Rev Envelhecimento & Inovação, Inovação 2011; 1 (1): 33-44 http://www.associacaoamigosdagrandeidade.com/ Artigo de Revisão Ventilação não invasiva versus ventilação mecânica, ganhos em saúde: revisão sistemática da literatura Noninvasive ventilation versus mechanical ventilation, gains in health: a systematic review of the literature 1 2 3 Ramos Ana ; Fonseca César ; Ferreira Marta RESUMO Objectivo: Determinar quais os ganhos em saúde da utilização da ventilação não invasiva comparativamente à ventilação mecânica. Metodologia: Efectuada pesquisa no motor de busca EBSCO, e duas bases de dados: CINAHL Plus with Full Text, Text, MEDLINE with Full Text, British Nursing Index). Foram procurados artigos em texto integral (Julho/2009), publicados entre 2000/06/01 e 2010/06/31. Foi utilizado o método de PI[C]O e seleccionados 9 artigos do total de 325 encontrados. Resultados: A ventilação lação não invasiva reduziu a incidência de Pneumonia nosocomial e Sepsis,, com falência multi-orgânica, multi orgânica, bem como a necessidade de antibioterapia e tempo de internamento em Unidade de Cuidados Intensivos, que se traduziu numa diminuição da co-morbilidade morbilidade e mortalidade mortalidade associada à insuficiência respiratória. Consequentemente, diminuiu para metade o recurso à entubação traqueal e/ou e/ traqueostomia, necessidade de oxigenoterapia e alimentação parentérica, com impacto positivo na percepção da qualidade de vida e conforto c psico-emocional emocional da pessoa e seu núcleo envolvente. Conclusões: A ventilação não invasiva, utilizada em falência respiratória ligeira (7,35<pH>7,30), diminui significativamente as complicações graves e irreversíveis da ventilação mecânica, com repercussão repercussão na expectativa de vida e redução dos custos em serviços de saúde. Palavras-chave: Ganhos em saúde, Ventilação Não Invasiva; Ventilação Mecânica. 1 Enfermeira CHLN*,, Assistente na ESEL*, ESEL Investigadora UI&DE*, Mestranda em Ciências da Educação Enfermeiro CHLN*, Investigador ador UI&DE*, Mestre em Ciências da Comunicação, Doutorando em Enfermagem Universidade de Lisboa 3 Enfermeira CHLN*, Assistente na ESEL*, Investigadora UI&DE*, Mestranda em Economia 2 (*CHLN - Centro Hospitalar Lisboa Norte; *ESEL – Escola Superior de Enfermagem agem de Lisboa; *UI&DE – Unidade de Investigação & Desenvolvimento em Enfermagem) Corresponding author: [email protected] Página | 33 Rev Envelhecimento & Inovação, 2011; 1 (1): 33-44 pode provocar lesão directa do pavimento INTRODUÇÃO respiratório, acompanhada de inflamação, ulceração, hemorragia, isquémia ou A ventilação não invasiva (VNI) assume estenose da via aérea, em casos extremos cada vez uma maior relevância tanto nos (Jvirjevic et al., 2009). A presença de uma estudos científicos desenvolvidos, como na via aérea artificial modifica os mecanismos prática clínica, que a sustentam como uma naturais de defesa e protecção, que vantajosa à aumenta drasticamente a possibilidade de ventilação mecânica (VM), sobretudo em infecções nosocomiais, como a pneumonia, situação de insuficiência respiratória aguda. sinusite e otite (Fagon et al., 2000; Burns, alternativa relativamente Adhikarin & Meade, 2006; Agarwal et al., Paralelamente, a 2009; Jvirjevic et al., 2009). Assim, como pertinência da presente temática quando, aumenta o desconforto, a dor, o stress os internamentos nos hospitais públicos psicológico, a possibilidade de barotrauma, portugueses subiram, de 1990 a 1998, para impede a alimentação por via oral, da 54%, onde a doença pulmonar crónica mesma obstrutiva ocupa um lugar proeminente, comunicação com previsão de prevalência crescente e recorrer a outras formas de comunicação, grau nem de compreende-se incapacidade que gera forma que impossibilita verbal, sempre sendo bem a necessário sucedidas, que preocupante. Ainda, de acordo com o exacerbam estados de ansiedade (Burns, Inquérito Nacional de Saúde, 15% dos Adhikarin & Meade, 2006; Agarwal et al., inquiridos que consultou os serviços de 2009). saúde nos últimos três meses fê-lo por