UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO ALESSANDRA CASSOL CAPITAL INTELECTUAL E CAPACIDADE ABSORTIVA COMO PROPULSORES DA INOVAÇÃO: ESTUDO DE CASO NO SETOR DE PAPEL E PAPELÃO ONDULADO Biguaçu – SC 2014 ALESSANDRA CASSOL CAPITAL INTELECTUAL E CAPACIDADE ABSORTIVA COMO PROPULSORES DA INOVAÇÃO: ESTUDO DE CASO NO SETOR DE PAPEL E PAPELÃO ONDULADO Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Administração da Universidade do Vale do Itajaí, como requisito à obtenção de título de Mestre em Administração. Biguaçu – SC 2014 ALESSANDRA CASSOL CAPITAL INTELECTUAL E CAPACIDADE ABSORTIVA COMO PROPULSORES DA INOVAÇÃO: ESTUDO DE CASO NO SETOR DE PAPEL E PAPELÃO ONDULADO Esta dissertação foi julgada e aprovada pelo Programa de Pós-Graduação em Administração – Curso de Mestrado Acadêmico em Administração da Universidade do Vale do Itajaí. Área de Concentração: Estratégia e Concentração em organizações. Biguaçu (SC), 15 de fevereiro de 2014. Prof. Dr. Cláudio Reis Gonçalo Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) Orientador Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) Avaliador Prof. Dra. Rosilene Marcon Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) Avaliador Prof. Dr. Roberto Lima Ruas Universidade Nove de Julho (UNINOVE) Avaliador Externo Prof. Ms. André Morais dos Santos Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) Avaliador AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por me proporcionar uma vida cheia de oportunidades valiosas. Por me acompanhar em toda essa trajetória e por me permitir chegar até aqui, amparando-me nos momentos difíceis, proporcionando-me sabedoria e força para prosseguir no caminho que escolhi. Ao meu pai, Antonio Cassol, e minha mãe, Marli Cassol, por todo o amor, apoio e confiança que dedicaram a mim durante todas as trajetórias que escolhi para minha vida, ensinando-me a ter sabedoria e garra para alcançar todos os meus objetivos. A parceria do meu namorado, Marco Antonio, eterno companheiro de viagem, de sábados e domingos estudando, pela paciência, compreensão e apoio nesta etapa tão importante da minha vida. Minha eterna gratidão ao meu orientador, Cláudio Reis Gonçalo, por todo seu conhecimento, carinho e dedicação. Um exemplo de professor e parceiro; agradeço sua dedicação, conhecimento e carinho, com certeza me espelharei em sua pessoa para construir meu futuro como pesquisadora e como docente. A minha eterna gratidão a todos os professores do PPGA, Carlos Ricardo Rossetto, Miguel Angel Verdinelli, Sidnei Vieira Marinho, Anete Alberton, Christiane Kleinubing Godoi, Fernando César Lenzi, Maria José Barbosa de Souza, Flávio Ramos, Dinorá Eliete Floriani e Rosilene Marcon, obrigada por repassaram todos os seus valiosos conhecimentos durante as aulas, elaborações de artigos, orientações e bancas. Agradeço também o carinho e dedicação das meninas da secretaria, sempre muito atenciosas, obrigada Lurdes, Cristiana e Carol. Aos amigos que me apoiaram na construção da dissertação me ensinando e compartilhando conhecimentos, Nathalia Berger Werlang, André Santos e Sandra Vargas, obrigada pela dedicação de vocês, os ensinamentos de vocês contribuíram muito para a conclusão deste trabalho. Seria impossível não lembrar e agradecer os meus amigos do coração, parceiros ao longo desta caminhada e que a tornaram muito mais divertida. Agradeço a minha grande amiga Graciele Tonial, por todas as viagens a Biguaçu, trabalhos produzidos e ombro amigo durante estes dois anos, com certeza uma pessoa de um enorme potencial e que sempre estará no meu coração. Aos amigos Inocencia Boita Dalbosco, Nathália Berger Werlang, Anderson Neckel, Almerinda T. Bianca B. Batti Dias, Ronaldo Telles, Rafael Moré, Karen de Carli, Marcia Paloschi, Daiane Heinzen e a todos os demais colegas, obrigada por fazerem parte de minha vida e terem contribuído para que o mestrado, apesar de árduo, tenha sido muito divertido. Também agradeço à empresa Celulose Irani, por ter apoiado este meu sonho, obrigada aos diretores que sempre estiveram disponíveis, contribuindo para as pesquisas que realizei dentro da empresa. Agradeço a todos que participaram da etapa de coleta de dados da minha dissertação, que prontamente responderam aos questionários da pesquisa. Minha eterna gratidão à Universidade do Contestado, pelo apoio nestes dois anos de trabalho. Ao amigo Renato Artifon, pelas oportunidades a mim oferecidas e por acreditar no meu potencial. Muito obrigada a todos que contribuíram para este sonho tornar-se realidade. "Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende." (Leonardo da Vinci) RESUMO Esta pesquisa objetivou analisar como o capital intelectual pode ser desenvolvido por meio da capacidade absortiva para potencializar a inovação em uma empresa do setor de Papel e Papelão Ondulado. O capital intelectual é percebido como um recurso estratégico capaz de ser propulsor da inovação. Neste contexto, assume-se como pressuposto de pesquisa, que a capacidade de absorção de conhecimento pode potencializar a relação entre capital intelectual e inovação. Assim, o capital intelectual e capacidade absortiva podem ser influenciadores da capacidade de inovar nas organizações. Para atender os objetivos deste estudo utilizou-se da abordagem de investigação empírica através de pesquisa qualitativa exploratória e descritiva aplicada em um estudo de caso único, onde se utilizou para coleta de dados as técnicas de entrevistas semiestruturadas, questionários, documentação e observação. Para avaliação quantitativa sobre a relação entre os constructos utilizou-se a técnica de modelagem de equações estruturais. A empresa participante da pesquisa foi a Celulose Irani S.A, que se diferencia no seu mercado de atuação por ser pioneira em práticas organizadas para a inovação. A população da pesquisa foi composta por 149 gestores do nível tático, na qual se obteve uma amostra de 104 questionários válidos. Na etapa quantitativa, utilizou-se a técnica do PLS (Partial Least Squares), sendo que por meio da análise dos coeficientes de caminho observou-se uma forte relação entre os constructos, suportando as hipóteses da pesquisa. Dessa forma, mantiveram-se na estrutura de análise quantitativa 24 variáveis que demonstram os três constructos da pesquisa. Os resultados evidenciam que: a) capital intelectual influencia positivamente a capacidade absortiva; b) capacidade absortiva influencia positivamente a inovação; c) capital intelectual influencia positivamente a inovação. Na etapa qualitativa verificaram-se práticas organizacionais adotadas para o desenvolvimento do capital intelectual, da capacidade absortiva e da inovação, tais como: a) capacitação constante dos colaboradores; b) programas de sugestões; c) assimilação de novas tecnologias; d) aplicação de conhecimentos técnicos; e) parcerias com órgãos de apoio à inovação. Conclui-se que a capacidade absortiva promove o avanço do capital intelectual e inovação, podendo-se ainda observar diferentes práticas organizacionais sobre como a inovação pode ser potencializada em uma empresa de papel e papelão ondulado. Palavras-chave: Capital intelectual. Capacidade absortiva e inovação. ABSTRACT This study analyzes how intellectual capital can be developed through the absorption capacity to enhance innovation in a company in the Paper and Corrugated Cardboard sector. Intellectual capital is seen as a strategic resource, capable of driving innovation. In this context, the research premise assumed is that absorption capacity of knowledge can enhance the relationship between intellectual capital and innovation. Intellectual capital and absorption capacity may, therefore, be drivers of innovation capacity in organizations. To accomplish the objectives of this study, the empirical investigation approach was used, through exploratory qualitative research descriptive applied in a single case study. Techniques of semi-structured interviews, questionnaires, documentation and observation were used for the data collection. To assess the relationship between the constructs, the modeling technique of structural equation was used. The company that took part in the research was Celulose Irani S.A., which is distinguished, within its operating market, for being a pioneer in organized practices for innovation. The research population consisted of 149 tacticallevel managers, from whom a sample of 104 valid questionnaires was obtained. In the quantitative stage, the technique of PLS (Partial Least Squares) was used, in which through analysis of coefficients, a strong relationship was found between the constructs, supporting the study hypotheses. Thus, the structure of the quantitative analysis of 24 variables that measure the three constructs of the research was maintained. The results show that: a) intellectual capital has a positive influence on absorption capacity; b) absorption capacity has a positive influence on innovation; and c) intellectual capital has a positive influence on innovation. In the qualitative stage, the organizational practices adopted for the development of intellectual capital, absorptive capacity and innovation were determined, and included: a) continual employee training; b) suggestion programs; c) assimilation of new technologies; d) application of technical knowledge; and e) partnerships with support agencies for innovation. We conclude that absorption capacity promotes the advancement of intellectual capital and innovation, can also observe different organizational practices on how innovation can be enhanced in a paper and corrugated cardboard company. Keywords: Intellectual Capital. Absorption Capacity. Innovation. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Raízes conceituais do capital intelectual ......................................... 28 Figura 2 – Componentes do capital intelectual ................................................ 31 Figura 3 – Plano Teórico de Classificação do Capital Intelectual ..................... 32 Figura 4 – Framework: Modelo de administração estratégica do capital intelectual ........................................................................................ 67 Figura 5 – Fluxograma dos procedimentos metodológicos adotados .............. 69 Figura 6 – Etapas da coleta de dados .............................................................. 70 Figura 7 – Estrutura de análise quantitativa e pressupostos ............................... 79 Figura 8 – Estrutura de análise quantitativa para mensuração inicial .............. 89 Figura 9 – Estrutura de análise quantitativa final.............................................. 90 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Definição dos construtos de pesquisa para capital intelectual ...... 33 Quadro 2 – Níveis de interação da capacidade absortiva ................................ 46 Quadro 3 – Fundamentos da capacidade absortiva ........................................ 48 Quadro 4 – Dimensões da capacidade absortiva ............................................ 49 Quadro 5 – Tipologias da inovação ................................................................. 57 Quadro 6 – Tipologias da inovação utilizadas na pesquisa ............................. 59 Quadro 7 – Autores que suportam a base dos construtos da pesquisa .............. 74 Quadro 8 – Variáveis e medidas do construto capital intelectual nas dimensões capital humano, estrutural e relacional ........................... 76 Quadro 9 – Variáveis e medidas do construto capacidade absortiva nas dimensões capacidade absortiva potencial e realizada............. 77 Quadro 10 – Variáveis e medidas do construto inovação ................................ 78 Quadro 11 – Análise dos pressupostos ............................................................. 94 Quadro 12 – Constructo de Capital Intelectual ...................................................... 134 Quadro 13 – Constructo Capacidade Absortiva .................................................... 136 Quadro 14 – Constructo de Capacidade de Inovação .......................................... 138 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Distribuição dos respondentes quanto à função exercida dentro da empresa .................................................................................. 85 Tabela 2 – Distribuição dos respondentes quanto ao tempo que trabalham na empresa .................................................................................. 86 Tabela 3 – Distribuição dos respondentes quanto à idade ............................. 86 Tabela 4 – Distribuição dos respondentes quanto à escolaridade .................. 87 Tabela 5 – Distribuição dos respondentes quanto à Unidade Fabril ou Comercial em que trabalham ........................................................ 87 Tabela 6 – Teste de normalidade das variáveis da pesquisa ......................... 88 Tabela 7 – Correlação de Pearson e a raiz quadrada da AVE das variáveis latentes dos construtos de primeira ordem ..................................... 91 Tabela 8 – Análise de confiabilidade dos construtos de 1ª e 2ª ordem ............. 91 Tabela 9 – Avaliação do modelo estrutural por meio do Goodness of Fit ......... 92 Tabela 10 – Relevância Preditiva (Q²) e Tamanho do Efeito (f²) dos construtos 93 Tabela 11 – Parâmetros da estrutura quantitativa da pesquisa .......................... 93 Tabela 12 – Diretores da empresa ...................................................................... 97 Tabela 13 – Estatística descritiva dimensão capital humano .............................. 98 Tabela 14 – Estatística descritiva dimensão capital estrutural ............................ 100 Tabela 15 – Estatística descritiva dimensão capital relacional ........................... 102 Tabela 16 – Estatística descritiva dimensão capacidade absortiva potencial ..... 104 Tabela 17 – Estatística descritiva dimensão capacidade absortiva realizada ..... 106 Tabela 18 – Estatística descritiva constructo inovação ....................................... 108 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 13 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ................... 15 1.2 OBJETIVO GERAL.............................................................................. 19 1.2.1 Objetivos específicos ........................................................................ 19 1.3 RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA .......................... 19 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................... 23 2.1 CAPITAL INTELECTUAL: ORIGEM DO TERMO, ABORDAGEM CONCEITUAL E TIPOLOGIAS ........................................................... 24 2.1.1 Componentes do capital intelectual ................................................ 30 2.1.1.1 Capital Humano ................................................................................... 33 2.1.1.2 Capital Estrutural ................................................................................. 35 2.1.1.3 Capital Relacional................................................................................ 37 2.1.2 O valor não contábil do Capital Intelectual ..................................... 38 2.1.3 Capital intelectual como propulsor da capacidade de inovar ....... 41 2.2 CAPACIDADE ABSORTIVA: ORIGEM DO TERMO E ABORDAGEM CONCEITUAL ..................................................................................... 43 2.2.1 Componentes da capacidade absortiva .......................................... 47 2.2.2 A capacidade absortiva como potencializador da inovação nas organizações...................................................................................... 51 2.3 INOVAÇÃO: ORIGEM DO TERMO, ABORDAGEM CONCEITUAL E TIPOLOGIAS ....................................................................................... 53 2.3.1 Tipologias do contexto de Inovação ................................................ 56 2.3.1.1 Inovação Tecnológica ......................................................................... 59 2.3.1.2 Inovação de Produto ........................................................................... 60 2.3.1.3 Inovação de Processos ...................................................................... 60 2.3.1.4 Inovação de Paradigma ou Organizacional ......................................... 61 2.3.1.5 Inovação de Posição ou Marketing...................................................... 62 2.3.2 Definição de Empresa Inovadora ..................................................... 63 3 METODOLOGIA ................................................................................. 66 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .................................................. 66 3.2 ETAPA USANDO INSTRUMENTOS QUALITATIVOS DA PESQUISA .......................................................................................... 70 3.3 ETAPA USANDO INSTRUMENTO QUANTITATIVO DE PESQUISA .......................................................................................... 72 3.3.1 Construtos, Dimensões e Variáveis ....................................................... 74 3.3.2 Pressupostos teóricos ............................................................................. 78 3.3.3 Tratamento dos Dados Quantitativos..................................................... 81 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................. 82 4.1 O MERCADO DE CELULOSE E PAPEL E A CELULOSE IRANI ............ 82 4.2 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS ...................................................... 85 4.3 ANÁLISE PLS (Partial Least Squares) ................................................. 87 4.4 ANÁLISE DOS PRESSUPOSTOS ...................................................... 93 4.5 ANÁLISE QUALITATIVA DOS DADOS ............................................... 97 4.6 ANÁLISE DO CASO ............................................................................ 111 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 115 5.1 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES DE FUTURAS PESQUISAS ........................................................................................ 118 REFERÊNCIAS ................................................................................... 119 APÊNDICE A – Protocolo de Pesquisa ............................................... 135 APÊNDICE B – Instrumento de pesquisa Questionário ...................... 144 APÊNDICE C – Coleta de dados via Google Drive ............................. 150 APÊNDICE D – Roteiro de entrevista semiestruturada ....................... 160 ANEXO A – Instrumento de pesquisa Capital intelectual .................... 163 ANEXO B – Instrumento de pesquisa Capacidade absortiva .............. 165 ANEXO C – Instrumento de pesquisa Inovação .................................. 167 13 1 INTRODUÇÃO A presente pesquisa se insere no campo de investigação sobre capital intelectual, onde se busca compreender a relação entre a administração estratégica do capital intelectual e a inovação. Tem-se como pressuposto que a capacidade absortiva pode ser um potencializador desta relação, propiciando para as empresas um melhor uso do capital intelectual e da capacidade de inovar. A pesquisa se desenvolveu em uma empresa do setor de celulose e papel, que atua no mercado há 72 anos e possui um setor de pesquisa e desenvolvimento estruturado, bem como um setor de inovação corporativa com mestres e doutores trabalhando como pesquisadores em busca do desenvolvimento de inovações. Esta peculiaridade a faz pioneira em seu setor, utilizando esforços direcionados para o desenvolvimento de inovações. Isto porque o setor se configura como conservador e é estável em virtude de sua dinâmica de mercado, a qual ainda não exige das empresas o desenvolvimento de inovações para que se mantenham competitivas. Sendo assim, compreende-se que a escolha deste caso deva merecer ser investigada em profundidade, com o intuito de compreender como a empresa desenvolve seu capital intelectual para que este contribua para a inovação, uma vez que se acredita que a organização que detém recursos valiosos, raros, inimitáveis e insubstituíveis pode alcançar vantagem competitiva. Esta vantagem pode ser sustentada mediante a implementação de estratégias de criação de valor que não são implementadas por outras organizações e não são copiáveis pelos atuais ou potenciais concorrentes (BARNEY, 1996, 2001; RAY; BARNEY; MUHANNA, 2004). Interpreta-se que a organização que consegue se diferenciar no mercado fazendo uso de suas habilidades internas, aplicando o conhecimento em melhorias de processos, produtos ou serviços e prospectando a inovação, poderá conseguir direcionar-se ao mercado de forma que venha a obter melhores desempenhos e uma vantagem competitiva. A perspectiva teórica da Knowledge-Based View (KBV), que é derivada da Resource-Based View (RBV), considera e reforça o papel do conhecimento como principal fonte de vantagem competitiva (KOGUT; ZANDER, 1992) e, em termos estratégicos, como o mais importante dos recursos da firma (GRANT, 1996, 2002). Nesse sentido, a organização possui como desafio desenvolver a habilidade de criar um contexto favorável para integrar o conhecimento especializado individual 14 (tácito e explícito) a outros conhecimentos externos, e aplicá-lo no desenvolvimento de novas capacidades (GRANT, 1996, 2002; NODA; BOWER, 1996). Esta integração do conhecimento intrínseco na empresa, com o conhecimento adquirido de fontes externas, pode ser realizada por meio da capacidade absortiva, a qual pode potencializar a inovação. Segundo Teece, Pisano e Schuen (1997), os vencedores no mercado global são as empresas que podem demonstrar capacidade de resposta oportuna e rápida ao ambiente, uma flexível capacidade de inovação de produto/serviços, e o desenvolvimento da capacidade de gestão para coordenar e reimplantar competências organizacionais internas ou externas. Os autores referem-se a essa capacidade de alcançar novas formas de vantagem competitiva como capacidade dinâmica. Eisenhardt e Martin (2000) apresentam uma abordagem semelhante à Teece, Pisano e Schuen (1997), contudo, focando em processos organizacionais e rotinas que permitam que os recursos de uma empresa possam ser reconfigurados em resposta às realidades do ambiente ou mercado. Assim, observa-se que processos que contribuem para o desenvolvimento ou acesso a novos conhecimentos acabam facilitando o processo de inovação. Conforme Zollo e Winter (2002) e Winter (2003), as capacidades dinâmicas são resultado de um processo de aprendizagem organizacional, sendo um dos elementos-chave do modelo de transferência baseado em capacidades. Observa-se a relação entre a capacidade dinâmica e capacidade de absortiva, pois esta segunda influencia e sustenta a vantagem competitiva de uma empresa (ZAHRA; GEORGE, 2002). Visto que a habilidade de obter novas formas de vantagem competitiva é um aspecto crítico em ambientes dinâmicos, a capacidade de aprendizagem organizacional torna-se crucial a fim de alterar a configuração de recursos diante de mudanças contextuais (EISENHARDT; SANTOS, 2006). Corroborando, Kristandl e Bontis (2007) afirmam que o capital intelectual pode tornar-se o portfólio de recursos estratégicos das empresas, o qual permite às organizações criarem valor sustentável. Dessa forma, verifica-se a relevância do capital intelectual como diferencial dentro das empresas, e, ainda mais, como potencializador da inovação. 15 Almeida (2008) propõe que o capital intelectual pode tornar-se o ponto de partida para a inovação. Os ativos intangíveis de uma organização podem valorizar e fornecer credibilidade, além de determinar a capacidade de inovar e aprender, sendo necessário que as empresas façam uma administração estratégica de seu acervo intelectual. Portanto, para uma organização configurar-se como inovadora necessita-se que ela desenvolva o capital intelectual, e, consequentemente, o capital humano. Em outras palavras, atrair e selecionar pessoas no mercado e reter os talentos internos que contribuam com as competências organizacionais passa a ser substancial para o desenvolvimento organizacional e para a criação de inovações (AMORIM; SILVA, 2012). Segundo o Manual de Oslo (2012), a difusão do conhecimento (desenvolvimento do capital intelectual) e da tecnologia são partes centrais do processo de inovação. O processo de propagação da inovação requer a adoção de novas tecnologias, o acesso a novos conhecimentos e a necessidade do desenvolvimento da capacidade absortiva. Sendo assim, teóricos, acadêmicos, pesquisadores e empresários têm buscado compreender como fazer uso do capital intelectual para transformá-lo em capacidade de inovação. Na próxima seção contextualiza-se e justifica-se a pesquisa, buscando preencher lacunas existentes nos campos dos estudos relacionados ao capital intelectual e à capacidade de inovação das organizações. Desse modo, o foco deste trabalho é direcionado ao estudo do capital intelectual como recurso estratégico para a organização gerar a capacidade de inovar, por meio de práticas relacionadas à capacidade absortiva. 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA As pesquisas realizadas nas últimas décadas contextualizam que os ativos intangíveis de uma organização necessitam ser gerenciados estrategicamente, com o objetivo de alavancar a capacidade de inovar. Assim, estudos teóricos e empíricos vêm sendo desenvolvidos, buscando apresentar formas de potencializar o capital intelectual como um ativo intangível, para o desenvolvimento de diferentes formas de inovação dentro das organizações (HIGGINS, 1995; STEWART, 1998, 2002; 16 TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005; ZANINI, 2008; EDVINSSON, 2012; DUMAY; GARANINA, 2013). A capacidade de gerenciar ativos intangíveis na forma de criação e compartilhamento do conhecimento torna-se vital para as empresas, uma vez que este se expressa como um recurso distinto dos ativos tangíveis (EDVINSSON; MALONE, 1998). Neste sentido, a gestão da capacidade de inovação pode estar centrada, especificamente, na gestão do conhecimento (MILLER; MORRIS, 1999). Carbone et al. (2005) afirmam que a sobrevivência das empresas pode depender de sua capacidade de inovação proveniente de sua inteligência organizacional, que é representada pelo conhecimento. Desse modo, o conhecimento criado e transferido passou a ser visto como um diferencial, e sua gestão pode se tornar determinante para o crescimento e sustentação das empresas. Contribuindo, Subramaniam e Youndt (2005) estudaram 93 organizações nos EUA, verificando quais os aspectos do capital intelectual que influenciavam nas capacidades inovadoras das organizações. Observaram que o capital intelectual desempenha um papel significante em ambos os tipos da inovação, sendo ele positivamente influenciador das capacidades inovadoras. Os autores ressaltam a necessidade de uma maior compreensão das inter-relações entre os vários aspectos do capital intelectual e os diferentes tipos de capacidades inovadoras. Assim, também sugerem que certos eventos exógenos às organizações podem moldar o capital intelectual para gerar diferentes tipos de inovações. Infere-se, neste contexto, a ocorrência da potencialização da capacidade absortiva, que fornece subsídios à compreensão de conhecimentos externos à organização, e acaba propiciando o desenvolvimento do capital intelectual e da inovação. Segundo Cohen e Levinthal (1990), a capacidade absortiva configura-se como a habilidade da organização de avaliar o valor de novos conhecimentos, assim como a assimilar essas informações, aplicando-as na empresa. Lane, Koka e Pathak (2006) afirmam que a capacidade absortiva pode aumentar a velocidade, frequência e magnitude da inovação na empresa, e, por sua vez, a inovação cria um novo conhecimento, o qual, sendo internalizado, torna-se parte da capacidade absortiva da organização. Lichtenthaler e Lichtenthaler (2009) investigaram teoricamente a gestão do conhecimento, a capacidade absortiva e as capacidades dinâmicas, criando uma 17 perspectiva integradora que considera a exploração, retenção e aplicação do conhecimento na organização. Os autores sugerem que outros estudos teóricos e empíricos são necessários para reforçar a integração entre conhecimento e capacidade absortiva. Afirmam que estudos com este propósito podem facilitar a compreensão da heterogeneidade das empresas no que se refere, por exemplo, à gestão do conhecimento ou ao desempenho de inovação. Segundo o Manual de Oslo (2012), as vantagens em tecnologias, os maiores fluxos de informações e de conhecimentos, são percebidos como condutor central do crescimento da inovação em todos os países e organizações; porém, segundo o relatório, não existem comprovações de como tais fatores (tecnologia, informação ou conhecimento) podem afetar diretamente à inovação. Stoeckicht (2012), em sua pesquisa, relacionou o capital intelectual à inovação no setor de construção civil, e sugere que estudos setoriais mais aprofundados poderiam fundamentar a proposição de um modelo de administração estratégica do capital intelectual orientado à inovação. Segundo a autora, este modelo teria como objetivo auxiliar os gestores das empresas a administrarem de maneira estratégica e integrada o capital intelectual, visando não somente desenvolver o potencial inovador de suas organizações, mas, também, otimizar o desempenho organizacional e contribuir para melhorar os índices de produtividade e competitividade. Edvinsson (2012) ressalta que as pesquisas precisam ir além dos relatórios de mensuração do capital intelectual; faz-se necessário pensar em perspectivas disciplinares transversais que podem potencializar a consciência sobre o tema. Esta abordagem do capital intelectual apresenta um espaço de oportunidade futura, que objetiva a criação de riqueza com base na inovação. Santos, Basso e Kimura (2012) constataram, em sua pesquisa, realizada com 230 empresas indústrias brasileiras, que os esforços das firmas para melhorar sua capacidade de inovar se estruturam em três eixos: Capital Humano, Capital Relacional e Capital Interno (abordado neste estudo como estrutural). A pesquisa também apontou que a capacidade de inovar das firmas no Brasil se apresenta mais dependente do Capital Relacional. Dessa forma, interpreta-se como relevante que as empresas brasileiras invistam no conhecimento interno, porém o conhecimento advindo de suas relações com os stakeholders também pode se tornar fonte de inovação. Assim, para que a 18 organização faça proveito do conhecimento intrínseco no capital relacional, torna-se relevante que se desenvolva a capacidade absortiva. Analisa-se que pesquisas que abordam a relação entre o conhecimento intrínseco nas organizações e a capacidade de inovação ainda são relevantes, principalmente quando estes constructos são pesquisados em setores não investigados sob esta perspectiva. Como, por exemplo, setores que são considerados estáveis e maduros, caso do setor de papel e papelão ondulado, que se configura como um setor considerado tradicional, pois existe no mercado brasileiro desde 1809, segundo a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) (2013). Segundo Dumay e Garanina (2013), as pesquisas sobre capital intelectual estão entrando em um terceiro estágio, que se iniciou em 2004, com os estudos de Marr e Chatzkel (2004). Estes estudos desenvolveram-se timidamente até 2009, quando a partir desse período começaram a ser impulsionados pelas publicações de Mouritsen e Roslender (2009), e Dumay (2009a, 2009b). Este terceiro estágio aponta para a necessidade de novas pesquisas examinarem o capital intelectual empiricamente, dedicando-se às implicações da gestão e sua aplicação em organizações (GUTHRIE; RICCERI; DUMAY, 2012; DUMAY; GARANINA, 2013). Dessa forma, interpreta-se que nos últimos anos as pesquisas têm desenvolvido um gap relacionado à necessidade de se compreender como fazer uso do capital intelectual para desenvolver a capacidade de inovação. A presente pesquisa busca complementar as pesquisas já existentes (EDVINSSON, 2012; SANTOS; BASSO; KIMURA, 2012; GUTHRIE; RICCERI; DUMAY, 2012, STOECKICHT, 2012; DUMAY; GARANINA, 2013) potencializando a assimilação sobre como utilizar o recurso estratégico do capital intelectual para alavancar a inovação, por meio da capacidade absortiva. Para tanto, investiga-se no contexto empírico de uma empresa de grande porte do setor de papel e papelão ondulado, a relação entre a administração estratégica do capital intelectual e a inovação, tendo como pressuposto que a capacidade absortiva pode ser um influenciador nesta relação. Portanto, o presente estudo busca auxiliar a responder este gap de pesquisa, completando as pesquisas realizadas, e aproximando a compreensão de como o capital intelectual pode alavancar a inovação dentro das organizações por meio da capacidade absortiva. 19 Assim, considerando a problematização exposta, apresenta-se a questão que norteará está pesquisa: “Como o capital intelectual, desenvolvido pela perspectiva da capacidade absortiva, pode potencializar a inovação em uma empresa do setor de papel e papelão ondulado?” Com base na questão que embasará o contexto desta pesquisa, definiram-se os objetivos deste estudo. 1.2 OBJETIVO GERAL Analisar como o capital intelectual desenvolvido pela perspectiva da capacidade absortiva pode potencializar a inovação em uma empresa do setor de Papel e Papelão Ondulado. 1.2.1 Objetivos específicos a) Verificar a existência de relação entre o capital intelectual e a inovação para empresa Celulose Irani S.A.; b) Demonstrar quais práticas adotadas na administração do capital intelectual podem contribuir para a inovação; c) Verificar se existe a relação entre o capital intelectual e a capacidade absortiva; d) Compreender o potencial de capacidade absortiva da organização em estudo; e) Identificar a ocorrência da relação da capacidade absortiva com a inovação. 1.3 RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA Verifica-se por meio dos estudos apresentados (EDVINSSON, 2012; SANTOS; BASSO; KIMURA, 2012; GUTHRIE; RICCERI; DUMAY, 2012, STOECKICHT, 2012; DUMAY; GARANINA, 2013), a importância da relação entre o 20 capital intelectual e a inovação. Assim, este estudo pretende expor as variáveis que impactam na administração estratégica do capital intelectual e suas influências na inovação no caso investigado. Assume-se como pressuposto que a capacidade absortiva da organização pode influenciar o capital intelectual, potencializando a inovação. Sob este contexto teórico de pesquisa, compreende-se que o capital intelectual das organizações torna-se um recurso valioso e inimitável sendo de difícil substituição, pois está intrínseco na expertise das pessoas que fazem parte da organização. A realização de novas combinações de conhecimento, de acordo com Schumpeter (1997), significa empregar recursos diferentes de forma diferente para produzir coisas novas. Dessa maneira, caberá à administração estratégica da organização compreender como direcionar estes recursos, os quais, nesta pesquisa, estão relacionados ao capital intelectual, para tornarem-se propulsores da capacidade de inovar. Com base nesta compreensão, a presente pesquisa parte do pressuposto que a capacidade absortiva pode ser o elo entre o capital intelectual que a organização detém, o seu aprimoramento com base em conhecimentos advindos de fontes externas ou internas, e o desenvolvimento da inovação. O pressuposto refere-se aos parâmetros básicos que permitem encaminhar a investigação empírica qualitativa; tornando-se a hipótese reinterpretada, porém sem a sua dinâmica formal e comprobatória (MINAYO, 2000). Dessa forma, esta pesquisa se configura como de natureza qualitativa, sendo um estudo de caso único, com técnicas de coleta de dados tanto qualitativas e quantitativas, buscando contribuir para com os estudos relacionados à capacidade de inovação. De acordo com Weerawardena (2003) e Brito, Brito e Morganti (2009), ressalta-se a importância de estudar a inovação sob a ótica dos recursos e capacidades, permitindo assim maior profundidade e desenvolvimento deste tema. Verifica-se que nos últimos anos alguns estudos utilizaram a abordagem qualitativa, buscando compreender os constructos: capital intelectual e inovação. Por exemplo, Stoeckicht (2012) avaliou a gestão do capital intelectual para desenvolver a inovação em empresas do setor de construção civil. Outros estudos com abordagem qualitativa também têm sido desenvolvidos, buscando compreender a relação entre capacidade absortiva e a inovação. Cunha (2005) identificou em empresas consideradas inovadoras, quais as práticas 21 gerenciais criadas internamente, ou simplesmente absorvidas de outras empresas, que contribuíram para a capacidade de inovação. Machado e Fracasso (2012) propõem, em um ensaio teórico, hipóteses que buscam compreender a relação entre o capital intelectual, capacidade absortiva e inovação. Os autores pressupõem que diferentes recursos internos podem influenciar de forma diferente as dimensões da capacidade absortiva, e, posteriormente, podem levar a resultados diferentes de inovação e desempenho. Dessa forma, por meio do ensaio teórico é proposto um framework para compreensão desta relação, contudo ele não foi testado empiricamente. Entretanto, não foram evidenciados estudos empíricos que fizessem a análise de como o capital intelectual pode impulsionar a capacidade de inovação a partir do pressuposto de desenvolver a capacidade absortiva da organização. Stoeckicht (2012) também constatou em seu estudo a escassez de pesquisas realizadas com o objetivo de avaliar as práticas da administração do capital intelectual direcionadas à inovação. Segundo o Manual de Oslo (2012), considera-se importante o desenvolvimento de uma visão baseada no conhecimento, que concentre esforços para compreender os processos interativos, por meio dos quais o conhecimento é criado e trocado. Este processo interativo pode ser compreendido como um dos elementos necessários para a capacidade absortiva da organização. Sugere-se que futuras pesquisas possam identificar os motivos e obstáculos à inovação, as mudanças na forma de operação das empresas, os tipos de atividades de inovação em que elas se inserem, e os tipos de inovação que elas implementam (MANUAL DE OSLO, 2012). Infere-se que pesquisas com este “olhar” podem auxiliar as organizações a compreenderem práticas possíveis de serem implementadas para o desenvolvimento de inovações. Sendo assim, verifica-se que a investigação dos principais fatores que permitem a inovação nas empresas, bem como os fatores que aprimoram sua capacidade de inovar se expressam como relevantes para a investigação científica em administração. A presente pesquisa busca sanar o gap teórico evidenciado nos estudos anteriores, buscando a compreensão sobre práticas relacionadas ao capital intelectual que potencializam a inovação, bem como a influência da capacidade absortiva. Dessa forma, faz-se necessária a construção da base teórica que sustentará o estudo. 