XXXIV Congresso Brasileiro de Pneumologia e Tisiologia SBPT 2008 BRASÍLIA Ventilação Não-invasiva na Doença Pulmonar Avançada Estável e na Exacerbação Dr. Mauro Vidigal de Rezende Lopes - Pneumologia – Hospital Madre Teresa – BH - CTI - Hospital Universitário São Jose – BH - Programa Vent-Lar – Centro de Ventilação Mecânica Domiciliar para Doenças Neuromusculares - MINAS GERAIS (FHEMIG) “Reversal of acute exacerbations of chronic obstructive lung disease by inspiratory assistance with a face mask” 11 pacientes com DPOC exacerbado Brochard L et al. NEJM 1990;323:1523-1530 “Reversal of acute exacerbations of chronic obstructive lung disease by inspiratory assistance with a face mask” Brochard L et al. NEJM 1990;323:1523-1530 Time of non-invasive ventilation Nava S, Navalesi P, Conti G. Intensive Care Med. 2006 Mar;32(3):361-70 EA de DPOC - Primeiras 24 hs = 4 a 20 h/dia Pacientes com benefício à VNI nas primeiras horas devem ser ventilados por quantas horas for possível, nas primeiras 24 horas ou até melhorarem. [B] Interrupções na VNI devem ser feitas para medicações, refeições, fisioterapia, etc. [B] Duração total = 1-21 dias BTS – Guideline VNI na Exacerbação aguda de DPOC PSV em 43 pacientes com 74% sucesso Brochard; N Engl J Med 1995; 333:817-822 PSV ou A/C em 59 episódios com 78% sucesso Ambrosino; Thorax 1995; 50:755-757 BiPAP em 28 episódios com 64% sucesso Confalonieri; Respiration 1994; 61:310-316 BiPAP em 23 pacientes reduziu intubação (9% x 67%) Kramer; Am J Respir Crit Care Med 1995;151: 1799-1806 VNI precoce na EA DPOC evitou intubação em 85% Estudo multicêntrico, randomizado e controlado Plant PK, Owen JL, Elliott MW. Lancet 2000; 355: 1931-1935. VNI na DPA estável Indicações de VNI a longo prazo Bem estabelecidas Controversas Deformidades da Caixa Torácica Doenças Neuromusculares lentamente progressivas (Ex.: Distrofias Musculares) Síndrome de Hipoventilação-obesidade Doenças Neuromusculares rapidamente progressivas (Ex.: ELA) DPAs: DPOC, Fibrose Cística, Bronquiectasias, outras Novidades: necessitam maiores elucidações Respiração periódica – Cheine Stokes (Ex.: ICC avançada) Hospital Discharge Planning of the Ventilator Dependent Patient: Preparing the Home Care Program. Patrick Léger. Lyon – France; 2006. Eurovent – Ventilação Mecânica Domiciliar na Europa 16 países, 329 centros de VMD e 21.526 usuários Prevalência de VMD na Europa 6,6 : 100.000 habitantes Patologias Pulmonares: < 1 ano Deformidades da Caixa Torácica: 6 a 10 anos Doenças Neuromusculares: ≥ 6 anos Eurovent: Survey of Home Mechanical Ventilation Eur Respir J 2005; 25: 1025-1031 Mudança no perfil de VNI na Doença Pulmonar Avançada estável Janssens JP. Derivaz S. Breitenstein E. De Muralt B. Fitting JW. Chevrolet JC. Rochat T. Chest. 