queixas respiratórias (Direcção-Geral de A VNI pode providenciar um suporte Saúde, 2004). De âmbito lato, American ventilatório College of Chest Physicians, American insuficiência respiratória (Agarwal et al., Association e 2009), em estádios precoces, que tenham American College of Critical Care Medicine capacidade para respirar espontaneamente descrevem a VNI como uma modalidade e que preencham critérios para extubação promissora na redução do tempo de ou desmame ventilatório, actuando, deste entubação traqueal e na melhoria dos modo, resultados em saúde (Burns, Adhikarin & necessidade de VM e/ou re-entubação e, Meade, 2006). consequentemente, de sedação e das suas for Respiratory Care na parcial a diminuição pessoas do período com de complicações associadas (Rahal, Garrido & A ventilação mecânica ao envolver uma Cruz, 2005). Ao salvaguardar a capacidade técnica de invasiva complicações mais está associada preocupantes, a que clearence enfraquecimento brônquica dos previne o músculos podem condicionar significativamente a respiratórios (Burns, Adhikarin & Meade, evolução clínica favorável do doente em 2006), positivamente relacionados com a estado grave (Rahal, Garrido & Cruz, taxa de sobrevida e redução do tempo de 2005). A presença do tubo endotraqueal permanência em Unidade de Cuidados Página | 34 Rev Envelhecimento & Inovação, 2011; 1 (1): 33-44 Intensivos (Gehlbach, et al., 2002; Giacomini et al., 2003). sinusite, em oposição à VM, utilizada em situações idênticas, que teve uma incidência de 38% (p = 0,02) (Antonelli et A VNI através da aplicação de pressão de suporte – pressão expiratória final positiva ou pressão positiva contínua, por meio de mascara nasal ou facial, permite reduzir o trabalho dos músculos respiratórios e a frequência respiratória, optimizar as trocas gasosas por recrutamento de alvéolos hipoventilados (Rahal, Garrido & Cruz, 2005; Agarwal et al., 2009), bem como possibilita aumentar o volume tidal ou corrente, em Adhikarin & relação Meade, à VM (Burns, 2006). Todavia, existem algumas contra-indicações clínicas que condicionam o seu uso, tais como: alteração do estado de consciência, trauma facial, instabilidade diminuição do reflexo hemodinâmica, de deglutição, cirurgia esofagogástrica recente, evidência de isquémia miocárdica ou presença de arritmias ventriculares (Rahal, Garrido & Cruz, 2005). É de salientar, porém, que a sofisticação dos equipamentos e máscaras tem tornado os benefícios da VNI visíveis, mesmo em grupos populacionais específicos. Da utilização da VNI também podem advir eventuais complicações, que al., 1998). O recurso à VNI diminui a necessidade de utilização de oxigenoterapia a alto débito e realização de traqueostomia, com evidência de eficácia em pessoas com doença pulmonar crónica obstrutiva, asma, submetidos a transplante, em estado de neutopénia, doenças neuromusculares, bronquiectasias e fibrose quística (Ferreira et al., 2009). Este fenómeno é comprovado pelo facto de, a análise multivariada ter demonstrado que a VNI é um factor independente associado à redução do risco de entubação e mortalidade (Rahal, Garrido & Cruz, 2005). Adicionalmente, uma meta-análise recente enfatizou a VNI como uma medida de redução da entubação orotraqueal em 65%, diminuição da taxa de mortalidade em 55% e do tempo de internamento hospitalar em 1,9 dias (Quon, Gan & Sin, 2008). Tendo em conta que, os doentes que mais vantagens podem retirar desta técnica são aqueles com falência respiratória ligeira a moderada e acentuada no com pH repercussão (pH=7,30 a pouco 7,35) (Ferreira et al., 2009). incluem a perda da integridade cutânea nasal ou facial, distensão abdominal, risco Face ao exposto, a presente revisão de de literatura pretende discriminar quais os aspiração distúrbios no de conteúdo padrão de gástrico, sono e conjuntivites (Jvirjevic et al., 2009). ganhos em saúde associados à VNI comparativamente à VM, nos últimos 10 anos, com base em evidências científicas. A VNI tem demonstrado resultados superiores diferenciais em relação aos cuidados