UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ LAÉRCIO RICARDO SARTOR ATRIBUTOS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO SOLO, RENDIMENTO E VALOR NUTRITIVO DE GRÃOS DE MILHO EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA EM RESPOSTA AO NITROGÊNIO CURITIBA 2012 LAÉRCIO RICARDO SARTOR Engenheiro Agrônomo (UTFPR) MSc. Agronomia (UTFPR) ATRIBUTOS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO SOLO, RENDIMENTO E VALOR NUTRITIVO DE GRÃOS MILHO EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA EM RESPOSTA AO NITROGÊNIO Tese apresentada no Curso de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração em Produção Vegetal, Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo, Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná, como requisito para obtenção do título de Doutor em Ciências. Orientador: Prof. Dr. Paulo Cesar de Faccio Carbalho Co-orientadores: Prof. Dr. Itacir Eloi Sandini Prof. Dr. Anibal de Moraes CURITIBA 2012 ...“Então me olvido empreitando esta faina, pois a força divina jamais falha e nunca erra”. “Talvez a chuva seja o adubo já gasto, que veio firma o pasto e larga uma graxa na terra”. À minha família, minha esposa Claudia, meus pais Leocir e Ivete, minha irmã Carla. Dedico, este trabalho. AGRADECIMENTO À Deus pela vida e pela oportunidade de “viver”, trabalhar, pensar, raciocinar e ter me destinado conhecer pessoas exemplares. Ao programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Federal do Paraná pela oportunidade para a presente formação. Aos professores Dr. Paulo Cesar de Faccio Carvalho, Dr. Itacir Sandini, Dr. Anibal de Moraes pela orientação, co-orientação, amizade, aprendizado e exemplos de profissionalismo e de vida a serem seguidos. Ao Campus Cedeteg da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO) onde foi desenvolvido o trabalho de tese, especialmente na pessoa do Prof. Dr. Itacir Sandini, pela amizade, parceria e ajuda. Também aos seus alunos de iniciação científica. Ao CNPq e CAPES pela concessão do financiamento desse projeto de pesquisa e bolsa de doutorado. Aos grandes amigos, meus compadres Jonatas, Paulo e Christiano, onde caminhamos juntos nesse período de doutorado, dividindo momentos ímpares de aprendizado e de “companheirismo”. A todos que direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento desse trabalho, a fim de gerar o conhecimento científico com vista na produção agropecuária em sistemas integrados. Também agradeço às instituições e departamentos listados abaixo: Universidade Federal do Paraná (UFPR) Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) Universidade do Centro Oeste (Unicentro) Departamento de Fitotecnia - UFPR Programa de Pós-Graduação em Agronomia – UFPR CAPES CNPq ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO E RENDIMENTO DE GRÃOS E VALOR NUTRITIVO DE MILHO EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA EM RESPOSTA AO NITROGÊNIO Autor: Msc. Engº. Agrº. Laércio Ricardo Sartor Orientador: Prof. Dr. Paulo Cesar de Faccio Carvalho RESUMO: A fertilização nitrogenada feita na pastagem de inverno em sistemas de integração lavoura-pecuária pode apresentar reflexos na produtividade e valor nutritivo do milho no verão. Bem como, os sistemas de integração lavoura-pecuária podem modificar os atributos químicos, físicos e biológicos do solo devido à presença do animal, a escolha e manejo das espécies vegetais envolvidas e as condições de fertilização impostas. Este trabalho teve como objetivo verificar a evolução dos atributos químicos e biológicos do solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte sob doses de nitrogênio na pastagem de inverno, com e sem pastejo com ovinos, bem como a resposta produtiva e qualitativa do milho em rotação sob doses de nitrogênio. O experimento foi implantado no ano de 2006, em Guarapuava, PR, com cultivo de aveia (Avena ssp.) mais azevém comum (Lolium multiflorum) no inverno e rotação de milho e feijão no período estival durante os anos. Os tratamentos foram compostos de quatro níveis de N na pastagem de inverno (0, 75, 150 e 225 kg ha-1). Para o rendimento de grãos de milho foram testadas cinco doses de N (0, 75, 150, 225 e 300 kg ha-1) no verão, a fim de verificar o efeito residual do fertilizante aplicado na pastagem de inverno. Amostras de solo foram coletadas nas camadas de 0-5, 5-10 e 10-15 cm, entre os anos de 2006 e 2011. A biomassa microbiana foi determinada antes do pastejo, durante e após pastejo, na emergência do milho, no ano de 2009. Os teores de matéria orgânica foram maiores nas áreas com pastejo no inverno, especialmente com uso do nitrogênio quando comparado a áreas sem pastejo. A presença do animal quando não caracterizou melhorias nos atributos químicos do solo, manteve essas propriedades de forma semelhante a áreas sem pastejo. Existe correlação positiva da matéria orgânica do solo com a biomassa microbiana e o pastejo aumenta a biomassa microbiana no solo, tanto no inverno (pastagem), como no verão, com a lavoura, na camada de 0-5 cm. Na fase de inverno, o pastejo aumenta a biomassa microbiana, favorecida com o N, já na fase de lavoura a biomassa microbiana é diminuiu com maiores doses de N aplicado na pastagem. O rendimento de grãos foi influenciado pela adubação nitrogenada realizada na pastagem de inverno, caracterizando efeito residual do nitrogênio, com maior evidencia em áreas com pastejo. Os teores de proteína bruta no grão do milho foram maiores nas áreas com pastejo e aumentaram com as crescentes doses de N aplicadas na pastagem de inverno e no milho. Palavras-chave: Biomassa microbiana, nutrientes, produção vegetal, rotação de culturas, sistemas integrados de produção. CHEMICAL FEATURE AND BIOLOGICAL OF A SOIL, CORN YIELD AND NUTRITIVE VALUE UNDER WINTER AND SUMMER NITROGEN RATES ON A CROP LIVESTOCK SYSTEM, WITH OR WITHOUT GRAZING Author: Msc. Engº. Agrº. Laércio Ricardo Sartor Advisor: Teach. Doc. Paulo Cesar de Faccio Carvalho ABSTRACT: Nitrogen fertilization in winter pastures in crop-livestock systems can provide corn yield and nutritive value gains in summer as well as generate more income by the animal production. Crop-livestock systems may modify the chemical, physical and biological conditions of soil due to the presence of the animal in the area, the choice and management of the plant species involved and the fertilization imposed. The aim of this study was to investigate the evolution of the soil chemical properties in a crop livestock system under nitrogen levels at winter, as well as corn grain yield and nutritive value in integrated croplivestock under nitrogen levels in winter pastures, with nitrogen levels in corn. The experiment was established in 2006 at Guarapuava, PR, Brazil, and carried on cultivating oats (Avena spp.) and ryegrass (Lolium multiflorum) during winter and corn and beans in succession during the summer over the years, and this paper refers to the 2009/2010 corn crop. Treatments were composed of four nitrogen levels on winter pasture (0, 75, 150 and 225 kg ha-1), with and without grazing, and five nitrogen levels in the summer (0, 75, 150, 225 and 300 kg ha-1 of N). Soil samples were collected after harvesting the summer crop between 2006 and 2011 to verify the chemical evolution of soil fertilization considering the same for areas with and without grazing and for different levels of nitrogen in winter. And microbial biomass was evaluated before and during the grazing period, as well as the emergence of corn after grazing. The contents of organic matter were higher in areas with grazing, especially with the use of N in winter pastures. The presence of the animal when not provided in the system improvements, maintenance of soil chemical properties, compared to ungrazed areas. There is a positive correlation between organic matter on soil microbial biomass. Grazing intensities increased soil microbial activity both at winter (pasture period) and summer (crop period) time at the 0 to 5 cm. At winter, grazing increases microbial activity as the nitrogen levels are increased, fact that changes for the summer crops once the microbial activity is reduced as the nitrogen levels are increased. Corn yield was influenced by nitrogen fertilization performed in the pasture, characterizing residual effect of nitrogen applied in winter being it more responsive when under grazing. Corn crude protein levels from the grazed areas were higher and increased as the nitrogen levels increased. Key words: crop production, crop rotation, integrated production systems, microbial biomass, organic matter. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................. 14 1.1. MODELO CONCEITUAL DO SISTEMA DE INTEGRAÇÃO FEIJÃO/MILHOOVINOS DE CORTE.............................................................................................................. 19 1.2 HIPÓTESES ...................................................................................................................... 22 1.3 OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 22 1.3.1 Objetivo Especifico ........................................................................................................ 22 1.2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 23 2. CAPÍTULO I: ATRIBUTOS QUÍMICOS DE SOLO EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO FEIJÃO/MILHO-OVINOS DE CORTE ............................................... 28 RESUMO................................................................................................................................. 28 ABSTRACT ............................................................................................................................ 29 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 29 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................... 30 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................ 31 CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 44 3. CAPÍTULO II: POTÁSSIO, CÁLCIO, MAGNÉSIO, FÓSFORO E ACIDEZ POTENCIAL NO SOLO EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO FEIJÃO/MILHOOVINOS DE CORTE SUBMETIDO A ADUBAÇÃO NITROGENADA ...................... 48 RESUMO................................................................................................................................. 48 ABSTRACT ............................................................................................................................ 48 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 49 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................... 50 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................ 51 CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 66 4. CAPÍTULO III: BIOMASSA E ATIVIDADE MICROBIANA DO SOLO EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO FEIJÃO/MILHO-OVINOS DE CORTE SUBMETIDO A ADUBAÇÃO NITROGENADA ...................................................................................... 69 RESUMO................................................................................................................................. 69 ABSTRACT ............................................................................................................................ 69 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 70 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................... 71 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................ 74 CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 81 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 81 5. CAPÍTULO IV: RENDIMENTO DE GRÃOS E VALOR NUTRITIVO DE MILHO EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO FEIJÃO/MILHO-OVINOS DE CORTE EM RESPOSTA AO NITROGÊNIO.......................................................................................... 85 RESUMO................................................................................................................................. 85 ABSTRACT ............................................................................................................................ 85 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 86 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................... 87 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................ 89 CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 98 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 98 6. CONSIDERAÇOES FINAIS ......................................................................................... 101 APÊNDICE 1 ....................................................................................................................... 102 LISTA DE TABELAS CAPÍTULO I TABELA 1 - Teores de matéria orgânica, saturação por bases, pH e CTC no sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de 10 - 15 cm, em diferentes anos. Guarapuava, PR...................................................................... 43 CAPÍTULO II TABELA 1 - Teores de Ca, P, Mg e H+Al no sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio (0, 75, 150 e 225 kg ha-1) e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 10 - 15 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR. ................................ 65 CAPÍTULO III TABELA 1 - Rotação de culturas de lavoura no verão e pastagem de inverno no sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte nos anos de 2006, 2007, 2008 e 2009.................................................................................................................. 72 TABELA 2 - Umidade gravimétrica, na camada de 0 a 15 cm, em um Latossolo Bruno, em sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte submetido a doses de N e uso ou não do pastejo com ovinos nas datas 19/05; 27/07 e 30/11/2009....... 74 CAPÍTULO IV TABELA 1 - Quadro da análise de variância em função de doses de nitrogênio (0, 75, 150 e 225 kg ha-1) no cultivo de aveia + azevém no inverno de 2009 (NINV) e de doses de nitrogênio (0, 75, 150, 225 e 300 kg ha-1) no milho no verão de 2009/2010 (NVER), com e sem pastejo da pastagem (PAST). Guarapuava, PR, 2009/2010......................................................................................................... 90 TABELA 2 - Parâmetros das equações referentes ao desdobramento da interação: dose de nitrogênio na pastagem de inverno (NINV) versus dose de nitrogênio no milho no verão (NVER) para as variáveis: rendimento de grãos de milho, altura de plantas, altura da inserção da espiga, grãos ardidos, número de fileiras, grãos por fileira e grãos por espiga. Guarapuava, PR, 2010...................................... 93 LISTA DE FIGURAS INTRODUÇÃO FIGURA 1 - Representação esquemática do modelo conceitual de pesquisa da integração feijão/milho-ovinos de corte em sistema de plantio direto. Modelo que se aplica a rotação de culturas de lavoura de milho e feijão no verão, com pasto no inverno................................................................................................................ 