1 Identificação das Cargas Lineares Críticas na Análise Harmônica de Sistemas Elétricos de Potência Sergio Luis Varricchio, Senior Member, IEEE, Franklin Clement Véliz, Cristiano de Oliveira Costa, Ricardo Penido D. Ross, Senior Member, IEEE, José Roberto de Medeiros e Dalton O. C. Brasil Resumo — Em estudos de comportamento harmônico, usualmente as cargas são modeladas por circuitos RLC série e / ou paralelo, construídos apenas com os valores de potência ativa e reativa de freqüência fundamental. Esta modelagem simplificada pode levar a erros significativos nos resultados dos estudos. Utilizando-se dados de medição e / ou de levantamento de campo das composições das cargas, modelos mais realistas e detalhados podem ser obtidos. No entanto, este procedimento é praticamente inviável para todas as cargas do sistema. Neste trabalho é apresentada uma metodologia que, definida uma área de interesse onde os estudos devem ser realizados, determina quais são as barras que devem ter suas cargas modeladas em detalhe. Palavras-Chaves— Cargas lineares, Modelagem de Cargas, Sistemas de Potência, Harmônicos, Resposta em Freqüência. I. INTRODUCÃO O termo carga linear descreve uma classe de cargas que, se alimentadas por uma fonte de tensão senoidal de freqüência f, produz somente corrente senoidal de mesma freqüência que a fonte de alimentação [1]. As cargas lineares são uma componente importante das impedâncias harmônicas do sistema, pois influenciam de forma significativa seus módulos e podem afetar também as freqüências de ressonância série e paralela [2]. O estabelecimento de modelos precisos baseados em análise teórica, tendo como informação apenas os valores de potência ativa e reativa de freqüência fundamental das cargas, é uma tarefa difícil e, por este motivo, modelos mais simples como circuitos RLC série e paralelo são comumente adotados. Este procedimento pode levar a erros nos estudos de comportamento harmônico de sistemas elétricos de potência. Portanto, uma modelagem mais realista e detalhada das cargas do sistema é de grande importância. Julga-se que esta modelagem pode ser feita, por exemplo, por meio de medições ou de levantamento de campo de suas composições. No entanto, este procedimento é praticamente inviável para todas as cargas do sistema. Neste trabalho é apresentado o desenvolvimento de uma Sergio Luis Varricchio, Franklin Clement Véliz, Cristiano de Oliveira Costa e Ricardo Penido D. Ross trabalham no CEPEL - Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (e-mails: [email protected], [email protected], [email protected] e [email protected]). José Roberto de Medeiros e Dalton O. C. Brasil trabalham no ONS – Operador Nacional do Sistema (e-mails: [email protected] e [email protected]). metodologia que determina, definido um conjunto de barras de interesse onde os estudos de comportamento harmônico devem ser realizados, quais as barras do sistema (barras críticas) que devem ter suas cargas modeladas em detalhes (cargas críticas). A metodologia proposta é verificada por meio de exemplo considerando todo o Sistema Interligado Nacional (SIN) para o ano de 2005 com carregamento pesado. II. DADOS E FERRAMENTA COMPUTACIONAL UTILIZADOS Os cálculos das impedâncias harmônicas foram realizados com o programa HarmZs [3] do CEPEL. Os dados utilizados encontram-se no arquivo DEZ06P.HZS (formato HarmZs), fornecido pelo ONS. Este arquivo de dados foi criado utilizando os arquivos de fluxo de potência DEZ06P.CAR (formato ANAREDE [4]) e de dados de máquinas BNT1P.DAT e BNT2.DAT (formato ANATEM [5]) da base de dados do ONS, bem como o arquivo de dados complementares de filtros