22 A presente dissertação está estruturada em cinco capítulos. O primeiro trata da introdução, em que se apresenta a contextualização do problema, os objetivos e a relevância e contribuição da pesquisa, conforme já apresentados. O segundo capítulo refere-se à fundamentação teórica do estudo, com ênfase nos constructos: capital intelectual, capacidade absortiva e inovação. No terceiro capítulo é apresentada a metodologia do estudo, incluindo a estrutura conceitual, as técnicas utilizadas na etapa quantitativa e qualitativa. Na sequência serão apresentados os resultados da pesquisa, e a análise do caso. E, no último capítulo, serão dispostas as considerações finais, sugestões para futuras pesquisas e possíveis implicações encontradas durante o estudo. Ao final do estudo apresentam-se as referências e os apêndices e anexos relacionados à presente pesquisa. 23 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este capítulo aborda os temas: capital intelectual, capacidade absortiva e inovação. Inicialmente, discorre-se sobre as origens do termo capital intelectual, seguido de uma abordagem conceitual explanando os seus componentes, conforme apresentado na literatura. Após a inserção deste contexto discute-se a capacidade absortiva, contextualizando seus componentes e a sua relação com o capital intelectual e a inovação. Por fim, apresenta-se o constructo da inovação, destacando-se suas origens, abordagem conceitual e tipologias. Com objetivo de esclarecer a diferença entre os constructos da pesquisa, apresentam-se seus conceitos com base na abordagem teórica utilizada no estudo: a) Capital intelectual refere-se à soma do conhecimento de todos em uma empresa, o que proporciona vantagem competitiva à organização (STEWART, 1998). b) Capacidade absortiva configura-se por um grupo de rotinas e processos organizacionais pelos quais as firmas adquirem, assimilam, transformam e aplicam conhecimento, para produzir uma capacidade organizacional dinâmica (ZAHRA; GEORGE, 2002). c) Inovação baseia-se no processo de transformar oportunidades em novas ideias, colocando-as amplamente em prática (TIDD; BESANT; PAVITT, 2005). Com base no delineamento da pesquisa, verifica-se a necessidade de conceituar o termo estratégia, visto que ele possui influência na análise do caso. Dessa forma, nesta pesquisa o termo estratégia significa um conjunto de ações com sentido específico que se expressam na maneira peculiar da organização fazer as coisas para atingir seus objetivos, equivalente ao que Mintzberg (1987) chama de perspectiva ou o modo como as pessoas da organização veem o mundo (GONÇALO et al., 2013). Após as principais definições estabelecidas, o próximo capítulo apresenta as abordagens teóricas dos constructos da pesquisa. 24 2.1 CAPITAL INTELECTUAL: ORIGEM DO TERMO, ABORDAGEM CONCEITUAL E TIPOLOGIAS Os estudos sobre capital intelectual se tornaram mais intensos e difundidos na academia nas últimas décadas, principalmente na literatura internacional. Entretanto, podemos destacar que durante décadas se aborda que o conhecimento é relevante dentro das organizações. Penrose (1959) apontava em suas pesquisas que a organização se configurava como um repositório de conhecimento. Posteriormente, Drucker (1970), em suas observações a respeito da ascensão do trabalho intelectual, passou a ressaltar a importância do conhecimento dentro das organizações. Sveiby (1997) tornou-se o pioneiro a propor um conceito ao termo capital intelectual, abordando em sua pesquisa formas de medir este ativo intangível de grande valor para as empresas (ANDRIESSEN, 2004). Seguindo a pesquisa de Sveiby, a partir da década de 1990, diversos estudos buscaram explicar e mensurar o capital intelectual. Este fato deve-se em grande parte à preocupação das organizações em buscar compreender porque algumas empresas são capazes de estabelecer posições de vantagem competitiva sustentável, ganhando retornos superiores aos seus concorrentes. Sendo assim, surgem as pesquisas baseadas na perspectiva da Visão Baseada em Recursos (RBV - Resource Based View) onde a vantagem competitiva está atrelada à possibilidade de as empresas adquirirem um conjunto de recursos apropriados às demandas do mercado, estando presente na análise dos fatores explicativos do crescimento das organizações (SELZNIK, 1957; PENROSE, 1959; WERNERFELT, 1984, 1995; BARNEY, 1989, 1991, 1996, 2001; PETERAF, 1993). Penrose (1959) propôs que, na teoria da visão baseada em recursos, o crescimento da empresa não está no mercado, mas nos recursos que a organização possui e na forma como os recursos são utilizados. A RBV sugere que as empresas obtêm e mantêm vantagens competitivas por meio da implantação de recursos valiosos e de capacidades distintas (WERNERFELT, 1984; BARNEY, 1991, 1996; PETERAF, 1993). Com base em um olhar mais abrangente, sugere-se que o conhecimento pode ser o recurso distinto da empresa, assim, surge a teoria baseada no conhecimento (KBV – Knowledge-based view), que pode ser vista como uma 25 extensão da teoria baseada em recursos ou como uma extensão das áreas de aprendizado organizacional e da teoria das organizações (EISENHARDT; SANTOS, 2002; ACEDO; BARROSO; GALAN, 2006). Sob esta ótica, Grantt (1996) explana que a visão baseada no conhecimento (KBV - Knowledge-Based View) focaliza o conhecimento como um dos recursos mais importantes da organização. O autor propõe que a criação do conhecimento baseia-se na atividade individual e que o papel das empresas está na aplicação do conhecimento existente para a produção de bens e serviços. A KBV proposta por Grantt (1996) também considera e reforça o papel do conhecimento como sendo a principal fonte de vantagem competitiva e, em termos estratégicos, como o mais importante dos recursos da firma. Corroborando, Nonaka et al. (2000) sustentam que a visão baseada no conhecimento ampara a capacidade de criação do conhecimento, transformando-o em importante fonte de vantagem competitiva à organização. Segundo os autores seria por meio das capacidades da empresa de inovar em novos produtos/serviços, ou de melhorar os já existentes de forma eficiente e eficaz, que se proporciona a competitividade sustentável, resultando no desenvolvimento contínuo do conhecimento e no armazenamento da propriedade intelectual (NONAKA et al., 2000). A criação do conhecimento pode contribuir para o surgimento de novas teorias organizacionais que entendem o conhecimento e a capacidade de gerenciálo, sendo a capacidade mais importante do diferencial competitivo da organização (NONAKA, 1990, 1991, 1994; PRAHALAD; HAMEL, 1990; TEECE PISANO; SHUEN, 1990; SPENDER, 1996; FRANCINI, 2002; BOLLEN; VERGAUWEN; SCHNIEDERS, 2005; RICHIERI, 2007; ROCHA, 2012). As organizações começaram a buscar possibilidades de registrar e gerenciar seus ativos intangíveis com o objetivo de desenvolver diferenciais competitivos em relação aos seus concorrentes, intensificando o valor da gestão do conhecimento. Entre as várias áreas de estudos que existem sobre a gestão do conhecimento nas organizações, há uma que enfoca o capital intelectual. O principal argumento desta corrente está relacionado às observações de Sveiby (1997), e Edvinsson e Malone (1998), os quais abordam a existência de ativos chamados de intangíveis, que proporcionam o desenvolvimento e valorização da organização, porém não estão necessariamente presentes no patrimônio físico da empresa. 26 Conforme Hand e Lev (2003, p. 305), os “[...] ativos intangíveis referem-se a quaisquer itens não físicos que tenham a habilidade de fornecer futuros benefícios econômicos as organizações.” Corroborando, Ienciu e Matis (2011) colocam que os ativos intangíveis referem-se aos recursos controlados pela empresa, porém que não têm natureza física, e são capazes de trazerem futuros benefícios econômicos à empresa, além de serem legalmente protegidos. Edvinsson e Malone (1998) afirmam que o valor do capital intelectual, indiferente da definição adotada para ele, é imenso dentro do mundo organizacional. Assim, o capital intelectual configura-se como um ativo intangível para as empresas, tornando-se evidente que está adquirindo um espaço importante dentro da economia moderna e no meio organizacional, representando, atualmente, em média, 75% do valor das fontes de receitas das empresas (SMITH, 2009). Entretanto, este ainda é um campo emergente dentro do âmbito organizacional, pois somente há aproximadamente uma década começou-se a desenvolver padrões de avaliação, mensuração e armazenamento do capital intelectual. Sendo assim, observa-se que a pesquisa sobre o capital intelectual tem evoluído inicialmente a partir de autores, como Bontis (1996), Brooking (1996), Darling (1996), Edvinsson e Sullivan (1996) ou Saint-Onge (1996). O capital intelectual pode ser considerado como um dos mais valiosos ativos de uma organização, e, consequentemente, uma poderosa arma competitiva no mundo dos negócios (IENCIU; MATIS, 2011). O conceito de capital intelectual tem sido desenvolvido e aprimorado ao longo dos anos. Itami (1987) definiu o termo como sendo um ativo intangível, que inclui elementos de tecnologia, informações sobre clientes, marcas, reputação e cultura corporativa, itens que se configuram como de valor inestimável para a competitividade de uma empresa. Corroborando, Brooking (1996) conceituou capital intelectual como uma combinação de ativos intangíveis, oriundos das mudanças nas áreas da tecnologia da informação, mídia e comunicação, que trazem benefícios intangíveis para as empresas e que capacitam seu funcionamento. Enquanto, Sveiby (1997) considera o capital intelectual como um conjunto de conhecimento possível de se converter e transformar-se em valor. Stewart (1998), por sua vez, define capital intelectual como a soma do conhecimento de todos em uma empresa, que acaba proporcionando vantagem 27 competitiva à organização. Stewart (1998), em seus estudos, passou a identificar várias organizações, como Skandia, Dow Chemical, Hughes Aircraft e a canadense Imperial Bank of Commerce, que realizavam o processo de gestão e desenvolvimento do seu capital intelectual. Demonstrou-se, dessa maneira, o início da preocupação das organizações em compreender o conhecimento intrínseco em seus processos para gerenciá-lo de forma que proporcione uma melhor vantagem competitiva. Edvinsson e Malone (1998) utilizam uma metáfora para conceituar o capital intelectual. Comparam a empresa a uma árvore, onde o tronco, galhos e folhas representariam como a empresa é conhecida no mercado, pois estas são as partes visíveis. Os frutos produzidos seriam os lucros e produtos da empresa. Já as raízes seriam o capital intelectual, que representa o que alimenta a árvore ou a organização; é o que não se enxerga, mas é vital para que ela produza bons frutos ou lucros. A Organisation for Economic Co-operation and Development (OCDE, 1999) define o capital intelectual como sendo um valor econômico gerado por duas categorias de ativos intangíveis de uma entidade, configurados como capital humano e capital organizacional. O capital organizacional seriam os sistemas de softwares, de redes de distribuição e as cadeias de abastecimento do conhecimento, enquanto o capital humano configura-se como os recursos humanos de uma empresa (PETTY; GUTHRIE, 2000). Bontis (2000) aborda que o capital intelectual relaciona-se à experiência aplicada no uso da tecnologia, nas relações com os clientes e nas habilidades profissionais, propiciando vantagem competitiva no mercado. Contudo, uma das definições mais abrangentes de capital intelectual encontradas na literatura é apresentada pelo Chartered Institute of Management Accountants (CIMA, 2001). Conceitua-se o capital intelectual como sendo a posse de conhecimento e experiência, conhecimento e habilidade profissional, bons relacionamentos e capacidades tecnológicas, os quais, quando aplicados na organização, resultarão em vantagem competitiva. Rodrigues et al. (2009) afirmam que o capital intelectual refere-se à capacidade de transformar conhecimento e ativos intangíveis em riqueza e criação de recursos para a organização. 28 O capital intelectual pode ser definido de inúmeras maneiras (BROOKING, 1996; EDVINSSON; MALONE, 1998; STEWART, 1998; BONTIS, 2000; RODRIGUES et al., 2009), e, apesar das definições diferenciarem-se umas das outras em alguns aspectos, elas não desqualificam as demais, uma vez que na maior parte delas as mesmas características são realçadas. Primeiramente, o capital intelectual refere-se a algo invisível, ou seja, intangível. Em segundo lugar, estaria intimamente relacionado ao conhecimento. Em terceiro lugar, ofereceria as melhores oportunidades para a organização obter sucesso no futuro. Assim, observa-se que nem todo o conhecimento intrínseco na organização é configurado como capital intelectual, e sim apenas o conhecimento que é útil para a empresa criar valor. Buscando compreender as linhas teóricas do capital intelectual, Roos et al. (1997) apresentam que duas linhas teóricas deram suporte ao conceito de capital intelectual, elas derivam de duas escolas do pensamento: a Corrente da Estratégia e a Corrente da Medição, conforme Figura 1. Figura 1 – Raízes conceituais do capital intelectual Organizações que aprendem Desenvolvimento de conhecimento Gestão da conversação Inovação Estratégia Alavancagem de conhecimento Capital Intelectual Gestão do conhecimento Competências essenciais Ativos invisíveis Contabilidade de recursos humanos Medição Balanceado (Balanced) Painéis de controle (Scorecards) Financeiro Fonte: adaptado de Roos et al. (1997, p. 15). Segundo Roos et al. (1997), a Corrente da Estratégia relaciona-se às formas como o conhecimento é criado, e como ele pode ser alavancado dentro das 29 organizações. Observa-se que nesta corrente, sob o guarda-chuva do desenvolvimento do conhecimento, podem estar relacionadas diversas variáveis, como, por exemplo, o contexto das organizações que aprendem, a gestão da conversação, inovação, gestão do conhecimento, competências essenciais e ativos intangíveis. No que se refere à alavancagem do conhecimento, tem-se a relação com a inovação, gestão do conhecimento, competências essenciais e os ativos invisíveis, ou seja, por meio destes as organizações podem potencializar o capital intelectual. Segundo Roos et al. (1997), a corrente da estratégia enfoca no estudo da criação e utilização do conhecimento, e o relacionamento entre conhecimento, sucesso e criação de valor. Aborda-se o conhecimento como vantagem competitiva, onde a disseminação e sua aplicação devem ser uma meta e um meio para desenvolver novos conhecimentos. No entanto, a Corrente da Medição está mais relacionada às formas de mensuração do capital intelectual, fazendo uso da contabilidade na área de recursos humanos, de indicadores de controle e do Balanced Scorecard (BSC). Estas duas vertentes propiciaram que inúmeros estudos se propagassem na comunidade acadêmica e organizacional. Nesta pesquisa segue-se a Corrente da Estratégia, na qual o conhecimento pode ser alavancado criando inovações, competências e propiciando às organizações diferenciais competitivos sustentáveis. O capital intelectual sob a perspectiva de Roos et al. (1997) inclui todos os processos e ativos, não somente os demonstrados em balanços, mas todos os ativos intangíveis. Sugere-se que o capital intelectual é muito mais que o conhecimento, pois incorpora marcas e patentes, relacionamentos externos, ou seja, dimensões da criação de valor. Sob este contexto, torna-se primordial que os componentes do capital intelectual estejam alinhados e bem definidos, para que, dessa forma, seja possível identificar o grau de conhecimento intrínseco na organização, e como ele pode ser alavancado criando valor. Assim, este estudo utilizar-se-á do conceito apresentado por Stewart (1998), que define capital intelectual como a soma do conhecimento de todos em uma empresa, que acaba proporcionando vantagem competitiva à organização. Corrobora-se com o autor que a soma do conhecimento de todos dentro da organização pode proporcionar vantagem competitiva e diferenciação para a organização. 30 2.1.1 Componentes do capital intelectual O capital intelectual possui diferentes componentes, porém todos com definições similares ou complementares. A organização sob o olhar de Edvinsson e Malone (1998) constitui-se de distintas estruturas, ou, então, distintas formas de capital. Os autores dividem os fatores ocultos das organizações em duas categorias: o Capital Humano, onde são considerados o conhecimento, expertise, poder de inovação e habilidade dos empregados, além dos valores e cultura da organização. Capital Estrutural, que se constitui dos equipamentos de informática, softwares, banco de dados, patentes, marcas registradas, relacionamento com os clientes, e outros componentes da capacidade organizacional que apoiam a produtividade dos empregados. Botins (1998) ainda contribui, acrescentando o Capital do Cliente, que inclui o conhecimento intangível incorporado em clientes, fornecedores, governos ou associações que possuem relações com a organização. Segundo Fasb (2001), o capital intelectual pode ser classificado em sete diferentes categorias, sendo apresentadas, como: tecnologia, clientes, mercado, trabalho, contratos, entidades e ativos estatutários. Porém, para os autores Gu e Lev (2001, p. 14), os componentes do capital intelectual seriam cinco, denominados: pesquisa e desenvolvimento, publicidade, despesas de capital, sistemas de informação e aquisições tecnológicas. Sob o contexto de pesquisas internacionais, os autores Marr e Moustaghfir (2005) apontam nove diferentes perspectivas sob as quais o capital intelectual é examinado: economia, estratégia, contabilidade, finanças, evidenciação, marketing, gestão de recursos humanos, sistemas de informação e direito. Posteriormente, Swart (2006) dividiu o capital intelectual em: Capital Social sendo este as relações existentes dentro da entidade; Capital Estrutural configurando-se como as estruturas que permitem a integração pessoal; Capital Organizacional que representa as tecnologias e processos integrados; Capital de Clientes como sendo as relações com os clientes; e Capital Relacional que representa a rede de conhecimento da organização e suas relações. Contudo, Tovstiga e Tulugurova (2009) apresentam de forma sucinta os componentes do capital intelectual, propondo que este é composto somente por: capital humano e capital estrutural. Onde o capital humano incluiria três 31 componentes: a competência (capacidades, conhecimentos e habilidades); a atitude (motivação, comportamento e humor do indivíduo) e a habilidade intelectual (capacidade para agir com rapidez e flexibilidade para se adaptar às mudanças do mercado). O segundo componente, o capital estrutural, refere-se à infraestrutura da organização e inclui as relações que ela possui, os mecanismos organizacionais que contribuem para a criação de valor (processos, estruturas e cultura), e os mecanismos de pesquisa e desenvolvimento. Hoss, Rojo e Grapeggia (2010) representam, conforme Figura 2, a estrutura proposta por Brooking (1996), onde o capital intelectual é dividido em quatro categorias: ativos de mercado, ativos humanos, ativos de propriedade intelectual e ativos de infraestrutura. Para Brooking (1996), o capital intelectual refere-se a uma combinação de ativos intangíveis, que cada vez mais tem sido valorizado pelas mudanças ocorridas no processo de gestão do conhecimento. Figura 2 – Componentes do capital intelectual Objetivos Corporativos Capital Intelectual Ativos de mercado Ativos humanos Ativos de propriedade intelectual Ativos de infraestrutura Fonte: Hoss, Rojo e Grapeggia (2010, p. 53). Mais recentemente, Ienciu e Matis (2011) defendem em sua pesquisa que o capital intelectual deve conter três elementos principais: o capital humano, capital relacional e capital estrutural. O capital humano representa todos os recursos humanos envolvidos em um processo (funcionários, clientes, fornecedores, investidores, ou seja, os stakeholders da organização). O segundo elemento, o capital relacional, reflete as relações ou conexões que a organização possui com seus clientes, fornecedores ou outros usuários de suas informações contábeisfinanceiras. Enquanto o terceiro elemento, considerado o capital estrutural, inclui a cultura organizacional, o capital de infraestrutura e os processos. 32 Segundo Rodrigues et al. (2009) os elementos do capital intelectual colocados por Brooking (1996), Sveiby (1997), Edvinsson e Malone (1998) e Bontis, Keow e Richardson (2000), entre outros estudos, em sua maioria são referentes ao: capital humano; capital estrutural e capital relacional, conforme Figura 3. Assim, cada componente do capital intelectual possui subcomponentes, conforme proposto por diferentes autores (BROOKING, 1996; KAPLAN; NORTON, 1996; SAINT-ONGE, 1996; SVEIBY, 1997; STEWART, 1998; EDVINSSON; MALONE, 1998; KNIGHT, 1999; BONTIS; KEOW; RICHARDSON, 2000). Figura 3 – Plano Teórico de Classificação do Capital Intelectual Fonte: adaptado de Lima e Antunes (2011, p. 8). O capital humano subdivide-se, segundo a proposta de Kaplan e Norton (1996), em: capacidade, satisfação e sustentabilidade dos funcionários. O capital 33 estrutural para Brooking (1996), Saint-Onge (1996) e Stewart (1998) é composto por cultura, processo organizacional, sistemas de informação e propriedade intelectual. E o último componente do capital intelectual, denominado capital relacional, de acordo com Knight (1999), abrange o consumidor, o parceiro e a comunidade. Dessa forma, este estudo fez uso da classificação do capital intelectual que aborda como seus componentes o capital humano, estrutural e relacional, conforme proposto por Ienciu e Matis (2011) e também explanado por outros autores (BROOKING, 1996; SVEIBY, 1997; EDVINSSON; MALONE, 1998; BONTIS; KEOW, RICHARDSON, 2000; RODRIGUES et al., 2009). Pois, segundo Stewart (1998), o capital intelectual não pode ser criado a partir de partes distintas de capital humano, estrutural e do cliente, mas do intercâmbio entre eles. Esta relação entre os constructos e sua importância para identificação do capital intelectual justifica o uso desta classificação. Para o desenvolvimento da pesquisa e compreensão das dimensões utilizadas para capital intelectual apresenta-se o Quadro 1. Quadro 1 – Definição dos construtos de pesquisa para capital intelectual Constructo Categorias Abordagem conceitual Autores Capital Humano considera-se como o Kaplan e Norton (1996); conhecimento intrínseco nas pessoas, Edvinsson e Malone (1998); Capital estando relacionado à capacidade, Stewart (1998); Abranches e Humano habilidade, experiência, criatividade e Damaceno (2005); Ienciu e inovação dos empregados Matis (2011); Lima e Antunes (EDVINSSON; MALONE, 1998). (2011). Saint-Onge (1996); Brooking (1996); Roos et al. (1997); Capital estrutural configura-se como Capital Edvinsson e Malone (1998); sendo as ferramentas utilizadas para Intelectual Capital Stewart (1998); Schmidt e transformar o conhecimento individual Estrutural Santos (2002); Carson et al. em ativo da organização (SCHMIDT; 2004); Swart (2006); Ienciu e SANTOS, 2002). Matis (2011); Lima e Antunes (2011). Capital relacional abrange o cliente, o Botins (1998); Edvinsson e parceiro e a comunidade. Os parceiros Malone (1998); Stewart (1998); Capital são: as alianças estratégicas, relações Knight (1999); Swart (2006); Relacional colaborativas, joint ventures, e Ienciu e Matis (2011); Lima e associações de indústria, parcerias Antunes (2011). com universidades (KNIGHT, 1999). Fonte: elaborado pela autora (2013). 2.1.1.1 Capital Humano A teoria do capital humano afirma que o conhecimento pode proporcionar aos indivíduos um aumento de suas competências e habilidades, o que pode resultar em 34 uma maior produtividade e eficiência em suas atividades dentro da organização (SCHULTZ, 1962; BECKER, 1964; MINCER, 1974). Como capital humano considera-se o conhecimento intrínseco nas pessoas, que estaria relacionado à capacidade, habilidade, experiência, criatividade e inovação dos empregados (EDVINSSON; MALONE, 1998). Nesse contexto, interpreta-se que as organizações que apresentam maior desenvolvimento do capital humano percebem e exploram as oportunidades rentáveis para as suas atividades de forma mais rápida e com maior índice de sucesso. Kaplan e Norton (1996) consideraram o capital humano como sendo um conjunto de capacidades, satisfação e sustentabilidade dos colaboradores. Sveiby (1997) enfatizou que a capacidade dos funcionários seria um recurso-chave para o crescimento organizacional. Dessa forma, o trabalho rotineiro, que exige pouca habilidade, mesmo que feito manualmente, não geraria nem empregaria capital humano para uma organização (STEWART, 1998), pois não se constrói conhecimento, tampouco se desenvolve mudanças e inovações para as empresas. Ou seja, para liberar o capital humano que existe na organização seria preciso minimizar as tarefas irracionais, o trabalho burocrático, inútil e as competições internas. Pois, na era da informação não se deveria usar o capital humano de forma tão ineficiente (STEWART, 1998). Assim, a capacidade dos funcionários inclui: competências individuais, habilidades comportamentais, qualificações explícitas e criatividade (DULEWICZ; HERBERT, 1999; MAYO, 2000). Todas estas competências podem configurar-se como parte do capital humano. A satisfação dos funcionários pode relacionar-se ao comprometimento organizacional (LANCE, 1991; CRAMER, 1996; CURRIVAN, 1999) e sua retenção (MOWDAY; PORTER; STEERS, 1982). A sustentabilidade dos funcionários referese principalmente à retenção do mesmo (LIMA; ANTUNES, 2011), já que a rotatividade voluntária pode ameaçar a estabilidade de uma empresa, visto que o conhecimento organizacional acumulado pode ser perdido com a saída de membros organizacionais experientes (BONTIS; FITZENZ, 2002). Considera-se que o principal objetivo do capital humano dentro das organizações é gerar inovações, sob a forma de novos produtos, serviços ou melhorias nos processos e negócios. Para estimular o capital humano as 35 organizações podem desenvolvê-lo de duas formas: fazendo uso de todo o conhecimento que os colaboradores possuem, ou estimulando a transposição de informações úteis para a organização entre um grande número de colaboradores. Interpreta-se que desta forma a organização estaria construindo vantagem competitiva e diferenciando-se no mercado. Abranches e Damaceno (2005) afirmam que as empresas estariam visualizando o conhecimento e o perfil de seus colaboradores como sendo a chave da vantagem competitiva sustentável. Segundo Prusak e Davenport (1998), o ativo tangível de uma empresa apenas poderá ter valor real se as pessoas souberem o que fazer com ele. Neste caso, a afirmação “souber fazer” refere-se ao conhecimento que os colaboradores detêm, ou seja, o ativo intangível que a organização possui. Quanto mais a organização e os seus colaboradores fizerem uso do conhecimento, mais este se valorizaria. Sugere-se que todos os ativos e estrutura – quer tangíveis, quer intangíveis – possam ser resultados das ações humanas (ABRANCHES; DAMACENO, 2005). Desse modo, a distinção entre capital humano e capital estrutural torna-se fundamental para o gerenciamento do conhecimento. Para compartilhar e transmitir conhecimento – alavancando-o – exige-se ativos intelectuais estruturais que transformam o know-how individual em propriedade de um grupo. Sendo assim, o capital humano e o capital estrutural podem estar relacionados ao contexto de estratégia ou propósito organizacional (STEWART, 1998). Para fins desta pesquisa, o conceito abordado para capital humano será o proposto por Edvinsson e Malone (1998), uma vez que se compreende que o capital humano da organização estaria intrínseco em seus colaboradores, seja por meio da capacidade, habilidade, experiência, criatividade ou inovação. 2.1.1.2 Capital Estrutural Conforme Edvinsson e Malone (1998), o capital estrutural pode ser descrito como o esboço, o empowerment e a infraestrutura que apoiam o capital humano. O foco do capital intelectual refere-se à retenção do conhecimento humano na organização, com o objetivo que este se torne propriedade da organização (STEWART, 1998). Assim, o capital estrutural pode ser a transformação do 36 conhecimento dos colaboradores em um ativo da organização, por meio de processo de melhoria contínua e compartilhamento da criatividade e experiência. Dessa forma, este conhecimento deve ser estruturado com o auxílio da tecnologia da informação e das telecomunicações, bancos de dados e descrições de processos, a fim de reter na empresa o conhecimento humano (SCHMIDT; SANTOS, 2002). O capital estrutural é convencionalmente usado para se referir aos processos e procedimentos formados pelo input intelectual dos funcionários da empresa (CARSON et al., 2004). Edvinsson e Malone (1998) propõem que o capital estrutural pode ser dividido em três categorias: organizacional, processos e inovação. Contudo, Lima e Antunes (2011) apresentam a integração de um novo componente ao capital estrutural denominado cultura, e, além deste, nomeiam de forma distinta os outros componentes, sendo identificados, como: processos organizacionais, sistemas de informação e propriedade intelectual. Todavia, pode-se observar a similaridade de conceitualização. Segundo Barney (1986b), a cultura organizacional pode ser uma fonte de vantagem competitiva sustentável, sendo definida como as percepções unidas de práticas empresariais. Band (1991) sugeriu que a cultura se reflete na orientação de mercado, direção estratégica, políticas e práticas de recursos humanos, redes internas e distribuições de informações de uma empresa. Os processos organizacionais referem-se à maneira como as pessoas realmente utilizam o recurso de informação e conhecimento disponíveis a elas no local de trabalho, eles podem afetar diretamente as ações corriqueiras da organização (HOBLEY; KERRIN, 2004). Edvinsson e Malone (1998) fazem uso da denominação de processos, sendo este constituído de processos, técnicas e programas direcionados aos empregados, que buscam aumentar e ampliar a eficiência da produção ou a prestação de serviços. O autor o classifica como o conhecimento prático que pode ser empregado na criação contínua de valor. Os sistemas de informação referem-se à tecnologia de informação utilizada na gestão do conhecimento que, quando administrado estrategicamente em consonância com processos organizacionais, podem tornar-se cruciais para alavancar a influência do capital intelectual no valor de uma empresa (SOH; MARKUS, 1995). 37 Sob a ótica de sistemas de informação, os autores Edvinsson e Malone (1998) o definem como organizacional, mencionando que este pode abranger o investimento da empresa em sistemas, instrumentos e filosofia operacional que pode agilizar o fluxo de conhecimento pela organização. Stewart (1998) e Brooking (1996) afirmaram que a propriedade intelectual referese ao ponto inicial para o desenvolvimento e administração do capital intelectual. Considera-se que este seja o recurso mais explícito e tangível do capital intelectual, porque é legalmente protegido, ajudando a assegurar investimentos de capital por meio da aquisição de patentes e marcas registradas (LIMA; ANTUNES, 2011). Edvinsson e Malone (1998) fazem uso da denominação de inovação, a qual se refere à capacidade de renovação e aos resultados da inovação sob a forma de direitos comerciais amparados por lei, propriedade intelectual e outros ativos e talentos intangíveis utilizados para criar e colocar no mercado novos produtos e serviços. Dessa forma, conforme definido por Roos et al. (1997), o capital estrutural pode incluir todos os sistemas computacionais, bases de dados, organogramas, descrição de processos, bem como propriedade intelectual e quaisquer outros itens cujo valor para a empresa seja superior ao seu valor material. Para a compreensão do capital estrutural da organização estudada, far-se-á uso da definição proposta por Schmidt e Santos (2002), na qual ele se configura como sendo as ferramentas utilizadas para transformar o conhecimento individual em ativo da organização. 2.1.1.3 Capital Relacional As relações com os clientes podem ser consideradas como o componente mais relevante do capital relacional; o novo ambiente dos negócios exige que as empresas mudem de uma atitude centrada em produtos para uma focada nos clientes. Segundo Edvinsson e Malone (1998), no processo de tentar atingir metas, as empresas estariam aplicando quantidades consideráveis de recursos corporativos, com uma ampla gama de novas ferramentas tecnológicas, visando manter os clientes satisfeitos pelo maior período de tempo possível. O capital relacional pode ser o mais valioso de todos os ativos intangíveis da organização, conforme Stewart (1998), pois se refere aos relacionamentos contínuos 38 com pessoas e organizações para as quais a empresa vende seus produtos e serviços. Edvinsson e Malone (1998) complementam sugerindo que o relacionamento de uma empresa com seus clientes pode ser distinto das relações mantidas com os trabalhadores e parceiros estratégicos, como também pode ser de fundamental importância para a criação de valor para empresa. O capital relacional torna-se um tipo de conhecimento acumulado entre uma empresa e seus clientes, pois para a organização custa mais vender um produto para um cliente novo do que para um cliente já existente. Uma base de clientes forte e leal pode ser fundamental para o sucesso econômico (AAKER, 1991, 1996; KELLER, 1993; FORNELL et al., 1996). Conforme Knight (1999), o capital relacional abrange o cliente, o parceiro e a comunidade. Configuram-se como parceiros as alianças estratégicas, relações colaborativas, parcerias de negócios, joint ventures e associações de indústrias que podem ajudar a criar reputação no mercado (LEV, 2001). O capital comunitário ou a comunidade refere-se às relações de confiança que são baseadas em ética corporativa e um poderoso senso de destino unificado, ou seja, segundo Nahapiet e Ghoshal (1998), o capital comunitário significa confiança, cooperação e ação coletiva nas comunidades. Para Stewart (1998), o capital humano, estrutural e relacional trabalham juntos. Não basta investir em pessoas, sistemas e clientes separadamente. Eles podem apoiar uns aos outros, podem subtrair uns aos outros, ou seja, a interação entre os três componentes do capital intelectual faz-se necessária para garantir seu maior aproveitamento e o sucesso da organização. Interpreta-se, contudo, que o capital relacional está ligado às relações da organização com seus stakeholders, e como se pode usufruir das trocas de conhecimentos entre eles, buscando assim o desenvolvimento de uma relação duradoura e de parceria. Sendo assim, neste estudo corrobora-se com Knight (1999) no que se refere ao conceito de capital relacional. 