2003 Jan;123(1):67-79 1.Hipoventilação-obesidade 2. DPOC Aparelhos pressóricos progressivamente vem substituindo aparelhos volumétricos VNI a longo prazo não aumenta sobrevida VNI diminui numero VNI diminui gravidade das exacerbações VNI melhora sintomas e qualidade de vida BTS – Guideline - VNI a longo prazo • Pacientes com insuficiência respiratória aguda hipercápnica tratados com VNI devem realizar: 1. Gasometria arterial (ar ambiente) 2. Espirometria (antes da alta) 3. Avaliação num Centro de Referência em Ventilação Mecânica Domiciliar. Evidência Grau C Thorax 2002; 57: 192-211 BTS – Guideline Thorax 2002; 57: 192-211 Box 4: Indicações para avaliação de VNI de longo prazo I Resp Hipercápnica secundária a: Lesão raque-medular, Doenças Neuromusculares, Deformidades da Caixa Torácica, Obesidade mórbida Falência no desmame da VNI DPOC com: Mais do que 3 episódios por ano de Insuficiência Respiratória Aguda Hipercápnica Intolerância a oxigênio - retenção de CO2 Síndrome de Superposição: DPOC / FPI / FC + SAHOS / Sind. de Hipoventilação-Obesidade • A presença de DPOC não favorece a ocorrência de SAHOS • Não é rara pela elevada incidência de ambas as condições • DPOC 10% da população acima de 40 anos • SAHOS 5% da população acima de 40 anos • Síndrome de Superposição(SS) = 0,5 % acima de 40 anos • Severa hipoxemia e hipercapnia com DVO leve a moderado • Pacientes com SS tem dessaturações mais severas e risco aumentado de I Resp Hipercapnica que pacientes com DPOC de mesmo grau de obstrução brônquica • CPAP ou VNI associado a O2 se PaO2 < 55-60 mmHg Proc Am Thorac Soc vol 5. pp 237–241, 2008 Critérios para Retirada da VNI após EA DPOC ou Manutenção a Longo prazo XXXIII Congresso Brasileiro de Pneumologia e Tisiologia - SBPT 2006 Melhora clínica / Estabilidade respiratória ``Desmame`` da VNI Inicialmente reduzir os períodos diurnos Posteriormente reduzir os períodos noturnos Critérios clínicos para retirada: FR < 24 irpm FC < 110 bpm PH > 7,35 SpO2 > 90% (O2 < 4 Litros / min) Thorax 2002; 57: 192-211 Fatores preditivos para dependência de VNI à longo prazo em I Resp aguda hipercápnica Preditores precoces Melhora significativa dos valores de pH e PCO2 medidos em ar ambiente após 24 e 48hs de VNI Preditores independentes pH basal baixo < 7,38 Causas não infecciosas Eur Respir J. 2005 Aug;26(2):289-97. CHEST 2006; 129: 133-139 Estudo Retrospectivo de 1992 a 2003 67 casos de EADPOC sob VMI / TQT após I Resp Hipercápnica transferidos de várias UTIs para o: Centro de Referência em Suporte Ventilatório Programa de Desmame Difícil da VM Abordagem Multiprofissional Em 95% dos casos houve sucesso no desmame Sobrevida média: 2.5 anos (IR , 0.7 a 4.6 a) Inicialmente VMI / TQT = PSV + PEEP Testes de Respiração Espontânea (30’ . . .) Se I Resp ou Pa/Pt CO2 > 56 mmHg = VNI VNI por Máscara Facial ou Nasal Cânula de TQT tampada, Balonete desinsuflado Pressão Inspiratória titulada por SpO2 e PtCO2 contínuos. Objetivo: normalizar PaCO2 diurna. Pressão Inspiratória média = 28 cmH2O VNI foi utilizada no desmame em 40 casos 25 casos ficaram com VNI a longo prazo I Resp ou Pa/Pt CO2 > 56 mmHg ou O2 = PaCO2 > 56 VNI a longo prazo aumentou sobrevida em subgrupo de pacientes com DPOC e história de desmame difícil da VM Paciente com cânula de traqueostomia tampada / balonete desinsuflado e adaptado a ventilação não invasiva por máscara nasal Sobrevida média: • Sem VNI 1.6 a ( 0.48 a 4.2 a ) • Com VNI 3.3 a (1.3 a 7.9a) John R Bach MD, and Lou Saporito, RRT, BS. Chest 1996; 110: 1566-71 49 tentativas realizadas em 37 pacientes Diagnósticos: 22 TRM alto, 15 com hipoventilação alveolar 