convencionais, em que a sua METODOLOGIA utilização em doentes com insuficiência respiratória hipoxémica traduziu-se na De forma a delimitar um vasto campo de ocorrência de 3% de pneumonia e/ou hipóteses inerentes à problemática da VNI Página | 35 Rev Envelhecimento & Inovação, 2011; 1 (1): 33-44 e a responder ao objectivo delineado, ao conhecimento existente sobre a matéria elaborou-se a seguinte questão de partida, em análise. Para avaliáramos os níveis de que atende aos critérios do formato PICO evidência (Melny e Fineout-Overholt, 2005): Quais os evidência: Nível I: revisões sistemáticas ganhos em saúde (Outcome) das pessoas (meta análises/ linhas de orientação para a (Population) submetidas a ventilação não prática clínica com base em revisões invasiva sistemáticas), Nível II: estudo experimental, (Intervention), em relação à ventilação invasiva (comparation)? utilizamos seis níveis de Nível III: estudos quasi experimentais, Nível IV: estudos não experimentais, Nível V: Por conseguinte, ao se definir o objecto alvo de estudo e ao se pretender uma compreensão mais ampla deste fenómeno foi levada a cabo uma pesquisa em base de dados electrónica, na EBSCO em geral estudo qualitativo/ revisões sistemáticas da literatura sem meta análise, Nível VI: opiniões de autoridades respeitadas/ painéis de consenso (Capezuti, 2008; Guyatt, e Rennie, 2002). e, em particular na CINAHL Plus with Full Text, MEDLINE with Full Text, British Como critérios de inclusão privilegiaram-se Nursing palavras-chave os artigos com cerne na problemática da orientadoras utilizadas foram previamente VNI vs VM, com recurso a metodologia validadas qualitativa Index). pelos As descritores da United e/ou qualitativa ou revisão States of National Liberary of National sistemática da literatura, que clarificassem Institutes of Health, com a respectiva as suas vantagens na aplicação da prática orientação: [(“Positive Pressure Ventilation” clínica e o seu impacto nos resultados em OR “Intermittent Positive Pressure saúde. Nos critérios de exclusão inseriram- “Respiratory Failure”; se todos os artigos com metodologia pouco “Respiration, Artificial” OR “Positive End- clara, repetidos nas duas bases de dados, Expiratory “Continuous com data anterior a 2010 e todos aqueles Positive Airway Pressure” OR “Positive- sem co-relação com o objecto de estudo. O Pressure percurso metodológico levado a cabo Ventilation” OR Pressure” OR Ventilation” OR “Nasal Continuous Positive Airway Pressure”) AND (“Outcome Assessment” OR “Outcome Measures” OR “Outcome Studies” OR “Outcomes Assessment” OR “Outcomes Research”)], as palavras foram procuradas em texto integral (Julho/2009), retrospectivamente até 2000, resultando 325 artigos no total. Guyatt e Rennie (2002), consideram que as encontra-se exemplificado na figura 1. Por conseguinte, para tornar perceptível e transparente explicita-se a a metodologia listagem dos utilizada 9 artigos filtrados, que constituíram o substrato para a elaboração da discussão e respectivas conclusões (Quadro 1). revisões sistemáticas da literatura devem considerar RESULTADOS a evidência dos últimos 5 anos, no entanto consideramos o período temporal de 10 anos pelo facto da maior abrangência face Os resultados encontram-se explicitados no quadro 1. Página | 36 Rev Envelhecimento & Inovação, 2011; 1 (1): 33-44 Enquanto abordagem terapêutica a VNI DISCUSSÃO apresenta benefícios na gestão da doença Como resultado da análise dos artigos anteriormente referenciados é possível denotar que a VNI apresenta vantagens claras face à VM, sendo essas vantagens destacadas em oito dos dez artigos (Gehlbach et al., 2002; Fagon et al., 2000; Jurjevic et al., 2009; Wilson et al., 2004; Giacominni et al., 2003; Burns, Adhikari e Meade, 2006; Piepers et al., 2006; Agarwal de várias patologias que interferem com a respiração. Jurjevic et al., (2009) verificaram que a VNI é uma abordagem mais segura para os doentes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC). Concluíram que a duração da ventilação não invasiva para a