotics for cystic fibrosis (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 2, 2007. Oxford: Update Software. Macrolídeos: efeitos imunomoduladores Alta concentração em células inflamatórias Efeitos sobre citocinas Efeitos na movimentação dos leucócitos Efeitos nas células epiteliais brônquicas e secreção de muco Efeitos sobre P. aeruginosa Macrolídeos: efeitos imunomoduladores Alta concentração em células inflamatórias Fagócitos liberam a droga no local da inflamação Ação contra patógenos intracelulares Azitromicina: maior tempo de permanência Macrolídeos: efeitos imunomoduladores Efeitos sobre citocinas Diminuem a produção de citocinas em resposta a estímulos específicos Culic O et al. Eur J Pharmacol. 2001; 429:209–29 Tamaoki J. Chest 2004, 125(suppl 2): 41S-51S Masaharu Shinkai et al. Clinical Pulmonary Medicine 2005; 12(6): 341-8 Macrolídeos: efeitos imunomoduladores Efeitos na movimentação dos leucócitos Diminuem adesão e migração dos leucócitos para os tecidos Estimulam a degranulação de neutrófilos Recrutam neutrófilos da circulação e células primariamente expostas à bactéria, mas suprimem células inflamatórias na ausência de infecção bacteriana Aceleração de apoptose Masaharu Shinkai et al. 2005. Clinical Pulmonary Medicine; 12(6): 341-8 Cazzola M et al. Clinical Pulmonary Medicine 2006; 13(5): 274-81 Macrolídeos: efeitos imunomoduladores Efeitos nas Células Epiteliais Brônquicas e Secreção de Muco Aumentam a depuração mucociliar e inibem a secreção de muco in vitro e in vivo. Provavelmente por inibir secreção de cloretos e a resultante secreção de água através da mucosa da via aérea. Tagaya E et al. Chest 2002; 122(1): 213-8 Tamaoki J. Chest 2004, 125(suppl 2): 41S-51S Cazzola M et al. Clinical Pulmonary Medicine 2006; 13(5): 274-81 Macrolídeos: efeitos imunomoduladores Efeitos sobre P. aeruginosa Apesar de não possuírem efeito bactericida, reduzem sua virulência e seus estragos teciduais devido a: Inibição da produção de alginato Diminuição da motilidade bacteriana Interferência no “quorum sensing” Mecanismo auto-regulador que permite à bactéria detectar a população bacteriana vizinha e controlar a produção do biofilme. Cazzola M et al. Clinical Pulmonary Medicine 2006; 13(5): 274-81 Wozniak DJ; Keyser R. Chest 2004; 125(Suppl 2):62S-69S. Resistência pelo uso crônico de macrolídeo Fibrose Cística 155 doentes – 4 anos S. aureus: 6,9% para 53,8% (eritromicina) H. influenzae: 3,7% para 37,5% (claritromicina) Phaff SJ et al. J Antimicrob Chemother 2006; 57:741–746 100 doentes – 3 anos - azitromicina S. aureus: 10% para 83% (1 ano); 97% (2 anos); 100% (3 anos) Colonização de VAS Tramper-Stranders et al. Pediatr Infect Dis J 2007; 26:8–12 Efeitos adversos pelo uso de macrolídeo Gastrointestinais 2-5% - azitromicina e claritromicina Síndrome do QT-longo Eritromicina > claritromicina Zuckerman JM. Infect Dis Clin North Am 2004;18: 621-49, xi Qual a dose? Quando começar? PBD melhora na função pulmonar (FEV1) após 3 meses, pico atingido em 6 meses e mantido por até 4 anos Claritromicina – 200mg/dia – 3x/semana Kadota J et al. Respir Med. 2003;97:844–850 FC Diminui exacerbações, PCR e melhora função pulmonar Azitromicina – 250mg/dia – 3 meses Wolter J et al. Thorax. 