2.1.2 O valor não contábil do Capital Intelectual Observa-se que até a década de 1980, a teoria administrativa focalizava o ambiente da empresa como base para se compreender a vantagem competitiva 39 (ROOS; ROOS, 1997). Conforme a visão baseada em recursos (WERNERFELT, 1984; BARNEY, 1986a) onde os recursos internos da empresa são considerados essenciais para a vantagem competitiva. Dessa forma, o conhecimento na era da informação pode tornar-se fonte de vantagem competitiva para as organizações. Cabe à organização compreender como desenvolvê-lo, armazená-lo e registrá-lo, para que se possa fazer uso dos seus benefícios. Dentro dessa perspectiva, observa-se que o conhecimento pode ser a fonte de poder de uma empresa, pois passou de auxiliar do poder monetário para o recurso mais valioso para as organizações. Baseado nesta compreensão, as empresas estão tentando, de alguma maneira, descobrir o verdadeiro valor deste recurso (TOFFLER, 1990). Como Stewart (1998) afirma, o conhecimento pode ser mais precioso e importante do que os recursos naturais, as grandes empresas e até os recursos financeiros. Segundo o autor, quando uma empresa é comprada por um valor superior ao seu valor contábil essa diferença normalmente consiste em ativos intelectuais. As empresas que então começam a investir em seus ativos em termos de conhecimento descobrem que estão prestes a entrar em uma mina de ouro (STEWART, 1998). Contudo, as organizações de alta performance são aquelas que, simultaneamente, produzem e sustentam os seus níveis de competitividade e oferecem um ambiente diferenciado, baseado na integração entre tecnologia, processos e práticas de recursos humanos, desenvolvendo uma força de trabalho capacitada (REZENDE, 2003). Com esta integração a organização pode desenvolver o seu capital intelectual, que estaria intrínseco nas pessoas, nas estruturas e nos seus relacionamentos, alavancando um diferencial competitivo não tangível, porém mensurável e de grande valor. Assim, o capital intelectual pode configurar-se como o conhecimento existente em uma organização e que pode ser usado para criar uma vantagem competitiva, ou seja, a soma de tudo o que todos em uma empresa conhecem e que fornece à empresa vantagem competitiva (STEWART, 1998). Corroborando, Silvi (2002) contribui com a ideia e enfatiza que os ativos intelectuais, cujo principal componente é o conhecimento, podem ser essenciais para um bom desempenho competitivo. 40 Percebe-se que o principal desafio das organizações nos dias atuais está relacionado à consolidação e renovação de competências internas, onde as empresas estão buscando constantemente capacitar-se para disputar posições dentro de um mercado acirrado. Esta necessidade de disputa por posições ocorre em qualquer setor ou ramo de atividade, pois se verifica que as empresas buscam bases de sustentação necessárias para a sobrevivência em um ambiente competitivo. Contudo, a organização que compreende e percebe que o seu capital intelectual pode gerar diferencial competitivo inimitável, pode manter posições dentro do seu mercado por um período de tempo maior, desde que saiba fazer uso dele gerando valor à organização. Segundo Klein (1998), em um ambiente em que inovações são duplicadas rapidamente pelos concorrentes, é o capital intelectual, ou seja, o conhecimento, experiência, especialização e diversos ativos intangíveis, que cada vez mais determinam as posições competitivas. Corroborando, Stewart (1998) enfatiza que o que pode tornar as empresas tão valiosas é o seu capital intelectual, que passou a ser embasado em novos padrões que modificam as relações de produção e processo. Sendo assim, a riqueza das organizações pode ser consequência da gestão eficiente do capital intelectual, uma vez que este novo contexto organizacional exige das empresas novas estratégias, novas filosofias de administração e novas formas de desempenho competitivo, que venham a complementar o capital intelectual e construir um diferencial competitivo. Dessa forma, o conhecimento das organizações torna-se o ativo mais importante, embora não seja contabilizado nos sistemas de informações econômicofinanceiros tradicionais, já que o conhecimento não aparece em balanços patrimoniais embora esteja indiretamente representado por indicadores de mercado, crescimento e rentabilidade (TERRA, 2001). Sobre esta ótica, Low e Kalafut (2003) propõem que diversas ameaças e oportunidades surgem no ambiente empresarial justamente pelo fato de que os ativos intangíveis possuem um valor que não aparece em um balanço ou em uma declaração. Segundo os autores, o valor do ativo intangível pode estar na habilidade e no conhecimento das pessoas que administram uma empresa e nela trabalham. 41 Observa-se que uma administração voltada à avaliação dos intangíveis pode ser o que diferencie uma empresa da outra (LOW; KALAFUT, 2003). Assim, pode-se inferir que o capital intelectual possui um valor, muitas vezes, não contabilizado nas organizações, porém de grande relevância e fonte de diferencial competitivo. 2.1.3 Capital intelectual como propulsor da capacidade de inovar O ativo do conhecimento pode ser reconhecido como o mais duradouro e sustentável dos recursos estratégicos para adquirir e manter a vantagem competitiva (DRUCKER, 1970; BARNEY, 1991; GRANT, 1991). Consequentemente, a inovação também pode ser considerada fonte de vantagem sustentada para a maioria das empresas, sendo dependente da experiência individual e coletiva dos empregados. Alguns destes conhecimentos são capturados e codificados em softwares, hardwares e processos, além disso, enquanto a criatividade individual configura-se como importante para os negócios, a criatividade dos grupos também seria relevante (LEONARD; SENSIPER, 1998). Desse modo, os ativos de conhecimento podem ser alavancas estratégicas fundamentais para dirigir a eficácia do negócio e as inovações contínuas de uma organização (QUINN, 1992; BOISOT, 1998; MARR; SCHIUMA, 2001; MOURITSEN et al., 2002). Verifica-se a necessidade das organizações compreenderem quais capacidades seriam necessárias para ganhar e manter a vantagem competitiva (BARNEY, 1991; PRAHALAD; HAMEL, 1990), onde se observa que as capacidades organizacionais baseadas no conhecimento apresentam grande relevância. A vantagem competitiva sustentável pode ocorrer quando a empresa consegue utilizar o conhecimento e suas competências tecnológicas para traduzir-se em inovações nos serviços, produtos, processos, modelos administrativos/gestão, estratégias/iniciativas de comercialização (DRUCKER, 1993; HIGGINS, 1995; STEWART, 1998, 2002; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005). Dessa forma, alavancase o desempenho organizacional na realização dos objetivos estratégicos. Almeida (2008) enfatiza que o capital intelectual pode ser o ponto de partida para a capacidade de inovação, e que seriam os ativos intangíveis de uma organização que valorizam, fornecem credibilidade e determinam a capacidade de 42 inovação e aprendizagem organizacional. Verificando-se, assim, a necessidade de as empresas buscarem fazer uma gestão estratégica de seu acervo intelectual. As empresas que conseguem administrar estrategicamente seu capital intelectual, inovando e obtendo vantagem competitiva sustentável, podem desenvolver sua capacidade de alavancar e melhorar o desempenho organizacional (HIGGINS, 1995; DRUCKER, 1996; STEWART, 1998, 2002; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005). A capacidade de inovação nas empresas pode depender de diversos fatores, como esforços de empreender para criar novos produtos ou melhorar os processos de produção, melhorar a capacitação da mão de obra e sua habilidade para aprendizagem, bem como a melhoria geral do ambiente de trabalho (PAPACONSTANTINOU, 1997). Assim, pode-se inferir que se faz necessário que as organizações gerenciem seu capital intelectual, para que este seja potencializado em forma de inovações, podendo contribuir para a competitividade e sustentabilidade da organização. O Manual de Oslo (2012) confirma que a capacidade inovadora de uma empresa pode depender das características de sua estrutura física, sua força de trabalho e das facilidades que ela dispõe (competências, departamentos), bem como de sua estrutura financeira, mercados, concorrentes, alianças com outras empresas ou universidades e, acima de tudo, de sua organização interna, nos quais muitos destes aspectos são complementares. Alguns autores (DRUCKER, 1993; HIGGINS, 1995; STEWART, 1998, 2002; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005; ALMEIDA, 2008; STOECKICHT; SOARES, 2009) enfatizam que o capital intelectual pode ser ponto de partida para a capacidade de inovação. Infere-se que seriam os ativos intangíveis de uma organização que valorizam e fornecem credibilidade, determinando a capacidade de inovação e aprendizagem organizacional. Portanto, verifica-se a necessidade das empresas fazerem uma gestão estratégica de seu acervo intelectual. Stewart (2002) ressalta que apesar de as organizações necessitarem sempre mais do conhecimento, da expertise e da criatividade de seus colaboradores como fonte de inovação e renovação na organização, se estes bens intelectuais não são gerenciados adequadamente o seu potencial é desperdiçado. Corroborando, Finger (2004) afirma que a gestão integrada de fatores tangíveis e intangíveis, alicerçada na interação entre estrutura, processos, 43 conhecimentos internos ou externos e rede de relacionamentos, pode potencializar a identificação e captação do conhecimento, filtrando o relevante e utilizando-o de modo a gerar valor e retorno à organização. Dentro deste contexto, observa-se a importância das organizações potencializarem o capital intelectual para gerar a capacidade de inovar. Esta pesquisa insere-se no gap que busca compreender e demonstrar como as organizações podem fazer uso do capital intelectual intrínseco em seu ambiente e direcioná-lo para a geração de inovações. Pressupõe-se que a utilização do conhecimento interno ou externo à organização pode ser potencializada por meio da capacidade absortiva. 2.2 CAPACIDADE ABSORTIVA: ORIGEM DO TERMO E ABORDAGEM CONCEITUAL O termo capacidade absortiva foi primeiramente abordado e definido por Cohen e Levinthal, em 1989, quando publicaram um artigo intitulado Innovation and Learning: the two faces of R&D, no Economic Journal. No estudo os autores argumentavam que o termo capacidade absortiva significa a capacidade da empresa para identificar, assimilar e explorar a informação do ambiente. Posteriormente, em 1990, os mesmos autores publicaram um novo estudo (Absorptive Capacity: A new perspective on learning and innovation) revisando a argumentação do conceito do primeiro artigo, apresentando um foco mais direcionado ao indivíduo. Os autores argumentam que a capacidade da empresa de reconhecer o valor de uma nova informação externa, assimilá-la e aplicá-la para fins comerciais é fundamental para desenvolver a capacidade inovadora da empresa. Segundo Grantt (1996), a capacidade dentro de uma empresa pode estar relacionada à habilidade de absorção de conhecimento da entidade receptora, baseado em um processo de compartilhamento; esta absorção pode ser facilitada pela existência de uma linguagem comum entre o transmissor e o receptor. A capacidade absortiva foi definida inicialmente como “[...] a habilidade que uma organização tem de identificar conhecimento técnico e científico, disponível no ambiente externo no qual está inserida, internalizar e assimilar este conhecimento, para aplicá-lo visando aprimorar seus produtos e serviços.” (COHEN; LEVINTHAL, 1990, p. 128). 44 Esta definição proposta por Cohen e Levinthal (1990) mostra dois antecedentes organizacionais que são diretamente contributivos para a capacidade absortiva: o conhecimento prévio da empresa e a condução de suas atividades de P&D. O conhecimento prévio refere-se às distintas formas de conhecimento acumuladas ao longo da história da empresa, como a expertise dos empregados, a utilização de métodos sinérgicos de resolução de problemas e a linguagem compartilhada; ou seja, o conhecimento prévio abrange aspectos que envolvem desde a história da empresa, as características de sua força de trabalho e as práticas de gestão para inovação (COHEN; LEVINTHAL, 1990). Corroborando, Balogun e Jenkins (2003) afirmam que a capacidade absortiva será maior quando já existe um conhecimento prévio de uma área especializada em particular, facilitando a absorção de novos conhecimentos sobre esta especialidade. Infere-se, neste contexto, a compreensão de que este conhecimento prévio da organização refere-se ao capital intelectual, e que por meio deste a assimilação de novos conhecimentos externos à organização podem ser potencializados. Segundo Wang e Ahmed (2007), a capacidade absortiva é um dos componentes das capacidades dinâmicas, e refere-se à habilidade da organização reconhecer o valor de novas informações externas, assimilando-as e aplicando-as. Entretanto, esta habilidade é dependente do nível de conhecimento anterior que a empresa possui. Sendo assim, interpreta-se que a capacidade absortiva realça a relevância de obter conhecimento externo, combiná-lo com conhecimento interno e absorvê-lo para uso interno na organização, podendo potencializar formas de gerar inovações de diferentes níveis e tipos. Dentro deste contexto, argumenta-se que quanto maior o nível de educação, capacitação técnica e experiência adquirida pelos empregados ao longo do tempo, mais aptos estes estarão para assimilar e transformar novos conhecimentos em práticas ou inovações. Isto é, quanto maior o nível de capital intelectual gerado internamente maior a absorção de novos conhecimentos. No entanto, no que se refere à condução de atividades de P&D a empresa precisa investir em projetos de pesquisa e desenvolvimento, pois estes projetos contribuem para intensificar as experiências dos empregados, as quais materializam a inovação de novos processos, por meio de lançamentos ou melhorias de produtos e registros de patentes (LANE; KOKA; PATHAK, 2006). 45 Verifica-se a relevância da organização intensificar o conhecimento prévio dos colaboradores por meio de capacitações e investir em pesquisa e desenvolvimento para fomentar a capacidade absortiva. Contudo, faz-se necessário que a empresa desenvolva mecanismos de transferências do conhecimento entre suas distintas áreas internas. De acordo com Daghfous (2004) e Khoja e Maranville (2010), para que a capacidade absortiva consiga apoiar as ações de inovação dentro da organização, alguns elementos necessitam ser fomentados internamente, como: (1) nível do estoque de conhecimentos prévios; (2) diversidade de expertise dos empregados; (3) investimentos em P&D; (4) transferência de conhecimentos entre departamentos; (5) equilíbrio entre padrões de comunicação interna e externa; (6) estrutura organizacional; (7) políticas de compensação; e (8) amplitude de conhecimentos. Compreende-se que quando a organização desenvolve mecanismos internos de transferência do conhecimento a capacidade absortiva de novos conhecimentos poderá ser mais efetiva, consequentemente, poderá potencializar diferentes formas de gerar inovações. Neste contexto, também é relevante mencionar o capital intelectual que novamente se encontra como fonte preponderante para a absortividade de novos conhecimentos, pois o conhecimento interno armazenado e a expertise dos colaboradores são conectores à capacidade absortiva da organização, e precisam ser identificados e disseminados, tornando-se um ativo da organização e não do indivíduo. Contudo, argumenta-se que se faz necessário que além da organização fomentar ações internas com o objetivo de desenvolver a capacidade absortiva ela deve compreender os diferentes níveis de interações pelos quais a capacidade absortiva pode ser desenvolvida, para propiciar maior nível de aproveitamento do conhecimento e inovação. Estes diferentes níveis de interação da capacidade absortiva podem ser definidos como: (1) individual, onde o foco da análise são os funcionários da organização; (2) grupal, que se refere às equipes de trabalho, áreas e divisões funcionais, divisões de negócios e filiais; (3) organizacional, que se relaciona à organização como um todo; (4) interorganizacional, a qual se refere a diferentes níveis de interações, como alianças estratégicas, clusters, indústrias, joint ventures e sistemas nacionais de inovação (KAMIEN; ZANG, 2000; ZAHRA; GEORGE, 2002; VAN WIJK; VAN DER BOSCH; VOLBERDA, 2003). 46 Contudo, Schmidt (2005) propõe outra categorização da capacidade absortiva baseada nos níveis de interação, sendo: (1) intraorganizacional; (2) interorganizacional; (2) conhecimento científico, conforme demonstra o Quadro 2. Quadro 2 – Níveis de interação da capacidade absortiva Nível de Interação Base da Interação Capturar conhecimento dentro dos limites da empresa, e Intraorganizacional desenvolver conhecimentos próprios. Formar parcerias para atingir objetivos comuns, ou adquirir Interorganizacional conhecimentos através de valor monetário. Cooperar com universidades e Conhecimento institutos públicos, podendo obter Científico subsídios para pesquisa. Fonte: adaptado de Schmidt (2005). Exemplos Melhorar processos internos; desenvolver diferenciais competitivos únicos. Melhorar desempenho junto com parceiros; minimizar custos de pesquisa em P&D; comprar tecnologias e/ou treinamentos. Estágios em diferentes setores de pesquisa; projetos financiados em P&D. A proposta de Schmidt (2005) amplia o contexto sugerido pelos demais autores, podendo tornar-se de fácil compreensão e aplicação dentro das organizações, assimilando a capacidade absortiva com as práticas de gestão relacionadas ao desenvolvimento do conhecimento. Verifica-se que Zahra e George (2002) já afirmavam que a capacidade absortiva pode ser dinâmica e pertencente à criação e utilização do conhecimento, e pode aumentar a habilidade da empresa de obter e manter uma vantagem competitiva. Ou seja, podem existir diferentes níveis de absorção do conhecimento relacionados aos níveis de desenvolvimento do conhecimento em que a organização se encontra. Verifica-se que o conhecimento externo às organizações não beneficia igualmente todas as empresas, ou seja, os benefícios são determinados pela capacidade absortiva individual de cada empresa (WANG; HAN, 2011). Entretanto, observa-se que a falta da capacidade absortiva é um dos fatores mais importantes que dificultam a eficácia do compartilhamento de conhecimento (SZULANSKI, 1996), e constitui uma grande barreira para a aquisição de novos conhecimentos e sustentação de vantagens competitivas (LIU, 2012). Dessa forma, interpreta-se que a organização deve desenvolver os três níveis de interação propostos por Schmidt (2005) para potencializar o capital intelectual e, com isso, desenvolver a capacidade de inovar. 47 Sendo assim, este estudo fará uso do conceito proposto por Zahra e George (2002) para pesquisar capacidade absortiva onde se assume que esta se configura por um grupo de rotinas e processos organizacionais pelos quais as firmas adquirem, assimilam, transformam e aplicam conhecimento, para produzir uma capacidade organizacional dinâmica. No entanto, para compreender capacidade absortiva faz-se necessário compreender os componentes que fazem parte dela, e como estes podem se configurar dentro das organizações. 2.2.1 Componentes da capacidade absortiva Observa-se que a capacidade absortiva possui seis elementos que viriam anteriormente ao seu desenvolvimento, sendo eles: (1) conhecimento prévio relacionado às fontes de conhecimento, (2) mecanismos de integração social, (3) gatilhos, (4) regimes de apropriabilidade, (5) relações de poder e (6) gatekeepers (“porteiros”). Estes elementos foram apresentados inicialmente por Cohen e Levinthal (1990) e, posteriormente, complementados por Zahra e George (2002). Segundo Cohen e Levinthal (1990), a capacidade de absorver uma nova informação pode depender do nível de conhecimento previamente relacionado às habilidades básicas e experiências de aprendizado. Para Zahra e George (2002), o conhecimento prévio está incluso na aquisição do conhecimento, como um elemento que pode facilitar a velocidade da interpretação do conhecimento e a capacidade de fazer novas conexões. Zahra e George (2002) afirmam que entre a assimilação de um novo conhecimento e a sua transformação existe o mecanismo de integração social. Torodova e Durisin (2007), porém, afirmam que os mecanismos de integração social estão presentes em todas as etapas da absorção do conhecimento. Os mecanismos de integração social referem-se a ações que podem influenciar as interações entre indivíduos e, consequentemente, a absorção do conhecimento. Os regimes de apropriabilidade dizem respeito à operacionalização de uma vantagem competitiva transferida de outra fonte de conhecimento. Assim, pode-se apropriar de conhecimentos tanto em ambientes externos quanto em ambientes internos (TORODOVA; DURISIN, 2007). 48 Os gatilhos são aqueles eventos em que a empresa é encorajada a rever algum produto ou processo em razão de fatores externos ou internos. Os fatores internos podem se referir a crises organizacionais, fracassos ou fusões. Esses eventos podem “ativar” a empresa a utilizar e processar todo o seu background para gerar algo novo e explorável (ZAHRA; GEORGE, 2002). As relações de poder, segundo Torodova e Durisin (2007), referem-se a dois tipos: as relações de poder internas, aquelas que reconfiguram a alocação de recursos para a inovação, e as relações de poder externas, as quais fazem referência ao poder dos consumidores e stakeholders sob a empresa. Os gatekeepers, que pode ser traduzido como “porteiros” referem-se às pessoas encarregadas de decodificar as informações externas que são relevantes para a empresa (COHEN; LEVINTHAL, 1989). O Quadro 3 demonstra cada um dos elementos e seus componentes, facilitando a compreensão. Os autores Zahra e George (2002) propõem que, posteriormente ao reconhecimento da informação externa, ela precisa ser incorporada e transformada, uma vez que se faz necessário que a organização transforme o conhecimento antes de utilizá-lo, adaptando e combinando com o conhecimento já existente, criando, assim, um novo conhecimento, que seja útil à empresa, e que, posteriormente, poderá subsidiar atividades inovadoras. Quadro 3 – Fundamentos da capacidade absortiva Elementos Definição Fontes de conhecimento Conhecimento prévio adquirido e relacionado – o background. Gatilhos Eventos que podem encorajar a rever produtos e processos Reconhecimento de valor Habilidade de reconhecer o gatilho e relacioná-lo às fontes de conhecimento. Responsáveis pela análise das informações Gatekeepers e que geralmente reconhecem o valor de uma nova informação. Relações capazes de realocar os Relações de investimentos para a inovação de produto ou poder processo. Mecanismos de Mecanismos influenciadores das trocas de integração social informação. Capacidade da utilização de "tecnologia Regimes de reversa"; ou, a capacidade de manter a apropriabilidade informação para si. Fonte: adaptado de Cohen e Levinthal (1989) Componentes Conhecimento acadêmico; Experiências; Interações com ambiente e pessoas. "Ativadores" para a nova informação. As próprias habilidades. As próprias habilidades. As próprias pessoas. Onde está o poder de decisão; Existência de veto; Liberdade para experimentar Eventos formais e informais com troca de experiências. Conhecimentos de terceiros utilizados; Conhecimento próprio sigiloso. 49 Dessa forma, os autores propõem que a capacidade absortiva se divida em capacidade absortiva potencial e capacidade absortiva realizada. Na capacidade absortiva potencial tem-se uma bagagem de conhecimento que foi adquirida e assimilada, mas que se encontra em um nível "adormecido", até que exista um real uso para esse conhecimento. A capacidade absortiva realizada preocupa-se com a transformação e aplicação do que foi previamente adquirido, proporcionando uma vantagem competitiva a ser desenvolvida em curto ou médio prazo (ZAHRA; GEORGE, 2002). A capacidade absortiva é composta por quatro principais dimensões, as quais são incorporadas às duas divisões da capacidade absortiva, sendo a aquisição e assimilação do novo conhecimento integrante da capacidade absortiva potencial. A transformação e aplicação (exploitation) que compõe a capacidade absortiva realizada. O Quadro 4 apresenta as dimensões e os componentes da capacidade absortiva propostas inicialmente por Cohen e Levinthal (1990) e, posteriormente, por Zahra e George (2002) e demais autores. Quadro 4 – Dimensões da capacidade absortiva Dimensão Componentes Definição É a habilidade da empresa de localizar, identificar, valorizar e adquirir conhecimento externo. Aquisição Capacidade Absortiva Potencial Assimilação Transformação Capacidade Absortiva Realizada Aplicação São os processos e rotinas que permitem que a nova informação ou conhecimento adquirido seja analisado, processado, interpretado, entendido, internalizado e classificado. Refere-se ao refinamento do conhecimento externamente adquirido para adequá-lo às rotinas internas, de modo a facilitar a transferência e a combinação de conhecimento prévio com o novo conhecimento adquirido ou assimilado. Rotinas e processos que criam novas operações, conhecimentos, competências, bens e produtos. Fonte: adaptado de Morgado e Fleury (2012). Autores Cohen e Levinthal (1990); Zahra e George (2002); Lane, Koka e Pathak (2006); VegaJurado, Gutiérrez-Gracia e Fernándes-de-Lucio (2008); Murovec e Prodan (2009); Camisón e Fóres (2010) Cohen e Levinthal (1990); Zahra e George (2002); Lane, Koka e Pathak (2006); Torodova e Durisin (2007); Camisón e Fóres (2010) Cohen e Levinthal (1990); Stock et al. (2001); Szulanski (2000); Zahra e George (2002); Lane, Koka e Pathak (2006); Camisón e Fóres (2010) Cohen e Levinthal (1990); Szulanski (1996, 2000); Kim (1997); Lane e Lubatkin (1998); Camisón e Fóres (2010) 50 Essa distinção da capacidade absortiva em duas dimensões diferentes demonstra-se útil em virtude do argumento de que organizações podem compreender bem problemas técnicos complexos (aquisição e assimilação), mas podem não ser capazes de utilizar esse conhecimento para inovar (transformação e aplicação) (ZAHRA; GEORGE, 2002). Com base nesta proposta, Zahra e George (2002, p. 186) colocam que o conceito de capacidade absortiva foi ampliado, sendo definido como “[...] um grupo de rotinas e processos organizacionais pelos quais as firmas adquirem, assimilam, transformam e aplicam conhecimento, para produzir uma capacidade organizacional dinâmica.” Contudo, Lane, Koka e Pathak (2006) definem a capacidade absortiva como a habilidade da firma de utilizar conhecimento desenvolvido externamente por meio de três processos sequenciais: (1) reconhecer e entender o novo conhecimento externo que seria potencialmente valioso por meio de aprendizado investigativo; (2) assimilar o novo conhecimento valioso por meio de aprendizado transformativo, e (3) usar o conhecimento assimilado para criar um novo conhecimento e resultados comerciais por meio de aprendizado exploratório. Posteriormente, Vega-Jurado, Gracia-Gutiérrez e Fernándes-de-Lucio (2008) e Murovec e Prodan (2009) apresentam a distinção entre capacidade absortiva industrial e científica. A capacidade absortiva industrial está relacionada com a aquisição de conhecimento proveniente de parceiros industriais, como clientes, concorrentes e fornecedores. A capacidade absortiva científica está relacionada ao conhecimento proveniente de universidades, institutos de tecnologia e centros de pesquisa privados e públicos. Observa-se que o desenvolvimento da capacidade absortiva pode ocorrer de formas variadas, pois está relacionada com habilidades específicas necessárias para a aquisição do tipo de conhecimento que a empresa precisa absorver, para suprir suas demandas internas. Nesse sentido, a capacidade absortiva pode ser “empurrada pela ciência” ou “puxada pela demanda” (MUROVEC; PRODAN, 2009). Dessa forma, segundo as propostas desenvolvidas por Zahra e George (2002), Lane, Koka e Pathak (2006), Vega-Jurado, Gracia-Gutiérrez e Fernándesde-Lucio (2008), e Murovec e Prodan (2009), observa-se uma concordância em relação ao contexto de que a organização deve buscar mecanismos para desenvolver sua capacidade absortiva internamente, buscando assimilar e aplicar os 51 conhecimentos oriundos de fontes externas, adaptando-os às suas necessidades internas, buscando resultados de inovação em produtos e processos. Para compreensão do contexto de capacidade absortiva e sua aplicação utilizar-se-á neste estudo a abordagem proposta por Zahra e George (2002), que propõe que a mesma seja composta por duas dimensões: da capacidade absortiva potencial (aquisição e assimilação) e capacidade absortiva realizada (transformação e aplicação). 2.2.2 A capacidade absortiva como potencializador da inovação nas organizações A capacidade da empresa de assimilar e explorar o conhecimento podem estar necessariamente relacionados à utilização deste conhecimento na busca de formas de inovação. Segundo Cohen e Levinthal (1989, 1990), a capacidade absortiva é um componente crítico para o processo da inovação em sentido global, ao mesmo tempo que pode ser um subproduto das próprias atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D). A capacidade de inovação é definida por Kim (1997) como a faculdade de criar conhecimento novo e útil com base em conhecimento anterior. Hurley e Hult (1998, p. 44) a definem como “[...] a capacidade da organização para adotar ou implementar novas ideias, processos ou serviços com sucesso.” Eles também argumentam que empresas que têm maior capacidade para inovar são capazes de desenvolver capacidade competitiva e atingem níveis superiores de desempenho perante seus concorrentes. Sendo assim, observa-se que uma fonte de inovação pode estar intrínseca nos processos de pesquisa e desenvolvimento. Conforme Malek e Breggar (2001), o sucesso do P&D depende de decisões corretas, tomadas de forma rápida, bem como da colaboração entre os empregados da empresa. As organizações devem aprender a captar, processar, partilhar e reutilizar o conhecimento de forma mais eficiente, tanto interna quanto externamente; dessa forma, a empresa estará desenvolvendo a sua capacidade de inovar. Desse modo, a condução de projetos de pesquisa e desenvolvimento pode contribuir para intensificar as experiências dos empregados relacionadas ao desenvolvimento de novas tecnologias. Esta ação pode materializar a inovação de 52 novos processos pelo lançamento de novos produtos ou registros de patentes (LANE; KOKA; PATHAK, 2006). Compreende-se que o conhecimento organizacional necessita ser compartilhado e potencializado em um processo dinâmico para que, entre outros resultados, possa conduzir à geração de inovações organizacionais (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2008; MOUSTAGAFIR, 2008; FLATTEN et al., 2011). Segundo Murovec e Prodan (2009), a cooperação em inovação está relacionada à capacidade absortiva potencial, pois se refere às atividades direcionadas a inovações desenvolvidas com diferentes tipos de parceiros, como fornecedores, clientes, concorrentes, consultores e universidades. Estes podem propiciar o aumento da capacidade da empresa de transferir informações relevantes e conhecimento tácito. O desenvolvimento de redes diversificadas de relacionamentos e parcerias pode potencializar o acesso às informações e facilitar que estas sejam acessadas quando necessário. Assim, por intermédio da capacidade absortiva uma empresa pode lidar mais rapidamente com novos projetos, alocando facilmente o pessoal em equipes, e reduzindo lacunas de conhecimento entre equipes e organizações (LIU, 2012), e, assim, potencializar os conhecimentos existentes para desenvolver inovações. Observa-se que grande parte dos estudos traz a relação entre o conhecimento interno que a empresa possui e sua capacidade de assimilar e aplicar o conhecimento externo, conforme seus objetivos e necessidades, desenvolvendo a capacidade de inovar da organização, por meio da utilização do novo conhecimento adquirido, assimilado, transformado e aplicado. Entretanto, interpreta-se que esta relação fica dependente das formas de acesso à informação interna ou externa que a empresa possui em suas rotinas e relações, conforme proposto por Schmidt (2005). Segundo Dias e Pedrozo (2012), um dos fatores que contribui para a inovação pode estar relacionado ao acesso à informação. Dessa maneira, a análise das fontes de informação, que podem ser tanto internas quanto externas; os arranjos cooperativos e competitivos para a busca de informação e a capacidade absortiva podem ser fatores influenciadores da capacidade de inovar. Visto que mesmo tendo a informação disponível, essa informação pode não ser utilizada caso exista a carência de conhecimentos prévios, que possibilitem valorizar e utilizar essas informações. 53 Para os autores, por meio dos resultados observados em suas pesquisas, é possível inferir que o acesso à informação, seja pela disponibilidade, seja pela capacidade de absorver, pode possuir grande relevância no processo de inovar e, com isso, configura-se como sendo uma dificuldade reconhecida pelas empresas (DIAS; PEDROZO, 2012). Neste contexto, verifica-se que o desenvolvimento do capital intelectual ou do conhecimento intrínseco nos colaboradores propicia maior capacidade de assimilação de informações adquiridas externamente. Isso ocorre em razão de que com a interseção do conhecimento interno e externo, a empresa pode buscar desenvolvimentos e inovações em seus produtos e processos, fato que pode ser potencializado pelas redes de informações, às quais a organização está inserida, e pela sua capacidade absortiva potencial e realizada. 2.3 INOVAÇÃO: ORIGEM DO TERMO, ABORDAGEM CONCEITUAL E TIPOLOGIAS O termo inovação tem sido pesquisado amplamente nos últimos anos, tanto pelos estudiosos quanto pelas organizações que visualizam na inovação uma possibilidade de diferencial competitivo. Entretanto, o termo inovação tem como precursor Gabriel Tarde, sociólogo francês, o qual apresentou as primeiras linhas de discussão teórica para tratar de inovação em 1903 (ROGERS, 2003). Tarde acreditava que os indivíduos agiam de forma distinta, onde alguns eram inventores e outros se limitavam à repetição, isso de acordo com as leis da imitação que ele próprio desenvolveu (TAYMANS, 1950). A discussão sobre inovação aponta para Tarde como o precursor deste conceito, embora suas ideias não tenham sido testadas empiricamente na época (KINNUNEN, 1996; ROGERS, 2003). Outros estudos datam que o termo inovação tenha sido referenciado em estudos e obras anteriores às de Gabriel Tarde, sendo mencionado e levantado superficialmente por alguns estudiosos há mais de dois séculos, como, por exemplo, Walker (1888), Andrews (1890) e Hill (1894). Todavia, podemos referenciar o economista Joseph Alois Schumpeter (1934) como um dos autores mais influentes sobre o tema inovação. 54 Quanto ao conceito de inovação, existem inúmeras definições que podem ser encontradas na literatura especializada (ROGERS, 1962; UTTERBACK, 1971; BEIJE, 1998; FREEMAN; SOETE, 2008; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008), porém a maioria destes autores apresenta conceitos de inovação destacando elementos muito próximos aos apresentados por Schumpeter (1934, 1997), embora o autor não tenha apresentado ou criado um conceito para inovação, e sim proposto tipos de inovação. Contudo, Rogers (1962) define inovação como aquilo (produto, processo, método) que pode ser percebido como novo pelo mercado consumidor, não importando que já tenha existido há algum tempo do ponto de vista técnico. Porém, Beije (1998) considera que inovações seriam coisas novas aplicadas no negócio de produzir, distribuir e consumir produtos ou serviços. Utterback (1971), Freeman e Soete (2008) consideram que inovação se refere ao contexto de gerar coisas novas, principalmente produtos ou serviços, processos de produção, marketing e métodos organizacionais. A inovação, abordada de forma mais ampla, pode ser entendida como um processo de busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, processos de produção e arranjos organizacionais (DOSI, 1984; DOSI; NELSON; WINTER, 1996). Segundo Leonard e Sensiper (1998), o processo de inovação configura-se como um ritmo de pesquisa e seleção de exploração, um processo pelo qual um grupo ou indivíduo primeiro cria opções e, em seguida, escolhe uma das opções na qual irão concentrar seus esforços. Os autores fazem uso da metáfora de um “funil”, demonstrando as diversas etapas pelas quais o processo de inovação passa. Leonard e Sensiper (1998) defendem que o processo de inovação quando ocorre em grupos passa por duas etapas, onde o grupo pode divergir da ideia central ou convergir. A partir disto ocorre o desenvolvimento da ideia, os testes, adotar ou recusar, vender e aplicar, e, por último, os serviços de pós-venda e melhoria contínua. Tidd, Besant e Pavitt (2005) conceituam inovação como o processo de transformar oportunidades em novas ideias, colocando-as amplamente em prática. Interpreta-se, neste contexto, que o processo de inovar passa pela capacidade absortiva, onde você poderá desenvolver as oportunidades presentes, colocando em prática dentro da organização novos conhecimentos e podendo gerar inovações. 