HIGIENE DO TRABALHO
• “O MESTRE TEM A RESPONSABILIDADE
DE FAZER COM QUE O ALUNO
DESCUBRA,
NÃO
O
CAMINHO
PROPRIAMENTE DITO, MAS AS VIAS DE
ACESSO A ESSE CAMINHO, QUE DEVEM
CONDUZIR À META ÚLTIMA.”
• “DEVE-SE TER EM MENTE QUE NÃO HÁ
NADA MAIS DIFÍCIL DE EXECUTAR, NEM
PROCESSO MAIS DUVIDOSO, NEM MAIS
PERIGOSO DE CONDUZIR, DO QUE
INICIAR UMA NOVA ORDEM DE COISAS.”
HIGIENE DO TRABALHO
AMOSTRAGEM QUÍMICA
De todos os métodos de amostragem, expostos no resumo
anterior, os mais utilizados na atualidade são os baseados na
filtração através de suporte poroso; existe, porém, tal
variedade que é impossível fazer observações para todos
eles.
Assim, existem os de pequeno porte, autônomos e portáteis
de baixo fluxo (1,5 a 2l/min) para coleta de amostras
instantâneas ou para amostragem contínua, até os de grande
fluxo, de tamanho maior e que precisam de conexão com a
rede elétrica, ou acionados por ar comprimido.
De todos eles daremos uma visão mais aprofundada do
chamado "amostrador gravimétrico" portátil que permite
coletar amostras individuais e contínuas e que e que é de
grande utilidade na determinação dos riscos potenciais que as
diversas poeiras apresentam para os trabalhadores.
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AMOSTRAGEM QUÍMICA
Os amostradores gravimétricos portáteis estão constituídos
dos seguintes elementos fundamentais:
• Sistema de aspiração,
• Sistema filtrante,
• Sistema separador de tamanho de partícula.
• Sistema
de aspiração:
O sistema de aspiração está constituído por uma bomba de
sucção de baixo rendimento, que trabalha de ordinário com
uma vazão ótima de 2,0 l/min. Trata-se de uma bomba portátil
leve, autônoma que funciona a bateria carregável e blindada,
o que permite que seja utilizada, inclusive em ambientes onde
se presume que existe risco de explosão.
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AMOSTRAGEM QUÍMICA
• Sistema filtrante
São usados filtros de um tipo de plástico (ésteres de celulose) com um
tamanho de poro que permite a captura de partículas, numa faixa
importante do ponto de vista da retenção no tecido pulmonar (0,5 –
10).
O filtro é colocado num porta-filtro, conectado de um lado ao separador
de tamanho de partículas (ciclone) e do outro, à bomba de sucção.
• Sistema separador de tamanho de partícula
Está constituído por um miniciclone, geralmente de material plástico,
que tem por objetivo separar as partículas de maior tamanho, deixando
parar no filtro só aquelas partículas na faixa de 0,5 a 10 µ, que são
precisamente as que apresentam maior risco de pneumoconiose.
Existem algumas situações nas quais é necessário coletar poeira total,
quer dizer material particulador não somente na faixa respirável mas
também, partículas acima de 10 µ e abaixo de O,5 µ . Para estas
situações, faz-se a coleta, ligando-se o porta-filtro diretamente à
bomba de sucção.
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AMOSTRAGEM QUÍMICA
• Determinação do risco potencial de pneumoconiose em
ambientes de trabalho que contêm poeiras siliciosas
Já foi exposto que a presença de agentes químicos, dispersos no
ambiente de trabalho, não significa que os trabalhadores expostos
venham a adquirir uma doença profissional. Para que isto ocorra,
devem concorrer vários fatores também comentados.
Assim, no caso das poeiras siliciosas, será de importância:
- o tempo de exposição;
- a concentração ambiental, principalmente ao nível respiratório do
trabalhador;
- o teor de sílica livre cristalizada na poeira em suspensão;
- o tamanho da partícula.
Portanto será necessário determinar adequadamente esses fatores,
para se avaliar quantitativamente o risco potencial de
pneumoconiose num ambiente de trabalho.
