Nº14 Julho 2008 Vinea Reportagem 1 Revista dos Vinhos do Alentejo REDONDO REGUENGOS À sombra da Serra da Ossa No coração do Alentejo Castas Arinto e Alicante Bouschet Turismo Suplemento distribuído com o jornal Público Baixo Alentejo em grande Castas Roupeiro e Trincadeira Turismo A Rota de S. Mamede Sabores Sabores sopas e caldos O porcoAçordas, de montado ÀÀMesa: temperaturas serviço Mesa:As A importância dede um copo Reportagem 2 Reportagem 1 Reportagem Reportagem 2 3 9edit.com Sumário Editorial 4 ______________________________________ Redondo, à sombra da Serra da Ossa 6 ______________________________________ Arinto e Alicante Bouschet, como o sal e a pimenta 18 ______________________________________ Turismo em alta no Baixo Alentejo 24 ______________________________________ O Vinho do Alentejo na Internet 38 ______________________________________ A importância de um copo 42 ______________________________________ Notícias 44 ______________________________________ Ficha Técnica Propriedade CVRA-Comissão Vitivinícola Regional Alentejana R. Fernanda Seno, 12 7002-506 Évora Tel: 266 748870 www.vinhosdoalentejo.pt Director Joaquim Madeira Coordenação Tiago Caravana Colaboraram nesta edição Samuel Alemão Fernando Melo David Lopes Ramos Maria Amorim Luís Lopes Paginação e Impressão RPO Seja responsável, beba com moderação Açordas, sopas e caldos 32 ______________________________________ Reportagem Reportagem 4 5 Editorial Alentejo Sempre a crescer Só nos últimos dois anos, os Vinhos do Alentejo duplicaram os volumes de exportação. Os estudos efectuados pelas mais diversas entidades especializadas são absolutamente coincidentes: o mercado dos vinhos de qualidade em Portugal, é largamente liderado pelo Alentejo. Isto não é propriamente novidade, seja para quem vende, seja para o consumidor final, uma vez que desde há vários anos os Vinhos do Alentejo desfrutam confortavelmente dessa posição cimeira. Mas é importante salientar que, encerradas as contas de 2007 e apurados os resultados, a situação se mantém inalterável no que respeita ao mercado interno, com os vinhos produzidos na região do Alentejo a abarcarem uma quota de mercado de cerca de 43% em volume e 46% em valor. Quanto ao mercado externo, apesar do sector vitivinícola ser uma das actividades mais competitivas sob o ponto de vista comercial, os valores apresentam uma evolução extremamente positiva fruto, sobretudo, do notável dinamismo dos agentes que operam nesta região. Uma forte evidência dessa evolução é o facto de, só nos últimos dois anos, os Vinhos do Alentejo terem duplicado os volumes de exportação. Se nos reportarmos aos últimos cinco anos, a exportação de Vinhos do Alentejo passou de mil hectolitros em 2003 para os quase cento e seis mil em 2007, um salto absolutamente notável e sem paralelo em Portugal. Angola, Brasil e EUA lideram o grupo dos 81 países que importaram vinhos do Alentejo em 2007. Em relação a 2006, Angola teve um crescimento de 69,1%, o Brasil de 51,8% e os EUA aumentaram 10,1%. São valores que impressionam, tanto mais que estamos a contabilizar volumes muito significativos. Outros mercados dignos de registo, são por exemplo o Suíço, que cresceu 68% e o Canadiano, com um aumento de 58%. Por outro lado, a China continua a ganhar apetência pelos vinhos alentejanos e a Rússia surge já com algum significado nos vinte maiores importadores. Países como o Dubai, a Bolívia e ou as Bermudas, embora com volumes modestos, são novas aquisições à lista de mercados que se abrem aos vinhos da região. Apesar de termos consciência da nossa dimensão, enquanto região vitivinícola de um pequeno País, que certamente não terá uma grande notoriedade no mercado internacional do vinho, como sistematicamente é referido pelos especialistas do marketing, a verdade é que, olhando para o que exportávamos há meia dúzia de anos, não podemos deixar de sentir algum alento, e desta forma incentivar os produtores alentejanos para que continuem com o mesmo profissionalismo e a mesma abnegação. Os resultados obtidos mostram que vale a pena. Joaquim Madeira Reportagem 6 Reportagem 7 Redondo À sombra da Serra da Ossa Samuel Alemão Juntamente com Borba e Reguengos de Monsaraz, a sub-região de Redondo faz parte daquele que muitos consideram ser o “triângulo dourado” dos vinhos do Alentejo. Marcada pela proximidade da Serra da Ossa, a Norte, a zona pauta-se por um equilíbrio muito grande das características climatéricas e geológicas. As castas agradecem. Isso tem naturais consequências nos seus vinhos, que acabam por transportar as melhores qualidades que os consumidores reconhecem nos alentejanos: fáceis de beber. É É tudo uma questão de perspectivas. Depende de onde se observa, do que se pretende alcançar e da matéria-prima com que se trabalha. O mundo dos vinhos não diferirá muito das outras criações humanas, afinal. “Ajustamos os nossos vinhos ao gosto do consumidor. Sem deixar de lutar pela qualidade final, o objectivo é fazer coisas para as pessoas, pois são elas quem bebe”. Pragmático, Luís Morais Cardoso, 70 anos, dá razões bem claras para a muito invejável notoriedade comercial que a Adega Cooperativa de Redondo, por si presidida, alcançou. São 15 milhões de garrafas comercializadas, por ano. Só o Porta da Ravessa vendeu, no ano passado, nove milhões. “Tenho confiança na qualidade do vinho alentejano”, assegura o gestor. Não admira. Está longe de ser o único, aliás. A preferência dos consumidores nacionais pelo resultado da vinificação das uvas colhidas nas extensas propriedades existentes no Alentejo é bem conhecida. Tanto que já se olha para ela, de ano para ano, como um dado incontornável. São os números do mercado que o dizem. Caso fosse necessário reforçar, um recente estudo da empresa AC Nielsen revelava que a região foi a origem de 43% do volume de vinhos de qualidade (DOC e Regionais) consumidos em Portugal, no ano passado. Ser desta região “ajuda bastante” na hora de vender, reconhece Miguel Santos, 35 anos, administrador da Roquevale, uma das empresas com mais tradições e maior dimensão em Redondo. São deles os conhecidos Terras de Xisto e Tinto da Talha. Ambas ajudam a firma a comercializar, anualmente, dois milhões de litros de vinho. Mas será que quem bebe um vinho da Roquevale sabe que ele é proveniente de Redondo? Se calhar, alguns consumidores mais atentos sabem. Mas, para a generalidade das pessoas “é indiferente”, salienta Joana Roque do Vale, 34 anos, enóloga e responsável pelas exportações desta casa, em que a sua família produz vinhos há três gerações. Conhecedora Reportagem Reportagem 8 9 “Ajustamos os nossos vinhos ao gosto do consumidor “ diz Luís Morais Cardoso da Adega Cooperativa de Redondo. profunda do mercado, ela sabe que ser do Alentejo é um argumento forte, embora avise que “terá de haver uma selecção natural, porque há demasiadas marcas de vinho, muito dele alentejano, nas prateleiras”. Para quem gosta de vinho, porém, isso está longe de ser um problema. Afinal, a concorrência jogará sempre a seu favor. Por outras palavras, tal significa bons vinhos a preços convidativos. Sempre a crescer É difícil pedir mais. Recorde-se, estamos a falar de vinhos com um grande apelo aromático e bem “redondos na boca”. Aquilo que Nuno Franco, 35 anos, director-geral da Casa Agrícola Alexandre Relvas, aponta como uma inegável vantagem. “No estrangeiro, o Alentejo dá-se melhor porque faz vinhos fáceis de beber, de tendência internacional”, explica, com a confiança dada pelo excelente comportamento comercial A Adega Cooperativa de Redondo, vende 15 milhões de garrafas por ano. Só o Porta da Ravessa representa nove milhões. evidenciado pelos vinhos por ele produzidos. Em 2007, a Casa Agrícola vendeu 387 mil garrafas, 20% das quais na exportação. Nada mau para quem teve a primeira vindima apenas há cinco anos, da qual resultaram 26 mil garrafas. Um crescimento anual a rondar os 120%. Daqui a dois anos, apontam as previsões, produzir-se-á cerca de um milhão de garrafas. É obra. Uma vitalidade a rimar com a juventude de Alexandre Relvas Júnior, que, aos 24 anos, só pode ter razões para sorrir por detrás dos óculos de sol. O seu pai, conhecido empresário, comprou a Herdade de São Miguel, no início dos anos 90, quando não lá não existia um único hectare de vinha. Apenas criação de gado bovino. Em 1998, decidiu plantar uma centena de hectares de sobreiros, e, um par de anos depois, avançou com a plantação da primeira vinha. Neste momento, contam-se 35 hectares. “Partimos para o terreno com uma abertura total, ajustando a posição ao mercado. As coisas têm sucedido naturalmente, um pouco como uma bola de neve. As primeiras campanhas foram as mais difíceis”, diz o jovem produtor, sentado com Reportagem Reportagem 10 11 Aqui trabalha-se para pôr mais gente a beber vinhos de qualidade, como propõe o Novo Mundo. Adega Cooperativa de Redondo a descontracção de quem sente estar no caminho certo, num final de tarde solarengo. Vinhos bons para todos Alexandre convida-nos para uma volta pela vinha. Ao passar por um campo delimitado por uma vedação, junto a um caminho de terra batida, um dos seus cavalos aproxima-se e faz menção de receber um afago. “Sempre adorei campo e cavalos, sempre quis estar ligado a isto”, confessa. O lado sentimental está, todavia, longe de lhe tirar a clarividência. Os objectivos para o negócio da vinha eram, logo à partida, ambiciosos. De resto, sempre foi essa a perspectiva adoptada: isto é um negócio, antes de mais. Razão suficiente para, desde o início, se ter realizado um encepamento a pensar na produção de vinhos DOC (Denominação de Origem Controlada), com especial predominância das castas regionais Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet, mas