20 CAPÍTULO I FIGURA 1 - Teores de matéria orgânica (MO) no sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 0-5 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR............................................................................ 32 FIGURA 2 - Teores de matéria orgânica (MO) no sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de 5-10 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR........................................................................................ 33 FIGURA 3 - Relação entre os valores de matéria orgânica e a CTC ph 7,0 e a CTC efetiva correspondentes a média de três repetições em sistema de integração lavourapecuária com e sem pastejo no inverno nas profundidades de 0-5; 5-10; 10-15 cm sob quatro doses de nitrogênio no anos de 2006, 2007, 2008 e 2009. Guarapuava, PR.................................................................................................. 36 FIGURA 4 - CTC (pH 7,0) no sistema de integração feijão/milho - ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de 0-5 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR.... 37 FIGURA 5 - Valores de pH CaCl2 no sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 0-5 cm, em diferentes anos. Guarapuava, PR....................... 38 FIGURA 6 - Valores de pH CaCl2 no sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de 5-10 cm, em diferentes anos. Guarapuava, PR................................. 39 FIGURA 7 - Saturação por bases no sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 0-5 cm, em diferentes anos. Guarapuava, PR....................... 41 FIGURA 8 - Saturação por bases no sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de 5-10 cm, em diferentes anos. Guarapuava, PR................................. 42 CAPÍTULO II FIGURA 1 - Teores de K no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de 0-5 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR.................................................................................................. 53 FIGURA 2 - Teores de K no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 5-10 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR.................................................................................................. 54 FIGURA 3 - Teores de K no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de 10-15 cm de profundidade, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR............................................................................ 55 FIGURA 4 - Teores de Ca no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 0-5 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR.................................................................................................. 57 FIGURA 5 - Teores de Ca no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 5-10 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR.................................................................................................. 58 FIGURA 6 - Teores de P no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 0-5 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR.................................................................................................. 60 FIGURA 7 - Teores de P no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 5-10 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR.................................................................................................. 61 FIGURA 8 - Teores de H + Al no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 0-5 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR............................................................................ 63 FIGURA 9 - Teores de H + Al no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 5-10 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR............................................................................ 64 CAPÍTULO III FIGURA 1 - A) - Biomassa microbiana (µg g-1 de solo) e B) - Respiração basal (µL CO2 h-1 g-1 de solo) no solo em um sistema de integração lavoura pecuária em função da profundidade de amostragem (0-5; 5-10 e 10-15 cm) nas datas 19/05; 27/07 e 30/11/2009. Em cada data, barras não coincidente diferem pelo teste Tukey a 5% de probabilidade...................................................................................................75 FIGURA 2 - Matéria orgânica no solo em função da profundidade e com/sem pastejo (Figura 2a). Correlação matéria orgânica e biomassa microbiana no solo (Figura 2b) em um sistema de integração lavoura-pecuária na fase 1 (19/05/2009). *Significativo a 5% pelo teste T......................................................................... 76 FIGURA 3 - a) Desdobramento da interação dose N versus com/sem pastejo para variável biomassa microbiana na camada de amostragem de 0-5 cm em na data 19/05/2009. b) Biomassa microbiana na profundidade de amostragem de 5-10 e 10-15 cm em função da dose de N na data 19/05/2009...................................... 77 FIGURA 4 - Biomassa microbiana (µg g-1 de solo) no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte. Fase 2: Camada de amostragem do solo de 0-5 cm em função da dose de N e com/sem pastejo na data 27/07/2009 (Figura 4a). Fase 2: Camada de amostragem do solo de 5-10 cm em função da dose de N e com/sem pastejo na data 27/07/2009 (Figura 4b)............................................... 78 FIGURA 5 - Biomassa microbiana (µg g-1 de solo) no solo em um sistema de integração lavoura-pecuária. Fase 3: Camada de amostragem do solo de 0-5 cm em função da dose de N e com/sem pastejo na data 30/11/2009 (Figura 5a). Fase 3: Camada de amostragem do solo de 5-10 cm em função da dose de N e com/sem pastejo na data 30/11/2009 (Figura 5b)........................................................................... 79 FIGURA 6 - Respiração microbiana basal (µL CO2 h-1 g-1 de solo): Figura 6a) Fase 1: 19/05/2009; Figura 6b) Fase 2: 27/07/2009 e Figura 6c) Fase 3: 30/11/2009, no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de N e com/sem pastejo na profundidade de amostragem de 0-5 cm....... 80 CAPÍTULO VI FIGURA 1 - Rendimento de grãos de milho (kg ha-1) no sistema de integração milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio no cultivo de aveia +azevém no inverno de 2009 (NINV) e de doses de nitrogênio no milho no verão de 2009/2010 (NVER), com e sem pastejo no inverno. Guarapuava, PR, 2009/2010........................................................................................................... 92 FIGURA 2 - Altura de plantas (cm) e grãos por espiga no sistema de integração milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio no cultivo de aveia +azevém no inverno de 2009 (NINV) versus de doses de nitrogênio no milho no verão de 2009/2010 (NVER). Guarapuava, PR, 2009/2010............................................. 94 FIGURA 3 - Massa de mil grãos (MG, gr) em função de doses de nitrogênio na pastagem no inverno (Fig. A) e em função de doses de nitrogênio no milho no verão (Fig. B). Guarapuava, PR, 2009/2010............................................................................... 95 FIGURA 4 - Altura de plantas de milho (cm) em função de doses de nitrogênio no verão versus com ou sem pastejo na pastagem de inverno (Fig. 5A); altura de plantas (cm) de milho e altura da inserção da espiga (cm) em função de doses de nitrogênio no inverno versus com ou sem pastejo na pastagem de inverno (Fig. 5B e Fig. 5C, respectivamente) em sistema de integração milho-ovinos de corte. Guarapuava, PR, 2009/2010............................................................................... 96 FIGURA 5 - Proteína bruta no grão de milho (%) no sistema de integração milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio no cultivo de aveia +azevém no inverno de 2009 (NINV) e de doses de nitrogênio no milho no verão de 2009/2010 (NVER), com e sem pastejo no inverno. Guarapuava, PR, 2009/2010.............. 97 14 1. INTRODUÇÃO GERAL Os sistemas de integração lavoura-pecuária são alternativas promissoras para agricultura sustentável, com interações positivas entre culturas e animais, proporcionando efeitos benéficos ao ambiente e com alta viabilidade econômica (Allen et al., 2007). O conceito de integração lavoura-pecuária pode ser definido como o sistema que integra a produção animal (carne, leite ou lã) com a produção agrícola (soja, milho, feijão, arroz) a fim de maximizar racionalmente o uso da terra (Moraes et al., 2007). Os benefícios do sistema baseiam-se em diversificar e verticalizar a produção na propriedade rural, diminuir o uso de insumos e, consequentemente, reduzir os custos de produção com maior eficiência de uso do fertilizante, melhor eficiência de uso da terra, das estruturas e da mão-de-obra, minimizar riscos ao diversificar as fontes de renda da propriedade, o que evita a sazonalidade de renda na propriedade, com possibilidade de agregar valor ao produto (Carvalho et al., 2005; Moraes et a., 2007). A inserção do animal no sistema de produção agrícola modifica o ciclo de nutrientes e melhora a qualidade do solo, sendo uma alternativa mais sustentável em sistemas de produção agropecuária intensiva ou de monocultivo (Díaz-Zorita et al., 2002; Acosta-Martínez et al., 2004; Carvalho et al., 2010). A integração entre lavoura e pecuária tem potencial em fornecer uma variedade de benefícios ao solo (Franzluebbers & Stuedemanna, 2008), na conservação da água e ciclagem de nurientes, o que reduz o risco econômico e ambiental, proporcionando aumento da lucratividade (Franzluebbers & Stuedemanna, 2007). A integração lavoura-pecuária tem demonstrado ser um sistema promissor em várias regiões do mundo (Sulc & Tracy, 2007). No Uruguai, a rotação entre lavoura e pastagem determinou maior economicidade, devido ao aumento da diversidade, proporcionando ser sustentável ambientalmente ao reduzir o uso de combustíveis e agrotóxicos em 50%, se comparado a sistemas contínuos de produção agrícola (Garcia-Préchac et al., 2004). Na Argentina, observou-se aumento nos teores de matéria orgânica no solo em áreas de pastagem integradas com diversas culturas, se comparado a áreas com apenas milho (Studdert & Echeverria, 2000). No oeste da África, pesquisas apontam a ciclagem de nutrientes no sistema de integração lavoura-pecuária, onde os dejetos dos animais interferem de forma benéfica na fertilidade do solo (Powell et al., 2004). Além disso, a deposição de dejetos dos animais promove a ciclagem dos nutrientes, reduzindo, consequentemente o uso de fertilizantes sintéticos (Russelle et al., 2007). Estudos nos EUA, apresentaram que a erosão pode ser minimizada, a lixiviação de N diminuída e o N orgânico aumentado no solo, através da 15 diversificação de culturas e sistemas de pastagem (Burkart & James, 2005). Dessa forma, melhorias na qualidade do solo, atribuídas constantemente na pesquisa pela dinâmica da matéria orgânica no solo, determinam o rendimento das culturas usadas, no sistema de integração lavoura-pecuária (Maughan et al., 2009). A integração lavoura-pecuária praticada no subtrópico do Brasil está baseada na produção pecuária no inverno, sob pasto de aveia, azevém e seu consórcio, com posterior cultivo da lavoura, especialmente com produção de milho, feijão, arroz e soja (Carvalho et al., 2005). Nesses ambientes, a integração lavoura-pecuária vem como uma forma de aumentar a renda da propriedade ao lhe diversificar as atividades. Neste caso o manejo do solo está em utilizar fertilizantes no período de pastagem, geralmente no inverno, aumentando assim nesse período a taxa de lotação e possibilitando maior produção animal. Verifica-se também melhor uso dos nutrientes ao ser observado efeito residual do N aplicado na pastagem de inverno para a cultura de lavoura a ser cultivada em rotação (Assmann et al., 2003; Sandini et al., 2010; Andreolla et al., 2010). A região subtropical do Brasil, onde estão localizados os estados do Paraná, Santa Cataria e Rio Grande do Sul, apresenta o cultivo de aproximadamente 13,3 milhões de hectares com cultivo de lavoura no período estival (Conab, 2012), considerando a primeira safra. Dessa área, 2,4 milhões de hectares são utilizados na produção de cereais de inverno e cerca de 2,1 milhões de hectares na produção de feijão e milho de segunda safra (Conab, 2012). Sendo assim, cerca de 8,8 milhões de hectares permanecem em pousio ou subutilizados, área essa que poderia ser destinada para produção de bovinos, ovinos ou caprinos. Nesse sentido, ocorre o aumento da produção pecuária sem demandar altas quantidades de grãos, bem como se afirma melhorar a eficiência de uso das terras da propriedade rural. Isto garante menor sazonalidade de renda para o produtor e gera, ao agronegócio, maior segurança econômica, ao diversificar as atividades agrícolas nas propriedades (Carvalho et al., 2005). No cerrado brasileiro, o enfoque da integração lavoura-pecuária está em recuperar áreas degradadas, recuperação de pastagens e foi há muito preconizada na abertura de fronteiras agrícolas. Nesse ambiente, busca-se também a utilização do resíduo de fertilizantes aplicados na lavoura para melhorias da produção animal, bem como o cultivo consorciado, principalmente de espécies forrageiras do gênero Urochloa sp. (exemplo: Brachiaria sp.), com o milho. Este procedimento tem por objetivo a produção animal com pastagem e com vista em agregar matéria orgânica ao solo, melhorando as condições físicas e químicas do mesmo (Vilela et al., 2011). 16 A maior eficiência produtiva e de uso do solo, vem de encontro à necessidade eminente em aumentar a produção de alimentos, sem, no entanto, agredir ou prejudicar o ecossistema em questão. Essa hipótese vem se confirmando com a adoção dos sistemas de integração lavoura-pecuária, embora ainda muitos paradigmas causem resistência à adoção desse sistema. Em sinergia com esse sistema, vários estudos estão sendo desenvolvidos a fim de entender as interações e alterações que ocorrem no solo, na produção vegetal e animal no sistema de integração lavoura-pecuária (Cassol, 2003; Sulk & Tracy, 2007; Russele et al., 2007; Flores, 2008; Souza, 2009; Andreolla, 2010; Sandini et al., 2010; Rios, 2010). As respostas encontradas na produção vegetal e animal, nos sistemas de integração lavoura-pecuária, são dependentes do manejo imposto à fertilização do solo (Flores et al., 2008), melhoramento genético vegetal e animal, bem como, um fator preponderante, que é a quantificação da carga animal ajustada à pastagem que antecede a lavoura. Alta carga animal e, consequentemente, pastagem com baixa massa de forragem, é um dos principais entraves ao sucesso do sistema de integração lavoura-pecuária (Carvalho et al., 2005). Além da adequação da carga animal à pastagem, a fertilização das pastagens é essencial. No Brasil, aproximadamente 150 milhões de hectares estão ocupados por pastagens. Dessa área, estima-se que 50% estão sob algum grau de degradação (baixa produção vegetal e animal, solo descoberto, erosão e perdas de solo, compactação do solo, entre outras situações prejudiciais ao ecossistema). Diante deste quadro, deduz-se que as causas da ocorrência de processos de degradação de pastagem estão fundamentadas no baixo uso de fertilizantes e carga animal não compatível à capacidade de suporte da pastagem. Diferentes doses de N aplicadas na pastagem antecessora à lavoura proporcionam aumento na produção de forragem, o que pode modificar os atributos químicos, físicos (Andreolla, 2010) e biológicos do solo (Rios, 2010), devido à maior quantidade de matéria orgânica acumulada no solo e variação na carga animal, os quais participam na ciclagem de nutrientes. Os sistemas de integração lavoura-pecuária apresentam resultados de rendimento de grãos de milho superior nas áreas com animais em pastejo no inverno se comparados às áreas sem pastejo (Lang et al., 2011). Contudo, isso é dependente, além de outros fatores, da quantidade de N aplicado no inverno (Sandini et al., 2010). Em decorrência, verifica-se efeito residual do N aplicado na pastagem para a cultura de lavoura em sucessão, especialmente quando essa é uma gramínea (Assmann et al., 2003). O manejo da altura do pasto contrastado a áreas sem pastejo no inverno determina variação nos atributos químicos, físicos e biológicos do solo, da pastagem e do animal (Carvalho et al., 2010). Com carga animal moderada ocorre melhoria da qualidade biológica 17 do solo (Souza et al., 2008); manutenção da condição física do solo com propriedades compatíveis ao cultivo da lavoura (Flores et al., 2007); acúmulo de C no solo (Souza et al., 2008); também, efeito benéfico na correção da acidez do solo (Flores et al., 2008); o que reflete o rendimento de grãos de soja (Lopes et al., 2009). Nesse sentido, além da correção da acidez do solo (Flores et al., 2008) e adição de macro e micronutrientes, recomendada a cada tipo de solo e cultura, a fertilização nitrogenada também desempenha importante papel na integração lavoura-pecuária (Assmann et al., 2003). Essa fertilização acrescentada junto à forrageira pode contribuir no fornecimento de nutrientes para a cultura sucessora e ainda, pela maior produção de forragem quando adicionado na presença de gramíneas (Soares & Restle, 2002), poderá modificar a condição química do solo. A dinâmica do nutriente no solo é influenciada pelo manejo (Doran, 2002) e é de grande importância a avaliação em longo prazo do sistema de produção, para verificar a sustentabilidade do sistema. A rotação de culturas e a presença do animal em sistemas de integração lavoura pecuária podem influenciar nas características químicas, físicas e biológicas do solo, desejáveis a um bom desenvolvimento de plantas e à preservação da biodiversidade, o que traz equilíbrio ao ecossistema produtivo. Fatores que proporcionam a redução de insumos externos, fertilizantes e produtos minerais, tornam o sistema de produção mais eficiente (Powell et al., 2004). No que se refere à ciclagem de nutrientes, o animal tem ativa participação ao devolver, via fezes e urina, os nutrientes retirados da pastagem (Haynes & Williams, 1993), o que pode representar até 90% do ingerido. Nutrientes que podem estar mais facilmente disponíveis à planta se comparados ao processo de decomposição da matéria vegetal sem passar pelo trato digestivo do ruminante (Randall, 2003; Powell et al., 2004), pela maior ciclagem de nutrientes (Tracy & Zhang, 2008). Entre os atributos químicos observa-se que a presença do animal caracteriza variação nos teores de K (Ferreira et al., 2009), P, Ca e Mg (Flores et al., 2008) bem como pode interferir na condição de acidez potencial do solo através da liberação de ácidos orgânicos (Franchini et al., 2000) na decomposição dos resíduos animais, como fezes. Nesse sentido são escassos os trabalhos que caracterizam os atributos químicos do solo em sistemas de integração lavoura-pecuária, quando existe a presença do animal em pastejo e em longo prazo, o que traz dúvidas quanto ao comportamento desses atributos no solo nesse sistema. Sabe-se que o efeito do animal na física de solo depende exclusivamente da carga animal imposta (Carvalho et al., 2005). O efeito na física de solo não é prejudicial ao sistema quando repeitado o manejo da pastagem, altura, massa ou oferta de forragem, respectiva a cada espécie forrageira. 