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AMOSTRAGEM QUÍMICA
• ESQUEMA DE TRABALHO PARA A DETERMINAÇÃO
QUANTITATIVA
DO
RISCO
POTENCIAL
DE
PNEUMOCONIOSE
Amostragem
Será a mais representativa possível da exposição. Para
atingir esse objetivo, recomenda-se:
a. usar aparelhagem e método que permitam coletar amostras
contínuas (média ponderada de exposição);
b. usar aparelhagem que tenha incorporado separador da
fração respirável do material coletado.
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AMOSTRAGEM QUÍMICA
• Determinação da concentração ambiental da poeira
Para determinar a concentração ambiental da poeira, as amostras
deverão ser coletadas de preferência ao nível respiratório dos
trabalhadores; para isto é recomendável utilizar um amostrador
individual que faça coleta do material que pode ser inalado pelo
trabalhador.
A amostragem deverá estender-se, se possível, durante toda uma
jornada de trabalho. Para emprego do método gravimétrico, são
seguidas as seguintes etapas:
a) Calibração de bomba de sucção no laboratório, utilizando
padrões primários de comparação de vazão (west test meter,
gasômetros secos, etc.), O objetivo da calibração é conhecer de
uma forma exata a vazão de """ trabalho da bomba, a qual deve ser
mantida durante todo o tempo de amostragem;
b) Peso de filtros até a 5a casa decimal do grama (precisão de
0,00001 g);
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• Determinação da concentração ambiental da poeira
c) amostragem no local, utilizando o próprio trabalhador para
carregar o equipamento;
d) peso do filtro após a amostragem;
e) diferença: peso final - peso inicial = peso da amostra
f) determinação do volume de ar (V) que passou pelo aparelho,
segundo:
vazão de bomba x tempo de amostragem = litros/minuto x minuto =
litros de ar amostrado;
g) concentração de poeira ao nível do trabalhador, segundo:
C = peso da amostra / V de ar amostrado
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AMOSTRAGEM QUÍMICA
• Análise de sílica livre cristalizada na amostra coletada
Sendo o teor de sílica livre cristalizada um dos fatores mais
importantes que determinam o grau de risco de pneumoconiose,
evidentemente que deve ser quantificado para determinar o limite
de tolerância.
Assim, a análise de sílica livre deve ser praticada na amostra
coletada que passou pelo separador de partículas e que representa
a fração respirável.
Os métodos de análise de sílica são, de preferência, métodos
instrumentais de análise, tais como difração de raios-X,
espectrofotometria de infravermelhos, os quais permitem realizar a
determinação com uma alta precisão.
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• Determinação do limite de tolerância
Para determinar o limite de tolerância, foram estabelecidas diversas
fórmulas experimentais, que variam segundo unidades empregadas
para expressar a concentração e o tipo de poeira: respirável ou
total.
Utilizando o método gravimétrico com separador de tamanho de
partícula, emprega-se a seguinte fórmula de acordo com a
legislação brasileira:
LT = 8,0
= mg/m3
% Si 02+ 2
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• Comparação de resultados
Uma vez feita a determinação de concentração da poeira ao nível
respiratório do trabalhador, é feito o cálculo do limite de tolerância
(L.T.) para essa poeira e os resultados são comparados para
estabelecer o risco de silicose.
a. Se a concentração da poeira ao nível respiratório é maior que o
L.T., significa que existe um risco certo de silicose, para o
trabalhador.
Logo este resultado indicará que devem ser tomadas medidas de
controle para eliminar ou minimizar o risco.
b. Se a concentração de poeira calculada está abaixo do L.T.,
concluímos que o risco está sob controle, porém, deverá ser feita
amostragem periódica, a fim de manter sempre esta condição, ou
tomar medidas adequadas para conseguir este objetivo.
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• Adoção de medidas de controle
Uma vez estabelecida a existência do risco de pneumoconiose,
devem ser estudadas as medidas de controle mais adequadas para
cada caso particular, as quais serão dirigidas principalmente ao
ambiente de trabalho, devendo preferencialmente controlar o
problema na sua fonte de origem.
Algumas das medidas de controle ambiental de dispersão de
poeiras, que podem ser adotadas isoladas ou conjugadas, são:
- mudanças de processo;
- mudanças de matérias-primas; emprego de métodos úmidos;
- enclausuramento de processo;
- ventilação local exaustora.
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• Adoção de medidas de controle
O E.P.1. adequado, neste caso, protetores respiratórios com filtro
mecânico, só deve ser recomendado como última alternativa de
controle, e a escolha deve ser feita por um profissional especialista
em saúde ocupacional.
