Nº14 Julho 2008
Vinea
Reportagem
1
Revista dos Vinhos do Alentejo
REDONDO
REGUENGOS
À sombra da Serra da Ossa
No coração
do Alentejo
Castas
Arinto e Alicante Bouschet
Turismo
Suplemento distribuído com o jornal Público
Baixo Alentejo
em grande
Castas
Roupeiro e Trincadeira
Turismo
A Rota de S. Mamede
Sabores Sabores
sopas e caldos
O porcoAçordas,
de montado
ÀÀMesa:
temperaturas
serviço
Mesa:As
A importância
dede
um
copo
Reportagem
2
Reportagem
1
Reportagem
Reportagem
2
3
9edit.com
Sumário
Editorial
4
______________________________________
Redondo, à sombra
da
Serra da Ossa
6
______________________________________
Arinto e Alicante Bouschet,
como
o sal e a pimenta
18
______________________________________
Turismo
em alta no Baixo Alentejo 24
______________________________________
O
Vinho do Alentejo na Internet
38
______________________________________
A
importância de um copo
42
______________________________________
Notícias
44
______________________________________
Ficha Técnica
Propriedade
CVRA-Comissão Vitivinícola
Regional Alentejana
R. Fernanda Seno, 12
7002-506 Évora
Tel: 266 748870
www.vinhosdoalentejo.pt
Director
Joaquim Madeira
Coordenação
Tiago Caravana
Colaboraram nesta edição
Samuel Alemão
Fernando Melo
David Lopes Ramos
Maria Amorim
Luís Lopes
Paginação e Impressão
RPO
Seja responsável, beba com moderação
Açordas,
sopas e caldos
32
______________________________________
Reportagem
Reportagem
4
5
Editorial
Alentejo
Sempre a crescer
Só nos últimos
dois anos,
os Vinhos
do Alentejo
duplicaram
os volumes
de exportação.
Os estudos efectuados pelas mais diversas entidades especializadas são
absolutamente coincidentes: o mercado dos vinhos de qualidade em
Portugal, é largamente liderado pelo Alentejo. Isto não é propriamente
novidade, seja para quem vende, seja para o consumidor final,
uma vez que desde há vários anos os Vinhos do Alentejo desfrutam
confortavelmente dessa posição cimeira. Mas é importante salientar
que, encerradas as contas de 2007 e apurados os resultados, a situação
se mantém inalterável no que respeita ao mercado interno, com os
vinhos produzidos na região do Alentejo a abarcarem uma quota de
mercado de cerca de 43% em volume e 46% em valor.
Quanto ao mercado externo, apesar do sector vitivinícola ser uma das
actividades mais competitivas sob o ponto de vista comercial, os valores
apresentam uma evolução extremamente positiva fruto, sobretudo,
do notável dinamismo dos agentes que operam nesta região. Uma
forte evidência dessa evolução é o facto de, só nos últimos dois anos,
os Vinhos do Alentejo terem duplicado os volumes de exportação.
Se nos reportarmos aos últimos cinco anos, a exportação de Vinhos
do Alentejo passou de mil hectolitros em 2003 para os quase cento e
seis mil em 2007, um salto absolutamente notável e sem paralelo em
Portugal.
Angola, Brasil e EUA lideram o grupo dos 81 países que importaram
vinhos do Alentejo em 2007. Em relação a 2006, Angola teve um
crescimento de 69,1%, o Brasil de 51,8% e os EUA aumentaram 10,1%.
São valores que impressionam, tanto mais que estamos a contabilizar
volumes muito significativos.
Outros mercados dignos de registo, são por exemplo o Suíço, que
cresceu 68% e o Canadiano, com um aumento de 58%. Por outro lado,
a China continua a ganhar apetência pelos vinhos alentejanos e a
Rússia surge já com algum significado nos vinte maiores importadores.
Países como o Dubai, a Bolívia e ou as Bermudas, embora com volumes
modestos, são novas aquisições à lista de mercados que se abrem aos
vinhos da região.
Apesar de termos consciência da nossa dimensão, enquanto região
vitivinícola de um pequeno País, que certamente não terá uma grande
notoriedade no mercado internacional do vinho, como sistematicamente
é referido pelos especialistas do marketing, a verdade é que, olhando
para o que exportávamos há meia dúzia de anos, não podemos
deixar de sentir algum alento, e desta forma incentivar os produtores
alentejanos para que continuem com o mesmo profissionalismo e a
mesma abnegação. Os resultados obtidos mostram que vale a pena.
Joaquim Madeira
Reportagem
6
Reportagem
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Redondo
À sombra da Serra da Ossa
Samuel Alemão
Juntamente com Borba e Reguengos de
Monsaraz, a sub-região de Redondo faz
parte daquele que muitos consideram
ser o “triângulo dourado” dos vinhos do
Alentejo. Marcada pela proximidade
da Serra da Ossa, a Norte, a zona
pauta-se por um equilíbrio muito grande
das características climatéricas e
geológicas. As castas agradecem. Isso
tem naturais consequências nos seus
vinhos, que acabam por transportar
as melhores qualidades que os
consumidores reconhecem
nos alentejanos: fáceis
de beber.
É
É tudo uma questão de perspectivas. Depende de
onde se observa, do que se pretende alcançar e
da matéria-prima com que se trabalha. O mundo
dos vinhos não diferirá muito das outras criações
humanas, afinal. “Ajustamos os nossos vinhos ao
gosto do consumidor. Sem deixar de lutar pela
qualidade final, o objectivo é fazer coisas para as
pessoas, pois são elas quem bebe”. Pragmático,
Luís Morais Cardoso, 70 anos, dá razões bem
claras para a muito invejável notoriedade
comercial que a Adega Cooperativa de Redondo,
por si presidida, alcançou. São 15 milhões de
garrafas comercializadas, por ano. Só o Porta
da Ravessa vendeu, no ano passado, nove
milhões. “Tenho confiança na qualidade do vinho
alentejano”, assegura o gestor. Não admira. Está
longe de ser o único, aliás.
A preferência dos consumidores nacionais pelo
resultado da vinificação das uvas colhidas nas
extensas propriedades existentes no Alentejo é
bem conhecida. Tanto que já se olha para ela,
de ano para ano, como um dado incontornável.
São os números do mercado que o dizem. Caso
fosse necessário reforçar, um recente estudo
da empresa AC Nielsen revelava que a região
foi a origem de 43% do volume de vinhos de
qualidade (DOC e Regionais) consumidos em
Portugal, no ano passado. Ser desta região “ajuda
bastante” na hora de vender, reconhece Miguel
Santos, 35 anos, administrador da Roquevale,
uma das empresas com mais tradições e maior
dimensão em Redondo. São deles os conhecidos
Terras de Xisto e Tinto da Talha. Ambas ajudam
a firma a comercializar, anualmente, dois milhões
de litros de vinho.
Mas será que quem bebe um vinho da Roquevale
sabe que ele é proveniente de Redondo? Se
calhar, alguns consumidores mais atentos
sabem. Mas, para a generalidade das pessoas
“é indiferente”, salienta Joana Roque do
Vale, 34 anos, enóloga e responsável pelas
exportações desta casa, em que a sua família
produz vinhos há três gerações. Conhecedora
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“Ajustamos os nossos vinhos ao gosto
do consumidor “ diz Luís Morais
Cardoso da Adega Cooperativa de
Redondo.
profunda do mercado, ela sabe que ser do
Alentejo é um argumento forte, embora avise
que “terá de haver uma selecção natural, porque
há demasiadas marcas de vinho, muito dele
alentejano, nas prateleiras”. Para quem gosta
de vinho, porém, isso está longe de ser um
problema. Afinal, a concorrência jogará sempre a
seu favor. Por outras palavras, tal significa bons
vinhos a preços convidativos.
Sempre a crescer
É difícil pedir mais. Recorde-se, estamos a falar
de vinhos com um grande apelo aromático e bem
“redondos na boca”. Aquilo que Nuno Franco, 35
anos, director-geral da Casa Agrícola Alexandre
Relvas, aponta como uma inegável vantagem.
“No estrangeiro, o Alentejo dá-se melhor
porque faz vinhos fáceis de beber, de tendência
internacional”, explica, com a confiança dada
pelo excelente comportamento comercial
A Adega
Cooperativa de
Redondo, vende
15 milhões de
garrafas por ano.
Só o Porta da
Ravessa representa
nove milhões.
evidenciado pelos vinhos por ele produzidos. Em
2007, a Casa Agrícola vendeu 387 mil garrafas,
20% das quais na exportação. Nada mau para
quem teve a primeira vindima apenas há cinco
anos, da qual resultaram 26 mil garrafas. Um
crescimento anual a rondar os 120%. Daqui a
dois anos, apontam as previsões, produzir-se-á
cerca de um milhão de garrafas.
É obra. Uma vitalidade a rimar com a juventude
de Alexandre Relvas Júnior, que, aos 24 anos,
só pode ter razões para sorrir por detrás dos
óculos de sol. O seu pai, conhecido empresário,
comprou a Herdade de São Miguel, no início
dos anos 90, quando não lá não existia um
único hectare de vinha. Apenas criação de gado
bovino. Em 1998, decidiu plantar uma centena
de hectares de sobreiros, e, um par de anos
depois, avançou com a plantação da primeira
vinha. Neste momento, contam-se 35 hectares.
“Partimos para o terreno com uma abertura total,
ajustando a posição ao mercado. As coisas têm
sucedido naturalmente, um pouco como uma
bola de neve. As primeiras campanhas foram as
mais difíceis”, diz o jovem produtor, sentado com
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Aqui trabalha-se
para pôr mais gente
a beber vinhos de
qualidade, como
propõe o Novo
Mundo.
Adega Cooperativa de Redondo
a descontracção de quem sente estar no caminho
certo, num final de tarde solarengo.
Vinhos bons para todos
Alexandre convida-nos para uma volta pela
vinha. Ao passar por um campo delimitado por
uma vedação, junto a um caminho de terra
batida, um dos seus cavalos aproxima-se e faz
menção de receber um afago. “Sempre adorei
campo e cavalos, sempre quis estar ligado
a isto”, confessa. O lado sentimental está,
todavia, longe de lhe tirar a clarividência. Os
objectivos para o negócio da vinha eram, logo à
partida, ambiciosos. De resto, sempre foi essa a
perspectiva adoptada: isto é um negócio, antes
de mais. Razão suficiente para, desde o início,
se ter realizado um encepamento a pensar na
produção de vinhos DOC (Denominação de
Origem Controlada), com especial predominância
das castas regionais Aragonez, Trincadeira,
Alicante Bouschet, mas também de Cabernet
Sauvignon.