18 Assim também, para Cassol (2003), o ambiente biológico do solo é influenciado pela altura da forragem e a fitomassa residual, tanto aérea quanto radicular, pode influenciar de forma positiva ou negativa o rendimento da lavoura de verão, em razão das alterações físicoquímicas e biológicas no solo, promovido pelo pastejo no inverno. Um dos parâmetros utilizados para esta avaliação é a variação dos teores de matéria orgânica no solo. A matéria orgânica representa o principal reservatório de energia para os microrganismos e de nutrientes para as plantas. O declínio ou acréscimo da matéria orgânica do solo serve para mensurar a preservação dos ecossistemas naturais e os desequilíbrios dos agroecossistemas, ou seja, é utilizado como critério na avaliação da sua sustentabilidade (Acosta-Martínez, 2004). Henry (2005) observou elevada exsudação de C orgânico pelas raízes de azevém (Lolium multiflorum) e correlacionou este efeito às alterações morfológicas no sistema radicular induzidas pela maior disponibilidade de nitrogênio. As exsudações radiculares favorecem a proliferação e a atividade microbiana, pois se constituem na principal fonte de nutrientes para os microrganismos (Moreira & Siqueira, 2005). Sob adubação nitrogenada, a micro, meso e macrofauna do solo podem ser alteradas, devido principalmente ao acúmulo de carbono e nitrogênio no solo e na biomassa microbiana do solo (Souza et al., 2010). De acordo com Silva & Resck (1997), nem sempre é possível correlacionar as alterações da matéria orgânica às mudanças no manejo de solo a curto e médio prazo, uma vez que as mudanças no teor de matéria orgânica ocorrem de forma lenta. Além disso, existe uma considerável variabilidade espacial dificultando as avaliações, e por isso os autores indicam a biomassa microbiana como um dos parâmetros para avaliação dessas modificações. Nesse ponto, estudos de longo prazo dos atributos químicos do solo são extremamente necessários considerando coletas estratégias de amostras de solo em mesmos pontos ao longo do tempo. A biomassa microbiana foi definida por Jenkinson & Ladd (1981), como a parte viva da matéria orgânica do solo. Corresponde ao material orgânico contido nas bactérias, actinomicetos, fungos, algas e microfauna do solo. Ela é responsável por processos essenciais para a sustentabilidade do sistema, como a ciclagem de nutrientes e a produção de fatores de agregação do solo. Algumas preocupações relacionadas aos atributos químicos do solo foram levantadas por Cassol (2003) e, a partir desse trabalho, consecutivos experimentos relativos à dinâmica do calcário no sistema de integração lavoura-pecuária foram realizados. Segundo esses experimentos o animal no sistema pode imprimir redução da macroporosidade do solo e restringir a descida no perfil do solo do calcário aplicado em superfície e sem incorporação 19 (Amaral, 2002; Flores, 2008). Contudo, os resultados observados foram contrários a essa suspeita, já que bovinos em pastejo em áreas sob plantio direto e integração lavoura-pecuária incrementaram o efeito da calagem superficial em profundidade, caracterizando melhorias no pH, Ca, Mg, saturação por bases e saturação por alumínio em profundidade (Flores et al., 2008). A liberação de ácidos orgânicos de baixo peso molecular durante a decomposição dos dejetos dos animais pode ter contribuído no efeito corretivo do calcário em profundidade. Para esses efeitos no solo, até então benéficos, proporcionados pela presença do animal em pastejo com carga moderada, são registradas as respostas das culturas cultivadas em sucessão. Casos como os estudos feitos por Assmann et al. (2003); Andreolla (2010) e Sandini et al. (2011) observando efeito residual do N aplicado na pastagem de inverno para a cultura do milho. Evidenciaram-se também, melhores resultados para áreas com pastejo se comparados a área com aveia e azevém apenas para cobertura, ambos em plantio direto. Outros trabalhos, também caracterizam semelhante produção de soja, para áreas com e sem pastejo, com mesma fertilização de inverno, quando a pastagem é mantida na altura de aproximadamente 20 cm (Flores, 2008; Lopes et al., 2011). 1.1. MODELO CONCEITUAL DO SISTEMA DE INTEGRAÇÃO FEIJÃO/MILHOOVINOS DE CORTE Com o objetivo de compreender as variáveis que caracterizam a produtividade do sistema de produção de integração lavoura-pecuária proposto (Figura 1), elaborou-se um modelo conceitual desse sistema aplicado a esquemas de rotação anual de culturas de lavoura e pasto. Considerou-se rotação de culturas a alternância das espécies das famílias Poaceae (milho) e Fabaceae (feijão) como culturas de lavoura, com as espécies da família Poaceae (aveia e azevém), como pastagem, a fim de compor o sistema de integração feijão/milhoovinos de corte. O modelo conceitual proposto apresenta a produção total do sistema como resultante da produção animal e do rendimento de grãos, partindo do propósito da fertilização nitrogenada e manejo do pasto e seu efeito subsequente. Comprovada a eficiência de uso e conhecida a dinâmica do nitrogênio na produção vegetal (Lemaire et al., 2008), esse nutriente determina a produtividade de forragem, conforme a espécie vegetal (Lemaire et al., 2008). Importante enfatizar que o nitrogênio é um dos principais nutrientes na produção de alimentos, para atender a demanda crescente da população humana (Eickhout et al., 2006). 20 Além do rendimento, o N também está relacionado com a composição protéica do grão de milho. Estudos realizados por Amaral Filho et al. (2005) e Silva et al. (2005) demonstraram o aumento da proteína no grão do milho com crescentes doses de N aplicado em cobertura durante o desenvolvimento da cultura A utilização de fertilizantes minerais nitrogenados aumentou cerca de sete vezes comparada à duplicação da produção agrícola nos últimos 40 anos (Angus et al., 2001; Lemaire & Gastal, 2009). Portanto, é importante buscar a máxima eficiência de uso do N, reduzir perdas (Anderson et al., 2003), manter altos índices de rendimento de grãos considerando o efeito residual do N aplicado no pasto antecedente à lavoura (Sandini et al., 2010). Fertilização do pasto (nitrogênio) Taxa de lotação (ovinos de corte) Massa de Forragem Produção de forragem Taxa de acúmulo, qualidade da pastagem Ciclagem de nutrientes SOLO Ambiente químicos, físicos e biológicos Produção animal Rotação de culturas (milho, feijão) Rendimento de grãos e valor nutritivo (lavoura) Produtividade do Sistema Figura 1. Representação esquemática do modelo conceitual de pesquisa da integração feijão/milho-ovinos de corte em sistema de plantio direto. Modelo que se aplica a rotação de culturas de lavoura de milho e feijão no verão, com pasto no inverno. Com maiores doses de N aplicados na pastagem de inverno a carga animal aumenta devido à maior produção de forragem (Figura 1), o que pode modificar as características de 21 solo no sistema de integração lavoura-pecuária. Em trabalho realizado por Andreolla (2010) observou-se aumento da produção de forragem de aveia + azevém até a dose de 225 kg ha -1 de N. Nesse mesmo trabalho, a carga animal foi 591, 726, 843 e 846 kg ha-1 de PV para sem N, 75, 150 e 225 kg ha-1. Da mesma forma, Pelegrini (2008) usando as mesmas doses de N no inverno obteve aumento linear da carga animal de 800 a 1400 kg ha-1 de PV. O uso de ovinos pode apresentar padrões diferentes nos atributos químicos do solo, e consequentemente biológicos, devido à distribuição das dejeções de maneira menos concentrada que os bovinos. Portanto, é importante caracterizar a espécie animal envolvida no sistema de integração lavoura-pecuária. Partindo do aumento da produção de forragem com adequada fertilização, a taxa de lotação caracteriza diferença da massa de forragem (Figura 1). Portanto, quanto maior a taxa de lotação menor a massa de forragem, o que pode caracterizar o insucesso do sistema de integração. A massa de forragem disponível é uma característica determinante na produção animal (Aguinaga et al., 2006), pois diferentes massas de forragem modificam a disponibilidade e acessibilidade do animal à pastagem, apresentando influência no consumo e consequentemente, no desempenho animal (Rocha et al., 2011). Baixa massa de forragem residual interfere também na cultura de lavoura a ser cultivada em sequência, devido à menor biomassa remanescente, interferindo na qualidade do solo (Kluthcouski & Stone, 2003). Dessa forma, em áreas com pastejo são modificados os atributos químicos (Flores et al., 2008), físicos (Conte et al., 2011) e biológicos (Chávez et al., 2011) do solo. Modificações nos atributos do solo determinam, portanto, a produção de biomassa vegetal do sistema, tanto do pasto quanto da lavoura. A rotação de culturas de lavoura, alternando o cultivo de Fabaceae e Poaceae podem modificar atributos químicos, físicos e biológicos do solo (Fonseca et al., 2007), devido à diferença no padrão de extração de nutrientes e taxas de produção de biomassa. Nesse sentido, além de diferentes da quantidade de nutrientes extraída via produção de grãos, a rotação feijão/milho pode impor variações nos atributos de solo devido a quantidade de biomassa produzida. O milho além da maior produção de biomassa apresenta maior relação C/N nos resíduos deixados pós-colheita, se comparado ao feijão, o que interfere nos padrões de retorno de nutrientes ao solo e na manutenção dos teores de matéria orgânica no solo. A exigência por N é variável entre o milho e feijão, considerando que o feijão tem a possibilidade de obter N via fixação simbiótica do N atmosférico por bactérias do gênero Rhizobium, o milho demanda maior quantidade de N de outras fontes, seja incorporação de N 22 via fertilizantes minerais ou orgânicos e/ou do N residual do cultivo anterior. Nesses termos e nos sistemas de integração lavoura-pecuária, a dinâmica do N pode ser modificada e, diferentes culturas de lavoura, nesse caso milho e feijão, podem caracteriza diferença nos atributos químicos do solo e consequentemente na produtividade do sistema. 1.2 HIPOTESES Nesse sentido, as hipóteses investigadas, que fundamentam o sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte, permitem deduzir que o uso do uso nitrogênio na pastagem de inverno aumenta a produção de forragem e consequentemente a matéria orgânica no solo, o que condiciona melhorias nos atributos químicos e biológicos do solo. Também, o N aplicado no pasto apresenta efeito residual para a cultura sucessora, especialmente para milho, proporcionando maior eficiência de uso do nutriente e menor uso de fertilizantes minerais, gerando maior rentabilidade do sistema. O pastejo no inverno não determina a retirada ou perdas de nutrientes do solo. O animal caracteriza melhor ciclagem de nutrientes e condiciona um ambiente mais fértil para produção. Além do rendimento de grãos, o uso do N na pastagem e na lavoura, associado ao pastejo, aumenta o valor proteico do grão do milho. 1.3 OBJETIVO GERAL Com esta pesquisa, objetiva-se verificar a evolução dos atributos químicos do solo, sob influência do pastejo e da adubação nitrogenada na pastagem, alterações na biomassa microbiana do solo e, consequentemente, o rendimento de grãos de milho e seu teor de proteína em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte, em um Latossolo Bruno. 1.3.1 Objetivos Específicos Avaliar a evolução dos atributos químicos do solo no sistema de integração feijão/milho - ovinos de corte sob influência do N na pastagem de aveia e azevém. Avaliar a biomassa microbiana no solo antes, durante e após o pastejo, no sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte, sob doses de N na pastagem. Avaliar o rendimento e teor de proteína do grão de milho no sistema de integração lavoura-pecuária (feijão/milho - ovinos de corte) sob efeito das doses de N aplicadas na pastagem e doses de N aplicados no milho. 23 2.1 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACOSTA-MARTI´NEZ. V.; ZOBECK, T.M.; ALLEN, V. Soil Microbial, Chemical and Physical Properties in Continuous Cotton and Integrated Crop–Livestock Systems. Soil Science Society of America, v.68, p.1875–1884, 2004. AGUINAGA, A.A.Q.; CARVALHO, P.C..F.; ANGHINONI, I.; SANTOS, D.T.; FREITAS, F.K.; LOPES, M.T. Produção de novilhos superprecoces em pastagem de aveia e azevém submetida a diferentes alturas de manejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, p.17651773, 2006. ALLEN, V.G.; BAKER, M.T.; SEGARRA, E.; BROWN, C.P. Integrated irrigated crop– livestock systems in dry climates. Agronomy Journal, v.99, p.346–360, 2007. ANDERSON, N.; STRADER, R.; DAVIDSON, C. Airborne reduced nitrogen: ammonia emissions from agriculture and other sources. 