A ESCOLA DE FRANCIS BACON E SUA IMPORTÂNCIA PARA O PROGRESSO
DO SABER NA COMPREENÇÃO DA RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA.
GT2 Educação e Ciências Humanas e Socialmente Aplicáveis
* RIBEIRO,Magna Keyth.
** REIS, Simone Rocha
*** SANTOS, Felipe Alan Souza.
RESUMO
A estagnação da ciência para Bacon era resultado do método utilizado até o momento que
barrava o progresso da ciência.. Este trabalho objetivou-se em refletir sobre a idéia de ciência
e progresso na filosofia baconiana e a importância desse método para o desenvolvimento do
progresso do conhecimento técnico e científico da sociedade moderna. A metodologia usada
foi o levantamento teórico nas principais obras de Bacon e em alguns artigos especializados.
Para ocorre o domínio da natureza pelo homem é necessário que estes sejam mestres do
mundo, exercendo poder sobre as coisas e transformando os objetos para que eles nós sirvam,
porém para que isto aconteça o homem deve conhecê-la e suas leis, para que o homem possa
submeter ela aos domínios das técnicas, Bacon irá retratar está sociedade do conhecimento e
da técnica através da historia utópica denominada “nova Atlântida”.
Palavras-chaves: Ciência, dominação, progresso.
ABSTRACT
The stagnation of science to Bacon was the result of the method used to date that barred the progress
of science .. This work is aimed at reflecting on the idea of science and progress in the Baconian
philosophy and the importance of this method to develop the progress of scientific and technical
knowledge of modern society. The methodology used was the theoretical research in major works of
Bacon and some specialty items. For there is the domination of nature by man is necessary that they
are masters of the world, exerting power over things and making the objects so that they serve us, but
for this to happen man must know it and its laws, so that the man can bring it to the fields of technical,
Bacon will portray the company's knowledge and skills through the utopian story called "New
Atlantis".
Keywords: Science, domination, progress.
*Lic. em pedagogia com especialização em Psicopedagogia. E-mail: [email protected]
** Especialista em Pedagogia Empresarial, e-mail: [email protected].
***Lic. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente/UFS, Pesquisador do grupo de pesquisa em Educação
Ambiental do Estado de Sergipe (GEPEASE), e-mail: [email protected].
INTRODUÇÃO
Quando se pretende conhecer a vida e caminhos trilhados por um determinado
filósofo, torna-se profícua a compreensão de seu pensamento e da vivência social do mesmo,
levando em conta o espaço temporal que serviu para a construção dos seus pensamentos.
Assim a priori neste trabalho irar-se-á observar algumas características sociais vivenciadas
por Francis Bacon e a emergência do seu pensamento filosófico.
Francis Bacon nasceu em Londres, no ano de 1561, em uma sociedade que já
demonstrava uma aliança entre a filosofia e a ciência, em uma Inglaterra que já apontava a
ascendência do capitalismo burguês, repleta de tensões sociais, políticas e religiosas, que
estava correlata em dificuldades financeiras e com uma política de corrupção e de
apadrinhamento (Japiassu, 1995).
Herdeiro da nobreza era filho de um Jurisconsultor Nicolas Bacon e de uma das
mulheres mais instruídas da Inglaterra Ann Cook, o pai era homem de confiança dos selos do
reinado de Elizabeth, tal herança orientou Bacon desde cedo para o serviço público da coroa.
Após terminar os estudos primários com forte presença da formação retórica e
dialética, Bacon ingressa no Trinity College de Cambridge, desde o primário já sentia uma
antipatia ao ensino escolástico que era um culto a Aristóteles. Essa rejeição convence Bacon
da necessidade de desviar a filosofia do conhecimento estéril da escolástica, sobre este termo
Bacon pretende garantir que a filosofia caminhe para o seu próprio desenvolvimento, ela
deverá caminhar obedecendo a sua luz própria, luzes capazes de contribuir para o bem estar
da humanidade.
Desde sedo Bacon dedica-se a sua grande obra, a Instauration Magma Scientiarum
(Grande instauração das ciências), que deveria ser produzida em seis partes, porém o mesmo
morre antes de terminá-la. Apenas duas foram concluídas a De dignitude et Augmentis
Scientiarum ( Da dignidade e do crescimento das ciências) e o segundo foi inscrito três anos
antes da primeira publicação em 1620, que confrontava o Órganum produzido por Aristóteles,
chamado por Bacon de o Novum Órganum ou indicação verdadeiras acerca da interpretação
da natureza (Japiassu, 1995), cujo este trabalho pretende explicitar a explicação do método
baconiano para o progresso da ciência.