Tal decisão coube a Nuno Franco. Ele acha
que tem de se seguir o caminho mais óbvio,
casando a qualidade com a quantidade, pois o
Alentejo “não é uma região para fazer vinhos de
boutique, muito bons, mas destinados a serem
apreciados apenas por uns quantos felizardos”.
Aqui trabalha-se para que os enófilos possam
tirar prazer do que de melhor vai sendo feito,
dizem. No fundo, pôr mais gente a beber bons
vinhos, como propõe o Novo Mundo (países
como Chile, Argentina, Austrália e África do Sul).
Uma máxima coincidente com o que defende o
presidente da Adega Cooperativa de Redondo,
para quem a única maneira de defender os
vinhos do Alentejo é “exportar a sério”. Existe
assim a ideia de, nos próximos cinco anos,
aumentar em mais de 60% os actuais 1,9 milhões
de garrafas enviados para o mercado externo.
Também a Roquevale pretende avançar mais
nesses terrenos, apesar de já exportar um quinto
do que produz, principalmente para Macau,
Brasil e Angola. E tal missão está longe de
afastar os decisores da empresa do objectivo
bem delineado de consolidar a presença no
mercado nacional. “Ainda temos potencial de
crescimento cá dentro, as pessoas conhecem
as nossas marcas”, diz Miguel Santos. Eles só
trabalham para a nossa felicidade, parecem dizer.
E um cartaz publicitário da Roquevale, colocado
na parede da sala de espera da sede da empresa,
ajuda a reforçar a ideia. “Mais rico é aquele cujos
prazeres são mais acessíveis”, diz uma frase,
citando um grande pensador norte-americano do
século XIX, Henry David Thoreau.
A proximidade da serra
Afinal, atingir essa meta não deve ser difícil,
pensar-se-á, pois estamos naquele que muitos
identificam como um dos vértices do “triângulo
dourado” do vinho alentejano. O Redondo
delimita, com Borba e Reguengos, o coração
da região qualitativamente mais produtiva da
viticultura nacional. As três sub-regiões, muito
próximas umas das outras, acabam por ter
elementos em comum, apesar das diferenças
entre elas. Talvez não seja coincidência que
em cada uma delas estejam sedeadas as
três adegas cooperativas mais rentáveis de
Alentejo e todas com lugar no topo dos maiores
produtores nacionais de vinho. “São as três muito
semelhantes, com um clima idêntico, tal como os
solos, onde predominam as formações graníticas
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Para Nuno Franco e Alexandre
Relvas, o futuro do Alentejo está
nos vinhos fáceis de beber, de
tendência internacional.
Vale d’Anta a sua principal referência. O sector
da restauração e algumas lojas especializadas
são a garantia do melhor escoamento das 150
mil garrafas feitas no último ano. Tudo tinto,
vinificado a partir das castas Touriga Nacional,
Trincadeira, Aragonez, Alicante Bouschet, Syrah,
Cabernet Sauvignon e Castelão.
A Herdade Vale d’Anta,
dada a sua pequena
dimensão, não está
presente na “guerra
das prateleiras” dos
supermercados.
e de xistos”, afirma Joana Roque do Vale.
Opinião partilhada por outras pessoas.
Uma perspectiva algo diferente tem, porém, o
vizinho João Grancho, 77 anos, proprietário da
Herdade Vale d’Anta. A partir da sua vinha de
24 hectares e respectiva adega, situadas no lado
oposto da estrada que liga a vila de Redondo a
Estremoz, mesmo antes de se começar a subir a
encosta sul da Serra da Ossa, ele faz apelo à sua
longa experiência. A barreira natural, à sombra
da qual se estende a sub-região de Redondo,
acaba por funcionar como ponto de referência
e ex-libris, garante. Não apenas pela localização
geográfica, mas mais ainda pela influência que
evidencia na criação de condições climáticas
bem específicas daquele lugar. A elevação
montanhosa impede, muitas vezes, que as chuvas
e os ventos sentidos na encosta setentrional,
na sub-região de Borba, ali se manifestem.
Uma situação também sentida em Reguengos,
igualmente situada na vertente meridional da
serra.
“Existem diferenças evidentes relativamente à
encosta Norte”, diz Susana Estéban, 38 anos. A
conhecida enóloga espanhola, nome feito após
alguns anos no Douro, só começou a trabalhar no
Alentejo, no Verão passado. Mesmo a tempo de
acompanhar a última vindima de João Grancho.
“Estou aqui há pouco tempo, mas parece-me
claro que a Serra da Ossa tem uma influência nos
vinhos que se fazem deste lado, nomeadamente
na maturação mais acelerada, causada pelo
tempo mais seco”, explica a nova responsável
pela produção desta casa, que encontra na marca
Fazer sempre melhor
A adega, inaugurada em 2002, tem-se mostrado
à altura do pretendido e até serve de base para a
produção de António Lobo da Silveira, genro de
João Grancho e detentor de 48 hectares de vinha
em Arraiolos. O vinho daí saído é comercializado
sob a designação Solar dos Lobos e também está
aos cuidados de Susana Estéban, cujo presente
desafio passa por mudar um pouco o perfil dos
vinhos de ambos os produtores. Conhecida pela
qualidade do seu trabalho na Quinta do Crasto,
no Douro, fala agora na necessidade de fazer
“um grande esforço para dar uma viragem”.
Dos vinhos de 2007, a enóloga já trabalhou em
alguns loteamentos, mas pensa que há material
de qualidade na vinha para conseguir fazer o
melhor possível, daqui para a frente.
A estratégia afasta-se da adoptada por muitos
produtores. A Herdade Vale d’Anta não está
presente na “guerra das prateleiras” dos
supermercados. Nem poderia estar, dada a sua
dimensão. Há que ser realista e pensar em fazer
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Miguel Santos e Joana Roque do Vale. A
Roquevale é uma das empresas com mais
tradições e maior dimensão no Redondo.
Redondo está entre
dois alentejos: um
acima da Serra
da Ossa, com
maturações mais
equilibradas, e
outro a Sul, mais
quente.
a diferença. Em qualquer uma das três categorias
da casa – Regional, Colheita Seleccionada ou
Reserva –, a ideia é manter uma oferta de vinhos
com uma excelente qualidade e a bom preço,
claro. Mas sem se desviar do objectivo maior:
“Temos que ter consistência, manter a exigência
de ano para ano. E, para o conseguir, é preferível
até sacrificar um pouco o volume de produção”,
defende a técnica, satisfeita com as “vantagens
inegáveis” do Alentejo, face à região onde
antes trabalhava. Aqui há maiores volumes de
produção, logo mais possibilidades de escolha,
na hora de fazer um lote, explica.
A juventude das uvas
Qualquer pessoa empenhada em conseguir um
bom vinho só pode estar satisfeita, quando tem
essa possibilidade em mãos. É o caso de Susana
Estéban, nitidamente entusiasmada com as
promessas evolutivas do Alicante Bouschet que
estagia, desde Novembro passado, em barricas
de carvalho francês. “Está muito bom”, garante.
Como se isso não bastasse, outra coisa muito
importante joga a favor dos vinhos alentejanos,
salienta. “Há aqui uma grande juventude das
uvas”, afirma, satisfeita com os poucos anos
de vida do material vegetativo. Ou seja, a
maturidade ainda está longe de ser atingida,
mas, por outro lado, isto significa que os
encepamentos se revelam cheios de vitalidade.
Ideia também defendida por Paolo Nigra. Ele
é enólogo e também sócio-gerente da PLC –
Companhia de Vinhos do Alandroal. Trabalha
em diversas regiões vitivinícolas do país e não
tem dúvidas. “A tendência do Alentejo é a de
melhorar, até porque as vinhas são quase todas
novas. Portanto, só podemos esperar vinhos cada
vez com mais vitalidade”, afirma Nigra, antes
de confessar, com um esgar de indesmentível
optimismo, que veio para a região “por alguma
razão”. E essa razão surgiu em 1999, quando
adquiriu 16 hectares de vinha em Portalegre, por
querer “voar sozinho”, após anos a dar apoio a
outros produtores.
Acabou por conhecer outro sócio, possuidor de
sete dezenas de hectares de vinha no Alandroal,
com quem veio a criar a PLC. Hoje, a empresa
põe no mercado cerca de 120 mil garrafas,
tendo na marca Pontual – da qual existem um
Syrah, um Touriga Nacional com Trincadeira
e um Reserva – a principal referência. Foi nela
que depositou todas as esperanças. “Quando
decidimos avançar, apercebemo-nos de que o
Alentejo estava em crescendo exponencial e
que, por outro lado, uma marca demora uns
anos a fazer-se. Não é coisa que surja assim
Reportagem
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João Grancho e Susana Esteban. A enóloga veio do
Douro para abraçar novos projectos no Alentejo.
construção de uma adega própria, no Alandroal.
Até aqui, a vinificação tem sido feita nas
instalações da Herdade da Farizoa, situada na
zona de Borba.
Um facto que pode surpreender alguns enófilos,
mas está longe de tomar lugar cimeiro na tabela
das preocupações de Paolo Nigra. “O consumidor
não fala das sub-regiões, mas sim do Alentejo
como um todo”, afirma. Uma opinião partilhada
pelo presidente do campeão de vendas Adega
Cooperativa de Redondo, Luís Morais Cardoso,
apesar de apostar numa estratégia oposta à
de Nigra. Explica Morais Cardoso que, “tendo
excelentes castas e condições climatéricas, a
sub-região é algo heterogénea”. Talvez a melhor
definição desta zona seja a de Nuno Franco,
enólogo da Casa Agrícola Alexandre Relvas, para
quem o Redondo “está entre dois alentejos: um
do nada”, afirma, ao dar as razões para ter
preferido, tal como João Grancho, ficar fora
das grandes superfícies. Para o poder fazer,
Paolo Nigra escolheu o não tão fácil caminho
de implementação de uma rede própria de
distribuição.
“A tendência do Alentejo é de
ainda melhorar, até porque as
vinhas são quase todas novas”,
afirma Paolo Nigra.
acima da Serra da Ossa, com maturações mais
equilibradas, e outro a Sul, mais quente. No meio
é que está a virtude”, considera. É tudo uma
questão de perspectivas, como se disse. Bons
vinhos para as justificar não faltam.
SOVIBOR
Seduzir nos restaurantes
O primeiro vinho da marca Pontual saiu em
2001. Para o colocar nos copos dos apreciadores
foi necessário desenvolver um trabalho árduo.