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O experimento foi implantado no ano de 2006, com cultivo de aveia (Avena ssp.) mais azevém comum (Lolium multiflorum) no inverno com rotação de milho e feijão no período estival durante os anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Os tratamentos foram compostos de quatro doses de N (0, 75, 150 e 225 kg ha-1), com e sem pastejo na pastagem de inverno, avaliados em três camadas (0-5, 5-10 e 10-15 cm) os teores de matéria orgânica (MO), capacidade de troca de catiônica (CTC), pH (CaCl2) e saturação por bases (V%). Os teores de matéria orgânica mostraram-se uniformes no início do experimento. Com a implantação do sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte os teores de MO foram maiores quando com uso do N na pastagem de inverno e com a presença do animal, se comparada às áreas sem pastejo, onde o N não teve expressiva contribuição na variação dos teores de MO do solo. Considerando as variáveis MO no solo, CTC, pH e saturação por bases, a inclusão de pastejo no esquema de rotação de culturas com plantio direto em sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte não provocou degradação do solo. Constituí-se sim, em fator beneficiador das características químicas do solo. Termos de indexação: ciclagem de nutrientes, matéria orgânica, nitrogênio. SUMARY: CHEMICAL FEATURE OF A SOIL AT THE SYSTEM BEAN/CORN–MEAT SHEEP ITEGRATION Crop-livestock systems may modify the chemical, physical and biological conditions of soil due to the presence of the animal in the area, the choice and management of the plant species involved and the fertilization imposed. The aim of this study was to investigate the dynamics of the soil chemical properties in a system integration bean/corn – meat sheep under nitrogen levels at winter, with and without grazing over four years. The experiment was established in 2006 at Guarapuava, Parana state, Brazil, and carried on growing oats (Avena spp.) and ryegrass (Lolium multiflorum) in the winter and succession of corn and beans in summer during the years of 2006, 2007, 2008 and 2009. Treatments consisted of four nitrogen levels (0, 75, 150 and 225 kg ha-1), with and without grazing on winter pasture. Soil organic matter (OM), cation exchange capacity (CEC), pH (CaCl2) and base saturation (V%) were evaluated at three depths (0-5, 5-10 and 10-15cm). With the implementation of croplivestock systems the OM contents were higher when using the N in winter grazing and the presence of the animal, as compared to ungrazed areas, where the N had no significant contribution to changes in the levels the SOM. Considering the variables in the soil OM, CEC, pH and base saturations, was observed that the inclusion of pasture at the crop 29 livestock system carried out with a no-tillage system did not cause land degradation and on the contrary, it seems to be positive and a beneficial to the soil chemical characteristics. Index terms: nutrient cycling, nitrogen, organic matter. INTRODUÇÃO Sistemas de integração lavoura-pecuária podem modificar os atributos químicos, físicos e biológicos do solo devido à presença do animal na área, a escolha e manejo das espécies vegetais envolvidas e as condições de fertilização impostas (Acosta-Martínez et al., 2004). Por outro lado, o comportamento dos componentes químicos do solo, principalmente no que envolve a matéria orgânica (Franzluebber & Stuedemann, 2008), determina o sucesso ou insucesso do sistema de produção. Os sistemas de integração lavoura-pecuária são alternativas promissoras para agricultura sustentável, com interações positivas entre culturas e animais, proporcionando efeitos benéficos ao ambiente e com alta viabilidade econômica (Allen et al., 2007; Balbinot Junior et al., 2009). Trazem efeitos benéficos ao otimizar a produtividade da propriedade, melhorar a qualidade do solo ao longo do tempo (Entz et al., 2002). Com a presença do animal, tornam mais eficiente o retorno do nutriente no processo de ciclagem (Carvalho et al., 2006) ou pelo aumento da produção de biomassa quando com pastejo, devido à desfolhação, ciclos de rebrota e perfilhamento. Ainda retém maior quantidade de carbono no solo, devido à maior produção de raízes que a forrageira proporciona (D’Andrea et al., 2004). Sendo, portanto, através da maior produção de biomassa (pasto, milho, feijão, por exemplo), um dreno de C atmosférico (Nicoloso et al., 2008). Além da correção da acidez do solo (Flores et al., 2008) e adição de macro e micronutrientes, recomendada a cada determinado tipo de solo e cultura, a fertilização nitrogenada desempenha importante papel na integração lavoura-pecuária (Assmann et al., 2003). O N aplicado na pastagem pode apresentar efeito residual para a cultura sucessora e ainda, pela maior produção de forragem quando adicionado na presença de gramíneas (Soares & Restle, 2002), poderá modificar a condição química do solo. Cavalcante et al., (2007) em revisão de literatura, informam quanto ao efeito dos atributos químicos do solo em função da adoção de sistemas de semeadura direta ou diferentes manejos de cultivo. Por outro lado, pouco tem sido relatado a respeito da influência do pastejo em um sistema que integra lavoura e pecuária, determinado pela adução de N feita na pastagem. 30 Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a evolução dos atributos químicos: MO, CTC, pH e saturação por bases do solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte durante cinco anos após seu estabelecimento, em função de doses de N aplicadas na pastagem de inverno, com rotação de milho e feijão no verão comparado a áreas sem pastejo. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi iniciado em junho de 2006 no Campus CEDETEG da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) em Guarapuava, PR, com latitude a 25 º 33 ’ S, longitude de 51 º 29 ’ Oeste e de 1 095 m. O solo é classificado como associação Latossolo Bruno álico relevo suave ondulado, substrato de rochas basálticas (EMBRAPA, 2006) de textura argilosa (0,624 kg kg-1 de argila, 0,311 kg kg-1 de silte e 0,080 kg kg-1 de areia). O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Cfb (Maak, 1968). A precipitação anual varia de 1400 a 1800 mm e os meses de abril e maio são os mais secos. Antes da implantação do sistema de integração em abril de 2006, a área experimental vinha sendo utilizada em sistema de plantio direto a oito anos e no verão anterior (2005/2006) com produção de milho para silagem após pousio no inverno. A partir de 2006, a área vem sendo utilizada com cultivo de aveia branca (Avena sativa), aveia preta comum (Avena strigosa) e Azevém comum (Lolium multiflorum) no inverno e rotação de milho e feijão para produção de grãos e feijão no período estival. Trata-se de um experimento no delineamento de blocos ao acaso em parcelas subdivididas, com três repetições. Nas parcelas principais foram alocadas as doses de N de 0, 75, 150 e 225 kg ha-1, utilizando ureia com 45% de N, aplicados no pasto. Nas subparcelas casualizou-se o fator pastejo, com e sem. Em cada parcela principal foi isolada uma área de 96 m2 que permaneceu sem pastejo e o restante foi pastejado com ovinos da raça Ile de France em lotação contínua com taxa de lotação variável, mantendo-se uma altura média da pastagem de 14 cm. A semeadura do pasto foi feita em sistema de plantio direto com espaçamento de 17 cm. Nessas culturas foram utilizados, na adubação de base, 60 kg ha-1 de P2O5 e 60 kg ha-1 de K2O em cobertura, usando como critério a análise de solo do ano de 2006 e a recomendação para a cultura, e quantidade de N aplicado em função dos tratamentos descritos anteriormente. Entre 20 a 30 dias antes da semeadura do milho ou feijão, conforme o ano, os animais eram retirados da área, com posterior dessecação da pastagem utilizando 2,5 L ha-1 de glyphosate. Após esse período, era feita a semeadura do milho (Zea mays) ou feijão (Phaseolus vulgaris) em rotação. Para o milho, a adubação com P e K foi a lanço, antes da 31 semeadura, nas dosagens de 100 kg ha-1 de P2O5 e 100 kg ha-1 de K2O, sendo as fontes o superfosfatotriplo e o cloreto de potássio, respectivamente. O nitrogênio foi aplicado a lanço, após a emergência da cultura, na quantidade de 150 kg ha-1. A fonte utilizada foi a ureia (45% de N). Para o feijão a fertilização era realizada a lanço, com 100 kg ha-1 de P2O5, sendo a fonte o superfosfatotriplo e 190 kg ha-1 de K2O, como fonte o cloreto de potássio. O N, na forma de úréia (45% de N) foi aplicado em cobertura na dosagem de 120 kg ha -1 de N. O controle das plantas daninhas, pragas e doenças foram efetuados mediante critérios técnicos durante o ciclo da cultura estival. Anualmente, nos meses de maio de 2006 e abril de 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011 imediatamente após o cultivo estival de milho ou feijão, foram retiradas em cada unidade experimental oito amostras simples para compor uma amostra composta nas camadas de 0-5, 5-10 e 10 a 15 cm. Os pontos de amostragem foram referenciados, por meio de uma “malha”, com dimensões conhecidas, possibilitando a amostragem próxima do mesmo ponto ano a ano. As amostras foram enviadas para o laboratório de análises da TECSOLO – Guarapuava - PR onde determinaram-se os teores de matéria orgânica (método Walkley-Black), CTCefetiva (Ca+Mg+Al, Ca: KCl 1,0 mol L-1; K: Mehlich-1), saturação por bases, pH (CaCl2 0,01). Os resultados foram submetidos a análises de variância pelo teste F a um nível de significância de 5% de probabilidade utilizando o programa estatístico Statiscal Analysis System (SAS, 2002) e, posteriormente, quando apresentaram significância, as médias de efeito qualitativo foram comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Para os resultados de efeito quantitativo realizaram-se estudos de regressão. As análises estatísticas foram feitas dentro de cada camada, não sendo essa considerada como fator. RESULTADOS E DISCUSSÃO O solo da área experimental apresentava em 2006 teores de matéria orgânica uniformes na camada de 0-5 (Figura 1) e 10-15 cm (Tabela 1). Contudo, na camada 5-10 cm foi observada heterogeneidade nos teores de MO (Figura 2), isso devido a fatores aleatórios advindos de cultivos anteriores e não inerentes aos fatores experimentais. Foi observada interação (p < 0,05) entre doses de N e com/sem pastejo no inverno para os teores de MO no solo, nos anos de 2007, 2009, 2010 e 2011. Com a implantação do experimento, que constitui um sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte, nas áreas com a presença de animais no inverno, em pastejo, a MO do solo apresentou valores superiores às áreas isoladas dos animais nos anos de 2007, 2009 e 2011 (Figura 1 e 2). O 32 animal no sistema participa como agente reciclador do N. Também, quando sob pastejo, sugere-se aumento na produção de raízes da forrageira (Souza et al., 2008), visto o maior perfilhamento de plantas. APÓS MILHO 60 55 SP = 40,2683-0,112422x + 0,00054963x2 r2 =0,76 P = 0,0003 CP = 41,2267-0,0543111x + 0,000331852x2 r2 =0,90 P = 0,0001 50 SP CP Tukey 5% = ns y = 53,94 ± 0,72 45 40 45 40 SP CP 35 35 0 0 0 75 150 0 225 60 2008 150 SP = 39,7 ± 0,90 CP = 45,6967 + 0,0226222x-0,00012148x2 r2 = 0,50 P = 0,04 55 Tuke 5% = ns y = 40,1 ± 0,66 50 MO, g kg-1 75 225 60 55 50 45 45 40 40 SP CP 35 2009 SP CP 35 0 0 0 75 150 60 225 0 75 150 60 2010 55 225 2011 55 50 MO, g kg-1 2007 55 50 MO, g kg-1 APÓS FEIJÃO 60 2006 50 45 SP = 58,7578-0,0990956x + 0,000337333x2 r2 =0,61 P = 0,028 45 40 CP = 50,2845 + 0,0479933x-0,000185037x2 r2 =0,51 P = 0,023 40 SP = 46,3 SP CP 35 35 0 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 CP = 45,1517 + 0,146867x-0,000556741x2 r2 =0,63 P = 0,0033 225 0 75 150 SP CP 225 Nitrogênio, kg ha-1 Figura 1. Teores de matéria orgânica (MO) no sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 0-5 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR. 33 Na camada do solo de 5-10 cm (Figura 2) houve comportamento semelhante a 0-5 cm, com interação (p<0,05) nos anos de 2007, 2010 e 2011 para a MO. Em 2009 os teores de MO não se ajustaram a modelos de regressão polinomial conforme as crescentes doses de N no inverno, mas apresentaram maior acúmulo nas áreas com animais em pastejo no inverno. 60 APÓS MILHO 60 55 MO, g kg-1 55 50 50 45 45 35 SP CP SP = 39,0083-0,0921111x + 0,000422222x r2 =0,77 P=0,002 CP = 40,47 + 0,00693333x r2 =0,51 P = 0,0089 SP CP 35 0 0 0 75 150 0 225 75 150 225 60 60 2008 MO, g kg-1 2007 2 40 SP = 47,67 CP = 44,56 Tukey 5% = 2,03 40 55 55 50 50 SP CP Tukey 5% ns y = 38,14 ± 0,91 45 2009 SP = 35,2 CP = 40,3 Tukey, 5% = 0,84 SP CP 45 40 40 35 35 0 0 0 75 150 0 225 75 150 225 60 60 2010 2011 55 SP = 41,2633 + 0,00833333x r2 = 0,41 P = 0,023 50 50 CP = 41,8757 + 0,0736533x-0,000289778x2 r2 = 0,60 P = 0,041 45 45 55 MO, g kg-1 APÓS FEIJÃO 2006 40 SP =52,7583-0,0309778x r2 =0,63 P = 0,0011 35 CP = 45,1822 + 0,111251-0,000475704x2 r2 =0,70 P = 0,0012 40 SP CP SP CP 35 0 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 0 75 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 Figura 2. Teores de matéria orgânica (MO) no sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de 5-10 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR. 34 O animal inserido no sistema de produção agrícola, possibilita aumento na MO do solo por ser um agente reciclador de nutrientes. Conforme Haynes & Williams (1993), até 90% dos nutrientes ingeridos pelos animais via pastejo retornam por meio das fezes e urina. Sugere-se que a maior quantidade de MO advenha da maior produção de raízes, que pode ser aumentada quando em pastejo (Souza et al., 2008) e sua decomposição na camada de 0-5 cm (Corazza et al., 1999). Além disso, a deposição de dejetos dos animais promove a ciclagem dos nutrientes, reduzindo, consequentemente o uso de fertilizantes sintéticos (Russelle et al., 2007). De forma direta o animal participa na reciclagem dos nutrientes por meio do consumo das plantas. Parte dos nutrientes ficam momentaneamente imobilizados pelo processo digestivo e metabólico dos animais e retornam ao solo via excreção de fezes e urina (Cantarutti et al., 2001). Os teores de MO no solo foram modificados na camada do solo de 0 a 10 cm pela presença dos ovinos no inverno, de 10-15 cm apenas no ano de 2007 observaram-se variações (Tabela 1). Nesse sentido, maior quantidade de matéria orgânica no solo condiciona a melhorias da estrutura física do solo, modifica a biologia e química, o que justifica a melhor resposta do milho nessas áreas se comparada às áreas sem pastejo no inverno (Sandini et al., 2010). Do ano de 2006 para 2007, houve decréscimo na MO do solo com as doses de N, possivelmente devido a ter sido destinado o milho para silagem no ano de 2006, extraindo-se, assim, grande quantidade de biomassa vegetal. Wendling et al. (2005) também verificaram redução no conteúdo de carbono orgânico total nas áreas cultivadas com milho para silagem, atribuído à exportação da parte aérea da cultura, que diminui o aporte de material vegetal. Contudo, a partir de 2007 os teores de MO no solo aumentam e voltam a assumir valores próximos aos de 2006, nas áreas com pastejo e com uso de N. Observou-se acúmulo de MO a partir de 2008 (Figura 1) nas áreas com aplicação de N no pasto e com pastejo. Também Sulc & Tracy (2007) observaram incremento nos teores de MO no solo em áreas com integração lavoura-pecuária com rotação de milho e soja no verão. Para Tracy & Zhang (2008), o sistema de integração lavoura-pecuária pode aumentar as concentrações de carbono orgânico no solo ao longo do tempo devido ao crescimento contínuo de plantas para exploração vegetal, rotação de culturas, incremento da massa produzida por tempo em decorrência do pastejo e maior ciclagem de nutrientes. A decomposição dos materiais vegetais depende principalmente da composição dos resíduos vegetais, das condições ambientais e dos microorganismos do solo (Swift et al., 1979). Diferentes doses de fertilizantes nitrogenados alteram também a composição química 35 dos tecidos vegetais além da variação na produtividade. Mesmo que maiores doses de nitrogênio venham a produzir maiores quantidades de biomassa vegetal no inverno, sua decomposição pode ser acelerada pela menor relação C/N e o nutriente estar presente na forma mineral no solo. Observa-se também, comportamento diferente da MO após feijão em comparação ao após milho (Figura 1). Os teores de MO no solo, na coleta após cultivo do feijão geralmente não apresentam diferenças (p < 0,05) entre áreas com e sem pastejo. Já nas coletas após cultivo do milho observa-se maior incremento de MO nas áreas com integração lavourapecuária. Possivelmente esses teores de MO sejam reflexo do ano anterior. O milho parece determinar maior acúmulo de MO que a cultura do feijão, o que é esperado devido a maior relação C/N das gramíneas em relação a leguminosas (Torres et a., 2005). O efeito do pastejo nos teores de MO no solo parece determinar melhor resposta do milho em relação ao feijão, o que pode ser atribuído à ciclagem do N no sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte em relação a áreas com aveia e azevém para cobertura. Nesse sentido, os sistemas agrícolas não se sustentam e a inserção do animal em pastejo determina aumento da MO no solo, em maior quantidade para milho que para feijão. O comportamento dos valores da CTC no solo (Figura 3) assemelham-se ao da MO. Uma vez que, conforme a Figura 3, foi constatado significativo coeficiente de correlação (0,87) entre as médias dos valores da MO e da CTC pH7,0 e entre MO e CTC efetiva (0,72). Também Ciotta et al. (2003) verificaram relação entre a CTC efetiva (r2 = 0,84) e a pH 7,0 (r2 = 0,66) com o carbono orgânico em sistema de plantio direto e convencional. Conforme figura 4, a CTC do solo foi melhor nas áreas com pastejo e com N aplicado na pastagem nos anos de 2009 e 2011. 