1 Engenharia da Computação 4º / 5° Semestre RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS – APOSTILA 02 Prof Daniel Hasse Tensões e Deformações Esforços Solicitantes Tensões e Deformações na Flexão Deformações nas Vigas SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 4 4.1 28 TENSÕES E DEFORMAÇÕES Introdução Os conceitos de tensão e deformação podem ser ilustrados, de modo elementar, considerando-se o alongamento de uma barra prismática (barra de eixo reto e de seção constante em todo o comprimento). Considere-se uma barra prismática carregada nas extremidades por forças axiais P (forças que atuam no eixo da barra), que produzem alongamento uniforme ou tração na barra. Sob ação dessas forças originam-se esforços internos no interior da barra. Para o estudo desses esforços internos, considere-se um corte imaginário na seção mm, normal a seu eixo. Removendo-se por exemplo a parte direita do corpo, os esforços internos na seção considerada (m-m) transformam-se em esforços externos. Supõe-se que estes esforços estejam distribuídos uniformemente sobre toda a seção transversal. P P m m L δ P σ Figura 4.1. Para que não se altere o equilíbrio, estes esforços devem ser equivalentes à resultante, também axial, de intensidade P. Quando estas forças são distribuídas perpendiculares e uniformemente sobre toda a seção transversal, recebem o nome de tensão normal, sendo comumente designada pela letra grega σ (sigma). Pode-se ver facilmente que a tensão normal, em qualquer parte da seção transversal é obtida dividindo-se o valor da força P pela área da seção transversal, ou seja, σ= P A (1) A tensão tem a mesma unidade de pressão, que, no Sistema Internacional de Unidades é o Pascal (Pa) corresponde à carga de 1N atuando sobre uma superfície de 1m2, ou seja, Pa = N/m2. Como a unidade Pascal é muito pequena, costuma-se utilizar com freqüência seus múltiplos: MPa = N/mm2 = (Pa×106), GPa = kN/mm2 = (Pa×109), etc. Em outros Sistemas de Unidades, a tensão ainda pode-se ser expressa em quilograma força por centímetro quadrado (kgf/cm2), libra por polegada quadrada (lb/in2 ou psi), etc. Quando a barra é alongada pela força P, como indica a Figura 4.1, a tensão resultante é uma tensão de tração; se as forças tiverem o sentido oposto, comprimindo a barra, tem-se tensão de compressão. Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 29 A condição necessária para validar a Equação (1) é que a tensão σ seja uniforme em toda a seção transversal da barra. O alongamento total de uma barra submetida a uma força axial é designado pela letra grega δ (delta). O alongamento por unidade de comprimento, denominado deformação específica, representado pela letra grega ε (epsilon), é dado pela seguinte equação: ε= δ (2) L onde: ε = deformação específica δ = alongamento ou encurtamento L = comprimento total da barra. Note-se que a deformação ε é uma quantidade adimensional. É de uso corrente no meio técnico representar a deformação por uma fração percentual (%) multiplicando-se o valor da deformação específica por 102 ou mesmo até (‰) multiplicando-se por 103. 4.2 Diagrama tensão-deformação As relações entre tensões e deformações para um determinado material são encontradas por meio de ensaios de tração. Nestes ensaios são medidos os alongamentos δ, correspondentes aos acréscimos de carga axial P, que se aplicarem à barra, até a ruptura do corpo-de-prova. Obtêm-se as tensões dividindo as forças pela área da seção transversal da barra e as deformações específicas dividindo o alongamento pelo comprimento ao longo do qual a deformação é medida. Deste modo obtém-se um diagrama tensão-deformação do material em estudo. Na Figura 4.2 ilustra-se um diagrama tensão-deformação típico do aço. σσ D r σe σp Tensão σ= C B A P δ εr εp região elástica Deformação ε = P L 0 E escoamento ε P A δ L σr = tensão de ruptura σe = tensão de escoamento σp = tensão limite de proporcionalidade região plástica Figura 4.2. Diagrama tensão-deformação do aço Região elástica: de 0 até A as tensões são diretamente proporcionais às deformações; o material obedece a Lei de Hooke e o diagrama é linear. 0 ponto A é chamado limite de proporcionalidade, pois, a partir desse ponto deixa de existir a Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 30 proporcionalidade. Daí em diante inicia-se uma curva que se afasta da reta 0A, até que em B começa o chamado escoamento. O escoamento caracteriza-se por um aumento considerável da deformação com pequeno aumento da força de tração. No ponto B inicia-se a região plástica. O ponto C é o final do escoamento o material começa a oferecer resistência adicional ao aumento de carga, atingindo o valor máximo ou tensão máxima no ponto D, denominado limite máximo de resistência. Além deste ponto, maiores deformações são acompanhadas por reduções da carga, ocorrendo, finalmente, a ruptura do corpo-de-prova no ponto E do diagrama. A presença de um ponto de escoamento pronunciado, seguido de grande deformação plástica é uma característica do aço, que é o mais comum dos metais estruturais em uso atualmente. Tanto os aços quanto as ligas de alumínio podem sofrer grandes deformações antes da ruptura. Materiais que apresentam grandes deformações, antes da ruptura, são classificados de materiais dúcteis. Outros materiais como o cobre, bronze, latão, níquel, etc, também possuem comportamento dúctil. Por outro lado, os materiais frágeis ou quebradiços são aqueles que se deformam relativamente pouco antes de romper-se, como por exemplo, o ferro fundido, concreto, vidro, porcelana, cerâmica, gesso, entre outros. 4.3 Tensão admissível Para certificar-se de que a estrutura projetada não corra risco de ruína, levando em conta algumas sobrecargas extras, bem como certas imprecisões na construção e possíveis desconhecimentos de algumas variáveis na análise da estrutura, normalmente emprega-se um coeficiente de segurança (γf), majorando-se a carga calculada. Outra forma de aplicação do coeficiente de segurança é utilizar uma tensão admissível ( σ ou σ adm ), reduzindo a tensão calculada (σcalc), dividindo-a por um coeficiente de segurança. A tensão admissível é normalmente mantida abaixo do limite de proporcionalidade, ou seja, na região de deformação elástica do material. Assim, σ = σ adm = 4.4 σ calc γf (3) Lei de Hooke Os diagramas tensão-deformação ilustram o comportamento de vários materiais, quando carregados por tração. Quando um corpo-de-prova do material é descarregado, isto é, quando a carga é gradualmente diminuída até zero, a deformação sofrida durante o carregamento desaparecerá parcial ou completamente. Esta propriedade do material, pela qual ele tende a retornar à forma original é denominada elasticidade. Quando a barra volta completamente à forma original, diz-se que o material é perfeitamente elástico; mas se o retorno não for total, o material é parcialmente elástico. Neste último caso, a deformação que permanece depois da retirada da carga é denominada deformação permanente. Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 31 A relação linear da função tensão-deformação foi apresentada por Robert HOOKE em 1678 e é conhecida por LEI DE HOOKE, definida como: σ = Eε (4) onde σ = tensão normal E = módulo de elasticidade do material ε = deformação específica O Módulo de Elasticidade representa o coeficiente angular da parte linear do diagrama tensão-deformação e é diferente para cada material. A lei de HOOKE é valida para a fase elástica dos materiais. Por este motivo, quaisquer que sejam os carregamentos ou solicitações sobre o material, vale a superposição de efeitos, ou seja, pode-se avaliar o efeito de cada solicitação sobre o material e depois somá-los. Alguns valores de E são mostrados na Tabela abaixo. Para a maioria dos materiais, o valor do Módulo de Elasticidade sob compressão ou sob tração são iguais. Tabela 4.1 Propriedades mecânicas típicas de alguns materiais Material Peso específico (kN/m3) Módulo de Elasticidade (GPa) Aço 78,5 200 a 210 Alumínio 26,9 70 a 80 Bronze 83,2 98 Cobre 88,8 120 Ferro fundido 77,7 100 Madeira 0,6 a 1,2 8 a 12 Quando a barra é carregada por tração simples, a tensão axial é σ = P / A e a deformação específica é ε = δ / L . Combinando estes resultados com a Lei de HOOKE, tem-se a seguinte expressão para o alongamento da barra: δ= PL EA (5) Esta equação mostra que o alongamento de uma barra linearmente elástica é diretamente proporcional à carga e ao comprimento e inversamente proporcional ao módulo de elasticidade e à área da seção transversal. O produto EA é conhecido como rigidez axial da barra. Mecânica dos Materiais 4.4.1 Ricardo Gaspar 32 Coeficiente de Poisson Quando uma barra é tracionada, o alongamento axial é acompanhado por uma contração lateral, isto é, a largura da barra torna-se menor enquanto cresce seu comprimento. Quando a barra é comprimida, a largura da barra aumenta. A Figura 3 ilustra essas deformações. P P P P Figura 4.3. Deformações longitudinal e lateral nas barras A relação entre as deformações transversal e longitudinal é constante dentro da região elástica, e é conhecida como relação ou coeficiente de Poisson (v); definido como: υ= deformação lateral deformação longitudinal (6) Esse coeficiente é assim conhecido em razão do famoso matemático francês S. D. Poisson (1781-1840). Para os materiais que possuem as mesmas propriedades elásticas em todas as direções, denominados isotrópicos, Poisson achou ν ≈ 0,25. Experiências com metais mostram que o valor de v usualmente encontra-se entre 0,25 e 0,35. Se o material em estudo possuir as mesmas propriedades qualquer que seja a direção escolhida, no ponto considerado, então é denominado, material isótropico. Se o material não possuir qualquer espécie de simetria elástica, então é denominado material anisotrópico. Um exemplo de material anisotrópico é a madeira pois, na direção de suas fibras a madeira é mais resistente. 4.4.2 Forma geral da Lei de Hooke Considerou-se anteriormente o caso particular da Lei de HOOKE, aplicável a exemplos simples de solicitação axial. Se forem consideradas as deformações longitudinal (εL) e transversal (εt), tem-se, respectivamente: εL = σ E e ε t = νε L = υσ E (7) No caso mais geral, no qual um elemento do material é solicitado por três tensões normais σx, σy e σz, perpendiculares entre si, às quais correspondem respectivamente às deformações εx, εy e εz, a Lei de HOOKE se escreve: Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 1 [σ x − υ (σ y + σ z )] E 1 ε y = [σ y − υ (σ z + σ x )] E 1 ε z = [σ z − υ (σ x + σ y )] E εx = σz σx σy 33 . (8) . A lei de HOOKE é válida para materiais homogêneos, ou seja, aqueles que possuem as mesmas propriedades (mesmos E e ν) em todos os pontos. Exemplos 1. Determinar a tensão de tração e a deformação específica de uma barra prismática de comprimento L=5,0m, seção transversal circular com diâmetro φ=5cm e Módulo de Elasticidade E=20.000 kN/cm2 , submetida a uma força axial de tração P=30 kN. P=30 kN P L= 5 m A= πφ 2 4 P σ= A PL δ= EA ε= δ L A= π × 52 = 19,6 cm2 4 30 σ= = 1,53 kN/cm2 ou 15,3 MPa 19,6 30 × 500 δ= = 0,0382 cm 20.000 ×19,6 0,0382 ε= = 0,0000764 ou × 1000 = 0,0764 (‰) 500 2. A barra da figura é constituída de 3 trechos: trecho AB=300 cm e seção transversal com área A=10cm2; trecho BC=200cm e seção transversal com área A=15cm2 e trecho CD=200cm e seção transversal com área A=18cm2 é solicitada pelo sistema de forças indicado na Figura. Determinar as tensões e as deformações em cada trecho, bem como o alongamento total. Dado E=21.000 kN/cm2. 150kN A 30kN 300 cm B 50kN C 200 cm 200 cm 170kN D Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar Trecho A-B 150kN A B R=150kN 50kN 30kN 170kN 300 cm P A PL δ= EA 150 = 15 kN/cm2 10 150 × 300 δ= = 0,214 cm 21.000 × 10 0,214 ε= × 1000 = 0,713 (‰) 300 σ= ε= σ= δ L Trecho B-C R=120kN 30kN C B 50kN R=120kN 150kN 170kN 200 cm P A PL δ= EA 120 = 8 kN/cm2 15 120 × 200 δ= = 0,076 cm 21.000 ×15 0,076 ε= × 1000 = 0,38 (‰) 200 σ= ε= σ= δ L Trecho C-D R=170kN 150kN D C 30kN 170kN 50kN 200 cm P A PL δ= EA σ= ε= δ L 170 = 9,44 kN/cm2 18 170 × 200 δ= = 0,0899 cm 21.000 ×18 0,0899 ε= × 1000 = 0,45 (‰) 200 σ= Alongamento total δ = 0,214 + 0,076 + 0,0899 = 0,38 cm 34 Mecânica dos Materiais 4.5 Ricardo Gaspar 35 Estruturas estaticamente indeterminadas Nos exemplos anteriores, as forças que atuavam nas barras da estrutura podiam ser calculadas pelas equações da Estática. Tais estruturas são denominadas estaticamente determinadas. Há casos, porém, em que as equações de equilíbrio fornecidas pela Estática não são suficientes para a determinação de todas as ações e reações de uma estrutura. Para essas estruturas, denominadas, estruturas estaticamente indeterminadas, as forças e a reações só poderão ser calculadas se as deformações forem levadas em conta. Um exemplo simples de estrutura estaticamente indeterminada é ilustrado na Figura 4.4. Ra Ra A A A P a C P L C b B B Rb (a) B (b) (c) Figura 4.4 Barra estaticamente indeterminada A barra está carregada por uma força P no ponto C e as extremidades AB da barra estão presas em suportes rígidos. As reações Ra e Rb aparecem nas extremidades da barra, porém suas intensidades não podem ser calculadas apenas pelas equações da Estática. A única equação fornecida pelo equilíbrio estático é Ra + Rb = P (9) a qual contém ambas as reações desconhecidas (2 incógnitas), sendo, portanto, insuficiente para seu cálculo com uma única equação. Há necessidade, portanto, de uma segunda equação, que considere as deformações da barra. Para a consideração da deformação na barra, deve-se analisar o efeito de cada força sobre a barra se uma de suas extremidades estivesse livre. Considere-se, então, o efeito da carga P deslocando o ponto A, na estrutura livre, ilustrado na Figura 4.4b. O deslocamento (para baixo) do ponto A, devido ao encurtamento do trecho CD, submetido à carga P, é dado por: Pb δP = EA Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 36 Em seguida, analisa-se o efeito da reação Ra deslocando do ponto A, ilustrado na Figura 4.4c. Note-se que se está analisando o efeito da reação Ra com a extremidade A da barra livre. O deslocamento (para cima) é dado por: δR = Ra L EA Ora, como a extremidade A da barra é fixa, o deslocamento final (δ), neste ponto, resultante da ação simultânea das forças P e Ra, é nulo. Logo, δR − δP = 0 δP = δR , Pb Ra L = . EA EA ou seja, Logo, Ra = Rb = P − → Pa Pb . Substituindo o Ra na equação (9), tem-se: + Rb = P L L Pa L Rb = PL − Pb L Rb = P ( L − b) L Rb = Pa L R1 Exemplos 1. Uma barra constituída de dois trechos é rigidamente presa nas extremidades. Determinar as A reações R1 e R2 quando se aplica uma força P. P/2 Dados: E=21.000 kN/cm2; AAB=5cm2; ABC=7,5cm2; P= 60 kN P/2 2 cm B Solução 1,5 cm Equação de equilíbrio R1 + R2 = P C (1) Equação de compatibilidade das deformações: δ AB = δ BC R2 (2) Nota: As cargas P/2 provocarão um alongamento no trecho AB, e um encurtamento no trecho BC, de valores exatamente iguais. lembrando que δ = PL , EA 0,4 R1 = 0,2 R2 R1 = R1 + R2 = 60 → mas, 0,2 R2 0,4 0,5 R2 + R2 = 60 R1 + 40 = 60 R1 × 2 R2 × 1,5 = E × 5 E × 7,5 tem-se R1 = 0,5R2 substituindo em (1) → logo 1,5 R2 = 60 → R2 = 40 kN R1 = 20 kN. Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 37 2. É dado um cilindro de aço de 5cm de diâmetro no interior de um tudo de cobre de 8cm de diâmetro externo, com dimensões indicadas na Figura. Aplicando-se uma força de P=400 kN, qual a parcela de carga no cilindro de aço e qual a parcela de carga no cilindro de cobre? Dados: Eaço=21.000 kN/cm2; Ecobre=12.000 kN/cm2 4 Acobre = = 19,63 cm2 π × 82 4 − π × 52 4 Acobre = Acobre,total − Aaço (1) δ aço = δ cobre + 0,25 (2) Paço × 300,25 21.000 × 19,63 = placa rígida = 30,63 cm2 Pcobre + Paço = 400 kN lembrando que δ = P=400 kN 0,25 cm π × 52 posição final cilindro de aço 300 cm Aaço = PL , tem-se EA cilindro de cobre Pcobre × 300 + 0,25 12.000 × 30,63 5 cm 8 cm 0,000728Paço = 0,000817 Pcobre + 0,25 Paço = 0,000817 Pcobre + 0,25 substituindo em (1), tem-se, 0,000728 Pcobre + 0,000817 Pcobre + 0,25 = 400 kN 0,000728 1,1223Pcobre + Pcobre + 343,4066 = 400 Pcobre + 0,000817 Pcobre 0,25 + = 400 kN 0,000728 0,000728 Pcobre = 26,66 kN substituindo em (1), tem-se: Paço = 400 − 26,66 = 373,34 kN Exercícios 1. Em uma máquina usa-se uma barra prismática de 10m de comprimento, comprimida por uma força de 500 kN. Sabendo-se que a tensão não deve exceder a 140 kN/cm2 e o encurtamento não deve exceder a 3mm, pede-se determinar o diâmetro da barra. E=21.000 kN/cm2. Resposta: φ=10cm 2. Uma barra prismática está submetida à tração axial. A área da seção transversal é 2cm2 e o seu comprimento é 5m. Sabendo-se que a barra sofre o alongamento δ=0,714285cm quando é submetida à força de tração 60kN, pede-se determinar o módulo de elasticidade do material. Resposta: E=21.000 kN/cm2. 