“Tínhamos dois caminhos: ou entregávamos
os nossos vinhos a um grande distribuidor, e
não iríamos a lado nenhum, ou apostávamos
na criação de um circuito independente, com
base nos restaurantes, que é onde se fazem os
nomes dos vinhos”, diz. A opção parece estar a
dar resultados e, só agora, é que a PLC começa
a planear, com mais margem de manobra, a
Rua S. Bartolomeu, 48 • 7150-162 Borba • Tel.: 268 894 210 • Fax: 268 894 394 • e-mail: [email protected]
Reportagem
Reportagem
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Arinto e Alicante Bouschet
Como o sal
e a pimenta
Luis Lopes
Existem castas que, como os temperos na
comida, parecem imprescindíveis nos lotes
de vinhos de determinadas regiões. É o
caso da Arinto, nos brancos, e da Alicante
Bouschet, nos tintos, duas variedades que
muito contribuem para a alma dos vinhos
do Alentejo.
A
A vindima ainda vai longe por terras alentejanas,
mas os produtores e os técnicos de viticultura
já andam atentos nas vinhas a avaliar o
comportamento das castas. A Primavera chuvosa,
húmida e fresca, não ajudou nada, exigindo uma
atenção constante para que as pragas da videira
não comecem a deitar abaixo o trabalho árduo de
muitos meses.
Duas das variedades de uva que suscitam mais
cuidados aos produtores, pela sua importância nos
lotes dos futuros vinhos, são a Arinto e a Alicante
Bouschet. Não é muito frequente que os vinhos
oriundos destas castas acabem engarrafados “a
solo” (mesmo assim, vai engrossando o número
de Alicante Bouschet extremes). No entanto, estas
variedades são fundamentais para completar
harmoniosamente a maior parte dos lotes dos
vinhos alentejanos de superior qualidade.
Salvo raras excepções, no Alentejo os grandes
vinhos são sempre fruto da sábia mistura
de castas, trazendo cada uma delas uma
característica própria ao lote, e complementando-
se entre si. Ao longo da última dezena de anos,
Arinto e Alicante Bouschet têm visto crescer
enormemente a sua influência nos melhores
vinhos brancos e tintos da região, quase podendo
dizer-se que, tal como os temperos num preparado
culinário, sem elas os vinhos não teriam tanta
graça, ou seja, perderiam alguma expressividade
de aroma e sabor.
Vamos olhar mais atentamente para as
características de cada uma e provar alguns dos
vinhos que originam.
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C A S T A S
D O
A L E N T E J O
O
ARINTO
excelente equilíbrio entre açúcares e acidez que evidencia,
fizeram da uva Arinto uma verdadeira estrela entre
as castas brancas portuguesas, sendo hoje adoptada
como variedade melhoradora em praticamente todas
as regiões de Portugal, já que se adapta bem a solos e climas muito
diversos. Desde há muito, a Arinto é responsável por vinhos famosos,
nomeadamente os da região de Bucelas. A região vinícola de
Bucelas, às portas de Lisboa, foi demarcada oficialmente em 1911,
reconhecendo assim mais de um século de prestígio dos seus vinhos.
Mais a norte, na região dos Vinhos Verdes, a casta dá pelo nome de
Pedernã e é uma das variedades mais importantes.
No Alentejo, há registos do então chamado “Arinto de Bucelas”
desde os anos 60 do século passado, sendo encontrado em diversas
vinhas velhas da zona de Portalegre. Nas décadas seguintes começou
a expandir-se para as restantes áreas do Alentejo, estando hoje
perfeitamente implantada, desde Portalegre e Borba, a norte, até à
Vidigueira, mais a sul.
A razão do sucesso dos vinhos feitos com esta variedade está nos seus
aromas e sabores citrinos e, principalmente, nos muito bons níveis
de acidez, algo sempre precioso nas regiões mais quentes. Fazendo
companhia a castas como Roupeiro, Rabo de Ovelha e, sobretudo,
Antão Vaz, a Arinto é grandemente responsável pela frescura e
vivacidade que cada vez mais se reconhecem nos brancos da região.
Essa frescura é igualmente fundamental para a produção de vinhos
espumantes, um produto que a pouco e pouco tem vindo a crescer no
Alentejo.
E
ALICANTE BOUSCHET
STA não é uma casta portuguesa de nascimento mas pode
perfeitamente dizer-se que o é por adopção. E o Alentejo
é claramente a região onde essa adopção obteve mais
sucesso.
A uva Alicante Bouschet foi criada em viveiro em França, entre 1865 e
1885, resultando do cruzamento da Petit Bouschet com a Grenache.
Vulgarizou-se no sul de França, em particular na região do Languedoc,
mas sempre foi considerada uma casta de menor qualidade,
valorizada apenas pela cor que transmitia aos vinhos (é uma uva
tintureira, ou seja, a cor está igualmente presente na polpa da uva, não
apenas na pele) e sem mais atributos.
Até que chegou a Portugal, no início do século XX, e com um
clima mais quente e seco mostrou capacidades que nunca tinham
sido descobertas em França. A Alicante Bouschet introduziu-se
principalmente no Alentejo, muito por influência da família inglesa
Reynolds que a plantou na Quinta do Carmo e Herdade do Mouchão.
Na região, ainda hoje existem vinhas desta variedade com quase 100
anos.
Ao longo da segunda metade do século XX, a cor, a estrutura, a
concentração e o poder de longevidade dos vinhos desta casta
conquistaram todo o Alentejo. Actualmente, a variedade Alicante
Bouschet é considerada de enorme importância para a maioria
dos vinhos alentejanos, existindo em praticamente todas as novas
plantações, e fazendo com as castas Aragonez e Trincadeira o trio de
luxo dos tintos da região.
Perolivas Reg. Alentejano branco 2007
Granacer
Feito com Antão Vaz, Arinto, Gouveio e Viognier. No aroma revela
boas notas de frutos tropicais, maçã fresca, uma sugestão mineral.
Na boca mostra-se um vinho bem estruturado, aparecendo discreta
nota de fumo (derivada da fermentação parcial em barrica) a dar
complexidade ao conjunto. Um bom branco para peixes gordos
cozidos ou assados no forno.
Vinha d’Ervideira Alentejo branco 2007
Ervideira
Antão Vaz e Arinto, são a dupla de sucesso deste vinho de aroma
intenso, marcado por elegantes notas de frutos tropicais, sugestões
de geleia e citrinos. Mostra um belo volume de boca, gordo mas
sem perder frescura, com o fruto citrino do Arinto em evidência no
equilíbrio ácido que lhe prolonga o final. A estrutura do vinho indica-o
para pratos de bacalhau ou um bom queijo de pasta mole.
Marquês de Borba Alentejo Reserva branco 2007
J. Portugal Ramos
A casta Arinto é a estrela do lote, acompanhada de Rabo de Ovelha
e Roupeiro. Está com uma boa intensidade aromática, muitas notas
frescas de ananás, lima, nuances florais. Volumoso de boca, com a
acidez citrina a percorrer toda a prova, é um branco consistente,
sólido, com ligeiro vegetal amargo no final limonado e persistente.
Experimente-o com carapauzinhos de escabeche ou sopa de cação.
Monte das Servas Reg. Alentejano Escolha branco 2007
Serrano Mira
Arinto e Antão Vaz de mãos dadas num vinho de intensas notas
vegetais no aroma, fruto delicado, folha de limoeiro, num estilo
interessante, diferente do habitual. Tem muito bom equilíbrio na boca,
com acidez bem integrada, mostrando-se um conjunto de Verão,
fresco e apelativo. Perfeito como aperitivo ou acompanhando peixes
magros grelhados, mariscos cozidos de confecção simples.
Duas Castas Reg. Alentejano branco 2007
Finagra
Elaborado com Antão Vaz e Arinto, em partes iguais. Apresenta
aromas intensos de pêssego, fruto maduro, notas tropicais, num
conjunto de grande expressividade. É muito encorpado na boca,
com sugestões de vegetal fresco, manga, fruto de qualidade. Um
vinho fresco, fino, com notas de maçã ácida no longo final. De grande
polivalência gastronómica, ideal para pratos de peixe ou marisco
elaborados.
Turismo do Vinho
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Adega Coop. de Borba Reg. Alentejano
Alicante Bouschet tinto 2006
Adega Cooperativa de Borba
Mostra uma interessante finura aromática, com os frutos silvestres
bem definidos, sem excessos de maturação, complementados por
discretas notas fumadas, ligeira tosta e minerais. Na boca permanece
a elegância, com acidez alta, corpo fino bem texturado, saboroso e
sumarento, taninos finos e persistente final. Poderá acompanhar com
sucesso um bom cozido à portuguesa.
Mouchão Reg. Alentejano tinto 2003
Vinhos da Cavaca Dourada
Alicante Bouschet de vinha muito velha é o ponto de partida deste
vinho de aroma profundo e intenso, com notas de mentol e eucalipto,
bagas maceradas, num estilo austero a que não falta concentração e
elegância. Boca ampla e bem estruturada com sugestões de cacau e
mentol, taninos firmes num conjunto bem personalizado. É um vinho
para carnes gordas, enchidos ou assados de forno.
Vale de Ancho Alentejo Reserva tinto 2004
Soc. Agr. Gabriel Francisco Dias & Irmãs
Feito de Aragonês e Alicante Bouschet, tem aroma profundo e de belo
impacto, com sugestões de bagas silvestres, cacau, fumados muito
discretos, especiarias, tudo com elegância e frescura. Com muito bom
volume de boca, taninos nobres, muita especiaria, fresca acidez, é um
vinho bem seco, firme, com raça e personalidade. Casará na perfeição
com estufados de lebre ou coelho.
Paulo Laureano Reg. Alentejano Alicante Bouschet
tinto 2005
Paulo Laureano Vinus
Tem um excelente impacto aromático, complexo, lembrando
especiarias (noz moscada, pimenta), compotas, ameixa preta, cacau,
num conjunto de grande intensidade. Esse vigor e pujança é evidente
na boca, com taninos gordos e sólidos, mas surpreende pela elegância
e frescura, pouco habituais nesta casta. Entrecosto frito, costeletas ou
entremeada de porco na grelha, serão boa companhia.
Dona Maria Reg. Alentejano Reserva tinto 2004
Dona Maria Vinhos
Alicante Bouschet, Aragonês, Cabernet Sauvignon e Syrah compõem
o lote. Revela um aroma concentrado, com sugestões de frutos
maduros, onde notas de barrica de muito boa qualidade conferem
um toque de classe. Na boca sente-se um vinho requintado, elegante,
com taninos sólidos mas suaves, fruto fino e licorado no final. Frango
ou galinha estufados com ervilhas farão com ele uma boa harmonia.