36 16 14 CTC (Cmolc dm-3) 12 10 8 6 4 CTC pH 7,0 = 3,07382 + 0,195597x CTC efetiva = 1,2044 + 0,134788x 2 r2= 0,87 P < 0,001 r2 = 0,72 P < 0,001 0 0 30 40 50 -1 Matéria Orgânica (g kg ) 60 Figura 3. Relação entre os valores de matéria orgânica e a CTC pH 7,0 e a CTC efetiva correspondentes a média de três repetições em sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte no inverno em camadas de solo de 0-5; 5-10; 10-15 cm sob quatro doses de nitrogênio no anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR. O incremento na quantidade de matéria orgânica do solo resulta no aumento da capacidade de troca catiônica, favorecendo a presença de H+ no complexo de troca (Williams, 1980) e consequentemente a acidificação do solo. Nesse sentido o pH teve decréscimo com as crescentes doses de N nos anos 2007, 2010 e 2011 (Figura 5). Esse comportamento do pH no perfil do solo pode ser caracterizado devido ao efeito resultante da nitrificação proporcionado pela constante aplicação de fertilizantes amoniacais (Blevins et al., 1983), através do amônio liberado na decomposição dos resíduos orgânicos em maior quantidade na superfície. Também ocorre devido ao aumento da concentração eletrolítica observado em sistema de semeadura direta (Ciotta, 2001) e ao não revolvimento do solo com uso da semeadura direta, o que acaba por elevar a acidez do solo nas camadas mais superficiais. 37 CTC, cmolc dm-3 18 APÓS MILHO 18 2006 16 16 14 14 y = 10,9513 + 0,00790667x - 0,0000275556x2 r2 = 0,30 P = 0,035 12 12 SP =13,3 CP =14,0 Tukey 5% = 0,69 10 10 SP CP 8 0 0 75 150 SP CP 8 0 0 225 18 75 150 2009 16 16 CTC, cmolc dm-3 225 18 2008 Tukey 5% = ns y = 10,41 ± 1,01 14 SP = 10,57 CP = 11,56 Tukey 5% = 0,69 14 12 12 10 10 SP CP 8 0 0 75 150 SP CP 8 0 0 225 18 16 150 Tukey 5% = ns y = 11,20 ± 0,69 SP = 10,76 ± 0,69 CP = 10,5733 + 0,00702222x r2 = 0,53 P = 0,002 14 12 225 2011 16 14 75 18 2010 CTC, cmolc dm-3 2007 APÓS FEIJÃO 12 10 10 SP CP 8 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 SP CP 8 0 225 0 75 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 Figura 4. CTC (pH 7,0) no sistema de integração feijão/milho - ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de 0-5 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR. 38 6 APÓS MILHO 6 APÓS FEIJÃO 2006 2007 5 pH 5 Tukey 5% = ns y = 5,22 ± 0,15 4 SP CP 3 0 0 75 y = 5,61783 - 0,000962222x r2 = 0,22 P = 0,0206 4 150 6 SP CP 3 0 225 0 75 150 6 2008 5 225 2009 pH 5 Tukey 5% ns y = 5,48 ± 0,21 4 4 SP CP 3 0 0 75 150 6 Tukey 5% ns y = 4,81± 0,22 SP CP 3 0 225 0 75 150 6 2010 225 2011 5 pH 5 SP = 4,48 CP = 4,60 Tukey 5% = 0,10 y = 4,769 - 0,00203556x r2 = 0,62 P = 0,0001 4 4 SP = 4,49 CP = 4,78 Tukey 5% = 0,14 SP CP SP CP 3 0 3 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 0 75 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 Figura 5. Valores de pH CaCl2 no sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 0-5 cm, em diferentes anos. Guarapuava, PR. 39 APÓS MILHO 6 APÓS FEIJÃO 6 2006 5 2007 pH 5 Tukey 5% ns y = 5,21 ± 0,22 4 SP CP 3 0 0 75 SP = 5,46 CP = 5,70 Tueky 5% = 0,15 4 150 6 SP CP 3 0 225 0 75 150 6 2008 5 225 2009 5 pH SP = 5,43 CP = 5,64 Tukey 5% = 0,17 4 4 SP CP 3 0 0 75 SP = 5,25 CP = 5,43 Tukey 5% = 0,14 150 6 SP CP 3 0 225 0 75 150 6 2010 5 225 2011 pH 5 4 SP CP 3 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 SP = 4,56 CP = 4,89 Tukey 5% = 0,18 4 SP = 4,80 CP = 5,10 Tukey 5% = 0,21 SP CP 3 0 225 0 75 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 Figura 6. Valores de pH CaCl2 no sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de 5-10 cm, em diferentes anos. Guarapuava, PR. Contudo, os maiores teores de MO no solo nas áreas com pastejo, não caracterizaram maior acidez do solo, do contrário, o pH foi maior nas áreas com pastejo, especialmente na camada de 5-10 cm entre os anos de 2007 e 2011 (Figura 6). Adicionando esterco fresco de cavalo, Whalen et al. (2000) observou aumento no pH do solo de 4,8 para 6,0, justificado pelo 40 fornecimento de CaCO3 na dieta desses animais que é excretado no esterco (Eghball, 1999). Vitosh et al. (1973) também observou aumento no pH após aplicação de esterco de bovinos em um período de nove anos. Ácidos orgânicos de baixa massa molecular na fração C orgânico solúvel, são capazes de consumir H+ da solução do solo mediante protonação dos grupamentos funcionais, refletindo potencial efetivo em minimizar a acides do solo (Franchini et al., 1999; Franchini et al., 2003). A presença do animal pode interferir na dinâmica do calcário no solo (Amaral, 2002). A deposição de fezes e urina dos animais em pastejo, ao proporcionar aumento da atividade da meso e macrofauna determina a formação de bioporos que favorecem a descida do calcário (Edwards et al., 1988) o que diminui a acidez nas camadas mais profundas. Os valores de saturação por bases também tiveram comportamento semelhante ao observado com MO do solo, com maiores valores nas áreas com pastejo, especialmente nos anos de 2007, 2009 e 2011 nas camadas de 0-5 e 5-10 cm (Figura 7). Na camada 0-5 cm a saturação por bases apresentou diminuição com crescentes doses de N no inverno, o que pode ser atribuído à movimentação de K no perfil do solo. Uma vez que, na camada 5-10 cm os valores de saturação por bases aumentam com a dose de N. Comportamento semelhante ao encontrado com o K nesse solo. Também os maiores valores de saturação por bases, nas áreas com animais em pastejo no inverno podem estar relacionados aos maiores teores de Ca encontrados no solo. Verifica-se, nos anos de 2009 e 2011, maior teor de MO (Figura 1) na camada 0-5 para áreas com pastejo no inverno, consequentemente tem-se mesmo comportamento para a CTC (Figura 4), o que influencia na menor saturação por bases das áreas sem pastejo se comparado às com pastejo no inverno (Figura 7). Nessas condições a correção do solo pode ser menos necessária quando com a presença do animal no sistema, necessitando de pesquisas que envolvam as relações a um nível mais especifico no solo, caracterizando o ciclo nos nutrientes minerais no solo, a participação da microbiota, entre outros, a presença do animal, uma vez que são propriedades emergentes a serem estudas e respondidas. Um dos paradigmas tidos por produtores rurais quanto à adoção dos sistemas de integração lavoura-pecuária é justamente a possibilidade de retirada de nutrientes do sistema ou da diminuição do resíduo vegetal pós pastejo de inverno pelos animas, além de questões relacionadas à física do solo. Observa-se, no entanto, que os teores de matéria orgânica e atributos químicos de solos relacionados a isso, não são afetados pelo pastejo no inverno quando se faz o manejo correto da pastagem (taxa de lotação) e/ou mantém-se o animal na área para que não ocorra a exportação de nutrientes via fezes e urina para outras áreas. 41 SATURAÇÃO POR BASES, % 75 APÓS MILHO 70 70 65 65 60 60 55 SP = 62,3 CP = 62,5 Tukey 5% = 6,09 50 SP CP 45 0 0 75 150 SATURAÇÃO POR BASES, % 55 SP = 62,2692 + 0,0572778x - 0,000210222x2 r2 =0,55 P = 0,0228 50 CP = 67,3955 + 0,0484511x - 0,000287259x2 r2 = 0,62 P = 0,0162 45 0 0 225 75 2007 SP CP 150 225 75 75 2009 2008 70 70 SP = 52,3238 - 0,0937267x + 0,000311259x2 65 65 r2 = 0,86 P = 0,001 60 60 CP = 53,8193 + 0,0276578x - 0,000278815x2 r2 = 0,53 P = 0,04 55 55 SP = 60,9 ± 2,45 CP = 61,0647 + 0,0509733x - 0,000262815x2 r2 = 0,50 P = 0,0279 50 45 0 0 75 SP CP 50 SP CP 150 45 0 0 225 75 150 225 75 75 SATURAÇÃO POR BASES, % APÓS FEIJÃO 75 2006 2010 70 y = 60,5093-0,0136089x - 0,000126222x r2 = 0,50 P = 0,04 65 SP = 59,289-0,0518356x r2 = 0,70 P = 0,001 65 60 60 55 55 50 2011 70 2 CP = 58,98 ± 6,3 50 SP CP SP CP 45 0 45 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 0 75 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 Figura 7. Saturação por bases no sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 0-5 cm, em diferentes anos. Guarapuava, PR. 42 APÓS MILHO SATURAÇÃO POR BASES, % 75 75 2007 70 70 65 65 60 60 55 SP = 59,37 CP =61,50 Tukey 5% = 4,2 50 SP CP 45 0 0 75 APÓS FEIJÃO 2006 75 150 55 SP = 62,508 + 0,0163067x r2 = 0,69 P = 0,05 50 CP = 62,2105 + 0,10727x - 0,00035037x2 r2 = 0,80 P = 0,04 45 0 225 75 0 75 150 SATURAÇÃO POR BASES, % 70 65 65 60 60 SP CP 50 75 SP CP 45 0 45 0 0 SP = 54,06 ± 4,90 CP = 54,6133 + 0,0402222x r2 = 0,51 P = 0,008 55 SP = 60,54 ± 5,63 CP = 51,9822 + 0,148296x - 0,000482519x2 r2 = 0,71 p = 0,001 50 150 0 225 75 75 150 225 75 2011 2010 SATURAÇÃO POR BASES, % 225 2009 2008 70 55 SP CP 70 SP = 54,7 CP = 61,8 Tukey 5% = 4,1 70 Tukey 5% ns y = 59,7 ± 6,63 65 65 60 60 55 55 50 50 SP CP 45 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 SP CP 45 0 225 0 75 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 Figura 8. Saturação por bases no sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de 5-10 cm, em diferentes anos. Guarapuava, PR. Na camada de 10-15 cm a evolução dos atributos químicos do solo analisados nesse trabalho seguem comportamento semelhante ao encontrado nas áreas 5-10 cm, porém com menor variação entre tratamentos (Tabela 1). 43 Tabela 1. Teores de matéria orgânica, saturação por bases, pH e CTC no sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de 10 - 15 cm, em diferentes anos. Guarapuava, PR. Matéria orgânica (g kg-1), 10–15cm 2006ns y = 45,68 ± 2,60 SP = 36,273 - 0,10502x + 0,000524x2 r2 = 0,81 P = 0,0001 2007* CP = 39,530 + 0,01106x r2 = 0,45 P = 0,0159 ns 2008 y = 35,51 ± 2,26 2009 ns y = 34,63 ± 1,26 2010 ns y = 44,96 ± 2,62 2011 ns y = 40,68 ± 2,58 Saturação por bases (%), 10–15cm ns 2006 y = 61,83 ± 4,85 y = 60,1217 + 0,0305111x SP = 61,2 2007ns tukey 5%= 3,51 2 r = 0,50 P = 0,0096 CP = 65,9 2008 ns y = 61,15 ± 4,07 SP = 54,35 ± 5,44 2009 ns CP = 54,6453 + 0,127404x r2 = 0,50 P=0,04 0,000438519x2 2010 ns y = 53,33 ± 8,37 2011 ns y = 60,92 ± 5,55 pH, 10–15cm 2006ns y = 5,25 ± 0,18 y = 5,39933 + 0,00118x SP = 5,43 2007ns tukey 5%= 0,14 r2 = 0,30 P = 0,0136 CP = 5,63 2008 ns y = 5,62 ± 0,15 2009 ns y = 5,53 ± 0,21 y = 4,43058 + 0,00877444x - 0,0000341481x2 2010 r2 = 0,27 P = 0,02 2011 y = 4,89 ± 0,22 CTC 5-10 cm 10-15 cm ns 2006 12,83 ± 0,71 12,37 ± 0,77 2007 ns 10,68 ± 0,60 10,28 ± 0,58 ns 2008 10,31 ± 0,62 10,26 ± 0,85 2009 ns 10,26 ± 0,38 9,75 ± 0,53 10,19 2010 10,62 ± 0,72 Tukey 5% = 1,05 11,28 2011 ns 10,17 ± 0,71 9,68 ± 0,92 ns Interação dose de nitrogênio e pastejo não significativa a 5% de probabilidade. *Interação dose de nitrogênio e pastejo significativa a 5% de probabilidade. SP = Sem pastejo. CP = Com pastejo. 44 CONCLUSÕES 1. Áreas com integração feijão/milho-ovinos de corte e com aplicação de N no pasto possibilitam aumento nos teores de matéria orgânica no solo, se comparadas a áreas sem pastejo utilizadas apenas como cobertura do solo. 2. O pH do solo decresce com crescentes doses N aplicadas no pasto. Em áreas com pastejo o pH do solo é maior que áreas sem pastejo. 3. Na integração feijão/milho-ovinos de corte, mediante a inclusão de pastagens e animais no esquema de rotação de culturas no sistema de plantio direto, constituí-se em um fator beneficiador das características químicas do solo. LITERATURA CITADA ACOSTA-MARTI´NEZ. V.; ZOBECK, T.M.; ALLEN, V. Soil Microbial, Chemical and Physical Properties in Continuous Cotton and Integrated Crop–Livestock Systems. Soil Sci. Soc. of America, v.68, p.1875–1884, 2004. ALLEN, V.G.; BAKER, M.T.; SEGARRA, E.; BROWN, C.P. Integrated irrigated crop– livestock systems in dry climates. Agron. 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CAPÍTULO II POTÁSSIO, CÁLCIO, MAGNÉSIO, FÓSFORO E ACIDEZ POTENCIAL NO SOLO EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO FEIJÃO/MILHO-OVINOS DE CORTE SUBMETIDO A ADUBAÇÃO NITROGENADA POTASSIUM, CALCIUM, MAGNESIUM, PHOSPHORUS AND POTENTIAL ACIDITY IN ITEGRATION BEAN/CORN–MEAT SHEEP SYSTEM SUBJECTED TO NITROGEN FERTILIZATION AND GRAZING RESUMO Objetivou-se avaliar os efeitos do pastejo de ovinos e de doses crescentes de adubação nitrogenada em azevém comum + aveia no inverno sobre as concentrações de K, Ca, Mg, P e H+Al no sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte, com rotação feijão e milho no verão durante os anos de 2006 a 2011. Os tratamentos constaram de 75, 150 e 225 kg ha-1 de N e a testemunha sem nitrogênio, com e sem pastejo por ovinos em pastagem de Lolium multiflorum Lam e Avena ssp. As concentrações de K, Ca, Mg, P e H+Al foram avaliadas nas camadas do solo de 0-5; 5-10; e 10-15 cm. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial com parcelas subdivididas, com três repetições. Os teores de K e Ca tiveram influência da dose de N aplicada na pastagem de inverno em alguns anos de avaliação, sendo maiores quando com pastejo, se comparados a áreas sem pastejo e com N. O K apresentou maior movimentação no perfil do solo nas áreas com pastejo no inverno, da superfície para subsuperfície. Verifica-se que não ocorre remoção ou perdas de K, Ca, Mg e P do solo pelo animal, fato que confirma a possibilidade de utilização do animal nas áreas de lavoura no que tange a atributos químicos desejáveis. Palavras-chave: ciclagem de nutrientes, fertilidade do solo, rotação de culturas. ABSTRACT The aim of this study was to evaluate the effects of sheep grazing and increasing rates of nitrogen fertilization on oats + ryegrass at winter on the soil K, Ca, Mg, P and H+Al concentrations in a crop-livestock system with beans and corn crop succession during summer after six years (2006 - 2011) of the experiment establishment. Treatments consisted of different nitrogen levels (0, 75, 150 and 225 kg ha-1) with and without sheep grazing Lolium multiflorum Lam and Avena spp. Soil chemical traits were evaluated at depths of 0-5, 5-10, and 10-15 cm. The experiment was laid out as random block design in a split-plot scheme with three replications. Soil K content were higher at the superficial soil layer and at the treatment with 150 kg ha-1 N and remained high along the four years of assessment. The K and Ca had influence of N applied in winter pastures in some years of evaluation, and were higher in N and grazing, compared to ungrazed areas and N. The K showed greater movement in the soil profile in areas with grazing in winter, the surface to subsurface. There were no nutrient (K, Ca, Mg and P) losses or extraction when under grazing, fact that confirms the possibility of using animals in the crop-livestock areas without affecting its chemical traits. 49 Key words: crop rotation, nutrient cycling, soil fertility INTRODUÇÃO A integração entre lavoura-pecuária traz efeitos benéficos como otimização da produtividade da propriedade, melhoria na qualidade do solo ao longo do tempo (ENTZ et al., 2002) e a presença do animal geralmente melhora o retorno do nutriente no processo de ciclagem (CARVALHO et al., 2006). Na região Sul do Brasil, o cultivo de aveia e azevém (CRUSCIOL et al., 2005), tem como objetivo a proteção e conservação do solo, além da produção de material vegetal em quantidades suficientes para o plantio direto das culturas de verão. Aveia e azevém podem ser utilizadas como fonte de alimento para ruminantes (principalmente bovinos e ovinos) em pastejo, como fonte alternativa de renda ao produtor durante o inverno (BALBINOT JR. et al., 2008) e participação direta e indireta do animal na ciclagem de nutrientes (CANTARUTTI et al., 2001) em sistema de integração lavourapecuária (ILP). A dinâmica do nutriente no solo é influenciada pelo manejo (DORAN, 2002) e é de grande importância a avaliação do sistema de produção em longo prazo, para verificar a sustentabilidade do sistema. A rotação de culturas e a presença do animal em sistemas de integração lavoura pecuária podem influenciar nas características químicas, físicas e biológicas do solo, são desejáveis a um bom desenvolvimento de plantas e à preservação da biodiversidade, o que traz equilíbrio ao ecossistema produtivo. Tais fatores proporcionam a redução de insumos externos (fertilizantes e produtos químicos) e tornam o sistema de produção mais eficiente. No que se refere à ciclagem de nutrientes, o animal tem ativa participação ao retornar os nutrientes à pastagem via fezes e urina (HAYNES & WILLIAMS, 1993), o que pode representar até 90% do ingerido. Nutrientes que podem estar mais facilmente disponíveis à planta se comparados ao processo de decomposição da matéria vegetal sem passar pelo trato digestivo do ruminante. Entre os atributos químicos observa-se que a presença do animal caracteriza variação nos teores de K (FERREIRA et al., 2009), P, Ca e Mg (FLORES et al., 2008) bem como pode interferir na condição de acidez potencial do solo através da liberação de ácidos orgânicos (FRANCHINI et al., 2000) na decomposição dos resíduos animais, como fezes. Nesse sentido, são escassos os trabalhos que caracterizam os atributos químicos do solo em sistemas 50 de integração lavoura-pecuária, quando existe a presença do animal em pastejo e em longo prazo. Objetivou-se avaliar a evolução no tempo e no perfil do solo de K, Ca e H+Al do solo em um sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte durante quatro anos após seu estabelecimento em função de doses de nitrogênio na pastagem de inverno, com e sem pastejo e rotação de milho e feijão no verão. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi iniciado em junho de 2006 no Campus CEDETEG da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) em Guarapuava, PR, com latitude a 25 º 33 ’ S, longitude de 51 º 29 ’ Oeste e de 1 095 m. O solo é classificado como associação Latossolo Bruno álico relevo suave ondulado, substrato de rochas basálticas (EMBRAPA, 2006) de textura argilosa (0,624 kg kg-1 de argila, 0,311 kg kg-1 de silte e 0,080 kg kg-1 de areia). O solo vinha sendo cultivado no sistema de plantio direto a oito anos e no verão anterior (2005/2006) com produção de milho para silagem após pousio no inverno de 2005. O clima, segundo a classificação de KÖPPEN, é do tipo Cfb (MAAK, 1968). A precipitação anual varia de 1 400 a 1 800 mm e os meses de abril e maio são os mais secos (IAPAR, 2007). Antes da implantação do sistema de integração em abril de 2006, a área experimental vinha sendo utilizada com sistema de plantio direto e no verão anterior (2005/2006) com produção de milho para silagem após pousio no inverno. A partir de 2006, a área vem sendo utilizada com cultivo de aveia branca (Avena sativa), aveia preta comum (Avena strigosa) e Azevém comum (Lolium multiflorum) no inverno e rotação de milho e feijão no período estival. Trata-se de um experimento no delineamento de blocos ao acaso em parcela subdividida, com três repetições. Nas parcelas principais foram alocados os níveis de nitrogênio 0, 75, 150 e 225 kg ha-1 (ureia com 45% de nitrogênio) e nas subparcelas o fator com e sem pastejo. Em cada parcela principal foi isolada do pastejo uma área de 96 m2 e o restante pastejado com ovinos da raça Ile de France em lotação contínua com taxa de lotação variável e mantida a altura média do dossel de plantas em 14 cm. A semeadura das culturas de inverno foi feita em sistema de plantio direto com espaçamento de 17 cm. Nessas culturas foram utilizados, na adubação de base 60 kg ha-1 P2O5 51 e 60 kg ha-1 de K2O em cobertura e quantidade de N aplicado em função dos tratamentos descritos acima. Cerca de 20 a 30 dias antes da semeadura do milho ou feijão (conforme ano de cultivo) os animais eram retirados da área, com posterior dessecação da pastagem utilizando 2,5 l ha-1 de glifosate. Após esse período era feita a semeadura do milho (Zea mays) e feijão (Phaseolus vulgaris) em rotação. Para o milho, a adubação do P e o K foram aplicados a lanço, antes da semeadura, nas dosagens de 100 kg ha-1 de P2O5 e 100 kg ha-1 de K2O, sendo as fontes o supertriplo e o cloreto de K, respectivamente. O nitrogênio foi aplicado todo a lanço, após a emergência da cultura, na quantidade de 150 kg ha-1. A fonte utilizada foi a ureia (45% de N). Para o feijão a fertilização era realizada com 100 kg ha-1 de P2O5, sendo a fonte o superfosfatotriplo como fonte de P e 190 kg ha-1 de K2O sendo a fonte o cloreto de K. O nitrogênio foi aplicado na dosagem de 120 kg ha-1 e o controle das plantas daninhas, pragas e doenças foram efetuados durante todo o ciclo da cultura estival. Anualmente, nos meses de maio de 2006 e abril de 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011 imediatamente após o cultivo estival de milho ou feijão, foram retiradas em cada unidade experimental oito amostras simples para compor uma amostra composta nas camadas de 0-5, 5-10 e 10 a 15 cm. Os pontos de amostragem foram referenciados, por meio de uma “malha”, com dimensões conhecidas, possibilitando a amostragem próxima do mesmo ponto ano a ano. As amostras foram enviadas para o laboratorio de análises da TECSOLO – Guarapuava - PR onde foram determinados os teores de K, Ca, Mg, P e H + Al. O K e P foi extraído com a solução de Mehlich e determinado no fotômetro de chama; o Ca+Mg+Al, Ca foram extraídos com KCl 1 mol L-1. Os resultados foram submetidos a analises de variância pelo teste F a um nível de significância de 5% de probabilidade, utilizando o pacote estatístico Statiscal Analysis System (SAS, 2002) e, posteriormente, quando apresentaram significância, as médias de efeito qualitativo foram comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Para os resultados de efeito quantitativo realizaram-se estudos de regressão. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na implantação do experimento de integração feijão/milho – ovinos de corte em 2006 (Figuras 1 a 3), os teores de K estiveram mais concentrados na superfície do solo (0-5 cm de profundidade), mantendo esse comportamento no período de avaliação de seis anos. 52 Efeito caracterizado pelo sistema de plantio direto, onde os nutrientes tendem a se concentrar, especialmente na camada de solo de 0 a 10 cm (SOUZA & ALVES, 2003; CAVALCANTE et al., 2007; ZANÃO JUNIOR et al., 2010). Foi observada interação doses de N e com/sem pastejo no inverno para os teores de K no solo apenas no ano de 2011 nas camadas de 0-5 (Figura 1) e 5-10 cm (Figura 2). Esses teores decresceram com as crescentes doses de N aplicadas na pastagem, quando com pastejo no inverno. Para os outros anos observa-se migração do K das camadas superficiais para camadas mais profundas no solo, especialmente nas áreas com pastejo no inverno. Verifica-se o comportamento do K no solo no ano de 2010, onde na camada 0-5 cm os teores de K foram menores nas áreas com pastejo, e passam a apresentar comportamento contrário na camada de 10-15 cm (Figura 3). Ainda, considerando que nos anos anteriores e nessas áreas com pastejo, o K era superior às áreas sem pastejo. O fato de maiores doses de N terem conduzido a um menor acúmulo de K no solo se deve possivelmente à maior carga animal na condição de maior fertilização da pastagem (225 kg ha-1 de N) atrelada ao maior rendimento de grãos no verão, considerando o efeito residual do N aplicado no inverno para a cultura de verão como ao encontrado por ANDREOLLA (2010) neste mesmo trabalho, como também observado por ASSMANN et al. (2003) em experimento similar. FERREIRA et al. (2009) avaliaram a concentração de K em um sistema de integração lavoura-pecuária em diferentes intensidades de pastejo na pastagem de aveia preta + azevém. Na avaliação, observaram menores concentrações de K na altura de manejo da pastagem de 10 cm a qual possuía maior carga animal. Tal resultado é atribuído a possíveis perdas, uma vez que o K, que retorna em torno de 90 % via urina do que é ingerido pelo animal (WILKINSON & LOWREY, 1973) e estando na forma iônica, será mais facilmente absorvido pela planta (HAYNES & WILLIAMS, 1993) como também mais propenso a perdas por lixiviação ou erosão, devido ao K, nessas condições, ser solúvel em água (DAVIES et al., 1962). Contudo, não se observaram drásticas reduções nas concentrações de K no solo na camada 0-15 cm a ponto de serem prejudiciais ao desenvolvimento das culturas, considerando a coleta feita após colheita da cultura de verão. A lixiviação de K em pastagem é normalmente baixa, conforme salienta KAYSER & ISSELSTEIN (2005), mas altos teores de K disponíveis no solo e alta entrada de K via fertilizante ou urina levam a incrementos de perdas. 53 330 APÓS MILHO K, mg kg-1 300 330 2006 270 270 240 240 210 210 180 180 150 150 120 120 SP = 172,90 CP = 210,92 Tukey 5% = 72,06 90 60 60 0 0 75 150 225 0 75 150 225 330 330 300 300 2008 SP = 122,17 CP = 97,17 Tukey 5% = 16,53 240 210 SP = 176,80 CP = 166,07 Tukey 5% = ns 270 270 K, mg kg-1 2007 SP = 159,57 CP = 214,5 Tukey 5% = 25,39 90 0 2009 240 210 180 180 150 150 120 120 90 90 60 60 0 0 0 75 150 0 225 75 150 330 330 300 SP = 190,45 CP = 114,72 Tukey 5% = 30,05 270 K, mg kg-1 APÓS FEIJÃO 300 2010 225 2011 300 270 240 240 210 210 180 180 150 150 120 120 90 90 60 60 SP = 325,52 - 0,3397x r2 = 0,90 P = 0,005 CP = 287,30 Tukey 5% = ns 0 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 0 75 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 Figura 1. Teores de K no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de 0-5 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR. 54 APÓS MILHO 330 300 300 270 K, mg kg-1 SP = 87,10 CP = 95,85 Tukey 5% = ns 210 210 y = 78,52 + 0,2496x 180 180 150 150 120 120 90 90 60 60 0 2007 r2 = 0,85 P = 0,0115 0 0 75 150 330 225 270 210 75 150 225 2009 300 270 SP = 90,18 CP = 86,35 Tukey 5% = ns 240 0 330 2008 300 K, mg kg-1 240 SP = 159,57 CP = 214,5 Tukey 5% = ns 270 240 240 SP = 121,87 CP = 107,57 Tukey 5% = ns 210 180 180 150 150 120 120 90 90 60 60 0 0 0 75 150 0 225 330 75 150 330 300 SP = 115,92 CP = 104,57 Tukey 5% = ns 270 240 K, mg kg-1 APÓS FEIJÃO 330 2006 2011 300 2010 225 270 240 210 210 180 180 150 150 120 120 90 90 60 60 0 SP = 216,12 CP = 221,39 - 0,6101x + 0,0021x2 r2 = 0,90 P = 0,041 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 0 75 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 Figura 2. Teores de K no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 5-10 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR. 55 330 APÓS MILHO 330 2006 300 K, mg kg-1 240 240 SP = 75,40 CP = 89,70 Tukey 5% = ns 210 y = 50,895-0,0624x + 0,00104x2 r2 = 0,82 P = 0,023 210 180 180 150 150 120 120 90 90 60 60 0 0 0 75 150 0 225 75 150 330 330 2008 300 270 210 225 2009 300 270 SP = 73,45 CP = 54,27 Tukey 5% = 12,37 240 K, mg kg-1 2007 SP = 64,35 CP = 64,35 Tukey 5% = ns 270 270 240 SP = 79,40 CP = 79,62 Tukey 5% = ns 210 180 180 150 150 120 120 90 90 60 60 0 0 0 75 150 225 0 75 150 330 330 300 SP = 117,97 CP = 168,35 Tukey 5% = 44,78 270 240 K, mg kg-1 APÓS FEIJÃO 300 2010 2011 300 SP = 162,82 CP = 156,32 Tukey 5% = ns 270 240 210 210 180 180 150 150 120 120 90 90 60 60 225 y = 170,075 - 0,5373x + 0,0021x2 r2 = 0,60 P = 0,032 0 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 Figura 3. Teores de K no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de 10-15 cm de profundidade, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR. Houve influência do pastejo por ovinos na concentração de K no solo (Figura 1). Na implantação do experimento o K está superior nas áreas com pastejo se comparado às áreas sem pastejo. Já nos anos seguintes observou-se inversão nas concentrações de K no solo, 56 sendo superiores os teores de K nas áreas sem pastejo no ano de 2008. Contudo, em 2009 quando se compara os tratamentos com e sem pastejo, as diferenças para os teores de K são observadas apenas entre camadas de solo. LUSTOSA (1998) observou acúmulo de K nas áreas de concentração dos animais, enquanto FERREIRA et al. (2009) relata possível lixiviação de K em áreas de pastejo intenso. A diminuição de concentrações de K do ano de 2007 para 2008 também foi observada nas camadas mais superficiais o que sugere a maior extração do nutriente pela cultura do milho. Outro fator importante é que nas áreas com pastejo o rendimento de grãos de milho foi superior em 585 kg ha-1 em relação às áreas sem pastejo (ANDREOLLA, 2010) trazendo maior exportação de nutrientes pela cultura do milho nesse sistema e não há evidencias de que ocorra extração de nutrientes pelo animal. Já para o feijão na safra 2006/2007 a diferença entre com e sem pastejo foi de 75 kg ha-1 (ANDREOLLA, 2010), menor diferença se comparado com o milho. Os teores de Ca no solo apresentaram-se uniformes em 2006 nas camadas do solo de 0-5 (Figura 4) e 5-10 cm (Figura 5). Houve interação (p<0,05) entre doses de N e com/sem pastejo no inverno para os teores de Ca na camada de 0-5 cm nos anos de 2007 e 2009, bem como na camada 5-10 cm em 2009. Nesses anos, com aumento da dose de N houve incremento dos teores de Ca no solo quando com animais em pastejo no inverno se comparado a áreas sem pastejo, que não se ajustaram a modelos de regressão e são representados pela média (Figura 4 e 5). Observaram-se maiores teores de Ca no solo nas áreas com pastejo no inverno no ano de 2011, sem influência de doses de N aplicados no inverno. Os teores de Ca foram uniformes entre as camadas de solo avaliadas, o que caracterizou influência do animal em proporcionar maior teor de Ca na camada de 5-10 cm se comparada a áreas sem pastejo. 57 APÓS MILHO Ca, cmolc dm-3 7 6 6 5 5 4 r2 = 0,61 P = 0,011 3 2 2 1 1 0 0 75 150 0 225 75 150 7 7 2008 SP CP y = 3,48 ± 0,25 6 Ca, cmolc dm-3 CP = 3,25 + 0,0111111x - 0,0000414815x2 4 SP CP y = 5,08 ± 0,39 3 2007 SP = 2,95 ± 0,18 0 5 5 4 4 3 3 2 2 1 1 225 2009 SP = 2,70 ± 0,71 6 CP = 3,77917 + 0,0104556x - 0,0000463704x2 r2 = 0,63 P = 0,0032 0 0 0 75 150 0 225 75 150 225 7 7 SP CP y = 3,32 ± 0,49 6 5 Ca, cmolc dm-3 APÓS FEIJÃO 7 2006 2010 SP = 2,57 CP = 3,06 Tukey 5% = 0,41 6 5 4 4 3 3 2 2 1 1 0 2011 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 Figura 4. Teores de Ca no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 0-5 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR. 58 APÓS MILHO 7 Ca, cmolc dm-3 6 5 4 4 3 SP CP y = 4,53 ± 0,27 2 2 1 1 0 0 0 75 150 225 7 Ca, cmolc dm-3 0 75 150 225 7 2008 SP CP y = 3,56 ± 0,63 6 2009 SP = 3,09 ± 0,70 6 5 5 4 4 3 3 2 2 1 1 0 CP = 3,13117 + 0,0155267x - 0,000054963x2 r2 = 0,54 P = 0,0339 0 0 75 150 225 0 75 150 225 7 7 SP CP y = 3,56 ± 0,51 6 Ca, cmolc dm-3 2007 SP = 2,77 CP = 3,62 Tukey 5% = 0,38 6 5 3 APÓS FEIJÃO 7 2006 SP = 2,60 CP = 3,01 Tukey 5% = 0,29 6 2010 5 5 4 4 3 3 2 2 1 1 0 2011 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 Figura 5. Teores de Ca no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 5-10 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR. O fornecimento de minerais aos animais durante o período de pastejo e seu retorno via fezes e urina a essas áreas parece estar contribuindo para uma melhoria na disponibilidade de Ca no solo (Figura 4 e 5). As maiores concentrações de Ca nas áreas com pastejo estão de acordo com as encontradas por FLORES et al. (2008), que trabalhando com calagem 59 superficial observou maiores concentrações de Ca nas áreas com pastejo após 24 meses da aplicação do calcário e efeito positivo do animal na correção do solo. Observaram-se teores muito próximos de Ca entre as camadas amostradas, caracterizando movimentação de Ca no perfil do solo. Isso se deve a liberação de ácidos orgânicos de baixo peso molecular a partir da decomposição de resíduos orgânicos, que atuam como ligantes orgânicos, o que se sugere também a partir da decomposição das fezes dos animais (MIYAZAWA et al., 1993; FRANCHINI et al., 2000). Os teores de P no solo (Figuras 6 e 7) em 2006 apresentavam-se heterogêneos com maiores valores nas áreas onde foram alocados os tratamentos com animais em pastejo no inverno. Esta diferença permaneceu até o ano de 2009, quando passam a assumir valores semelhantes nos anos de 2010 e 2011. Contudo, observou-se acúmulo de P no solo em ambos tratamentos e em proporções semelhantes no anos de 2010 e 2011 na camada de 0-5 cm (Figura 6). Assim também, Santos et al. (2003) observaram maior acúmulo em superfície de P em plantio direto e diferentes sistemas de produção, utilizando espécies forrageiras e produtoras de grãos. Já na camada de 5-10 cm (Figura 7) os teores de P no solo tiveram mudanças apenas no ano de 2010, quando nas áreas com animais em pastejo no inverno os teores de P foram maiores que nas áreas sem pastejo. O acúmulo de P extraível na camada superficial do solo decorre das aplicações em superfície no sistema de plantio direto e da liberação de resíduos durante a decomposição de vegetais (Sidiras & Pavan, 1985) e animais. 