também de Cabernet Sauvignon. Tal decisão coube a Nuno Franco. Ele acha que tem de se seguir o caminho mais óbvio, casando a qualidade com a quantidade, pois o Alentejo “não é uma região para fazer vinhos de boutique, muito bons, mas destinados a serem apreciados apenas por uns quantos felizardos”. Aqui trabalha-se para que os enófilos possam tirar prazer do que de melhor vai sendo feito, dizem. No fundo, pôr mais gente a beber bons vinhos, como propõe o Novo Mundo (países como Chile, Argentina, Austrália e África do Sul). Uma máxima coincidente com o que defende o presidente da Adega Cooperativa de Redondo, para quem a única maneira de defender os vinhos do Alentejo é “exportar a sério”. Existe assim a ideia de, nos próximos cinco anos, aumentar em mais de 60% os actuais 1,9 milhões de garrafas enviados para o mercado externo. Também a Roquevale pretende avançar mais nesses terrenos, apesar de já exportar um quinto do que produz, principalmente para Macau, Brasil e Angola. E tal missão está longe de afastar os decisores da empresa do objectivo bem delineado de consolidar a presença no mercado nacional. “Ainda temos potencial de crescimento cá dentro, as pessoas conhecem as nossas marcas”, diz Miguel Santos. Eles só trabalham para a nossa felicidade, parecem dizer. E um cartaz publicitário da Roquevale, colocado na parede da sala de espera da sede da empresa, ajuda a reforçar a ideia. “Mais rico é aquele cujos prazeres são mais acessíveis”, diz uma frase, citando um grande pensador norte-americano do século XIX, Henry David Thoreau. A proximidade da serra Afinal, atingir essa meta não deve ser difícil, pensar-se-á, pois estamos naquele que muitos identificam como um dos vértices do “triângulo dourado” do vinho alentejano. O Redondo delimita, com Borba e Reguengos, o coração da região qualitativamente mais produtiva da viticultura nacional. As três sub-regiões, muito próximas umas das outras, acabam por ter elementos em comum, apesar das diferenças entre elas. Talvez não seja coincidência que em cada uma delas estejam sedeadas as três adegas cooperativas mais rentáveis de Alentejo e todas com lugar no topo dos maiores produtores nacionais de vinho. “São as três muito semelhantes, com um clima idêntico, tal como os solos, onde predominam as formações graníticas Reportagem Reportagem 12 13 Para Nuno Franco e Alexandre Relvas, o futuro do Alentejo está nos vinhos fáceis de beber, de tendência internacional. Vale d’Anta a sua principal referência. O sector da restauração e algumas lojas especializadas são a garantia do melhor escoamento das 150 mil garrafas feitas no último ano. Tudo tinto, vinificado a partir das castas Touriga Nacional, Trincadeira, Aragonez, Alicante Bouschet, Syrah, Cabernet Sauvignon e Castelão. A Herdade Vale d’Anta, dada a sua pequena dimensão, não está presente na “guerra das prateleiras” dos supermercados. e de xistos”, afirma Joana Roque do Vale. Opinião partilhada por outras pessoas. Uma perspectiva algo diferente tem, porém, o vizinho João Grancho, 77 anos, proprietário da Herdade Vale d’Anta. A partir da sua vinha de 24 hectares e respectiva adega, situadas no lado oposto da estrada que liga a vila de Redondo a Estremoz, mesmo antes de se começar a subir a encosta sul da Serra da Ossa, ele faz apelo à sua longa experiência. A barreira natural, à sombra da qual se estende a sub-região de Redondo, acaba por funcionar como ponto de referência e ex-libris, garante. Não apenas pela localização geográfica, mas mais ainda pela influência que evidencia na criação de condições climáticas bem específicas daquele lugar. A elevação montanhosa impede, muitas vezes, que as chuvas e os ventos sentidos na encosta setentrional, na sub-região de Borba, ali se manifestem. Uma situação também sentida em Reguengos, igualmente situada na vertente meridional da serra. “Existem diferenças evidentes relativamente à encosta Norte”, diz Susana Estéban, 38 anos. A conhecida enóloga espanhola, nome feito após alguns anos no Douro, só começou a trabalhar no Alentejo, no Verão passado. Mesmo a tempo de acompanhar a última vindima de João Grancho. “Estou aqui há pouco tempo, mas parece-me claro que a Serra da Ossa tem uma influência nos vinhos que se fazem deste lado, nomeadamente na maturação mais acelerada, causada pelo tempo mais seco”, explica a nova responsável pela produção desta casa, que encontra na marca Fazer sempre melhor A adega, inaugurada em 2002, tem-se mostrado à altura do pretendido e até serve de base para a produção de António Lobo da Silveira, genro de João Grancho e detentor de 48 hectares de vinha em Arraiolos. O vinho daí saído é comercializado sob a designação Solar dos Lobos e também está aos cuidados de Susana Estéban, cujo presente desafio passa por mudar um pouco o perfil dos vinhos de ambos os produtores. Conhecida pela qualidade do seu trabalho na Quinta do Crasto, no Douro, fala agora na necessidade de fazer “um grande esforço para dar uma viragem”. Dos vinhos de 2007, a enóloga já trabalhou em alguns loteamentos, mas pensa que há material de qualidade na vinha para conseguir fazer o melhor possível, daqui para a frente. A estratégia afasta-se da adoptada por muitos produtores. A Herdade Vale d’Anta não está presente na “guerra das prateleiras” dos supermercados. Nem poderia estar, dada a sua dimensão. Há que ser realista e pensar em fazer Reportagem Reportagem 14 15 Miguel Santos e Joana Roque do Vale. A Roquevale é uma das empresas com mais tradições e maior dimensão no Redondo. Redondo está entre dois alentejos: um acima da Serra da Ossa, com maturações mais equilibradas, e outro a Sul, mais quente. a diferença. Em qualquer uma das três categorias da casa – Regional, Colheita Seleccionada ou Reserva –, a ideia é manter uma oferta de vinhos com uma excelente qualidade e a bom preço, claro. Mas sem se desviar do objectivo maior: “Temos que ter consistência, manter a exigência de ano para ano. E, para o conseguir, é preferível até sacrificar um pouco o volume de produção”, defende a técnica, satisfeita com as “vantagens inegáveis” do Alentejo, face à região onde antes trabalhava. Aqui há maiores volumes de produção, logo mais possibilidades de escolha, na hora de fazer um lote, explica. A juventude das uvas Qualquer pessoa empenhada em conseguir um bom vinho só pode estar satisfeita, quando tem essa possibilidade em mãos. É o caso de Susana Estéban, nitidamente entusiasmada com as promessas evolutivas do Alicante Bouschet que estagia, desde Novembro passado, em barricas de carvalho francês. “Está muito bom”, garante. Como se isso não bastasse, outra coisa muito importante joga a favor dos vinhos alentejanos, salienta. “Há aqui uma grande juventude das uvas”, afirma, satisfeita com os poucos anos de vida do material vegetativo. Ou seja, a maturidade ainda está longe de ser atingida, mas, por outro lado, isto significa que os encepamentos se revelam cheios de vitalidade. Ideia também defendida por Paolo Nigra. Ele é enólogo e também sócio-gerente da PLC – Companhia de Vinhos do Alandroal. Trabalha em diversas regiões vitivinícolas do país e não tem dúvidas. “A tendência do Alentejo é a de melhorar, até porque as vinhas são quase todas novas. Portanto, só podemos esperar vinhos cada vez com mais vitalidade”, afirma Nigra, antes de confessar, com um esgar de indesmentível optimismo, que veio para a região “por alguma razão”. E essa razão surgiu em 1999, quando adquiriu 16 hectares de vinha em Portalegre, por querer “voar sozinho”, após anos a dar apoio a outros produtores. Acabou por conhecer outro sócio, possuidor de sete dezenas de hectares de vinha no Alandroal, com quem veio a criar a PLC. Hoje, a empresa põe no mercado cerca de 120 mil garrafas, tendo na marca Pontual – da qual existem um Syrah, um Touriga Nacional com Trincadeira e um Reserva – a principal referência. Foi nela que depositou todas as esperanças. “Quando decidimos avançar, apercebemo-nos de que o Alentejo estava em crescendo exponencial e que, por outro lado, uma marca demora uns anos a fazer-se. Não é coisa que surja assim Reportagem Reportagem 16 17 João Grancho e Susana Esteban. A enóloga veio do Douro para abraçar novos projectos no Alentejo. construção de uma adega própria, no Alandroal. Até aqui, a vinificação tem sido feita nas instalações da Herdade da Farizoa, situada na zona de Borba. Um facto que pode surpreender alguns enófilos, mas está longe de tomar lugar cimeiro na tabela das preocupações de Paolo Nigra. “O consumidor não fala das sub-regiões, mas sim do Alentejo como um todo”, afirma. Uma opinião partilhada pelo presidente do campeão de vendas Adega Cooperativa de Redondo, Luís Morais Cardoso, apesar de apostar numa estratégia oposta à de Nigra. Explica Morais Cardoso que, “tendo excelentes castas e condições climatéricas, a sub-região é algo heterogénea”. Talvez a melhor definição desta zona seja a de Nuno Franco, enólogo da Casa Agrícola Alexandre Relvas, para quem o Redondo “está entre dois alentejos: um do nada”, afirma, ao dar as razões para ter preferido, tal como João Grancho, ficar fora das grandes superfícies. Para o poder fazer, Paolo Nigra escolheu o não tão fácil caminho de implementação de uma rede própria de distribuição. “A tendência do Alentejo é de ainda melhorar, até porque as vinhas são quase todas novas”, afirma Paolo Nigra. acima da Serra da Ossa, com maturações mais equilibradas, e outro a Sul, mais quente. No meio é que está a virtude”, considera. É tudo uma questão de perspectivas, como se disse. Bons vinhos para as justificar não faltam. SOVIBOR Seduzir nos restaurantes O primeiro vinho da marca Pontual saiu em 2001. Para o colocar nos copos dos apreciadores foi