invasiva foi 94:172 horas (p<0,001), que o tempo gasto na Unidade de cuidados Intensivos 120:223 horas, (p<0,001). A Pneumonia associada et al., 2009). à ventilação foi de 5 (6%): 29 (37%), Gehlbach et al (2002) referem que os (p<0,001). doentes submetidos a VNI mantêm-se internados por um curto período de tempo comparados com os doentes submetidos a à VM. Wilson et al., (2004) acrescentam ainda que a VNI enquanto opção terapêutica contribui quer na diminuição do tempo de internamento nas Unidades de Cuidados Intensivos, quer na diminuição da taxa de mortalidade e permite ainda evitar a entubação traqueal, aspecto este largamente apoiado por Jurjevic et al., (2009), que afirmam que a VNI permite evitar 53% das entubações traqueais. Fagon et al., (2000) com o seu estudo no qual compararam um grupo de doentes submetidos a VNI com um grupo de doentes submetidos a VM verificaram, mais uma vez, redução da taxa de mortalidade, bem como a redução da necessidade do uso de antibióticos no grupo submetido a VNI. Por seu lado, Jurjevic et al., (2009) afirmam este benefícios se podem traduzir numa saúde, redistribuição de sustentável. forma dos mais recursos efectiva em e Assim, afirmam que a VNI é vantajosa em doentes com DPOC, especialmente nos estadios iniciais. Wilson et al., (2004) analisaram as decisões sobre o tipo de ventilação que trinta e três doentes com DPOC optariam apuraram que recorriam ao médico e caso 70% necessitassem, dos participantes aconselhamento aos serem do seu informados do processo, riscos e resultados da VM mudavam a abordagem sua decisão terapêutica de sobre a ventilação. Deste modo e de acordo com Jurjevic et al., (2009) apesar da abordagem clássica utilizada nos doentes com DPOC ser a VM, a VNI apresenta-se como uma alternativa com ganhos claros para o doente e começa também a apresentar-se cada vez mais como uma alternativa na decisão dos doentes. Giacominni et al., (2003) pretendiam determinar se a VNI pode evitar o internamento de doentes com edema agudo do pulmão nas Unidades de Cuidados Intensivos. Com este estudo verificaram que nenhum dos doentes foi submetido a VM ou internado numa Página | 37 Rev Envelhecimento & Inovação, 2011; 1 (1): 33-44 Unidade de Cuidados Intensivos. Gehlbach exposição et al., (2002) ao descreverem a evolução expressivamente menor, bem como a dos duração da nutrição por via parenteral e o participantes em estado de mal ao suplementar asmático internados numa Unidade de tempo Cuidados Intensivos com ventilação com consideravelmente menor. A comunicação pressão positiva referem que os doentes entre as famílias e os lactentes submetidos com estado de mal asmático submetidos a a VNI foi, igualmente, conseguida de uma VNI não requerem entubação traqueal forma mais efectiva e facilitada. Desta subsequente, forma, sendo que 35 dos 78 de oxigénio internamento apesar da também VM ser o foi modo participantes foram submetidos a VNI e só ventilatório mais referenciado como o mais 7 doentes necessitaram de ser submetidos seguro a utilizar em crianças, a VNI a VM. Concluíram desta forma que, VNI é apresentou uma opção terapêutica segura na gestão principalmente por facilitar a interacção das do estado de mal asmático. Agarwal et al., crianças com o ambiente envolvente. vantagens notórias, (2009) ao tentar determinar os resultados da VNI e os factores associados com o insucesso da VNI falha em doentes com insuficiência respiratória hipoxémica aguda referem que, a VNI pode evitar 53% das entubações traqueais. Sugerem que a VNI é benéfica para os doentes com insuficiência respiratória hipoxémica aguda, aconselhando-a como uma escolha A pneumonia relacionada com a ventilação é uma das complicações mais frequentes e presente de et al. (2000) e, que consequentemente, dilata exponencialmente os custos. Contudo, Fagon et al. (2000) ao relacionarem dois grupos de doentes, em suporte de VM ou da VNI grupo submetido a VNI consequentemente nas vantagens que este antibioterapia num modo ventilatório apresenta para esta faixa inferior, etária Santin, Brodsky