60 APÓS MILHO 10 9 8 P, mg kg-1 6 8 6 5 5 4 4 3 3 2 2 1 1 0 0 75 150 225 0 75 150 10 10 2008 9 225 2009 9 8 8 6 SP = 2,59 CP = 3,79 Tukey 5% = 0,95 7 SP = 3,87 CP = 4,33 Tukey 5% = ns 7 P, mg kg-1 SP = 2,57 CP = 3,34 Tukey 5% = ns 7 0 6 5 5 4 4 3 3 2 2 1 1 0 0 0 75 150 225 0 75 150 10 10 2010 9 8 8 7 7 6 5 SP = 6,43 CP = 6,77 Tukey 5% = ns 4 3 225 2011 9 P, mg kg-1 P, mg kg-1 2007 9 SP = 4,05 CP = 4,75 Tukey 5% = ns 7 APÓS FEIJÃO 10 2006 6 5 4 SP = 4,05 CP = 4,75 Tukey 5% = ns 3 2 2 1 1 y = 7,6796 - 0,0394x + 0,0001x2 r2 = 0,90 P = 0,041 0 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 0 75 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 Figura 6. Teores de P no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 0-5 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR. 61 APÓS MILHO 10 9 9 8 P, mg kg-1 6 SP = 2,10 CP = 2,07 Tukey 5% = ns 7 6 5 5 4 4 3 3 2 2 1 1 0 0 0 75 150 10 225 0 75 150 10 2008 9 225 2009 9 8 8 SP = 2,88 CP = 3,02 Tukey 5% = ns 7 P, mg kg-1 2007 8 SP = 2,83 CP = 3,11 Tukey 5% = ns 7 6 SP = 1,90 CP = 1,66 Tukey 5% = ns 7 6 5 5 4 4 3 3 2 2 1 1 0 0 0 75 150 10 225 0 75 150 2011 9 8 SP = 1,77 CP = 1,69 Tukey 5% = ns 8 SP = 2,75 CP = 4,14 Tukey 5% = 1,04 7 225 10 2010 9 P, mg kg-1 APÓS FEIJÃO 10 2006 7 6 6 5 5 4 4 3 3 2 2 1 1 0 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 Figura 7. Teores de P no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 5-10 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR. Os teores de H +Al também foram uniformes no início do experimento (Figuras 8 e 9). Apenas em 2007 os valores de H + Al foram superiores nas áreas sem animais em pastejo no inverno na camada do solo de 0-5 cm (Figura 8). Em 2009 e 2010 a H + Al aumentaram, embora com pouca expressão, quando com crescentes doses de N no inverno. Foram poucas 62 as variações para H + Al, porém quando com diferença entre áreas com e sem animais em pastejo no inverno, as áreas com pastejo apresentaram menores valores de H + Al. Vários mecanismos podem estar envolvidos na mudança da acidez do solo em camadas subsuperficiais, especialmente quando aplicado o calcário em superfície, como nesse trabalho e no sistema de plantio direto (CAIRES et al., 2000; FLORES et al., 2008). Uma possível explicação é a migração de Ca(HCO3)2 e Mg(HCO3)2 para camadas mais profundas de solo (OLIVERIA & PAVAN, 1996). Resíduos orgânicos também desempenham papel fundamental (SIDIRAS & PAVAN, 1985) na correção da acidez nas camadas mais profundas, o que pode ser otimizado pelas dejeções dos ovinos em pastejo, assim como observado por FLORES et al. (2008) quando a presença de bovinos em pastejo incrementou o efeito em profundidade da calagem superficial. A deposição de excrementos de origem animal também promove maior atividade microbiana do solo, gerando grande quantidade de bioporos no interior do solo (EDWARDS et al., 1988), por onde pode se dar o deslocamento de partículas de calcário, favorecendo a correção da acidez do solo em subsuperfície (FLORES et al., 2008). Outro fator possível é o deslocamento mecânico de partículas de calcário (AMARAL et al., 2004) ou mesmo de nutrientes pelos canais formados por raízes mortas, uma vez que em pastejo a proporção de raízes tende a ser maior que sem pastejo (SOUZA et al., 2008). 63 APÓS MILHO H + Al, cmolc dm-3 8 7 7 6 6 5 5 4 3 3 2 2 1 1 0 0 75 150 225 0 75 150 8 8 H + Al, cmolc dm-3 2007 SP = 4,14 CP = 3,81 Tukey 5% = 0,30 4 SP = 5,00 CP = 5,35 Tukey 5% = ns 0 7 6 6 5 5 4 4 SP = 4,05 CP = 4,01 Tukey 5% = ns 3 y = 4,2533 - 0,0019x 1 225 2009 2008 7 2 SP = 5,64 CP = 5,44 Tukey 5% = ns 3 2 r2 = 0,91 P = 0,0278 1 0 0 0 75 150 0 225 75 150 8 8 2010 7 H + Al, cmolc dm-3 APÓS FEIJÃO 8 2006 2011 7 SP = 5,09 CP = 5,04 Tukey 5% = ns 6 225 6 5 5 4 4 3 3 2 2 1 1 SP = 4,97 CP = 4,77 Tukey 5% = ns y = 4,2568 + 0,0055x r2 = 0,93 P = 0,0068 0 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 0 75 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 Figura 8. Teores de H + Al no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 0-5 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR. 64 APÓS MILHO H + Al, cmolc dm-3 8 7 7 6 6 5 5 4 4 SP = 5,20 CP = 4,85 Tukey 5% = ns 3 2 2 1 0 0 0 8 75 150 225 0 75 150 225 8 SP = 4,05 CP = 4,01 Tukey 5% = ns 7 2008 2009 7 y = 4,56342 - 0,00932111x + 0,0000294074x2 r2 = 0,95 P = 0,04 6 H + Al, cmolc dm-3 2007 SP = 3,77 CP = 3,47 Tukey 5% = 0,28 3 1 5 6 5 4 4 3 3 2 2 1 1 SP = 4,75 CP = 4,07 Tukey 5% = 0,47 0 0 0 75 150 8 6 5 4 3 75 150 8 225 2011 7 SP = 4,24 CP = 3,89 Tukey 5% = ns 6 H + Al, cmolc dm-3 SP = 4,32 CP = 4,33 Tukey 5% = ns 0 225 2010 7 H + Al, cmolc dm-3 APÓS FEIJÃO 8 2006 5 4 3 2 2 1 1 0 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 Figura 9. Teores de H + Al no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 5-10 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR. Os teores de Mg não sofreram influência das doses de N aplicadas no inverno, bem como não foram influenciados pela presença do animal em pastejo no inverno (Tabela 1). A presença do animal em áreas onde antes apenas era utilizada com produção agrícola foi positiva. Todavia, para alguns atributos químicos, como para P, não foram 65 observadas diferenças entre áreas com e sem animais em pastejo no inverno. Este resultado é muito importante para sistemas de integração lavoura-pecuária, visto que foi possível a produção de animais no inverno e preservação das características de fertilidade química do solo, possibilitando produzir grãos em sequência. Tabela 1. Teores de Ca, P, Mg e H+Al no sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio (0, 75, 150 e 225 kg ha-1) e a utilização ou não do pastejo no inverno, na camada de solo de 10 - 15 cm, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Guarapuava, PR. Ca (cmolc dm-3), 10 – 15cm P (mg kg-1), 10 - 15 cm 2006 y = 4,58 ± 0,45 y = 2,62 ± 0,52 SP = 2,60 Tukey 5%= 0,37 2007 ns y = 1,45 ± 0,45 CP = 3,48 2008 ns y = 3,54 ± 0,29 y = 2,36 ± 0,24 ns 2009 y = 3,38 ± 0,45 y = 1,22 ± 0,18 ns 2010 y = 3,29 ± 0,28 y = 1,67 ± 0,53 2011 ns y = 2,88 ± 0,36 y = 0,99 ± 0,16 -3 Mg, cmolc dm 0 – 5 cm 5 – 10 cm 10 – 15 cm ns 2006 y = 2,88 ± 0,33 2,89 ± 0,29 2,85 ± 0,39 2007 ns y = 3,65 ± 0,45 3,47 ± 0,42 3,35 ± 0,39 ns 2008 y = 2,51 ± 0,38 2,34 ± 0,34 2,56 ± 0,37 ns 2009 y = 1,70 ± 0,32 1,97 ± 0,23 2,09 ± 0,28 2010 ns y = 2,34 ± 0,31 2,57 ± 0,34 2,34 ± 0,41 ns 2011 y = 2,58 ± 0,39 2,78 ± 0,51 2,64 ± 0,52 H + Al, cmolc dm-3, 10 - 15 cm 2006ns y = 4,71 ± 0, 41 2007 ns y = 3,73 ± 0,30 SP = 4, 17 2008 ns Tukey 5% = 0,34 CP = 3,82 SP = 3,77 2009 ns Tukey 5% = 0,41 CP = 4,51 2010 ns y = 4,73 ± 0,65 CP = 3,90 2011 ns Tukey 5% = 0,29 SP = 3,59 ns Interação dose de nitrogênio e pastejo não significativa a 5% de probabilidade. *Interação dose de nitrogênio e pastejo significativa a 5% de probabilidade. SP = Sem pastejo. CP = Com pastejo. ns 66 CONCLUSÕES O pastejo no inverno, com ovinos, não caracteriza extração e perdas de K e Ca no sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em sistema de plantio direto. Pelo contrário, aumentam-se as concentrações de Ca com o pastejo, inclusive em camadas mais profundas do solo. Após o cultivo do milho as concentrações de K são menores no solo em relação ao período após o cultivo do feijão. A acidez potencial do solo (H + Al) é maior nas áreas sem pastejo na camada de solo de 0-15 cm, sugerindo que o animal no sistema determina melhores condições na fertilidade do solo, desmistificando paradigmas de que o animal extrai ou favoreça as perdas de nutrientes quando em sistemas de integração lavourapecuária. REFERÊNCIAS AMARAL, A.S.; et al. Movimentação de partículas de calcário no perfil de um Cambissolo em plantio direto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.28, p.359-367, 2004 ANDREOLLA, V.R.M. 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CAPITULO III BIOMASSA E ATIVIDADE MICROBIANA DO SOLO EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO FEIJÃO/MILHO-OVINOS DE CORTE SUBMETIDO A ADUBAÇÃO NITROGENADA RESUMO A biomassa microbiana no solo participa ativamente no processo de ciclagem de nutrientes e em um sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte pode ser estimulada pelo efeito dos animais em pastejo e do nitrogênio. Objetivou-se avaliar os efeitos do pastejo de ovinos e de doses crescentes de adubação nitrogenada em Lolium multiflorum Lam e Avena strigosa no inverno sobre a biomassa e atividade microbiana após três anos de sua implantação, com coletas após cultivo do feijão e antes da semeadura da pastagem (Fase 1: 19/05/2009); durante o período de inverno (Fase 2: 27/07/2009); e na emergência do milho em rotação a pastagem (Fase 3: 30/11/2009), em sistema de plantio direto. Os tratamentos constaram de 75, 150 e 225 kg ha-1 de N e a testemunha sem N, com e sem pastejo por ovinos em pastagem. A biomassa microbiana e a respiração basal são maiores na camada de 0-5 cm, onde também se obtiveram maiores concentrações de matéria orgânica. Existe correlação positiva da matéria orgânica do solo com a biomassa microbiana e o pastejo aumenta a biomassa microbiana no solo, tanto no inverno (pastagem), como no verão, com a lavoura, na camada de 0-5 cm. Na fase de inverno, o pastejo favorece o aumento na atividade microbiana com crescentes doses de N, já na fase de lavoura a atividade microbiana é diminuída com a alta dose de N aplicada na pastagem. Palavras-chave: biomassa microbiana, matéria orgânica, pastagem de inverno, rotação de culturas. BIOMASS AND MICROBIAL ACTIVITY OF THE SOIL IN ITEGRATION BEAN/CORN–MEAT SHEEP SYSTEM SUBJECTED TO NITROGEN FERTILIZATION ABSTRACT Soil microbial biomass acts directly on the nutrient cycling which can be improved at integrated systems such as the crop-livestock integration due to the effect of grazing animals and of nitrogen. The objective was to evaluate the effects of sheep grazing intensities and increasing nitrogen levels on Lolium multiflorum and Avena strigosa at winter on the biomass and microbial activity in an integrated crop livestock system after three years of its establishment, by the no tillage system. With collections of beans and after cultivation before sowing pasture (Phase 1: 5/19/2009) during the winter period (Phase 2: 7/27/2009) and the emergence of corn in succession to grassland (Phase 3: 11/30/2009). Treatments consisted of 0, 75, 150 and 225 kg ha-1 of N with and without sheep grazing on Lolium multiflorum and Avena strigosa. Soil microbial activity were evaluated at depths of 0-5, 5-10, and 10-15 cm. Microbial biomass and basal respiration is greater at the 0-5 cm layer, which also had higher 70 concentrations of organic matter. There is a positive correlation between organic matter on soil microbial biomass. Grazing intensities increased soil microbial activity both at winter (pasture period) and summer (crop period) time at the 0 to 5 cm. At winter, grazing increases microbial activity as the nitrogen levels are increased, fact that changes for the summer crops once the microbial activity is reduced as the nitrogen levels are increased. Key words: cool season pasture, crop rotation, microbial biomass, organic matter. 1. INTRODUÇÃO A biomassa microbiana do solo é considerada a fração viva da matéria orgânica, responsável por processos bioquímicos e biológicos no solo (MOREIRA E SIQUEIRA, 2002). É, sensivelmente alterada e afetada pelas condições de umidade, aeração, temperatura e disponibilidade de substratos (BALOTA et al., 2008) a que fica sujeito o solo, além de outros fatores relacionados a adição de material orgânico (ARAÚJO e MELO, 2010) ou mineral. E, ainda, devido ao sistema de manejo imposto (CATTELAN e VIDOR, 1990), como sistemas de plantio direto, que pela menor perturbação do solo favorecem ao aumento da matéria orgânica no solo (SÁ, et al., 2001) o que possivelmente influencia na maior biomassa microbiana (VALPASSOS et al., 2001). Nesse sentido, a biomassa microbiana está diretamente ligada aos processos de ciclagem de nutrientes no solo (VAN VEEN et al., 1985), podendo ser um compartimento de reserva de nutrientes ou como catalisador na decomposição da matéria orgânica. O manejo imposto pelo sistema de produção afetaria a qualidade desse solo, o que pode ser identificado pela atividade microbiana e a matéria orgânica (SOUZA et al., 2006). Isto decorre do fato de que a matéria orgânica afeta diretamente as características biológicas do solo, sendo fonte de carbono, energia e nutrientes para os microorganismos e seu efeito ou mesmo do sistema de produção sobre a atividade biológica do solo pode ser avaliado pela biomassa microbiana, estimado a partir da liberação de CO2 (BAYER e MIELNICZUK, 2008). Entre os sistemas de produção está a integração lavoura-pecuária que vem sendo implementada e estudada crescentemente com intuito de tornar o ambiente produtivo sustentável (BALBINOT JUNIOR et al., 2009). Com a presença do animal no sistema de produção agrícola objetiva-se tornar mais eficiente o retorno do nutriente no processo de reciclagem resultantes da decomposição de fezes e urina (BAUER et al., 1987). Uma vez que, o animal tem ativa participação ao retornar via fezes e urina, até 90% dos nutrientes ingeridos da pastagem, podendo as excreções modificar a dinâmica do carbono e nutrientes no solo, fontes nutrientes da pastagem (HAYNES e WILLIAMS, 1993; FERREIRA et al., 2009). 71 O N está envolvido no rendimento da pastagem de inverno (ASSMANN et al., 2003) aumentando a produção e consequentemente, acúmulo de resíduo vegetal no solo. Bem como, tem participação no processo de decomposição da matéria orgânica (PURI e ASHMAN, 1998). Uma vez que a qualidade, podendo ser expressa pela relação C:N (CARRAN e THEOBALD, 2000), dos resíduos influencia a sua taxa de decomposição, influenciando na atividade microbiana (BRODER e WAGNER, 1988). A presença do animal no sistema pode modificar o perfil da biomassa microbiana quando com aplicação de nitrogênio. Com aplicação de 30 kg ha-1 de N ASSIS et al (2003), não verificaram influência na atividade respiratória da biomassa, em solo de cerrado sob cultivo de sorgo. Também Cabezas (2008) não encontrou efeito da adubação nitrogenada na atividade respiratória da biomassa microbiana, porém diferenças foram encontradas com a variação da umidade do solo. Contudo, com a aplicação de N é possível que ocorra seu maior consumo pela biomassa microbiana e consequente liberação de CO2 (MOREIRA e SIQUEIRA, 2002). Objetivou-se avaliar os efeitos do pastejo de ovinos e de doses crescentes de adubação nitrogenada na pastagem de inverno de Lolium multiflorum Lam e Avena strigosa sobre a biomassa e atividade microbiana em um sistema de integração lavoura , após três anos de sua implantação, com avaliações após cultivo do feijão e antes da semeadura da pastagem (Fase 1: 19/05/2009); durante o período de inverno (Fase 2: 27/07/2009); e na emergência do milho em rotação à pastagem (Fase 3: 30/11/2009), em sistema de plantio direto. 