Este trabalho objetiva-se refletir sobre a idéia de Ciência e Progresso na filosofia
baconiana e a importância desse método para o desenvolvimento do progresso do
conhecimento técnico e científico da sociedade moderna. A metodologia usada foi o
levantamento teórico nas principais obras de Bacon e em alguns artigos especializados.
O trabalho foi subdividido em três partes, a primeira trás uma explanação sobre o
método ou ciência do conhecimento em Francis Bacon, discutido o novo método e
conseqüentemente o progresso exposto por Bacon e o atraso da ciência sobre o silogismo
escolástico herdados de Aristóteles. A segunda parte relata o progresso alcançada pela ciência
através da descrição e da emergência científica laçando pelo método dedutivo, que conduzia o
pensamento científico ao progresso do conhecimento para o aperfeiçoamento da ciência e
para o aperfeiçoamento da ordem social. A última trás a conclusão obtida através das leituras
realizadas nesta pesquisa para compreender o significado da filosofia teórica descrita por
Francis Bacon.
No Novum Órganum Bacon propõe o método indutivo que deve substituir o método
aristotélico dedutivo tradicional, na primeira parte do livro, dividido em aforismo Bacon
escreve as causas que dificultavam o progresso das ciências, aborda como estes entraves o
abuso do silogismo, criticando arduamente o método aristotélico como detestável sofista e
sutil (Novum Organum, 1992, Japiassu, 1995).
Em um mundo que quer achar e andar por novos caminhos para nada serve o
silogismo, resulta na esterilidade por se incapaz de descobrir novas
verdades... A alternativa é clara: continuar na neblina de um pseudoconhecimento acumulado por tradição e encontrado por acaso, ou buscar o
caminho que nos assegure o descobrimento progressivo dos segredos da
natureza (NOVUM ORGANUM; significado y contenido del Novum
Organum por Rosieri Frondizi, 1949).
Na segunda parte da obra Bacon apresenta as direções para o novo método, que será
aprofundado nas próximas laudas deste trabalho. Bacon dedicou-se à conhecer a natureza, e
assim, melhor dominá-la. É para Bacon, compreender e conhecer a natureza, é necessária uma
nova concepção da razão e da experiência.
O conhecimento da natureza deveria servir a crescente burguesia ávida por poder na
Inglaterra, pois a riqueza deve ser fruto do trabalho, das realizações e do saber dos indivíduos,
por isso que para Francis Bacon “Saber é poder”, e esse saber levará ao progresso do
conhecimento e este a submissão das formas ou fenômenos naturais aos desejos humanos.
Para que ocorra este domínio da natureza pelo homem é necessário que estes sejam
mestres do mundo, exercendo poder sobre as coisas e transformando os objetos para que eles
nus sirvam, porém para que isto aconteça o homem deve conhecê-la e suas leis, para que o
homem possa submeter ela aos domínios das técnicas, Bacon irá retratar esta sociedade do
conhecimento e da técnica através da historia utópica denominada A Nova Atlântida.
Deste modo o aprofundamento teórico da Nova Atlântida seria o aperfeiçoar a ciência
e a ordem social (progresso). Coordenar e supervisionar os empreendimentos, isto seria
responsabilidades dos homens de ciência. Nessa cidade a ciência teria objetivo
especificamente humano: o de lutar contra a ignorância, contra a miséria e o sofrimento.
Todos os indivíduos são livres com dedicação exclusiva ao bem da humanidade e a ampliação
do saber. Cabe aos homens da ciência preocupar-se com a propagação da ciência e da cultura
(Japiassu, 2005; Andery, 2007).
MÉTODO E PROGRESSO DO CONHECIMENTO BACONIANO:
... Aristóteles estabelecia antes as conclusões, não consultava devidamente a
experiência para estabelecimento de suas resoluções e axiomas. E tendo, ao
seu arbítrio, assim decidido, submetia a experiência como a uma escrava
para conformá-la às suas opiniões. Eis porque está a merecer mais censuras
que os seguidores modernos, os filósofos escolásticos, que abandonaram
totalmente a experiência (NOVUM ORGANUM, Livro. I, Aforismo. LXIII).