Turismo do Vinho
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Baixo Alentejo
Enoturismo
em alta
Fernando Melo
Herdade dos Grous
Turismo do Vinho
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O sul do Alentejo
é, neste momento,
uma região onde
o turismo do vinho
está excelentemente
desenvolvido. Aqui se
encontram produtores
que aliam a qualidade
dos seus vinhos à
qualidade das infra
estruturas enoturísticas,
que em alguns
casos incluem hotel,
restaurante e múltiplas
actividades de lazer.
Turismo do Vinho
Turismo do Vinho
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27
Complementado por instalações hoteleiras
modernas, o enoturismo do Baixo Alentejo oferece
condições ímpares para uma estada prolongada.
Casa de Santa Vitória
C
A vinoterapia e o spa são atractivos
turísticos da Casa Santa Vitória
Castro Verde marca com Beja uma linha ao
longo da qual se instalaram e vingaram novos
produtores alentejanos. Rapidamente a região
se tornou referência, pela qualidade dos seus
vinhos e pela abertura de novas possibilidades
de exploração do Alentejo. Complementada por
instalações hoteleiras competentes e modernas,
oferece condições ímpares para uma estada
prolongada, indispensável para ganhar um bom
conhecimento da realidade alentejana.
Bordejada a poente pela auto-estrada do Algarve,
na qual diariamente milhares de viajantes passam
a alta velocidade para baixo e para cima, chegar
ao paralelo sobre o qual nos debruçamos tornouse mais simples e seguro. Tomamos a saída de
Castro Verde, e rumamos a Albernôa, onde
começamos o percurso.
Está duplamente sinalizado o caminho para a
Casa de Santa Vitória, com placas “Adega” e
“Hotel” para esquerda. Depressa deparamos com
o casario de baixo perfil que compõe o Clube de
Campo Vila Galé, um hotel preparado segundo
o estilo “resort”, a oferecer actividades diversas.
Fronteira à entrada está a imponente adega da
Casa de Santa Vitória. Ambas as instalações
funcionam em tandem, constituindo uma oferta
enoturística original e completa. Na adega,
entramos para uma sala que tem a dupla função
de acolhimento a visitantes e loja de vinhos e
acessórios. Somos normalmente recebidos por
Bernardo Cabral, enólogo e responsável técnico
de Santa Vitória que de forma particularmente
entusiástica nos leva a visitar as diferentes
secções da adega. No andar superior, assistimos
a um completo e exaustivo vídeo – disponível
em diversas línguas – graças ao qual podemos
fazer uma visita virtual pela adega e vinhedos.
Quem quer continuar, pode fazer a visita real, o
que se recomenda. Na adega damo-nos conta da
importância dada à movimentação das massas
nas melhores condições, bem como ao controlo
rigoroso da temperatura em todas as fases da
vinificação e estágio. Nas vinhas, percorridas
em moto4 num misto de descoberta e aventura,
apercebemo-nos das experiências em curso – que
são muitas - e são-nos explicadas as técnicas
de condução e plantação específicas de cada
casta. Regressamos no final à primeira sala da
adega, onde fazemos uma prova comentada,
com pão, enchidos e queijos alentejanos,
preparados na competente cozinha do hotel. Tem
80 quartos disponíveis, restaurante, spa com
vinoterapia e outros tratamentos. É possível fazer
actividades turísticas diversas, tais como passeio
a cavalo nas vinhas, passeios de moto4 - estão
disponíveis 15 -, charrete, jipe, ou até nas míticas
4L, recuperadas e preparadas para o efeito.
Lançaram-se recentemente os cursos de iniciação
à prova de vinhos e os cursos de culinária, com
boa adesão.
No projecto Alqueva está previsto que a
barragem do Roxo seja a última a receber água
já no final do ano de 2008. Com a subida da
cota da água nesta barragem, um dos ramais vai
entrar pela Herdade até junto ao hotel existente.
Prevê-se, por isso, uma mudança radical da
paisagem, pelo que já está a ser idealizada pelo
grupo Vila Galé a construção de um pequeno
hotel de charme, um campo de golfe e um
pequeno aldeamento.
Herdade da Malhadinha Nova
Um pouco adiante de Santa Vitória fica a
Herdade da Malhadinha Nova, com vinhos
conhecidos pela originalidade dos seus rótulos.
Todos eles mostram desenhos da geração mais
nova da família Soares, imprimindo um cunho
familiar a todo o projecto, além do afecto que é
transmitido ao consumidor e ao qual tem sido
sensível. Com uma operação considerável de
distribuição de vinhos e bebidas espirituosas no
território algarvio, os irmãos Soares nutriram
durante anos a fantasia de um dia serem
produtores de vinhos. Acabaram por encontrar e
propriedade ideal, a menos de uma hora de casa
e, após visitas e consultas aturadas dentro e fora
de fronteiras, ergueram a Malhadinha Nova. O
objectivo nunca foi escondido e apontou desde
o início para a produção de grandes vinhos.
As pontuações e prémios obtidos confirmam
em grande medida a ambição, tendo a gama
entretanto sido alargada para albergar também
os vinhos do quotidiano. A concretização foi
feliz, sendo hoje muitos os que passam pela
Turismo do Vinho
Turismo do Vinho
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O projecto
enoturístico da
Malhadinha valeu-lhe
a atribuição, pela
Revista de Vinhos, do
prémio “Enoturismo
do Ano 2007”.
Malhadinha para visitar, provar e comprar
vinho. A adega é moderna e está equipada
com tecnologia e salas de frio, circulação de
massas por gravidade e fluidez na produção,
o que acrescenta particularmente no tocante à
eficiência. Não se trata de uma instalação de
grandes dimensões, mas tudo foi concebido
e feito de forma profissional, desde a higiene
até à optimização do fluxo de trabalho. O
percurso da visita reveste-se, por isso, de grande
interesse, tanto para os não-iniciados como
para os profissionais do sector. Há duas salas de
prova, uma informal outra com uma atmosfera
“profissional” e silenciosa, com boa iluminação.
O restaurante da Malhadinha está sempre aberto
ao público, constituindo uma mais valia na
difusão da produção regional. A matéria-prima,
que vai desde a boa carne de porco de montado
até aos legumes biológicos, é integralmente
criada na herdade. A cozinha é competente e
oferece os bons sabores e pratos da gastronomia
regional do Alentejo, ao mesmo tempo que
propõe novas e criativas interpretações. É
particularmente indicado este espaço para
eventos de grupo ou reuniões familiares, sendo
previsível a sua eleição como destino gourmet,
tanto entre os locais como junto dos passantes
ocasionais. A aposta mais recente da família
Soares foi a construção do Country House &
Spa. Trata-se de um “boutique hotel” localizado
a cerca de mil metros da adega, com quartos
de grande requinte e conforto. Em instalações
adjacentes e propositadamente construídas para
o efeito, funciona um spa (sanum per aquam –
saúde pela água), com uma grande diversidade
de tratamentos e programas. Sítio ideal, portanto,
para uns dias de clausura retemperadora, com
circuitos BTT e pedestres cuidadosamente
planeados de forma a não quebrar a toada
tranquila da estada.
O excelente projecto enoturístico da Malhadinha
valeu-lhe a atribuição, pela Revista de Vinhos, do
prémio “Enoturismo do Ano 2007”.
Herdade dos Grous
O grou é uma ave de grande porte, semelhante
à cegonha ou à garça. Tal como esta última,
atribui-se a sua origem ao Japão, mais
concretamente Hokkaido. Ela aparece em
inúmeros desenhos antigos e é um ícone
especial, com direito a figurar em quimonos
Sabores do Alentejo
Sabores do Alentejo
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Na Herdade dos Grous, a bicicleta é uma
das melhores formas de nos deslocarmos.
cerimoniais e imperiais. Está associada à pureza,
porque só se reproduz e vive em ecossistemas
equilibrados, à semelhança do que acontece por
exemplo com a águia peneireira. O seu voo é
de grande beleza, pelo misto de grandiosidade
e elegância que oferece a quem a observa. Não
espanta pois que em tempos recuados, perante
a observação de tal espécie na extensa planície
alentejana, tenha deixado nesta a marca e o
nome. Estamos na Herdade dos Grous, a nossa
paragem seguinte. Gerida pelos enólogos Luís
Duarte e Pedro Ribeiro, e propriedade do grupo
hoteleiro de luxo Vila Vita (Algarve), produz
alguns dos mais premiados vinhos alentejanos
dos tempos recentes. A entrada na herdade
faz-se por um caminho particular alcatroado e,
franqueada a primeira entrada, encontramos
pela nossa esquerda o aldeamento turístico e
pela nossa direita as instalações de enoturismo.
Os quartos são espaçosos e bem equipados,
reflectindo a experiência do grupo em matéria
hoteleira. Há bicicletas disponíveis para quem
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As vinhas da
Mingorra são das
mais antigas do
Baixo Alentejo.
quiser dar uma volta por exemplo à volta da
grande charca que temos logo em frente. Aí,
há “gaivotas” que se podem utilizar para um
passeio aquático agradável, inesquecível num
fim de uma tarde soalheira. Salas reservadas,
churrasqueira e espaços para eventos, tudo
foi pensado de forma a acolher tanto o cliente
individual como grupos de trabalho ou turísticos.
No espaço de enoturismo, existe uma loja onde
se vendem todos os vinhos da Herdade dos
Grous, bem como merchandising da herdade
ou ainda acessórios de serviço e prova de
vinho. O restaurante está aberto diariamente
e serve pratos, tanto do receituário tradicional
alentejano, como de inspiração internacional. A
vista de grande alcance está disponível a partir
de qualquer mesa e não nos deixa esquecer
do sítio especial onde estamos. Destaque para
o grande armário climatizado de vinhos, onde
repousam prontos a servir todos os vinhos da
produção, à temperatura certa. A visita à adega
impressiona pela sua configuração, já que o
grande parque de cubas está praticamente dentro
da vinha, o que cria uma simbiose simbólica
imediata. Com explicação detalhada por parte
do pessoal treinado e gerido por Marita Barth,
vamos descendo em cota até chegar à cave
de barricas, de bonito efeito e função, já que
mantém a sua temperatura constante ao longo do
ano, aspecto fundamental para um bom controlo
da maturação dos néctares.
Imponente cave de barricas,
na Herdade dos Grous.