55 Wang e Ahmed (2007) propõem que a capacidade de inovação advém das capacidades dinâmicas, e que ela significa a habilidade da empresa em desenvolver novos produtos e mercados, por meio da orientação do alinhamento estratégico para comportamentos e processos de inovação. De acordo com o Manual de Oslo (ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2012, p. 55) inovação “[...] refere-se à implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização local de trabalho ou nas relações externas.” Dessa forma, observa-se que existe uma concordância entre diversos autores sobre o conceito de inovação, e que as principais diferenças observadas na literatura se configuram na classificação dos tipos e graus de inovação e como a inovação pode ser desenvolvida dentro das organizações, objetivando melhorias em diferentes aspectos. Contudo, Hurley e Hult (1998) dividem o construto inovação em duas partes: (1) Inovatividade, que diz respeito à medida da orientação organizacional em direção à inovação; e (2) Capacidade de Inovar, que se refere à habilidade da empresa em adotar ou implementar novas ideias, processos ou produtos, com sucesso. Os autores concluem em seu estudo, que “empresas que têm uma grande capacidade de inovar poder ser capazes de desenvolver vantagem competitiva e realizar altos níveis de performance.” (HURLEY; HULT, 1998, p. 44). Corroborando, Porter e Stern (1999) afirmam que as empresas podem alcançar vantagem competitiva por meio da inovação, aplicando novas tecnologias e novas formas de fazer as coisas. Segundo Balan e Lindsay (2007), a capacidade de inovação descreve os atributos que uma empresa necessita para apoiar a atividade de inovação. Esses atributos darão à organização a capacidade de adotar com rapidez novos processos e métodos, desenvolver e introduzir novos e melhores produtos, para buscar competir mais eficazmente em ambientes mutáveis. Assim, infere-se que empresas que conseguem desenvolver a capacidade de inovar de seus colaboradores, por meio de ações ou programas de estímulo ao desenvolvimento do capital intelectual, tendem a obter um diferencial dentro do mercado em que atuam, criando, desse modo, vantagem competitiva. 56 Dessa forma, o contexto de capacidade de inovação se aplica à tecnologia de processo, de serviço/produto, bem como a maneira pela qual a produção/serviço é organizada e gerida. A inovação pode contribuir para vantagem competitiva, uma vez que tem a capacidade de acompanhar, responder e iniciar mudanças em um ambiente competitivo caracterizado por mudanças rápidas (UTTERBARC, 1994; DOUGHERTY; HARD, 1996). Verifica-se em diversos estudos que os segmentos ou organizações que se posicionarem frente à capacidade de inovar, poderão tornar-se mais dinâmicos e competitivos (DOSI, 1984; TEECE; PISANO; SHUEN, 1997; TIDD; BESSANT; PAVITT, 1997; LYNN; AKGÜN, 1998; LASTRES; ALBAGLI, 1999; TIGRE, 2006; FREEMAN; SOETE, 2008). Segundo Schumpeter (1997), a inovação torna-se condição necessária na sustentabilidade da vantagem competitiva. Neste estudo, corrobora-se com Tidd, Bessant e Pavitt (2005) quanto ao conceito de inovação, compreendendo que por meio da utilização de oportunidades internas ou externas pode propiciar-se a geração de ideias e, com isto, a possibilidade de transformar-se em inovações. Dessa maneira, ao verificar a relevância da compreensão dos tipos de inovação tanto por parte dos pesquisadores quanto das organizações, o próximo subcapítulo objetiva esclarecer as diferentes tipologias de inovação, segundo a literatura estudada. 2.3.1 Tipologias do contexto de Inovação Schumpeter (1997) propôs, na primeira metade do século XX, algumas formas de inovação: introdução de um novo bem; introdução de um novo método de produção; abertura de um novo mercado; conquista de uma nova fonte de matériaprima ou de bem semimanufaturado; e estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria. O autor apresenta o contexto que novas combinações podem ser inovadoras, desde que seja realmente algo inédito no mercado ou no segmento da firma. Os autores Tidd, Bessant e Pavitt (2008) apresentam que a inovação, seguindo os preceitos de Schumpeter (1934, 1997), pode assumir quatro formas: inovação de produto (envolve mudança nas características ou na estrutura dos produtos ou serviços que a empresa oferece), inovação de processo (considera a 57 mudança na forma em que os produtos/serviços são criados e entregues), inovação de posição (trata das mudanças no contexto em que produto/serviços são introduzidos) e inovação de paradigma (refere-se às mudanças nos modelos mentais subjacentes que orientam o que a empresa faz). Interpreta-se que a inovação de posição proposta por Tidd, Bessant e Pavitt (2008) assemelha-se ao contexto de inovação de marketing proposto pela OCDE (1997), e, da mesma forma, a inovação de paradigma assemelha-se à inovação organizacional. Com objetivo de esclarecer as tipologias da inovação elaborou-se o Quadro 5. Quadro 5 – Tipologias da inovação Tipologia Conceitos Inovação não Todas as inovações que não sejam relacionadas tecnológica com novas tecnologias ou alterações destas. Inovação tecnológica de produto é a implantação/ comercialização de um produto com Inovação características de desempenho aprimoradas, de tecnológica: modo a fornecer ao consumidor serviços novos ou Produtos ou aprimorados. Inovação tecnológica de processo é Processos a implantação/adoção de métodos de produção ou comercialização novos ou significativamente aprimorados. Podem ser reconhecidas por modificar o sistema Inovação social das organizações e promover novas Administrativa políticas relacionadas com o recrutamento de pessoal, alocação de recursos, estrutura. São definidas como mudanças ou melhorias no Inovação Técnica desempenho do sistema técnico e são conectadas com a atividade principal das organizações. Inovação Revolucionária Criação de novos produtos, processos ou serviços com características não relacionadas com qualquer padrão existente, são mais complexos e com alto nível de incerteza atribuído às suas especificações. Inovação Aberta Utilização de ideias e caminhos advindos do ambiente externo e interno nas decisões de desenvolvimento de inovação com a finalidade de que as empresas avancem tecnologicamente. Autores OCDE (1997); Manual de Oslo (2012); Tidd, Bessant e Pavitt (2005). Damanpour, Evan (1984); Damanpour, Gopalakrish e Nan (2001). Tidd, Bessant e Pavitt (1997); Lynn e Akgun (1998); Tigre (2006); Freeman e Soete (2008); Serra et al. (2008); Tidd, Bessant e Pavitt (2008). O processo de inovação é considerado fechado Chesbrough (2006; 2011); pelo fato dos projetos (produtos e serviços) Dahlander e Gann (2010). entrarem de uma única forma (por meio da base Inovação Fechada científica ou tecnológica), no início do processo, e saírem apenas na forma de um resultado, indo em direção ao mercado. Limita-se em apenas investir e utilizar os recursos e capacidades internos. Fonte: adaptado de Sanches (2011). 58 Contudo, para Lazzarotti (2012), em relação aos tipos de inovação, pode-se classificá-los observando três critérios: natureza da definição, grau de novidade e orientação. Segundo o autor, a classificação da inovação de acordo com a natureza de sua definição é a forma mais recorrente na literatura especializada, e também a mais comum para o entendimento da inovação. Segundo o Manual de Oslo (2012), existem quatro tipos de inovações de acordo com a natureza de sua definição: inovações de produto, inovações de processo, inovações organizacionais e inovações de marketing, similar à proposta de Schumpeter (1934, 1997) e Tidd, Bessant e Pavitt (2008). Conforme Tidd, Bessant e Pavitt (2008), a inovação pode ser dividida em dimensões, consoante o grau de novidade envolvido; ou seja, se a inovação acontece somente por meio de melhoria de componentes ou do desempenho de processos, sendo uma inovação interna, ou somente de uso da organização, definese por inovação incremental. No entanto, se ocorre uma mudança significativa ou avançada, como, por exemplo, a criação de um novo componente e que seja novo também para o mercado, configura-se como uma inovação radical (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). De acordo com Freeman (1974), as inovações radicais representam um grande risco e incerteza, já que implicam uma mudança da base tecnológica e, portanto, uma alteração total em termos de qualificação, processos e sistemas. Esta terminologia também foi utilizada por Leifer, O'Connor e Rice (2002) e Cantú e Zapata (2006) e, posteriormente, por órgãos públicos de fomento à inovação, como o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) do Brasil. Segundo Beije (1998), a inovação pode ocorrer de acordo com a orientação da organização, ou seja, quanto ao seu foco de utilização da inovação. Dessa forma, se a inovação ocorrer no produto ou no processo, ela tende a ser aplicada na área tecnológica. Quando a inovação ocorre no ambiente de trabalho, que se traduz em melhorias nas condições de trabalho dos colaboradores, o autor distingue esse tipo de inovação como social, pois ela está orientada à gestão de pessoas. Dessa maneira, para este estudo pesquisou-se inovação conforme proposto por Tidd, Bessant e Pavitt (2008) e o Manual de Oslo (2012): inovação de produto, processo, posição (marketing) ou paradigma (organizacional), conforme Quadro 6. 59 Quadro 6 – Tipologias da inovação utilizadas na pesquisa Tipologia Conceitos Engloba a implementação de novos Inovação de Posição / métodos na área de marketing ou Marketing comercialização. Uso de novos métodos organizacionais Inovação de Paradigma / nas práticas de negócios, na organização Organizacional do local de trabalho ou nas relações externas da empresa. É a introdução de um bem ou serviço novo Inovação de Produto ou o melhoramento de suas características ou usos previstos. Envolve métodos de produção ou abastecimento novos ou significativamente Inovação de Processo melhorados que visam reduzir custos unitários ou aumentar a qualidade do produto. É denominada como pequenas melhorias sucessivas e cotidianas de processos, Inovação Incremental produtos ou serviços com objetivo de aumentar o desempenho nesses aspectos. Sugere melhorias significativas, geralmente resultado de P&D, que Inovação Radical originam novas características em um produto, processo ou serviço. Fonte: elaborado pela autora (2013). Autores Schumpeter (1934; 1997); Tidd, Bessant e Pavitt (2008); Manual de Oslo (2012). Freeman e Soete (1974); Leifer, O'Connor e Rice (2002); Cantú e Zapata (2006); Tidd, Bessant e Pavitt (2008). Para fins deste trabalho, torna-se necessário compreender as tipologias de inovação que serão utilizadas durante a pesquisa, sendo as inovações tecnológicas, que comportam: produto, processo, posição (marketing) ou paradigma (organizacional). Além do contexto de inovações estratégicas, assim como, também, é relevante definir o que caracteriza uma empresa inovadora, conforme exposto nos próximos subcapítulos. 2.3.1.1 Inovação Tecnológica As inovações tecnológicas são definidas como novidades que ocorrem no sistema técnico, como novos produtos e serviços ou a introdução de tecnologias de processamento e produção (TEECE, 1980; FENEL, 1984). Conforme Coutinho (2004), inovação tecnológica é um processo interativo iniciado pela percepção de uma oportunidade em um novo mercado ou serviço, que conduz à implementação de atividades de desenvolvimento, produção e marketing que podem garantir o sucesso comercial de uma dada invenção. Segundo o autor, a inovação inclui o desenvolvimento de um produto/serviço, a produção, as atividades 60 de marketing, a comercialização e a distribuição destes, assim como suas adaptações e melhorias na produção e durante o processo de difusão. Dessa forma, faz-se necessário compreender o contexto de inovação de produto, processo, paradigma (organizacional) e posição (marketing), uma vez que estão relacionadas ao contexto de inovação tecnológica, conforme denominado pelos autores supracitados. 2.3.1.2 Inovação de Produto Higgins (1995) descreve a inovação de produto enquanto novos produtos ou serviços de caráter tangível, ou melhorias de produtos. Pinho (2005) propõe que a inovação de produto está diretamente relacionada à capacidade que as empresas têm de realizar engenharia reversa com vistas à imitação ou à adaptação ou, ainda, ao aproveitamento de tecnologias já aceitas pelos mercados. Infere-se, sob a afirmação de Pinho (2005), que a capacidade absortiva da empresa se torna fundamental para o desenvolvimento desta engenharia reversa, ou seja, da imitação e adaptação de um conhecimento já reconhecido no mercado. Segundo Pintec (2008, p. 18), o “[...] produto novo é aquele cujas características fundamentais (especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, funções ou usos pretendidos) diferem significativamente de todos os produtos previamente produzidos pela empresa.” Para Tidd, Bessant e Pavitt (2008) a inovação de produto está relacionada às mudanças nos produtos ou serviços que a empresa oferece ao mercado. Corroborando, o Manual de Oslo (2012, p. 57) conceitua inovação de produto como “[...] a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos.” No presente estudo, utilizar-se-á a definição proposta por Tidd, Bessant e Pavitt (2008) e pelo Manual de Oslo (2012) para inovação de produto. 2.3.1.3 Inovação de Processos Simantob e Lippi (2003) afirmam que a inovação de processos trata de novas formas de relacionamento para a prestação de serviços. 61 Contudo, o Manual de Oslo amplia esta conceituação, afirmando que a inovação de processo é a implantação/adoção de métodos de produção ou comercialização novos ou significativamente aprimorados. “Ela pode envolver mudanças de equipamento, recursos humanos, métodos de trabalho ou uma combinação destes.” (MANUAL DE OSLO, 2004, p. 21). Corroborando, a inovação de processo pode ser observada nas melhorias dos métodos de produção ou desenvolvimento dos produtos/serviços (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008; SANTOS, 2011). Sendo assim, o Manual de Oslo (2012) define a inovação de processo como a implementação de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado, que inclua mudanças significativas técnicas em equipamentos e/ou softwares. Na maioria das vezes, este processo de inovação visa reduzir custos de produção ou de distribuição, melhorar a qualidade ou, ainda, produzir ou distribuir produtos novos ou significativamente melhorados. No presente estudo, utilizar-se-á a definição proposta por Tidd, Bessant e Pavitt (2008) e pelo Manual de Oslo (2012) para inovação de processo. 2.3.1.4 Inovação de Paradigma ou Organizacional A inovação de paradigma ou organizacional é notada nos modelos de negócio, na estrutura organizacional, bem como nas várias formas de gestão, essas mudanças impactam diretamente nas relações externas das empresas. Tidd, Bessant e Pavitt (2008) propõe que a inovação organizacional origina das mudanças paradigmáticas que mudam os modelos mentais subjacentes, isto é, a cultura que orienta o que as empresas fazem. Segundo o Pintec (2008, p. 24), a inovação organizacional refere-se “[...] a implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas.” Para se configurar como uma inovação organizacional deve-se implementar novas técnicas de gestão para melhorar rotinas e práticas de trabalho, novas técnicas em gestão ambiental, novos métodos de organização do trabalho, mudanças nas relações entre empresa e instituições não lucrativas (PINTEC, 2008). A inovação organizacional, segundo o Manual de Oslo (2012), visa melhorar o desempenho de uma empresa por meio da redução de custos administrativos ou de 62 custos de transação, estimulando a satisfação no local de trabalho (e, assim, a produtividade do trabalho), ganhando acesso a ativos não transacionáveis (como o conhecimento externo não codificado) ou reduzindo os custos de suprimentos. As inovações organizacionais relacionam-se às práticas de negócios e compreendem a implementação de novos métodos de organização de rotinas e procedimentos para a condução do trabalho que não tenham sido usadas anteriormente na empresa e que sejam resultado de decisões estratégicas tomadas pelas gerências (MANUAL DE OSLO, 2012). No presente estudo, utilizar-se-á a definição proposta por Pintec (2008) e pelo Manual de Oslo (2012) para inovação organizacional. 2.3.1.5 Inovação de Posição ou Marketing Segundo Higgins (1995), a inovação de marketing refere-se a uma melhoria significativa em qualquer elemento do mix de marketing – produto, promoção, preço, distribuição ou mercado (público-alvo), por meio do qual um novo valor agregado é criado na cadeia de valor daquela organização em específico. Contudo, Tidd, Bessant e Pavitt (2008) trazem a noção de reposicionamento dos produtos no contexto do mercado onde estão inseridas as empresas que os ofertam. Os autores defendem que a inovação de marketing diz respeito ao design dos produtos, à inteligência competitiva, à fidelização dos clientes, à publicidade e propaganda e à precificação dos produtos, estas duas últimas mais fortemente voltadas à melhor colocação dos produtos nos mercados-alvo, ou seja, uma compreensão muito mais ampla da apresentada por Higgins (1995). Seguindo a mesma linha conceitual, o Manual de Oslo (2012) apresenta que a inovação de marketing é considerada como a implementação de um novo método de marketing que apresente mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem (desde que não afetem suas características funcionais ou de uso), no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços. Visando melhor responder às necessidades dos clientes, abrir novos mercados ou a reposicionar o produto no mercado para incrementar as vendas. Assim, faz-se necessário que a organização implemente mudanças significativas nos conceitos e estratégias de marketing, bem como aplique mudanças 63 na apresentação de seus produtos para que se configure o processo de inovação em marketing (PINTEC, 2008). No presente estudo, utilizar-se-á a definição proposta pelo Manual de Oslo (2012) para inovação de marketing. 2.3.2 Definição de Empresa Inovadora Segundo Tidd, Bessant e Pavitt (1997), a empresa inovadora implica mais que uma estrutura, é uma série de componentes integrados que trabalham juntos para criar e reforçar o tipo de ambiente apropriado para a geração de inovação. Desse modo, a empresa inovadora é formada por dez componentes que podem ser interligados internamente para atingir um bom desempenho: visão compartilhada e liderança; estrutura apropriada; indivíduos-chave; grupos de trabalho efetivo; desenvolvimento individual contínuo; comunicação extensiva; alto envolvimento em inovação; foco no cliente; ambiente criativo; aprendizagem organizacional. Simantob e Lippi (2003) descrevem a organização inovadora como uma organização de pequeno, médio ou grande porte que consegue constantemente se reinventar, lançar um grande número de produtos e serviços a cada ano, e busca continuamente formas de encontrar o novo. Esse tipo de organização incentiva à geração constante de ideias e estimula seus colaboradores a pensar de forma diferente. Segundo o Manual de Oslo (2012), uma empresa inovadora é caracterizada como empresa que, durante determinado período analisado, desenvolveu estratégias inovadoras e implantou produtos e processos, modelos de gestão, de marketing e de negócios, ou, ainda, uma combinação destes. As empresas inovadoras podem ser divididas entre as que desenvolvem inovações próprias ou em cooperação com outras empresas, ou organizações públicas de pesquisa, e aquelas que inovaram por meio da adoção de inovações desenvolvidas por outras empresas (MANUAL DE OSLO, 2012). As empresas inovadoras podem também ser classificadas segundo os tipos de inovações implementadas, pois elas podem ter implementado um novo produto ou processo, ou um novo método de marketing, ou, ainda, uma mudança organizacional, conforme apresentado nos tópicos anteriores. 64 As atividades de inovação de uma empresa dependem parcialmente da variedade e da estrutura de suas relações com as fontes de informação, conhecimento, tecnologias, práticas e recursos humanos e financeiros (MANUAL DE OSLO, 2012). Com isso, a empresa inovadora cria interações com outros agentes de inovação, como, por exemplo: laboratórios, universidades, fornecedores e clientes por meio dos quais a empresa buscará informações, e poderá desenvolver sua capacidade absortiva fazendo uso dos novos conhecimentos para desenvolvimento de inovações. Entretanto, os impactos das inovações no desempenho de uma empresa variam desde efeitos sobre as vendas ou fatia de mercado detida, até o impacto em mudanças na produtividade e na eficiência da organização. Dessa maneira, a inovação configura-se como um importante influenciador de mudanças na forma de competitividade conhecimentos nacional gerados e pelas internacional, inovações, produtividade, e aumento crescimento da quantidade dos de conhecimentos que circulam por meio das redes de comunicação existentes interna e externamente à organização. As interações no processo de inovação sempre são dependentes da natureza da empresa e de seu mercado (DIERKES, 2003). Segundo o Manual de Oslo (2012), as atividades de inovação em uma empresa que opera em um setor estável e maduro podem ser conduzidas pelo valor de suas vendas e pelo custo de seus insumos. Sendo assim, a empresa pode centrar-se na inovação incremental e suas principais interações podem ocorrer com fornecedores e com os sinais dos clientes no mercado. Dessa forma, compreende-se que o capital intelectual configura-se como a soma dos conhecimentos de todos dentro da empresa (STEWART, 1998), o qual deve ser estimulado e desenvolvido para que propicie vantagem competitiva. No entanto, para o desenvolvimento do capital intelectual pressupõe-se que este passe pelas fases de aquisição, assimilação, transformação e aplicação de conhecimento para posteriormente proporcionar o desenvolvimento de novas capacidades (ZAHRA; GEORGE, 2002). Com ações que propiciem o desenvolvimento e absorção de novos conhecimentos, podem-se desenvolver novas capacidades, entre elas a de inovação, que se configura como sendo o processo de transformar oportunidades em novas ideias, colocando-as em prática (TIDD; BESANT; PAVITT, 2005). 65 Interpreta-se que as empresas que conseguem se utilizar do seu capital intelectual desenvolvendo-o por meio da capacidade absortiva possuem maiores probabilidades de inovarem e, consequentemente, criar vantagem competitiva e recursos valiosos e inimitáveis. Desta forma, a presente pesquisa busca compreender a relação entre estes três constructos: capital intelectual, capacidade absortiva e inovação com base em um estudo empírico. 66 3 METODOLOGIA O presente capítulo visa apresentar os procedimentos metodológicos utilizados para atingir os objetivos propostos no trabalho. Primeiramente, apresentase a caracterização da pesquisa, em seguida os procedimentos metodológicos da etapa qualitativa e, posteriormente, a etapa quantitativa. Dentro de cada etapa são apresentados os instrumentos de coleta de dados, população e amostra e técnica de análise dos dados. 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA Para atender os objetivos deste estudo utilizou-se da abordagem de investigação empírica por meio de pesquisa qualitativa. Pesquisas com abordagem qualitativa são adequadas quando se referem à investigação de processos organizacionais e suas ligações informais e não estruturadas (MARHALL; ROSSMAN, 1989; DESLAURIERS; KERISIT, 2008). A pesquisa configura-se como exploratória e descritiva buscando responder à seguinte questão de pesquisa: Como o capital intelectual, aprimorado pela capacidade absortiva, pode potencializar a inovação em uma empresa do setor de papel e papelão ondulado? Para responder à pergunta de pesquisa e aos objetivos, propõe-se que o capital intelectual quando administrado juntamente com ações que promovam a capacidade absortiva pode tornar-se propulsor da inovação dentro das organizações. Baseado neste pressuposto propõe-se o Framework de pesquisa, conforme a Figura 4. 67 Figura 4 – Framework: Modelo de administração estratégica do capital intelectual Fonte: elaborado pela autora (2013). Com base no framework busca-se compreender, no ambiente empírico, se o capital intelectual pode ser desenvolvido por meio da capacidade absortiva para potencializar a inovação. Desse modo, infere-se que, uma vez que a organização consegue utilizar o conhecimento interno e absorver conhecimentos externos, assimilando e gerando diferentes formas de inovações, um novo conhecimento é criado, potencializando o ciclo de administração estratégica do capital intelectual. Como método de pesquisa foi utilizado o estudo de caso único. Benbasat Goldstein e Mead (1987) acreditam que a estratégia de estudo de caso é ideal para capturar o conhecimento dos praticantes e desenvolver teorias. Eisenhardt (1989) aponta, ainda, como vantagem do estudo de caso, a liberdade do pesquisador em apresentar sua visão do fenômeno estudado. O caso estudado refere-se a uma empresa de grande porte do setor de papel e papelão ondulado, denominada Celulose Irani S.A, que atua no mercado há 72 anos. A empresa pesquisada atua em nível nacional e internacional, com unidades de negócios distribuídas em quatro estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais. A empresa foi escolhida como base para a pesquisa, pois possui um setor de Pesquisa e Desenvolvimento estruturado desde 2006, bem como um setor de Inovação Corporativa com mestres e doutores trabalhando como pesquisadores em busca do desenvolvimento de inovações desde 2010. Esta peculiaridade da empresa a faz pioneira em seu setor no quesito: esforços direcionados para o desenvolvimento de inovações. Isto porque o setor se configura como conservador e 68 estável em virtude da sua dinâmica de mercado, que não exige das empresas o desenvolvimento de inovações para que se mantenham competitivas. Baseado no histórico organizacional tradicional e industrial, a empresa pesquisada nos últimos dez anos tem desenvolvido melhorias substanciais no desenvolvimento do seu capital intelectual, bem como, mais recentemente, nos últimos três anos, tem voltado ações estratégicas para o desenvolvimento de uma cultura de inovação. A empresa possui diversos programas direcionados para inovação, o que faz com que se diferencie no seu mercado de atuação perante suas concorrentes. Podem-se citar algumas ações, como: Programa de Gestão da Inovação, Informativo Planeta Inovador, Programa de Ideias de Valor, Programa Facilitadores da Inovação. A Celulose Irani também tem conquistado alguns prêmios e reconhecimentos nacionais que demonstram a presença da inovação nas ações da empresa. Entre eles, podemos destacar: Selo Anpei de Empresa Inovadora (2009), Melhores da Dinheiro de 2010 (Inovação e Qualidade), Top 50 no Ranking Campeãs da Inovação 2010, Prêmio Roberto Hiraishi 2011, na categoria Sustentabilidade, Campeãs da Inovação 2011, 2012, 2013. Com base nas ações direcionadas para promoção da inovação e nas premiações e reconhecimentos que a empresa recebeu nos últimos anos, verifica-se que se destaca dentro do seu setor com práticas diferenciadas para uma cultura de inovação, podendo se caracterizar como uma empresa inovadora em seu setor. Este fato auxilia na compreensão da escolha do caso para analisar a relação entre o capital intelectual, a capacidade absortiva e a inovação. Sob o ponto de vista temporal a pesquisa configura-se como de corte transversal, tendo sido obtidas as respostas dos indivíduos constantes da amostra apenas uma vez (MALHOTRA, 2012). A pesquisa ocorreu em duas etapas: qualitativa e quantitativa, conforme Figura 5 e Apêndice A. Para facilitar a compreensão, as demais etapas da pesquisa serão apresentadas separadamente. 69 Figura 5 – Fluxograma dos procedimentos metodológicos adotados Fonte: elaborada pela autora (2013). Dessa forma, para facilitar a compreensão de toda a etapa de coleta de dados, tanto quantitativa quanto qualitativa apresenta-se a Figura 6. 70 Figura 6 – Etapas da coleta de dados Fonte: elaborada pela autora (2013). 3.2 ETAPA USANDO INSTRUMENTOS QUALITATIVOS DA PESQUISA Na etapa qualitativa o instrumento de coleta de dados utilizado foi a entrevista semiestruturada. Segundo Poupart (2008), as entrevistas qualitativas são mais adequadas para pesquisar grupos ou objetos específicos, como, por exemplo, em estudos de casos. A primeira fase da pesquisa, que ocorreu no mês de julho de 2013, baseou-se na aplicação de entrevistas semiestruturadas, na qual a amostra participante foi dois diretores da empresa: Diretor de Negócios de Papel e Embalagem, Diretor Administrativo e Financeiro de Relações com Investidores. A amostra aconteceu em razão da acessibilidade. As entrevistas tiveram como objetivo compreender quais variáveis relacionadas aos constructos em estudo se aplicam à realidade da empresa, esta etapa não será apresentada na análise dos resultados, pois serviu somente como apoio para estruturação dos questionário utilizados na etapa quantitativa. Utilizou-se como base os questionários validados de Gracioli et al. (2012) para capital intelectual, Camisón e Forés (2010) para capacidade absortiva e Stoeckicht (2012) para inovação, optou-se pela escolha destes instrumentos de 71 pesquisa pois eles possuem relação com a base teórica desta pesquisa e atendem à necessidade de investigação dos três constructos de forma conjunta (Anexos A, B e C). Realizou-se uma análise descritiva da primeira etapa de entrevistas cumprindo com o objetivo de elaborar o questionário com variáveis próximas à realidade do estudo de caso pesquisado, a etapa quantitativa da pesquisa será apresentada no próximo subcapítulo. Após a etapa quantitativa observou-se que na percepção dos gestores (gerentes, coordenadores e supervisores) a organização possuía altos índices de práticas organizacionais relacionadas aos três constructos da pesquisa. Contudo, na primeira etapa de entrevistas, observou-se uma visão mais crítica por parte dos diretores. Sendo assim, buscando compreender a realidade organizacional de forma mais aprofundada e a relação das percepções nos diferentes níveis de gestão, sentiu-se a necessidade de realizar-se uma segunda etapa de entrevistas com os diretores. Esta etapa buscou analisar comparativamente a percepção dos diretores em relação à percepção dos gerentes, coordenadores e supervisores. A segunda etapa de entrevistas aconteceu no mês de novembro de 2013, onde participaram os quatro diretores da empresa: Diretor Presidente, Diretor de Negócios Florestais, Diretor de Negócios Papel e Embalagem, Diretor Administrativo e Financeiro de Relações com Investidores. O roteiro da entrevista foi elaborado com base nas variáveis resultantes da pesquisa quantitativa. As entrevistas foram gravadas com a permissão dos diretores e, posteriormente, transcritas para auxiliar na análise dos dados. Nesta etapa realizouse a análise do conteúdo. Segundo Bardin (1979) e Minayo (2000), a análise do conteúdo com enfoque qualitativo volta sua atenção para a presença ou ausência de uma característica, ou conjunto de características, nas mensagens analisadas, na busca de atingir interpretações mais profundas com base em pressupostos. A análise de conteúdo, conforme Bardin (1979), caracteriza-se como empírica e, por esse motivo, não pode ser desenvolvida com base em um modelo exato. Todavia, deve seguir algumas etapas, que a seguir serão apresentadas como aconteceram durante a pesquisa: a) Pré-análise: nesta fase ocorre a organização e sistematização das ideias. Na pesquisa, nesta etapa, desenvolveu-se a transcrição de 72 todas as entrevistas e a organização das informações segundo os constructos pesquisados; b) Exploração do material: trata-se da fase em que os dados brutos do material são codificados para se alcançar o núcleo de compreensão do texto. Neste momento as entrevistas foram organizadas buscando relacionar as afirmações dos entrevistados com as dimensões dos constructos pesquisados; c) Tratamento dos resultados obtidos e interpretação: nesta fase o investigador propõe suas inferências e realiza suas interpretações de acordo com o quadro teórico e os objetivos propostos. Como última etapa buscou-se relacionar a percepção do nível estratégico da organização com o nível tático, realizando uma análise das afirmações dos diretores. Nesta etapa também realizou-se uma relação da teoria que deu suporte à pesquisa e às ações que os diretores mencionaram nas entrevistas para cada constructo. Na etapa com uso de técnica qualitativa também se fez uso da observação da rotina organizacional, o que possibilitou a compreensão sobre a realidade da empresa, apontando para a necessidade da utilização de técnicas alternativas de pesquisa, que objetivaram compreender a percepção da gestão da empresa em todos os níveis hierárquicos. Segundo Alencar (2000), existem alguns métodos de pesquisa que proporcionam ao pesquisador maior aproximação do objeto de estudo, como a observação não participante, na qual o pesquisador está presente no local onde o grupo observado desenvolve as suas ações, porém, ele não se comporta como se fosse um membro do grupo, assim não desenvolve as ações que os observados desenvolvem. Sendo assim, a etapa com uso de técnica qualitativa da pesquisa conclui-se, para apresentar-se, na sequência, a etapa com uso de técnica quantitativa da pesquisa. 3.3 ETAPA USANDO INSTRUMENTO QUANTITATIVO DE PESQUISA A etapa usando técnica quantitativa da pesquisa buscou compreender se a organização desenvolve práticas que proporcionem o aprimoramento do capital 73 intelectual, o desenvolvimento da capacidade absortiva e ações de direcionamento para inovação. Sendo assim, posteriormente à primeira etapa de entrevistas realizou-se a construção do questionário a ser utilizado na etapa quantitativa, o questionário tem suas variáveis originais oriundas da pesquisa de Gracioli et al. (2012), Camisón e Forés (2010) e Stoeckicht (2012). Com o objetivo de verificar se o questionário estava claro aos respondentes realizou-se a validação do instrumento de pesquisa. Nesta fase seis coordenadores responderam o questionário visando adequá-lo à compreensão de todos os demais respondentes. O questionário foi enviado por e-mail no mês de agosto de 2013 (Apêndice B). Após os ajustes realizados no questionário este foi enviado por e-mail, utilizandose um link via Google Drive para coleta de dados, esta etapa ocorreu entre os meses de setembro e outubro de 2013 (Apêndice C). Participaram desta etapa da pesquisa somente gerentes, coordenadores e supervisores, sendo: 27 gerentes, 78 coordenações e 44 supervisões, sendo uma população de 149 respondentes, distribuídos em todas as unidades de negócio da empresa. Da população de 149 gestores, obteve-se um retorno de 104 respondentes, o que configura um percentual de participação de 70%. O questionário possui questões fechadas em escala de multi-itens (escala de Likert 5 pontos) para os três constructos pesquisados na organização: capital intelectual, capacidade absortiva e inovação. As respostas basearam-se na seguinte escala: 1 – Discordo Totalmente; 2 – Discordo; 3 – Concordo Parcialmente; 4 – Concordo e 5 – Concordo Totalmente. As análises estatísticas compreenderam a utilização da técnica do PLS (Partial Least Squares), esta técnica é utilizada quando se busca estimar coeficientes das equações estruturais com o método de mínimos quadrados, pois possui menos restrições que as técnicas de covariâncias, porém possui o mesmo nível de confiança (MATEOS-APARICIO, 2011). Utiliza-se a técnica do PLS quando o número de variáveis torna-se maior que o número de observações, como é o caso estudado. Métodos multivariados permitem estudar as influências das diversas variáveis independentes em uma ou mais variáveis dependentes, e são úteis para se descobrir regularidades no comportamento de duas ou mais variáveis, além de 74 testar modelos alternativos de associações entre tais variáveis, incluindo a determinação de quando e como dois ou mais grupos diferem em seu perfil multivariado (REIS, 2001). 