3. Uma barra cilíndrica de 38mm de diâmetro e 20cm de comprimento sofre a ação de uma força de compressão de 200kN. Sabendo-se que o módulo de elasticidade da barra é E=9.000 kN/cm2 e o coeficiente de Poisson, υ=0,3, determinar o aumento de diâmetro da barra. Resposta: δt=0,00223cm. Ricardo Gaspar 4. A barra rígida AB é articulada em A, suspensa em B por um fio e apóia-se em C em um suporte de ferro. São dados: comprimento do fio: 1,7m; área da seção transversal do fio: 5cm2; módulo de elasticidade do fio E=21.000 kN/cm2; comprimento do suporte: 2m; área do suporte: 15cm2; módulo de elasticidade do suporte E=10.000 kN/cm2. Determinar as forças no fio, no suporte e na articulação. Respostas: Força no fio: 50kN Força no suporte: 25kN Força na articulação: 25kN 4.6 38 1.70m Mecânica dos Materiais P=100 kN A B 2.0 m C 2.0 m 1.0 m 2.0 m P=100 kN A C PA Pf B PC Tensões iniciais e Tensões Térmicas Quando uma estrutura é estaticamente determinada, a variação uniforme da temperatura em todo seu comprimento não acarreta nenhuma tensão, pois a estrutura é capaz de se expandir ou se contrair livremente. Por outro lado, a variação de temperatura em estruturas fixas, estaticamente indeterminadas, produz tensões em seus elementos, denominadas tensões térmicas. Esta conclusão pode ser observada pela comparação entre uma barra livre em uma das extremidades, com outra barra engastada nas duas extremidades, como mostrado na Figura 4.5. R R A A L A ∆T B (a) R ∆T B B (b) (c) Figura 4.5. Barra fixa nas extremidades, submetida a aumento de temperatura Na barra da Figura 4.5b, a variação uniforme de temperatura sobre toda a barra causará o alongamento: Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar δ = αL∆T 39 (10) onde: α = coeficiente de dilatação térmica L = comprimento ∆T = variação de temperatura (ºC) Como este alongamento pode ocorrer livremente, não surgirá nenhuma tensão na barra. Na Tabela 4.2 estão indicados coeficientes de dilatação térmica de alguns materiais. Tabela 4.2 Valores Típicos do coeficiente de dilatação térmica Material Coeficiente de dilatação térmica α (10-6 ºC-1) Aço 11,7 Alumínio 21,4 a 23,9 Magnésio 26,1 Cobre 16,7 Concreto 7,2 a 12,6 No caso de barras estaticamente indeterminadas, como a que aparece na Figura 4.5, quando há aumento de temperatura, a barra não pode alongar-se, surgindo, como conseqüência, uma força de compressão que pode ser calculada pelo método descrito no item precedente. Para a barra engastada da Figura 4.5a, vê-se que, se a extremidade A for liberada, seu deslocamento para cima, devido ao acréscimo de temperatura, será o mesmo deslocamento para baixo, decorrente da ação da força R, ou seja, RL/EA. Igualando esses dois deslocamentos vêm: R = EAα∆T (11) Depois de se obter R, pode-se calcular a tensão e a deformação específica da barra pelas expressões: σ= R = Eα∆T A e ε= σ E = α∆T Deste exemplo, conclui-se que a variação de temperatura produz tensões em sistemas estaticamente indeterminados, ainda que não se tenha a ação de forças externas. Exemplo Uma barra prismática, rigidamente presa nas extremidades é submetida a um aumento de temperatura de 20ºC, ao mesmo tempo em que recebe uma carga P=30 kN. Determinar as reações de apoio. Dados: A= 1,5 cm2; E=20.000 kN/cm2; α=11,7×10-6 ºC-1; ∆T= +20ºC 100 cm A 250 cm C P=30 kN Solução: a) determinação das reações R´A e R´B, devido ao aumento de temperatura R = EAα∆T B Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar A 40 B R'A =7,02 R'B =7,02 kN R = 20.000 × 1,5 ×11,7 ×10 −6 × 20 = 7,02 kN → R = R ′A = RB′ b) ao se aplicar a carga P= 30 kN no ponto C, o trecho AC sofrerá um alongamento exatamente igual ao encurtamento no trecho CB, portanto, δ AC = δ BC . Assim, R ′A′ × 100 RB′′ × 250 = EA EA → R ′A′ = 2,5RB′′ fazendo o equilíbrio de forças, tem-se: R ′A′ = 2,5RB′′ , logo, RB′′ + R ′A′ = P mas 2,5RB′′ + RB′′ = 30 → RB′′ = 8,57 kN →Portanto, R′A′ = 21,43 kN 3,5RB′′ = 30 A P=30 kN B R''B =8,57 kN R''B =21,43 Como se trata de uma estrutura trabalhando no regime elástico, vale a superposição de efeitos, ou seja, os efeitos da temperatura na barra e da carga P: R A = − R ′A + R ′A′ R A = −7,02 + 21,43 = 14,41 kN RB = RB′ + RB′′ RB = 7,02 + 8,57 = 15,59 kN Exercício P=200 kN Eaço=21.000 kN/cm2; αaço=11,7×10-6 ºC-1 Resposta: ∆T = 40,7ºC. 50cm 1. A um tubo de aço se aplica uma carga axial de 200 kN por meio de uma placa rígida. A área da seção transversal do cilindro de aço é 20cm2. Determinar o acréscimo de temperatura ∆T para o qual a carga externa seja equilibrada pelos esforços que aparecem nos cilindros de aço e cobre. Dados: tubo de aço Mecânica dos Materiais 4.7 Ricardo Gaspar 41 Tensão de cisalhamento Denomina-se força cortante (V), a componente de uma força, contida no plano da seção transversal considerada, como ilustrado na Figura 4.6. A força cortante é uma força que atua no próprio plano da seção transversal. A outra componente é a força normal. força tangencial V R resultante P força normal L barra engastada Figura 4.6 A força cortante dá lugar, em cada um dos pontos da seção, ao aparecimento de uma tensão tangencial, denominada tensão de cisalhamento, designada pela letra grega τ. Admitindo-se distribuição uniforme da tensão de cisalhamento na seção transversal de área A, tem-se, em cada ponto da seção: τ= V A (12) A tensão de cisalhamento, como a tensão normal, tem também a mesma unidade de pressão a qual, no Sistema Internacional é o pascal (Pa). Exemplo Considere-se o parafuso de 12,5 mm de diâmetro, da junta da Figura abaixo. A força P é igual a 15 kN. Admitida a distribuição uniforme das tensões de cisalhamento, qual o valor dessas tensões, em qualquer uma das seções transversais m—n ou p—q? B P m B n A C p q P V n m p q n m p q V Solução Supõe-se que a força P solicite igualmente as duas seções transversais. Nessas condições, a força que atua em cada plano é: 15/2=7,50 kN, sobre a seção de área π×1,252/4 = 1,23 cm2. Portanto, τ= V A τ= 7,5 = 6,1 kN/cm2 1,23 Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 6 6.1 57 ESFORÇOS SOLICITANTES Introdução Os corpos sólidos não são rígidos e indeformáveis. A experiência mostra que, quando submetidos a forças externas, os corpos se deformam, ou seja, variam de dimensões. Os esforços internos que tendem a resistir às forças externas são chamados esforços solicitantes. Se as forças externas produzirem tensões abaixo do limite de elasticidade do material do corpo sólido, ao cessarem, este readquire a forma e as dimensões originais. Esta propriedade chama-se elasticidade e a deformação chama-se, então, elástica. Se as forças, porém, passarem de um determinado valor, de modo que, ao cessarem, o corpo não volta mais à forma primitiva, mantendo-se permanentemente deformado, dizse que o corpo foi solicitado além do limite de elasticidade. Se as forças aumentarem ainda mais, as deformações permanentes aumentam rapidamente até provocarem ruptura do corpo. A força que provoca ruptura do corpo serve para medir sua solidez, ou seja, sua resistência à ruptura. Ao se dimensionar uma peça deve-se não só evitar a sua ruptura, como também evitar deformações permanentes, ou seja, ao cessar a força externa, as deformações devem também cessar. Surge então a necessidade de um estudo mais profundo dos esforços a que estão submetidos os materiais, com vistas a se obter um dimensionamento seguro e econômico. 