Herdade da Mingorra
A escassos quilómetros da cidade de Beja fica
a Herdade da Mingorra, o nosso último destino
neste périplo pelo Baixo Alentejo. Henrique
Uva, o proprietário, é viticultor há décadas
e sempre acalentou o sonho de se tornar
produtor independente de vinhos alentejanos de
qualidade, o que veio a acontecer em 2005. A
adega é trabalho de arquitecto, apresenta traça
moderna e minimalista e foi concebida de forma
a estar enquadrada nos 1.400 hectares de uma
paisagem que é tão variada quanto exuberante.
Marcam-na a diversidade de culturas e fauna,
com várias bacias hidrográficas a funcionar
como autênticos oásis. A vinha propriamente
dita ocupa uma área de cerca de 130ha, cerca
de metade da qual está ocupada por vinha
velha (30 anos). Segundo o proprietário da
Mingorra, a adega tornou-se num local de culto,
uma espécie de hino à tradição vitivinícola
alentejana e ao mesmo tempo à modernidade
de que o Alentejo precisa. Encontra-se, de facto,
dentro de um espaço de concepção actual,
algumas das técnicas mais antigas de trabalhar
as uvas e os vinhos. O resultado está à vista – e
à prova -; vinhos que o mercado já ratificou
como sendo de boa qualidade. Consistência e
relação qualidade-preço, foram os objectivos
estabelecidos e conseguidos pelo trabalho
de uma equipa dinâmica, empreendedora e
criativa, liderada pelo enólogo Pedro Hipólito.
A excelência da cultura vitícola, bem como as
condições estruturais e humanas do projecto
têm constituído o segredo do sucesso. As vendas
têm subido de forma sustentada, dentro e fora
do país. Os visitantes têm crescido em número,
tanto para comprar vinho no produtor como
para visitar e conhecer as instalações onde são
feitos alguns dos seus vinhos de eleição. Com
antecedência, é possível fazer refeições na
herdade, para grupos de diversas dimensões.
O passeio pelas vinhas é indispensável, tanto
pela extensão como pelo enquadramento
exótico na paisagem. O destaque vai para as
vinhas velhas que, cobrindo mais de 60 ha,
proporcionam a explicação das suas virtudes,
mais tarde comprovada na prova de vinhos.
Além das vinhas velhas, há 35ha de vinha
com 25 anos; 30ha de vinha com 10 anos; e
10ha com 4 anos. Henrique Uva tem particular
orgulho na preponderância da vinha velha no
portfólio vitícola que administra, consciente
de que se trata de uma raridade mas também
de um emblema de qualidade, essencial para o
vinho alentejano e para a sua competitividade no
cenário internacional.
Contactos
Casa de Santa Vitória
Herdade da Malhada
7800-730 Santa Vitória
Tel.: 284 970 170
Fax: 284 970 175
E-mail: [email protected]
Web: www.santavitoria.pt
Herdade da Malhadinha Nova
7800-601 Albernôa
Tel.: 284 965 210
Fax: 284 965 211
E-mail: [email protected]
Web: www.malhadinhanova.pt
Herdade dos Grous
Albernôa
7800-601 Beja
Tel.: 284 960 000
Fax: 284 900 072
E-mail: [email protected]
Web: www.herdadedosgrous.com
Herdade da Mingorra
Trindade
7800-761 Beja
Tel.: 284 952 004
Fax: 284 952 005
E-mail: [email protected]
Web: www.mingorra.com
Sabores do Alentejo
Sabores do Alentejo
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Açordas,
sopas e caldos
David Lopes Ramos
David Lopes Ramos
As açordas, os caldos, as sopas, os calduchos, as
sargalhetas, as canjas alentejanas são, em muitos
casos, exemplos geniais de culinária popular.
A confecção dos produtos que nelas entram é
simples: nada de refogados puxados, nada de
molhos especiosos, apenas sabores naturais
espevitados por ervas e temperos de bons
Açorda de bacalhau
com ovo escalfado
cheiros e paladares: coentros, poejos, hortelã da
S
ribeira, orégãos, tomilho, manjerona, sálvia...
Sabemos, mas a repetição não enjoa, que
Portugal é, de Norte a Sul e regiões autónomas
da Madeira e Açores, um país de açordas, de
sopas e de caldos. Terra até há não muitas
décadas marcada pela ruralidade, em que os
produtos hortícolas abundavam, condição
indispensável à confecção de substanciais e
saborosos caldos, em Portugal eles foram o prato
mais importante, às vezes único, das refeições
principais. Nos casos mais favoráveis, comia-se o
caldo com o conduto – um bocado de bacalhau,
um peixinho ou outro em geral frito, um naco
de carne, quase sempre de porco e da salgadeira
Sopa de feijão branco
com cabeça de porco
Sabores do Alentejo
Sabores do Alentejo
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Se é verdade
que cada região
portuguesa se
pode orgulhar
das suas sopas, é
no Alentejo que
o panorama é
mais rico.
Sopa de tomate com
entrecosto frito
doméstica. Em muitas situações, porém, o único
acompanhamento era um pedaço de pão de
milho, de centeio ou de trigo.
Se é verdade que cada região portuguesa se
pode orgulhar da quantidade e variedade das
suas sopas, é no Alentejo que o panorama é
mais rico. Recorre-se, em terras transtaganas,
como em nenhumas outras em Portugal, às
ervas aromáticas (coentros, poejos, hortelã da
ribeira, segurelha, manjerona, tomilho, orégãos,
funcho...) e as açordas, caldos e sopas, sem
nunca perderem a simplicidade, ganham uma
riqueza cromática, um perfume e um sabor
inigualáveis.
A sempre presente açorda
No Alentejo é pela açorda que devemos
começar. Por ser uma sopa não cozinhada e ser
o nome do que no resto do país corresponde
ao que no Alentejo se chama migas. Informa
Manuel Camacho Lúcio, no seu fundamental,
pelo receituário recolhido, “Cozinha Regional
do Baixo Alentejo” (Editorial Presença), que a
açorda é “comida imprescindível em todas as
mesas alentejanas, mormente quando começa
o frio. Talvez o prato retintamente alentejano
mais difundido pelo País, juntamente com a
carne de porco à alentejana”. Com um porém:
“Nalguns restaurantes, a sua confecção revestese por vezes de formas insólitas – o que é grave
--, tirando-lhe a sua simplicidade básica, mas, vá
lá, mantendo os ingredientes. Fervem ou fritam
os coentros e os alhos; amassam o pão na água e
fervem-no. Enfim, mixórdias, mas não a “açorda
alentejana”.”
Vamos à receita, tal como a apresenta Manuel
Camacho Lúcio: “Faça uma papa, no almofariz
ou no gralo, de 2 dentes de alho, sal e um bom
ramo de coentros. Raspe a papa para o fundo de
uma terrina juntando 3 ou 4 colheres de sopa de
azeite. Deite-lhe a água a ferver, suficiente para
embeber as sopas e ficar ainda com algum caldo.
Retempere de sal, junte o pão cortado à mão
aos bocados e atabafe por uns momentos. Esta
é a receita da nossa açorda! Ficará mais rica e
saborosa se tiver cozido na dita água bacalhau,
pescada ou outro peixe graúdo. Nessa mesma
água escalfe também algum ovo. O peixe e os
ovos acompanham a açorda servidos numa
travessa ou postos logo no prato de cada um.
A sardinha assada também liga muito bem
com a açorda. Ainda dentro do Baixo Alentejo
encontramos zonas onde se usam pequenas
variantes, mas respeitando a receita-base da
açorda. Assim, podem-se juntar poejos ou hortelã
da ribeira aos coentros ou esmagar também
pequenos pedaços de pimento verde.”
Origens árabes
Também Alfredo Saramago, no seu livro de
grande formato “Cozinha Alentejana” (Assírio
& Alvim), escrito em parceria com Manuel
Fialho, tem coisas a dizer sobre a açorda: “No
livro ‘Kitâb-al-tabîj’, traduzido e comentado por
Huici de Miranda, vem mencionada uma receita
de açorda. Também Ibn Abd al-Ra’uf, noutro
tratado de alimentação, fala da açorda, ‘tarîd’ ou
‘tarida’ em árabe, dizendo que se prepara com
Sabores do Alentejo
Sabores do Alentejo
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Com as ervas aromáticas, açordas,
caldos e sopas ganham um
perfume e um sabor inigualáveis.
Sopa da panela
bocados de pão migados, alho, coentros e água
bem quente. ‘Tarîd’ vem de ‘tarada’, raiz que
significa “migar pão”, e com a ‘tarîd’ comiam-se
muitas coisas. A açorda, que veio de um tempo
pré-romano, atravessou o Império, o tempo árabe
e chegou até nós com a mesma pujança e os
mesmos ingredientes”. No seu livro, Saramago
publica 10 receitas de açorda e 72 de sopas. É
obra.
É interessante assinalar que, na obra acima
citada, Manuel Camacho Lúcio faz a distinção
entre “caldos” e “sopas” alentejanas. Os
primeiros, assegura, “são feitos na base de um
refogado de azeite, alho, cebola e louro, por
vezes com ervas aromáticas, a que se junta
a água e que depois de algum tempo de
fervura se deita sobre sopas de pão
cortadas fininhas. Podem ser de
peixe do mar (goraz, besugo,
pargo, cherne, carapaus e
poucos mais) ou de “peixe da
ribeira”. Na casa do rural, os
caldos eram comidos sem
mais nada ou com batatas
às rodelas lá cozidas.
Para a execução
destes caldos, além
dos poejos e hortelã
da ribeira, que só
rebentam nos fins
de Outubro e se
aguentam até fins
da Primavera, temos
ainda os tomates e
os pepinos de que
dispomos durante o
Verão. Os queijinhos
frescos, normalmente
de Novembro a Maio,
ou já curados e que se
aguentam até ao fim do
Verão, quando metidos
no azeite, são outros
elementos muito usados
nos “caldos””.
Criações geniais
Quanto às “sopas”, os temperos “não se refogam,
salvo excepções. A “sopa fervida” é uma delas”.
Outra distinção é a que os caldos são, em geral,
mais aguados, mas tanto uns como outras
são comidas com “algum caldo, que se deita
sobre sopas de pão, umas vezes fatiadas outras
cortadas à mão, mas levam sempre pão no fundo
da terrina”. Não será motivo de admiração
caso se acrescente que caldos e sopas eram as
comidas mais comuns nas mesas alentejanas,
“dado que se poderiam cozinhar durante todo
o ano, ficavam relativamente em conta e não
exigiam grandes artes. Ao contrário dos caldos,
as sopas não são muito sazonais, porque, sendo
a maioria feita com leguminosas, estas, se secas,
aguentam-se todo o ano. Ainda segundo
Camacho Lúcio, as sopas “são dum modo
geral todas cozinhadas em púcara de
barro, em lumes colectivos quando
em trabalhos do campo, ou com a
“púcara dos feijões” encostada ao
borralho do lume no chão, que
nas casas mais pobres e nos
montes está sempre aceso, até
no Verão”.