harmônicos FILTRO2.DAT, preparado também pelo ONS. III. BARRAS DE INTERESSE As barras de interesse consideradas neste trabalho são BAIXADA---345 (número 471) e CABREUVA-230 (número 590). O estudo de comportamento harmônico a ser realizado nestas barras consiste no cálculo de suas impedâncias próprias e de transferência. Na Fig. 1 está mostrada uma área do SIN que incluí estas barras de interesse. IV. EXEMPLO DA INFLUÊNCIA DA MODELAGEM COMUMENTE ADOTADA PARA AS CARGAS Na Fig. 2 estão mostradas as curvas de resposta em freqüência do módulo da impedância própria da barra 590 (CABREUVA-230 kV), considerando as cargas do SIN modeladas por circuito RLC série e paralelo. Como se pode observar, o módulo da impedância é bastante sensível ao modelo adotado para as cargas, conforme já citado na introdução deste trabalho. 2 T.PRETO--345 78 BAIXADA--345 471 LESTE----345 464 BAIXADA--088 TBAIXADA-138 473 BAIXADA--230 732 472 CARBOCL--230 477 T.PRETO--765 76 TPR--AT4-FIC 81 BSA------345 3471 A.SERRA2-345 EMBUGUAC-345 479 582 SUL------345 474 ITAPETI--345 449 A.SERRA1-345 478 IBIUNA---500 122 IBIUNA-1-525 113 H.BORDEN-230 480 IBIUNA---345 86 IBIUNA-2-525 112 OESTE ---440 EMBUGUAC-440 414 CBA-TERM-440 581 CABREUVA-440 608 584 XAVANTES-345 491 BAURU----440 E.SOUZA--230 561 410 E.SOUZA--088 411 B.JARDIM-440 574 INTERL---345 488 CAMPINAS-500 103 S.ANGELO-440 593 INTERL-2-230 490 IBIUNA---3CS 48 INTERL-1-230 489 GUARULHO-345 126 EMBU-GUA-1CS 532 P.CALDAS-345 120 CAMPINAS-345 123 4585 GERDAU---440 591 CABREUVA-138 CABREUVA-230 590 PIRITUBA-230 421 ANHANG-2-230 424 CBA------230 606 NORTE----345 435 ANHANG---345 439 DGerdau- 440 585 EMBUGUAC-138 583 BOTUCATU-230 625 NOR-T70B-345 434 ANHANG-1-230 423 Fig. 1. Área do SIN incluindo as barras de interesse. Quanto maiores as diferenças entre esta curva e a obtida no passo 1, maior a influência da carga Sk. 0.6 Série Paralelo |Z(j ω)| (pu) 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Freqüência (Hz) Fig. 2. Módulo da impedância própria da barra 590 (CABREUVA-230 kV), considerando as cargas do SIN modeladas por circuito RLC série (curva vermelha) e paralelo (curva azul). V. METODOLOGIA PROPOSTA A metodologia proposta determina a influência de uma carga segundo o seguinte procedimento: 1. Todas as cargas do sistema são retiradas (modeladas por circuitos abertos) e a curva de resposta em freqüência da impedância própria da barra de interesse é traçada. 2. A carga Sk, que se deseja determinar sua influência, é modelada por um curto-circuito (as demais cargas do sistema continuam a serem modeladas por circuitos abertos) e a curva de resposta em freqüência da impedância própria da barra de interesse é traçada. O principal motivo de se retirar todas as cargas do sistema é o de se isolar o efeito da carga Sk. Por outro lado, a modelagem por um curto-circuito da carga Sk, ao invés de se utilizar, por exemplo, um circuito RLC série (modelagem série) ou paralelo (modelagem paralela), é justificada a seguir. Na Fig. 3 está mostrada a curva de resposta em freqüência do módulo da impedância própria da barra de interesse de um sistema hipotético com a carga Sk desconectada do mesmo (curva azul). Também, nesta figura, estão mostradas as curvas de resposta em freqüência do módulo da impedância da carga Sk para três situações distintas: comportamento real da carga supostamente conhecido (curva vermelha), modelagem série (curva preta) e modelagem paralela (curva verde). Observando estas curvas, verifica-se que os valores do módulo da impedância da carga nas modelagens série e paralela são muito maiores do que os valores do módulo da impedância própria da barra