6.2 Classificação dos esforços solicitantes Os esforços solicitantes são classificados em: • Força Normal (N) Força Normal é a componente da força que age perpendicular à seção transversal. Se for dirigida para fora do corpo, provocando alongamento no sentido da aplicação da força, produz esforços de tração. Se for dirigida para dentro do corpo, provocando encurtamento no sentido de aplicação da força, produz esforços de compressão. As forças normais são equilibradas por esforços internos resistente e se manifestam sob a forma de tensões normais (força por unidade de área), representadas pela letra grega σ (Sigma), que serão de tração ou de compressão segundo a força normal N seja de tração ou compressão. Mecânica dos Materiais • Ricardo Gaspar 58 Força Cortante (V) Força Cortante é componente da força, contida no plano da seção transversal que tende a deslizar uma porção do corpo em relação à outra, provocando corte (deslizamento da seção em seu plano). As tensões desenvolvidas internamente que opõem resistência às forças cortantes são denominadas tensões de cisalhamento ou tensões tangenciais (força por unidade de área), representadas pela letra grega τ (Thau). • Momento Fletor (M) Um corpo é submetido a esforços de flexão, quando solicitado por forças que tendem a dobrá-lo, fleti-lo ou mudar sua curvatura. O momento fletor age no plano contém o eixo longitudinal, ou seja, perpendicular à seção transversal. • Momento de Torção (T) A componente do binário de forças que tende a girar a seção transversal em torno de eixo longitudinal é chamado Momento de Torção. 6.3 Convenção de sinais Obtidos os valores de N, V, M e T, podem-se traçar, em escala conveniente, os diagramas de cada esforço solicitante, também denominados linhas de estado. Força normal (N) • tração (+) • compressão (-) Força cortante (V) P Força P tendendo girar a barra no sentido horário em relação à seção S: positivo (+) S S Força P tendendo girar a barra no sentido anti-horário em P relação à seção S: negativo (-) Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 59 Momentos fletores (M) Momento Fletor: o momento fletor é considerado positivo, quando as cargas atuantes na peça tracionam suas fibras inferiores e, negativo, quando as cargas atuantes na peça tracionam suas fibras superiores. OBS: não confundir Momento Fletor com Momento aplicado aos corpos rígidos, cuja convenção de sinais é • tende a girar no sentido horário ( – ) • tende a girar no sentido anti-horário ( + ) Momentos de Torção(T) Momento de Torção é considerado positivo quando tende a girar a seção transversal em torno de seu eixo longitudinal no sentido anti-horário e, negativo, quando tende a gira no sentido horário. Regras para o traçado dos diagramas de esforços solicitantes 1. Nos pontos da barra em que a força é paralela ao eixo longitudinal, o diagrama de esforços normais apresenta um ressalto de mesma intensidade da força. 2. Nos pontos da viga onde há força concentrada perpendicular ao eixo longitudinal, o diagrama de esforços cortantes apresenta um ressalto de mesma intensidade da força concentrada. 3. Nos pontos da viga onde atua um momento externo, o diagrama de momento fletor apresenta um ressalto de mesma intensidade do momento externo. 4. Nos pontos do diagrama onde o esforço cortante é nulo, o diagrama de momento fletor apresenta um ponto de máximo. 5. Nos pontos da barra onde há força concentrada perpendicular ao eixo longitudinal, o diagrama de momento fletor apresenta um ponto anguloso. 6. As funções carregamento, esforço cortante e momento fletor, como se verá mais adiante, estão relacionadas por meio da seguinte equação diferencial de segunda ordem: d 2 M dV = = − q . Em outras palavras, a área da figura do diagrama de força cortante é o dx 2 dx valor da do momento fletor. Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 7 7.1 60 VIGAS Introdução Vigas são elementos de barras, submetidas a cargas transversais em relação a seu eixo e destinadas a vencer vão. P As cargas podem ser classificadas em relação à área em que são aplicadas em concentradas e distribuídas. As cargas VÃ concentradas são aquelas cuja superfície de O ( L) contato com o corpo que lhe resiste é desprezível comparada com a área do corpo. As cargas distribuídas são aquelas aplicadas ao longo de um comprimento ou sobre uma superfície, podendo ser uniforme ou não Fig. 7.1 Viga simplesmente apoiada submetida a uniforme. uma carga concentrada no meio do vão 7.2 7.2.1 Tipos de cargas Cargas distribuídas As cargas distribuídas sobre vigas são cargas por unidade de comprimento. Estas cargas, uniformes ou variáveis, podem ser representadas por uma carga concentrada equivalente (R), cujo valor corresponde à área formada pela figura que representa a carga distribuída e é aplicada em seu centro de gravidade (CG). Carga uniformemente distribuída carga por unidade de comprimento (tf/m, kgf/m, kN/m) R = carga equivalente, definida como R=q.a (área do retângulo) O ponto de aplicação da carga equivalente é o centro a de gravidade do retângulo, ou seja, x = 2 R q x a Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 61 Carga distribuída variável R a. Triangular O valor da carga equivalente é a área da triângulo, ou q .a e é aplicada no centro de gravidade: seja, R = 2 2.a a centro de gravidade: x' = e x' ' = 3 3 x´ x" a R b. Trapezoidal O valor da carga equivalente é a área do trapézio, ou p+q seja, R = ⋅a 2 e é aplicada no centro de gravidade x = 7.3 q a 2p + q ⋅ 3 p+q q p x´ a Apoios ou vínculos Apoios ou vínculos são elementos que restringem movimentos das estruturas e recebem a seguinte classificação: Apoio móvel • Impede movimento na direção normal (perpendicular) ao plano do apoio; • Permite movimento na direção paralela ao plano do apoio; ou Apoio fixo • Permite rotação. • Impede movimento na direção normal ao plano do apoio; • Impede movimento na direção paralela ao plano do apoio; • Permite rotação. Engastamento • Impede movimento na direção normal ao plano do apoio; • Impede movimento na direção paralela ao plano do apoio; • Impede rotação. Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 62 EXEMPLOS 1. Viga simplesmente apoiada, submetida a uma carga concentrada. x P S1 S2 HB A B C Pb / L RB = Pa / L RA a b L P + Pb / L (V) _ Pa / L (M) + Pba / L a) Cálculo das reações ∑ FH = 0 ∑ FV = 0 HB = 0 ⇒ HB = 0 RA + RB − P = 0 ⇒ RA + RB = P ∑MA = 0 + RB . L − P.a = 0 ⇒ RB = RA + mas Pa =P L L−a =b ⇒ RA = P − ⇒ RA = Pa L ⇒ RA = Pa L PL − Pa L ⇒ RA = P (L − a ) L Pb L b) Cálculo dos esforços solicitantes (internos) Seção S1 entre A e C 0≤ x≤a (forças à esquerda) Força cortante: V1 = + RA Momento fletor M 1 = + RA. x = P.b .x L x 0 a M1 0 Pba L Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 63 a≤x≤L Seção S2 entre C e B (forças à esquerda) Força cortante: V2 = + RA − P = V2 = Pb −P l Pb − PL P(b − L ) Pa = =− L L L Momento fletor: M 2 = + RA . x − P( x − a ) M2 = Pb . x − Px + pa L ⇒ p / x = L, Pb . L − PL + RA , como (b + a + L ) L tem − se : ⇒ p(b − L + a ) = 0 Obs.: O sinal de + RA. x é positivo porque traciona a face inferior da viga e o sinal de − P ( x − a ) é negativo porque traciona a face superior da viga, em relação à seção S. Quando a=b= L 2 RA = RB = tem-se P 2 2. Viga simplesmente apoiada, submetida a carga distribuída carga equivalente x R=q.L A B q (kN/m) L/2 S HB = 0 L/2 L RA = qL/2 RB = qL/2 qL/2 0 + V (kN) - L/2 0 -qL/2 M (kN.m) + 2 qL /8 M máx = PL 4 Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 64 a) Cálculo das reações ∑F ∑F H =0 HB = 0 V =0 RA + RB − q . L = 0 ∑M A =0 + RB . L − q . L . L =0 2 ⇒ RA + RB = q . L ⇒ RB = q. L q. L ∧ RA = 2 2 b) Cálculo dos esforços solicitantes (forças à esquerda) Seção S x Força cortante V qL 2 qL − 2 0 V = + RA − q . x q. L V =+ − q. x 2 equação do primeiro grau L L 2 0 Obs.: Quando a força cortante for mínima, o momento fletor é máximo. Portanto, deve-se igualar a zero a equação da força cortante para determinar o local do diagrama onde o momento fletor é máximo. Assim, V= q.L − q. x = 0 2 ⇒ q. x = q.L 2 ⇒ x= L 2 Momento fletor carga equivalente x/2 q.x S q A x x M = RA . x − q . x . 