A estagnação da ciência para Bacon era resultado do método utilizado até o momento
que barrava o progresso da ciência. Pois o mesmo não partia da experimentação, do teste e
dos sentidos, mas da tradição, de idéias e de procedimentos que negavam as explicações
práticas. As ciências devem buscar as causas das formas e dos fenômenos para poder dispor
dos efeitos. O estado de estagnação das ciências resulta da utilização de maus métodos. Por
isso, Bacon preconiza a necessidade de um método que nos faça descobrir as causas naturais
dos fatos (Japiassu, 1995).
Bacon, portanto, propõe que o avanço da ciência estaria na realização de grandes e
cuidadosos números de experiências, sendo que essas deveriam ser realizadas de forma
sistematizadas, com a finalidade de abstrair os conhecimentos, e a com esses conhecimentos
propor novas experimentações para comprovar uma determinada natureza das formas e dos
fenômenos naturais (Rossi, 1923).
Bacon elabora então o método indutivo, esse se preocupa em um processo de
eliminação que permiti separar os fenômenos que buscamos conhecer dos que não fazem
parte dele. O procedimento de eliminação não envolve apenas a observação e a analise dos
fluxos naturais dos fenômenos, mas também a execução de várias experiências no meio
natural.
Caberia ainda ao processo indutivo multiplicar e diversificar as experiências,
alterando as condições de sua realização, repeti-las, ampliá-las, aplicar os
resultados, verificar as circunstâncias em que o fenômeno está presente,
circunstância em que está ausente e as possíveis variações do fenômeno
(ROSSI, 1989, p. 198)
A indução é um procedimento analítico e de eliminação, com a finalidade de obter a
natureza da forma, porém separando-a das outras naturezas com as quais se encontra
misturada. Assim para o melhor entendimento da forma a indução deve ser precedida pela
experiência, além da necessidade de multiplicar e diversificar as mesmas.
A investigação das formas assim procede: sobre uma natureza dada deve-se
em primeiro lugar fazer uma citação perante o intelecto de todas as
instâncias conhecidas que concordam com uma mesma natureza, mesmo que
se encontrem em matérias semelhantes. E essa coleção deve ser feita
historicamente, sem especulações prematuras ou requinte demasiado.
(NOVUM ORGANUM, livro II, aforismo XI).
Para esse entendimento é fundamental praticar a indução verdadeira, uma indução
realmente provável, susceptível de prova que, uma vez compreendida a causa, cessa o efeito.
Assim toda pesquisa experimental coerente, bem delimitada deve se apoiar em três tábuas de
investigação, além dos recursos auxiliares do entendimento da forma. As três tábuas
constituem o núcleo central da indução baconiana, o método de investigação da natureza que
permiti um correto conhecimento dos fenômenos partindo dos fatos concretos, tais como se
dão na experiência ascendendo às formas gerais, que constituem suas leis e causas, é
delimitado na observação das três tábuas.
A primeira tábua denomina-se a de Presença, ela trata do recolhimento e coleta de
grande número de fatos. O pesquisador deve anotar suas observações, organizar uma
exploração da natureza dada, e colocar questões a essa natureza, através da realização de
experiências, Bacon norteia oito meios de observação, que são: União, variação, prolongação,
transferência, inversão, compulsão, mudança de condições e a repetição.
O primeiro passo do método indutivo é recolher e coletar o mais variados fatos. Esses por
sua vez devem ser observados, organizados e sistematizados através das questões que foram
colocados a natureza, ou seja, realizar experiências, contando ainda com o senso investigativo
do sábio (pesquisador).
A segunda tábua é a de ausência, propõe classificar os fatos, consiste em repartir os
fatos em listas metódicas nas quais são transcritas os resultados das experiências tendendo
estabelecer a causa de um fenômeno, assim cita Bacon:
Em segundo lugar, deve-se fazer uma citação perante o intelecto, das
instâncias privadas da natureza dada, uma vez que a forma, como já foi dito,
deve está ausente quando está ausente a natureza, bem como estar presente
quando a natureza está presente (NOVUM ORGANUM, livro II, aforismo
XII).
Esse momento corresponde à repartição dos fatos através dos levantamentos das
taboas de investigação, cuja qual, contemplam os resultados das experiências.
