A TESE O homem e a natureza A idéia de que a natureza existe para servir o homem seria apenas ingênua, se não fosse perigosamente pretensiosa. Essa crença lançou raízes profundas no espírito humano, reforçada por doutrinas que situam corretamente o homo sapiens no ponto mais alto da evolução, mas incidem no equívoco de fazer dele uma espécie de finalidade da criação. Podese dizer com segurança que nada na natureza foi feito para alguma coisa, mas pode-se crer em permuta e equilíbrio entre seres e coisas. A aquisição de características muito específicas como a linguagem, raciocínio lógico, memória pragmática, noção de tempo e capacidade de acumular não fizeram do homem um ser superior no sentido absoluto, mas apenas mais bem dotado para determinados fins. Isso não lhe confere autoridade para pretender que todo o resto do universo conhecido deve prestar-lhe vassalagem, como de fato ainda pretende a maioria das pessoas com poder decisório no mundo. Lisboa, Luiz Carlos. Olhos de ver, ouvidos de ouvir. Rio de Janeiro, Difel. 1977 Para escrever esse texto, o autor: 1. escolheu o assunto: a natureza; 2. especificou o ponto de vista: a relação entre o homem e a natureza; 3. definiu o objetivo: mostrar que a natureza não existe para servir o homem. Com base nesse objetivo, o autor fez uma afirmação que traduz a sua opinião a respeito do assunto. Esse tipo de frase chama-se tese. Tese A idéia de que a natureza existe para servir o homem seria apenas ingênua, se não fosse perigosamente pretensiosa. Como a tese traduz uma opinião do autor sobre determinado assunto, deve ser demonstrada, comprovada. E é exatamente isso que o autor faz após ter anunciado a tese: demonstração. Demonstração Essa crença lançou raízes profundas no espírito humano, reforçada por doutrinas que situam corretamente o homo sapiens no ponto mais alto da evolução, mas incidem no equívoco de fazer dele uma espécie de finalidade da criação. Pode-se dizer com segurança que nada na natureza foi feito para alguma coisa, mas pode-se crer em permuta e equilíbrio entre seres e coisas. A aquisição de características muito específicas como a linguagem, raciocínio lógico, memória pragmática, noção de tempo e capacidade de acumular não fizeram do homem um ser superior no sentido absoluto, mas apenas mais bem dotado para determinados fins. Tendo demonstrado a tese, o autor chega a uma conclusão. Conclusão Isso não lhe confere autoridade para pretender que todo o resto do universo conhecido deve prestar-lhe vassalagem, como de fato ainda pretende a maioria das pessoas com poder decisório no mundo.