necessário desenvolver um trabalho árduo. “Tínhamos dois caminhos: ou entregávamos os nossos vinhos a um grande distribuidor, e não iríamos a lado nenhum, ou apostávamos na criação de um circuito independente, com base nos restaurantes, que é onde se fazem os nomes dos vinhos”, diz. A opção parece estar a dar resultados e, só agora, é que a PLC começa a planear, com mais margem de manobra, a Rua S. Bartolomeu, 48 • 7150-162 Borba • Tel.: 268 894 210 • Fax: 268 894 394 • e-mail: [email protected] Reportagem Reportagem 18 19 Arinto e Alicante Bouschet Como o sal e a pimenta Luis Lopes Existem castas que, como os temperos na comida, parecem imprescindíveis nos lotes de vinhos de determinadas regiões. É o caso da Arinto, nos brancos, e da Alicante Bouschet, nos tintos, duas variedades que muito contribuem para a alma dos vinhos do Alentejo. A A vindima ainda vai longe por terras alentejanas, mas os produtores e os técnicos de viticultura já andam atentos nas vinhas a avaliar o comportamento das castas. A Primavera chuvosa, húmida e fresca, não ajudou nada, exigindo uma atenção constante para que as pragas da videira não comecem a deitar abaixo o trabalho árduo de muitos meses. Duas das variedades de uva que suscitam mais cuidados aos produtores, pela sua importância nos lotes dos futuros vinhos, são a Arinto e a Alicante Bouschet. Não é muito frequente que os vinhos oriundos destas castas acabem engarrafados “a solo” (mesmo assim, vai engrossando o número de Alicante Bouschet extremes). No entanto, estas variedades são fundamentais para completar harmoniosamente a maior parte dos lotes dos vinhos alentejanos de superior qualidade. Salvo raras excepções, no Alentejo os grandes vinhos são sempre fruto da sábia mistura de castas, trazendo cada uma delas uma característica própria ao lote, e complementando- se entre si. Ao longo da última dezena de anos, Arinto e Alicante Bouschet têm visto crescer enormemente a sua influência nos melhores vinhos brancos e tintos da região, quase podendo dizer-se que, tal como os temperos num preparado culinário, sem elas os vinhos não teriam tanta graça, ou seja, perderiam alguma expressividade de aroma e sabor. Vamos olhar mais atentamente para as características de cada uma e provar alguns dos vinhos que originam. 20 21 C A S T A S D O A L E N T E J O O ARINTO excelente equilíbrio entre açúcares e acidez que evidencia, fizeram da uva Arinto uma verdadeira estrela entre as castas brancas portuguesas, sendo hoje adoptada como variedade melhoradora em praticamente todas as regiões de Portugal, já que se adapta bem a solos e climas muito diversos. Desde há muito, a Arinto é responsável por vinhos famosos, nomeadamente os da região de Bucelas. A região vinícola de Bucelas, às portas de Lisboa, foi demarcada oficialmente em 1911, reconhecendo assim mais de um século de prestígio dos seus vinhos. Mais a norte, na região dos Vinhos Verdes, a casta dá pelo nome de Pedernã e é uma das variedades mais importantes. No Alentejo, há registos do então chamado “Arinto de Bucelas” desde os anos 60 do século passado, sendo encontrado em diversas vinhas velhas da zona de Portalegre. Nas décadas seguintes começou a expandir-se para as restantes áreas do Alentejo, estando hoje perfeitamente implantada, desde Portalegre e Borba, a norte, até à Vidigueira, mais a sul. A razão do sucesso dos vinhos feitos com esta variedade está nos seus aromas e sabores citrinos e, principalmente, nos muito bons níveis de acidez, algo sempre precioso nas regiões mais quentes. Fazendo companhia a castas como Roupeiro, Rabo de Ovelha e, sobretudo, Antão Vaz, a Arinto é grandemente responsável pela frescura e vivacidade que cada vez mais se reconhecem nos brancos da região. Essa frescura é igualmente fundamental para a produção de vinhos espumantes, um produto que a pouco e pouco tem vindo a crescer no Alentejo. E ALICANTE BOUSCHET STA não é uma casta portuguesa de nascimento mas pode perfeitamente dizer-se que o é por adopção. E o Alentejo é claramente a região onde essa adopção obteve mais sucesso. A uva Alicante Bouschet foi criada em viveiro em França, entre 1865 e 1885, resultando do cruzamento da Petit Bouschet com a Grenache. Vulgarizou-se no sul de França, em particular na região do Languedoc, mas sempre foi considerada uma casta de menor qualidade, valorizada apenas pela cor que transmitia aos vinhos (é uma uva tintureira, ou seja, a cor está igualmente presente na polpa da uva, não apenas na pele) e sem mais atributos. Até que chegou a Portugal, no início do século XX, e com um clima mais quente e seco mostrou capacidades que nunca tinham sido descobertas em França. A Alicante Bouschet introduziu-se principalmente no Alentejo, muito por influência da família inglesa Reynolds que a plantou na Quinta do Carmo e Herdade do Mouchão. Na região, ainda hoje existem vinhas desta variedade com quase 100 anos. Ao longo da segunda metade do século XX, a cor, a estrutura, a concentração e o poder de longevidade dos vinhos desta casta conquistaram todo o Alentejo. Actualmente, a variedade Alicante Bouschet é considerada de enorme importância para a maioria dos vinhos alentejanos, existindo em praticamente todas as novas plantações, e fazendo com as castas Aragonez e Trincadeira o trio de luxo dos tintos da região. Perolivas Reg. Alentejano branco 2007 Granacer Feito com Antão Vaz, Arinto, Gouveio e Viognier. No aroma revela boas notas de frutos tropicais, maçã fresca, uma sugestão mineral. Na boca mostra-se um vinho bem estruturado, aparecendo discreta nota de fumo (derivada da fermentação parcial em barrica) a dar complexidade ao conjunto. Um bom branco para peixes gordos cozidos ou assados no forno. Vinha d’Ervideira Alentejo branco 2007 Ervideira Antão Vaz e Arinto, são a dupla de sucesso deste vinho de aroma intenso, marcado por elegantes notas de frutos tropicais, sugestões de geleia e citrinos. Mostra um belo volume de boca, gordo mas sem perder frescura, com o fruto citrino do Arinto em evidência no equilíbrio ácido que lhe prolonga o final. A estrutura do vinho indica-o para pratos de bacalhau ou um bom queijo de pasta mole. Marquês de Borba Alentejo Reserva branco 2007 J. Portugal Ramos A casta Arinto é a estrela do lote, acompanhada de Rabo de Ovelha e Roupeiro. Está com uma boa intensidade aromática, muitas notas frescas de ananás, lima, nuances florais. Volumoso de boca, com a acidez citrina a percorrer toda a prova, é um branco consistente, sólido, com ligeiro vegetal amargo no final limonado e persistente. Experimente-o com carapauzinhos de escabeche ou sopa de cação. Monte das Servas Reg. Alentejano Escolha branco 2007 Serrano Mira Arinto e Antão Vaz de mãos dadas num vinho de intensas notas vegetais no aroma, fruto delicado, folha de limoeiro, num estilo interessante, diferente do habitual. Tem muito bom equilíbrio na boca, com acidez bem integrada, mostrando-se um conjunto de Verão, fresco e apelativo. Perfeito como aperitivo ou acompanhando peixes magros grelhados, mariscos cozidos de confecção simples. Duas Castas Reg. Alentejano branco 2007 Finagra Elaborado com Antão Vaz e Arinto, em partes iguais. Apresenta aromas intensos de pêssego, fruto maduro, notas tropicais, num conjunto de grande expressividade. É muito encorpado na boca, com sugestões de vegetal fresco, manga, fruto de qualidade. Um vinho fresco, fino, com notas de maçã ácida no longo final. De grande polivalência gastronómica, ideal para pratos de peixe ou marisco elaborados. Turismo do Vinho 22 23 Adega Coop. de Borba Reg. Alentejano Alicante Bouschet tinto 2006 Adega Cooperativa de Borba Mostra uma interessante finura aromática, com os frutos silvestres bem definidos, sem excessos de maturação, complementados por discretas notas fumadas, ligeira tosta e minerais. Na boca permanece a elegância, com acidez alta, corpo fino bem texturado, saboroso e sumarento, taninos finos e persistente final. Poderá acompanhar com sucesso um bom cozido à portuguesa. Mouchão Reg. Alentejano tinto 2003 Vinhos da Cavaca Dourada Alicante Bouschet de vinha muito velha é o ponto de partida deste vinho de aroma profundo e intenso, com notas de mentol e eucalipto, bagas maceradas, num estilo austero a que não falta concentração e elegância. Boca ampla e bem estruturada com sugestões de cacau e mentol, taninos firmes num conjunto bem personalizado. É um vinho para carnes gordas, enchidos ou assados de forno. Vale de Ancho Alentejo Reserva tinto 2004 Soc. Agr. Gabriel Francisco Dias & Irmãs Feito de Aragonês e Alicante Bouschet, tem aroma profundo e de belo impacto, com sugestões de bagas silvestres, cacau, fumados muito discretos, especiarias, tudo com elegância e frescura. Com muito bom volume de boca, taninos nobres, muita especiaria, fresca acidez, é um vinho bem seco, firme, com raça e personalidade. Casará na perfeição com estufados de lebre ou coelho. Paulo Laureano Reg. Alentejano Alicante Bouschet tinto 2005 Paulo Laureano Vinus Tem um excelente impacto aromático, complexo, lembrando especiarias (noz moscada, pimenta), compotas, ameixa preta, cacau, num conjunto de grande intensidade. Esse vigor e pujança é evidente na boca, com taninos gordos e sólidos, mas surpreende pela elegância e frescura, pouco habituais nesta casta. Entrecosto frito, costeletas ou entremeada de porco na grelha, serão boa companhia. Dona Maria Reg. Alentejano Reserva tinto 2004 Dona Maria Vinhos Alicante Bouschet, Aragonês, Cabernet Sauvignon e Syrah compõem o lote. Revela um aroma concentrado, com sugestões de frutos maduros, onde notas de barrica de muito boa qualidade conferem um toque de classe. Na boca sente-se um vinho requintado, elegante, com taninos sólidos mas suaves, fruto fino e licorado