de interesse, ou seja, baseando-se nestas modelagens, se poderia concluir que a carga Sk teria uma baixa influência na impedância própria da barra de interesse em toda faixa de freqüências considerada (nesta afirmação se considerou que o módulo da impedância que conecta a barra de interesse à barra k, onde a carga Sk está conectada, é muito menor do que a impedância própria da barra de interesse). Ou seja, as curvas de resposta em freqüência da impedância própria da barra de interesse, traçadas com e sem a presença 3 VI. EXEMPLO DE DETERMINAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE UMA CARGA (BARRA) Na Fig. 5 estão mostradas duas curvas de resposta em freqüência do módulo da impedância própria da barra de interesse 590 (CABREUVA-230 kV). 0.8 Aberto Curto em 4585 0.6 |Z(j ω)| (pu) da carga Sk seriam praticamente iguais. No entanto, como a impedância real da carga Sk apresenta ressonâncias série (como mostrada na curva vermelha), em freqüências próximas da primeira ressonância o módulo da impedância da carga Sk é da mesma ordem de grandeza do módulo da impedância própria da barra de interesse, conforme pode ser melhor visualizado na ampliação mostrada na Fig. 4. Assim, pelo menos neste pequeno intervalo de freqüências (que em uma situação real poderia ser bem mais extenso que neste caso hipotético) a carga Sk tem uma grande influência na resposta em freqüência do módulo da impedância própria da barra de interesse. Além disto, nas freqüências próximas à da primeira ressonância, o comportamento da carga Sk se aproxima mais ao de um curto-circuito do que das modelagens série ou paralela. Portanto, a modelagem da carga Sk por um curtocircuito, para toda a faixa de freqüência de interesse, é o procedimento mais conservativo para a verificação da influência desta carga. 0.4 0.2 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Freqüência (Hz) Fig. 5. Influência da carga da barra 4585 no módulo da impedância própria da barra 590. 20 |Z(j ω)| (pu) 16 Barra de Estudo Carga Real Carga Série Carga Paralela 12 8 4 0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Freqüência (Hz) Fig. 3. Curvas de módulo da impedância do sistema e da carga. A curva vermelha foi traçada considerando todas as cargas do SIN modelada por circuitos abertos (sistema descarregado). A outra curva foi traçada mantendo a modelagem de circuitos abertos para as cargas do SIN com exceção da carga conectada à barra 4585 que foi modelada por um curtocircuito. Esta é a carga (barra) a qual se deseja determinar a influência para a impedância própria da barra 590. Como as curvas apresentam diferenças significativas em diversos intervalos de freqüência, conclui-se que esta é uma carga (barra) crítica para esta barra de interesse. 2.0 Barra de Estudo |Z(j ω)| (pu) 1.6 VII. CONJUNTOS DE CARGAS CRÍTICAS PARA AS BARRAS DE INTERESSE Carga Real 1.2 Aplicando a metodologia proposta, obtém-se os conjuntos de cargas críticas para as barras de interesse 590 e 471. Estes conjuntos são formados pelas cargas apresentadas na TABELA I e na Tabela II. 0.8 0.4 0.0 300 350 400 450 TABELA I CARGAS CRÍTICAS PARA A BARRA 590 500 Freqüência (Hz) Fig. 4. Ampliação da visualização das curvas de módulo da impedância. P Q (MW) (MVAr) Barra 606 154.0 65.6 3804 12.4 1.8 3834 20.5 7.1 607 209.0 53.7 3805 7.7 1.8 3850 28.6 1.9 3411 484.3 134.2 3807 3.3 0.3 3130 33.4 9.8 3422 468.2 153.1 3810 23.8 2.2 3131 11.1 4.5 3428 136.9 17.6 3812 26.3 2.3 3135 22.3 6.4 3429 124.2 50.8 3813 7.8 0.1 3136 13.0 4.6 3493 841.7 265.6 4585 16.0 5.3 3137 38.6 9.7 3494 113.7 54.9 3819 13.7 5.4 3818 17.8 1.5 3496 739.2 218.0 3823 15.0 13.0 3814 21.4 