2 M= q. L q. x .x − 2 2 2 x 0 L 4 L RA M 0 3qL2 32 2 2 L qL 32 0 Obs.: A área da figura do diagrama de força cortante é o valor momento fletor pois, como dM se verá mais adiante, = V . Então, do lado esquerdo do diagrama, tem-se: dx q.L/2 q . L L 1 q . L2 . . = M = 2 2 2 8 + L/2 Analogamente, do lado direito: M = q . L L 1 q . L2 . . = 8 2 2 2 O mesmo raciocínio pode ser feito no primeiro exemplo. Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 65 3. Viga em balanço submetida a carga concentrada na extremidade livre P MA HA A S B x L RA a. Cálculo das reações ∑ FH = 0 ∑ FV = 0 HA = 0 RA − P = 0 RA = P b. Cálculo dos esforços solicitantes Seção S Força cortante: V = +P A força P tende a cortar a viga na seção S no sentido horário ⇒ (+) Notar que a força cortante V é constante, portanto, não depende de x. Momento fletor x 0 L Seção S M = −P ⋅ x M 0 – PL Diagrama de esforços solicitantes O momento fletor é negativo porque traciona a face superior da viga. Notar que a equação que define o momento fletor é linear e depende de x. A medida distância x inicia-se na extremidade livre da viga. P A S x B L RA=P P + 0 -PL 0 V _ M Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 66 4. Viga em balanço submetida a carga uniformemente distribuída a. Cálculo das reações ∑F ∑F H =0 V =0 carga equivalente R=qxL MA HA = 0 RA − qL = 0 HA RA = qL q A S B x L RA b. Cálculo dos esforços solicitantes Seção S Força cortante: A força P tende a cortar a viga na seção S no sentido horário ⇒ (+) x V 0 0 L qL Notar que a força cortante V é uma função linear que depende de x. V = + qx Momento fletor Seção S M = −q ⋅ x ⋅ x qx =− 2 2 x M 0 0 carga equivalente R=q.x x/2 x/2 2 qL2 2 − L S B x O momento fletor é negativo porque traciona a face superior da viga. Notar que a equação que define o momento fletor é do segundo grau e que a distância x inicia na extremidade livre da viga. q Diagrama de esforços solicitantes A S x B L RA=q.L q.L 0 2 -q.L /2 0 + V _ M Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 67 5. Viga simplesmente apoiada, submetida a momento externo no vão. x C A Mc B S a L-a L RA=Mc / L RB=-Mc / L a) Cálculo das reações ∑ FV = 0 RA + RB = 0 RA = − RB b) Cálculo dos esforços solicitantes Seção S Mc L Força cortante V =+ Momento fletor M = + RA ⋅ x = + Mc ⋅x L No trecho AC o momento externo traciona a face inferior da viga; logo, o momento fletor é positivo. x 0 a M M = c ⋅x L No trecho CB, o momento externo A Mc M 0 M ca L C B traciona a face superior da viga logo, o momento fletor neste trecho é negativo. Portanto, em x=a, tem-se: M = M = a RA=Mc / L + M ca − Mc L + M c a − M c L − M c (L − a ) = L L L + 0 -Mc (L-a) L Mc 0 RB=-Mc / L + V _ M Mc a L -Mc Diagrama de esforços solicitantes Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 68 6. Viga simplesmente apoiada, submetida a momento externo na extremidade. Ma A B L Ma / L -Ma / L a) Cálculo das reações ∑F V =0 RA + RB = 0 RA = − RB b) Cálculo dos esforços solicitantes V =+ Força cortante: Ma B Ma (constante) L M = − M a (constante) Momento fletor A L Ma / L -Ma / L Ma / L É negativo porque traciona a face superior da + 0 V viga -Ma _ M 0 Diagrama de esforços solicitantes EXERCÍCIOS 1. Montar os diagramas de esforços solicitantes da viga em balanço abaixo: P=6 kN MA HA A S x L=3 m RA a. Cálculo das reações ∑ FH = 0 ∑ FV = 0 HA = 0 RA − 6 = 0 RA = 6kN B Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 69 b. Cálculo dos esforços solicitantes Seção S Força cortante: A força P tende a cortar a viga na seção S no sentido horário ⇒ (+) V = + P = 6kN Notar que a força cortante V é constante, portanto, não depende de x. Momento fletor Seção S x M M = −P ⋅ x 0 3 0 − 18 P=6 kN Diagrama de esforços solicitantes O momento fletor é negativo porque traciona a face superior da viga. A Notar que a equação que define o momento fletor é linear e depende de x. S x L=3 m RA=6 kN 6 + 0 -18 M (kN.m 2. Montar os diagramas de esforços solicitantes da viga em balanço abaixo: carga equivalente R=4 x 2=8 kN q=4 kN/m HA A S x L=2 m RA V (kN) _ 0 MA B B Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 70 a. Cálculo das reações ∑ FH = 0 ∑ FV = 0 HA = 0 RA − 4 × 2 = 8kN b. Cálculo dos esforços solicitantes Seção S Força cortante: A força P tende a cortar a viga na seção S no sentido horário ⇒ (+) x V V = + qx 0 2 0 8 Notar que a força cortante V é uma função linear que depende de x. Momento fletor Seção S x M 0 0 x M = −2 ⋅ x ⋅ = −2 x 2 2 2 −8 O momento fletor é negativo porque traciona a face superior da viga. Notar que a equação que define o momento fletor é do segundo grau. q=4 kN/m Diagrama de esforços solicitantes A S x B L=2 m RA=6 kN 8 0 + V (kN) -8 _ 0 M (kN.m Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 71 3. Dado a viga abaixo, calcular as reações, os esforços solicitantes e trocar os diagramas de força cortante e momento fletor. NOTA: Quando a força cortante é P=20 kN A mínima, o momento fletor é máximo. Como S1 S2 C B HB dM = V , ou seja, a integral da dx 2m 3m 5m força cortante é o momento fletor, RB=12 kN RA=8 kN 8 então, a área do diagrama de V 20 0 + _ V (kN) -12 M (kN.m) corresponde a M . 8 × 3 = 24 e 12 × 2 = 24 kN ⋅ m 24 a) cálculo das reações ∑ FH = 0 ∑ FV = 0 ∑MA = 0 HB = 0 RA + RB − P = 0 RA + RB = 20 kN + RB × 5 − 20 × 3 = 0 5 RB = 60 RA + RB = 20 RA + 12 = 20 RB = 12 kN RA = 8 kN Pelas fórmulas deduzidas: RA = Pb 20 × 2 = = 8 kN L 5 RA = Pa 20 × 3 = = 12 kN L 5 b) cálculo dos esforços solicitantes Convenção de sinais para força cortante: S - P P S tende girar a viga no sentido horário em relação à seção S + tende girar a viga no sentido anti-horário em relação à seção S Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 72 Força cortante Seção S1 S1 A V1 = + RA V1 = +8 kN RA=8 kN • X A reação RA tende a cortar a viga na seção S1 no sentido horário ⇒ (+) Seção S2 P=20 kN S2 A V2 = + RA − P 3m RA=8 kN • V2 = 8 − 20 = −12 kN (x-3) X Notar que V1 e V2 não dependem de x. Portanto, V1 e V2 serão constantes no diagrama de força cortante. Momento fletor • Seção S1 x M1 M 1 = (+) RA ⋅ x 0 0 M1 = 8 ⋅ x 3 24 Momento fletor (+) por tracionar a face inferior. Seção S2 M 2 = + RA ⋅ x − P ⋅ ( x − 3) x M2 M 2 = 8 ⋅ x − 20 ⋅ ( x − 3) 3 24 M 2 = 8 ⋅ x − 20 ⋅ x + 60 5 0 M 2 = −12 x + 60 • Notar que as equações que definem o momento fletor dependem de x e são lineares. Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 73 4. Calcular os esforços, trocar os diagramas de V e M e dimensionar a viga abaixo. carga equivalente 2,5 m 10 x 5 = 50 kN L/2 A B q = 10 kN / m HB = 0 S L=5m RA = 25 kN 25 RB = 25 kN + V (kN) - 2,5 m L/2 25 M (kN . m) + 31,25 a) Cálculo das reações ∑F ∑F H =0 BH = 0 V =0 RA + RB − (10 ⋅ 5) = 0 RA + RB = 50 kN ∑M A + RB ⋅ 5 − (10 ⋅ 5 ⋅ 2,5) = 0 =0 5 RB = 125 RB = 25 kN Pelas fórmulas deduzidas: RA = 25 kN RA = RB = q ⋅ L 10 × 5 = = 25 kN 2 2 a) Cálculo dos esforços solicitantes carga equivalente q.x S x/2 Força Cortante q A x V = + RA − q ⋅ x V = 25 − 10 x RA = 25 kN • A reação RA tende a cortar a viga na seção S no sentido horário (+) e a força (q . x), carga equivalente, tende a cortar a viga na seção S no sentido anti-horário (-); • No caso de carregamento distribuído, a equação da força cortante depende de x, portanto , trata-se de uma função linear; Mecânica dos Materiais • Ricardo Gaspar 74 Sabe-se que, quando a força cortante é mínima, o momento fletor é máximo, portanto, necessita-se saber a que distância do apoio A, V = 0. Então, 0 = 25 – 10x. 10 x = 25 x = 2,5 m , ou seja, L ⇒ 2 Diagrama de Força Cortante x 2 2,5 5 2,5 m 25 + V (kN) - V 25 0 -25 25 função linear Obs.: A área da figura resultante do diagrama de força cortante é o momento fletor. • • Do lado esquerdo 2,5 × 25 = 31,25 kN ⋅ m 2 2,5 × 25 = 31,25 kN ⋅ m 2 Momento fletor carga equivalente q.x S x/2 Do