no final. Frango ou galinha estufados com ervilhas farão com ele uma boa harmonia. Turismo do Vinho 24 Baixo Alentejo Enoturismo em alta Fernando Melo Herdade dos Grous Turismo do Vinho 25 O sul do Alentejo é, neste momento, uma região onde o turismo do vinho está excelentemente desenvolvido. Aqui se encontram produtores que aliam a qualidade dos seus vinhos à qualidade das infra estruturas enoturísticas, que em alguns casos incluem hotel, restaurante e múltiplas actividades de lazer. Turismo do Vinho Turismo do Vinho 26 27 Complementado por instalações hoteleiras modernas, o enoturismo do Baixo Alentejo oferece condições ímpares para uma estada prolongada. Casa de Santa Vitória C A vinoterapia e o spa são atractivos turísticos da Casa Santa Vitória Castro Verde marca com Beja uma linha ao longo da qual se instalaram e vingaram novos produtores alentejanos. Rapidamente a região se tornou referência, pela qualidade dos seus vinhos e pela abertura de novas possibilidades de exploração do Alentejo. Complementada por instalações hoteleiras competentes e modernas, oferece condições ímpares para uma estada prolongada, indispensável para ganhar um bom conhecimento da realidade alentejana. Bordejada a poente pela auto-estrada do Algarve, na qual diariamente milhares de viajantes passam a alta velocidade para baixo e para cima, chegar ao paralelo sobre o qual nos debruçamos tornouse mais simples e seguro. Tomamos a saída de Castro Verde, e rumamos a Albernôa, onde começamos o percurso. Está duplamente sinalizado o caminho para a Casa de Santa Vitória, com placas “Adega” e “Hotel” para esquerda. Depressa deparamos com o casario de baixo perfil que compõe o Clube de Campo Vila Galé, um hotel preparado segundo o estilo “resort”, a oferecer actividades diversas. Fronteira à entrada está a imponente adega da Casa de Santa Vitória. Ambas as instalações funcionam em tandem, constituindo uma oferta enoturística original e completa. Na adega, entramos para uma sala que tem a dupla função de acolhimento a visitantes e loja de vinhos e acessórios. Somos normalmente recebidos por Bernardo Cabral, enólogo e responsável técnico de Santa Vitória que de forma particularmente entusiástica nos leva a visitar as diferentes secções da adega. No andar superior, assistimos a um completo e exaustivo vídeo – disponível em diversas línguas – graças ao qual podemos fazer uma visita virtual pela adega e vinhedos. Quem quer continuar, pode fazer a visita real, o que se recomenda. Na adega damo-nos conta da importância dada à movimentação das massas nas melhores condições, bem como ao controlo rigoroso da temperatura em todas as fases da vinificação e estágio. Nas vinhas, percorridas em moto4 num misto de descoberta e aventura, apercebemo-nos das experiências em curso – que são muitas - e são-nos explicadas as técnicas de condução e plantação específicas de cada casta. Regressamos no final à primeira sala da adega, onde fazemos uma prova comentada, com pão, enchidos e queijos alentejanos, preparados na competente cozinha do hotel. Tem 80 quartos disponíveis, restaurante, spa com vinoterapia e outros tratamentos. É possível fazer actividades turísticas diversas, tais como passeio a cavalo nas vinhas, passeios de moto4 - estão disponíveis 15 -, charrete, jipe, ou até nas míticas 4L, recuperadas e preparadas para o efeito. Lançaram-se recentemente os cursos de iniciação à prova de vinhos e os cursos de culinária, com boa adesão. No projecto Alqueva está previsto que a barragem do Roxo seja a última a receber água já no final do ano de 2008. Com a subida da cota da água nesta barragem, um dos ramais vai entrar pela Herdade até junto ao hotel existente. Prevê-se, por isso, uma mudança radical da paisagem, pelo que já está a ser idealizada pelo grupo Vila Galé a construção de um pequeno hotel de charme, um campo de golfe e um pequeno aldeamento. Herdade da Malhadinha Nova Um pouco adiante de Santa Vitória fica a Herdade da Malhadinha Nova, com vinhos conhecidos pela originalidade dos seus rótulos. Todos eles mostram desenhos da geração mais nova da família Soares, imprimindo um cunho familiar a todo o projecto, além do afecto que é transmitido ao consumidor e ao qual tem sido sensível. Com uma operação considerável de distribuição de vinhos e bebidas espirituosas no território algarvio, os irmãos Soares nutriram durante anos a fantasia de um dia serem produtores de vinhos. Acabaram por encontrar e propriedade ideal, a menos de uma hora de casa e, após visitas e consultas aturadas dentro e fora de fronteiras, ergueram a Malhadinha Nova. O objectivo nunca foi escondido e apontou desde o início para a produção de grandes vinhos. As pontuações e prémios obtidos confirmam em grande medida a ambição, tendo a gama entretanto sido alargada para albergar também os vinhos do quotidiano. A concretização foi feliz, sendo hoje muitos os que passam pela Turismo do Vinho Turismo do Vinho 28 29 O projecto enoturístico da Malhadinha valeu-lhe a atribuição, pela Revista de Vinhos, do prémio “Enoturismo do Ano 2007”. Malhadinha para visitar, provar e comprar vinho. A adega é moderna e está equipada com tecnologia e salas de frio, circulação de massas por gravidade e fluidez na produção, o que acrescenta particularmente no tocante à eficiência. Não se trata de uma instalação de grandes dimensões, mas tudo foi concebido e feito de forma profissional, desde a higiene até à optimização do fluxo de trabalho. O percurso da visita reveste-se, por isso, de grande interesse, tanto para os não-iniciados como para os profissionais do sector. Há duas salas de prova, uma informal outra com uma atmosfera “profissional” e silenciosa, com boa iluminação. O restaurante da Malhadinha está sempre aberto ao público, constituindo uma mais valia na difusão da produção regional. A matéria-prima, que vai desde a boa carne de porco de montado até aos legumes biológicos, é integralmente criada na herdade. A cozinha é competente e oferece os bons sabores e pratos da gastronomia regional do Alentejo, ao mesmo tempo que propõe novas e criativas interpretações. É particularmente indicado este espaço para eventos de grupo ou reuniões familiares, sendo previsível a sua eleição como destino gourmet, tanto entre os locais como junto dos passantes ocasionais. A aposta mais recente da família Soares foi a construção do Country House & Spa. Trata-se de um “boutique hotel” localizado a cerca de mil metros da adega, com quartos de grande requinte e conforto. Em instalações adjacentes e propositadamente construídas para o efeito, funciona um spa (sanum per aquam – saúde pela água), com uma grande diversidade de tratamentos e programas. Sítio ideal, portanto, para uns dias de clausura retemperadora, com circuitos BTT e pedestres cuidadosamente planeados de forma a não quebrar a toada tranquila da estada. O excelente projecto enoturístico da Malhadinha valeu-lhe a atribuição, pela Revista de Vinhos, do prémio “Enoturismo do Ano 2007”. Herdade dos Grous O grou é uma ave de grande porte, semelhante à cegonha ou à garça. Tal como esta última, atribui-se a sua origem ao Japão, mais concretamente Hokkaido. Ela aparece em inúmeros desenhos antigos e é um ícone especial, com direito a figurar em quimonos Sabores do Alentejo Sabores do Alentejo 30 Na Herdade dos Grous, a bicicleta é uma das melhores formas de nos deslocarmos. cerimoniais e imperiais. Está associada à pureza, porque só se reproduz e vive em ecossistemas equilibrados, à semelhança do que acontece por exemplo com a águia peneireira. O seu voo é de grande beleza, pelo misto de grandiosidade e elegância que oferece a quem a observa. Não espanta pois que em tempos recuados, perante a observação de tal espécie na extensa planície alentejana, tenha deixado nesta a marca e o nome. Estamos na Herdade dos Grous, a nossa paragem seguinte. Gerida pelos enólogos Luís Duarte e Pedro Ribeiro, e propriedade do grupo hoteleiro de luxo Vila Vita (Algarve), produz alguns dos mais premiados vinhos alentejanos dos tempos recentes. A entrada na herdade faz-se por um caminho particular alcatroado e, franqueada a primeira entrada, encontramos pela nossa esquerda o aldeamento turístico e pela nossa direita as instalações de enoturismo. Os quartos são espaçosos e bem equipados, reflectindo a experiência do grupo em matéria hoteleira. Há bicicletas disponíveis para quem 31 As vinhas da Mingorra são das mais antigas do Baixo Alentejo. quiser dar uma volta por exemplo à volta da grande charca que temos logo em frente. Aí, há “gaivotas” que se podem utilizar para um passeio aquático agradável, inesquecível num fim de uma tarde soalheira. Salas reservadas, churrasqueira e espaços para eventos, tudo foi pensado de forma a acolher tanto o cliente individual como grupos de trabalho ou turísticos. No espaço de enoturismo, existe uma loja onde se vendem todos os vinhos da Herdade dos Grous, bem como merchandising da herdade ou ainda acessórios de serviço e prova de vinho. O restaurante está aberto diariamente e serve pratos, tanto do receituário tradicional alentejano, como de inspiração internacional. A vista de grande alcance está disponível a partir de qualquer mesa e não nos deixa esquecer do sítio especial onde estamos. Destaque para o grande armário climatizado de vinhos, onde repousam prontos a servir todos os vinhos da produção, à temperatura certa. A visita à adega impressiona pela sua configuração, já que o grande parque de cubas está praticamente dentro da vinha, o que cria uma simbiose simbólica imediata. Com explicação detalhada por parte do pessoal treinado e gerido por Marita Barth, vamos descendo em cota até chegar à cave de barricas, de bonito efeito e função, já que mantém