1.3 3415 620.3 88.4 3827 26.7 2.7 3815 35.5 15.3 Barra Uma propriedade importante que se verificou durante o desenvolvimento desta metodologia é descrita a seguir. Supondo que um conjunto Ωk de cargas de grande influência (críticas) tenha sido determinado considerando a resposta em freqüência da impedância própria zkk (módulo e ângulo) da barra k e que um outro conjunto Ωj tenha sido determinado considerando a resposta em freqüência da impedância própria zjj (módulo e ângulo) da barra j, então o conjunto de cargas críticas para a resposta em freqüência da impedância de transferência zkj entre as barras k e j será o conjunto dado por Ωk ∪ Ωj. 3150 P Q P Q Barra (MW) (MVAr) (MW) (MVAr) 29.5 6.0 3832 9.9 1.3 3816 57.1 14.3 3456 310.1 18.5 3833 3.4 1.1 3817 12.4 1.6 3801 1.4 - - - - - - 9.1 4 0.8 TABELA II Circuito Aberto CARGAS CRÍTICAS PARA A BARRA 471 0.0 3467 467.8 87.4 3851 39.4 4.4 401 0.5 0.0 3471 200.0 53.5 3852 28.1 1.8 477 106.0 21.5 3473 58.9 7.0 3853 46.9 13.9 606 154.0 65.6 3474 48.0 15.8 3854 51.5 8.2 607 209.0 53.7 3475 464.5 92.6 3855 36.9 7.0 3045 28.7 9.4 3476 425.9 104.1 3857 15.7 3.5 3046 9.7 3.4 3477 20.5 6.7 3858 9.7 0.1 3054 12.2 6.2 3481 382.1 66.9 3860 20.0 6.4 3066 12.3 3.0 3841 19.0 1.5 3862 13.5 5.7 3069 0.2 0.1 3842 41.4 4.6 3863 6.7 0.1 3072 2.8 1.3 3844 20.8 0.0 3864 0.1 0.0 3078 11.0 5.0 3845 23.8 2.6 3866 40.9 0.5 3084 3.5 1.4 3846 11.0 5.5 3867 15.1 0.0 3087 23.9 7.9 3847 25.8 1.6 3868 5.5 0.5 3417 24.7 8.1 3849 11.2 1.4 3869 5.3 1.1 114.6 3850 28.6 1.9 4585 16.0 5.3 3465 738.8 |Z(j ω)| (pu) 0.5 Q (MVar) 0.4 0.2 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Freqüência (Hz) Fig. 6. Módulo da impedância própria da barra 590. Todas as cargas do SIN modeladas por circuitos abertos (curva vermelha). Cargas críticas (TABELA I) modeladas por circuitos abertos e demais cargas do SIN por curto-circuitos (curva azul). 2 Circuito Aberto 1.6 |Z(j ω)| (pu) P Q Q P Barra Barra P (MW) Barra (MW) (MVar) (MVar) (MW) 400 Curto-Circuito 0.6 Curto-Circuito 1.2 0.8 0.4 0 0 VIII. TESTES DE ROBUSTEZ DA METODOLOGIA A. Primeiro Teste Para o primeiro teste, uma das curvas de resposta em freqüência da impedância própria da barra 590 foi traçada modelando tanto as cargas críticas (apresentadas na TABELA I) quanto as demais por circuitos abertos (curva vermelha). A outra curva foi traçada mantendo a modelagem por circuitos abertos para as cargas críticas e alterando a das demais cargas para curto-circuitos (curva azul). Estas curvas estão mostradas na Fig. 6. Realizando procedimento análogo para o traçado das curvas de impedância própria da barra 471 e de transferência entre esta barra e a 590, obtém-se os gráficos mostrados na Fig. 7 e Fig. 8. Note que o conjunto de cargas críticas para a impedância própria da barra 471 é formado pelas cargas apresentadas na TABELA II, enquanto que o conjunto de cargas críticas para a impedância de transferência entre as barras 590 e 471 é formado pela união das cargas apresentadas na TABELA I e na Tabela II. 1000 1500 2000 2500 3000 Freqüência (Hz) Fig. 7. Módulo da impedância própria da barra 471. Todas as cargas do SIN modeladas por circuitos abertos (curva vermelha). Cargas críticas ( TABELA II) modeladas por circuitos abertos e demais cargas do SIN por curto-circuitos (curva azul). 0.24 Circuito Aberto Curto-Circuito 0.2 |Z(j ω)| (pu) Para verificar a robustez da metodologia proposta, diversos testes de comparação entre curvas de resposta em freqüência das impedâncias próprias das barras 590 e 471 e de transferência entre elas foram realizados. Estes testes consistiram na adoção de diversos modelos para a representação das cargas críticas e demais cargas do sistema. No entanto, devido a limitações de espaço, apenas dois dos testes realizados são apresentados. 