lado direito: M = + RA ⋅ x − q ⋅ x ⋅ q A M = +25 ⋅ x − 10 ⋅ x x 2 x2 2 M = +25 ⋅ x − 5 ⋅ x 2 RA • Notar que a reação RA gera um momento fletor na seção S que traciona a face inferior (+) e a força equivalente (q . x). Gera um momento que traciona a fibra superior (-); • No caso de carregamento distribuído, a equação do momento fletor depende de (x2), portanto, trata-se de uma função quadrática que resulta numa parábola do 2º grau. Diagrama de Momento Fletor M = 25 ⋅ x − 5 ⋅ x 2 2,5 m M (kN . m) + x 0 2,5 5 M 0 31,25 0 31,25 Pelas fórmulas deduzidas: M máx = q ⋅ L2 8 10 × 5 2 = 31,25 kN ⋅ m 8 Mecânica dos Materiais 7.4 Ricardo Gaspar 75 Equações diferenciais de equilíbrio Os esforços solicitantes são obtidos a partir das equações de equilíbrio que regem o comportamento das vigas. Seja a viga em balanço submetida a um carregamento genérico (q), como ilustrado na Figura abaixo. q x dx L Figura 7.2. Viga em balanço O equilíbrio de um elemento infinitesimal de viga está ilustrado na Figura abaixo. Admite-se que o carregamento neste elemento de comprimento infinitesimal seja constante. q A V M + dM x M V + dV dx Figura 7.3. Esforços atuantes em um elemento infinitesimal Conforme a figura acima, as equações diferenciais de equilíbrio são dadas por: Equilíbrio de Forças na direção vertical ∑Fy = 0 ∑ Fy = 0 ⇒ V − qdx − (V + dV ) = 0 ⇒ dV = −qdx dV dV ( x) = − q portanto = −q( x) dx dx Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 76 Equilíbrio de Momentos em relação ao Equilíbrio de Forças em y ponto A ∑MA = 0 ∑ M A = 0 ⇒ − M − Vdx + qdx dx + (M + dM ) = 0 2 dM = Vdx − q dx 2 2 dM = Vdx ⇒ dM dM ( x) =V ⇒ = V ( x) dx dx mas q dx 2 = 0 → parcela de segundo grau pode ser desprezada 2 Equações diferenciais de equilíbrio dV ( x ) dx = − q( x ) d 2 M ( x) ⇒ = − q( x ) dx 2 dM ( x ) = V ( x ) dx Notar que a expressão da força cortante V(x) possui um grau a mais que a expressão do carregamento q(x) e a expressão do momento fletor M(x) possui um grau a mais que a expressão da força cortante. Dado um carregamento q(x) qualquer, os esforços V(x) e M(x) são obtidos pela integração das equações diferenciais de equilíbrio, impondo condições de contorno. No caso da viga em balanço tem-se: V ( x) = − qx M ( x) = − qx 2 2 d 2M = −q dx 2 V = dM = ∫ − qdx = − qx + C1 dx M = ∫ (− qx + C1 )dx = − qx 2 + C1 x + C 2 2 Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 77 condições de contorno para x = 0, a força cortante é nula: q V (0) = 0 ⇒ C1 = 0 para x = 0, o momento fletor é nulo: x dx L M ( 0) = 0 ⇒ C 2 = 0 logo, + V ( x) = −qx M ( x) = − V _ qx 2 2 M Figura 7.4. Diagrama de esforços solicitantes Notar que: → q(x) grau zero V(x) primeiro grau → M(x) segundo grau → constante linear parabólico Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 78 Exercícios 1. Traçar os diagramas de esforços solicitantes da viga da figura. carga equivalente 8x4=32 kN 2m q=8 (kN/m) A P=16 kN B C HA S1 S2 x 4m RA a. Cálculo das reações HA = 0 ∑ FH = 0 ∑F ∑M V =0 A 2m RA + RB − 8 ⋅ 4 − 16 = 0 = + RB × 4 − 16 × 6 − (8 × 4) × 2 = 0 RB RA + RB = 48 kN RB = 40 kN RA = 8 kN b. Cálculo dos esforços solicitantes Seção S1 0≤x≤4 q.x x/2 Força cortante: q=8 (kN/m) A V = + RA − q ⋅ x x V 0 8 V = +8 − 8 x S1 x 4 − 24 RA=8 kN Determinação do local onde a força cortente é nula 0 = +8 − 8 x x = 1m Momento fletor: x M M = + RA ⋅ x − q ⋅ x ⋅ x 2 M = +8 x − 8 0 0 1 4 4 − 32 x2 2 8x4=32 kN 2m Seção S2 4≤x≤6 Força cortante: V = +8 − 32 + 40 = 16 kN A x-2 q=8 (kN/m) B S1 constante S2 x-4 4m x RA=8 kN RB=40 kN Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar Momento fletor: M = + RA ⋅ x − 32 ⋅ ( x − 2) + RB ⋅ ( x − 4) 79 M = 8 x − 32 x + 64 + 40 x − 160 x M 4 − 32 6 0 M = 16 x − 96 Diagrama de esforços solicitantes P=16 kN 8 (kN/m) A B C HA=0 2m 4m RA=8 kN 8 0 RB=40kN 16 16 + + 0 _ 1m V(kN) -24 -32 _ M(kN.m) 0 0 +4 2. Traçar os diagramas de esforços solicitantes da viga abaixo. P=14 kN q=2 kN/m HA B A 2,5 m 2,5 m 5m RA RB a. Cálculo das reações HA = 0 ∑ FH = 0 ∑F ∑M V =0 A RA + RB − 2 ⋅ 5 − 14 = 0 = + RB × 5 − 14 × 2,5 − 10 × 2,5 = 0 RA + RB = 24 kN RB = 12 kN RA = 12 kN x/2 b. Cálculo dos esforços solicitantes Seção S1 0 ≤ x ≤ 2,5 A S1 Força cortante: V = + RA − q ⋅ x V = +12 − 2 ⋅ x q.x x x V 0 12 2,5 7 RA=12kN Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 80 Momento fletor: x M 0 0 4 23,75 x2 M = +12 x − 2 2 x M = + RA ⋅ x − q ⋅ x ⋅ 2 Seção S2 2,5 ≤ x ≤ 5 Força cortante: V = + RA − q ⋅ x − P q.x x V A 2,5 − 7 5 − 12 V = +12 − 2 x − 14 S2 2,5 m Momento fletor: (x-2,5) x M = + RA ⋅ x − q ⋅ x ⋅ M = +12 x − 2 P=14 kN x/2 x − P (x − 2,5) 2 RA=12kN x2 − 14( x − 2,5) 2 x M 2,5 23,75 5 0 M = − x − 2 x + 35 2 Diagrama de esforços solicitantes 2x5=10 kN P=14 kN x q=2 kN/m B A HA=0 2,5 m 2,5 m 5m RA=12kN RB=12kN 7 12 0 + -7 _ V(kN) -12 0 M(kN.m) + 23,75 Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 81 3. Traçar os diagramas de esforços solicitantes da viga abaixo. 3x4=12 kN 2x2=4 kN 1m 2m q=3kN/m q=2kN/m HC A B C 2m 4m RB RC a. Cálculo das reações ∑F ∑F ∑M H =0 HC = 0 V =0 RB + RC − 2 × 2 − 3 × 4 = 0 B RB + RC = 16 kN = + RC × 4 − 12 × 2 + 4 × 1 = 0 RC = 5 kN RA = 11 kN b. Cálculo dos esforços solicitantes Seção S1 q.x x/2 0≤x≤2 Força cortante: V = −q ⋅ x x V 0 0 2 −4 V = −2 x A x S1 Momento fletor Seção S2 x M x2 M = −2 2 x M = −q ⋅ x ⋅ 2 0 0 2 −4 2≤x≤4 (x+1) Força cortante: 2x2=4 kN 1m q.x x/2 V = −( 2 × 2) + 11 − q ⋅ x x V = −4 + 11 − 3x V 0 7 2,33 0 4 −5 q=3kN/m q=2kN/m A B 2m RB=11kN Determinação do local onde a força cortente é nula: − 4 + 11 − 3 x = 0 − 3x + 7 = 0 x = 2,33 m S2 x Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 82 Momento fletor: M = −4( x + 1) + 11x − 3x x 2 M = −4 x − 4 + 11x − 3 x2 2 x M 0 −4 2,33 4,17 4 0 M = −1,5 x 2 + 7 x − 4 Diagrama de esforços solicitantes 3x4=12 kN 2x2=4 kN q=3kN/m q=2kN/m HC=0 A B C 2m 4m RA=11kN RC=5kN 2,33 7 1,67 0 0 -4 V(kN) -5 -4 0 0 M(kN.m) 4,17 4. Traçar os diagramas de esforços solicitantes da viga abaixo. P=10 kN P=10 kN HB A B 1,5 m 3m 1,5 m RA RB a. Cálculo das reações ∑F ∑F ∑M H =0 HB = 0 V =0 RA + RB − 10 − 10 = 0 A = + RB ⋅ 6 − 10 × 1,5 − 10 × 4,5 = 0 RA + RB = 20 kN RA = 10 kN RB = 10 kN Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 83 b. Cálculo dos esforços solicitantes Seção S1 0 ≤ x ≤ 1,5 x Força cortante: A V = +10 kN V = + RA S1 constante, pois não depende de x. RA=10kN Momento fletor x M M = + RA ⋅ x Seção S2 M = +10 ⋅ x 0 0 1,5 15 1,5 ≤ x ≤ 4,5 P=10 kN Força cortante: V = +10 − 10 = 0 A constante S2 1,5 m (x-1,5) x Momento fletor: M = +10 x − 10( x − 1,5) RA=10kN M = +10 x − 10 x + 15 M = +15 kN.m Seção S3 constante 4,5 ≤ x ≤ 6 P=10 kN P=10 kN Força cortante: V = +10 − 10 − 10 V = −10 kN A constante, pois não depende de x. S3 1,5 m 3m x Momento fletor RA=10kN M = +10 x − 10(3 + x − 4,5) − 10( x − 4,5) x M = −10 x + 60 M 4,5 15 6 0 (x-4,5) Mecânica dos Materiais 8 Ricardo Gaspar 85 TENSÕES E DEFORMAÇÕES NA FLEXÃO Considere-se a viga a simplesmente apoiada, submetidas a duas forças concentradas no mesmo plano xy que contém o eixo da barra, como ilustra a Figura abaixo. P P x 0 a a y P V -P M Pa Figura 8.1 Essas forças produzem deslocamentos nos diversos pontos do eixo da viga dando origem a tensões internas. A parte central da viga está sujeita somente ao momento fletor M=P.a, sem esforço cortante. Neste trecho diz-se que a solicitação é de flexão pura. Nas seções da viga onde atuam simultaneamente momento fletor e força cortante diz-se que há flexão simples. 8.1 Hipóteses admitidas Na dedução das expressões das tensões normais decorrentes da flexão, admitem-se as seguintes hipóteses: • “as seções planas permanecem planas após a deformação” (hipótese simplificadora atribuída a Bernouille); • supõem-se vigas prismáticas, ou seja, barra de eixo reto e de mesma seção transversal; • admite-se que o material obedeça à lei de Hooke e que os módulos de elasticidade à tração e à compressão sejam iguais. Figura 8.2 Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 86 Para o estudo da distribuição das tensões normais decorrentes da flexão pura devem-se considerar as deformações que ocorrerão na viga no mesmo plano onde atua o carregamento. 