e Bhandari (2004) recorrer diferentes grupos farmacológicos ao dos memos. numa diminuindo debelada a era comparativamente, e no pneumonia estudar utilização modalidade ventilação, de acordo com Fagon que à qualquer VNI, num total de 413 doentes, concluíram terapêutica de primeira linha. Quanto em período a com de tempo necessidade de Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, dois grupos de lactentes com síndrome da angústia respiratória, orotraquealmente e extubados CONCLUSÃO submetidos nasal Podemos observar que a instituição da VNI intermitente de pressão positiva ou VM em relação à VM, reduziu a incidência de inferiram que, as alterações analíticas e a Pneumonia nosocomial e Sepsis, com mortalidade entre ambos os grupos não falência eram significativas. Todavia, o grupo que necessidade de antibioterapia e tempo de tinha sido submetido a este tipo de VNI internamento em Unidade de Cuidados apresentava Intensivos, diferencialmente a: uma ventilação duração total de multi-orgânica, que se bem como traduziu a numa Página | 38 Rev Envelhecimento & Inovação, 2011; 1 (1): 33-44 diminuição da co-morbilidade e mortalidade associada à insuficiência respiratória. Consequentemente, diminuiu para metade REFERÊNCIAS Agarwal, R.; Handa, A.; Aggarwal, A.; Gupta, D. & Behera, D. (2009). Outcomes of noninvasive o recurso à entubação traqueal e/ ou ventilation in acute hypoxemic respiratory failure traqueostomia, de in a respiratory intensive care unit in north India. oxigenoterapia e alimentação parentérica, Respiratory Care, 54(12), 1679-1687. Retrieved com impacto positivo na percepção da from MEDLINE with Full Text database. qualidade de vida emocional da pessoa necessidade e conforto psico- Antonelli, M.; Conti, G.; Rocco, M.; Bufi, M.; e núcleo Blasi, A. & Vivino, G. (1998). Acomparison of seu envolvente (Quadro 2). noninvasive positive-pressure ventilation and conventional mechanical ventilation in patients Face ao exposto, o conhecimento sobre as with acute respiratory failure. N Engl J Med, principais vantagens que a VNI pode 339:429-35. oferecer, na pessoa com insuficiência Burns, K.; Adhikari, N. & Meade, M. (2006). A respiratória ligeira, constitui um importante meta-analysis instrumento para suportar a tomada de facilitate liberation from mechanical ventilation. decisão na prática profissional. Canadian Journal Of Anaesthesia = Journal Canadien Saberes aprofundados e actuais sobre os critérios/ recomendações de utilização, mecanismos de acção, benefícios e efeitos, permitem maximizar o potencial da sua utilização, cuja eficácia na redução da comorbilidade e mortalidade está demonstrada. Os of noninvasive D'anesthésie, Retrieved from weaning 53(3), MEDLINE with to 305-315. Full Text database. Capezuti, E. [et al] (2008)- Evidence-based geriatric nursing protocols for best practice. 3º ed. New York: Springer Publishing Company. Direcção-Geral da Saúde, Mistério da Saúde de Portugal. (2004). Plano Nacional de Saúde profissionais de saúde ao reconhecerem a VNI como uma opção 2004-2010: Orientações estratégicas. Lisboa: Direcção Geral da Saúde. terapêutica segura e eficiente, desde do Fagon, J.; Chastre, J.; Wolff, M.; Gervais, C.; lactante até ao adulto/ idoso, podem em Parer-Aubas, S. & Stéphan, F. (2000). Invasive algumas situações clínicas implementá-la, em detrimento da VM, com ganhos na qualidade de vida e diminuição dos custos associados aos cuidados de saúde. Recomendamos um incremento and noninvasive strategies for management of suspected ventilator-associated pneumonia. A randomized trial. Annals Of Internal Medicine, 132(8), 621-630. Retrieved from MEDLINE with Full Text database. na Ferreira, S.; Nogueira, C.; Conde, S.; Taveira, N. formação sobre os aspectos relacionados (2009). com a instituição e manutenção da VNI, Portuguesa de Pneumologia. 