500 0.16 0.12 0.08 0.04 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Freqüência (Hz) Fig. 8. Módulo da impedância de transferência entre as barras 590 e 471. Todas as cargas do SIN modeladas por circuitos abertos (curva vermelha). Cargas críticas (TABELA I e TABELA II) modeladas por circuitos abertos e demais cargas do SIN por curto-circuitos (curva azul). Como se pode observar estas curvas estão bastante próximas. Desta forma, baseando-se nos resultados deste teste, conclui-se que método proposto para a determinação das cargas críticas é válido. Deve-se observar que, no atual estágio, os procedimentos para a determinação das cargas críticas foram feitos manualmente, exigindo um grande esforço visual e consumo de tempo. Com a automatização computacional dos procedimentos, conforme descrito no item IX, mais cargas críticas poderiam ter sido determinadas, de forma que as curvas azul e vermelha ficariam tão próximas quando se desejasse. 5 B. Segundo Teste O segundo teste é análogo ao primeiro, com a diferença de que as cargas críticas estão agora representadas por circuitos RLC paralelo. Os resultados deste teste estão mostrados na Fig. 9, Fig. 10 e Fig. 11. 0.18 IX. CLASSIFICAÇÃO DA IMPORTÂNCIA (INFLUÊNCIA) DAS CARGAS (BARRAS) CRÍTICAS As cargas críticas podem ser classificadas segundo sua importância que pode ser medida por meio de índices. Nos trabalhos futuros, que darão prosseguimento à pesquisa descrita neste artigo, o índice que se pretende utilizar é dado por: Circuito Aberto Curto-Circuito |Z(j ω)| (pu) abertos ou por curto-circuitos. Os resultados deste outros testes foram similares aos aqui apresentados, não sendo incluídos neste trabalho por falta de espaço. 0.12 0.06 f final Iicck = 0 0 500 1000 1500 2000 2500 Fig. 9. Módulo da impedância própria da barra 590. Cargas críticas (TABELA I) modeladas por circuitos RLC paralelo para ambas as curvas. Demais cargas modeladas por circuitos abertos (curva vermelha) ou por curto-circuitos (curva azul). 0.40 Circuito Aberto Curto-Circuito |Z(j ω)| (pu) 0.16 0.08 0.00 500 1000 1500 2000 2500 3000 Freqüência (Hz) Fig. 10. Módulo da impedância própria da barra 471. Cargas críticas ( TABELA II) modeladas por circuitos RLC paralelo para ambas as curvas. Demais cargas modeladas por circuitos abertos (curva vermelha) ou por curtocircuitos (curva azul). 0.08 Circuito Aberto Curto-Circuito |Z(j ω)| (pu) 0.06 0.04 0.02 0.00 0 500 1000 1500 2000 2500 z open − z curto df jj jj (1) onde Iicck é o índice de importância (influência) da carga crítica Sk conectada à barra k, finicial é a freqüência inicial do intervalo em que se deseja calcular a influência da carga crítica, ffinal é a freqüência final do intervalo em que se deseja é módulo da calcular a influência da carga crítica, z open jj impedância própria da barra j (barra de interesse) quando todas as cargas do sistema estão modeladas por circuitos é o módulo da abertos (sistema descarregado), z curto jj 0.24 0 ∫ finicial 3000 Freqüência (Hz) 0.32 f final 1 − f inicial 3000 impedância própria da barra j (barra de interesse) quando todas as cargas do sistema estão modeladas por circuitos abertos (sistema descarregado) com exceção da carga da barra k que está modelada por um curto-circuito. Seja S1, S2, …, Sn o conjunto de cargas críticas já classificadas por sua importância. Ou seja Iicc1 > Iicc 2 > L > Iicc n (a carga crítica S1 possui mais importância do que a carga crítica S2 e assim sucessivamente). A carga crítica S1 deve ter seu