Há, no conjunto das açordas,
caldos, sopas, canjas,
calduchos, molhatas,
calderetas e sargalhetas
alentejanas, algumas que
são geniais. O pobre, frio,
avinagrado e cru gaspacho.
A rica e exótica sopa de
sarapatel com o seu séquito
de fressura de borrego ou
de cabrito, sangue do bicho,
pão migado e rodelas de
laranja. A requintada sopa da panela, para mim
de pombo bravo se faz favor. A original, saborosa
e substancial sopa de beldroegas. A excelente
sopa de cardos com bacalhau alimado. Ou ainda
o caldo de queijo com ovos escalfados, bem
perfumado com duas mentas das mais cheirosas,
os poejos e a hortelã da ribeira.
Como, com argúcia, observou o escritor Manuel
Mendes, um grande caminheiro que deixou, no
seu “Roteiro sentimental”, alguns dos retratos
mais impressivos do Portugal dos anos 50/60
do século passado: “Do pouco que tem, faz o
alentejano prodígios, contribuindo com alta
inventiva culinária na confecção de pratos
verdadeiramente típicos”.
Para a execução das fotos que acompanham este trabalho,
agradecemos a inestimável colaboração do restaurante O
Galito, em Lisboa.
Sopa de cação
N
38
Maria Amorim
Excelente meio
de divulgação,
rápido e
barato, a
Internet
continua a
ser o médium
privilegiado
para qualquer
produtor
alentejano
divulgar o que
está a fazer.
E não só em
matéria de
vinhos...
A
V
E
G
A
N
D
O
Vinhos alentejanos na Internet
O mundos dos vinhos alentejanos está bem representado na Internet.
A maioria dos produtores que tem marcas investe neste médium
como forma de promoção e informação aos seus clientes, estejam eles
dentro ou fora de Portugal. De facto, nestes 12 sites que visitámos,
muitos são os que têm mais que o português como língua de consulta
e há inclusive um, o da Biomonte, que está apenas em inglês e
alemão. Destaque para os sites da Enoforum e Monte do Limpo, que
conseguem ter os seus conteúdos em várias línguas. O primeiro está
disponível em inglês, russo e chinês; o do Monte do Limpo é mais
continental, optando por investir apenas em línguas europeias: inglês,
francês, espanhol, alemão e italiano. Ainda assim, numa altura em que
a região tentar aumentar a sua facturação nos mercados externos,
temos que considerar que é um investimento proveitoso. Um produtor
que exporte os seus vinhos e não tenha site para mostrar os seus
(outros) produtos arrisca-se automaticamente a perder visibilidade e...
dinheiro. E afinal, se não tiver grandes ambições, criar um site nem é
difícil nem caro. Ora veja...
Como criar um site
O segredo está no planeamento. Em saber o que se quer previamente.
Se não tem ideias concretas sobre o assunto, investigue sites de outros
produtores. Escolha como ponto de partida o que mais se assemelhe
ao seu gosto, tanto a nível de estrutura, como de informação prestada
e ainda como apresentação. Lembre-se que quanto mais complexo for
o site mais caro fica.
A seguir crie a sua informação. O que vai aparecer na página de
entrada, o que vai escrever para a eventual história da empresa/
exploração, para os vinhos, etc. Se tiver fotos para ilustrar, tanto
melhor. Caso contrário, prepare-se para contratar um.
Passe para papel as suas ideias. Se já tiver uma ideia da estrutura
gráfica, faça também um croquis, detalhando onde quer os
menus e onde cada um vai dar. Por exemplo, pode querer que o
seu menu Vinhos dê acesso directo ao seu portefólio, sem passar
necessariamente por uma outra página.
Com esta espécie de relatório, consulte uma ou mais empresas de web
design. Existem em todas as cidades e hoje, felizmente, conseguem
ter um bom nível médio. Se tiver dúvidas veja o trabalho da empresa
e, caso sejam clientes de colegas seus, informe-se junto destes sobre o
relacionamento dessa empresa com os clientes.
Depois da selecção da empresa que vai criar o seu site, fale com eles
antes da implementação. Discutam o seu projecto e ouça as opiniões
dos profissionais. Os web designers mais experientes têm sempre boas
dicas para apresentar. A boa relação entre os dois é fundamental para
que o seu site entre no ar a breve trecho e seja actualizado conforme
os seus desejos.
Lima Mayer & Companhia | www.limamayer.com
Pode escolher entre o português e o inglês na entrada. A página de entrada
mostra-lhe sete opções: Vinha, Adega, Vinhos, Equipa, Quinta, Loja online e Contacto. Um clique em qualquer opção dá a mudança de página
com um bonito efeito visual. Em três opções existe apenas uma descrição
breve mas que contém o essencial. Tanto a Vinha, como a Adega e a Quinta
mostram ainda três imagens relativas aos temas. A secção de Vinhos mostra
as duas marcas da casa, Subsídio e Lima Mayer, com algumas informações
generalistas mas sem detalhar colheitas, por exemplo. A opção Loja abre
em janela diferente mas não mostrou qualquer conteúdo. Boa página de
contactos, com um mapa para chegar ao local.
Biomonte | www.biomonte.com
Apenas pode visualizar este site em alemão ou inglês. Esta empresa de
Montemor-o-novo pertence a Helga e Wolfgang Delfs que tentam preservar
da extinção a angolana Palanca Royal. Uma das opções do site mostra todas
as informações. É por isso que os vinhos da casa têm a marca deste animal,
tanto no nome como na imagem presente no rótulo. Todos os vinhos
têm direito a descrições detalhadas e, nesta página, pode ainda ver uma
pequena descrição da história do casal Delfs em “ALENTEJO OF WINES” e uma
introdução à região. A empresa, ao pé de Montemor, vende ainda quatro
produtos naturais, a maioria produzida com base na folha de oliveira. Muitas
fotos ilustram ainda este curioso site.
Sociedade Agrícola Herdade dos Lagos | www.herdadedoslagos.com
Este produtor de origem alemã mostra uma página de entrada um pouco
confusa, misturando texto corrido e ligações baseadas em texto. Comece
com a opção Herdade dos Lagos, que lhe dá acesso a tudo. Depois de entrar
irá ver que, afinal, o site está bem estruturado e é bastante informativo,
detalhando desde a “História da Herdade” até a “Filosofia”, que descreve o
objectivo dos vinhos tintos aqui produzidos, passando pelas fundamentais
“A nossa vinha” e o “Os nossos vinhos”. Pelo meio poderá encontrar ainda
um apanhado dos prémios, de textos saídos na imprensa, um texto sobre
a região do Alentejo e uma “Galeria de fotos”. O site está ainda em inglês e
alemão.
Maria da Graça Noronha Mendes de Almeida | www.montedoalamo.blogspot.com
Esta nova produtora optou pelo formato de blogue, o que facilita a criação do
site. No fundo é apenas uma página, que se vai estendendo à medida que vai
recebendo informação. Os títulos acabam por separar os assuntos, exibidos
por ordem cronológica. Ficamos a saber que a exploração fica ao pé de Évora
e que é aqui que são produzidos os vinhos das marcas ET Cetera (garrafa) e
Ponto e Vírgula (bag in box). Só o primeiro – e apenas o tinto de 2006 tem
direito a informações técnicas. Apesar de haver alguma outra informação não
há fotos da vinha ou da adega, por exemplo. Estranhamos ainda a falta de
contactos: nem morada, nem telefone.
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A
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DFJ Vinhos | www.dfjvinhos.com
Depois de entrar, chegamos à página principal, onde somos recebidos
pelo gestor e enólogo, José Neiva Correia. É nesta página que tudo se joga,
num menu que se abre na foto da garrafa, à esquerda. Aqui encontramos
uma pequena história da empresa, um apanhado de notícias e uma curta
descrição da viticultura. Com um enorme leque de vinhos, (são cerca de 65
marcas!), o menu Portfolio detalha cada uma das colheitas, separadas por
tipos de vinhos: tintos, bivarietais tintos, monocastas tintos, brancos, etc. A
marca do Alentejo chama-se Monte Alentejano, existente em tinto, rosé e
branco. Sendo a DFJ um grande exportador, não surpreenda que o site esteja
ainda em inglês e russo.
Herdade dos Coelheiros | www.herdadecoelheiros.pt
Esta herdade caprichou no seu site, que privilegia o turismo, a primeira das
opções: do agroturismo ao enoturismo, existem cinco variantes. A segunda
opção seleccionável é a dos vinhos, onde está toda a gama da casa, composta
por seis marcas. Cada uma tem a informação completa depois de clicarmos
sobre a respectiva garrafa. O resto do site, bem ilustrado e fácil de navegar,
fala de outra produção da casa, as nozes e a cortiça. Um pequeno capítulo
sobre a história da Herdade dos Coelheiros e uma página de contactos,
com indicações precisas sobre a sua localização e itinerários para lá chegar,
completam este bom site. Existe uma versão em inglês.
Enoforum | www.enoforumwines.com
Empresa que resulta de uma associação das adegas cooperativas alentejanas
para a exportação, a Enoforum investiu num bom site, com boa riqueza
gráfica, disponível em inglês, russo e chinês. Lá encontra tudo sobre o
projecto e os seus vinhos, de quatro marcas diferentes: Alentex, Redfox,
Porta do Castelo e Real Forte. Todos os vinhos estão bem descritos, com a
respectiva ficha técnica. Mas pode encontrar ainda aqui muita informação
sobre a região do Alentejo, a vinha alentejana, as castas usadas e as
denominações de origem. Não foi esquecida a equipa que gere a empresa.
Este é um site muito informativo mas fácil de consultar, indícios de trabalho
profissional.
Herdade Monte da Cal | www.daosul.com
Com quintas em várias regiões do país, mas com sede no Dão, este site
da Dão Sul (agora Global Wines) tem uma parte dedicada aos seus vinhos
do Alentejo, da Herdade Monte da Cal. Clique nesta opção para entrar no
conjunto de páginas, que começa com a História (na entrada, concisa) e
continua com os vinhos, uma pequena galeria de fotos e, finalmente, um
apanhados dos prémios ganhos pelos néctares Monte da Cal. A parte relativa
aos vinhos tem informação suficiente para agradar ao mais exigente dos
enófilos, incluindo, em anexo, uma completa ficha técnica. E esta é a grande
força do site. Refira-se que existe uma versão em inglês.