3.3.1 Construtos, Dimensões e Variáveis A concepção sobre as dimensões utilizadas na pesquisa partiu da revisão de estudos e pesquisas de autores sobre os temas: capital intelectual, capacidade absortiva e inovação. Os estudos que serviram de base para a identificação das dimensões utilizadas na pesquisa estão no Quadro 7. Todas as questões foram construídas de forma que não houvesse reversão durante a tabulação dos dados, ou seja, todas as questões indicam que quanto maior o número na escala de Likert, maior será a relação entre capital intelectual, capacidade absortiva e inovação. Quadro 7 – Autores que suportam a base dos construtos da pesquisa AUTORES CONSTRUCTO Edvinsson e Malone (1998); Pacheco (2005); Swart (2006); Ienciu e Matis (2011); Lima e Antunes (2011); Gracioli et al. (2012) Capital Intelectual Cohen e Levinthal (1990); Zahra e George (2002); Lane, Koka e Pathak (2006); Gracia-Gutiérrez e Fernándes-deLucio (2008) e Murovec e Prodan (2009); Camisón e Forés (2010); Flatten et al. (2011) Capacidade Absortiva Schumpeter (1934, 1997); Tidd, Bessant e Pavitt (2008); Scherer e Carlomagno (2009); Manual de Oslo (2012); Stoeckicht (2012) Inovação DIMENSÕES DA LITERATURA Capital estrutural Capital organizacional Capital de clientes Capital relacional Capital social Capital humano Capacidade absortiva potencial Capacidade absortiva realizada Capacidade absortiva industrial Capacidade absortiva científica Inovação de produto Inovações de processo Inovação organizacional Inovações de marketing Inovação não tecnológica Inovação administrativa Inovação técnica Inovação revolucionária Inovação de paradigma DIMENSÕES UTILIZADAS Capital Humano Capital Estrutural Capital Relacional Capacidade absortiva potencial Capacidade absortiva realizada Inovação de produto Inovações de processo Inovação organizacional Inovações de marketing Fonte: dados da pesquisa (2013). As variáveis presentes na pesquisa quantitativa são oriundas de estudos empíricos de outros autores aplicadas em ambientes organizacionais distintos do estudado. Dessa forma, verificou-se a necessidade de compreender se todas as variáveis dos instrumentos originais se aplicariam à realidade organizacional 75 pesquisada. Para desenvolver esta compreensão utilizou-se uma primeira entrevista semiestruturada com dois diretores, conforme mencionado na etapa qualitativa, os participantes não tinham acesso às variáveis originais da pesquisa e a entrevista foi conduzida de forma aleatória, buscando evitar o direcionamento de questões que pudessem favorecer à empresa pesquisada. Após a realização da entrevista realizou-se a depuração das variáveis que melhor se aplicavam ao estudo de caso pesquisado, construindo-se os questionários utilizados na etapa quantitativa. O Quadro 8 apresenta as variáveis utilizadas na pesquisa para o constructo capital intelectual, e suas dimensões capital humano, estrutural e relacional. As variáveis foram construídas a partir do instrumento de pesquisa de Gracioli et al. (2012). Assim, após os pré-testes realizados o constructo ficou as seguintes variáveis: na dimensão capital humano utilizou-se nove variáveis; na dimensão capital estrutural ficou com nove variáveis e a terceira dimensão o capital relacional, ficou com seis variáveis. 76 Quadro 8 – Variáveis e medidas do construto capital intelectual nas dimensões capital humano, estrutural e relacional Constructo Dimensão Variáveis e medidas CH1 Os colaboradores participam das decisões da empresa CH2 Colaboradores são estimulados a serem sempre criativos e terem iniciativa CH3 É elevado o nível de escolaridade/graduação dos colaboradores CH4 A empresa investe em longo prazo em seus colaboradores Capital CH5 Os colaboradores estão comprometidos com a empresa Humano CH6 Todos os colaboradores são capacitados para desenvolver suas funções CH7 Você considera que os custos com treinamento são adequados CH8 As competências dos colaboradores permitem aos mesmos inovarem em suas tarefas CH9 Há perdas se algum colaborador importante sair da empresa CE1 Existe crescimento do investimento em novos métodos e sistemas CE2 Sugestões dos colaboradores são implementadas quando pertinentes CE3 Existe melhoria nas capacidades técnicas dos processos de Capital produção Intelectual CE4 As perdas e desperdícios têm sido reduzidos Capital CE5 Existe a diminuição das reclamações de clientes Estrutural CE6 Tempo gasto em pesquisa e desenvolvimento e a equipe de P&D tem aumentado CE7 As ideias criativas são repassadas a todos CE8 Sistemas de informação repassam as informações a todos na empresa CE9 Informações obtidas dos clientes são sempre comunicadas a todos CR1 Tem crescido o número de novos clientes e novos negócios CR2 Clientes estão completamente satisfeitos com a empresa CR3 As vendas têm aumentado significativamente Capital CR4 Satisfação dos clientes em relação a preço, qualidade e prazos tem Relacional sido adequada. CR5 A empresa tem uma ótima reputação e parceria com clientes e fornecedores CR6 A empresa identifica as necessidades dos clientes Fonte: dados da pesquisa (2013). O Quadro 9 apresenta as variáveis do constructo capacidade absortiva, por meio das dimensões capacidade absortiva potencial e realizada. As variáveis foram construídas a partir do instrumento de pesquisa de Camisón e Forés (2010) e adaptadas à realidade da empresa pesquisada. O constructo capacidade absortiva possui duas dimensões: capacidade absortiva potencial e capacidade absortiva realizada; as duas com seis variáveis em cada dimensão. 77 Quadro 9 – Variáveis e medidas do construto capacidade absortiva nas dimensões capacidade absortiva potencial e realizada Constructo Dimensão Variáveis e medidas CAP1 – A empresa tem capacidade de captar informação e conhecimento relevante, contínuo e atualizado sobre os concorrentes atuais e potenciais. CAP2 - Grau de orientação para a gestão esperando para ver o que acontece, em vez de preocupação e orientação para monitorar o ambiente e acompanhar as tendências de forma contínua e descobrir novas oportunidades a serem exploradas de forma proativa. CAP3 - Freqüência e importância da cooperação com as organizações Capacidade de P&D - universidades, escolas de negócios, institutos tecnológicos, etc. Absortiva Como um membro ou patrocinador da criação de conhecimento e Potencial inovações. CAP4 - Capacidade de assimilar novas tecnologias e inovações que são úteis ou têm potencial comprovado. CAP5 - Capacidade de usar o nível de conhecimento, experiência e competências na interpretação e assimilação de novos conhecimentos dos funcionários. CAP6 - Capacidade para desenvolver programas de gestão do conhecimento, garantindo a capacidade da empresa para entender e analisar cuidadosamente conhecimento e tecnologia de outras Capacidade organizações. Absortiva CAR1 - Capacidade da empresa de utilizar das tecnologias de informação, a fim de melhorar o fluxo de informações, desenvolver a partilha efetiva de conhecimentos e fomentar comunicação entre os membros da empresa, incluindo reuniões virtuais entre os profissionais que estão fisicamente separados por meio de portais: Internet, e-mail, videoconferências, teleconferências. CAR 2 - Grau em que empresa impede que todos os funcionários transmitem voluntariamente informação científica e tecnológica útil Capacidade adquirido para o outro. Absortiva CAR 3 - Capacidade de adaptar tecnologias criadas por outros para as Realizada necessidades específicas da empresa. CAR4 - Capacidade da organização de utilizar e explorar novos conhecimentos no trabalho de responder rapidamente às mudanças do ambiente. CAR5 - Grau de aplicação de conhecimentos e experiência adquirida nos campos tecnológicos e de negócios. CAR6 - Capacidade de colocar o conhecimento tecnológico em patentes de produtos e processos. Fonte: dados da pesquisa (2013). O Quadro 10 apresenta as variáveis do constructo inovação, por meio das dimensões inovação de produto, processo, marketing e organizacional. As variáveis foram construídas a partir da adaptação do instrumento de pesquisa de Stoeckicht (2012). Para mensuração de inovação utilizaram-se onze variáveis. 78 Quadro 10 – Variáveis e medidas do construto inovação Constructo Dimensão Variáveis e medidas INOV1 A empresa utiliza recursos humanos, financeiros e tecnológicos de empresas parceiras para desenvolver o seu portfólio/carteira de Inovação de projetos inovadores. Marketing INOV 2 São monitoradas as redes sociais usa as redes sociais formais e informais, como blogs, fóruns de discussão, twitter, facebook, orkut e outros meios para verificar e acompanhar o impacto gerado pelo lançamento de suas inovações. INOV3 A empresa desenvolve novos produtos. Inovação de INOV4 A empresa desenvolve melhorias nos produtos existentes. Produto INOV5 A empresa criou ou melhorou produtos com base em ideias de Capacidade colaboradores, clientes ou fornecedores. de INOV6 A empresa desenvolve novos métodos de produção. Inovação Inovação de INOV7 A empresa melhora os seus atuais métodos de produção. Processo INOV8 A empresa busca a aplicação de novas tecnologias em seus sistemas produção. INOV9 São desenvolvidas as competências estratégicas para a inovação visando à sustentabilidade do negócio e vantagem competitiva futura. Inovação INOV10 Existe a promoção de uma cultura organizacional voltada para Organizacional a inovação. INOV11 A empresa promove o comportamento empreendedor e inovador em suas diversas unidades / áreas / departamentos. Fonte: dados da pesquisa (2013). Para fins de análise, as dimensões de inovação não foram analisadas separadamente, como foram as dimensões de capital intelectual e capacidade absortiva, isso em virtude de as dimensões apresentarem poucas variáveis para serem analisadas, o que inviabilizaria a análise quantitativa. 3.3.2 Pressupostos teóricos Buscando compreender melhor os pressupostos teóricos da pesquisa e as relações entre os constructos propôs-se o modelo conceitual, conforme Figura 7. Os pressupostos buscam na teoria a relação entre os constructos e na pesquisa empírica esta comprovação por meio dos dados coletados, por meio dos testes realizados verificando-se a existência, ou não, de relações entre os constructos. 79 Figura 7 – Estrutura de análise quantitativa e pressupostos Pressuposto 1 Pressuposto 2 Figura 7 – Estrutura de análise quantitativa e pressupostos Pressuposto 3 Fonte: elaborada pela autora (2013). O primeiro pressuposto preconiza a existência de relação entre o constructo capital intelectual e capacidade absortiva. Interpreta-se que organizações que possuem uma administração estratégica das três dimensões do capital intelectual podem desenvolver a capacidade absortiva buscando o constante aprimoramento dos seus conhecimentos e melhor desempenho. Wegner e Maehler (2010) sugerem que o efeito combinado dos níveis de capacidade absortiva e de capital social, que é abordado como a soma dos recursos atuais e potenciais que existem e estão disponíveis em uma rede de relacionamentos, auxiliam a compreender as diferenças de desempenho das empresas, ao mesmo tempo que podem ampliar a possibilidade dos gestores de potencializar os resultados dos participantes. Observa-se no contexto de pesquisa proposto que os recursos advindos das relações, que é abordado pelos autores como capital social, podem ser compreendidos por meio do capital intelectual, inclusive Swart (2006) propõe o capital social como uma das dimensões do capital intelectual. Machado e Fracasso (2012) propõem em um ensaio teórico hipóteses que buscam compreender a relação entre o capital intelectual, capacidade absortiva e inovação. Os autores pressupõem que diferentes recursos internos podem influenciar de forma diferente as dimensões da capacidade absortiva, e posteriormente podem levar a resultados diferentes de inovação e desempenho. 80 Nodari (2013) propõe em sua pesquisa que a capacidade absortiva é mediadora entre o compartilhamento de conhecimento, abordado pelo autor como capital intelectual, e o desempenho organizacional. O autor obteve evidências empíricas que, mediados pela capacidade absortiva, os processos de compartilhamento de conhecimento possuem influência positiva no desempenho das organizações. O segundo pressuposto propõe a existência da relação entre o constructo capacidade absortiva e inovação. Verifica-se que as organizações que possuem a capacidade de adquirir, assimilar, transformar e aplicar conhecimentos possuem maior vantagem competitiva. Isso em razão de a capacidade absortiva se configurar como a habilidade da organização de avaliar o valor de novos conhecimentos, assimilar essas informações e aplicá-las na empresa, e, por meio desta aplicação, pode desenvolver-se o processo de inovação. Conforme Flatten et al. (2011) compreende-se que o conhecimento organizacional necessita ser compartilhado e potencializado em um processo dinâmico para que, entre outros resultados, possa conduzir à geração de inovações organizacionais. Liu (2012) propõe que por intermédio da capacidade absortiva uma empresa pode lidar mais rapidamente com novos projetos, alocando facilmente o pessoal em equipes e reduzindo lacunas de conhecimento entre equipes e organizações e, assim, podendo potencializar os conhecimentos existentes para desenvolver inovações. Segundo Dias e Pedrozo (2012) observa-se que um dos fatores que contribui para a inovação está relacionado à capacidade absortiva e que este é um dos fatores influenciadores da capacidade de inovar das organizações. Partindo dos pressupostos anteriores, verificou-se a necessidade de investigar a relação do constructo capital intelectual e inovação. Buscou-se compreender nesta relação se a capacidade absortiva quando utilizada nas organizações torna-se uma propulsora entre o capital intelectual e a inovação. O terceiro pressuposto preconiza a existência de relação entre o constructo capital intelectual com inovação. Interpreta-se que organizações que possuem ações direcionadas para o desenvolvimento das três dimensões do capital intelectual tornam-se mais propícias à inovação, tornando-se esta uma consequência da gestão estratégica do capital intelectual. 81 Almeida (2008) propõe que o capital intelectual pode tornar-se o ponto de partida para a inovação. Que os ativos intangíveis de uma organização podem valorizar e fornecer credibilidade, além de determinar a capacidade de inovar e aprender, sendo necessário que as empresas façam uma administração estratégica de seu acervo intelectual. Segundo Santos, Basso e Kimura (2012) sugere-se que os esforços das firmas brasileiras para melhorar sua capacidade de inovar se estruturam em três eixos: capital humano, capital relacional e capital interno, ou capital estrutural. Com base nos pressupostos teóricos propostos definiu-se a forma de tratamento dos dados quantitativos. 3.3.3 Tratamento dos Dados Quantitativos Para a análise dos dados utilizou-se do método estatístico de Análise de Modelos de Equações Estruturais (MEE), por meio do software SmartPLS 2.0. A MEE nos permite analisar a relação entre múltiplas variáveis simultaneamente, sejam elas latentes ou observadas (HAIR et al., 2009; MALHOTRA, 2012). Para a análise da estatística descritiva e verificação de frequência e percentual dos dados não numéricos utilizou-se o SPSS® versão 21.0. Utilizou-se a técnica do PLS (Partial Least Squares) para a análise dos dados. Esta técnica é utilizada quando se busca estimar coeficientes das equações estruturais com o método de mínimos quadrados, pois possui menos restrições que as técnicas de covariâncias, porém possui o mesmo nível de confiança (MATEOSAPARICIO, 2011). Para a pesquisa foram avaliadas a confiabilidade, a validade convergente e a validade discriminante de cada variável. Quanto à escolha pela utilização do software SmartPLS justifica-se, pois, segundo Hair, Ringle e Sarstedt (2011), ele fornece estimativas e parâmetros que maximiza a variância explicada (valores de R²) dos modelos estudados. Outra justificativa para a utilização do método PLS (Partial Least Squares) é a ausência de suposições sobre a distribuição dos dados, como normalidade, uso de escalas intervalares e amostras grandes (MATEOSAPARICIO, 2011). Com base na formulação dos pressupostos iniciou-se a coleta de dados da pesquisa, que será apresentada no próximo capítulo, bem como os resultados da etapa quantitativa e qualitativa do estudo. 82 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Nesta etapa estão apresentados os resultados empíricos do trabalho. Este capítulo foi dividido em uma primeira seção, que apresenta o contexto do setor de celulose e papel brasileiro e a empresa pesquisada. A segunda seção apresenta os resultados da estatística descritiva da pesquisa. Em sequência, na terceira seção, apresenta-se a análise PLS (Partial Least Squares). Na quarta seção apresenta-se a etapa qualitativa da pesquisa. E, na última, a análise crítica do caso. 4.1 O MERCADO DE CELULOSE E PAPEL E A CELULOSE IRANI O mercado da indústria de papel e papelão ondulado é considerado tradicional e possui uma tecnologia relativamente acessível e cada vez mais globalizada. Sendo assim, a globalização permite que países, antes sem expressão nesse mercado, participem como produtores competitivos, alterando o perfil da indústria, o que faz com que o setor seja caracterizado por intensa competição por mercados e por investimentos. O segmento de celulose e papel conta com a participação de duzentas e vinte empresas com atividade em quinhentos e quarenta municípios, localizados em dezoito estados brasileiros, gerando cento e vinte e oito mil empregos diretos (indústria setenta e sete mil, florestas cinquenta e um mil) e seiscentos e quarenta mil empregos indiretos em 2012. Além disso, apresentou um saldo comercial de US$ 4,7 bilhões em 2012. O Brasil é um grande produtor, destacando-se mundialmente por produzir e abastecer os mercados com expressivos volumes de papel de embalagem, papéis de imprimir e escrever e papel cartão. Nos últimos dez anos, o país aumentou sua produção em 27,0%, com crescimento médio de 2,7% ao ano, acompanhando as mudanças na economia brasileira, segundo a Associação Brasileira de Celulose e Papel – Bracelpa. A produção brasileira de papel cresceu 1,6% no primeiro bimestre do ano, se comparada ao mesmo período de 2012. Foram produzidas 1,7 milhão de toneladas de papel, nos dois primeiros meses do ano de 2013. As vendas no mercado doméstico alcançaram resultados significativos, sendo comercializadas oitocentas e 83 setenta e sete mil toneladas de papel no período, com altas respectivas de 7% em relação aos mesmos meses de 2012 (BRACELPA, 2013). A venda de papelão ondulado da indústria brasileira cresceu 1,83% em janeiro deste ano em comparação com o mesmo mês de 2013, para 278,259 mil toneladas. Em relação a dezembro do ano passado, a alta foi de 6,83% (Associação Brasileira de Papelão Ondulado - ABPO). Dessa forma, verifica-se que o setor ao qual a organização em estudo pertence é de grande relevância na economia brasileira, também sendo utilizado como um termômetro do crescimento econômico do país. A Celulose Irani foi fundada em 1941; a empresa Celulose Irani é controlada desde 1994 pelo Grupo Habitasul, tradicional Grupo Empresarial da Região Sul do país. É hoje considerada uma das maiores empresas do setor de papel para embalagens e embalagem de papelão ondulado. Com produção integrada, florestas próprias, máquinas e equipamentos constantemente atualizados, a Irani produz celulose e papéis kraft, chapas e embalagens de papelão ondulado e resinas para os mercados interno e externo, assegurando o fornecimento de produtos de matéria-prima renovável com alta qualidade. Tem como competência a segurança e a excelência no fornecimento de produtos de base florestal renovável, e em suas práticas estão o absoluto respeito ao meio ambiente e às pessoas. A Irani possui sede na cidade de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, e conta com quatro unidades de negócios: Papel – Vargem Bonita (SC), Santa Luzia (MG); Embalagem – Vargem Bonita (SC), Indaiatuba (SP), São Roberto (SP); e Resinas – Balneário Pinhal (RS), além de florestas em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e escritórios em Porto Alegre (RS), São Paulo (SP) e Joaçaba (SC). Empresas controladas pela Irani: Irani Trading S.A., Habitasul Florestal S.A. e HGE – Geração de Energia Sustentável Ltda. (em fase pré-operacional) em Porto Alegre (RS) e Iraflor Comércio de Madeira Ltda., em Vargem Bonita (SC). A forma da constituição jurídica da Irani é Sociedade Anônima, ou seja, capital aberto e a origem do capital é 100% nacional: Irani Participações S.A., Habitasul Desenvolvimento Imobiliários S.A., Companhia Comercial de Imóveis, Companhia Habitasul de Participações e outros acionistas. A empresa pesquisada possui um programa denominado Programa Inova IRANI, que agrupa todos os módulos organizadores da Inovação dentro da empresa. 84 Este tem como objetivo disseminar a cultura da inovação por meio da geração de ideias, da capacitação de colaboradores e da difusão da inovação aberta. O programa abrange todas as unidades de negócio da empresa e conta com a participação de colaboradores, de universidades, de instituições científicotecnológicas, de fornecedores e de clientes (CELULOSE IRANI, 2013). Algumas ações fazem parte do programa, como: Gestão, Geração e Premiação de Ideias; Programa Ideias de Valor; Gestão de Parcerias; “Inovação Aberta”; Gestão da Propriedade Intelectual; Cultura da Inovação; Gestão de Projetos de Inovação; Inteligência Competitiva para a Inovação (CELULOSE IRANI, 2013). Para geração de ideias, a empresa possui estruturado um Programa sistematizado que visa atrair ideias de universitários, clientes, fornecedores, inventores independentes, colaboradores, concorrentes, entre outros. A gestão da inovação na empresa é realizada por uma equipe que atua focada na sistematização de processos gerenciais que facilitem a inovação aberta. Existe um Núcleo de Inovação onde suas ações são desenvolvidas por meio do Programa Inova IRANI, estruturado para acompanhar o plano de crescimento da empresa em relação à inovação. Este núcleo conta com a participação de colaboradores, instituições científicas e tecnológicas, fornecedores e clientes (CELULOSE IRANI, 2013). A empresa faz uso de um informativo denominado Planeta Inovador, que é direcionado às lideranças da empresa com o objetivo de trabalhar a inteligência competitiva. Neste são publicados conteúdos relacionados à gestão de inovação, das maiores e melhores inovações tecnológicas, recém-lançadas ou em fase de pesquisa e desenvolvimento (CELULOSE IRANI, 2013). Por meio do Programa Ideias de Valor a empresa realiza a gestão de ideias internas e externas à empresa. O objetivo do programa é estimular, reconhecer e recompensar os idealizadores a buscarem a inovação por meio do seu conhecimento, incrementando os resultados financeiros e/ou operacionais da empresa. As ideias são avaliadas por uma comissão formada por lideranças e diretoria sendo classificadas conforme as suas viabilidades técnica, mercadológica e econômica. Os autores das ideias de destaque são reconhecidos com prêmios (CELULOSE IRANI, 2013). A empresa também possui um Programa de Facilitadores da Inovação, que conta atualmente com um grupo de cerca de 100 colaboradores que participam de 85 treinamentos sobre questões relacionadas à gestão da inovação, os facilitadores são capacitados para sanar dúvidas e disseminar o processo de Inovação da empresa A cultura da inovação na Celulose Irani é impulsionada por ações de capacitação e desenvolvimento de pessoas. Essas ações trabalham a competência para a Inovação e visam desenvolver abordagens criativas e soluções com o Foco do Cliente (CELULOSE IRANI, 2013). Todas estas ações da empresa direcionadas para gestão da inovação e desenvolvimento da mesma fazem com que a empresa apresente um diferencial competitivo em relação aos seus concorrentes. Por estas razões e pela configuração do ambiente competitivo em que a empresa se encontra, optou-se por estudar este caso em profundidade, observando a possível relação empírica entre os constructos capital intelectual, capacidade absortiva e inovação. 4.2 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS Na etapa, utilizando técnica quantitativa, participaram da pesquisa somente gerentes, coordenadores e supervisores (104 respondentes de uma população de 149 gestores), ou seja, o nível tático da organização que está em relação direta e constante com os colaboradores da empresa. Nesta etapa da pesquisa as respostas baseavam-se na seguinte escala: 1 – Discordo Totalmente; 2 – Discordo; 3 – Concordo Parcialmente; 4 – Concordo e 5 – Concordo Totalmente. Da Tabela 1 até a Tabela 6 são apresentados os resultados das estatísticas descritivas da pesquisa. Na Tabela 1 apresenta-se o percentual de frequência dos respondentes em relação ao cargo que ocupam na empresa. Tabela 1 – Distribuição dos respondentes quanto à função exercida dentro da empresa Função Frequência Porcentual Porcentagem acumulativa Supervisor Coordenador Gerente Total 29 58 17 104 27,9 55,8 16,3 100,0 27,9 83,7 100,0 Fonte: dados da pesquisa (2013). Observa-se na Tabela 1 que a maioria dos respondentes ocupa a função de coordenador dentro da empresa. Esta função encontra-se diretamente ligada à 86 supervisão e à gerência, tornando-se um elo na transmissão dos objetivos da organização. Na Tabela 2 apresenta-se o percentual de frequência em relação ao tempo de empresa que os respondentes possuem. Verifica-se que a grande maioria (46%) dos respondentes está na empresa há mais de 10 anos. Tabela 2 – Distribuição dos respondentes quanto ao tempo que trabalham na empresa Tempo de empresa Frequência Porcentual Porcentagem acumulativa Até 5 anos 24 23,1 23,1 Entre 6 e 10 anos 32 30,8 53,8 Acima de 10 anos 48 46,2 100,0 104 100,0 Total Fonte: dados da pesquisa (2013). Na Tabela 3 apresenta-se a frequência em relação à distribuição dos respondentes quanto à idade que os estes possuem. A grande maioria (69%) possui entre 26 e 45 anos, o que demonstra que a equipe de gestores da empresa é formada em sua maioria por pessoas jovens. Tabela 3 – Distribuição dos respondentes quanto à idade Idade Frequência Porcentual Até 25 anos Entre 26 e 35 anos Entre 36 e 45 anos Entre 46 e 55 anos Acima de 55 anos Total 3 39 33 28 1 104 2,9 37,5 31,7 26,9 1,0 100,0 Porcentagem acumulativa 2,9 40,4 72,1 99,0 100,0 Fonte: dados da pesquisa (2013). Na Tabela 4 apresenta-se a frequência quanto ao grau de escolaridade dos respondentes. Verifica-se que a grande maioria, 56% dos respondentes, possui o ensino superior incompleto, isso ocorre, pois nos últimos anos a empresa tem incentivado que seus colaboradores, principalmente gestores, retomem seus estudos, investindo em um curso superior. 87 Tabela 4 – Distribuição dos respondentes quanto à escolaridade Escolaridade Frequência Porcentual Ensino Médio Incompleto Porcentagem acumulativa 11 10,6 10,6 1 1,0 11,5 Superior Incompleto 58 55,8 67,3 Superior Completo 21 20,2 87,5 Pós-Graduação (Stricto sensu / Lato sensu) 13 12,5 100,0 104 100,0 Ensino Médio Completo Total Fonte: dados da pesquisa (2013). Na Tabela 5 apresenta-se a frequência quanto à distribuição dos respondentes em relação à Unidade Fabril ou Comercial em que eles trabalham. Tabela 5 – Distribuição dos respondentes quanto à Unidade Fabril ou Comercial em que trabalham Unidade da Empresa Comercial Berrine Corporativo Embalagem SC Embalagem SP Florestal Matriz POA Papel MG Papel SC Resinas Total Frequência Porcentual Porcentagem acumulativa 1 19 13 18 6 4 11 28 4 104 1,0 18,3 12,5 17,3 5,8 3,8 10,6 26,9 3,8 100,0 1,0 19,2 31,7 49,0 54,8 58,7 69,2 96,2 100,0 Fonte: dados da pesquisa (2013). Obteve-se uma participação maior de respondentes na Unidade Papel (27%) onde possui o maior número de gestores em virtude do tamanho da unidade fabril, e, posteriormente, algumas unidades tiveram percentuais próximos de participação, também sendo relativo ao número de gestores que cada unidade possui. 4.3 ANÁLISE PLS (Partial Least Squares) A primeira avaliação realizada com os dados foi o teste de normalidade. Segundo Maroco (2007), faz-se necessário que a distribuição amostral seja do tipo normal, pois é um dos requisitos de uma série de testes paramétricos. Para verificar a normalidade dos dados foi feito o teste de Kolmogorov-Smirnov. Após o teste 88 verificou-se que os dados não apresentam normalidade, possuindo um p-value de 0,000, vide Tabela 6. Assim, reforçando a escolha pelo método PLS. Tabela 6 – Teste de normalidade das variáveis da pesquisa Tests of Normality Kolmogorov-Smirnov Statistic df Sig. CH1 CH1 ,291 104 ,000 CH2 CH2 ,317 104 ,000 CH3 CH3 ,206 104 ,000 CH4 CH4 ,270 104 ,000 CH5 CH5 ,394 104 ,000 CH6 CH6 ,361 104 ,000 CH7 CH7 ,315 104 ,000 CH8 CH8 ,341 104 ,000 CH9 CH9 ,284 104 ,000 CE1 CE1 ,358 104 ,000 CE2 CE2 ,326 104 ,000 CE3 CE3 ,348 104 ,000 CE4 CE4 ,289 104 ,000 CE5 CE5 ,367 104 ,000 CE6 CE6 ,289 104 ,000 CE7 CE7 ,265 104 ,000 CE8 CE8 ,305 104 ,000 CE9 CE9 ,209 104 ,000 CR1 CR1 ,261 104 ,000 CR2 CR2 ,342 104 ,000 CR3 CR3 ,268 104 ,000 CR4 CR4 ,302 104 ,000 CR5 CR5 ,296 104 ,000 CR6 CR6 ,357 104 ,000 CAP1 CAP1 ,344 104 ,000 CAP2 CAP2 ,215 104 ,000 CAP3 CAP3 ,320 104 ,000 CAP4 CAP4 ,313 104 ,000 CAP5 CAP5 ,349 104 ,000 CAP6 CAP6 ,364 104 ,000 CAR1 CAR1 ,334 104 ,000 CAR2 CAR2 ,211 104 ,000 CAR3 CAR3 ,346 104 ,000 CAR4 CAR4 ,365 104 ,000 CAR5 CAR5 ,365 104 ,000 CAR6 CAR6 ,249 104 ,000 INOV1 INOV1 ,275 104 ,000 INOV2 INOV2 ,279 104 ,000 INOV3 INOV3 ,327 104 ,000 INOV4 INOV4 ,324 104 ,000 INOV5 INOV5 ,321 104 ,000 INOV6 INOV6 ,342 104 ,000 INOV7 INOV7 ,334 104 ,000 INOV8 INOV8 ,321 104 ,000 INOV9 INOV9 ,290 104 ,000 INOV10 INOV10 ,321 104 ,000 INOV11 INOV11 ,319 104 ,000 Fonte: Dados da pesquisa (2013). Statistic ,837 ,704 ,880 ,745 ,715 ,763 ,827 ,809 ,832 ,759 ,734 ,752 ,836 ,775 ,840 ,877 ,850 ,886 ,847 ,764 ,852 ,760 ,768 ,726 ,760 ,898 ,822 ,785 ,776 ,774 ,756 ,879 ,790 ,776 ,737 ,871 ,839 ,861 ,792 ,747 ,791 ,801 ,762 ,761 ,791 ,761 ,770 Shapiro-Wilk df 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 Sig. ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 89 A primeira etapa realizada foi a utilização do método de estimação do modelo de mensuração, o qual mede a relação latente e manifesta associada às variáveis observadas. Na primeira estrutura de análise gerada com todas as variáveis, Figura 8, verificou-se os betas dos caminhos entre as variáveis latentes e as manifestas que, conforme Hair et al. (2014), sugerem-se valores maiores que 0,7. Figura 8 – Estrutura de análise quantitativa para mensuração inicial Fonte: dados da pesquisa (2013). Dessa forma, optou-se por retirar as variáveis mensuráveis que possuíam betas menores de 0,6, pois os AVEs (Average Variance Extracted) ficaram maiores que 0,5, atendendo à pressuposição de Hair et al. (2014). Após os testes foram retiradas 14 variáveis do constructo capital intelectual, 05 variáveis do constructo capacidade absortiva e 03 variáveis do constructo inovação, obtendo assim a estrutura de análise final, conforme Figura 9. 90 Figura 9 – Estrutura de análise quantitativa final Fonte: dados da pesquisa (2013). A segunda etapa das análises refere-se à realização da validade discriminante, que busca verificar se a medida em questão não está relacionada indevidamente com indicadores de constructos distintos (HAIR et al., 2005). Nesta pesquisa utilizou-se o critério de Fornell-Larcker para a avaliação da validade, pois tem como objetivo comparar as raízes quadradas dos valores de AVEs de cada constructo com as correlações (de Pearson) entre os constructos (variáveis latentes) (HENSELER; RINGLE; SINKOVICS, 2009; HAIR; RINGLE; SARSTEDT, 2011). A validade discriminante indica até que ponto as variáveis latentes são independentes uma das outras (HAIR et al., 2014). Conforme Tabela 7, verifica-se que todos os valores de AVE são maiores que as demais correlações apresentadas, o que indica uma validade discriminante entre os constructos. 91 Tabela 7 – Correlação de Pearson e a raiz quadrada da AVE das variáveis latentes dos construtos de primeira ordem CA Potencial CA Realizada CA Potencial 0,8669 CA Realizada 0,7726 Capital Estrutural 0,4688 Capital Humano 0,5442 Capital Relacional 0,5021 Inovação 0,6163 Fonte: Dados da pesquisa (2013). *Os valores em negrito (na diagonal) correlações entre as variáveis. Capital Estrutural Capital Humano Capital Relacional 0,7942 0,3652 0,5529 0,5538 0,7590 0,4604 0,5775 0,8215 0,5693 Inovação 0,7979 0,3582 0,5372 0,4842 0,6364 0,7467 são a raiz quadrada da AVE, os demais valores são as A confiabilidade e validade convergente dos constructos foi avaliada por meio da consistência interna dos constructos utilizando o Alfa de Cronbach e a Confiabilidade Composta (CC). O coeficiente de Alfa de Cronbach varia de 0 a 1, onde um valor de 0,6 ou menor geralmente indica uma confiabilidade de coerência interna insatisfatória (MALHOTRA, 2012). A confiabilidade composta deve apresentar valores superiores a 0,6 para ser considerada aceitável (NUNNALLY; BERNSTEIN, 1994). Conforme Tabela 8 observa-se que os valores de confiabilidade composta apresentam-se todos dentro do adequado para todos os itens. O valor de Alfa Cronbach também se apresentou satisfatório para todos os constructos. Tabela 8 – Análise de confiabilidade dos construtos de 1ª e 2ª ordem Constructos Constructos Itens 2º Ordem 1º Ordem CA Potencial 3 CA CA Realizada 4 Capital Estrutural 3 CI Capital Humano 4 ALFA CC AVE 0,834 0,808 0,706 0,901 0,875 0,836 0,752 0,637 0,631 0,756 0,759 0,845 0,862 0,576 0,675 Inovação 7 0,868 0,898 Fonte: Dados da pesquisa (2013). Obs.: a) A coluna Itens indica o número de variáveis de cada construto das escalas finais (purificadas); b) Alfa indica o valor da estatística Alfa de Cronbach; c) CC indica o valor da confiabilidade composta; d) AVE indica o valor da variância média extraída. 0,557 Capital Relacional 3 A validade convergente mede até que ponto a escala se correlaciona positivamente com outras medidas do mesmo constructo (MALHOTRA, 2012), e a mesma também precisa ser verificada. Para se obter um grau de validade convergente elevado é necessário que o valor de AVE seja de 0,50 ou maior. Isso significa que a 92 variável latente explica mais da metade da variância dos seus indicadores (TABACHNICK; FIDEL, 2001). Observa-se na Tabela 8 que todos os constructos alcançaram a validade convergente, apresentando valores acima de 0,50. Buscando testar o modelo estrutural examinou-se a relação entre as variáveis que compõem a estrutura de análise quantitativa. O índice de adequação do modelo GoF (Goodness of Fit) é o mais apropriado para testar modelos estruturais, sendo obtido por meio da média geométrica entre R² médio (adequação do modelo estrutural) e AVE média (variância média explicada) (AMATO; VINZI; TENENHAUS, 2004). Observa-se na Tabela 9 que o GoF foi de 0,674, o que representa um bom indicador para o modelo estudado, pois segundo Wetzels et al. (2009) valores acima de 0,36 são considerados adequados para pesquisas nas áreas de ciências sociais. Tabela 9 – Avaliação do modelo estrutural por meio do Goodness of Fit CA CI INOV Itens R2 AVE CA Potencial 3 0,873 0,752 CA Realizada 4 0,898 0,637 Capital Estrutural 3 0,593 0,631 Capital Humano 4 0,617 0,576 Capital Relacional 3 0,707 0,675 Inovação 7 0,580 0,557 R2 médio AVE médio 0,711* 0,638* GoF 0,674** Fonte: Dados da pesquisa (2013). * Média ponderada das AVEs. * * Média geométrica (raiz quadrada do produto de dois indicadores) Como última etapa da análise dos dados quantitativos verificou-se a relevância preditiva (Q²) ou indicador de Stone-Geisser que avalia a precisão do modelo ajustado, onde se deve ter como critério de avaliação valores maiores de zero (HAIR et al., 2014). E o tamanho do efeito (f²) ou indicador de Cohen, valor que é obtido pela inclusão e exclusão de constructos do modelo (um a um), valores entre 0,02 e 0,15 são considerados pequenos, valores entre 0,15 e 0,35 são considerados médios e valores acima de 0,35 são considerados grandes (HAIR et al., 2014). 