1ª tentativa - sucesso em 25 (12 falharam) 2ª tentativa - sucesso em 7 ( 5 falharam) Conclusão: Só é possível extubação / decanulação na insuficiência ventilatória se o Pico de Fluxo da Tosse assistido for > 160 Litros/min Caso Clínico Paciente E.S.V., de 57 anos, casado, impressor, nascido em Caratinga-MG, residente em Contagem-MG, com histórico de exposição a gases industriais, tabagista 50 anos/maço, portador de DPOC estadio IV, usuário de O2 domiciliar, em acompanhamento junto ao Ambulatório de Pneumologia do Hospital Julia Kubitschek (FHEMIG) desde abril de 1993. Espirometria (27/08/1993): CVF : 1,62L (47%) – pós PBD = 2,33L (68%) VEF1: 0,53L (18%) – pós PBD = 0,84L (29%) VEF1/CVF: 0,33 – pós PBD = 0,29. Evolução do caso 1993-2004 Encaminhado para transplante de pulmão. Recusou a proposta, optou por broncodilatadores e oxigenoterapia suplementar em domicílio. Permaneceu sem intercorrências até 2004. Em maio de 2004: Exarcebação aguda da DPOC com acidose respitatória progressiva. Foi entubado, adaptado a ventilação mecânica e transferido ao CTI. Evolução do caso 2005-2006 12 meses Dependente de VMI / TQT por período sempre superior a 20 horas por dia. Passou a receber acompanhamento domiciliar por equipe multiprofissional quando eram realizados períodos diários de ventilação não-invasiva com interface nasal através da cânula de traqueostomia tampada com balonete desinsuflado durante 8 meses Total = 20 meses em VMI / TQT Bach JR e Saporito L Chest 1996; 110: 1566-71 Discussão prévia do protocolo com a equipe de médicos e fisioterapeutas Internação do paciente na Unidade Semi Intensiva (16/02/2006). Trocada da cânula traqueal plástica convencional por cânula fenestrada (Shiley) nº 08. Após fibrobroncoscopia (normal) ESL foi decanulado e adaptado a VNI em dois níveis de pressão através de máscara nasal intercalada com interface oral. Decanulação Desmame da Ventilação Não invasiva IPAP=28 EPAP= 8 no modo S/T (BIPAP) Data Períodos livre de VNI 01/03/2006 30 + 30 + 30 min 02/03/2006 1h e 15min + 2 h 03/03/2006 2h + 2h +2 h 04/03/2006 3h + 3h 05/03/2006 3h e 30 min + 3h e 30min 06/03/2006 2h + 2h + 2h e 30 min 07/03/2006 5h+4h 08/03/2006 3h + 3h + 3 h 10/03/2006 18 horas livre de VNI por interface oral Não retornou mais para VNI 21/03/2006 Alta hospitalar - O2 por a 0,5 L/min Retorno semanal Evolução Gasométrica em 30 dias na Unidade Semi-intensiva Desmame da VNI PaCO2 pH 7,5 70 7,45 60 pH 7,4 7,35 PaCO2 50 Linear (PaCO2) Linear (pH) 40 7,3 7,25 30 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 7 9 11 13 15 17 PaO2 19 21 23 25 27 29 HCO3 160 40 140 35 120 PaO2 100 Linear (PaO2) 80 HCO3 30 Linear (HCO3) 25 60 40 20 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 A sobrevida foi de 2 anos e 5 meses pós-decanulação. Neste período utilizou O2 domiciliar em baixos fluxos por cateter nasal e VNI apenas nas intercorrências Permaneceu com uma pequena fístula traqueo-cutânea. No período de 2 anos e 5 meses o paciente fez uso de 3 cursos de agentes antimicrobianos Em uma das vezes foi necessário o uso de VNI (BIPAP) por curto período de tempo, sem necessitar internação em CTI. Faleceu em Julho de 2008 após mal estar súbito em casa.