a sua temperatura constante ao longo do ano, aspecto fundamental para um bom controlo da maturação dos néctares. Imponente cave de barricas, na Herdade dos Grous. Herdade da Mingorra A escassos quilómetros da cidade de Beja fica a Herdade da Mingorra, o nosso último destino neste périplo pelo Baixo Alentejo. Henrique Uva, o proprietário, é viticultor há décadas e sempre acalentou o sonho de se tornar produtor independente de vinhos alentejanos de qualidade, o que veio a acontecer em 2005. A adega é trabalho de arquitecto, apresenta traça moderna e minimalista e foi concebida de forma a estar enquadrada nos 1.400 hectares de uma paisagem que é tão variada quanto exuberante. Marcam-na a diversidade de culturas e fauna, com várias bacias hidrográficas a funcionar como autênticos oásis. A vinha propriamente dita ocupa uma área de cerca de 130ha, cerca de metade da qual está ocupada por vinha velha (30 anos). Segundo o proprietário da Mingorra, a adega tornou-se num local de culto, uma espécie de hino à tradição vitivinícola alentejana e ao mesmo tempo à modernidade de que o Alentejo precisa. Encontra-se, de facto, dentro de um espaço de concepção actual, algumas das técnicas mais antigas de trabalhar as uvas e os vinhos. O resultado está à vista – e à prova -; vinhos que o mercado já ratificou como sendo de boa qualidade. Consistência e relação qualidade-preço, foram os objectivos estabelecidos e conseguidos pelo trabalho de uma equipa dinâmica, empreendedora e criativa, liderada pelo enólogo Pedro Hipólito. A excelência da cultura vitícola, bem como as condições estruturais e humanas do projecto têm constituído o segredo do sucesso. As vendas têm subido de forma sustentada, dentro e fora do país. Os visitantes têm crescido em número, tanto para comprar vinho no produtor como para visitar e conhecer as instalações onde são feitos alguns dos seus vinhos de eleição. Com antecedência, é possível fazer refeições na herdade, para grupos de diversas dimensões. O passeio pelas vinhas é indispensável, tanto pela extensão como pelo enquadramento exótico na paisagem. O destaque vai para as vinhas velhas que, cobrindo mais de 60 ha, proporcionam a explicação das suas virtudes, mais tarde comprovada na prova de vinhos. Além das vinhas velhas, há 35ha de vinha com 25 anos; 30ha de vinha com 10 anos; e 10ha com 4 anos. Henrique Uva tem particular orgulho na preponderância da vinha velha no portfólio vitícola que administra, consciente de que se trata de uma raridade mas também de um emblema de qualidade, essencial para o vinho alentejano e para a sua competitividade no cenário internacional. Contactos Casa de Santa Vitória Herdade da Malhada 7800-730 Santa Vitória Tel.: 284 970 170 Fax: 284 970 175 E-mail: [email protected] Web: www.santavitoria.pt Herdade da Malhadinha Nova 7800-601 Albernôa Tel.: 284 965 210 Fax: 284 965 211 E-mail: [email protected] Web: www.malhadinhanova.pt Herdade dos Grous Albernôa 7800-601 Beja Tel.: 284 960 000 Fax: 284 900 072 E-mail: [email protected] Web: www.herdadedosgrous.com Herdade da Mingorra Trindade 7800-761 Beja Tel.: 284 952 004 Fax: 284 952 005 E-mail: [email protected] Web: www.mingorra.com Sabores do Alentejo Sabores do Alentejo 32 33 Açordas, sopas e caldos David Lopes Ramos David Lopes Ramos As açordas, os caldos, as sopas, os calduchos, as sargalhetas, as canjas alentejanas são, em muitos casos, exemplos geniais de culinária popular. A confecção dos produtos que nelas entram é simples: nada de refogados puxados, nada de molhos especiosos, apenas sabores naturais espevitados por ervas e temperos de bons Açorda de bacalhau com ovo escalfado cheiros e paladares: coentros, poejos, hortelã da S ribeira, orégãos, tomilho, manjerona, sálvia... Sabemos, mas a repetição não enjoa, que Portugal é, de Norte a Sul e regiões autónomas da Madeira e Açores, um país de açordas, de sopas e de caldos. Terra até há não muitas décadas marcada pela ruralidade, em que os produtos hortícolas abundavam, condição indispensável à confecção de substanciais e saborosos caldos, em Portugal eles foram o prato mais importante, às vezes único, das refeições principais. Nos casos mais favoráveis, comia-se o caldo com o conduto – um bocado de bacalhau, um peixinho ou outro em geral frito, um naco de carne, quase sempre de porco e da salgadeira Sopa de feijão branco com cabeça de porco Sabores do Alentejo Sabores do Alentejo 34 35 Se é verdade que cada região portuguesa se pode orgulhar das suas sopas, é no Alentejo que o panorama é mais rico. Sopa de tomate com entrecosto frito doméstica. Em muitas situações, porém, o único acompanhamento era um pedaço de pão de milho, de centeio ou de trigo. Se é verdade que cada região portuguesa se pode orgulhar da quantidade e variedade das suas sopas, é no Alentejo que o panorama é mais rico. Recorre-se, em terras transtaganas, como em nenhumas outras em Portugal, às ervas aromáticas (coentros, poejos, hortelã da ribeira, segurelha, manjerona, tomilho, orégãos, funcho...) e as açordas, caldos e sopas, sem nunca perderem a simplicidade, ganham uma riqueza cromática, um perfume e um sabor inigualáveis. A sempre presente açorda No Alentejo é pela açorda que devemos começar. Por ser uma sopa não cozinhada e ser o nome do que no resto do país corresponde ao que no Alentejo se chama migas. Informa Manuel Camacho Lúcio, no seu fundamental, pelo receituário recolhido, “Cozinha Regional do Baixo Alentejo” (Editorial Presença), que a açorda é “comida imprescindível em todas as mesas alentejanas, mormente quando começa o frio. Talvez o prato retintamente alentejano mais difundido pelo País, juntamente com a carne de porco à alentejana”. Com um porém: “Nalguns restaurantes, a sua confecção revestese por vezes de formas insólitas – o que é grave --, tirando-lhe a sua simplicidade básica, mas, vá lá, mantendo os ingredientes. Fervem ou fritam os coentros e os alhos; amassam o pão na água e fervem-no. Enfim, mixórdias, mas não a “açorda alentejana”.” Vamos à receita, tal como a apresenta Manuel Camacho Lúcio: “Faça uma papa, no almofariz ou no gralo, de 2 dentes de alho, sal e um bom ramo de coentros. Raspe a papa para o fundo de uma terrina juntando 3 ou 4 colheres de sopa de azeite. Deite-lhe a água a ferver, suficiente para embeber as sopas e ficar ainda com algum caldo. Retempere de sal, junte o pão cortado à mão aos bocados e atabafe por uns momentos. Esta é a receita da nossa açorda! Ficará mais rica e saborosa se tiver cozido na dita água bacalhau, pescada ou outro peixe graúdo. Nessa mesma água escalfe também algum ovo. O peixe e os ovos acompanham a açorda servidos numa travessa ou postos logo no prato de cada um. A sardinha assada também liga muito bem com a açorda. Ainda dentro do Baixo Alentejo encontramos zonas onde se usam pequenas variantes, mas respeitando a receita-base da açorda. Assim, podem-se juntar poejos ou hortelã da ribeira aos coentros ou esmagar também pequenos pedaços de pimento verde.” Origens árabes Também Alfredo Saramago, no seu livro de grande formato “Cozinha Alentejana” (Assírio & Alvim), escrito em parceria com Manuel Fialho, tem coisas a dizer sobre a açorda: “No livro ‘Kitâb-al-tabîj’, traduzido e comentado por Huici de Miranda, vem mencionada uma receita de açorda. Também Ibn Abd al-Ra’uf, noutro tratado de alimentação, fala da açorda, ‘tarîd’ ou ‘tarida’ em árabe, dizendo que se prepara com Sabores do Alentejo Sabores do Alentejo 36 37 Com as ervas aromáticas, açordas, caldos e sopas ganham um perfume e um sabor inigualáveis. Sopa da panela bocados de pão migados, alho, coentros e água bem quente. ‘Tarîd’ vem de ‘tarada’, raiz que significa “migar pão”, e com a ‘tarîd’ comiam-se muitas coisas. A açorda, que veio de um tempo pré-romano, atravessou o Império, o tempo árabe e chegou até nós com a mesma pujança e os mesmos ingredientes”. No seu livro, Saramago publica 10 receitas de açorda e 72 de sopas. É obra. É interessante assinalar que, na obra acima citada, Manuel Camacho Lúcio faz a distinção entre “caldos” e “sopas” alentejanas. Os primeiros, assegura, “são feitos na base de um refogado de azeite, alho, cebola e louro, por vezes com ervas aromáticas, a que se junta a água e que depois de algum tempo de fervura se deita sobre sopas de pão cortadas fininhas. Podem ser de peixe do mar (goraz, besugo, pargo, cherne, carapaus e poucos mais) ou de “peixe da ribeira”. Na casa do rural, os caldos eram comidos sem mais nada ou com batatas às rodelas lá cozidas. Para a execução destes caldos, além dos poejos e hortelã da ribeira, que só rebentam nos fins de Outubro e se aguentam até fins da Primavera, temos ainda os tomates e os pepinos de que dispomos durante o Verão. Os queijinhos frescos, normalmente de Novembro a Maio, ou já curados e que se aguentam até ao fim do Verão, quando metidos no azeite, são outros elementos muito usados nos “caldos””. Criações geniais Quanto às “sopas”, os temperos “não se refogam, salvo excepções. A “sopa fervida” é uma delas”. Outra distinção é a que os caldos são, em geral, mais aguados, mas tanto uns como outras são comidas com “algum caldo, que se deita sobre sopas de pão, umas vezes fatiadas outras cortadas à mão, mas levam sempre pão no fundo da terrina”. Não será motivo de admiração caso se acrescente que caldos e sopas eram as comidas mais comuns nas mesas alentejanas, “dado que se poderiam cozinhar durante todo o ano, ficavam relativamente em conta e não exigiam grandes artes. Ao contrário dos caldos, as sopas não são muito sazonais, porque, sendo a maioria feita com leguminosas, estas, se secas, aguentam-se todo o ano. Ainda segundo Camacho Lúcio, as sopas “são dum modo geral todas cozinhadas em púcara de barro, em lumes