93 Observa-se, na Tabela 10, que a relevância preditiva (Q²) apresentou valores maiores que zero, e o tamanho do efeito (f²) foi em sua maioria grande, apresentando somente três constructos com médio efeito. Tabela 10 – Relevância Preditiva (Q²) e Tamanho do Efeito (f²) dos construtos CA Potencial CA Realizada Capacidade Absortiva Capital Estrutural Capital Humano Capital Relacional Capital Intelectual Inovação Fonte: Dados da pesquisa (2013). Q² 0,655847 F² 0,484117 0,582682 0,230627 0,386742 0,361753 0,492978 0,257207 0,305755 0,395517 0,474365 0,275834 0,296317 0,343846 0,257207 0,40525 Dessa forma, com base nas análises dos dados quantitativos verificam-se as hipóteses propostas para esta pesquisa. 4.4 ANÁLISE DOS PRESSUPOSTOS Com a conclusão dos testes estatísticos, busca-se, nesta etapa, demonstrar os índices de ajuste do modelo final com base nas relações previstas e os resultados alcançados durante a pesquisa. Na Tabela 11 observa-se o na relação entre os constructos pesquisados. Na Figura 9 (disposta anteriormente) apresentam-se os coeficientes de caminho do modelo estrutural PLS, estes também podem ser interpretados como coeficientes beta- (coeficientes de regressão padronizados) de mínimos quadrados, eles podem ser utilizados para uma comparação direta entre coeficientes e seus poderes relativos de explicação da variável dependente (HAIR et al., 2005). Tabela 11 – Parâmetros da estrutura quantitativa da pesquisa Relação Pressuposto 1: Capital intelectual - Capacidade Absortiva Pressuposto 2: Capacidade Absortiva – Inovação Pressuposto 3: Capital intelectual – Inovação Fonte: dados da pesquisa (2013). 0,649 0,351 0,485 Valor t 7,022 4,052 4,943 94 Os coeficientes de caminho indicam quanto um constructo se relaciona com outro, observa-se que todos os constructos apresentaram relação positiva em relação aos valores de . Segundo Hair et al. (2014) valores variam de -1,0 a +1,0, valores próximos de +1.0 indicam relação positiva muito forte entre dois constructos e valores próximos de -1,0 indicam relação negativa ou baixa entre. Próximos de zero indicam relações fracas (HAIR et al., 2014). Observa-se na Tabela 11 a relação entre os constructos e os valores de , a relação entre capital intelectual e capacidade absortiva apresentou o valor mais representativo próximo de +1. A relação entre capacidade absortiva e inovação, bem como de capital intelectual e inovação também apresentaram relação positiva. Para que o Beta seja aceito deve-se testar a relação causal entre dois constructos e verificar se é significante ou não. Sendo assim, utiliza-se o teste t de Student, onde valores acima de 1,96 são considerados significantes a 5% ou 0,05, isto é, os constructos são relacionados (HAIR et al., 2005). Dessa forma, observa-se na Tabela 11 que todos os valores que testaram a relação de causa entre os constructos apresentam-se dentro dos parâmetros propostos por Hair et al. (2005), o que confirma os pressupostos propostos para este estudo de caso. Quadro 11 – Análise dos pressupostos Hipóteses Situação P1 Capital intelectual influencia positivamente a capacidade absortiva Confirmado P2 Capacidade absortiva influencia positivamente inovação Confirmado P3 Capital intelectual influencia positivamente inovação Confirmado Fonte: dados da pesquisa (2013). Com base nos dados obtidos na pesquisa, busca-se compreender melhor os pressupostos propostos neste estudo. O primeiro pressuposto intentou compreender a relação entre capital intelectual e capacidade absortiva. Infere-se que se a organização possui uma administração estratégica do capital intelectual esta poderia desenvolver a capacidade absortiva, onde, por meio dela, seria capaz de aprimorar e melhorar o desenvolvimento do seu capital humano, estrutural e relacional. 95 O pressuposto da existência de relação entre o capital intelectual e a capacidade absortiva no caso pesquisado foi confirmado. Sob este contexto inferese que a empresa pesquisada propicia o desenvolvimento de capacidade absortiva, potencializando, dessa forma, o seu capital intelectual. Conforme se verificou nos dados quantitativos, sugere-se que a utilização da capacidade absortiva ocorra principalmente nas dimensões do capital humano e relacional da organização. Conforme Finger (2004), a gestão integrada de fatores tangíveis e intangíveis, alicerçada na interação entre estrutura, processos, conhecimentos internos ou externos e rede de relacionamentos, potencializa a identificação e captação do conhecimento, filtrando o relevante e utilizando-o de modo a gerar valor e retorno para a organização. Neste contexto, observa-se o desenvolvimento da capacidade absortiva que propicia à organização o aprimoramento dos seus recursos, e o desenvolvimento do recurso capital intelectual. Segundo Liu (2012), por intermédio da capacidade absortiva uma empresa pode lidar mais rapidamente com novos projetos, alocando facilmente o pessoal em equipes, e reduzindo lacunas de conhecimento entre equipes e organizações. Dessa forma, observa-se que a organização poderá desenvolver seu capital intelectual por meio do aperfeiçoamento do capital humano e da troca de conhecimentos advinda do capital relacional. O segundo pressuposto propõe a existência da relação entre o constructo capacidade absortiva com inovação. A capacidade absortiva configura-se como a habilidade da organização de avaliar o valor de novos conhecimentos, assimilar essas informações e aplicá-las na empresa, e, por meio desta aplicação, desenvolve-se o processo de inovação. Na análise dos constructos capacidade absortiva e inovação também se verificou uma influência positiva no caso estudado. Corroborando com outras pesquisas (MALEK; BREGGAR, 2001; HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2008; MOUSTAGAFIR, 2008; MUROVEC; PRODAN, 2009; FLATTEN et al., 2011; DIAS; PEDROZO, 2012) que apontaram para a existência do relacionamento entre a capacidade da empresa absorver novos conhecimentos e desenvolver inovações. Segundo Lane, Koka e Pathak (2006), afirma-se que a capacidade absortiva aumenta a velocidade, frequência e magnitude da inovação na empresa, e, por sua vez, a inovação cria um novo conhecimento, o qual, sendo internalizado, torna-se parte da capacidade absortiva da organização. 96 Concordando, para Murovec e Prodan (2009) a cooperação em inovação está relacionada à capacidade absortiva potencial, pois se refere às atividades direcionadas a inovações desenvolvidas com diferentes tipos de parceiros, como fornecedores, clientes, concorrentes, consultores e universidades. Na pesquisa de Dias e Pedrozo (2012) observa-se que um dos fatores que contribui para a inovação está relacionado à capacidade absortiva e que esta é um dos fatores influenciadores da capacidade de inovar. O terceiro pressuposto preconiza a relação entre capital intelectual e inovação, infere-se que organizações que possuem ações direcionadas para o desenvolvimento das três dimensões do capital intelectual tornam-se mais propícias à inovação, tornando-se esta uma consequência da gestão efetiva do capital intelectual. Observa-se, no caso pesquisado, que o capital intelectual possui influência positiva sobre a inovação. Infere-se neste contexto que esta relação positiva pode possuir ligação com o aumento dos esforços dos gestores para o desenvolvimento do capital intelectual. Além de uma compreensão de que o capital intelectual da organização pode se tornar um diferencial competitivo e um potencializador da inovação. Esta relação positiva entre o capital intelectual e a inovação também foram constatadas por López-Nicolás e Meroño-Cerdán (2011), que verificaram a partir de uma pesquisa conduzida em 310 empresas espanholas, que as práticas de gestão do capital intelectual têm influência significativa sobre a capacidade de inovação e o desempenho dessas empresas. Corroborando, Santos, Basso e Kimura (2012) constataram em sua pesquisa realizada com 230 empresas indústrias brasileiras, que os esforços das firmas para melhorar sua capacidade de inovar se estruturam em três eixos: Capital Humano, Capital Relacional e Capital Interno (abordado neste estudo como estrutural). A pesquisa dos autores apontou que a capacidade de inovar das firmas no Brasil depende mais do Capital Relacional, fato que também se comprovou neste estudo de caso, onde se observa uma relação maior entre o capital relacional e a inovação. Contudo, Stoeckicht (2012) avaliou a gestão do capital intelectual para desenvolver a inovação em empresas do setor de construção civil, e não constatou uma relação positiva entre os constructos. Segundo a autora, isso ocorreu em 97 virtude do ambiente organizacional da construção civil ser pouco direcionado para o processo de inovação e administração do capital intelectual. Infere-se neste contexto que para que o capital intelectual possa se manter ativo e em desenvolvimento dentro de uma organização, faz-se necessário que a capacidade absortiva seja aprimorada e aplicada nas rotinas organizacionais das empresas, potencializando, dessa forma, a inovação. Assim, este pode ser o diferencial desta empresa pesquisada, a promoção de ações que desenvolvem a capacidade absortiva. Com base no exposto, encerra-se a etapa quantitativa da pesquisa. Na próxima seção apresenta-se a etapa qualitativa deste estudo, onde se busca compreender melhor as relações observadas na etapa quantitativa. 4.5 ANÁLISE QUALITATIVA DOS DADOS A partir dos dados obtidos na etapa quantitativa, e dos resultados das pesquisas in loco (observação), sentiu-se a necessidade de compreender a percepção do nível estratégico da organização (diretores) em relação às mesmas variáveis as quais os gestores do nível tático responderam na etapa quantitativa. Sendo assim, realizou-se a segunda etapa de entrevistas semiestruturadas, o roteiro da entrevista teve como base as variáveis pesquisadas na etapa quantitativa (Apêndice D). Participaram desta etapa os quatro diretores da empresa Celulose Irani S.A.: Diretor Presidente, Diretor de Negócios Florestais, Diretor de Negócios de Papel e Embalagem, Diretor Administrativo e Financeiro de Relações com Investidores. A Tabela 12 apresenta o tempo de empresa que os diretores possuem e o tempo que estão nos cargos de gestão. Tabela 12 – Diretores da empresa Diretores Tempo de empresa Tempo de Gestão Diretor Presidente 16 anos 16 anos Diretor de Negócios Florestais 02 anos 02 anos Diretor de Negócios de Papel e Embalagem 09 anos 09 anos 18 anos 10 anos Diretor Administrativo e Financeiro de Relações com Investidores Fonte: dados da pesquisa (2013). 98 Buscou-se por meio das entrevistas compreender se a percepção dos diretores era semelhante a dos gestores em relação aos temas da pesquisa: capital intelectual, capacidade absortiva e inovação. Dessa forma, elaborou-se uma estatística descritiva das respostas coletadas na etapa quantitativa junto aos gestores do nível tático (gerentes, coordenadores, supervisores) onde se apresentam a escala de Likert (do menor ao maior nível de concordância), a frequência de respostas, o percentual e o percentual acumulado, conforme tabelas apresentadas posteriormente. A partir da análise descritiva da etapa quantitativa e da análise da segunda etapa das entrevistas realizadas junto aos diretores foi possível compreender melhor como a organização desenvolve práticas de gestão orientadas para o desenvolvimento do capital intelectual, capacidade absortiva e inovação. A primeira etapa das entrevistas analisou a dimensão do capital humano da organização. Observa-se, conforme Tabela 13, a percepção dos gestores (gerentes, coordenadores e supervisores) em relação ao processo de gestão do capital humano. Conforme dados da etapa quantitativa verifica-se que 49% dos gestores do nível tático concordam que a organização possui mecanismos de promoção e desenvolvimento do capital humano. Esta percepção sobre a existência de ações direcionadas ao desenvolvimento do capital humano está relacionada às variáveis que mensuram: incentivo na participação dos colaboradores em programas da empresa, estímulo à criatividade, desenvolvimento do nível de escolaridade, capacitação constante e desenvolvimento de competências. Tabela 13 – Estatística descritiva dimensão capital humano Escala Frequência Porcentual Porcentagem acumulativa 4 3,8 3,8 14 31 51 4 104 13,5 29,8 49,0 3,8 100,0 17,3 47,1 96,2 100,0 1,00 2,00 3,00 Válido 4,00 5,00 Total Fonte: dados da pesquisa (2013). Em relação à percepção dos diretores, percebe-se uma concordância com a visão dos gestores. Os diretores apesar de serem um pouco mais críticos em 99 relação ao desenvolvimento e aplicação do capital humano da organização, concordam que ele está sendo constantemente desenvolvido e que a empresa ainda possui pontos a serem melhorados, conforme se observa nas respostas: Acho que nunca estamos satisfeitos, sempre tem muita coisa pra fazer em todos os níveis hierárquicos, temos evoluído muito, mas ainda temos espaço para continuar avançando. No fundo a nossa capacitação é orientada pelas competências básicas e diferenciadoras, que vem do planejamento estratégico, temos doze competências que irão ajudar a empresa a chegar no seu objetivo de futuro. Estas competências orientam o plano de desenvolvimento individual (PDI) que tem em todos os níveis. Acho que a execução pela busca desta competência ainda tem que melhorar, nós temos focado bastante nos pontos que achamos mais prioritários e desenvolvido ações, como é o caso da liderança, o líder é uma peça chave na empresa, mas a competência liderança não é a única necessária, precisamos ter as competências técnicas dentro da empresa. (E1) (informação verbal). Verifica-se que a organização tem ações focadas no desenvolvimento da dimensão do capital humano, e que elas estão relacionadas ao Planejamento Estratégico, com ações prioritárias em alguns níveis hierárquicos. A capacitação é uma das primazias do desenvolvimento do capital humano. Conforme afirmam Dulewicz e Herbert (1999) e Mayo (2000) a capacidade dos funcionários inclui: competências individuais, habilidades comportamentais, qualificações explícitas e criatividade, todas estas competências configuram-se como parte do capital humano. Observa-se que o processo de gestão do capital humano na organização em estudo passa por estas etapas de desenvolvimento das capacidades dos funcionários, onde se observam as competências individuais, as habilidades e, também, a qualificação ou capacitação, conforme relata o entrevistado. Acho que se aprende mais por acompanhamento e pela competência já instalada na organização do que por meio de programas de capacitação. Existem ainda vários gaps para serem corrigidos neste processo de capacitação. Houve avanços importantes nos últimos anos, pois não se tinha praticamente nada e hoje temos um processo se estruturando, um processo que está em construção e está longe de ser um produto acabado e perfeito, mas está em desenvolvimento. (E3) (informação verbal). Por meio da análise das entrevistas identificou-se as categorias educação, conhecimento relacionado ao trabalho, competências relacionadas ao trabalho e capacitações proativas e reativas, na dimensão do capital humano. 100 Na análise da dimensão do capital estrutural, verificou-se na etapa quantitativa segundo as variáveis pesquisadas que as práticas estão direcionadas para: pesquisa e desenvolvimento, mecanismos de retenção e registro do conhecimento, sistemas de informação e gestão participativa. Segundo Schmidt e Santos (2002), o capital estrutural é a transformação do conhecimento dos colaboradores em um ativo da organização, por meio de processo de melhoria contínua e compartilhamento da criatividade e experiência. Este conhecimento deve ser estruturado com o auxílio da tecnologia da informação e das telecomunicações, bancos de dados e descrições de processos, a fim de reter na empresa o conhecimento humano. Neste quesito observa-se que os gestores têm a percepção de que a empresa possui mecanismos de gestão do capital estrutural: 66,3% dos gestores concordam com a maioria das questões relacionadas ao desenvolvimento do capital estrutural, conforme Tabela 14. Se somarmos o percentual de gestores que responderam concordam e concordam totalmente obtemos um valor de 80,7% de concordância. Tabela 14 – Estatística descritiva dimensão capital estrutural Escala Frequência 1,00 2,00 3,00 Válido 4,00 5,00 Total Fonte: dados da pesquisa (2013). Porcentual Porcentagem acumulativa 1,0 1,9 16,3 66,3 14,4 100,0 1,0 2,9 19,2 85,6 100,0 1 2 17 69 15 104 Contudo os diretores, nesta dimensão, possuem uma percepção diferente em relação aos gestores. A empresa já possuiu e está desenvolvendo processos para gestão do capital estrutural, porém os mecanismos ainda estão em processo de desenvolvimento e amadurecimento. Isso é possível perceber em razão da resposta dos entrevistados, quando questionados sobre retenção do conhecimento, um dos requisitos que compõe o capital estrutural. Em retenção do conhecimento, acho que pouco, poderíamos fazer muito mais, neste aspecto nós pecamos, nós tínhamos aqueles programas de multiplicadores, que era muito legal onde você pega pessoas com muitos conhecimentos e aquela pessoa monta uma aula e ganhava um kit e dava aula dentro da empresa sobre seus conhecimentos para as pessoas que possam se interessar, o compartilhamento do conhecimento, temos um 101 campo imenso e acho que perdemos um pouco o fôlego neste sentido. (E1) (informação verbal). Acho que estamos criando mecanismos que ainda não estão prontos, isso está sendo discutido exaustivamente dentro da diretoria, e os mecanismos estão sendo criados, como o de geração de ideias, o programa de remuneração variável que é bem agressivo, isso é parte de uma estratégia de reter conhecimento e talentos. Não é um processo acabado e não chegamos ao estagio ótimo, mas estamos no caminho. (E4) (informação verbal). O capital estrutural também pode se configurar por meio dos programas que a empresa desenvolve na busca da utilização do conhecimento dos colaboradores. Segundo Edvinsson e Malone (1998), os processos, técnicas e programas direcionados aos empregados, que buscam aumentar e ampliar a eficiência da produção ou a prestação de serviços faz parte do capital estrutural. Carson et al. (2004) ainda complementam que o capital estrutural é convencionalmente usado para se referir aos processos e procedimentos formados pelo input intelectual dos funcionários da empresa. Sendo assim, observa-se na fala dos diretores que a empresa possui alguns processos de gestão em relação à utilização do conhecimento que estão em desenvolvimento. Acho que primeiro o estado de espírito que tem uma postura e transparência com valores cada vez mais presentes no dia a dia, que é esta questão de compartilhar, de gestão participativa e acaba compartilhando o conhecimento. Em termos práticos temos cada vez mais utilizado os comitês, os processos de melhoria contínua, os grupos com universidades, estas práticas que me lembro. A dinâmica de transparência em comunicação, acho que isso estimula. Outra dinâmica é a questão dos treinamentos in company, feitos com funcionários da própria empresa. (E2) (informação verbal). Temos tido um esforço, de duas ações: o modelo de gestão em excelência onde escrevemos todas as nossas práticas de gestão e avaliamos se elas estavam adequadas. Este processo de escrever o modelo de gestão levou alguns anos pra se fazer e foi na verdade uma expressão, um conhecimento que está lá e muitas vezes não se tem noção, e neste ano tivemos o processo de revisão dos processos de todas as áreas que está sendo feito pela área de gestão de riscos e tem por objetivo inicial identificar processos. Mas por outro lado fez com que as pessoas precisarem escrever e entender seus processos, essa etapa acabou sendo uma forma de registrar o conhecimento que está no dia a dia, então temos avançado seja no processo de gestão de risco, na melhoria contínua com semanas Kaizens, a gente acaba tendo um pouco mais de registros do que tínhamos antigamente. (E3) (informação verbal). 102 Na dimensão do capital estrutural é possível verificar as categorias de pesquisa relacionadas à filosofia gerencial, cultura corporativa e processos gerenciais. Na última dimensão do capital intelectual, o capital relacional, busca-se compreender a relação da organização com seus clientes, colaboradores, fornecedores, ou seja, todos os stakeholders da empresa. Também é possível verificar neste quesito o nome e a reputação da empresa perante o mercado. Observa-se, na Tabela 15, que a maioria dos gestores (45,2%) concorda que a empresa desenvolve ações relacionadas ao processo de gestão do capital relacional, seja com clientes, comunidade, colaboradores ou fornecedores. Contudo, verifica-se que um grande percentual (39,4%) dos gestores optou pela resposta que concordam parcialmente em grande parte das questões relacionadas ao capital relacional. Pode-se inferir que os gestores não possuíam conhecimento abrangente sobre as relações da empresa com seus stakeholders e, por isso, optaram por uma resposta intermediária. Tabela 15 – Estatística descritiva dimensão capital relacional Escala Frequência Porcentual Porcentagem acumulativa 7 6,7 6,7 41 47 9 104 39,4 45,2 8,7 100,0 46,2 91,3 100,0 2,00 3,00 4,00 5,00 Total Fonte: dados da pesquisa (2013). Válido O capital de clientes, segundo Stewart (1998), é o mais valioso de todos os ativos intangíveis da organização, pois se refere aos relacionamentos contínuos com pessoas e organizações para as quais a empresa vende seus produtos e serviços. Sendo assim, as relações com os clientes são consideradas como o componente mais relevante do capital relacional. O novo ambiente dos negócios exige que as empresas mudem de uma atitude centrada em produtos para uma focada nos clientes. Percebe-se pelas respostas de todos os diretores que a empresa possui ações claras de desenvolvimento do capital relacional. A gente procura ajudar o cliente em sua prosperidade, agindo eticamente, com algumas ações que nos diferenciam como a questão de foco do cliente. 103 Temos toda uma atitude comprometida com negócio do cliente e a transparência nas relações. (E2) (informação verbal). Este é um aspecto que evoluímos muito, as visitas das áreas técnicas, entender o foco do cliente, que trouxe esta preocupação e visão de ajudar o cliente a ser próspero, eu vejo, por exemplo, lá no financeiro está todo mundo preocupado com cliente, achando formas de financiar as vendas. Acho que o foco do cliente é um dos principais fatores que tem elevado as relações com os clientes. Estamos evoluindo bastante com a comunidade também, com os fornecedores de forma mais lenta, existe este objetivo de evoluir as relações com todos os stakeholders, claro que no cliente isso é mais forte, e nas relações com a comunidade também tem sido forte, estamos em um caminho bom neste sentido. (E1) (informação verbal). Conforme a fala dos entrevistados a empresa desenvolve ações de gestão de suas relações há muitos anos, primeiramente de forma mais forte em relação ao desenvolvimento das relações com os clientes, e, posteriormente, a aplicação destas ações em relação aos fornecedores e à comunidade. A empresa busca estender suas premissas e valores na construção de todas as suas relações, conforme reforçado pelo Entrevistado 3. Essa talvez seja uma das maiores evoluções que a empresa fez nos últimos anos, acho que sempre tivemos no nosso DNA a parceria com clientes isso sempre foi muito forte, mas depois que fizemos a parceria com a Escola de Marketing Industrial em 2005-2006. Onde fizemos o diagnóstico das nossas relações com os clientes, entendemos como estava, instituímos o conceito de foco do cliente e disseminamos isso para a empresa como um todo entendemos a importância da relação com cliente. Mas acreditamos que só podemos ter um preço maior que resultará em resultado maior para a empresa se o cliente perceber valor no conjunto da oferta, ai está o relacionamento que é a base para tudo isso, oferta de produto, serviços, imagem da empresa, segurança do fornecimento que é muito importante neste setor, e outros atributos que permeiam a oferta, mas que o relacionamento é a base para tudo isso. (E3) (informação verbal). Na análise das entrevistas relacionadas à dimensão do capital relacional ficam evidentes as categorias clientes, fidelidade do cliente e colaborações comerciais. Assim, observa-se pelas análises das respostas dos gestores e diretores que a empresa desenvolve ações direcionadas para a gestão do capital intelectual. Contudo, percebe-se que, por vezes, as percepções diferenciam-se, onde os diretores são mais críticos ao analisar os processos de gestão do capital humano e estrutural. Em relação ao capital relacional os gestores do nível tático se apresentam mais conservadores nas respostas, o que se sugere que talvez possuam um conhecimento não tão vasto sobre as ações da empresa nesta dimensão. 104 A segunda etapa das entrevistas buscou compreender se a empresa possui ações que promovam a capacidade absortiva, seja ela potencial ou realizada. Segundo Cohen e Levinthal (1990), a capacidade absortiva refere-se à habilidade da organização em identificar o conhecimento técnico e científico disponível no ambiente externo e internalizar e assimilar este conhecimento, para aplicá-lo, com o objetivo de aprimorar os produtos e serviços. Conforme os autores (COHEN; LEVINTHAL, 1990), torna-se primazia para o desenvolvimento da capacidade absortiva o conhecimento prévio da empresa e a condução de suas atividades de P&D. A primeira dimensão da capacidade absortiva é a capacidade absortiva potencial que, segundo Zahra e George (2002), a organização possui uma bagagem de conhecimento que foi adquirida e assimilada, mas que se encontra em um nível "adormecido", até que exista um real uso para esse conhecimento. Em relação a esta dimensão, conforme Tabela 16, 65,4% dos gestores que participaram da etapa quantitativa compreendem que a empresa possui ações relacionadas à transposição do conhecimento entre os colaboradores, e também possui a habilidade para utilizar o conhecimento existente e assimilar novas tecnologias e inovações. Se somarmos o percentual de respostas que concordam e que concordam totalmente obtém-se um percentual de 82,7% de gestores que percebem que a empresa desenvolve ações relacionadas à capacidade de adquirir e assimilar conhecimentos. Pois, a capacidade absortiva potencial subdivide-se em aquisição e assimilação, consoante exposto por Zahra e George (2002). Tabela 16 – Estatística descritiva dimensão capacidade absortiva potencial Escala Frequência Porcentual Porcentagem acumulativa Válido 1,00 1 1,0 1,0 2,00 1 1,0 1,9 3,00 16 15,4 17,3 4,00 68 65,4 82,7 5,00 18 17,3 100,0 104 100,0 Total Fonte: dados da pesquisa (2013). Conforme Zahra e George (2002), a aquisição é a habilidade da empresa de localizar, identificar, valorizar e adquirir conhecimento externo. E a assimilação são os 105 processos e rotinas que permitem que a nova informação ou conhecimento adquirido seja analisado, processado, interpretado, entendido, internalizado e classificado. Dessa forma, observa-se que os diretores possuem uma percepção mais aprofundada em relação à capacidade absortiva potencial, onde se verificam muitos pontos de melhoria, por exemplo, em relação à habilidade de utilizar conhecimento existente, conforme trechos dos entrevistados. Temos um espaço muito grande e temos gente muito boa com competências que ainda não conhecemos e poderiam ser mais bem aproveitados pela companhia. Precisamos construir um ambiente que propicie a troca do conhecimento, e também tem o caminho inverso que nós temos capacidades muito boas dentro da companhia e poderíamos ajudar mais a sociedade, a comunidade, melhorando a gestão pública, fazendo parte das entidades, nós temos pessoas muito qualificadas. (E1) (informação verbal). A gente está caminhando neste aspecto este ano tivemos uma missão de gerentes visitando empresas na Europa e EUA, estamos sempre atentos ao que as melhores empresas do Brasil estão fazendo, mas acho que tem espaço grande neste aspecto. Este é um ponto que temos que avançar, tem muito espaço para termos processos de benchmarking mais estruturado visitas no exterior, pois o fato de você ir visitar algumas empresas você melhora o olhar e vê algumas coisas que você não desenvolve e você pode trazer para cá rapidamente. De uma forma mais estruturada temos feito isso de alguns anos pra cá. (E3) (informação verbal). Nesta análise da dimensão capacidade absortiva potencial, observa-se nas entrevistas as categorias relacionadas com a literatura: utilização do conhecimento existente, monitoramento de oportunidade e tendências no setor, busca por informações do setor, assimilação de novas tecnologias, vinculação do conhecimento à experiência de outras empresas. Em relação à dimensão capacidade absortiva realizada, preocupa-se com a transformação e aplicação do que foi previamente adquirido, proporcionando uma vantagem competitiva a ser desenvolvida em curto ou em médio prazo, conforme proposto por Zahra e George (2002). Na etapa de transformação acontece o refinamento do conhecimento externamente adquirido para adequá-lo às rotinas internas, de modo a facilitar a transferência e a combinação de conhecimento prévio com o novo conhecimento adquirido ou assimilado. E na aplicação desenvolvem-se novas rotinas e processos onde se constroem novas operações, conhecimentos, competências, bens e produtos. Na análise das respostas em relação à capacidade absortiva realizada, verifica-se uma percepção favorável de um número maior de gestores: onde 65,4% 106 concordam que a empresa desenvolve ações de promover a capacidade absortiva realizada, e 22,1% concordam totalmente. Se somarmos os dois valores obtemos um percentual de 87,5%, conforme Tabela 17. Na capacidade absortiva realizada observam-se práticas relacionadas à adaptação; tecnologias criadas por outros, para as necessidades da empresa; utilização das tecnologias de informação, a fim de melhorar o fluxo de informações; desenvolvimento de habilidade para aplicar conhecimentos existentes na criação de novos conhecimentos; e habilidades para integrar as diversas opiniões dos stakeholders. Tabela 17 – Estatística descritiva dimensão capacidade absortiva realizada Escala Frequência 2,00 3,00 Válido 4,00 5,00 Total Fonte: dados da pesquisa (2013). 3 10 68 23 104 Porcentual Porcentagem acumulativa 2,9 9,6 65,4 22,1 100,0 2,9 12,5 77,9 100,0 Na percepção dos diretores a empresa ainda precisa avançar no desenvolvimento da capacidade absortiva realizada, pois esta é capaz de proporcionar a aplicação dos conhecimentos adquiridos externamente dentro da organização. Observa-se isso pela percepção do diretor ao analisar o processo de transformação do conhecimento dentro da organização. Vejo isso como um desafio e não conheço nenhuma organização que tenha conseguido isso, vejo muito treinamento onde a participação é individual do colaborador, acho importante no caso de treinamentos individuais isso seja repassado aos demais colaboradores em forma de mini treinamento ou reuniões. Isso tem que acontecer de forma sistemática o colaborador retornou do treinamento a primeira coisa que ele vai fazer é esta disseminação, sentar com a equipe ou interessados e repassar o que ele aprendeu, isto é muito mais efetivo que um relatório. No caso de treinamento o mais produtivo seria o treinamento in company, que difunde muito mais o conhecimento, além de ser uma prática muito mais rica, pois permite o intercâmbio de experiências entre os colaboradores. (E4) (informação verbal). Em relação ao desenvolvimento da capacidade de aplicação de novos conhecimentos, os diretores percebem que a organização está desenvolvendo esta capacidade no seu dia a dia. 107 Temos desenvolvido a habilidade para aplicar conhecimentos, as pessoas tem mudado, a tecnologia também, tem coisas novas vindo e sendo desenvolvidas sobre as estruturadas que já temos. Percebo que fazemos isso no nosso dia a dia, é um desafio e estamos evoluindo é a capacidade de estar aberto à mudança. (E1) (informação verbal). Na análise do constructo capacidade absortiva e suas dimensões, verifica-se por meio das respostas dos gestores e dos diretores, que o nível tático possui a percepção de que a empresa desenvolve todas as características relacionadas ao desenvolvimento desta capacidade. Contudo, o nível estratégico percebe que a empresa ainda precisa desenvolver mais apuradamente esta capacidade, pois a organização apresenta poucas práticas de gestão direcionadas para o desenvolvimento da capacidade absortiva. O que se observa pelas respostas dos diretores é que existem ações isoladas que surtem efeito no processo de gestão da organização, porém que este processo está em constante aprimoramento. Após a análise das entrevistas verificou-se que as categorias identificadas em relação à capacidade absortiva realizada são: uso do conhecimento adquirido de fontes externas, integração de novas ideias aos conhecimentos existentes e disseminação de novos conhecimentos. A terceira etapa das entrevistas focou na análise do processo de inovação dentro da empresa. Buscou-se compreender como os diretores percebem o processo de inovação. Para compreender o processo de inovação na empresa, adotou-se como conceito a proposta de Tidd, Besant e Pavitt (2005), os quais conceituam inovação como um processo de transformar oportunidades em novas ideias, colocando-as amplamente em prática. Sob este conceito inovação foi abordada na pesquisa sobre a perspectiva de quatro tipologias, propostas pelo Manual de Oslo (2012), inovações de produto, inovações de processo, inovações organizacionais e inovações de marketing. Na análise das respostas dos gestores do nível tático observa-se que 48,1% concordam que a empresa desenvolve inovações relacionadas a produto, processos organizacionais e marketing. Porém, 34,6% dos gestores responderam a opção concordo parcialmente como resposta, conforme Tabela 18. Infere-se que os gestores podem não possuir muitas informações sobre o processo de inovação da empresa o que pode ter influenciado nas respostas das 108 questões, visto que as ações direcionadas para inovação ainda são recentes dentro da empresa, e é um processo que está em desenvolvimento e aprimoramento. Tabela 18 – Estatística descritiva constructo inovação Escala Válido Frequência Porcentual Porcentagem acumulativa 1,00 2,00 4 6 3,8 5,8 3,8 9,6 3,00 36 34,6 44,2 4,00 50 48,1 92,3 5,00 8 7,7 100,0 104 100,0 Total Fonte: dados da pesquisa (2013). Com base nas respostas dos diretores percebe-se que a empresa está se desenvolvendo em todos os tipos de inovação, em alguns de forma mais rápida e em outros de forma mais conservadora, sempre com ações baseadas no planejamento estratégico da empresa. No que se refere à inovação de marketing ela engloba a implementação de novos métodos na área de marketing ou comercialização. Segundo o Entrevistado 3 a empresa não desenvolve inovações nesta área em razão do mercado ser muito tradicional e das formas de comercialização serem padronizadas. Contudo, a empresa buscou inovar de forma diferente, não relacionado à forma de comercialização ou divulgação, mas à construção de relacionamento com o cliente. Não temos grandes inovações de posição (marketing) porque o mercado é muito tradicional, não tem muitos canais, o canal é a venda direta. Acho que a inovação nossa foi de avançar no modelo de venda direta, estamos reduzindo os representantes comerciais, porque nós acreditamos muito na relação direta com cliente sem intermediários. Eu acho que a inovação está mais no conteúdo do que na forma, acho que temos algumas posturas que não são tão comuns no mercado, nós somos ágeis, transparentes, éticos em todas as circunstâncias de forma alguma aceitamos algumas posturas inadequadas do ponto de vista ético, nós não falamos mal do concorrente nunca, quando o concorrente é citado nós falamos bem. Então são uma série de coisas, alguns credos que nós temos na área comercial que não é inovação, mas que ao longo do tempo ela provoca um processo de transformação muito grande na percepção da empresa no mercado. (E3) (informação verbal). Neste aspecto a Irani está à frente dos concorrentes com o trabalho do foco do cliente a empresa tem um diferencial na forma de atuar com cliente, vendemos não só o produto, mas os serviços, atendimento, prazos de entrega, muitas vezes propostos desenvolvimentos aos clientes que eles não demandam isso é um diferencial da Irani. (E4) (informação verbal). 