A terceira tábua de investigação é a de graus ou comparação, ela consiste na
comparação das experiências que foram codificadas, possibilitando uma interpretação. O
estudioso encontra a causa do fenômeno e sua lei. Essa tábua compreende dois tempos: o
primeiro a comparação da tábua, nessa fase a interpretação é hipotética, nessa fase percebe-se
a presença, ausência e a variação do fenômeno estudado; e na segunda parte a hipótese é
verificada, deve ocorrer à instituição de uma experiência precisa e limitada na qual a hipótese
deve tornar-se explicação definitiva, ou ser derrubada e abandonada. Ou seja, através de fatos
privilegiados, esse momento coloca a natureza em contraposição de suas variáveis,
exprimindo uma última vez para verificar a hipótese (Japiassu, 1995, p. 53).
Em terceiro lugar, é necessário fazer-se citações perante o intelecto das
instâncias cuja natureza, quando investigada, está presente em mais ou
menos, seja depois de ter feito comparação do aumento e da diminuição em
um mesmo objeto, seja depois de ter feito comparação em objetos diversos
(NOVUM ORGANUM, livro II, aforismo XIII).
Portanto, o método de Bacon propõe que sejam recolhidos todos os fatos possíveis,
que sejam feitas todas as observações possíveis e que sejam realizadas todas as
experimentações praticáveis. Com isso, nota-se que a indução consiste em extrair dos fatos
uma forma, e essa forma são o princípio e essência das coisas naturais, para compreender a
natureza é fundamental conhecer suas formas e suas manifestações através das ocorrências
dos fenômenos.
Para diminuir erros, Bacon propõe ainda a analise das instâncias prerrogativas, que são
recursos auxiliares do entendimento da natureza da forma. Bacon expõe 27 instâncias, porém
neste trabalho iremos comentar duas instâncias que foram escolhidas ao acaso.
Depois das tábuas de primeira citação, depois da rejeição ou exclusão e
depois da primeira vindima, feito segundo aquelas tábuas, é necessário
passar para outros auxílios do intelecto na interpretação da natureza, bem
como à indução verdadeira e perfeita (NOVUM ORGANUM, Livro II,
Aforismo XXI).
As instâncias que serão observadas neste trabalho, correspondem a de número XII e a
de número XVIII, presente no livro II do Novum Órganum, a primeira é denominada a
instância subjuntiva ou da extremidade ou a do termo e a XVIII é a instância de caminho ou
itinerantes ou articuladas.
A décima segunda instância, segundo Bacon:
Indicam de modo não obscuro, as dimensões das coisas e as verdadeiras
divisões da natureza, o limite até o qual atua a natureza e produz algo, e, em
fim, a passagem da natureza a outra coisa. (NOVUM ORGANUM, Livro II,
Aforismo XXXIV).
Essa instância relata os aspectos específicos para a origem de uma determinada forma
corpo na natureza, aborda que cada matéria (forma), apresenta uma característica singular
para sua origem, então o ferro necessitou de algumas características particulares existente em
um determinado período de tempo, temperatura, tipo de rocha, pressão, dentre outros.
Tais instâncias não são úteis apenas se juntas a proposições fixas, mas também por si
mesmas e em suas próprias propriedades. Bacon relata o seguinte exemplo para demonstrar a
aplicabilidade desta instância: o caso do ouro em relação ao peso; do ferro em relação à
dureza, da baleia em relação ao tamanho dos outros animais, do cão em relação ao seu olfato
apurado, da inflamação da pólvora em relação à explosão violenta, e coisas semelhantes.
A próxima instância é a do caminho ou instância itinerante ou articulada, essa
instância segundo Bacon, é a que indica o movimento uniforme e gradual na natureza. Esse
gênero de instância escapa mais à observação que aos sentidos, pois é espantosa a negligência
dos homens a seu respeito...”. (NOVUM ORGANUM, Livro II, Aforismo XLI).
Bacon expõe nesta instancias que os “homens” (pesquisador) só estudam a natureza a
intervalos ou periodicamente e quando os corpos já estão acabados e completos, e não em sua
operação. Para compreender esta instância Bacon cita o seguinte exemplo “na investigação
sobre a vegetação das plantas, é necessário começar pelas sementes, observando-as quase
diariamente, enterradas, e retirando-as da terra, a dois, a seguir depois de três, para poder
entender de que modo e em que momento as sementes começam a inchar e intumescer-se, a
encher-se de espírito; depois, a romper o revestimento emitindo os primeiros brotos para fora
da terra, se estes não forem impedidos pela dureza do terreno; para se verificar de que modo
se lançam as fibras, com as raízes para baixo, como os ramos para cima, que às vezes se
prendem lateralmente, se o terreno assim o facilita, e assim por diante” (1992, p. 184).