25(4); 665-667. bem a Gehlbach, B.; Kress, J.; Kahn, J.; DeRuiter, C.; percepção por parte dos clientes sobre a Pohlman, A. & Hall, J. (2002). Correlates of sua utilização. prolonged como outros estudos sobre Ventilação não hospitalization invasiva. in Revista inner-city ICU patients receiving noninvasive and invasive positive pressure ventilation for status Página | 39 Rev Envelhecimento & Inovação, 2011; 1 (1): 33-44 asthmaticus. Chest, 122(5), 1709-1714. Rahal, L.; Garrido, A.; Cruz, R. (2005). Retrieved from CINAHL Plus with Full Text Ventilação não invasiva: quando utilizar? Assoc database. Med Bras. 51(5); 241-55. Giacomini, M.; Iapichino, G.; Cigada, M.; Minuto, Santin, R.; Brodsky, N. & Bhandari, V. (2004). A A.; Facchini, R. & Noto, A. (2003). 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A estratégia de abordagem não-invasiva foi baseada no isolamento de microorganismos presentes na árvore trraqueobrônquica e implementação das guidelines definidas. Comparar a VNI e a VM em doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) Wilson et al. (2004) Quantita tivo Trinta e três doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica. Desenvolver um protocolo de apoio à decisão de VM. Descrever o processo, os riscos e os resultados de entubação e VM para doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica Verificou-se que a VNI é uma abordagem mais segura para os doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica. A duração da ventilação não invasiva para a invasiva foi 94:172 horas, p <0,001,o tempo gasto na Unidade de Cuidados Intensivos 120:223 horas, p <0,001. A Pneumonia associada à ventilação mecânica 5 (6%): 29 (37%), p <0,001. A vantagem da VNI em doentes com DPOC, é especialmente notória nos estádios iniciais. Dois participantes (6%) relataram que já tinham tomado a decisão prévia sobre a VM. Depois de analisar todo o apoio à decisão, 23 (94%) participantes renunciaram a VM após conhecimento de todo o processo riscos e resultados. Nível de Evidenci a II II III Página | 41 Rev Envelhecimento & Inovação, 2011; 1 (1): 33-44 Santin, Brodsky e Bhandari (2004) Quantita tivo 50 lactentes (nascidos entre 10/99 e 12/02), de 28 a 34 semanas gestação Giacomin ni et al. (2003) Quantita tivo 58 doentes com edema agudo do pulmão. Burns, Adhikari e Meade (2003) Quantita tivo Adultos insuficiência respiratória Piepers et al. (2006) Quantita tivo Pessoas submetidas a VNI Gehlbach et al (2002) Quantita tivo Todos os doentes (78) com estado de mal asmático admitidos numa unidade de cuidados intensivos de um Hospital em Chicago que foram submetidos a ventilação com pressão positiva, durante um período total de cinco anos. com Comparar os resultados de um grupo de lactentes com síndrome da angústia respiratória, numa Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, que foram extubados e submetidos a ventilação nasal intermitente de pressão positiva com um grupo de criança submetidas a VM. Determinar se a VNI pode evitar o internamento de doentes com edema agudo do pulmão numa Unidade de Cuidados Intensivos. Sintetizar a evidência científica comparando a VNI com pressão positiva e a VM com pressão positiva invasiva e qual o seu impacto no desmame ventilatório, na taxa de mortalidade, pneumonia e duração total de VM Analisar os efeitos da VNI na sobrevivência e na qualidade de vida das pessoas submetidas. Descrever a evolução dos participantes em estado de mal asmático internados numa Unidade de Cuidados Intensivos com ventilação com pressão positiva. Identificar os factores associados ao aumento do tempo de internamento. A duração total da entubação traqueal e duração de exposição ao oxigénio suplementar foram significativamente menores no grupo submetido a VNI. Além disso, a duração da nutrição por via parenteral também foi significativamente menor no grupo submetido a VNI. Não houve diferença entre os dois grupos relativamente aos valores analíticos sanguíneos. Nenhum dos doentes foi submetido a VM ou internado numa Unidade de Cuidados Intensivos. Verificou-se dois novos episódios de enfarte agudo do miocárdio. Cinco estudos demonstram que, comparando a VM e a VNI com pressão positiva, a VNI diminui a taxa de mortalidade, bem com o tempo de internamento nas Unidades