109 Na inovação de marketing ficou evidente nas entrevistas somente a categoria de inovação na comercialização e distribuição. A inovação de produto é a introdução de um bem ou serviço novo, ou o melhoramento de suas características ou usos previstos. Dentro da empresa este tipo de inovação é mais difícil de perceber, pois o mercado de papel e embalagem é muito estável, conservador, que não demanda de inovações de produtos para se manter competitivo, conforme mencionam os diretores. Inovamos menos em produto, mais em processo estamos aprendendo. Isso não é tão dinâmico um pouco pelo setor e um pouco pela nossa maturidade nisto. (E2) (informação verbal). Assim estamos em um mercado muito conservador e tradicional, onde as inovações de produto não são tão simples, elas requerem custos altos e investimentos em equipamentos de alto valor financeiro. Então a inovação em produtos é muito mais lenta e relativamente pequena, o que existe são ajustes de especificações para atender novas demandas, o lançamento de um produto que já produzimos se aproveitando do momento do mercado como foi o caso do papel bagkraft, mas não tem tantas oportunidades de inovação neste setor. E acho que a gente caminha mais o menos de acordo com o mercado, na questão de produtos não temos tantas condições de inovar. Na embalagem talvez tenhamos mais possibilidades, na área de projetos, impressões, ainda assim é relativamente limitado. (E3) (informação verbal). Quanto às categorias identificadas na dimensão inovação de produto, verificase a existência de Melhorias nos produtos existentes. A inovação de processo corresponde a métodos de produção ou abastecimento novos ou significativamente melhorados, que visem reduzir custos unitários ou aumentar a qualidade do produto. Nesta dimensão da inovação percebese que a empresa possui algumas ações mais concretas, conforme relato dos diretores. Estamos sempre buscando melhorias tecnológicas, este têm sido o foco da empresa devido à necessidade de aumentar a produtividade e eficiência, isso só vem com mudanças tecnológicas e investimentos. (E1) (informação verbal). Acho que temos mais oportunidades em processos, mas estamos ainda nos desenvolvendo nisso. Estamos no meio do caminho, porque estamos sempre buscando mudanças tecnológicas para aprimorar nossos processos. (E2) (informação verbal). Estamos buscando isso, em diretoria temos discutido muito isso, nós vemos isso acontecendo na empresa. Estamos crescendo 10% ao ano isso devido ao aumento de produtividade e melhorias nos processos. Temos um processo de mudança constante dentro da empresa, estamos atentos às 110 mudanças tecnológicas no mercado e estamos crescendo a nível maior que nossos concorrentes com resultados melhores. (E4) (informação verbal). Ao analisarmos a dimensão inovação de processo verifica-se que as categorias encontradas são: melhorias nos processos, aplicação de novos métodos de produção e utilização de novas tecnologias na produção. A última dimensão da inovação pesquisada foi a inovação organizacional, onde se faz uso de novos métodos organizacionais nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas da organização. Neste contexto observa-se por meio das entrevistas que a empresa tem avançado significativamente nos últimos anos. Acho que estamos em um caminho muito interessante, com a área de inovação estruturada, buscamos verificar o que há de estímulo à inovação e aplicarmos na companhia, nós temos o dilema que as coisas são sempre muito burocráticas, mas mesmo assim temos aproveitado a Lei do Bem, temos buscado financiamento junto ao FINEP, temos andado bem neste sentido. No Brasil não vejo benchmarking no setor, acho que nós somos benchmarking, somos referência devido às práticas que temos com base no planejamento estratégico, inovação está no nosso mapa estratégico como um dos indicadores. (E1) (informação verbal). O modelo de gestão da Irani é um dos mais inovadores que conheço, para mim é benchmarking no setor, fruto do planejamento estratégico. Não sei se podemos dizer que somos pioneiros em inovação, pois o setor de papel e embalagem é um setor conservador, mas estamos da mediana para cima o caminho está correto, a velocidade talvez pudesse ser maior, mas estamos estruturados para melhorar. (E4) (informação verbal). Na análise da última dimensão da inovação, a organizacional, evidenciou-se na pesquisa as categorias relacionadas a melhorias nas práticas de gestão, cultura para inovação e comportamento empreendedor. Com base na percepção dos diretores percebe-se que a empresa está estruturada para inovação e que este processo é recente e ainda não apresenta frutos muito concretos. Todavia, em relação ao mercado e aos concorrentes a empresa apresenta-se como pioneira, conforme mencionado pelo Entrevistado 3. Na inovação estamos à frente do setor, por termos uma estrutura dedicada, uma área de pesquisa corporativa, trabalhamos com a questão da Lei do Bem, estamos com portfólio de projetos em aprovação no FINEP. Acho que estamos organizados para a inovação esse talvez seja o ponto que não é fácil chegar, porque você não pode inovar sem ter um programa de ideias funcionando e rodando, sem ter o entendimento da Lei do Bem e dos incentivos que existem, sem ter uma estrutura de pesquisa, tudo isso é fundamental para ter o processo de inovação dentro da empresa. Então neste aspecto estamos organizados, mas a inovação ainda não esta 111 aparecendo como um traço organizacional, agora se falássemos 10 anos atrás a Irani não inovava nada, hoje a Irani é uma empresa que é percebida como inovadora no setor, inovadora em gestão, uma empresa destemida. Se perguntarem quais são as empresas mais inovadoras do setor muito provavelmente a Irani vai ser citada, mesmo que a gente não perceba ações claras, mas os movimentos da empresa vão nesse sentido. O setor percebe que a Irani é inovadora, isso acontece há alguns anos e a gente percebe sinais, quando a gente ouve pessoas do setor falando, reportagens em revistas, prêmios recebidos, no fundo tudo isso é produto do processo de crescimento e desenvolvimento da empresa nos últimos anos. Acredito que somos pioneiro em ter a orientação para inovação no setor estamos avançando e começando a ser percebidos, porém os frutos ainda são pequenos. (E3) (informação verbal). Dessa forma, por meio das entrevistas com os diretores e da análise das respostas dos gestores (gerentes, coordenadores e supervisores) percebe-se que a empresa pesquisada possui ações relacionadas ao desenvolvimento do capital intelectual, da capacidade absortiva e da inovação. Evidentemente que as ações direcionadas ao capital intelectual estão estruturadas há mais tempo dentro da empresa e, consequentemente, possuem frutos mais visíveis. O processo de desenvolvimento da capacidade absortiva ainda é novo para a empresa, sendo desenvolvido por meio de ações isoladas, que trazem frutos junto ao desenvolvimento do capital intelectual e até mesmo da inovação. Porém, ainda não existem ações concretas e direcionadas. Infere-se que isso ocorra por não ser o foco da organização no atual momento. No contexto de inovação a empresa possui ações estruturadas e planejadas. Apesar deste processo ter se desenvolvido somente a partir de 2010, existe uma estrutura direcionada para o desenvolvimento de inovações e melhorias organizacionais. Estas ações fazem com que a empresa se diferencie no mercado por ser pioneira no desenvolvimento de uma estrutura organizada para inovação. 4.6 ANÁLISE DO CASO A presente pesquisa buscou compreender se o capital intelectual pode ser propulsor da inovação quando administrado estrategicamente. Dentro deste contexto abordou-se como pressuposto que a capacidade absortiva seria um elo para o desenvolvimento do capital intelectual e da inovação. O caso estudado apresenta como características o fato de ser uma empresa que está no mercado há 72 anos, tem um histórico de administrações industriais e 112 tradicionais e atua em um setor estável. Contudo, nos últimos dez anos têm desenvolvido uma administração preocupada primeiramente com o desenvolvimento do seu capital intelectual (principalmente capital humano e relacional) e mais recentemente preocupada com a inovação. A empresa possui a inovação como uma das premissas que fazem parte de seus valores e do seu planejamento estratégico, o que direcionou ações dentro da empresa que promovem a pesquisa, o desenvolvimento e a busca pela inovação de diferentes formas. Com este posicionamento no mercado a empresa tornou-se uma das pioneiras no seu setor a possuir uma estrutura organizada para inovação. Assim, com base nos dados coletados e analisados quantitativamente e qualitativamente, observa-se claramente que a empresa desenvolve uma administração preocupada com o desenvolvimento do seu capital intelectual. No entanto, observa-se que a empresa possui ações mais estruturadas em algumas das dimensões do capital intelectual do que em outras. Com base na pesquisa realizada e à luz da teoria, foram evidenciadas algumas práticas organizacionais que proporcionam à empresa pesquisa a construção de um diferencial competitivo em relação aos seus concorrentes. Estas práticas forma identificadas por meio das variáveis da pesquisa quantitativa que possuíam maior nível de concordância entre os respondentes, e também foram identificadas nas entrevistas realizadas na etapa qualitativa. Na análise do capital humano observam-se algumas práticas que a organização desenvolve, como: estímulo à criatividade, desenvolvimento do nível de escolaridade dos colaboradores, desenvolvimento de competências que a empresa julga importantes para o seu crescimento e ambiente propício para promoção de inovação nas tarefas por parte dos colaboradores. Observa-se que o desenvolvimento do capital humano por meio da capacitação dos colaboradores e a promoção de um ambiente voltado para gestão participativa podem influenciar na inovação. Na dimensão do capital estrutural as práticas que a organização adota são: implantação de programas de sugestões, melhorias estruturais de tecnologias e mecanismos de controles de desperdícios. Compreende-se que se torna necessário que a organização desenvolva seu capital estrutural, para que este apoie o capital humano e relacional, fortalecendo-os. 113 Na análise do capital relacional verifica-se que a empresa se preocupa muito com seus clientes, e suas ações estão em sua maioria direcionadas para a construção de relações de valor com os mesmos. Observa-se que as práticas direcionadas ao capital relacional são: busca por novos clientes, clientes satisfeitos, construção de uma relação estável com os clientes, e reputação da empresa junto a todos seus stakeholders. Verifica-se que o capital relacional também ficou muito evidente na fala dos diretores durante as entrevistas e que este tem sido o foco da empresa nos últimos anos, inclusive com equipes comerciais e de pesquisa e desenvolvimento focadas no atendimento ao cliente. A construção de relações com todos os parceiros da empresa também pode ser um facilitador na promoção da inovação, e observa-se que a empresa tem buscado por meio de visitas e outras ações realizar melhorias em seus produtos para melhor atender seu cliente. Na análise do constructo capacidade absortiva, observou-se na coleta de dados onde participaram o nível tático (gerentes, coordenadores, supervisores) que os mesmos percebem que a organização desenvolve poucas ações relacionais da capacidade absortiva potencial, apresentando algumas práticas, como: assimilação de novas tecnologias, utilização do conhecimento existente internamente e utilização de benchmarking para compreender o desenvolvimento e tecnologias de outras empresas. Observa-se que estas práticas estão relacionadas à assimilação dentro da dimensão de capacidade absortiva potencial. No entanto, na análise dos dados relacionados ao nível estratégico (diretores) observou-se uma forte tendência à percepção de que a empresa desenvolve tanto a assimilação quanto a aquisição na dimensão de capacidade absortiva potencial. Da mesma forma, na dimensão capacidade absortiva realizada, os gestores do nível tático compreendem que a empresa possui a capacidade de aplicação e transformação, por meio das práticas: adaptação a tecnologias para as necessidades da empresa, respostas rápidas às mudanças externas ou internas, aplicação de conhecimentos técnicos, e capacidade de colocar conhecimento em patentes. No entanto, na percepção do nível estratégico observou-se uma concordância em relação a estes quesitos, porém um nível e criticidade maior, onde se ressaltou que a empresa ainda tem oportunidades para desenvolver a sua capacidade absortiva nas práticas organizacionais. Observa-se, quando se fala de inovação com o nível estratégico, que a empresa caminha timidamente neste ambiente e está buscando aprimorar-se, por 114 meio de práticas que venham a proporcionar maiores resultados para a empresa. Dessa forma, as práticas que a empresa desenvolve direcionadas para inovação são: novos produtos, melhorias nos produtos existentes, aplicação de ideias nas melhorias dos produtos, melhorias nos métodos de produção, utilização de novas tecnologias, cultura direcionada para inovação, desenvolvimento do comportamento intraempreeendedor. Neste contexto, infere-se que se a empresa construísse diferentes ações direcionadas para o desenvolvimento de sua capacidade absortiva, o processo de inovação poderia ocorrer de forma mais assertiva e rápida, uma vez que a empresa estaria aplicando as competências e capacidades que já possui, direcionando seus esforços para um único objetivo. Observou-se uma relação positiva entre o capital intelectual, capacidade absortiva e inovação, o que nos possibilita inferir que em razão do fato de a empresa possuir mecanismos de administração participativa, incentivos aos colaboradores e desenvolvimento de suas relações com seus stakeholders, ela desenvolve a capacidade absortiva, potencializando sua capacidade de externalizar o conhecimento adquirido por meio de inovações que propiciem resultados para a organização. Assim, verificou-se por meio dos dados quantitativos e qualitativos como ocorre a relação entre o capital intelectual, capacidade absortiva e inovação, a partir da proposta do Framework para este caso estudado. Observa-se que a empresa faz uso do desenvolvimento dos seus colaboradores e de suas relações com seus stakeholders para buscar construir um ambiente propício para inovação e buscar nestas melhorias a serem realizadas em produtos, processos, comercialização e/ou até mesmo em seu ambiente organizacional. 115 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa teve por objetivo analisar como o capital intelectual pode ser desenvolvido por meio da capacidade absortiva e potencializar a inovação em uma empresa do setor de Papel e Papelão Ondulado. A partir dos dados coletados, tanto por meio de entrevistas quanto questionários, e analisados verifica-se que na empresa estudada o capital intelectual torna-se um propulsor da inovação, e que a capacidade absortiva possui influência nesta relação. Dessa forma, para este estudo de caso o Framework proposto na pesquisa auxiliou para compreender a capacidade absortiva como propulsora da relação entre o capital intelectual e a inovação. Observa-se que a empresa pesquisada desenvolve práticas de administração do capital intelectual e que por meio destas práticas ela direciona os colaboradores e os seus stakeholders para a promoção de uma cultura de inovação. Pode-se citar como práticas observadas em relação ao capital intelectual: estímulo à criatividade, desenvolvimento do nível de escolaridade dos colaboradores, desenvolvimento de competências, ambiente propício para promoção de inovação nas tarefas, implantação de programas de sugestões, melhorias estruturais baseadas em tecnologias, mecanismos de controle de desperdício, busca por novos clientes, clientes satisfeitos, construção de uma relação estável com os clientes, e reputação da empresa. Assim, cumprindo com o primeiro objetivo específico observou-se a relação entre o capital intelectual e a inovação, por meio dos dados estatísticos verificou-se um de 4,943 representando a relação entre os constructos, pois valores acima de 1,96 são considerados significantes (HAIR et al., 2005). Por meio das entrevistas com os diretores também se confirmou a relação proposta, pois se percebe que a empresa possui práticas direcionadas para o desenvolvimento do capital intelectual e inovação, a evidenciação destas práticas compreende o segundo objetivo da pesquisa. Desse modo, cumprindo com o segundo objetivo buscou-se demonstrar as práticas adotadas na administração do capital intelectual que podem contribuir para a inovação. Podem-se apontar com base nos dados quantitativos (variáveis) e qualitativos, as seguintes práticas: o estímulo à criatividade; desenvolvimento do nível de escolaridade; desenvolvimento de competências nos colaboradores; 116 ambiente propício para promoção de inovação nas tarefas; implantação de programas de sugestões; melhorias estruturais relacionadas à tecnologia; mecanismos de controle de desperdícios; a busca por novos clientes e por manter os atuais clientes satisfeitos; a construção de uma relação estável com clientes; e a busca pela reputação da empresa junto a todos seus stakeholders. Verificou-se que estas práticas propiciaram para a empresa a construção de uma cultura voltada à inovação, com a participação dos colaboradores e stakeholders. Como terceiro objetivo específico da pesquisa buscou-se verificar a relação entre o capital intelectual e a capacidade absortiva. Analisando quantitativamente observou-se uma relação positiva entre os constructos com um de 7,022, pois valores acima de 1,96 são considerados significantes (HAIR et al., 2005). A relação entre os constructos capital intelectual e capacidade absortiva foi a que apresentou relação de causa mais significativa na etapa quantitativa da pesquisa. O quarto objetivo buscou compreender o potencial de capacidade absortiva da organização em estudo. Dessa maneira, observa-se que a empresa pesquisada possui práticas direcionadas para o desenvolvimento da capacidade absortiva, no entanto, infere-se que estas práticas estão direcionadas à capacidade absortiva potencial, onde se observam apenas algumas ações que se direcionam para a capacidade absortiva realizada. Como práticas relacionadas à capacidade absortiva pode-se citar: assimilação de novas tecnologias, a capacidade de utilizar o conhecimento existente internamente em seus colaboradores, a utilização de benchmarking para compreender o desenvolvimento das tecnologias utilizadas por outras empresas, a capacidade de adaptar tecnologias para atender às necessidades da empresa, de possuir respostas rápidas às mudanças externas ou internas, de aplicação de conhecimentos técnicos e desenvolvimento de patentes. Por meio destas práticas percebe-se que a empresa trabalha com o desenvolvimento do seu capital intelectual, buscando assimilar conhecimentos e técnicas que são externas à empresa. Sob este contexto, o quinto e último objetivo buscou identificar a ocorrência da relação entre capacidade absortiva e inovação. Observou-se estatisticamente a relação positiva, pois se encontrou um de 4,052, no qual valores acima de 1,96 são considerados significantes (HAIR et al., 2005). Nas entrevistas observou-se que os diretores não percebem que a organização possua esta capacidade plenamente desenvolvida, eles relatam a necessidade de serem criadas práticas que 117 proporcionem o registro e aplicação de conhecimentos adquiridos externamente e que os mesmos possam ser mais bem aproveitados internamente, inclusive desenvolvendo inovações. A pesquisa ainda evidenciou nas etapas usando técnicas quantitativa e qualitativa, algumas práticas organizacionais que a empresa desenvolve para promoção da inovação, onde se verifica: desenvolvimento de novos produtos, melhorias nos produtos existentes, aplicação de ideias nas melhorias dos produtos, melhorias nos métodos de produção, utilização de novas tecnologias, cultura direcionada para inovação e desenvolvimento do comportamento intraempreeendedor. Sendo assim, a pesquisa apresentava como pressuposto que a capacidade absortiva pudesse ser um propulsor da inovação, o qual se observou por meio das duas etapas da pesquisa: quantitativa e qualitativa para o caso estudado. Verificouse que o capital intelectual é propulsor da inovação e possui forte relação com a capacidade absortiva, assim como se observou a relação entre capacidade absortiva e inovação. Infere-se sobre este contexto que como a organização possui práticas de desenvolvimento do capital estrutural, e uma estrutura organizada para inovação, possibilita-se a relação entre os três constructos pesquisados: capital intelectual, capacidade absortiva e inovação, confirmando o Framework proposto para o caso estudado. Verifica-se com base nas variáveis quantitativas e nos dados qualitativos, que o capital intelectual pode ser desenvolvido por meio da capacidade absortiva e potencializar a inovação. As práticas evidenciadas nas variáveis da pesquisa que estão relacionadas ao desenvolvimento da capacidade absortiva e que podem promover o capital intelectual e potencializar a inovação são: assimilação de novas tecnologias, a capacidade de utilizar o conhecimento existente internamente em seus colaboradores, realização de benchmarking, aplicação de conhecimentos técnicos e desenvolvimento de patentes. Dessa forma, sugere-se que organizações que promovam práticas de desenvolvimento da capacidade absortiva podem potencializar o capital intelectual e criar um ambiente propício para inovação. 118 5.1 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES DE FUTURAS PESQUISAS Pode-se mencionar a limitação em relação ao tamanho da amostra para aplicação de técnicas quantitativas, já que não se alcançou o mínimo de cinco respondentes por variáveis, pois a população total da pesquisa era inferior ao necessário, sendo este um dos fatores para a escolha da técnica do PLS para análise dos dados. Menciona-se como uma segunda limitação o fato de o modelo apresentado ser aplicável somente à realidade da organização estudada, visto que se tratava de um estudo de caso único. Como terceira limitação considera-se a pesquisa transversal em determinado momento, o qual pode ter outras influências relativas ao contexto organizacional corrente. A continuidade da investigação em diferentes momentos poderia permitir uma análise diferenciada a partir da percepção dos respondentes. Como sugestões de pesquisas futuras, sugere-se a aplicação do modelo proposto a uma amostra maior, como, por exemplo, de nível estadual ou até mesmo nacional, buscando compreender se empresas de setores estáveis, que não demandam inovações, possuem ações estratégicas direcionadas para o desenvolvimento do capital intelectual e da inovação. Sugere-se a replicação deste instrumento de pesquisa em uma amostra de setores mais dinâmicos e intensos em inovação, pois se acredita que ambientes dinâmicos exigem das empresas uma maior capacidade absortiva, sendo esta uma condição necessária para o desenvolvimento de inovações e respostas rápidas ao mercado competitivo. Outra sugestão é que estudos futuros pesquisem outras ações estratégicas relacionadas à administração do capital intelectual e da inovação. Como, por exemplo, pode-se pesquisar o relacionamento com resiliência organizacional, ou capacidades estratégicas. Sugere-se também que as práticas organizacionais evidenciadas na pesquisa sejam frutos de futuras pesquisas, buscando compreender a relação entre as práticas de gestão e a promoção da inovação. 119 REFERÊNCIAS AAKER, D. A. Building Strong Brands. New York: The Free Press, 1996. AAKER, D. A. Managing Brand Equity. New York: The Free Press, 1991. ABRANCHES, R. S.; DAMACENO, K. F. 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DIMENSÃO BASE CONCEITUAL AUTORES ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA ESCALA DE LIKERT 5 PONTOS CH1 Os colaboradores participam das decisões da empresa CH2 Colaboradores são estimulados a serem sempre criativos e terem iniciativa CH3 É elevado o nível de escolaridade/graduação dos colaboradores CH4 A empresa investe a longo prazo em seus colaboradores CH5 Os colaboradores estão comprometidos com a empresa CH6 Todos os colaboradores são capacitados para desenvolver suas funções CH7 Você considera que os custos com treinamento são adequados CH8 E as competências dos colaboradores permitem os mesmos inovarem em suas tarefas CH9 Há perdas se algum colaborador importante sair da empresa CE1 Existe crescimento do investimento em novos métodos e sistemas CE2 Sugestões dos colaboradores são implementadas quando pertinentes CE3 Existe melhoria nas capacidades técnicas dos processos de produção CE4 As perdas e desperdícios têm sido reduzidos Capital Humano Capital Humano considera-se como o conhecimento intrínseco nas pessoas, estando relacionado à capacidade, habilidade, experiência, criatividade e inovação dos empregados. Kaplan e Norton (1996); Edvinsson e Malone (1998); Stewart (1998); Abranches e Damaceno (2005); Ienciu e Matis (2011); Lima e Antunes (2011), Gracioli et al (2012) Qual sua avaliação sobre os programas de capacitação que a organização desenvolve e aplica aos colaboradores? Você considera que os colaboradores estão sempre buscando novos conhecimentos para implementar na empresa? Em relação à retenção dos colaboradores, você considera que a empresa está investindo suficientemente em seus colaboradores visando o longo prazo? Capital Estrutural Capital estrutural é a transformação do conhecimento dos colaboradores em um ativo da organização, ou seja, é a estrutura disponibilizada para Saint-Onge (1996); Brooking (1996); Roos et al. (1997); Edvinsson e Malone (1998); Stewart (1998); Schmidt e Quanto ao número de colaboradores trabalhando em pesquisa e desenvolvimento você considera suficiente? Em sua percepção os colaboradores participam das decisões da empresa? Capital Intelectual 136 o compartilhamento do conhecimento. Capital Relacional Capital relacional abrange o cliente, o parceiro e a comunidade. Os parceiros são: as alianças estratégicas, relações colaborativas, joint ventures, e associações de indústria, parcerias com universidades. Santos (2002); Carson et al. 2004); Swart (2006); Ienciu e Matis (2011); Lima e Antunes (2011), Gracioli et al (2012) Botins (1998); Edvinsson e Malone (1998);Stewart (1998); Knight (1999); Swart (2006); Ienciu e Matis (2011); Lima e Antunes (2011), Gracioli et al (2012) Você considera que os seus colaboradores sempre são incentivados ao uso da criatividade e iniciativa? A capacidade individual dos colaboradores permite a combinação de conhecimentos e habilidades para inovar e realizar suas tarefas? A organização oferece estruturas que estímula a troca de conhecimentos entre colaboradores? Você considera que a organização desenvolve mecanismos que registrem o conhecimento dos colaboradores? Você considera que tem crescido significativamente a forma como a empresa atrai ou conquista novos clientes ou negócios? Como a organização desenvolve suas relações com seus clientes? Você considera que a marca da empresa é bem conhecida e conceituada no mercado? Em sua percepção a empresa tem um forte relacionamento de parceria com fornecedores e clientes? CE5 Existe a diminuição das reclamações de clientes CE6 Tempo gasto em pesquisa e desenvolvimento e a equipe de P&D tem aumentado CE7 As idéias criativas são repassadas a todos CE8 Sistemas de informação repassam as informações a todos na empresa CE9 Informações obtidas dos clientes são sempre comunicadas a todos CR1 Tem crescido o número novos clientes e novos negócios CR2 Clientes estão completamente satisfeitos com a empresa CR3 As vendas têm aumentado significativamente CR4 Satisfação dos clientes em relação a preço, qualidade e prazos tem sido adequada CR5 A empresa tem uma ótima reputação e parceria com clientes e fornecedores CR6 A empresa identifica as necessidades dos clientes 137 Quadro 13 – Constructo Capacidade Absortiva Objetivo Geral: Analisar como o capital intelectual pode ser propulsor da inovação em uma empresa do setor de Papel e Papelão Ondulado. OBJETIVO ESPECÍFICO TEMA TEÓRICO c) Verificar a relação entre o capital intelectual e a capacidade absortiva. d) Compreender o potencial de capacidade absortiva da organização em estudo. e) Identificar a ocorrência da relação da capacidade absortiva com a inovação. DIMENSÃO BASE CONCEITUAL Aquisição É a habilidade da organização de localizar, identificar, valorizar e adquirir conhecimento externo. AUTORES Cohen e Levinthal (1990); Zahra e George (2002); Lane, Koka e Pathak (2006), Camisón e Forés (2010) ROTEIRO DE ENTREVISTA (06 questões) A organização estimula a transposição do conhecimento entre os colaboradores? A organização possui habilidade para utilizar o conhecimento já existente? Capacidade Absortiva Potencial Assimilação São os processos e rotinas que permitem que a nova informação ou conhecimento adquirido seja analisado, processado, interpretado, entendido, internalizado e classificado. Cohen e Levinthal (1990); Zahra e George (2002); Lane, Koka e Pathak (2006); Torodova e Durisin (2007), Camisón e Forés (2010) A organização possui habilidade para reconhecer o valor de uma nova informação ou de um novo conhecimento? A organização possui a habilidade para vincular seu conhecimento à experiência de outras empresas? ESCALA DE LIKERT 5 PONTOS (13 uestões) CAP1 – A empresa tem capacidade de captar informação e conhecimento relevante, contínuo e atualizado sobre os concorrentes atuais e potenciais. CAP2 - Grau de orientação para a gestão esperando para ver o que acontece, em vez de preocupação e orientação para monitorar o ambiente e acompanhar as tendências de forma contínua e descobrir novas oportunidades a serem exploradas de forma proativa. CAP3 - Freqüência e importância da cooperação com as organizações de P&D - universidades, escolas de negócios, institutos tecnológicos, etc. Como um membro ou patrocinador da criação de conhecimento e inovações. CAP4 Capacidade de assimilar novas tecnologias e inovações que são úteis ou têm potencial comprovado. CAP5 Capacidade de usar o nível de conhecimento, experiência e competências na interpretação e assimilação de novos conhecimentos dos funcionários. CAP6 Capacidade para desenvolver programas de gestão do conhecimento, garantindo a capacidade da empresa para entender e analisar cuidadosamente conhecimento e tecnologia de outras organizações. 138 Transformação Capacidade Absortiva Realizada Aplicação Refere-se ao refinamento do conhecimento externamente adquirido para adequá-lo às rotinas internas, de modo a facilitar a transferência e a combinação de conhecimento prévio com o novo conhecimento adquirido ou assimilado. Rotinas e processos que criam novas operações, conhecimentos, competências, bens e produtos. Zahra e George (2002); Lane, Koka e Pathak (2006), Camisón e Forés (2010) A organização possui habilidade para integrar as diversas opiniões de seus colaboradores? A organização consegue internalizar as sugestões dos seus stakeholders? Zahra e George (2002). Camisón e Forés (2010) A organização possui habilidade para aplicar conhecimentos existentes na criação de novos conhecimentos? CAR1 Capacidade da empresa de utilizar das tecnologias de informação, a fim de melhorar o fluxo de informações, desenvolver a partilha efetiva de conhecimentos e fomentar comunicação entre os membros da empresa, incluindo reuniões virtuais entre os profissionais que estão fisicamente separados por meio de portais: Internet, e-mail, videoconferências, teleconferências. CAR 2 Grau em que empresa impede que todos os funcionários transmitem voluntariamente informação científica e tecnológica útil adquirido para o outro. CAR 3 Capacidade de adaptar tecnologias criadas por outros para as necessidades específicas da empresa. . CAR4 Capacidade da organização de utilizar e explorar novos conhecimentos no trabalho de responder rapidamente às mudanças do ambiente. CAR5 Grau de aplicação de conhecimentos e experiência adquirida nos campos tecnológicos e de negócios. CAR6 Capacidade de colocar o conhecimento tecnológico em patentes de produtos e processos. 139 Quadro 14 – Constructo de Capacidade de Inovação Objetivo Geral: Analisar como o capital intelectual pode ser propulsor da inovação em uma empresa do setor de Papel e Papelão Ondulado. OBJETIVO ESPECÍFICO a) Verificar a existência de relação entre o capital intelectual e a inovação para empresa Celulose Irani S.A. e) Identificar a ocorrência da relação da capacidade absortiva com a inovação. TEMA TEÓRICO BASE CONCEITUAL AUTORES ROTEIRO DE ENTREVISTA (11 questões) Engloba a implementação de novos métodos na área de marketing ou comercialização. Schumpeter (1934, 1997); Tidd, Bessant e Pavitt (2008); Manual de Oslo (2012), Stoeckicht (2012) A organização desenvolve formas inovadoras de comercialização ou distribuição de seus produtos junto aos clientes. Inovação de Produto É a introdução de um bem ou serviço novo ou o melhoramento de suas características ou usos previstos. Schumpeter (1934, 1997); Tidd, Bessant e Pavitt (2008); Manual de Oslo (2012), Stoeckicht (2012) Inovação de Processo Envolve métodos de produção ou abastecimento novos ou significativamente melhorados que visam reduzir custos unitários ou aumentar a qualidade do produto. DIMENSÃO Inovação de Marketing Inovação Schumpeter (1934, 1997); Tidd, Bessant e Pavitt (2008); Manual de Oslo (2012), Stoeckicht (2012) A organização possui a capacidade de desenvolver novos produtos que possam atender melhor o seu cliente. A organização possui a capacidade de oferecer melhorias em seus produtos oferecidos no mercado. A organização possui a habilidade de prever mudanças tecnológicas no seu setor. A organização desenvolve melhorias nos seus processos de produção. ESCALA DE LIKERT 5 PONTOS (11 questões) INOV1 A empresa utiliza recursos humanos, financeiros e tecnológicos de empresas parceiras para desenvolver o seu portfólio/carteira de projetos inovadores. INOV 2 São monitoradas as redes sociais usa as redes sociais formais e informais, como blogs, fóruns de discussão, twitter, facebook, orkut e outros meios para verificar e acompanhar o impacto gerado pelo lançamento de suas inovações. INOV3 A empresa desenvolve novos produtos. INOV4 A empresa desenvolve melhorias nos produtos existentes. INOV5 A empresa criou ou melhorou produtos com base em ideias de colaboradores, clientes ou fornecedores. INOV6 A empresa desenvolve novos métodos de produção. INOV7 A empresa melhora os seus atuais métodos de produção. INOV8 A empresa busca a aplicação de novas tecnologias em seus sistemas produção. 140 Inovação Organizacional Uso de novos métodos organizacionais nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas da organização. Schumpeter (1934, 1997); Tidd, Bessant e Pavitt (2008); Manual de Oslo (2012), Stoeckicht (2012) A organização desenvolve ações que visem melhorar suas práticas de gestão. A organização acompanha os editais de inovação, as linhas de financiamento e fomento à inovação de agências governamentais. A organização monitora o ambiente regulatório e utiliza os incentivos fiscais oferecidos pela Lei de Inovação, Lei do Bem. A organização conhece as principais estratégias de proteção e registro de Propriedade Industrial e Intelectual, e registra as inovações desenvolvidas como parte de sua estratégia de inovação. INOV9 São desenvolvidas as competências estratégicas para a inovação visando a sustentabilidade do negócio e vantagem competitiva futura. INOV10 Existe a promoção de uma cultura organizacional voltada para a inovação. INOV11 A empresa promove o comportamento empreendedor e inovador em suas diversas unidades / áreas / departamentos. 