Essas instâncias contribuem para que o pesquisador não compreenda a forma de
maneira contemplativa, mas que aumente o conhecimento intelectual e prático do domínio da
natureza, assim relata Bacon, sobre as finalidades das instâncias: os usos dessas instâncias, no
que se sobrepõem às instâncias vulgares, relacionam-se em geral ou com a parte informativa
ou com a parte operativa, ou com ambas (NOVUM ORGANUM, Livro II, Aforismo LII).
“Pelo pecado o homem perdeu a inocência e o domínio das criaturas. Ambas as perdas
podem ser reparadas, mesmo que parte, ainda nesta vida; a primeira com a religião e com a fé,
a segunda com as artes e com as ciências”. (NOVUM ORGANUM, Livro II, Aforismo LII).
Bacon, portanto expõe que ainda há tempo para o homem abandonar o atraso do
conhecimento estagnado pela ciência aristotélica, e pode progredir através do novo método o
conhecimento sobre a natureza, que deve ser conquistada através do trabalho e do novo
conhecimento, possibilitando a esses sonhar em conquistar uma qualidade de vida,
proveniente da técnica.
Francis Bacon constrói uma histórica utópica para explicar o modo que a técnica e o
novo conhecimento poderiam melhorar a qualidade de vida da humanidade. A Nova Atlântida
não foi terminada e descrevia uma sociedade técnica e passava pelo progresso tanto do
conhecimento intelectual como dos benefícios prática para a vida humana, Bacon expõe nessa
fábula, que o saber deve ser uma ciência progressiva, feita por resultados obtidos por
pesquisadores que trabalham de modo cooperativo. Ele está convencido de que a verdade é
filha do tempo e não da autoridade. O saber que nasce da colaboração entre pesquisadores é
um saber que exige novas instituições que incentivem novos saberes, essa descrição de uma
sociedade ideal pode ser resumida pela citação abaixo:
O projeto baconiano consiste em negar que existe verdade ou conhecimento
em si. Porque todo conhecimento deve ser útil ao homem, deve servir para a
instauração do “Reino do homem”, quer dizer, para a felicidade de todos.
Graças à ciência, a vida de cada homem será mais fácil, mais feliz, isenta de
trabalho, de desolação, de tristeza, de doenças, de golpes do destino,
equivalendo à transformação do mundo. Para realizar esse projeto, devemos
conhecer as causas das leis naturais, forçar a Natureza a colocar-se a serviço
do “reino humano”, vale dizer, tornar-nos mestres do mundo, exercer nosso
poder sobre as coisas e transformar os objetos para que eles nos sirvam!
Bacon traça os planos de uma “Nova Atlântida” onde deve reinar a
felicidade. Ela é dotada de uma organização de pesquisa, da descoberta e da
invenções. São descritas invenções fantásticas. A ilha abrigará o templo de
Salomão que seria uma verdadeira “Universidade Técnica” (Japiassu, 1995,
p. 130).
Assim a idéia de progresso em Bacon esta diretamente ligada ao crescimento da
qualidade de vida da humanidade resultante do conhecimento técnico e intelectual do
conhecimento
IDÉIA DE PROGRESSO EM FRANCIS BACON
Toda a obra de Francis Bacon segundo Rossi (1989) se destina a substituir uma cultura de
tipo retórico-literário por uma de tipo técnica-científica. Com objetivo intrínseco de aplicar o
conhecimento científico e tecnológico nas atividades de produção industriais, a serviço do
progresso.
Observando tal aspecto é interessante compreender que a idéia de progresso em Bacon
não visa apenas à necessidade de uma ruptura com o modo de pensar a ciência até então, mas
propunha também uma ruptura no modo de vida e de relação das pessoas.
O método indutivo para Bacon possibilitaria a construção do alicerce de um
conhecimento correto dos fenômenos e de suas formas, onde o bem-estar do homem estaria
no entendimento que ele possui sobre a natureza. Portanto é fundamental o domínio do
homem sobre a natureza, a partir do conhecimento técnico dos fenômenos naturais.