F. Trigueiros & Filhos | www.ftrigueiros.pt
Este produtor com sede em Barcelos construiu um site bastante simples mas
contém o estritamente essencial. A página de entrada contém apenas uma
mensagem de acolhimento. Para vermos o resto da informação teremos que
ir a um dos quatro menus do lado esquerdo: Quem Somos, Produtos, Outras
Informações e Contactos. Qualquer uma delas é sucinta, especialmente
a parte dos vinhos. Sobre o branco e tinto Monte das Abertas (Alentejo),
por exemplo, diz-se apenas o grau alcoólico e, para o tinto, algumas castas
usadas. A opção Outras Informações nenhum interesse tem para o enófilo.
Ainda assim, apesar de muito básico, este site demonstra que é melhor existir
do que estar incógnito.
Morais Rocha | www.moraisrocha.com
Uma mensagem do gestor sobre o vinho recebe o visitante. Em cima estão
as diversas opções: para alem das normais (Produtos, Contactos e Galeria
de imagens) referimos a opção “Sobre”, uma designação inédita mas que
compreende tudo o que não se refere a vinhos (história, vinhas, adega,
região, etc). As informações prestadas são curtas mas contêm o essencial.
Quanto à secção de vinhos, está muito actualizada e já contém vinhos ainda
não lançados, como o tinto de 2007. Cada vinho tem a sua nota de prova mas
pouco mais ficamos a saber sobre eles. Menos mal que existe uma descrição
da vindima do ano. O site fica completo com uma boa galeria de fotos da
vinha, adega e pessoas.
Herdade do Rocim | www.herdadedorocim.com
Sendo um dos mais luxuosos projectos vínicos portugueses, seria de esperar
que o site deste produtor também o fosse. E de facto assim é. Desde a
página de entrada até à de Contactos, esta bem ilustrada com um mapa da
exploração, todo o site está muito bem concebido, estruturado, ilustrado e
com boa e completa informação. Apresentação da empresa e da herdade,
a vinha, vinhos, adega, enoturismo, serviços, tudo está contemplado. Não
falta sequer uma secção de noticias e uma loja on-line onde pode comprar
os vinhos Olho de Mocho e não só. Refira-se que em todas as secções as
imagens vão mudando, dando uma melhor perspectiva da exploração. Não
existe, contudo, versão em outra língua.
Monte do Limpo | www.montedolimpo.pt
Uma bonita imagem nocturna recebe o visitante. Depois de escolher a língua,
porque o site é poliglota (português e mais cinco línguas), entra na página
de entrada, onde se destaca uma secção de notícias que remetem para
desenvolvimento posterior. Por cima encontra as opções mais normais e uma
apenas dedicada à vila de Monsaraz, onde a herdade se encontra. Aqui fica a
saber a história, onde comer e onde pernoitar. O resto das opções mostramlhe, de forma bastante completa a herdade (história, vinha e adega), os
vinhos (Regius e Monte do Limpo) e o enoturismo. Este bem ilustrado e
bem concebido site fica completo com uma secção para novidades e duas
outras onde pode consultar os contactos e inscrever-se para receber uma
newsletter.
O
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O Vinho à Mesa
42
A importância
de um copo
O
Um bom copo, de
pé fino e cálice
grande, em forma
de tulipa, valoriza,
e de que maneira,
um vinho de
qualidade. Exalta
os seus aromas
e sabores,
oferecendo
ao apreciador
um conjunto
de sensações
que passariam
completamente
despercebidas
num copo vulgar.
O Vinho à Mesa
43
Luís Ramos Lopes
O copo adequado para servir um vinho de qualidade deverá, antes de
mais, ser transparente, possuir um pé mais ou menos longo e um cálice
de boa capacidade, ligeiramente fechado na extremidade, naquilo que
se convencionou chamar “forma de tulipa”. O pé alto evita que as
mãos toquem directamente o cálice e lhe transmitam alguma sujidade
ou aqueçam o vinho. E o cálice amplo e de boca curvada para dentro,
permite que o vinho entre em contacto com o ar e liberte os aromas
que ficarão concentrados junto à saída do copo, onde serão melhor
percepcionados pelo nariz do apreciador.
O copo é a forma que o vinho tem de se apresentar aos nossos sentidos.
Por isso mesmo, o material de que é feito bem como a sua forma e
desenho têm uma influência directa no modo como apreciamos um
determinado vinho. Experimente fazer esta experiência: abra uma garrafa
de um bom vinho e encha, até um terço da sua capacidade, três copos
completamente distintos. Leve ao nariz, um a um, os três copos. Por um
momento, vai sentir estar perante três vinhos diferentes. Por exemplo,
num copo o aroma aparece mais forte e intenso; noutro, surgem mais
exuberantes as notas frutadas; noutro ainda, são as sensações vegetais
que dominam.
Isto tem uma explicação. Num vinho, seja branco ou tinto, existem
múltiplos aromas, alguns mais delicados e voláteis, outros mais intensos
e vibrantes. Consoante o cálice maior ou menor, assim esses aromas
têm mais ou menos espaço para se libertar em contacto com o ar. Deste
modo, um vinho muito aromático, frutado, exuberante, não precisará
de um copo muito grande. Já um vinho mais austero, fechado, delicado
ou elegante, apreciará um copo “espaçoso” e de boca ligeiramente mais
fechada.
Na sequência da experiência que descrevemos, leve cada um dos copos
à boca e prove o vinho. Talvez ache que um deles é ligeiramente mais
ácido, outro um pouco mais taninoso, e por aí fora. Isso deriva da
forma como os quatro sabores básicos (doce, amargo, salgado e ácido)
são percepcionados em zonas diferentes da nossa língua. Assim, três
copos distintos em termos de espessura do bordo e formato, acabam por
conduzir o vinho para pontos diferentes da língua, condicionando a nossa
percepção.
Hoje em dia existe no mercado uma vasta gama de copos de qualidade,
alguns apresentados como sendo específicos para este ou aquele tipo de
vinho. Há que ter atenção na escolha porque, muitas vezes, para funções
e qualidades muito semelhantes encontramos preços muito diversos. Ter
bons copos é muito importante, mas não é preciso fazer loucuras (a não
ser que a paixão pelo vinho e a bolsa o permitam...). Assim, um conjunto
básico de copos de qualidade deverá ter um copo para vinho tinto, outro
para branco, outro ainda para espumante. A estes poderemos adicionar
mais um copo para vinhos licorosos e ainda outro para destilados.
Com estes cinco copos distintos estaremos preparados para todas as
eventualidades e conscientes de que estamos a tratar e a servir os nossos
vinhos com o cuidado e carinho que eles merecem.
Notícias
Notícias
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XVII Concurso “Os Melhores Vinhos do Alentejo”
1º prémio
tinto Finagra
- Joaquim Silva
recebeu a Talha
de Ouro para a
Finagra.
1º prémio
branco
arrochais – O
enólogo João
Melícias fez
o branco
vencedor da
Herdade dos
Arrochais.
Promovido pela Confraria dos Enófilos do Alentejo, com
o apoio da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, o
XVII Concurso “Os Melhores Vinhos do Alentejo” saldouse por um enorme sucesso. Para além da participação
de produtores representativos de 77% da produção da
região, destaque para a qualidade global dos vinhos a
concurso, com natural destaque para os vencedores da
Talha de Ouro, a Finagra e a Herdade dos Arrochais, nos
vinhos tintos e brancos, respectivamente.
A extraordinária adesão de produtores, mas também o
impacto mediático são bem o reflexo da credibilidade
e da idoneidade do concurso “Os Melhores Vinhos do
Alentejo”. Para a Confraria dos Enófilos do Alentejo fica
o mérito da organização de uma iniciativa que, todos
os anos – e já lá vão 17 edições! -, defende, prestigia,
valoriza, promove e divulga os vinhos da região.
A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA)
voltou estar associada ao concurso, na sequência
da parceria existente entre as duas instituições, mas
também em nome da mensagem de excelência dos
Vinhos do Alentejo.
A entrega de prémios constituiu o ponto alto do XVII
Concurso “Os Melhores Vinhos do Alentejo”, uma
cerimónia que decorreu no Salão Nobre do Hotel Ritz,
em Lisboa, com a presença de cerca de 200 pessoas,
entre confrades, produtores, enófilos e representantes
da comunicação social. Na ocasião, Francisco Pimenta,
Juiz da Confraria dos Enófilos do Alentejo, fez questão
de realçar “a extraordinária qualidade dos vinhos a
concurso, reflexo do trabalho desenvolvido pelos
produtores, cada vez mais apostados em satisfazer o
gosto dos consumidores. O nível médio foi bastante
elevado e não nos podemos esquecer que se tratou
de um concurso destinado a vinhos de produção, ou
seja, com muito mais restrições do que um certame
destinado a vinhos engarrafados”.
Aqui fica a lista completa
dos premiados:
Vinhos Brancos
Talha de Ouro:
Herdade dos Arrochais
Talha de Prata:
Soc.Agrícola Silvestre Ferreira
Talha de Bronze:
Henrique José de La Puente
Sancho Uva
Menções Honrosas:
António Manuel Baião Lança;
Casa de Santa Vitória; CARMIM;
Ervideira – Soc. Agrícola;
Fundação Eugénio Almeida;
Herdade Monte da Cal;
Monte do Trevo.
Vinhos Tintos
Talha de Ouro:
Finagra
Talha de Prata:
Casa Agrícola Alexandre Relvas
Talha de Bronze: Monte
da Raposinha
Menções Honrosas:
Adega Cooperativa de Borba;
Casa de Santa Vitória;
CARMIM; João Rafael Coelho
Gancho; Monte do Trevo;
Sociedade Agrícola D.Dinis;
Silveira e Outro.
Redondo com balanço
muito positivo
Há contentamento na Adega Coop de
Redondo (AcR): no ano de 2007 as coisas
correram bastante bem para este produtor
alentejano, especialmente na exportação.
De facto, saíram para o estrangeiro mais de
um milhão e meio de garrafas, o que torna
esta adega no segundo maior exportador
de vinhos de qualidade da região do
Alentejo. Compare-se este número com
o de 2004, que foi de apenas 200.000.
