MAQUIAVEL Teoria de Estado e de Governo Anuska Felski da Silva Orientador: Cecilia Caballero Lois © Copyright 1997 by Linjur Todos os direitos reservados - All rights reserved MAQUIAVEL Dados Biográficos • Nasceu em Florença, em 3 de maio de 1469, ano em que Lorenzo de Medici subiu ao poder • Inicia na vida pública em 1494; ocupa inicialmente cargos de pouca importância, mas chega ao posto de Segundo Chanceler da República Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 2/38 MAQUIAVEL Dados Biográficos • Como acessor de embaixadores, conheceu César Borgia, que o inspirou na criação de sua obra “O Príncipe” • Com o retorno dos Médicis ao poder, em 1513, é exilado, ocasião em que escreve “O Príncipe”, dedicando-o a Lorenzo II, o magnífico Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 3/38 MAQUIAVEL Dados Biográficos • Consegue retornar à Florença, mas não à vida pública, o que só ocorre em 1526 • Em 1527, com a nova queda dos Médicis, vê a possibilidade de retornar ao comando da Chancelaria, o que não ocorre • Desapontado, morre logo após, ainda em 1527, com 58 anos de idade Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 4/38 TEORIA DE ESTADO “Só quando se formam os Estados no sentido moderno da palavra é que nasce também uma reflexão sobre o Estado” (GRUPPI, Luciano. Tudo Começou com Maquiavel.p. 8) Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 5/38 TEORIA DE ESTADO • Introduz uma nova distinção entre as formas de estado: “Todos os Estados (...) foram e são repúblicas ou principados” (O Príncipe, p. 13) • Diferente de seus antecessores, parte da experiência real de seu tempo, sem se ater a idealizações de formas que nunca existiram Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 6/38 INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA • A experiência jamais engana, e o erro é o produto do pensamento especulativo • Propõe estudar a sociedade pela análise da verdade efetiva dos fatos humanos, sem se perder em especulações • Os fatos históricos repetem-se nas linhas mestras, e conhecê-los é possuir um material essencial para o estudo do presente Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 7/38 Principados ou Repúblicas? “Em função do modo como os bens são compartilhados, onde persista ou possa persistir uma relativa igualdade entre os cidadãos, o fundador de Estados deve estabelecer uma república. Ocorrendo o contrário, manda a prudência que seja construído um principado” (Os pensadores, p. XVIII) Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 8/38 “O PRÍNCIPE” “O povo, vendo que não pode resistir aos grandes, dá reputação a um cidadão e o elege príncipe para estar defendido com sua autoridade” (O Príncipe, p.50) Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 9/38 “O PRÍNCIPE” • Obra inspirada em César Borgia, filho do papa Alexandre VI • Procura reconquistar os favores da família que reassumira o poder: escreve “O Príncipe” e o dedica a Lorenzo de Médici “E, se V. Magnificência,(...) alguma vez volver os olhos para baixo, saberá quão sem razão suporto uma grande e contínua má-sorte” (p. 12) Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 10/38 Objetivo da Obra • Reunificar a Itália, enfraquecida: * pela divisão em Cidades-Estado * pela fuga de capital (descoberta de uma nova rota de comércio que não a mediterrânea) e * impedida de se libertar de seus padrões medievais pela Igreja centralizadora Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 11/38 Os Principados • A obra “O Príncipe” pode ser dividida em dois enfoques: * Principados Hereditários: aqueles em que o seu senhor é príncipe pelo sangue * Principados Novos: aqueles em que o poder é conquistado por quem ainda não era um “príncipe” Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 12/38 Principados Hereditários • O seu senhor é príncipe pelo sangue, por longo tempo • O poder é transmitido com base numa lei constitucional de sucessão • São analisados segundo a forma de poder exercido pelo príncipe, que pode ser um poder absoluto ou um poder não absoluto Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 13/38 Principados Hereditários cujo poder é absoluto • Encontram-se assistentes sob a forma de ministros, que estão nesta posição por graça e concessão do senhor • Maior dificuldade de serem conquistados: não se encontra, dentro deles, quem tenha força suficiente para facilitar a entrada de invasores • Exemplo: monarquia turca Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 14/38 Principados Hereditários cujo poder não é absoluto • O poder é dividido com os barões, embora o príncipe ocupe lugar de destaque • Podem ser invadidos com facilidade, fazendo-se aliança com algum barão do reino, pois “sempre se encontram descontentes ou gente desejosa de fazer inovações” (p. 27) Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 15/38 Principados Hereditários cujo poder não é absoluto • O príncipe é cercado por antigos nobres, reconhecidos como tais pelos súditos e que por eles são estimados • Os nobres possuem prerrogativas que o príncipe não pode tirar sem perigo para si • Exemplo: França Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 16/38 Principados Novos • Aqueles em que o poder é conquistado por quem ainda não era um “príncipe” • Quatro espécies básicas de principados novos: * * * * adquiridos pela virtude; pela fortuna; mediante o consentimento do povo; mediante violência - vias celeradas Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 17/38 Principados adquiridos pela virtude • Por virtude, entenda-se a capacidade de dominar os eventos, de alcançar um fim objetivado, por qualquer meio • Retratados no cap. VI da obra “O Príncipe” como principados que se conquistam pelas armas e nobremente Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 18/38 Principados adquiridos pela virtude • “Aqueles que, por suas virtudes, conquistam o principado, o fazem com dificuldade, mas mantêm-se facilmente” (p. 30) • As dificuldades que encontram são referentes à nova ordem legal que são obrigados a introduzir Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 19/38 Principados adquiridos pela fortuna • Por fortuna, deve-se entender o curso dos acontecimentos que não dependem da vontade humana, apenas da sorte • “Aqueles que somente por