Para conhecer tais fenômenos Bacon segue a tendência ao método experimental, muito
bem descrita por Souza (2008):
...trata-se de explicitar o método seguro de interpretação da natureza, que é
o que ele chama de indução verdadeira’, que parte da observação regrada e
sistematizada dos fatos naturais para ascender progressivamente a axiomas
intermediários até alcançar os axiomas mais gerais (2008, p. 18).
Rossi (1989), afirma que Bacon atribui a algumas categorias um valor universal, desta
forma descrita: a colaboração a progressividade, a perfectibilidade e a invenção, serviriam
para classificar todo o campo do saber humano e assim adotar um modelo mecanicista para o
progresso do conhecimento, que uma vez iniciada, funcionaria sozinha. A verdadeira filosofia
não guarda intacto na memória o material fornecido pela história natural e pelas artes mecânicas, mas
conserva-o transformado e digerido no intelecto (BACON, 1992).
Rossi (1989) acredita que a concepção de ciência na filosofia de Bacon, possui um
papel decisivo e determinante na formação da idéia de progresso, que pode ser entendida em
três pontos principais: o primeiro é que Bacon concebe que o saber não deve caminhar pela
inércia, mas deve trilhar novos caminhos para o desenvolvimento do saber científico. O
segundo é que ele está convicto de que esse saber nunca estará terminado e a terceira é que a
ciência não se apresenta como um conjunto de teorias contrapostas, mas como um processo
em desenvolvimento, apresentando-se como teorias gerais que incluem as teorias velhas.
Assim ,para Bacon, o progresso do conhecimento seria as mudanças sociais e políticas
conduzidas por um novo método. O desenvolvimento das ciências e da filosofia propiciaria
uma grande mudança do conhecimento humano e uma reforma na vida dos homens
(GALVÃO, 2010). O progresso pode ser sentido em nossa sociedade, através das constantes
inovações técnicas que vivenciamos, pois foi Bacon que combateu o conhecimento
especulativo que atrasava o progresso da ciência, como aborda Krohn (2003, p. 34) apud
Galvão (2010, p. 10): Todo o desenvolvimento da sociedade está presente na filosofia de Bacon.
Cada controvérsia do presente pode ser estimulada e confundida pelos aforismos e fragmentos de seu
pensamento.
Exemplo disto é a diferença existente nos países dito desenvolvidos que apresenta um
índice de socioeconômico bem mais elevado que os países subdesenvolvidos, isto se dá em
partes ao fato de os países periféricos não terem conseguido acompanhar a intensa aceleração
nos avanços tecnológicos alcançados pelas nações mais ricas.
Para Bacon, o conhecimento não deveria ser dominado por poucos, mais deveria ser
geograficamente distribuído por todas as nações do globo (Nova Atlântida, 1992), porém isso
não ocorreu na construção histórica da formação social, cultural e econômica dos países
subdesenvolvidos e nem ocorre na atualidade, resultando em atrasos econômicos e sociais de
algumas nações. Esse atraso tecnológico dificulta o desenvolvimento dos países, ao gerar uma
grande desigualdade no comércio internacional, com vantagens para os países desenvolvidos,
e desvantagens para a periferia se podem notar tais aspectos até mesmo na Divisão
Internacional do Trabalho (VESENTINI, 2004).
De um lado estão os países subdesenvolvidos, menos avançados tecnologicamente e
que, em sua maioria, continuam dependentes de produtos de ponta, em outro ponto continua a
produzir os bens mais baratos existentes no mercado internacional que são gêneros agrícolas e
recursos minerais. No lado oposto estão os países desenvolvidos exportadores de produtos
mais avançados tecnologicamente, cujos preços valorizam-se cada vez mais, frente a suas
importações de materiais primários.
Bacon escreveu seu pensamento há três séculos, mas suas inquietações podem ser
bastante discutidas na atualidade, Como na idéia de que quanto maior é o investimento de um
país em tecnologia e educação, maior é seu desenvolvimento e acesso aos bens produzidos,
portanto, menor serão as desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais presentes em
sua população, como escreveu Francis Bacon em sua Utópica estória Nova Atlântica,
mostrando seu ideal de progresso e ciência.
CONCLUSÃO
A Grande Instauração define um inventário das possibilidades técnicas e científicas da
humanidade, esta deveria buscar uma teoria do conhecimento formulada num código de
procedimentos para congregar o saber e seu desenvolvimento sistemático. O conhecimento
não poderia pertencer a um grupo, mas deveria acompanhar a expansão geográfica, não
podendo este conhecimento limitar-se na inércia das antigas invenções.