Por outro lado, a marca Porta da Ravessa
manteve-se no topo do mercado nacional,
com vendas na ordem dos nove milhões de
garrafas; o Real Lavrador voltou a cotar-se
entre as 10 marcas mais vendidas no país e
o Anta da Serra registou uma significativa
tendência de crescimento. Refira-se que,
segundo a AcR, estes volumes de vendas
não foram resultado de uma política de
quebra de preços. Para 2008, os objectivos
da AcR passam por chegar aos dois milhões
de garrafas exportadas e pela manutenção
das vendas no mercado nacional.
Contactos - tel: 266989100
website: www.acr.com.pt
Contactos tel: 266748870
website: www.vinhosdoalentejo.pt
Vinhos do Grupo Nabeiro premiados
Os tintos regionais alentejanos Adega Mayor Touriga Nacional 2006, Garrafeira do Comendador 2003
e Monte Maior 2006, produzidos na Adega Mayor e comercializados pelo Grupo Nabeiro/Delta Cafés,
foram recentemente distinguidos no Concurso Mundial de Bruxelas, este ano realizado em Bordéus.
O Adega Mayor Touriga Nacional 2006 e o Monte Mayor 2006 foram galardoados com a medalha
de prata, enquanto o Garrafeira do Comendador 2003 recebeu a medalha de ouro. Este último
vinho já havia sido galardoado com a Talha de Ouro (1º prémio absoluto) do Concurso promovido
pela Confraria dos Vinhos do Alentejo.
A produção vitivinícola Grupo Nabeiro/Adega Mayor está concentrada na região de Campo Maior,
com 65 hectares de vinha plantada, dos quais 55 se encontram na Herdade das Argamassas e os
restantes na da Godinha.
Contactos – tel: 268699441 • website: www.adegamayor.pt
Comenda Grande com ouro
O concurso internacional Wine Masters
Challenge 2008, que se realizou no Estoril,
atribuiu uma medalha de ouro ao vinho
do Alentejo Comenda Grande Tinto
2005. Neste concurso participaram 4.003
vinhos de mais de 20 países dos vários
continentes, tendo sido atribuídas apenas
16 medalhas de ouro.De referir que o
Comenda Grande Tinto 2005 foi o único
vinho do Alentejo a obter esta distinção.
Contactos – Tel: 266470510
Website: www.comendagrande.com
Notícias
Notícias
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Alentejo exporta mais para fora da UE
Nos dois últimos anos, os vinhos do Alentejo duplicaram as exportações
para fora da União Europeia. De 2006 para 2007, o aumento cifrou-se nos
46,8%, com Angola a ascender à liderança no “ranking” dos países (por troca
com os EUA), ao importar mais de dois milhões de litros – mais 69,1% do
que em 2006.
Se 45,3% dos vinhos de qualidade vendidos em Portugal são do Alentejo,
além-fronteiras os resultados não são menos expressivos. Em 2007, só para
os países fora da União Europeia, a região exportou 8.123.951 milhões
de litros de vinho, contra os 5.533.964 de 2006, a que corresponde um
aumento de 46,8%. Importa referir que, este número, apenas diz respeito a
vinhos certificados com Denominação de Origem, daí que não tenham sido
contabilizados os valores relativos aos Vinhos de Mesa e a granel.
No fundo, nos dois últimos anos, os Vinhos do Alentejo duplicaram os
volumes de exportação, com a particularidade de Angola ter assumido
a liderança entre os países que mais importaram vinhos da região, com
2.058.001 milhões de litros, mais 69,1% do que em 2006. Com 1.748.762
milhões de litros (correspondente a um aumento de 51,8%), o Brasil
ascendeu à segunda posição no “ranking”, enquanto os EUA passaram de
primeiro para terceiro destinatário das exportações, com 1.357.113 milhões
de litros, mais 10,1% do que em 2006.
Depois de, em 2006, as exportações para a Suíça terem registado um
crescimento de 88,2%, em 2007, o aumento cifrou-se nos 63,8%, com o país
a superar a barreira do milhão, mais concretamente 1.227.303 litros e quarto
lugar no “ranking” dos países importadores. A China importou 532.530 litros,
a que correspondeu um incremento de 34,9%, enquanto o Canadá fechou
o grupo dos seis maiores mercados de exportação fora da União Europeia,
com 456.094 litros de vinho e um crescimento de 58,3%.
Com um crescimento de 359,3 e 338,8%, respectivamente, a Rússia+Bielo
Rússia e a Venezuela foram os países que mais evoluíram nas importações,
embora com valores abaixo dos 100 mil litros. A título de curiosidade, em
relação a 2006, sublinhe-se que dos 10 países que mais importaram Vinhos
do Alentejo, todos aumentaram os seus volumes.
Contactos – tel: 266748870
website: www.vinhosdoalentejo.pt
Vinhos do Alentejo
representam mais de 40%
Os números de 2007 confirmam a
liderança dos vinhos do Alentejo no
mercado nacional. De facto, cerca de 43
em cada 100 garrafas certificadas (DOC ou
Regional) vendidas na Grande Distribuição
e no Canal Horeca (Hotelaria, Restauração
e Cafetaria) foram originárias desta
região. Os dados da ACNielsen registam
que os vinhos alentejanos geraram um
volume de negócios de 152,8 milhões
de euros – mais 3,6 milhões do que em
2006 – representando 45,52% das vendas
em valor no mercado nacional. O preço
médio por garrafa de vinho alentejano
também subiu de 2006 para 2007, o que
pode ser justificado pela estabilização dos
preços dos maiores produtores da região,
nomeadamente das adegas cooperativas,
que não caíram na tentação de uma
desenfreada quebra dos preços durante
o ano de 2007. Refira-se ainda que o
Alentejo domina também nos canais da
Grande Distribuição e Horeca.
O adeus de Alfredo Saramago
Faleceu no passado dia 25 de Maio, aos 70 anos, um dos mais competentes e prestigiados
divulgadores da gastronomia portuguesa e, muito em especial, da do Alentejo. Alfredo
Saramago nasceu em Arronches em 1938. Doutorado em Antropologia, desde cedo
deu largas à sua paixão pela gastronomia e pelos vinhos de qualidade, dedicando uma
grande parte da sua vida profissional ao estudo destas artes. Publicou dezenas de livros
e ensaios sobre a temática gastronómica, entre os quais se destacam “Para uma História
da Alimentação no Alentejo”, “Doçaria Conventual do Alentejo”, “Cozinha para Homens-A
honesta volúpia”, “125 vinhos”, ou “Cozinha Alentejana”, este último em co-autoria com
Manuel Fialho. Foi fundador e era actual director da revista Epicur. A boa mesa e a boa
vida (onde incluía os charutos e as touradas) nortearam a sua existência. A gastronomia
portuguesa e alentejana perde assim um dos seus maiores historiadores e promotores.
Os dados da ACNielsen mostram ainda
que, de 2006 para 2007, e no conjunto
das regiões nacionais, se venderam mais
litros de vinho em Portugal, exactamente
2,2 milhões. E que o valor desse vinho
também subiu: mais 21,3 milhões do que
em 2006.
Contactos – tel: 266748870
website: www.vinhosdoalentejo.pt
Notícias
Notícias
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Carmim ganha
em várias frentes
Os últimos meses têm sido
pródigos em sucessos para a
Carmim-Cooperativa Agrícola de
Reguengos de Monsaraz. Assim,
o vinho branco Régia Colheita
2006 obteve uma medalha de
ouro na 32ª edição do concurso
Challenge International du Vin,
certame que decorreu em França,
com a participação de 5129 vinhos
de 35 países, degustados por 856
enólogos.
Este galardão, na categoria
Brancos Secos, vem juntar-se às
recentes medalhas ganhas pela
Carmim no concurso Bacchus
2008, promovido em Madrid pela
União Espanhola de Escanções.
Neste concurso internacional,
que reuniu um número recorde
de vinhos participantes (1683),
degustados e provados por mais
de 80 profissionais de 17 países. A
Carmim arrebatou uma medalha
de ouro para o Reguengos Reserva
Tinto 2005 e uma medalha de
prata para o Garrafeira de Sócios
Tinto 2001.
A Carmim, empresa de Reguengos
de Monsaraz, manteve no 2º
semestre de 2007 a liderança de
vendas do mercado nacional, quer
em quantidade, quer em valor. De
acordo com os dados do Índice
Nielsen Alimentar (INA), a Carmim
atingiu uma quota total de vendas
de 5,7 por cento, em quantidade,
e de 6,8 por cento em valor.
A empresa vê assim confirmada a
sua liderança em Portugal, tendo
obtido inclusive a posição cimeira
em todos os períodos do ano de
2007 referenciados pelo INA. Além
disso, também liderou as vendas
em supermercados durante
aquele período, segundo o INA.
Contactos – tel: 266508200
website: www.carmim.online.pt
Vale da Calada, um rosé
para o Verão O Verão convida a saborear vinhos mais
frescos e leves. O Vale da Calada Rosé
2007, recém-chegado à gama de vinhos
da Herdade da Calada, é uma bóia opção
para os jantares de amigos ou família nas
noites mais frescas que se aproximam.
Feito exclusivamente com a casta
Aragonês, demonstra a versatilidade
desta variedade e o seu potencial para
também produzir excelentes vinhos
rosados. De cor rosa pálido, bastantew
frutado de aroma e sabor, trata-se de um
vinho seco, com uma boa acidez natural.
É um vinho perfeito para acompanhar
pratos de peixe, saladas e carnes de
aves vem complementar a “família” dos
vinhos de base da Calada. A Herdade da
Calada está estabelecida como empresa
vinícola do Alentejo desde 2000, e produz
anualmente cerca de 120.000garrafaa.
Possui também 110 hectares de olival,
com o qual produz e comercializa azeite
com o rótulo da empresa.
Contactos - tel: 266470030
website: www.herdadedacalada.com
Portalegre tinto 2005
ganha prata
O vinho Portalegre tinto de 2005, da Adega
Cooperativa de Portalegre, foi galardoado
com a medalha de prata no Wine Masters
Challenge 2008 – X Concurso Mundial de
Vinhos, que se realizou no Hotel Palácio do
Estoril.
O Wine Masters Challenge é um dos
maiores concursos mundiais de vinhos,
que este ano celebrou o seu 10º ano de
existência em Portugal, prova da aposta na
divulgação do nosso país enquanto fonte
de grande riqueza vinícola.
De um total de 4003 amostras de vinhos,
foram seleccionados 1787 para o concurso
final. O júri integrou 500 profissionais
provenientes de 49 países e distinguiu
o Portalegre DOC Tinto 2005 com uma
medalha de prata.
Contactos - tel: 245300530
website: www.adegaportalegre.pt
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REGUENGOS REDONDO - Vinhos do Alentejo