modelo realista e detalhado determinado e incluído no sistema. Antes de se determinar o modelo detalhado da carga crítica S2 e incluí-lo no sistema, a influência da mesma deve ser re-testada da seguinte forma. Em primeiro lugar, todas as cargas do sistema devem ser modeladas por circuitos abertos, com exceção da carga S1 que já possui seu modelo detalhado. Com esta configuração do sistema, o módulo da impedância própria da barra de interesse , S1 z open é calculado para toda a faixa de freqüência de jj Fig. 11. Módulo da impedância de transferência entre as barras 590 e 471. Cargas críticas (TABELA I e interesse. Em segundo lugar, a carga crítica S2 é modelada por um curto-circuito (os demais modelos permanecem inalterados) e o módulo da impedância própria da barra de , S1 é calculado para toda a faixa de freqüência interesse z curto jj TABELA II) modeladas por circuitos RLC paralelo para ambas as curvas. Demais cargas modeladas por circuitos abertos (curva vermelha) ou por curtocircuitos (curva azul). , S1 , S1 , z curto e (1), o novo índice de interesse. Utilizando z open jj jj Freqüência (Hz) Como se pode observar estas curvas estão bastante próximas. Desta forma, baseando-se nos resultados deste teste, conclui-se que o método proposto para a determinação das cargas críticas continua válido. Como já mencionado, outros testes de robustez foram realizados como, por exemplo, cargas críticas modeladas por circuitos RLC série e as demais cargas do SIN por circuitos de influência da carga S2 é calculado: f final Iicc s2 = f final 1 − f inicial ∫ , S1 , S1 z open − z curto df jj jj (2) finicial Com todas as cargas críticas classificadas, as mais importantes devem ser modeladas em detalhes em primeiro lugar. Desta forma, a medida que o modelo detalhado de uma 6 carga crítica for incluído no sistema, a influência da carga crítica seguinte deve ser testada novamente, com o objetivo de se verificar se com a presença das cargas críticas anteriores, a mesma continua tendo influência. Com este procedimento, de se recalcular o índice de influência das cargas críticas, é possível que número de cargas inicialmente classificadas como críticas diminua consideravelmente, evitando-se, desta forma, o gasto de recursos e de tempo para a determinação de modelos detalhados desnecessários. XI. REFERENCIAS [1] [2] [3] X. CONCLUSÕES Este trabalho apresenta uma metodologia, baseada em simulação digital, que determina as barras críticas, isto é, aquelas que devem ter suas cargas elétricas modeladas de forma detalhada e precisa e quais as que não têm influência significativa na resposta em freqüência das impedâncias próprias das barras de interesse e de transferência entre elas. A metodologia proposta independe do nível de carregamento do sistema, uma vez que as cargas são modeladas por circuitos abertos ou por curto-circuitos. Como mostrado, determinando-se os conjuntos de cargas críticas para as respostas em freqüência das impedâncias próprias das barras de interesse, estarão também determinados os conjuntos de cargas críticas para as impedâncias de transferência entre elas. Esta propriedade faz com que o trabalho de determinação das cargas que devem ser modeladas em detalhe seja bastante diminuído. Um índice para medir a importância das cargas críticas é sugerido. Utilizando este índice sucessivas vezes, à medida que os modelos detalhados das cargas vão sendo incluídos no sistema, acredita-se que o número de cargas consideradas inicialmente como críticas possa ser reduzido. Embora os procedimentos para a determinação das cargas críticas tenham sido descritos e realizados nos exemplos apresentados, os