colectivos quando em trabalhos do campo, ou com a “púcara dos feijões” encostada ao borralho do lume no chão, que nas casas mais pobres e nos montes está sempre aceso, até no Verão”. Há, no conjunto das açordas, caldos, sopas, canjas, calduchos, molhatas, calderetas e sargalhetas alentejanas, algumas que são geniais. O pobre, frio, avinagrado e cru gaspacho. A rica e exótica sopa de sarapatel com o seu séquito de fressura de borrego ou de cabrito, sangue do bicho, pão migado e rodelas de laranja. A requintada sopa da panela, para mim de pombo bravo se faz favor. A original, saborosa e substancial sopa de beldroegas. A excelente sopa de cardos com bacalhau alimado. Ou ainda o caldo de queijo com ovos escalfados, bem perfumado com duas mentas das mais cheirosas, os poejos e a hortelã da ribeira. Como, com argúcia, observou o escritor Manuel Mendes, um grande caminheiro que deixou, no seu “Roteiro sentimental”, alguns dos retratos mais impressivos do Portugal dos anos 50/60 do século passado: “Do pouco que tem, faz o alentejano prodígios, contribuindo com alta inventiva culinária na confecção de pratos verdadeiramente típicos”. Para a execução das fotos que acompanham este trabalho, agradecemos a inestimável colaboração do restaurante O Galito, em Lisboa. Sopa de cação N 38 Maria Amorim Excelente meio de divulgação, rápido e barato, a Internet continua a ser o médium privilegiado para qualquer produtor alentejano divulgar o que está a fazer. E não só em matéria de vinhos... A V E G A N D O Vinhos alentejanos na Internet O mundos dos vinhos alentejanos está bem representado na Internet. A maioria dos produtores que tem marcas investe neste médium como forma de promoção e informação aos seus clientes, estejam eles dentro ou fora de Portugal. De facto, nestes 12 sites que visitámos, muitos são os que têm mais que o português como língua de consulta e há inclusive um, o da Biomonte, que está apenas em inglês e alemão. Destaque para os sites da Enoforum e Monte do Limpo, que conseguem ter os seus conteúdos em várias línguas. O primeiro está disponível em inglês, russo e chinês; o do Monte do Limpo é mais continental, optando por investir apenas em línguas europeias: inglês, francês, espanhol, alemão e italiano. Ainda assim, numa altura em que a região tentar aumentar a sua facturação nos mercados externos, temos que considerar que é um investimento proveitoso. Um produtor que exporte os seus vinhos e não tenha site para mostrar os seus (outros) produtos arrisca-se automaticamente a perder visibilidade e... dinheiro. E afinal, se não tiver grandes ambições, criar um site nem é difícil nem caro. Ora veja... Como criar um site O segredo está no planeamento. Em saber o que se quer previamente. Se não tem ideias concretas sobre o assunto, investigue sites de outros produtores. Escolha como ponto de partida o que mais se assemelhe ao seu gosto, tanto a nível de estrutura, como de informação prestada e ainda como apresentação. Lembre-se que quanto mais complexo for o site mais caro fica. A seguir crie a sua informação. O que vai aparecer na página de entrada, o que vai escrever para a eventual história da empresa/ exploração, para os vinhos, etc. Se tiver fotos para ilustrar, tanto melhor. Caso contrário, prepare-se para contratar um. Passe para papel as suas ideias. Se já tiver uma ideia da estrutura gráfica, faça também um croquis, detalhando onde quer os menus e onde cada um vai dar. Por exemplo, pode querer que o seu menu Vinhos dê acesso directo ao seu portefólio, sem passar necessariamente por uma outra página. Com esta espécie de relatório, consulte uma ou mais empresas de web design. Existem em todas as cidades e hoje, felizmente, conseguem ter um bom nível médio. Se tiver dúvidas veja o trabalho da empresa e, caso sejam clientes de colegas seus, informe-se junto destes sobre o relacionamento dessa empresa com os clientes. Depois da selecção da empresa que vai criar o seu site, fale com eles antes da implementação. Discutam o seu projecto e ouça as opiniões dos profissionais. Os web designers mais experientes têm sempre boas dicas para apresentar. A boa relação entre os dois é fundamental para que o seu site entre no ar a breve trecho e seja actualizado conforme os seus desejos. Lima Mayer & Companhia | www.limamayer.com Pode escolher entre o português e o inglês na entrada. A página de entrada mostra-lhe sete opções: Vinha, Adega, Vinhos, Equipa, Quinta, Loja online e Contacto. Um clique em qualquer opção dá a mudança de página com um bonito efeito visual. Em três opções existe apenas uma descrição breve mas que contém o essencial. Tanto a Vinha, como a Adega e a Quinta mostram ainda três imagens relativas aos temas. A secção de Vinhos mostra as duas marcas da casa, Subsídio e Lima Mayer, com algumas informações generalistas mas sem detalhar colheitas, por exemplo. A opção Loja abre em janela diferente mas não mostrou qualquer conteúdo. Boa página de contactos, com um mapa para chegar ao local. Biomonte | www.biomonte.com Apenas pode visualizar este site em alemão ou inglês. Esta empresa de Montemor-o-novo pertence a Helga e Wolfgang Delfs que tentam preservar da extinção a angolana Palanca Royal. Uma das opções do site mostra todas as informações. É por isso que os vinhos da casa têm a marca deste animal, tanto no nome como na imagem presente no rótulo. Todos os vinhos têm direito a descrições detalhadas e, nesta página, pode ainda ver uma pequena descrição da história do casal Delfs em “ALENTEJO OF WINES” e uma introdução à região. A empresa, ao pé de Montemor, vende ainda quatro produtos naturais, a maioria produzida com base na folha de oliveira. Muitas fotos ilustram ainda este curioso site. Sociedade Agrícola Herdade dos Lagos | www.herdadedoslagos.com Este produtor de origem alemã mostra uma página de entrada um pouco confusa, misturando texto corrido e ligações baseadas em texto. Comece com a opção Herdade dos Lagos, que lhe dá acesso a tudo. Depois de entrar irá ver que, afinal, o site está bem estruturado e é bastante informativo, detalhando desde a “História da Herdade” até a “Filosofia”, que descreve o objectivo dos vinhos tintos aqui produzidos, passando pelas fundamentais “A nossa vinha” e o “Os nossos vinhos”. Pelo meio poderá encontrar ainda um apanhado dos prémios, de textos saídos na imprensa, um texto sobre a região do Alentejo e uma “Galeria de fotos”. O site está ainda em inglês e alemão. Maria da Graça Noronha Mendes de Almeida | www.montedoalamo.blogspot.com Esta nova produtora optou pelo formato de blogue, o que facilita a criação do site. No fundo é apenas uma página, que se vai estendendo à medida que vai recebendo informação. Os títulos acabam por separar os assuntos, exibidos por ordem cronológica. Ficamos a saber que a exploração fica ao pé de Évora e que é aqui que são produzidos os vinhos das marcas ET Cetera (garrafa) e Ponto e Vírgula (bag in box). Só o primeiro – e apenas o tinto de 2006 tem direito a informações técnicas. Apesar de haver alguma outra informação não há fotos da vinha ou da adega, por exemplo. Estranhamos ainda a falta de contactos: nem morada, nem telefone. 39 40 N A V E G A N D DFJ Vinhos | www.dfjvinhos.com Depois de entrar, chegamos à página principal, onde somos recebidos pelo gestor e enólogo, José Neiva Correia. É nesta página que tudo se joga, num menu que se abre na foto da garrafa, à esquerda. Aqui encontramos uma pequena história da empresa, um apanhado de notícias e uma curta descrição da viticultura. Com um enorme leque de vinhos, (são cerca de 65 marcas!), o menu Portfolio detalha cada uma das colheitas, separadas por tipos de vinhos: tintos, bivarietais tintos, monocastas tintos, brancos, etc. A marca do Alentejo chama-se Monte Alentejano, existente em tinto, rosé e branco. Sendo a DFJ um grande exportador, não surpreenda que o site esteja ainda em inglês e russo. Herdade dos Coelheiros | www.herdadecoelheiros.pt Esta herdade caprichou no seu site, que privilegia o turismo, a primeira das opções: do agroturismo ao enoturismo, existem cinco variantes. A segunda opção seleccionável é a dos vinhos, onde está toda a gama da casa, composta por seis marcas. Cada uma tem a informação completa depois de clicarmos sobre a respectiva garrafa. O resto do site, bem ilustrado e fácil de navegar, fala de outra produção da casa, as nozes e a cortiça. Um pequeno capítulo sobre a história da Herdade dos Coelheiros e uma página de contactos, com indicações precisas sobre a sua localização e itinerários para lá chegar, completam este bom site. Existe uma versão em inglês. Enoforum | www.enoforumwines.com Empresa que resulta de uma associação das adegas cooperativas alentejanas para a exportação, a Enoforum investiu num bom site, com boa riqueza gráfica, disponível em inglês, russo e chinês. Lá encontra tudo sobre o projecto e os seus vinhos, de quatro marcas diferentes: Alentex, Redfox, Porta do Castelo e Real Forte. Todos os vinhos estão bem descritos, com a respectiva ficha técnica. Mas pode encontrar ainda aqui muita informação sobre a região do Alentejo, a vinha alentejana, as castas usadas e as denominações de origem. Não foi esquecida a equipa que gere a empresa. Este é um site muito informativo mas fácil de consultar, indícios de trabalho profissional. Herdade Monte da Cal | www.daosul.com Com quintas em várias regiões do país, mas com sede no Dão, este site da Dão Sul (agora Global Wines) tem uma parte dedicada aos seus vinhos do Alentejo, da Herdade Monte da Cal. Clique nesta opção para entrar no conjunto de páginas, que começa com a História (na entrada, concisa) e continua com os vinhos, uma pequena galeria de fotos e, finalmente, um apanhados dos prémios ganhos pelos