Bacon classifica no Novum Órganum as disciplinas segundo sua relação fundamental
com as faculdades humanas, pois o progresso do conhecimento (saber) deve obedecer a uma
ordem rigorosa, mas peca em não considerar as matemáticas como ciência.
Bacon se dedica de corpo e alma à realização de conhecer a natureza, e assim, melhor
dominá-la. Após definir suas leis teóricas, procura subordiná-la aos seus ideais. Já no final da
sua vida descreve seu sonho utópico, através do desenvolvimento de um centro de pesquisa
científica, um mundo que descreve o conhecimento técnico-científico em prol da melhor
qualidade de vida para as sociedades, denominada: a Nova Atlântida, obra inacabada e
publicada em 1627.
Dessa maneira é importante compreender o conceito de domínio da natureza para Bacon.
Francis Bacon, filósofo e político inglês demonstrou que deveriam ter uma relação racional
entre o homem e a natureza, de certo modo para ele, esta última deveria qualificar a vida
humana, porém seu uso deveria ser feita de forma correta, pois para ele o saber
(conhecimento) é poder. Através do conhecimento poderíamos manter relações mais
adequadas com o meio natural e com a própria ordem social sem degradar as relações que
existe neste de forma tão rápida como a sociedade contemporânea vem fazendo.
Então, portanto concluir-se que Francis Bacon:
Propõe uma instauração do saber, para que o conhecimento seja algo importante,
é necessário se criar um novo saber, por tanto critica o Órganum inscrito por
Aristóteles a cerca de mais de dois mil que barrava o progresso da ciência.
Bacon fornece um passo à introdução a ciência moderna.
É o primeiro a se preocupar com o método, progresso e técnica.
Bacon lutava contra o mundo medieval, e que a ciência estava estagnada na
Igreja.
Descreve que o homem deve saber viver e conseqüentemente usar a natureza para
progredir nas suas relações sociais em busca da melhor qualidade de vida.
Francis Bacon aumenta o degrau que separa homem e natureza.
Então o método baconiano foi fundamental para o progresso do conhecimento, pois
conduz o pesquisador compreender e a buscar as causas dos fenômenos que deseja estudar,
instiga o pesquisador a analisar todos os objetos puros em busca de um conhecimento efetivo
e longe dos erros, para alcançar tais objetivos o pesquisador deve executar experimentação e
seguir de forma bem sistematizada a metodologia adotada na pesquisa, contemplada no
método indutivo, cauteloso e sistematizado lançado pela filosofia de Francis Bacon.
REFERÊNCIAS
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BACON, Francis. O progresso do Conhecimento. Trad., apresentação e nota de Raul FikerSão Paulo: Ed. UNESP, 2007.
BACON, Francis, 1909 - 1992. . Ensayos. Buenos Aires: Aguilar, 1965. 238 p. (Biblioteca de
Iniciação Filosófica;7)
BACON, Francis, 1909 - 1992. Novum Organum ou Verdadeiras Indicações acerca da
Interpretação da Natureza. São Paulo: Abril Cultural, 1973. 278 p. (Os pensadores; 13).
BACON, Francis, 1909 - 1992. Novum Organum. Buenos Aires: Losada, 1949. 341 p.
(Biblioteca filosófica).
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 12. Ed. São Paulo: Ática, 2002.
GALVÃO, Roberto Carlos Simões. Francis Bacon: teoria, método e contribuição para a
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em 14/05/2010. Revista Voz da Letras
JAPIASSU, Hilton. Francis Bacon: o profeta da ciência moderna. São Paulo: Letras &
Letras, 1995. 142 p.
PEREIRA, M. E. M. A Indução para o Conhecimento e o Conhecimento para a Vida
Prática: Francis Bacon (1561-1626). In. ANDREY, M. A. Para Compreender A Ciência:
uma perspectiva histórica. Rio de Janeiro: Ed. Garamond, 2007.
ROSSI, P. O filósofo e suas máquinas. São Paulo, Cia das Letras, 1989.
SANTOS, Antônio Carlos dos (Org). Filosofia & natureza: debates, embates e conexões.
SOUZA, Maria das Graças de. A Filosofia da natureza em Bacon: a herança democritiana
(17-27). São Cristóvão, SE: Editora da UFS, 2008. 200p.
VESENTINI, J. William, et all. Geografia Crítica. 31. Ed. São Paulo: Ártica, 2004.
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