Comércio e Desenvolvimento
Ponto de partida: a concepção da Economia
Política Clássica
Comércio e desenvolvimento na teoria de ADAM
SMITH
Adam Smith supõe:
* Existência de recursos ociosos na economia
* Rendimentos crescentes de escala na produção
- O comércio exterior permitiria que recursos naturais
e mão-de-obra ociosos na economia fossem
incorporados ao processo produtivo, além de
contribuir para o aumento da produtividade.
Comércio e Acumulação de Capital na teoria de
David Ricardo
David Ricardo supõe:
Condição de pleno emprego dos recursos produtivos
do país.
Ocorrência de rendimentos marginais decrescentes
na agricultura e rendimentos crescentes de escala na
indústria.
Primeira implicação do modelo:
A hipótese de que o comércio cumpre função
apenas de realocar os recursos disponíveis na
economia para usos mais eficientes.
Segunda implicação do modelo
O comércio pode favorecer a acumulação de capital:
- ao ampliar o mercado para os produtos da
indústria via exportação: produção interna será
substituída por produção para o exterior;
- ao contribuir para deter a queda da taxa geral de
lucro via importação de alimentos obtidos a custos
mais baixos do que seriam produzidos no mercado
doméstico.
Comércio e desenvolvimento na teoria
econômica ortodoxa (neoclássica) e a crítica
Keynesiana
A visão geral da teoria econômica ortodoxa:
- Os problemas econômicos básicos são inalteráveis no
tempo e no espaço: um mesmo modelo econômico se
aplica a toda e qualquer realidade ... ad infinitum ...
- Os mecanismos de mercado são suficientes para
garantir alocação ótima dos recursos intraindústrias e
inter-países.
- Através do livre comércio os ganhos de produtividade
são transmitidos recíproca e cumulativamente pela
economia internacional: todos os países ganham com o
comércio.
Comércio e desenvolvimento na teoria
econômica ortodoxa (neoclássica) e a crítica
Keynesiana
Recordando os pontos da crítica de Keynes:
- A teoria econômica ortodoxa não se aplicaria às
economias operando abaixo do pleno emprego:
necessidade de políticas ativas do Estado.
- Os mecanismos de mercado são por si só
insuficientes para garantir que o desenvolvimento
econômico possa fluir das regiões mais desenvolvidas
às menos desenvolvidas
Comércio e desenvolvimento do pós-guerra
aos nossos dias: os termos atuais do debate
As primeiras duas grandes teses
A tese Cepalina:
Ênfase central na deterioração dos termos de
troca, enfrentada pelos países em
desenvolvimento nas suas relações de
comércio com países do mundo desenvolvido
Px/Py = termos de troca
onde: Px = preço das exportações; Py = preço
das importações
Se
Px < Py  termos de troca são
declinantes: a receita de X caindo em relação
à despesa com Y
Comércio e desenvolvimento do pós-guerra
aos nossos dias: os termos atuais do debate
A interpretação da Cepal:
O comércio não levou à convergência das taxas de
crescimentos entre os países:
Ao contrário, a crescente integração das economias
periféricas ao comércio mundial teve o efeito de
aprofundar a característica de heterogeneidade
produtiva e social dessas economias.
Comércio e desenvolvimento do pós-guerra
aos nossos dias: os termos atuais do debate
A tese de Ragnar Nurkse:
O comércio é o motor do crescimento econômico.
* Sustentaria esta tese: o crescimento do comércio
mundial do século XIX, liderado pela Grã-Bretanha,
mostrou que:
- Houve uma interação positiva e funcional ligando a
Grã-Bretanha ao resto do “sistema”: suas
importações de alimentos e matérias primas
“puxavam” e sustentavam as exportações do resto do
mundo – economias periféricas.
 Ainda segundo Nurkse:
O crescimento do comércio mundial do sec. XX, quando
liderado pelos EUA, caracterizou-se por uma fraca
integração entre a economia dos EUA e os demais
países-parceiros-comerciais, explicada por:
- aumento da elasticidade-renda dos países
desenvolvidos, favorecendo a demanda por bens de
consumo sofisticados vis-à-vis bens de bens
“tradicionais”;
- queda da propensão marginal a importar
alimentos e matérias-primas, desfavorecendo as
exportações dos países não-desenvolvidos
A crítica à tese de Nurkse
 Argumento básico:
Deve-se inverter a ordem de causalidade entre
comércio e crescimento proposta por Nurkse:
Compreendendo que o comércio é antes o
resultado de um desenvolvimento econômico
endógeno bem-sucedido - a tecnologia é a
variável-chave para explicar o comércio.
Deve-se estabelecer uma vinculação direta
entre comércio e progresso técnico:
Diferentes níveis de renda per capita e
diferenças nas tecnologias entre os países são
os fatores que explicam os fluxos comerciais
Desdobramentos da crítica à tese de Nurkse
A teoria do Ciclo do Produto (de Vernon):
- O comércio de produtos manufaturados e os
investimentos internacionais seriam explicados pela
dinâmica das inovações produzidas sob o comando
de empresas multinacionais;
Exemplo:
A dinâmica do comércio e dos investimentos
produtivos realizados no exterior entre os anos 60 e
70, sob o comando de empresas multinacionais
norte-americana, e depois: alemãs, britânicas,
francesas, .... etc.
Desdobramentos da crítica à tese de Nurkse
- O modelo dos “gansos voadores”: a
especialização da produção entre países ocorre por
meio de uma divisão regional da produção,
comandada pelo país lider-tecnológico na região, e
que assume a forma de uma hierarquia produtiva
em dimensão locacional.
Exemplo:explicação para a expansão das exportações
dos países do leste-asiático, liderados pelo Japão,
entre as décadas de 70 e 80.
“Gansos Voadores”
Desdobramentos da crítica à tese de Nurkse
- O debate sobre as estratégias de crescimento
voltadas “para fora” (crescimento econômico
conduzido pelas exportações) versus estratégias
voltadas “para dentro” (crescimento econômico
conduzido pela demanda interna)
Exemplo: o debate sobre os determinantes do
crescimento das economias asiáticas X estagnação
das economias latino-americanas na década de 90
O livre comércio será sempre benéfico para
todos os países e em qualquer circunstância?
A posição de Krugman
Dito de outro modo
- Não havendo como
contrabalançar as
vantagens de custos de
mão-de-obra dos
exportadores asiáticos,
poderá não restar outra
saída: política de
proteção do mercado
doméstico norteamericano
“Deixou de existir uma
estreita relação entre alta
tecnologia,
alta
produtividade
e
salários
elevados. As empresas dos
países
industrializados
devem
enfrentar
a
concorrência não apenas de
suas rivais tradicionais, mas
de empresas de países de
industrialização tardia que
competem com custos de
mão-de-obra
significantemente
mais
baixos”.
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