néctares Monte da Cal. A parte relativa aos vinhos tem informação suficiente para agradar ao mais exigente dos enófilos, incluindo, em anexo, uma completa ficha técnica. E esta é a grande força do site. Refira-se que existe uma versão em inglês. F. Trigueiros & Filhos | www.ftrigueiros.pt Este produtor com sede em Barcelos construiu um site bastante simples mas contém o estritamente essencial. A página de entrada contém apenas uma mensagem de acolhimento. Para vermos o resto da informação teremos que ir a um dos quatro menus do lado esquerdo: Quem Somos, Produtos, Outras Informações e Contactos. Qualquer uma delas é sucinta, especialmente a parte dos vinhos. Sobre o branco e tinto Monte das Abertas (Alentejo), por exemplo, diz-se apenas o grau alcoólico e, para o tinto, algumas castas usadas. A opção Outras Informações nenhum interesse tem para o enófilo. Ainda assim, apesar de muito básico, este site demonstra que é melhor existir do que estar incógnito. Morais Rocha | www.moraisrocha.com Uma mensagem do gestor sobre o vinho recebe o visitante. Em cima estão as diversas opções: para alem das normais (Produtos, Contactos e Galeria de imagens) referimos a opção “Sobre”, uma designação inédita mas que compreende tudo o que não se refere a vinhos (história, vinhas, adega, região, etc). As informações prestadas são curtas mas contêm o essencial. Quanto à secção de vinhos, está muito actualizada e já contém vinhos ainda não lançados, como o tinto de 2007. Cada vinho tem a sua nota de prova mas pouco mais ficamos a saber sobre eles. Menos mal que existe uma descrição da vindima do ano. O site fica completo com uma boa galeria de fotos da vinha, adega e pessoas. Herdade do Rocim | www.herdadedorocim.com Sendo um dos mais luxuosos projectos vínicos portugueses, seria de esperar que o site deste produtor também o fosse. E de facto assim é. Desde a página de entrada até à de Contactos, esta bem ilustrada com um mapa da exploração, todo o site está muito bem concebido, estruturado, ilustrado e com boa e completa informação. Apresentação da empresa e da herdade, a vinha, vinhos, adega, enoturismo, serviços, tudo está contemplado. Não falta sequer uma secção de noticias e uma loja on-line onde pode comprar os vinhos Olho de Mocho e não só. Refira-se que em todas as secções as imagens vão mudando, dando uma melhor perspectiva da exploração. Não existe, contudo, versão em outra língua. Monte do Limpo | www.montedolimpo.pt Uma bonita imagem nocturna recebe o visitante. Depois de escolher a língua, porque o site é poliglota (português e mais cinco línguas), entra na página de entrada, onde se destaca uma secção de notícias que remetem para desenvolvimento posterior. Por cima encontra as opções mais normais e uma apenas dedicada à vila de Monsaraz, onde a herdade se encontra. Aqui fica a saber a história, onde comer e onde pernoitar. O resto das opções mostramlhe, de forma bastante completa a herdade (história, vinha e adega), os vinhos (Regius e Monte do Limpo) e o enoturismo. Este bem ilustrado e bem concebido site fica completo com uma secção para novidades e duas outras onde pode consultar os contactos e inscrever-se para receber uma newsletter. O 41 O Vinho à Mesa 42 A importância de um copo O Um bom copo, de pé fino e cálice grande, em forma de tulipa, valoriza, e de que maneira, um vinho de qualidade. Exalta os seus aromas e sabores, oferecendo ao apreciador um conjunto de sensações que passariam completamente despercebidas num copo vulgar. O Vinho à Mesa 43 Luís Ramos Lopes O copo adequado para servir um vinho de qualidade deverá, antes de mais, ser transparente, possuir um pé mais ou menos longo e um cálice de boa capacidade, ligeiramente fechado na extremidade, naquilo que se convencionou chamar “forma de tulipa”. O pé alto evita que as mãos toquem directamente o cálice e lhe transmitam alguma sujidade ou aqueçam o vinho. E o cálice amplo e de boca curvada para dentro, permite que o vinho entre em contacto com o ar e liberte os aromas que ficarão concentrados junto à saída do copo, onde serão melhor percepcionados pelo nariz do apreciador. O copo é a forma que o vinho tem de se apresentar aos nossos sentidos. Por isso mesmo, o material de que é feito bem como a sua forma e desenho têm uma influência directa no modo como apreciamos um determinado vinho. Experimente fazer esta experiência: abra uma garrafa de um bom vinho e encha, até um terço da sua capacidade, três copos completamente distintos. Leve ao nariz, um a um, os três copos. Por um momento, vai sentir estar perante três vinhos diferentes. Por exemplo, num copo o aroma aparece mais forte e intenso; noutro, surgem mais exuberantes as notas frutadas; noutro ainda, são as sensações vegetais que dominam. Isto tem uma explicação. Num vinho, seja branco ou tinto, existem múltiplos aromas, alguns mais delicados e voláteis, outros mais intensos e vibrantes. Consoante o cálice maior ou menor, assim esses aromas têm mais ou menos espaço para se libertar em contacto com o ar. Deste modo, um vinho muito aromático, frutado, exuberante, não precisará de um copo muito grande. Já um vinho mais austero, fechado, delicado ou elegante, apreciará um copo “espaçoso” e de boca ligeiramente mais fechada. Na sequência da experiência que descrevemos, leve cada um dos copos à boca e prove o vinho. Talvez ache que um deles é ligeiramente mais ácido, outro um pouco mais taninoso, e por aí fora. Isso deriva da forma como os quatro sabores básicos (doce, amargo, salgado e ácido) são percepcionados em zonas diferentes da nossa língua. Assim, três copos distintos em termos de espessura do bordo e formato, acabam por conduzir o vinho para pontos diferentes da língua, condicionando a nossa percepção. Hoje em dia existe no mercado uma vasta gama de copos de qualidade, alguns apresentados como sendo específicos para este ou aquele tipo de vinho. Há que ter atenção na escolha porque, muitas vezes, para funções e qualidades muito semelhantes encontramos preços muito diversos. Ter bons copos é muito importante, mas não é preciso fazer loucuras (a não ser que a paixão pelo vinho e a bolsa o permitam...). Assim, um conjunto básico de copos de qualidade deverá ter um copo para vinho tinto, outro para branco, outro ainda para espumante. A estes poderemos adicionar mais um copo para vinhos licorosos e ainda outro para destilados. Com estes cinco copos distintos estaremos preparados para todas as eventualidades e conscientes de que estamos a tratar e a servir os nossos vinhos com o cuidado e carinho que eles merecem. Notícias Notícias 44 45 XVII Concurso “Os Melhores Vinhos do Alentejo” 1º prémio tinto Finagra - Joaquim Silva recebeu a Talha de Ouro para a Finagra. 1º prémio branco arrochais – O enólogo João Melícias fez o branco vencedor da Herdade dos Arrochais. Promovido pela Confraria dos Enófilos do Alentejo, com o apoio da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, o XVII Concurso “Os Melhores Vinhos do Alentejo” saldouse por um enorme sucesso. Para além da participação de produtores representativos de 77% da produção da região, destaque para a qualidade global dos vinhos a concurso, com natural destaque para os vencedores da Talha de Ouro, a Finagra e a Herdade dos Arrochais, nos vinhos tintos e brancos, respectivamente. A extraordinária adesão de produtores, mas também o impacto mediático são bem o reflexo da credibilidade e da idoneidade do concurso “Os Melhores Vinhos do Alentejo”. Para a Confraria dos Enófilos do Alentejo fica o mérito da organização de uma iniciativa que, todos os anos – e já lá vão 17 edições! -, defende, prestigia, valoriza, promove e divulga os vinhos da região. A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) voltou estar associada ao concurso, na sequência da parceria existente entre as duas instituições, mas também em nome da mensagem de excelência dos Vinhos do Alentejo. A entrega de prémios constituiu o ponto alto do XVII Concurso “Os Melhores Vinhos do Alentejo”, uma cerimónia que decorreu no Salão Nobre do Hotel Ritz, em Lisboa, com a presença de cerca de 200 pessoas, entre confrades, produtores, enófilos e representantes da comunicação social. Na ocasião, Francisco Pimenta, Juiz da Confraria dos Enófilos do Alentejo, fez questão de realçar “a extraordinária qualidade dos vinhos a concurso, reflexo do trabalho desenvolvido pelos produtores, cada vez mais apostados em satisfazer o gosto dos consumidores. O nível médio foi bastante elevado e não nos podemos esquecer que se tratou de um concurso destinado a vinhos de produção, ou seja, com muito mais restrições do que um certame destinado a vinhos engarrafados”. Aqui fica a lista completa dos premiados: Vinhos Brancos Talha de Ouro: Herdade dos Arrochais Talha de Prata: Soc.Agrícola Silvestre Ferreira Talha de Bronze: Henrique José de La Puente Sancho Uva Menções Honrosas: António Manuel Baião Lança; Casa de Santa Vitória; CARMIM; Ervideira – Soc. Agrícola; Fundação Eugénio Almeida; Herdade Monte da Cal; Monte do Trevo. Vinhos Tintos Talha de Ouro: Finagra Talha de Prata: Casa Agrícola Alexandre Relvas Talha de Bronze: Monte da Raposinha Menções Honrosas: Adega Cooperativa de Borba; Casa de Santa Vitória; CARMIM; João Rafael Coelho Gancho; Monte do Trevo; Sociedade Agrícola D.Dinis; Silveira e Outro. Redondo com balanço muito positivo Há contentamento na Adega Coop de Redondo (AcR): no ano de 2007 as coisas correram bastante bem para este produtor alentejano, especialmente na exportação. De facto, saíram para o estrangeiro mais de um milhão e meio de garrafas, o que torna esta adega no segundo maior exportador de vinhos de qualidade da região do Alentejo. Compare-se este número com o de 2004, que foi de