2002;57:212–216 Saiman L et al. JAMA. 2003;290:1749-56 Qual a dose? Quando começar? Japanese Ministry of Health and Welfare Eritromicina (400 a 600 mg/dia) Claritromicina (200 ou 400mg/dia) ou Roxitromicina (150 ou 300mg/dia) ou Azitromicina (250 ou 500mg/dia) iniciada assim que se estabelece o diagnóstico de PBD em não responsivos à eritromicina ou presença de efeitos adversos intoleráveis Mínimo de 6 meses até 2 anos de tratamento Recomenda-se reiniciar se os sintomas ressurgirem Nakata K et al. Therapeutic Guidelines for DPB: Annual Report on the Study of Diffuse Lung Disease in 1999 in Japanese. Tokyo: Ministry of Health and Welfare of Japan; 2000:111 Qual a dose? Quando começar? Bronquiectasias Diminui exacerbações; diminui volume da expectoração; estabiliza função pulmonar; diminui reatividade brônquica (metacolina) Azitromicina - 500mg/dia – 2x/semana Azitromicina – 250mg/dia – 3x/semana Eritromicina – 500mg/12h *** Roxitromicina – 4mg/kg *** *** 4 a 8 sem de estudo Cymbala AA et al. Treat Respir Med. 2005;4:117–122 Amsden GW. J Antimicrob Chemother. 2005;55:10-21 Davies G, Wilson R. Thorax. 2004;59:540-1 Tsang KW et al. Eur Respir J. 1999;13:361-4 Koh YY et al. Eur Respir J. 1997;10:994-9 Qual a dose? Quando começar? Azitromicina – 250mg – 3x/sem 56 doentes - retrospectivo Inclusão: 3 exacerbações - 6 meses prévios Média de tratamento: 9.1 meses Melhora do FEV1= 83 ml Decréscimo na freqüência de exacerbações de 1.560 L para 1.643 L – p=0,005 de 0.81/mês para 0.41/mês - P < 0.001 Supressão clínica significante da colonização do escarro. G.A. Anwara et al. Respir Med. Julho de 2008 – in press Qual a dose? Quando começar? Bronquiectasias Pacientes que necessitam antibióticos VO mais que 6 vezes/ano; Pacientes que necessitam hospitalização com antibióticos EV mais que 2 vezes/ano; Recaída dentro de 1 mês após antibiótico EV. Loebinger MR & Wilson R. Expert Opin, Pharmacother. 2007;8(18): 3183-3193 Caso 1 – Síndrome de Kartagener Mauro Gomes Homem, 23 anos Azi – 500mg – 3x/sem Mauro Gomes MauroGomes Gomes Mauro Caso 2 – Bronquiectasias difusas Mauro Gomes Homem, 43 anos Azi – 500mg – 3x/sem Caso 3 – Imunodeficiência comum variável Mauro Gomes Mulher, 21 anos Azi 250mg – 3x/sem Caso 3 – Imunodeficiência comum variável Mauro Gomes Mauro Gomes Mulher, 21 anos - Azi 250mg – 3x/sem Em 12 meses ganho de 10kg, sem tosse e sem exacerbações infecciosas Conclusões Conclusões Macrolídeos são a única classe de moléculas com propriedades antibacteriana e antiinflamatória. As propriedades antiinflamatórias dos macrolídeos estão bem estabelecidas, porém, os mecanismos de ação ainda estão sendo investigados. Terapia prolongada com macrolídeo pode ser efetiva contra gram-negativos produtores de biofilme e aumentar a efetividade de outros antibióticos associados. Conclusões Efeitos adversos a longo prazo são poucos e podem ser minimizados (gastrintestinais) com o uso de azitromicina ou claritromicina. Futuros estudos são necessários para estabelecer: Benefícios nas várias doenças inflamatórias das vias aéreas, especialmente nas bronquiectasias; Dose ideal; Duração do tratamento; Impacto do desenvolvimento de resistência bacteriana. Obrigado!!! [email protected]