mesmos foram feitos manualmente, ou seja, a aplicação e a retirada dos curtos nas barras que se desejava determinar suas influências foram feitas manualmente, através da interface gráfica do programa HarmZs. Além disto, as comparações das curvas de resposta em freqüência das barras de interesse (ver, por exemplo, Fig. 5) foram feitas visualmente. Isto exigiu um grande esforço de análise visual e consumo de tempo. Assim, na continuação desta pesquisa, é necessário que estes procedimentos sejam automatizados. Para esta automatização, julga-se que o índice de importância ou influência das cargas críticas, definido neste trabalho, terá importância fundamental. [4] [5] Task Force on Harmonic Modeling and Simulation, “Impact of Aggregate Linear Load Modeling on Harmonic Analysis: A comparison of Common Practice and Analytical Models”, IEEE Transactions on Power Delivery, vol. 18, no. 2, pp. 625-630, April 2003. Sergio Luis Varricchio e Cristiano de Oliveira Costa “Modelagem de Cargas e de Fontes de Corrente entre Barras para Estudos de Comportamento Harmônico de Sistemas de Potência”, Relatório Técnico CEPEL, No. DP/DSE-51174-05, 2005. Sergio Luis Varricchio, Cristiano de Oliveira Costa, Leandro Ramos de Araujo, Sergio Gomes Jr., Nelson Martins e Paulo Eduardo Martins Quintão, “Manual do Usuário do Programa Harmzs Versão 1.5 para Estudo do Comportamento Harmônico e Análise Modal de Redes Elétricas”, Relatório Técnico CEPEL, No. DP-DSE-49627/04, Julho de 2005. Edmundo Pinto Neto, Flávio Rodrigo de M. Alves, João Alberto Passos Filho e Ricardo Mota Henriques, “Programa de Análise de Redes – ANAREDE V09-08/06 - Manual do Usuário”, Relatório Técnico CEPEL, No. DP-DSE 30875/2006, 2006. Ricardo Diniz Rangel, Sergio Gomes Jr. e Julio César Rezende Ferraz, “Programa de Análise de Transitórios Eletromecânicos – ANATEM – Manual do Usuário – V09-08/04” , ”, Relatório Técnico CEPEL, No. DP-DSE 46023/04, 2005. XII. BIOGRAPHIES Sergio Luis Varricchio (M’00, SM’06) formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Católica de Petrópolis (UCP) em 1987. Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1994. Trabalha no CEPEL desde 1989, atuando nas áreas de análise de sistemas de potência, qualidade de energia e transitórios eletromagnéticos. Franklin Clement Véliz recebeu os graus de Engenheiro Eletricista e Mestre em Engenharia Elétrica e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2001 e 2005, respectivamente. Trabalha no CEPEL desde 2002, desenvolvendo métodos e ferramentas computacionais para na análise de sistemas de potência. Cristiano de Oliveira Costa formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em 2002. Trabalha no CEPEL desde 2002, trabalhando no desenvolvimento de ferramentas computacionais aplicadas a análise da qualidade de energia elétrica. Ricardo Penido D. Ross (M’96, SM’06) recebeu os graus de Engenheiro Eletricista e Mestre em Engenharia Elétrica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Trabalha no CEPEL desde 1985, desenvolvendo pesquisas e estudos nas áreas de sistemas elétricos de potência e qualidade de energia. José Roberto de Medeiros formado em Engenharia Elétrica pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) em 1976. Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1991. No momento trabalha para o ONS como engenheiro consultor na área de qualidade de energia elétrica. Dalton O. C. Brasil formado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), em 1972. Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Pernambuco (UFP) em 1996. Atualmente trabalha para o ONS como gerente de administração da transmissão.