apenas 200.000. Por outro lado, a marca Porta da Ravessa manteve-se no topo do mercado nacional, com vendas na ordem dos nove milhões de garrafas; o Real Lavrador voltou a cotar-se entre as 10 marcas mais vendidas no país e o Anta da Serra registou uma significativa tendência de crescimento. Refira-se que, segundo a AcR, estes volumes de vendas não foram resultado de uma política de quebra de preços. Para 2008, os objectivos da AcR passam por chegar aos dois milhões de garrafas exportadas e pela manutenção das vendas no mercado nacional. Contactos - tel: 266989100 website: www.acr.com.pt Contactos tel: 266748870 website: www.vinhosdoalentejo.pt Vinhos do Grupo Nabeiro premiados Os tintos regionais alentejanos Adega Mayor Touriga Nacional 2006, Garrafeira do Comendador 2003 e Monte Maior 2006, produzidos na Adega Mayor e comercializados pelo Grupo Nabeiro/Delta Cafés, foram recentemente distinguidos no Concurso Mundial de Bruxelas, este ano realizado em Bordéus. O Adega Mayor Touriga Nacional 2006 e o Monte Mayor 2006 foram galardoados com a medalha de prata, enquanto o Garrafeira do Comendador 2003 recebeu a medalha de ouro. Este último vinho já havia sido galardoado com a Talha de Ouro (1º prémio absoluto) do Concurso promovido pela Confraria dos Vinhos do Alentejo. A produção vitivinícola Grupo Nabeiro/Adega Mayor está concentrada na região de Campo Maior, com 65 hectares de vinha plantada, dos quais 55 se encontram na Herdade das Argamassas e os restantes na da Godinha. Contactos – tel: 268699441 • website: www.adegamayor.pt Comenda Grande com ouro O concurso internacional Wine Masters Challenge 2008, que se realizou no Estoril, atribuiu uma medalha de ouro ao vinho do Alentejo Comenda Grande Tinto 2005. Neste concurso participaram 4.003 vinhos de mais de 20 países dos vários continentes, tendo sido atribuídas apenas 16 medalhas de ouro.De referir que o Comenda Grande Tinto 2005 foi o único vinho do Alentejo a obter esta distinção. Contactos – Tel: 266470510 Website: www.comendagrande.com Notícias Notícias 46 47 Alentejo exporta mais para fora da UE Nos dois últimos anos, os vinhos do Alentejo duplicaram as exportações para fora da União Europeia. De 2006 para 2007, o aumento cifrou-se nos 46,8%, com Angola a ascender à liderança no “ranking” dos países (por troca com os EUA), ao importar mais de dois milhões de litros – mais 69,1% do que em 2006. Se 45,3% dos vinhos de qualidade vendidos em Portugal são do Alentejo, além-fronteiras os resultados não são menos expressivos. Em 2007, só para os países fora da União Europeia, a região exportou 8.123.951 milhões de litros de vinho, contra os 5.533.964 de 2006, a que corresponde um aumento de 46,8%. Importa referir que, este número, apenas diz respeito a vinhos certificados com Denominação de Origem, daí que não tenham sido contabilizados os valores relativos aos Vinhos de Mesa e a granel. No fundo, nos dois últimos anos, os Vinhos do Alentejo duplicaram os volumes de exportação, com a particularidade de Angola ter assumido a liderança entre os países que mais importaram vinhos da região, com 2.058.001 milhões de litros, mais 69,1% do que em 2006. Com 1.748.762 milhões de litros (correspondente a um aumento de 51,8%), o Brasil ascendeu à segunda posição no “ranking”, enquanto os EUA passaram de primeiro para terceiro destinatário das exportações, com 1.357.113 milhões de litros, mais 10,1% do que em 2006. Depois de, em 2006, as exportações para a Suíça terem registado um crescimento de 88,2%, em 2007, o aumento cifrou-se nos 63,8%, com o país a superar a barreira do milhão, mais concretamente 1.227.303 litros e quarto lugar no “ranking” dos países importadores. A China importou 532.530 litros, a que correspondeu um incremento de 34,9%, enquanto o Canadá fechou o grupo dos seis maiores mercados de exportação fora da União Europeia, com 456.094 litros de vinho e um crescimento de 58,3%. Com um crescimento de 359,3 e 338,8%, respectivamente, a Rússia+Bielo Rússia e a Venezuela foram os países que mais evoluíram nas importações, embora com valores abaixo dos 100 mil litros. A título de curiosidade, em relação a 2006, sublinhe-se que dos 10 países que mais importaram Vinhos do Alentejo, todos aumentaram os seus volumes. Contactos – tel: 266748870 website: www.vinhosdoalentejo.pt Vinhos do Alentejo representam mais de 40% Os números de 2007 confirmam a liderança dos vinhos do Alentejo no mercado nacional. De facto, cerca de 43 em cada 100 garrafas certificadas (DOC ou Regional) vendidas na Grande Distribuição e no Canal Horeca (Hotelaria, Restauração e Cafetaria) foram originárias desta região. Os dados da ACNielsen registam que os vinhos alentejanos geraram um volume de negócios de 152,8 milhões de euros – mais 3,6 milhões do que em 2006 – representando 45,52% das vendas em valor no mercado nacional. O preço médio por garrafa de vinho alentejano também subiu de 2006 para 2007, o que pode ser justificado pela estabilização dos preços dos maiores produtores da região, nomeadamente das adegas cooperativas, que não caíram na tentação de uma desenfreada quebra dos preços durante o ano de 2007. Refira-se ainda que o Alentejo domina também nos canais da Grande Distribuição e Horeca. O adeus de Alfredo Saramago Faleceu no passado dia 25 de Maio, aos 70 anos, um dos mais competentes e prestigiados divulgadores da gastronomia portuguesa e, muito em especial, da do Alentejo. Alfredo Saramago nasceu em Arronches em 1938. Doutorado em Antropologia, desde cedo deu largas à sua paixão pela gastronomia e pelos vinhos de qualidade, dedicando uma grande parte da sua vida profissional ao estudo destas artes. Publicou dezenas de livros e ensaios sobre a temática gastronómica, entre os quais se destacam “Para uma História da Alimentação no Alentejo”, “Doçaria Conventual do Alentejo”, “Cozinha para Homens-A honesta volúpia”, “125 vinhos”, ou “Cozinha Alentejana”, este último em co-autoria com Manuel Fialho. Foi fundador e era actual director da revista Epicur. A boa mesa e a boa vida (onde incluía os charutos e as touradas) nortearam a sua existência. A gastronomia portuguesa e alentejana perde assim um dos seus maiores historiadores e promotores. Os dados da ACNielsen mostram ainda que, de 2006 para 2007, e no conjunto das regiões nacionais, se venderam mais litros de vinho em Portugal, exactamente 2,2 milhões. E que o valor desse vinho também subiu: mais 21,3 milhões do que em 2006. Contactos – tel: 266748870 website: www.vinhosdoalentejo.pt Notícias Notícias 48 49 Carmim ganha em várias frentes Os últimos meses têm sido pródigos em sucessos para a Carmim-Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz. Assim, o vinho branco Régia Colheita 2006 obteve uma medalha de ouro na 32ª edição do concurso Challenge International du Vin, certame que decorreu em França, com a participação de 5129 vinhos de 35 países, degustados por 856 enólogos. Este galardão, na categoria Brancos Secos, vem juntar-se às recentes medalhas ganhas pela Carmim no concurso Bacchus 2008, promovido em Madrid pela União Espanhola de Escanções. Neste concurso internacional, que reuniu um número recorde de vinhos participantes (1683), degustados e provados por mais de 80 profissionais de 17 países. A Carmim arrebatou uma medalha de ouro para o Reguengos Reserva Tinto 2005 e uma medalha de prata para o Garrafeira de Sócios Tinto 2001. A Carmim, empresa de Reguengos de Monsaraz, manteve no 2º semestre de 2007 a liderança de vendas do mercado nacional, quer em quantidade, quer em valor. De acordo com os dados do Índice Nielsen Alimentar (INA), a Carmim atingiu uma quota total de vendas de 5,7 por cento, em quantidade, e de 6,8 por cento em valor. A empresa vê assim confirmada a sua liderança em Portugal, tendo obtido inclusive a posição cimeira em todos os períodos do ano de 2007 referenciados pelo INA. Além disso, também liderou as vendas em supermercados durante aquele período, segundo o INA. Contactos – tel: 266508200 website: www.carmim.online.pt Vale da Calada, um rosé para o Verão O Verão convida a saborear vinhos mais frescos e leves. O Vale da Calada Rosé 2007, recém-chegado à gama de vinhos da Herdade da Calada, é uma bóia opção para os jantares de amigos ou família nas noites mais frescas que se aproximam. Feito exclusivamente com a casta Aragonês, demonstra a versatilidade desta variedade e o seu potencial para também produzir excelentes vinhos rosados. De cor rosa pálido, bastantew frutado de aroma e sabor, trata-se de um vinho seco, com uma boa acidez natural. É um vinho perfeito para acompanhar pratos de peixe, saladas e carnes de aves vem complementar a “família” dos vinhos de base da Calada. A Herdade da Calada está estabelecida como empresa vinícola do Alentejo desde 2000, e produz anualmente cerca de 120.000garrafaa. Possui também 110 hectares de olival, com o qual produz e comercializa azeite com o rótulo da empresa. Contactos - tel: 266470030 website: www.herdadedacalada.com Portalegre tinto 2005 ganha prata O vinho Portalegre tinto de 2005, da Adega Cooperativa de Portalegre, foi galardoado com a medalha de prata no Wine Masters Challenge 2008 – X Concurso Mundial de Vinhos, que se realizou no Hotel Palácio do Estoril. O Wine Masters Challenge é um dos maiores concursos mundiais de vinhos, que este ano celebrou o seu 10º ano de existência em Portugal, prova da aposta na divulgação do nosso país enquanto fonte de grande riqueza vinícola. De um total de 4003 amostras de vinhos, foram seleccionados 1787 para o concurso final. O júri integrou 500 profissionais provenientes de 49 países e distinguiu o Portalegre DOC Tinto 2005 com uma medalha de prata. Contactos - tel: 245300530 website: www.adegaportalegre.pt