Uma vez controlado o risco, recomenda-se efetuar amostragem
periódica, a fim de verificar a eficiência do método de controle
adotado.
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• Exames médicos específicos
Os exames médicos específicos, principalmente abreugrafia e
exame de capacidade pulmonar, devem ser feitos na ocasião da
admissão dos trabalhadores que irão desenvolver suas atividades
em locais onde se trabalhe com poeiras pneumoconióticas e,
posteriormente, de 6 em 6 meses, a fim de detetar alteração no
tecido pulmonar.
A legislação brasileira estabelece estes tipos de exames, assim
como o chamado exame de cessação de serviço, com o intuito de
constituir um histórico ocupacional do trabalhador que permitirá
orientar o médico nas medidas de ordem preventiva a serem
tomadas para evitar a instalação de uma pneumoconiose
ocupacional
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• Problema nº1
Numa operação de corte de tijolo refratário foi avaliado o risco
potencial de silicose.
Para a quantificação do risco foi utilizado o método gravimétrico,
coletando-se amostras contínuas ao nível respiratório do operador
durante vária jornadas de trabalho.
Pede-se:
a. Com ajuda do esquema de avaliação e os dados
complementares, quantificar o risco de pneumoconiose.
b. Com base nos resultados obtidos propor uma medida de
controle. Dados complementares:
Número de amostras coletadas: 5
Concentração média de poeira obtida ao nível respiratório do
operador:0,37 mg/m3
Porcentagem de Si02 livre cristalizada na fração respirável: 30%
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• Problema nº2
Foi avaliado o risco potencial de pneumoconiose em vários pontos
de trabalho numa empresa de cerâmica, obtendo-se os resultados
anotados na tabela que segue.
Na avaliação, foi utilizado o método gravimétrico, coletando-se
amostras ao nível respiratório dos trabalhadores.
Pede-se:
- Determinar o risco potencial de silicose para os trabalhadores
envolvidos nas operações avaliadas.
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• Problema nº1
Resolução:
a. Com base no conteúdo de sílica livre cristalizada, obtida através
de um dos métodos sugeridos no esquema de avaliação (difração
de raios-X, espectroscópia de IR, colorimetria, etc.) podemos
calcular o limite de tolerância para a fração de poeira respirável
coletada.
Assim temos:
L.T. = 8 / % de SiO2 + 2 mg/m3
L.T. = 8 / 30 + 2 = 0,25 mg/m3
L.T. = 0,25 mg/m3
Sendo que a concentração média da poeira obtida mediante
amostragem ao nível respiratório do trabalhador foi de 0,37 mg/m3,
por comparação direta com o L.T., podemos concluir que durante a
operação de corte de tijolos refratários existe um risco evidente de
silicose para o trabalhador exposto.
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• Problema nº1
Resolução:
b. Medidas de controle que podem ser sugeridas:
Segregação da operação
Enclausuramento de operação
Ventilação local exaustora
OBS.: As conclusões obtidas a partir do cálculo do L.T. devem ser
entendidas como válidas somente para a situação em estudo, já
que o resultado será diferente para outro ambiente, onde se
trabalha com materiais diferentes devido, principalmente, ao teor de
síiica livre, o qual varia de material para material dependendo da
sua origem.
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• Problema nº2
Resolução:
a. Cálculo da concentração da poeira:
C = Wm / V
wm = peso de amostra coletada em gramas
V = Volume de ar amostrado pelo aparelho em m3
Cálculo de V
V= Q x T
Q = Vazão de trabalho de bomba de amostragem (l/min) T = Tempo
de amostragem em minutos
T = Tempo de amostragem em minutos
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• Problema nº2
Resolução:
Exemplificando, para amostra nº1:
C = Wm / QxT = 0,00120 / 2,0 x 453
C = 1,32 mg/m3
b. Cálculo do limite de tolerância (L.T.) Segundo a legislação
brasileira (NR-15)
LT = 8
=
8
= O, 57 mg/m3
%Si 02 + 2
12 + 2
De acordo com o resultado obtido, e comparando as concentrações
com os respectivos limites de tolerância, podemos concluir que
existe um risco de silicose para os trabalhadores das operações
avaliadas.
Este resultado deve ser o ponto de partida para o estudo das
medidas de controle a adotar.
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