141 AUTORES Edvinsson e Malone (1998); Pacheco (2005); Ienciu e Matis (2011); Lima e Antunes (2011); Gracioli et al. (2012) Levinthal (1990); Zahra e George (2002); Lane, Koka e Pathak (2006); Camisón e Forés (2010); Flatten et al (2011) CONSTRUCTO Capital Intelectual Capacidade Absortiva CATEGORIAS UTILIZADAS NA PESQUISA CATEGORIAS APONTADAS NA DIMENSÕES LITERATURA Know-how Educação Qualificação vocacional Conhecimento relacionado ao trabalho Avaliações ocupacionais Capital Humano Avaliações psicométricas Competências relacionadas ao trabalho Ímpeto de empreendedorismo, inovatividade, capacitações proativas e reativas, mutabilidade Patentes Direitos autorais Direitos de projeto Segredos industriais Capital Estrutural Marcas registradas Filosofia gerencial Cultura corporativa Processos gerenciais Sistemas de informação Sistema de rede Acordos de franquias Clientes Fidelidade do cliente Nomes de companhias Capital Relacional Pedidos em carteira Canais de distribuição Colaborações comerciais Acordos de licenciamento Contratos favoráveis Identificação de informações ou conhecimentos valiosos Busca por informações do setor Capacidade de Monitoramento de oportunidade e Aquisição tendências no setor Incentivo aos colaboradores para obtenção de informações externas CATEGORIAS IDENTIFICADAS NA PESQUISA Educação Conhecimento relacionado ao trabalho Competências relacionadas ao trabalho Capacitações proativas e reativas Patentes Filosofia gerencial Cultura corporativa Processos gerenciais Sistemas de informação Sistema de rede Clientes Fidelidade do cliente Nomes de companhias Colaborações comerciais Contratos favoráveis Utilização do conhecimento existente Troca de conhecimentos internamente e externamente Monitoramento de oportunidade e tendências no setor Busca por informações do setor Cooperação com organizações de P&D 142 Colaboradores atuam com informações externas do setor Capacidade Assimilação de Capacidade de Transformação Schumpeter (1934, 1997); Tidd, Bessant e Pavitt (2008); Scherer e Carlomagno (2009); Manual de Oslo (2012); Stoeckicht (2012) Inovação Capacidade Aplicação de Inovação Marketing de Inovação Produto de Inovação Processo de Colaboração de diferentes setores na resolução de problemas Fluxo de informações contínuo entre colaboradores Compartilhamento de informações Uso do conhecimento adquirido de fontes externas Absorção de novos conhecimentos Integração de novas ideias aos conhecimentos existentes Aplicação de novos conhecimentos nas rotinas de trabalho Adequação de conhecimentos anteriores Gestão apoia novos desenvolvimentos Reconsidera tecnologias adaptando a novos conhecimentos Geração de novos negócios baseada em adaptação de novas tecnologias Utilização de informações ou conhecimentos externos para desenvolvimento novos produtos Mudança nos processos em decorrência de novos conhecimentos Habilidade de trabalhar mais efetivamente por meio da adoção de novas tecnologias Estratégia Relacionamentos Estratégia Estrutura Estrutura Processo Compartilhamento de informações Assimilação de novas tecnologias Vinculação do conhecimento a experiência de outras empresas Uso do conhecimento atual para interpretação de novos conhecimentos Desenvolvimento de programas de gestão do conhecimento Uso do conhecimento adquirido de fontes externas Integração de novas ideias aos conhecimentos existentes Disseminação de novos conhecimentos Aplicação de novos conhecimentos nas rotinas de trabalho Adaptação a novas tecnologias Gestão apoia novos desenvolvimentos Utilização de informações ou conhecimentos externos para desenvolvimento novos produtos Aplicação dos conhecimentos em patentes (inovações) Inovação na comercialização e distribuição Monitoramento do resultado de suas ações por meio de redes sociais Novos produtos Melhorias nos produtos existentes Melhorias nos processos Aplicação de novos métodos de produção Utilização de novas tecnologias na produção 143 Inovação Organizacional Liderança Cultura Pessoas Financiamento Melhorias nas práticas de gestão Cultura para inovação Comportamento empreendedor Acompanhamento de editais financiamentos para inovações Registro de patentes ou 144 APÊNDICE B – Instrumento de pesquisa Questionário Pesquisa Celulose Irani S.A - Capital Intelectual e Capacidade Absortiva como propulsores da Inovação: estudo de caso no setor de Papel e Papelão Ondulado Propósito da pesquisa A organização que detém recursos valiosos, raros, inimitáveis e insubstituíveis pode alcançar vantagem competitiva sustentada mediante a implementação de estratégias de criação de valor, não implementadas por outras organizações e não copiáveis pelos atuais e potenciais concorrentes. Sendo assim a presente pesquisa tem por objetivo: Analisar como a administração estratégica do capital intelectual pode se tornar propulsor da inovação em uma empresa do setor de Papel e Papelão Ondulado. Público-alvo Diretores, Superintendentes, Gerentes, Coordenadores e Supervisores da empresa Celulose Irani. Questionário Peço que as respostas retratem da melhor forma possível seu comportamento e sua percepção das práticas adotadas pela empresa. Confidencialidade O objetivo da pesquisa é científico. Os dados colhidos são genéricos e subjetivos, sendo analisados e tratados de forma agregada. Em nenhum caso, há utilização ou revelação de nomes dos respondentes da pesquisa. Responsáveis pela pesquisa Alessandra Cassol – Mestranda em Administração Dr. Claudio Reis Gonçalo – Professor Orientador Contato: [email protected] / (49) 9144-5233 *Obrigatório 1. Ciente e de acordo com o exposto, eu aceito participar da pesquisa. * ( ) Sim ( ) Não 145 BLOCO 1 - PERFIL DO RESPONDENTE 2. Gênero: * ( ) Masculino ( ) Feminino 3. Qual a sua escolaridade? * ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo ( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo ( ) Pós-Graduação (Stricto sensu / Lato sensu) 4. Qual a sua faixa etária? * ( ) Até 25 anos ( ) Entre 26 e 35 anos ( ) Entre 36 e 45 anos ( ) Entre 46 e 55 anos ( ) Acima de 55 anos 5. Qual a sua função na empresa? * ( ) Diretor ( ) Superintendente ( ) Gerente ( ) Coordenador ( ) Supervisor 6. Qual a sua Unidade * ( ) Papel SC ( ) Papel MG ( ) Embalagem SC ( ) Embalagem SP ( ) Florestal ( ) Resinas ( ) Corporativo ( ) Matriz POA ( ) Outro: 146 7. Há quanto tempo você está na empresa? * ( ) Até 5 anos ( ) Entre 6 e 10 anos ( ) Acima de 10 anos BLOCO 2 - CAPITAL INTELECTUAL Em relação as ações abaixo descritas, assinale de acordo com o grau de concordância com que elas acontecem na sua empresa, sendo 1 - discordo totalmente, 2 - discordo, 3 – concordo parcialmente, 4 - concordo e 5 - concordo totalmente. CH1 Colaboradores participam das decisões da empresa CH2 Colaboradores são sempre criativos e tem iniciativa CH3 A maioria dos colaboradores trabalham por muitos anos na empresa CH4 É elevado o nível de escolaridade/graduação dos colaboradores CH5 A empresa investe a longo prazo em seus colaboradores CH6 Os colaboradores estão comprometidos com a empresa CH7 Os colaboradores são bastante capacitados CH8 Os custos com treinamento são elevados CH9 Há confiança entre a empresa e os colaboradores CH9 É estimulada a experimentação CH10 Capacidade dos colaboradores permite inovar suas tarefas CH11 Colaboradores são criativos e inovadores CH12 Há perdas se algum colaborador importante sair da empresa CH13 Existem alta rotatividade dos colaboradores CE1 Existe crescimento do investimento em novos métodos e sistemas CE2 A empresa atua há muito tempo no mercado CE3 Sugestões dos colaboradores são implementadas CE4 Existe melhoria nas capacidades técnicas dos processos de produção CE5 Entrega de produtos aos clientes de forma rápida e eficiente CE6 As perdas e desperdícios têm sido reduzidos CE7 Existe a diminuição das reclamações de clientes CE8 Diminuição das taxas de defeitos CE9 Aumento do número de colaboradores P & D 147 CE10 As idéias criativas são repassadas a todos CE11 Tempo gasto em pesquisa e desenvolvimento tem aumentado CE12 Sistemas de informação repassam as informações a todos na empresa CE13 A filosofia da empresa é incentivadora e participativa CE14 Informações obtidas dos clientes são sempre comunicadas a todos CC1 A proporção de negócios tem aumentado CC2 Tem crescido o número novos clientes e novos negócios CC3 Clientes estão completamente satisfeitos com a empresa CC4 As vendas têm aumentado significativamente CC5 Satisfação dos clientes em relação a preço, qualidade e prazos CC6 A marca da empresa é bem conhecida no mercado CC7 A empresa tem uma ótima reputação para clientes e fornecedores CC8 É forte a parceria com fornecedores e clientes CC9 A empresa identifica as necessidades dos clientes BLOCO 3 – CAPACIDADE ABSORTIVA CAQ1 - Capacidade de captar informação e conhecimento relevante, contínuo e atualizado sobre os concorrentes atuais e potenciais. CAQ2 - Grau de orientação para a gestão esperando para ver o que acontece, em vez de preocupação e orientação para monitorar o ambiente e acompanhar as tendências de forma contínua e descobrir novas oportunidades a serem exploradas de forma proativa. CAQ3 - Frequência e importância da cooperação com as organizações de P&D universidades, escolas de negócios, institutos tecnológicos, etc. Como um membro ou patrocinador da criação de conhecimento e inovações. CAS1 Capacidade de assimilar novas tecnologias e inovações que são úteis ou têm potencial comprovado. CAS2 Capacidade de usar o nível de conhecimento, experiência e competências na interpretação e assimilação de novos conhecimentos dos funcionários. CAS3 Capacidade para desenvolver programas de gestão do conhecimento, garantindo a capacidade da empresa para entender e analisar cuidadosamente conhecimento e tecnologia de outras organizações. CT1 Capacidade da empresa de utilizar das tecnologias de informação, a fim de melhorar o fluxo de informações, desenvolver a partilha efetiva de conhecimentos e 148 fomentar comunicação entre os membros da empresa, incluindo reuniões virtuais entre os profissionais que estão fisicamente separados por meio de portais: Internet, e-mail, videoconferências, teleconferências. CT2 Grau em que empresa impede que todos os funcionários transmitem voluntariamente informação científica e tecnológica útil adquirido para o outro. CT3 Capacidade de adaptar tecnologias criadas por outros para as necessidades específicas da empresa. CT4 Capacidade de coordenar e integrar todas as fases do processo de P&D e suas inter-relações com as tarefas funcionais de engenharia, produção e comercialização. CAP1 Capacidade da organização de utilizar e explorar novos conhecimentos no trabalho de responder rapidamente às mudanças do ambiente. CAP2 Grau de aplicação de conhecimentos e experiência adquirida nos campos tecnológicos e de negócios. CAP3 Capacidade de colocar o conhecimento tecnológico em patentes de produtos e processos. BLOCO 4 – INOVAÇÃO IM1 A empresa utiliza recursos humanos, financeiros e tecnológicos de empresas parceiras para desenvolver o seu portfólio/carteira de projetos inovadores. IM2 São monitoradas as redes sociais usa as redes sociais formais e informais, como blogs, fóruns de discussão, twitter, facebook, orkut e outros meios para verificar e acompanhar o impacto gerado pelo lançamento de suas inovações. IP1 A empresa desenvolver novos produtos. IP2 A empresa desenvolve melhorias nos produtos existentes. IP3 A empresa criou ou melhorou produtos com base em ideias de colaboradores, clientes ou fornecedores. IPC1 A empresa desenvolve novos métodos de produção. IPC2 A empresa melhora os seus atuais métodos de produção. IPC3 A empresa busca a aplicação de novas tecnologias em seus sistemas produção. IO1 São desenvolvidas as competências estratégicas para a inovação visando a sustentabilidade do negócio e vantagem competitiva futura. 149 IO2 Existe a promoção de uma cultura organizacional voltada para a inovação. IO3 A empresa promove o comportamento empreendedor e inovador em suas diversas unidades / áreas / departamentos. Agradecemos sua participação! 150 APÊNDICE C – Coleta de dados via Google Drive 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 APÊNDICE D – Roteiro de entrevista semiestruturada CAPITAL INTELECTUAL: Capital Humano 1. Qual sua avaliação sobre os programas de capacitação que a organização desenvolve e aplica aos colaboradores? 2. Você considera que os colaboradores estão sempre buscando novos conhecimentos para implementar na empresa? 3. Em relação à retenção dos colaboradores, você considera que a empresa está investindo suficientemente em seus colaboradores visando o longo prazo? Capital Estrutural 1. Quanto ao número de colaboradores trabalhando em pesquisa e desenvolvimento você considera suficiente? 2. Em sua percepção os colaboradores participam das decisões da empresa? 3. Você considera que os seus colaboradores sempre são incentivados ao uso da criatividade e iniciativa? 4. A capacidade individual dos colaboradores permite a combinação de conhecimentos e habilidades para inovar e realizar suas tarefas? 5. A organização oferece estruturas que estímula a troca de conhecimentos entre colaboradores? 6. Você considera que a organização desenvolve mecanismos que registrem o conhecimento dos colaboradores? Capital Relacional 1. Você considera que tem crescido significativamente a forma como a empresa atrai ou conquista novos clientes ou negócios? 2. Como a organização desenvolve suas relações com seus clientes? 3. Você considera que a marca da empresa é bem conhecida e conceituada no mercado? 4. Em sua percepção a empresa tem um forte relacionamento de parceria com fornecedores e clientes? 161 CAPACIDADE ABSORTIVA POTENCIAL Aquisição 1. A organização estimula a transposição do conhecimento entre os colaboradores? 2. A organização possui habilidade para utilizar o conhecimento já existente? Assimilação 1. A organização possui habilidade para reconhecer o valor de uma nova informação ou de um novo conhecimento? 2. A organização possui a habilidade para vincular seu conhecimento à experiência de outras empresas? CAPACIDADE ABSORTIVA REALIZADA Transformação 1. A organização possui habilidade para integrar as diversas opiniões de seus colaboradores? 2. A organização consegue internalizar as sugestões dos seus stakeholders? Aplicação 1. A organização possui habilidade para aplicar conhecimentos existentes na criação de novos conhecimentos? CAPACIDADE DE INOVAÇÃO Inovação de Marketing 1. A organização desenvolve formas inovadoras de comercialização ou distribuição de seus produtos junto aos clientes? Inovação de Produto 1. A organização possui a capacidade de desenvolver novos produtos que possam atender melhor o seu cliente? 2. A organização possui a capacidade de oferecer melhorias em seus produtos oferecidos no mercado? Inovação de Processo 1. A organização possui a habilidade de prever mudanças tecnológicas no seu setor? 2. A organização desenvolve melhorias nos seus processos de produção? 162 Inovação Organizacional 1. A organização desenvolve ações que visem melhorar suas praticas de gestão? 2. A organização acompanha os editais de inovação, as linhas de financiamento e fomento à inovação de agências governamentais? 3. A organização monitora o ambiente regulatório e utiliza os incentivos fiscais oferecidos pela Lei de Inovação, Lei do Bem? 4. A organização conhece as principais estratégias de proteção e registro de Propriedade Industrial e Intelectual, e registra as inovações desenvolvidas como parte de sua estratégia de inovação? 163 ANEXO A – Instrumento de pesquisa Capital intelectual CE1 Crescimento do investimento em novos métodos e sistemas CE2 É crescente os investimentos em tecnologia da informação CE3 A empresa atua há muito tempo no mercado CE4 Sugestões dos colaboradores são implementadas CE5 Aumento de novos produtos em comparação com o planejado CE6 melhoria nas capacidades técnicas dos processos de produção CE7 Entrega de produtos aos clientes de forma rápida e eficiente CE8 As perdas e desperdícios têm sido reduzidos CE9 Diminuição das reclamações de clientes CE10 Diminuição das taxas de defeitos CE11 Aumento do número de colaboradores P & D CE12 As idéias criativas são repassadas a todos CE13 Colaboradores buscam novos conhecimentos para implementar CE14 O número de equipamentos versus colaboradores é adequado CE15 Tempo gasto em pesquisa e desenvolvimento tem aumentado CE16 Sistemas de informação repassam as informações CE17 A filosofia da empresa é incentivadora e participativa CE18 As despesas administrativas têm diminuído CE19 Informações obtidas dos clientes são sempre comunicadas a todos CH1 Os líderes são sempre respeitados em sua área CH2 Colaboradores executam suas tarefas de forma eficiente e eficaz CH3 Colaboradores participam das decisões da empresa CH4 Colaboradores são sempre criativos e tem iniciativa CH5 É elevado o tempo de serviço dos colaboradores na empresa CH6 É elevado o nível de escolaridade/graduação dos colaboradores CH7 A empresa investe a longo prazo em seus colaboradores CH8 A receita por colaborador tem aumentado significativamente CH9 Os colaboradores trabalham com eficácia em equipes CH10 Os colaboradores estão comprometidos com a empresa CH11 Os colaboradores são bastante capacitados CH12 Os custos com treinamento são elevados 164 CH13 Há confiança entre a empresa e os colaboradores CH14 É estimulada a experimentação CH15 Capacidade dos colaboradores permite inovar suas tarefas CH16 Colaboradores possuem conhecimento e experiência desejada CH17 Habilidades dos colaboradores são valorizadas pelos clientes CH18 Clima é agradável para a realização das tarefas CH19 Colaboradores são criativos e inovadores CH20 Há perdas se algum colaborador importante sair da empresa CH21 Alta rotatividade dos colaboradores CR1 A proporção de negócios tem aumentado CR2 Tem crescido o número novos clientes e novos negócios CR3 Clientes estão completamente satisfeitos com a empresa CR4 As vendas têm aumentado significativamente CR5 Satisfação dos clientes em relação a preço, qualidade e prazos CR6 A marca da empresa é bem conhecida no mercado CR7 A empresa tem uma ótima reputação para clientes e fornecedores CR8 É forte a parceria com fornecedores e clientes CR9 A empresa identifica as necessidades dos clientes CR10 É alta a repetição de pedidos dos clientes CR11 A empresa reconhece e recompensa o esforço dos colaboradores CR12 Variáveis do Capital de Clientes GRACIOLI, C. et al. T. Capital intelectual: uma ferramenta inovadora na busca por vantagens competitivas. Revista de Administração e Inovação, São Paulo, v. 9, n. 4, p. 96-120, out./dez. 2012. 165 ANEXO B – Instrumento de pesquisa Capacidade absortiva CAQ1 Capacidade de captar informação e conhecimento relevante, contínuo e atualizado sobre os concorrentes atuais e potenciais. CAQ2 Grau de orientação para a gestão esperando para ver o que acontece, em vez de preocupação e orientação para monitorar o ambiente e acompanhar as tendências de forma contínua e descobrir novas oportunidades a serem exploradas de forma proativa. CAQ3 Frequência e importância da cooperação com as organizações de P&D universidades, escolas de negócios, institutos tecnológicos, etc. Como um membro ou patrocinador da criação de conhecimento e inovações. CAQ4 Eficácia no estabelecimento de programas orientados para o mercado interno desenvolvimento tecnológico de aquisição de competências de centros de P&D, fornecedores ou clientes. CAS1 Capacidade de assimilar novas tecnologias e inovações que são úteis ou têm potencial comprovado. CAS2 Capacidade de usar o nível de conhecimento, experiência e competências na interpretação e assimilação de novos conhecimentos dos funcionários. CAS3 Os benefícios da empresa quando se trata de assimilar o básico, o conhecimento do negócio cahve e das tecnologias a partir das experiências bemsucedidas de empresas do mesmo setor. CAS4 Grau em que os funcionários da empresa participam e apresentam trabalhos em conferências científicas e congressos. São integrados como professores em universidades ou escolas de negócios ou recebem pessoal externo para pesquisas. CAS5 Participação de cursos de formação, feiras e reuniões. CAS6 Capacidade para desenvolver programas de gestão do conhecimento, garantindo a capacidade da empresa para entender e analisar cuidadosamente conhecimento e tecnologia de outras organizações. CT1 Capacidade da empresa de utilizar das tecnologias de informação, a fim de melhorar o fluxo de informações, desenvolver a partilha efetiva de conhecimentos e fomentar comunicação entre os membros da empresa, incluindo reuniões virtuais entre os profissionais que estão fisicamente separados por meio de portais: Internet, e-mail, videoconferências, teleconferências. 166 CT2 Consciência da empresa das suas competências em matéria de inovação, especialmente no que diz respeito às tecnologias-chave e capacidade de eliminar o conhecimento interno obsoleto, estimulando a busca por inovações alternativas e sua adaptação. CT3 Capacidade de adaptar tecnologias criadas por outros para as necessidades específicas da empresa CT4 Grau em que empresa impede que todos os funcionários transmitem voluntariamente informação científica e tecnológica útil adquirido para o outro. CT5 Capacidade de coordenar e integrar todas as fases do processo de P&D e suas inter-relações com as tarefas funcionais de engenharia, produção e comercialização. CAP1 Capacidade da organização de utilizar e explorar novos conhecimentos no trabalho de responder rapidamente às mudanças do ambiente. CAP2 Grau de aplicação de conhecimentos e experiência adquirida nos campos tecnológicos e de negócios, priorizando a estratégia da empresa que lhe permita para manter-se na vanguarda tecnológica no negócio. CAP3 Capacidade de colocar o conhecimento tecnológico em patentes de produtos e processos. CAP4 Capacidade de responder às exigências da demanda ou a pressão da concorrência, ao invés de inovar para ganhar competitividade, ampliando o portfólio de novos produtos, recursos e ideias de tecnologia. CAMISÓN, C.; FORÉS, B. Knowledge absorptive capacity: New insights for its conceptualization and measurement. Journal of Business Research, v. 63, n. 7, p. 707-715, 2010. 167 ANEXO C – Instrumento de pesquisa Inovação 1 A organização identifica e monitora seus clientes, fornecedores, distribuidores, concorrentes e parceiros para acompanhar o desenvolvimento de inovações em suas áreas de negócios. 2 A partir da análise do micro e macro ambiente, a organização cria novas oportunidades de negócios em resposta às mudanças do mercado. 3 A organização acompanha os editais de inovação, as linhas de financiamento e fomento à inovação de agências governamentais, como FINEP, BNDES, FAPs, FAPERJ, FAPESP etc. e/ou do setor privado, que oferecem recursos financeiros para o desenvolvimento de inovações. 4 A organização monitora o ambiente regulatório e utiliza os incentivos fiscais oferecidos pela Lei 10.973/2004 - Lei de Inovação, Lei 11.196 - Lei do Bem e outros incentivos disponíveis pelos sistemas locais de inovação. 5 A organização conhece as principais estratégias de proteção e registro de Propriedade Industrial e Intelectual, e registra as inovações desenvolvidas como parte de sua estratégia de inovação. 6 Antes de iniciar o processo de desenvolvimento de inovações, a organização consulta bancos de marcas e patentes para identificar e monitorar registros de proteção às inovações desenvolvidas pela concorrência e/ou outras empresas pertencentes à sua cadeia / rede de valor. 7 A organização desenvolve as competências organizacionais estratégicas para a inovação visando a sustentabilidade do negócio e vantagem competitiva futura. 8 A organização identifica quais são os conhecimentos críticos e as competências essenciais individuais necessárias ao sucesso de seu negócio no futuro para que possa atrair, selecionar, desenvolver, avaliar e reter pessoas condizentes com estas competências. 9 A organização promove uma cultura organizacional voltada para a inovação. (A cultura organizacional de uma empresa inovadora cria um ambiente de trabalho que estimula o compartilhamento, a disseminação e criação de conhecimentos, o pensamento inovador, o aprendizado e aprimoramento constante, o espaço para a experimentação, a livre expressão da criatividade na solução de problemas, a empatia e confiança mútua, a solicitude, a facilidade de acesso aos conhecimentos, 168 a participação ativa, a aceitação de erros e fracassos e a discussão de qualquer ideia sem julgamentos prévios, além de permitir o questionamento do status quo.) 10 A organização promove o comportamento empreendedor e inovador em suas diversas unidades / áreas / departamentos. (O comportamento inovador é aquele que contempla um espírito empreendedor, propensão para a experimentação, tolerância à erros, potencial criativo, pró-atividade, disposição para compartilhar conhecimentos, capacidade de identificar problemas, criar e implementar novas soluções, conhecimentos, ideias, rotinas, processos e procedimentos, propensão para se arriscar, capacidade de networking, aprendizagem rápida, busca do autodesenvolvimento, capacidade de gerir conflitos e mudanças, lidar com diversidade multicultural, etc.) 11 A organização promove a aprendizagem individual e organizacional estimulando interações formais e informais entre seus funcionários/colaboradores dentro e fora da organização com clientes, distribuidores, fornecedores e outros atores de sua cadeia/rede de valor, através de grupos de pesquisa, foco, solução de problemas, círculos de qualidade, redes de inovação, redes sociais, fóruns de aprendizagem, comunidades de prática e/ou outras atividades de interação profissional). 12 A organização estimula a disseminação do conhecimento tácito entre os funcionários/colaboradores por meio da observação direta, imitação, narrativas, experimentação e/ou execução conjunta com gestores/coordenadores e líderes da equipe. (O conhecimento tácito é o conhecimento adquirido na experiência pessoal, e envolve fatores intangíveis como crenças pessoais, insights, palpites subjetivos, destreza, know-how, intuições, regras não-escritas, valores, ideais etc., e, portanto, difícil de ser registrado e formalizado por meio de textos, desenhos, diagramas, tabelas). 13 A organização premia a produção coletiva e o compartilhamento de conhecimento, ideias originais e soluções inovadoras de seus funcionários, por meio de a) reconhecimentos financeiros; b) não-financeiros; c) ambos; d) não se aplica. 14 A comunicação é aberta, fluída, livre e multi-direcional, facilitando o intercâmbio de informações entre funcionários / colaboradores em diversos níveis hierárquicos da organização. 15 As pessoas na organização têm livre acesso às informações e conhecimentos que necessitam para promover melhorias / inovações por meio dos sistemas de T.I. e Comunicação organizacional. (Alguns meios para isto são internet, intranet, redes 169 sociais ou comunidades de prática, fóruns de discussão, acesso à portais corporativos, banco de boas práticas, banco de lições aprendidas, páginas amarelas, árvores de competências, etc.). 16 A organização busca construir e consolidar sua marca e reputação como empresa inovadora. 17 A organização monitora as redes sociais usa as redes sociais formais e informais, como blogs, fóruns de discussão, twitter, facebook, orkut e outros meios para verificar e acompanhar o impacto gerado pelo lançamento de suas inovações. 18 Os colaboradores compartilham um alto nível de confiança que facilita o acesso e compartilhamento à informação e conhecimentos acerca de mudanças mercadológicas, tecnológicas, regulamentações e oportunidades, necessários à criação de novas competências para a inovação da organização. 19 O nível de confiança entre os colaboradores diretos e indiretos e seus gestores promove relações de cooperação espontânea e um contexto capacitante para a inovação. 20 A organização realiza reuniões informais, sessões de brainstorming e/ou empregam outras ferramentas para a solução criativa de problemas e geração de novas ideias. 21 A organização tem um sistema de geração e avaliação de ideias para inovações: a) não tem; b) adota uma prática informal, ad hoc e assistemática; c) adota um sistema formal e sistemático. (Um sistema formal de geração e avaliação de ideias analisa o valor agregado de determinada inovação, seu alinhamento às estratégias da empresa, os riscos em seu desenvolvimento e implementação, considerando-se os ambientes interno e externo organizacional e os recursos necessários para seu desenvolvimento). 22 A organização transformou ideias/sugestões de funcionários/colaboradores diretos e indiretos em inovações: a) de produtos; b) de serviços; c) de processos; d) de modelos/práticas de gestão; e) de modelos / práticas de comercialização; f) de modelos de negócios; g) 2 tipos de inovações; h) 3 tipos de inovações; i) 4 ou mais tipos de inovações; j) não se aplica. 23 A organização transformou ideias/sugestões de funcionários/colaboradores diretos e/ou indiretos em inovações. a) não; b) nos últimos 24 meses; c) nos últimos 12 meses; d) nos últimos 06 meses. 170 24 As inovações desenvolvidas nos últimos 24 meses a) não geraram aumento de receitas anual; b) representaram até 10% do faturamento bruto anual; c) representaram entre 10% à 20% do faturamento bruto anual; d) representaram acima de 20% do faturamento bruto anual. 25 As inovações desenvolvidas nos últimos 24 meses: a) são do tipo incremental; b) são do tipo radical; c) são de ambos os tipos; d) não se aplica. (Inovações incrementais são melhorias de produtos, processos, serviços etc. existentes; inovações radicais são produtos, processos, serviços etc. completamente novos, tornando obsoletos aqueles que são oferecidos tanto pela empresa, quanto a concorrência). 26 A organização adota o modelo de gestão por competências. a) Sim; b) está em fase de implementação; c) de maneira informal e não estruturada; d) não. (A gestão por competências é um programa sistematizado que tem como objetivos planejar, identificar, captar, desenvolver, avaliar, promover e remunerar os funcionários, nos diferentes níveis da organização, com base nas competências necessárias à consecução de seus objetivos estratégicos, tendo por base critérios objetivamente mensuráveis). 27 Os processos de recrutamento e seleção, avaliação de desempenho, promoção remuneração e retenção contemplam o comportamento empreendedor e inovador. (O comportamento inovador é aquele que contempla um espírito empreendedor, propensão para a experimentação, tolerância à erros, potencial criativo, proatividade, disposição para compartilhar conhecimentos, capacidade de identificar problemas, criar e implementar novas soluções, conhecimentos, ideias, rotinas, processos e procedimentos, propensão para se arriscar, capacidade de networking, aprendizagem rápida, busca do autodesenvolvimento, capacidade de gerir conflitos e mudanças, lidar com diversidade multicultural etc.) 28 A organização estabelece metas e objetivos de desempenho para seus gestores, colaboradores e funcionários voltados para o compartilhamento, a disseminação e criação de conhecimentos e a inovação. 29 A organização (re) avalia seus sistemas de capacitação, promoção, retenção e remuneração de forma a certificar-se que não está perdendo pessoas com conhecimento estratégico para o seu negócio. 30 A organização tem uma política de retenção de pessoas que contempla o conhecimento estratégico de seus funcionários / colaboradores e sua capacidade 171 inovadora. a) não tem; b) adota uma política informal; c) a política de retenção está em fase de elaboração; d) tem uma política formal implementada. 31 A organização oferece programas para o desenvolvimento da capacidade empreendedora e inovadora de seus funcionários e colaboradores. a) não oferece; b) estão em processo de elaboração; c) tem um programa estruturado de capacitação em inovação. (Os programas de capacitação em inovação são: gestão da mudança e da inovação, gestão da criatividade, gestão de projetos inovadores, gestão do conhecimento, desenvolvimento de análise e solução criativa de problemas, desenvolvimento de equipes de alto desempenho, desenvolvimento de empowerment, on the job training, mentoring, coaching, innovation job rotation rodízio de funções em áreas estrategicamente relacionada à inovação, etc.) 32 A organização promove o empowerment delegando poder decisório, autonomia e responsabilidade aos funcionários/colaboradores em todos os níveis organizacionais para a resolução de problemas e criação de inovações. 33 A organização incentiva o intra-empreendedorismo, fornecendo o tempo e os recursos humanos, tecnológicos e financeiros necessários para colaboradores que desejam desenvolver soluções/projetos inovadores. 34 As equipes de trabalho incluem colaboradores internos de diversas áreas e externos à organização como clientes e fornecedores para desenvolver novas soluções, produtos / serviços e / ou processos. 35 A organização se utiliza de seus sistemas de Tecnologia, Informação e Comunicação (TIC), para envolver / integrar a sua rede de competências e colaboradores na geração de ideias e sugestões para os processos de desenvolvimento de melhorias e/ou inovações. 36 Os gestores e líderes identificam os colaboradores que possuem um perfil empreendedor e inovador e os estimulam a adotar práticas que fomentam o potencial inovador da empresa. (o compartilhamento do conhecimento, registro de boas práticas e lições aprendidas, o empowerment, networking interno e externo, a participação em comunidades de prática, o autodesenvolvimento e a aprendizagem contínua ao nível individual e de equipe). 37 Os gestores e líderes estão familiarizados com as estratégias e modelos de gestão da inovação da organização. 172 38 Os gestores e líderes criam uma visão sistêmica da organização e seus negócios, que estimula o envolvimento de colaboradores diretos e indiretos nos processos de solução de problemas e inovação. 39 Os gestores estão familiarizados com os processos de gestão de portfólio de projetos inovadores, desde a etapa de ideação até a comercialização. 40 A organização compartilha plataformas de competências e tecnologias com empresas de sua cadeia/rede de valor para manter sua base de conhecimentos estratégicos atualizada e criar novos conhecimentos que possam resultar em inovações. 41 A empresa estabelece acordos colaborativos com organizações públicas e/ou privadas para desenvolver e levar produtos ou serviços inovadores para o mercado. (Os tipos de acordos colaborativos que a organização pode adotar para desenvolver inovações são licenciamento, aquisição/fusão, terceirização, joint ventures, consórcios em P&D, alianças estratégicas, intercompany innovation problem-solving -resolução de problemas de inovação interempresarial, etc.). 42 A organização tem uma pessoa, equipe ou departamento/área dedicada a identificar, desenvolver e gerenciar suas parcerias e tipos de acordos colaborativos, tanto formais quanto informais, visando o desenvolvimento de inovações. 43 A organização identifica quem são os funcionários e / ou colaboradores internos com o objetivo de estabelecer acordos colaborativos ou parcerias visando o desenvolvimento de inovações. 44 A organização estabelece parcerias com instituições de pesquisa / ensino para fortalecer sua capacidade inovadora/ ampliar seu portfólio de inovações. 45 A organização identifica suas redes sociais formais e informais para identificar e integrar as redes de conhecimentos e competências existentes em seu ecossistema de negócios, visando desenvolver inovações. 46 A organização usa as redes sociais para disseminar seus objetivos estratégicos, missão, visão, valores e cultura organizacional com foco em inovação. 47 A organização tem uma missão e visão voltadas para a inovação. a) não; b) é apenas uma ideia compartilhada por algumas pessoas chave; c) está em processo de elaboração; d) sim. 48 A organização tem uma estratégia corporativa, de negócios e operacional com foco na inovação. a) não; b) é apenas uma ideia compartilhada por algumas pessoas chave; c) está em processo de elaboração; d) sim. 173 49 A missão, visão e estratégias corporativas de inovação são disseminadas: a) por toda a organização; b) para algumas pessoas chave; c) para alguns níveis gerenciais; d) para alguns departamentos; e) não são disseminadas. 50 A área de P&D e outras áreas estratégicas (Marketing, Operações, RH, Financeiro) da organização participam das decisões sobre a formulação de estratégias de inovação e a composição da carteira de projetos de inovação. 51 Existe um claro alinhamento entre as estratégias de inovação, programas e carteiras de produtos/serviços inovadores e o direcionamento estratégico da organização (missão, visão, objetivos e metas organizacionais). 52 A organização se utiliza de recursos humanos, financeiros e tecnológicos de empresas parceiras para desenvolver o seu portfólio/carteira de projetos inovadores. 53 O espaço de trabalho é organizado de maneira a aumentar o contato interpessoal e a favorecer o compartilhamento do conhecimento e de novas ideias entre os funcionários/colaboradores da organização. 54 A organização mantém uma estrutura flexível que possa se adaptar rapidamente às mudanças, e responder com agilidade às demandas internas/externas por novas soluções, produtos/serviços e/ou processos. 55 As barreiras aos processos de disseminação de conhecimentos estratégicos aos negócios, de aprendizagem organizacional e à criação de novos conhecimentos na organização: a) não existem, b) são de ordem individual, c) são de ordem organizacional, d) são de ambos os tipos. 56 O(s) principal (is) fator(es) restritivo(s) à inovação é/são de natureza: a) não existem fatores restritivos; b) organizacional/estrutural; c) tecnológico/infra-estrutural; d) financeiro; e) comportamental, f) ambiental/mercadológico, g) concorrencial, h) outro, i) existem dois fatores restritivos; j) existem três fatores restritivos; k) existem mais de 3 fatores restritivos. STOECKICHT, I. P. Gestão estratégica do capital intelectual orientado à inovação em empreendimentos de engenharia civil. Tese (Doutorado em Tecnologia da Construção)–Universidade Federal Fluminense, São Paulo, 2012.