fortuna se tornam príncipes, pouco trabalho têm para isso, mas se mantêm penosamente” (p. 35) Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 20/38 Principados adquiridos pela fortuna • Este tipo de príncipe mantém-se no poder com dificuldade por estar na dependência exclusiva da vontade de quem lhe concedeu o Estado • Os principados adquiridos pelo mérito são mais duradouros; os que o príncipe conquista não pelo próprio mérito são menos estáveis, desaparecem em pouco tempo Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 21/38 Virtude e Fortuna • Para Maquiavel, o que se consegue realizar não depende exclusivamente da virtude e nem só da fortuna, mas de ambos • Assim, o homem de virtude é aquele que sabe o momento exato criado pela fortuna, no qual a ação poderá funcionar com êxito Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 22/38 Principados adquiridos com o consentimento do povo “Quem se torna príncipe mediante o favor do povo deve manter-se seu amigo, o que é muito fácil, uma vez que este deseja apenas não ser oprimido. Mas, quem se torna príncipe contra a opinião popular, por favor dos grandes, deve, antes de mais nada, procurar conquistar o povo.” (p. 51) Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 23/38 Adquiridos por vias celeradas • Principado ao qual se chega pela maldade, contrário a todas as leis humanas e divinas • Analisa dois casos: * Agátocles, de Siracusa - mesmo conquistando o poder por meios criminosos, consegue mantê-lo * Oliverotto, de Fermo - apesar de valer-se da mesma tática de conquista, só se manteve no poder por um ano Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 24/38 Adquiridos por vias celeradas • O critério para distinguir a boa política da má é o seu êxito • Os dois príncipes citados foram cruéis, mas a crueldade de um deles foi bem utilizada, tendo em vista a manutenção do Estado conquistado; a crueldade do outro não serviu para manter o poder Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 25/38 “OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS” • Nas ações de todos os homens , o que importa é o êxito. O príncipe deve vencer e conservar o Estado; os meios que empregar serão louvados por todos • Note-se que os meios são os empregados com a finalidade de manter o poder, não se trata de uma finalidade qualquer Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 26/38 Ser amado ou temido? • Maquiavel ocupa-se deste tema basicamente no capítulo XVII - “Da Crueldade e da Piedade - se é melhor ser amado ou temido” • Pode um príncipe ser amado ou temido, mas nunca, de forma alguma, odiado • Um príncipe não deve importar-se com as conspirações se é amado pelo povo Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 27/38 Ser amado ou temido? • Sendo difícil ao mesmo tempo reunir ambas as qualidades, é muito mais seguro ser temido que amado, pois “Os homens hesitam menos em ofender aos que se fazem amar do que aos que se fazem temer” (p. 84) Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 28/38 Principados que se regiam por leis próprias • Com relação a esses principados, há três modos de manter-se a sua posse: * arruiná-los * ir habitá-los * deixá-los viver com suas leis,arrecadando tributos e criando um governo de poucos Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 29/38 Principados que se regiam por leis próprias • Maquiavel afirma que não há garantia de posse mais segura do que arruinar estes principados • Quem se torna senhor de uma cidade livre e não a destrói será destruído por ela, porque a liberdade e as antigas leis não são esquecidas nunca Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 30/38 O Príncipe e o Povo • O príncipe deve, antes de mais nada, procurar conquistá-lo • No capítulo XX, diz que a melhor fortaleza que possa existir é não ser odiado pelo povo, pois não faltam nunca aos povos rebelados príncipes estrangeiros que desejem ajudá-los Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 31/38 O Príncipe e o Povo • O nível de solidariedade é maior quando o povo participa do governo • Homens em liberdade identificam-se com os negócios de seu Estado e o defendem como coisa sua • A liberdade reforça a coesão interna e esvazia as pretensões de conquista dos Estados Rivais Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 32/38 O Príncipe e o Povo • Quando um príncipe e um povo estão submetidos às leis, verifica-se que o povo mostra qualidades superiores às do príncipe, por ser mais conforme e mais constante • Se ambos estão libertos de qualquer coerção legal, os erros do povo são de mais fácil reparo que os do príncipe Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 33/38 O Pensamento Político de MAQUIAVEL • Cerca de trinta anos após a sua morte, “O Príncipe” foi incluído no index dos livros proibidos • Nos séculos seguintes, a obra é identificada como manual de técnicas do despotismo, criando-se a imagem de um oportunista político Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 34/38 O Pensamento Político de MAQUIAVEL • Diderot afirma ser “O Príncipe” uma sátira, entendida equivocadamente como um elogio • Rousseau e os radicais democratas do sec. XIX enfatizam as idéias republicanas de Maquiavel, que, obrigado pelas circunstâncias, fingia dar lições aos reis, quando, na verdade, ensinava o povo Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 35/38 Contribuição para a história das idéias • Modernamente, os estudos rompem com a utilização da obra como instrumento ideológico, e com a tradição de crítica do ponto de vista moral • A tendência é não mais ver o pensamento de Maquiavel como geometria euclidiana da política eterna, mas como pensamento de seu tempo Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 36/38 Bibliografia GRUPPI, Luciano. Tudo Começou com Maquiavel. Trad.: Dario Canali. 5.ed.Porto Alegre : L&PM, 1986. MACHIAVELLI, Nicolò. O Príncipe; Escritos Políticos. Trad.: Lívio Xavier. 2.ed. São Paulo : Abril Cultural, 1979 Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 37/38 Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências Jurídicas Curso de Direito Disciplina: Informática Jurídica Professores: Luiz Adolfo Olsen da Veiga Aires José Rover Florianópolis, novembro de 1997. Maquiavel: Teoria de Estado e Governo 38/38