8.2 Tensões normais na flexão A ação do Momento Fletor faz com que o eixo da viga se curve, permanecendo as seções transversais mm e pq planas e normais ao eixo longitudinal. A simetria do carregamento exige que todos os elementos da viga se deformem identicamente, o que só será possível se as seções transversais permanecerem planas. As fibras inferiores serão alongadas, ficando sujeitas a esforços de tração e as fibras superiores serão encurtadas, ficando sujeitas a esforços de compressão. Essas deformações originam internamente na viga tensões de tração e de compressão. Há uma superfície na qual as fibras longitudinais não sofrem variação de comprimento, chamada superfície neutra da viga. Nesta superfície não atuam tensões. O ponto 0 é o centro da curvatura do eixo longitudinal. O raio d θ° de curvatura é r por r. Da geometria vem: 1 dθ = r dx Linha Neutra M indicado m M p dx x y n q y Figura 8.3 Acima do eixo neutro, também chamado de Linha Neutra, as deformações são de compressão e as abaixo, de tração. Por hipótese, as deformações são suficientemente pequenas de tal modo que em um ponto qualquer pertencente ao eixo neutro, um ângulo inicialmente reto antes da deformação (formado por uma fibra longitudinal e a seção transversal) continua sendo reto depois da deformação. Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 87 Semelhança de triângulos ds s = y r ds y = s r → Sabe-se, contudo, que a deformação específica é r definida como: εx = x LN o Esta y y s equação ds , s mostra εx = logo que as y r deformações longitudinais (εx) são diretamente proporcionais à ds curvatura e à distância y da Linha Neutra. Figura 8.4 Deve-se notar que esta equação foi deduzida apenas por considerações geométricas, independentes das propriedades do material, sendo válida para qualquer tipo material da viga. Quando a viga é de material elástico linear, com diagrama tensão – deformação linear (material que obedece à Lei de Hooke), tem-se, σ = Eε . Portanto, as tensões normais na viga são: y (1) r Observa-se que a tensão σx é proporcional à distância da Linha Neutra (hipótese de Navier). As tensões variam linearmente com a distância y do eixo neutro, como é mostrado na Figura abaixo. σx = E A σt L.N. b M x h ys z 0 y yi A σc corte A-A y dA Figura 8.5 Seja dA uma área elementar na seção transversal e distante y do eixo neutro. A força elementar que atua sobre esta área é σ x dA . Como não há força normal atuando na seção, a integral de σ x dA sobre a área total da seção transversal deve anular-se, o que dá: Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar ∫σ x dA = ∫ E 88 y dA = 0 r (2) Como a curvatura e o módulo de elasticidade (E) são constantes,vem: ∫σ x dA = E ydA = 0 r ∫ logo ∫ ydA = 0 para vigas sob flexão pura. Do estudo das características geométricas de figuras planas sabe-se que a parcela ∫ ydA é definida como Momento Estático utilizado para o cálculo do Centro de Gravidade de figuras. Se o Momento Estático M S = ∫ ydA = 0 , como se vê nas expressões acima, significa que o eixo neutro passa pelo Centro de Gravidade da seção transversal. Os eixos y e z também tem origem no CG da seção transversal. O momento da força elementar σ x dA em relação ao eixo neutro é σ x ydA . A integral de todos esses momentos elementares sobre a área da seção transversal deve ser igual ao momento fletor M, ou seja: M = ∫ σ x ydA = E r ∫ y dA 2 (3) mas I = ∫ y 2 dA é o momento de inércia da área da seção transversal, em relação ao eixo z, que é o eixo neutro, ou Linha Neutra. Assim, equação acima pode tomar a seguinte forma: M = 1 EI r → 1 M = r EI (4) conclui-se, então, que a curvatura do eixo longitudinal da viga é diretamente proporcional ao momento fletor M e inversamente proporcional à quantidade EI, conhecida como rigidez ou módulo de rigidez à flexão da viga. Combinando as expressões (1) e (4), obtém-se a equação das tensões normais da viga. σx = M y I (5) Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 89 Nesta equação, M é positivo quando produz compressão na viga e y é positivo quando o sentido é para baixo. As tensões máximas de tração e de compressão ocorrerão nos pontos mais afastados do eixo neutro. Designando os afastamentos das fibras extremas por yinf e ysup, respectivamente, tem-se: σ x ,máx = M y inf I σ x ,mín = − M y sup I (6) Dimensionamento Do estudo das características geométricas de seções planas, define-se Módulo Resistente (W) por I y W = (7) Combinando as equações (5) e (7), chega-se à : σx = M W (8) Se for utilizado o método das tensões admissíveis, ou seja, σ x ≤ σ adm é possível dimensionar barras submetidas à flexão: σ adm = M W (9) Quando a viga tiver seção retangular, com largura b e altura h, o Momento de Inércia e o Módulo Resistente, são, respectivamente Para seção circular de diâmetro d, tem-se: I= πd 4 64 I= e bh 3 12 W = e πd 3 32 W = bh 2 6 Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 90 P=20 kN Exemplos S1 A S2 C B 1. O momento fletor da viga da figura é HB M=24 kN.m. Sabendo-se que a tensão 2m 3m 5m admissível do material utilizado na viga é σ adm = 5 kN cm 2 e que se trata de um perfil retangular com b = 5 cm (largura), RB=12 kN RA=8 kN 8 20 + 0 _ determinar a altura (h) do perfil. V (kN) -12 M (kN.m) 24 Retângulo h/2 W= Momento Resistente I= Momento de Inércia h y h/2 W = b I y onde Para retângulos tem-se: b ⋅ h3 I= 12 Momento de Inércia b ⋅ h3 2b ⋅ h 3 b ⋅ h 2 W = 12 = = y 12 ⋅ h 6 2 Módulo Resistente [L]3 M W Sendo a tensão definida σ= O Módulo Resistente pode também ser expresso por W= Ou seja, b ⋅ h2 M = 6 σ ⇒ h2 = Logo, determina-se a altura h da viga h= 6M = bσ 6 × 2400 (kN .cm) = 24 cm 5 (cm) × 5 (kN / cm 2 ) h = 24 cm 6M bσ M σ y=h 2 Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar é M=31,25 kN.m. Sabendo-se que a carga equivalente 2,5 m 2. O momento fletor da viga da figura 91 10 x 5 = 50 kN L/2 A B q = 10 kN / m tensão na viga é σ adm = 5,8 kN cm 2 e que se trata retangular de com um HB = 0 S admissível do material utilizado L=5m RA = 25 kN RB = 25 kN perfil 25 b = 5 cm + V (kN) - 2,5 m (largura), determinar a altura (h) L/2 do perfil. 25 M (kN . m) + 31,25 W = Momento resistente do retângulo: σ= M W b ⋅ h2 M = 6 σ h= ⇒ ⇒ W = h2 = b ⋅ h2 6 M σ 6⋅M b ⋅σ ⇒ h= 6⋅M b ⋅σ 6 × 3125 ( kN .cm ) = 25,4 cm 5 ( cm ) × 5,8 ( kN / cm 2 ) h = 25,4 cm 10' Notar: 31,25 kN ⋅ m = 3125 kN ⋅ cm Em polegadas: (2”x10”) 1” = 2,54 cm b = 5 cm 2' Mecânica dos Materiais 8.3 Ricardo Gaspar 92 Tensões de cisalhamento na flexão Considere-se um elemento de viga como ilustrado na Figura abaixo, de comprimento infinitesimal dx , submetido a um carregamento genérico p, sem esforço normal. p p x V dx M + dM x M M V + dV V dx Figura 8.6 Barra submetida a cargas transversais p O equilíbrio desse elemento de viga é dado por: dM =V dx dV = −p dx ou seja, d 2M = −p dx 2 Devido aos efeitos da flexão, esse elemento de viga é solicitado por tensões normais, paralelas ao eixo x. Essas tensões normais que atuam nas faces do elemento hachurado abcd, de comprimento dx, variam linearmente a partir da linha neutra e, em qualquer ponto, a uma distância y da linha neutra são definidas nas faces ab e cd, respectivamente, como (TIMOSHENKO, 1989): σ = M ⋅y I e σ + dσ = M + dM ⋅y I onde I é o momento de inércia da seção transversal em relação à linha neutra. Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar y σ a yo h b σ + dσ c τ 93 d F F + dF τ bdx yo x z M M + dM b dx Figura 8.7 Tensões normais em um elemento de viga de comprimento dx As resultantes dessas tensões normais são dadas por: h/2 F= ∫ yo M ydA I (a) e h/2 F + dF = ∫ yo M + dM ydA I (b) Se for feito um corte longitudinal nesse elemento de viga, o equilíbrio interno na direção do eixo x indica que deve haver uma tensão tangencial τ. Admitindo-se que a largura b seja suficientemente pequena para se considerar constante a tensão de cisalhamento ao longo da largura, a força de cisalhamento horizontal que atua na face inferior do elemento é dada por: τ ⋅ b ⋅ dx (c) As forças representadas pelas expressões (a), (b) e (c), devem estar em equilíbrio. Assim, o equilíbrio do elemento hachurado abcd da Figura acima fornece a equação: F + τbdx = F + dF ou seja: τbdx = h/2 ∫ yo donde: M + dM ydA − I h/2 ∫ yo M ydA I Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 1 dM τ= ⋅ I ⋅ b dx mas dM =V dx 94 h/2 ∫ ydA yo e h/2 ∫ ydA = Ms é o momento estático da parte da hachurada seção transversal em yo relação ao eixo z. Logo, a tensão de cisalhamento fica definida por: τ= tem-se: V ⋅ Ms b⋅ I A tensão de cisalhamento varia em função de yo. No caso das seções retangulares, V τ= 2I h2 − yo2 4 A expressão acima indica que a tensão de cisalhamento varia parabolicamente com yo . Como regra geral, a máxima tensão de cisalhamento τ ocorre no centro de gravidade da seção transversal. y σc Fc z τ h τo L N CG Ft σt b Figura 8.8 Tensão máxima de cisalhamento τo (LANGENDONCK, 1956) Sabendo-se que o braço de alavanca dos esforços internos (z) pode ser expresso por ( z = I / Mso ) tem-se, para yo = 0, a expressão da tensão máxima de cisalhamento: Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar τo = 95 V b⋅ z As tensões de cisalhamento são sempre tangentes ao contorno da seção transversal. Na Figura abaixo estão ilustradas as direções e sentidos das tensões de cisalhamento em algumas seções transversais. y y y y b b=b f T b=b w CG CG b b CG CG b V V V V Figura 8.9 Direção e sentido das tensões de cisalhamento (FUSCO, 1981) Tensão de cisalhamento para peças de seção retangular A tensão de cisalhamento máxima ocorre h/2 no Centro de Gravidade da seção. CG h/4 τ max z V ⋅ Ms τ= b⋅ I h/2 b diagrama de tensões tangenciais Momento Estático: 2 h h bh Ms = A ⋅ yCG = b ⋅ = 8 2 4 Momento de Inércia I= bh 3 12 Substituindo o Momento Estático e o Momento de Inércia na expressão da tensão de cisalhamento, tem-se: bh 2 8 = 3⋅ V τ= bh 3 2 bh b⋅ 12 V⋅ → τ = 1,5 V ATotal Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 96 Tensão de cisalhamento para peças de seção circular A tensão de cisalhamento máxima ocorre no Centro de Gravidade da 4r r 3π CG z V ⋅ Ms seção. τ = b⋅ I d Momento Estático: τ max diagrama de tensões tangenciais πd 2 4 d d 3 ⋅ Ms = A ⋅ yCG = = 4 3 2π 12 I= Momento de Inércia πd 4 64 Substituindo o Momento Estático e o Momento de Inércia na expressão da tensão de cisalhamento, tem-se: d3 V 12 = 12 τ= πd 4 πd 2 d⋅ ⋅ 16 64 4 V⋅ → τ= 4 V 3 ATotal Exemplo 1. O diagrama de esforços cortantes de uma determinada viga de seção retangular, com altura de 60 cm registra Vmax=80kN. Sabendo-se que a tensão admissível de cisalhamento do material é τadm=1,0 kN/cm2 , determinar a largura (b) da viga. τ max = 1,5 V ATotal Sendo τadm=1,0 kN/cm2 , no limite 1= 1,5 × 80 60 × b → τadm = τmax logo, b = 2 cm Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 9 97 DEFORMAÇÕES NAS VIGAS As cargas transversais que atuam nas vigas causam deformações, curvando seu eixo longitudinal. Quando se projeta uma viga é freqüentemente necessário calcular as deformações que ocorrerão em vários pontos ao longo do eixo. Por exemplo, nas vigas estaticamente indeterminadas, o cálculo das deformações é essencial para sua resolução. Denomina-se flecha, ou deslocamento vertical da viga (v), o deslocamento perpendicular a seu eixo, provocado pela aplicação de uma carga. A curva na qual se transforma o eixo da viga, inicialmente reto, recebe o nome de linha elástica. As especificações para o cálculo ou dimensionamento das vigas, impõem, freqüentemente, limites para as flechas, tal como ocorre com as tensões. P v x linha elástica y Figura 9.1 Linha elástica de uma viga simplesmente apoiada Para dedução da equação da linha elástica, considere-se um trecho da viga, como ilustrado, com o eixo y no sentido indicado. dx x y θ dx tg θ ~ =θ θ dy=dv tangente Figura 9.2 Seja dx um elemento infinitesimal do comprimento da viga. Se no início deste comprimento dx forem traçadas uma tangente à curva resultante da deformação da viga e uma reta paralela ao eixo x, o ângulo θ então formado entre a tangente e a reta, é denominado deformação angular da viga. Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 98 Considerando-se a hipótese de pequenos deslocamentos, pode-se afirmar que tgθ ≅ θ . Portanto, tgθ = θ = dv . dx Derivando-se o ângulo θ em relação a x, tem-se: dθ d 2 v = dx dx 2 (1) Da geometria, define-se curvatura como: 1 dθ = r dx (2) Sabe-se também, da teoria de flexão, que a curvatura é diretamente proporcional ao momento fletor e inversamente proporcional ao produto de rigidez EI, ou seja, 1 M =− r EI (3) Relacionando as expressões (1) e (2), chega-se a: 1 d 2v = r dx 2 (4) Relacionando agora as expressões (3) e (4), tem-se: d 2v M =− 2 dx EI (4) Rearranjando a expressão (4) chega-se finalmente à equação da linha elástica: d 2v EI 2 = − M dx (5) onde x e v são as coordenadas da linha elástica E é o módulo de Elasticidade do material I é o momento de inércia da seção transversal da viga A equação acima permite obter a linha elástica das vigas retas para qualquer tipo de carregamento. A equação acima foi deduzida a partir das seguintes hipóteses: 1. barra prismática (barra de eixo reto e de seção transversal constante); 2. validade da Lei da Hooke σ=Eε - material elástico linear; Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 99 3. as seções permanecem planas após a deformação; 4. deslocamentos pequenos, ou seja: tgθ ≅ θ . As convenções de sinais a serem consideradas na equação acima são: os eixos x e y são positivos nos sentidos indicados, o deslocamento v é positivo quando estiver no sentido do eixo y; o momento fletor M é positivo quando produz compressão na parte superior e tração na parte inferior da viga. Exemplo: determinar o deslocamento vertical máximo de uma viga simplesmente apoiada, submetida a uma carga concentrada no meio do vão. P x A B S L/2 L/2 P/2 P/2 → Equação do momento fletor na seção S Mx = P ⋅x 2 dθ d 2 v M determina-se a rotação da viga: Ao se integrar a equação = 2 =− dx dx EI θ = ∫− M dx EI Como o módulo de elasticidade do material (E) e o momento de inércia (I) são constantes, podem ser retirados da integral. Logo, EIθ = ∫ − P xdx 2 → EIθ = − P x2 ⋅ + C1 2 2 A constante C1 é determinada pelas condições de contorno da viga. A tangente da curva para x=L / 2 é nula. Logo, 2 0=− P L ⋅ + C1 4 2 C1 = PL2 16 Assim, tem-se a equação da rotação da viga: EIθ = − Px 2 PL2 + 4 16 Ao se integrar a equação da rotação, chega-se à equação do deslocamento vertical da viga. Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar EIv = ∫ θ ⋅ dx Px 2 PL2 ⋅ dx EIv = ∫ − + 4 16 → EIv = − 100 Px 3 PL2 + x + C2 12 16 A constante C2 é determinada também pelas condições de contorno. Para x =0, o deslocamento vertical da viga é nulo. Portanto, impondo x=0 na equação acima, chega-se à conclusão de que C2 =0. Também, das condições de contorno, sabe-se que o deslocamento vertical máximo da viga em estudo ocorrerá para x=L / 2. Assim, PL3 EIv = 48 PL3 PL3 EIv = − + 96 32 Portanto, o deslocamento vertical máximo da viga é expresso por: v max P=20kN Exemplo: Calcular o deslocamento vertical B A máximo da viga da figura. Dado: 300cm 2 Eaço=21000 kN/cm . 300cm h=30cm b=10cm 10 × 30 3 I= = 22500 cm 4 12 bh 3 I= 12 v max PL3 = 48EI PL3 = 48EI v max 20 × 6003 = = 0,19 cm 48 × 21000 × 22500 Se a seção transversal da viga fosse b=30cm e h=10cm, o deslocamento vertical seria: I= v max bh 3 12 PL3 = 48EI I= v max 30 × 10 3 = 2500 cm 4 12 20 × 6003 = = 1,71 cm 48 × 21000 × 2500 Note-se que esta mudança de posição da seção transversal da viga aumentou o 9 vezes deslocamento vertical. Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 101 Apresenta-se a seguir equações de deslocamento máximos. P L vmax v max = PL3 3EI vmax v max = qL4 8EI v max = PL3 48EI q (kN/m) L P vmax L/2 L/2 q (kN/m) v max vmax L a>b P x 3 v max vmax b a 5qL4 = 384 EI Pb( L2 − b 2 ) 2 = 9 3EI x= L2 − b 2 3 M x v max = L ML2 9 3EI x= M L vmax v max = ML2 2 EI L 3