de Cuidados Intensivos. III Todos os estudos relatam os efeitos benéficos da VNI. Em sete estudos a VNI foi associada a sobrevivência prolongada em doentes tolerantes à VNI. Cinco estudos relataram que os doentes apresentavam uma qualidade de vida superior. Cinquenta e seis participantes foram submetidos a entubação endotraqueal durante o internamento, trinta e cinco participantes foram submetidos a VNI. Sete dos doentes submetidos a VNI foram posteriormente submetidos a VM. Três morreram. Este estudo confirma que, embora a mortalidade associada ao estado de mal asmático, tratado com métodos contemporâneos de ventilação com pressão positiva seja baixa, o sexo e a entubação traqueal estão associados a um aumento do tempo de internamento e ao desenvolvimento de insuficiência respiratória. I II I II Página | 42 Rev Envelhecimento & Inovação, 2011; 1 (1): 33-44 Agarwal et al (2009) Quantita tivo 19 doentes com insuficiencia respiratória hipoxémica aguda Determinar quais os resultados da VNI e os factores ligados ao insucesso da VNI Depois de uma hora, houve uma diminuição significativa na frequência respiratória e frequência cardíaca, com aumento do pH e PaO2. No entanto, não houve diferença na melhoria dos parâmetros clínicos e dos valores analíticos sanguíneos entre os dois grupos. O tempo médio de internamento na unidade de cuidados intensivos e a mortalidade hospitalar foram semelhantes nos dois grupos. III QUADRO 1: Artigos incluídos. • Diminuição da incidência de Pneumonia nosocomial e Sepsis, com falência multi-orgânica; • Diminuição do tempo, necessidade de antibioterapia e o recurso a mais do que um dos seus grupos farmacológicos; • Redução da taxa de mortalidade; • Redução para metade o tempo de permanência dos doentes com DPOC na Unidade de Cuidados Intensivos; • Redução, para metade, do tempo e necessidade de entubação endotraqueal, realização de traqueostomia, aporte de oxigénio prolongado e alimentação parentérica; • Diminuição da frequência respiratória e cardíaca e aumento da PaO2, após 1h de utilização, em doentes com hipoxémia aguda; • A eficácia da VNI com pressão positiva sobrepõe-se à VM com pressão positiva invasiva; • Opção terapêutica segura em situação de DPOC e asma; • Melhores scores na percepção da qualidade de vida; • Aumenta o conforto psico-emocional da família/ pessoas significativas, pela possibilidade de comunicação que oferece com o doente; • Menor propensão para o desenvolvimento de insuficiência respiratória, recomendada em todas as faixas etárias. QUADRO 2: Os ganhos em saúde associados à utilização da VNI Versus VM. Página | 43 Rev Envelhecimento & Inovação, 2011; 1 (1): 33-44 FIGURAS Pesquisa na Base de Dados EBSCO “Positive Pressure Ventilation” OR “Intermittent Positive Pressure Ventilation” OR “Respiratory Failure”; “Respiration, Artificial” OR “Positive End-Expiratory Pressure” OR “Continuous Positive Airway Pressure” OR “Positive-Pressure Ventilation” OR “Nasal Continuous Positive Airway Pressure”* n = 68866 “Outcome Assessment” OR “Outcome Measures” OR “Outcome Studies” OR “Outcomes Assessment” OR “Outcomes Research”** n= 493554 MEDLINE 55646* + 414993** CINAHL 13220* + 78561 ** Filtração: em texto completo; e cronológica (2000-2010) Conjugação dos descritores seleccionados (“Positive Pressure Ventilation” OR “Intermittent Positive Pressure Ventilation” OR “Respiratory Failure”; “Respiration, Artificial” OR “Positive End-Expiratory Pressure” OR “Continuous Positive Airway Pressure” OR “Positive-Pressure Ventilation” OR “Nasal Continuous Positive Airway Pressure)* AND (“Hospital Costs” OR “Treatment Costs” OR “Medical Care Costs” OR “Health Care Costs” OR “Health Resource Utilization”)** MEDLINE n= 252 CINAHL n= 72 Eliminação dos artigos repetidos, sem relevância de conteúdo e sem critérios de inclusão MEDLINE n= 6 CINAHL n= 3 Catalogação dos artigos por níveis de evidência, apreciação crítica e síntese do conhecimento Artigos seleccionados n = 9 FIGURA 1: Processo de pesquisa e selecção da revisão sistemática de literatura. Página | 44