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento no sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte foi implantado em junho de 2006 na latitude a 25 º 33 ’ S, longitude de 51 º 29 ’ Oeste e de 1 095 m. O solo é classificado como associação Latossolo Bruno álico relevo suave ondulado, (EMBRAPA, 2006) de textura argilosa (0,624 kg kg-1 de argila, 0,311 kg kg-1 de silte e 0,080 kg kg-1 de areia). O clima, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Cfb (MAAK, 1968). A precipitação anual varia de 1 400 a 1 800 mm e os meses de abril e maio são os mais secos (IAPAR, 1994). Antes da implantação do sistema de integração em abril de 2006, a área experimental vinha sendo utilizada com sistema de plantio direto há oito anos. No verão anterior a implantação do experimento (2005/2006) foi cultivado milho para produção de silagem após pousio no inverno. A partir de 2006, a área vem sendo utilizada com cultivo de aveia branca 72 (Avena sativa), aveia preta comum (Avena strigosa) e Azevém comum (Lolium multiflorum) no inverno e rotação de milho e feijão no período estival (Tabela 1). Tabela 1. Rotação de culturas de lavoura no verão e pastagem de inverno no sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte nos anos de 2006, 2007, 2008 e 2009. Inverno Verão .....2006..... .....2007..... .....2008..... .....2009..... L. Avena Sativa + L. A. strigosa + L. A. strigosa + L. multiflorum multiflorum multiflorum multiflorum P. vulgaris Zea mays P. vulgaris Zea mays Trata-se de um experimento no delineamento de blocos ao acaso em parcela subdividida, com três repetições. Nas parcelas principais foram alocados os níveis de 0, 75, 150 e 225 kg ha-1 de N (ureia com 45% de N). Em cada parcela principal (com 0,2 ha cada) foi isolado do pastejo uma área de 96 m2, a qual constituiu a área sem pastejo, e o restante da parcela em pastejo com ovinos, alocando-se o fator com e sem pastejo nas subparcelas. O pastejo foi feito com ovinos da raça Ile de France em lotação contínua com taxa de lotação variável (MOTT e LUCAS, 1952) e mantida a altura média da pastagem 14 cm. A semeadura das culturas de inverno foi feita em sistema de plantio direto com espaçamento de 17 cm. Nessas culturas, foram utilizados, na adubação de base, 60 kg ha-1 P2O5 e 60 kg ha-1 de K2O em cobertura e quantidade de N aplicado em função dos tratamentos descritos acima. Cerca de 20 a 30 dias antes da semeadura do milho ou feijão (conforme ano de cultivo) os animais eram retirados da área, com posterior dessecação da pastagem utilizando 2,5 l ha-1 de glifosate. Após esse período era feito a semeadura do milho (Zea mays) e feijão (Phaseolus vulgaris) em rotação, conforme Tabela 1. Para o milho, a adubação do P e o K foi aplicada a lanço, antes da semeadura, nas dosagens de 100 kg ha-1 de P2O5 e 100 kg ha-1 de K2O, sendo as fontes o supertriplo e o cloreto de K, respectivamente. O N foi aplicado todo a lanço, após a emergência da cultura, na quantidade de 150 kg ha -1de ureia (45% de N). Para o feijão a fertilização foi realizada com 100 kg ha-1 de P2O5, sendo a fonte o superfosfatotriplo como fonte de P e 190 kg ha-1 de K2O sendo a fonte o cloreto de K. O N aplicado na dosagem de 120 kg ha-1. O controle das plantas daninhas, pragas e doenças foi efetuado durante todo o ciclo da cultura estival. No ano de 2009 foram coletadas subamostras de solo nas camadas de 0–5, 5–10 e 10– 15 cm, em oito pontos por parcela com auxílio de um trado, tipo calador, a fim de compor uma amostra composta das respectivas camadas de tratamentos impostos sob a cultura de 73 inverno, conforme combinação entre doses de N versus com e sem pastejo. As amostragens foram feitas em três fases distintas: Fase 1: após cultivo do feijão e antes da implantação da pastagem de inverno no dia 19/05/2009; Fase 2: durante o inverno, no cultivo e utilização da pastagem, em 27/07/2009; e Fase 3: na fase de emergência do milho no dia 30/11/2009. Para todas as amostras determinaram-se a umidade gravimétrica, expressa na tabela 2. Após a coleta, as amostras foram peneiradas em malha de 2 mm. As amostras de solo, de peso equivalente a 30 g de solo seco, foram avaliadas com a umidade das amostras de solo ajustadas para 60% de sua capacidade de campo. A respiração induzida pelo substrato, em cada subparcela, foi avaliada conforme ANDERSON e DOMSCH, (1990), utilizando-se um analisador de CO2 por infravermelho (IRGA), conforme descrito por HEINEMEYER et al (1989) e FÖRSTER et al (2006). A liberação de CO2 registrada no IRGA após a adição de glicose foi transformada em biomassa microbiana pela fórmula: Biomassa em mg C kg-1solo = (µlCO2 min-1 g-1 solo x 40,04) + 0,37. A respiração basal e a respiração induzida máxima também foram avaliadas no IRGA. A respiração basal (µl CO2 g-1 h-1) correspondeu à liberação de CO2 resultante da atividade microbiana no solo antes da adição de glicose e reflete a mineralização do carbono. A respiração induzida máxima foi avaliada de 10 a 15 horas após a adição de glicose ao solo e representa a atividade microbiana sobre resíduos recalcitrantes. Juntamente com a primeira coleta (19/05/2009), após colheita do feijão, foram analisadas as concentrações de matéria orgânica, no laboratorio de análises da TECSOLO – Guarapuava – PR, em cada parcela, da amostra composta para as camadas de 0-5, 5-10 e 10 a 15 cm. Os resutaldos foram submetidos a análises de variância pelo teste F a um nível de significância de 5% (p<0,05) de probabilidade utilizando o pacote estatístico Statiscal Analysis System (SAS, 2002) e, posteriormente, quando apresentaram significância, as médias de efeito qualitativo foram comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Para os resultados de efeito quantitativo, realizaram-se estudos de regressão considerando o maior grau significativo. As análises dos dados foram feitas dentro de cada camada de solo considando como fatores as doses de N e com/sem pastejo, no delineamento de blocos ao acaso em parcelas subdivididas. A parcela principal era alocado as doses de N (efeito quantitativo) e nas subparcelas o uso ou não do pastejo (efeito qualitativo). As fases não foram comparadas entre si. 74 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A umidade gravimétrica do solo não apresentou diferenças entre os tratamentos (Tabela 2), o que caracteriza efeito dos fatores (N e pastejo) impostos, uma vez que a biomassa microbiana é sensivelmente influência da umidade do solo (Balota et al., 2008). A atividade microbiana foi maior na camada superficial do solo de 0-5 cm nas três fases de avaliações (Figura 1a) assim como para respiração basal (Figura 1b) quando comparada com as camadas 5-10 e 10-15 cm do solo. Efeito caracterizado pela maior concentração de matéria orgânica encontrada na camada superficial (Figura 2a), o que está comprovando em sistemas de plantio direto (CIOTTA et al., 2003). Para CATTELAN e VIDOR (1990) os sistemas de plantio direto, que apresentam maior retorno e permanência de resíduos vegetais no solo devido ao menor revolvimento, resultam em maiores valores de biomassa e atividade microbiana. Resultados semelhantes aos encontrados por VARGAS e SCHOLLES (2000) com maior biomassa microbiana na camada de 0-5 cm em diferentes sistemas de manejo. Tabela 2. Umidade gravimétrica, na camada de 0 a 15 cm, em um Latossolo Bruno, em sistema de integração lavoura-pecuária submetido a doses de N e uso ou não do pastejo com ovinos nas datas 19/05; 27/07 e 30/11/2009. kg ha-1 0 75 150 225 ---Fase 1: 19/05/2009-----Fase 2: 27/07/2009-----Fase 2: 30/11/2009--Com pastejo Sem pastejo Com pastejo Sem pastejo Com pastejo Sem pastejo --------------------------------------------kg kg-1-------------------------------------------0,28 0,28 0,29 0,27 0,26 0,25 0,27 0,28 0,28 0,28 0,25 0,26 0,28 0,28 0,28 0,29 0,25 0,24 0,27 0,27 0,29 0,28 0,27 0,26 Observou-se relação positiva e linear (Figura 2b) e correlação significativa (r = 0,74) entre concentração de matéria orgânica no solo e biomassa microbiana. Resultados semelhantes ao encontrado por CATTELAN e VIDOR (1990) com relação positiva (r = 0,92) entre as concentrações de matéria orgânica e a biomassa microbiana em diferentes sistemas de culturas, dentre elas uso de aveia/milho. Também GARCIA e NAHAS (2007) observaram correlação positiva (r = 0,81) entre matéria orgânica e biomassa microbiana no solo trabalhando com ovinos em pastejo de pastagem perene (Cynodon dactylon cv. Tifton 85). Tal relação se deve possivelmente a diferentes condições de umidade e temperatura 75 (BRAGAGNOLO e MIELNICZUK, 1990), aeração e agregação do solo (PALADINI e MIELNICZUK, 1991) e conteúdo de nutrientes (TESTA et al., 1992). A) B) 0 a 5 cm 5 a 10 cm 10 a 20 cm -1 Respiração basal [µL CO2 h g de solo] Biomassa Microbiana [µg g-1 de solo] 800 0 a 5 cm 5 a 10 cm 10 a 20 cm 1,4 1,2 -1 600 1,6 400 200 0 19/05/2009 27/07/2009 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 30/11/2009 19/05/2009 Data da avaliação 27/07/2009 30/11/2009 Data da avaliação Figura 1. A) - Biomassa microbiana (µg g-1 de solo) e B) - Respiração basal (µL CO2 h-1 g-1 de solo) no solo em um sistema de integração lavoura-pecuária em função da camada de solo amostrada (0-5; 5-10 e 10-15 cm) nas datas 19/05; 27/07 e 30/11/2009. Em cada data, barras não coincidente diferem pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. A concentração de matéria orgânica no solo, não apresentou diferença em função das doses de N aplicadas no inverno, possivelmente pelos altos valores de matéria orgânica (> 40 g kg-1 na camada 0-5 cm). Porém, apresentou influência do pastejo e da profundidade (Figura 2a). A maior quantidade de matéria orgânica na superfície também advém da maior produção de raízes, que pode ser aumentada quando em pastejo (SOUZA et al., 2008). a) b) Matéria Orgânica (g dm-3) 0 35 40 45 50 55 60 65 70 55 5 10 15 Com Pastejo Sem Pastejo Teste Tukey 5% Trat. x Prof. = 1,556 Matéria orgânica, g dm-3 Profundidade (cm) 0 0 a 5 cm 5 a 10 cm 10 a 20 cm 50 45 40 35 30 r = 0,74* 25 0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 Biomassa microbiana, µg g-1 de solo Figura 2. Matéria orgânica no solo em função da profundidade e com/sem pastejo (Figura 2a). Correlação matéria orgânica e biomassa microbiana no solo (Figura 2b) em um 76 sistema de integração lavoura-pecuária na fase 1 (19/05/2009). * Significativo a 5% pelo teste T. Na fase 1, foi observada influência da interação entre doses de N versus com/sem pastejo (Figura 3a). A biomassa microbiana foi maior nas áreas com pastejo quando com uso de N (Figura 3a) em relação às áreas sem pastejo. Nas áreas com pastejo no inverno, as concentrações de matéria orgânica no solo, após cultivo da lavoura (feijão), foram maiores na camada de 0-5 e 5-10 cm (Figura 2a) e não houve diferença na camada de 10-15 cm no perfil do solo. SOUZA et al. (2008) também observaram maior biomassa microbiana nas áreas com pastejo, sendo aumentada com maiores intensidades de pastejo, em um sistema de integração feijão/milho – ovinos de corte. O autor atribuiu a maior biomassa microbiana às maiores quantidade de resíduos orgânicos, proporcionado pela maior massa de raízes. Também na Fase 1, a biomassa microbiana diminui com as crescentes doses de N aplicadas na pastagem do inverno anterior, tanto na camada de solo de 0-5 cm como nas camadas de solo de 5-10 cm e de 10-20 cm (Figura 3a e 3b). A relação C:N tem direta participação na decomposição dos resíduos vegetais (CHEN e STARK, 2000). A pastagem cultivada no inverno anterior, ao receber maior quantidade de N possivelmente caracterizou menor relação C:N, fazendo com que fosse rapidamente decomposta pelos microorganismos, em partes liberando nutrientes dos resíduos vegetais ao solo e, em outras frações, incorporando no tecido microbiano (SOUZA et al., 2010). Do contrário, a relação C:N tende a ser maior quanto menor a disponibilidade de N, reduzindo a velocidade de decomposição dos resíduos. Possivelmente as áreas com menor disponibilidade de N no inverno anterior, refletiram na biomassa microbiana encontrada na fase 1. 77 y = 580,554 + 1,78767x - 0,00821553x2 800 r2 = 0,75 P = 0,0002 700 600 500 400 y = 668,726 - 1,29251x r2 = 0,78 P = 0,0001 300 200 Com pastejo Sem pastejo 100 0 0 75 150 225 b) Fase 1: 5 a 10 cm e 10 a 20 cm 300 Biomassa microbiana, µg g -1 de solo Biomassa microbiana, µg g -1 de solo a) Fase 1: 0 a 5 cm y = 245,123 - 0,630808x - 0,00183765x2 r2 = 0,65 P = 0,0069 250 200 150 100 5 a 10 cm 10 a 20 cm 0 0 Nitrogênio, kg ha-1 75 y = 160,532 - 0,184707x r2 = 0,63 P = 0,0001 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 Figura 3. a) Desdobramento da interação dose N versus com/sem pastejo para variável biomassa microbiana na camada de amostragem de 0-5 cm em na data 19/05/2009. b) Biomassa microbiana na profundidade de amostragem de 5-10 e 10-15 cm em função da dose de N na data 19/05/2009. Na Fase 2, foi observada influência da interação entre dose de N versus com/sem pastejo para biomassa microbiana nas camadas de solo 0-5 cm e de 5-10 cm (Figura 4a e 4b). Nessa fase as áreas com pastejo apresentaram maior biomassa microbiana em relação às áreas sem pastejo, especialmente com aplicação de 150 e 225 kg ha-1 de N (Figura 4a). Além da maior concentração de matéria orgânica nas áreas pastejadas (Figura 2a), as plantas de azevém promovem aumento na exsudação de compostos orgânicos pelas raízes (TISDALL e OADES, 1982), que são fontes de energia e carbono para microorganismos no solo. A adubação nitrogenada provavelmente favoreceu maior produção de raízes do pasto no inverno, consequentemente maior a liberação de exsudados aumentando a biomassa microbiana no solo. A produção de forragem da pastagem de inverno foi maior com as crescentes doses de N aplicadas, o que possibilitou também aumento da carga animal. Nesse mesmo trabalho, em 2009, a carga animal foi de 591, 726, 843, 846 kg ha-1 de peso vivo nos tratamentos com 0, 75, 150 e 225 kg ha-1 de N, respectivamente. Nesse sentido as fezes e urina dos ovinos tem baixa relação C:N, sendo mineralizada rapidamente e/ou, acumulam-se no solo, estimulando o metabolismo microbiano (CARRAN e THEOBALD, 2000). 78 Biomassa microbiana, µg g -1 de solo 700 y = 427,767 - 0,559982x - 0,00516303x2 r2 = 0,84 P = 0,0036 600 500 400 y = 396,85 ±36,49 300 Com pastejo Sem pastejo 200 0 0 75 150 Nitrogênio, kg ha-1 225 Biomassa microbiana, µg g -1 de solo b) Fase 2: 5 a 10 cm a) Fase 2: 0 a 5 cm 250 y = 181,877 + 0,0697439x r2 = 0,80 P = 0,0001 200 y = 204,0 - 0,1815554x r2 = 0,65 P = 0,0009 150 Com pastejo Sem pastejo 100 0 0 75 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 Figura 4. Biomassa microbiana (µg g-1 de solo) no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte. Fase 2: Camada de amostragem do solo de 0-5 cm em função da dose de N e com/sem pastejo na data 27/07/2009 (Figura 4a). Fase 2: Camada de amostragem do solo de 5-10 cm em função da dose de N e com/sem pastejo na data 27/07/2009 (Figura 4b). Na Fase 2, nas áreas sem pastejo e na camada 0-5 cm os valores de biomassa microbiana não se ajustaram à regressão polinomial, portanto, sem sofrer alterações com aplicação de N. Já na camada de 5-10 cm a biomassa microbiana é reduzida linearmente com as dose de N (Figura 4b), enquanto que nas áreas com pastejo o efeito é linear e positivo. Nessa fase na camada de 10-15 cm não se observou influência dos fatores impostos (N e pastejo) na biomassa microbiana, com média de 108,2 ±6,48 µg g-1 de solo. Os nutrientes ao reciclarem no sistema solo-planta-animal favorecem a atividade microbiana no solo quando com pastejo, uma vez que retornam ao solo via fezes e urina e o animal participa ativamente em acelerar a ciclagem de nutrientes no sistema. Do contrário, sem pastejo, o N pode estar sendo utilizado pela planta e fica em menor quantidade incorporado na biomassa microbiana, o que pode reduzir a sua atividade no solo. Resultados semelhantes foram encontrados por SOUZA et al. (2008) em sistema de integração soja - bovinos de corte com maior biomassa microbiana nas maiores intensidades de pastejo (maior carga animal) se comparado a sem pastejo. O que corrobora com o observado na fase 2, quando os animais estavam na área e contradiz com o observado na Fase 1 e Fase 3, onde na maior carga animal, aplicação de 225 kg ha-1 de N, a biomassa microbiana foi reduzida (Figuras 3 e 5). 79 A Fase 3 coincidiu com a emergência do milho, cultivado em sequência à pastagem de inverno. Nesta fase a biomassa microbiana foi superior às outras fases e o efeito mais pronunciado do pastejo apenas nas doses de 75 e 150 kg ha-1 de N, com interação entre os fatores N versus com/sem pastejo (Figura 5). Fato esse também observado nas camadas de 510 cm. A camada de 10-15 cm do solo não foi avaliada nessa fase. b) Fase 3: 5 a 10 cm y = 645,474 + 6,26304x - 0,0314652x2 1100 Biomassa microbiana, µg g -1 de solo Biomassa microbiana, µg g -1 de solo a) Fase 3: 0 a 5 cm r2 = 0,77 P = 0,0003 1000 900 800 700 600 y = 619,15 ± 63,58 500 400 Com pastejo Sem pastejo 300 0 0 75 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 600 y = 296,192 + 2,90798x - 0,0136943x2 r2 = 0,80 P = 0,0001 500 400 300 y = 284,102 + 1,00035x - 0,00430605x2 r2 = 0,65 P = 0,0025 200 Com pastejo Sem pastejo 100 0 0 75 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 Figura 5. Biomassa microbiana (µg g-1 de solo) no solo em um sistema de integração lavourapecuária. Fase 3: Camada de amostragem do solo de 0-5 cm em função da dose de N e com/sem pastejo na data 30/11/2009 (Figura 5a). Fase 3: Camada de amostragem do solo de 5-10 cm em função da dose de N e com/sem pastejo na data 30/11/2009 (Figura 5b). Sendo assim, a produção de fitomassa seca residual e acumulada no solo na forma de resíduos orgânicos, seja tecido vegetal ou excreções dos animais, induziu a uma maior biomassa microbiana na Fase 3 e nas áreas com pastejo. Nesse sentido, ao se verificar maior biomassa microbiana nas áreas com pastejo (Figura 5), presume-se maior disponibilidade de nutrientes para a cultura sucessora, neste caso o milho, uma vez que, provavelmente, a biomassa microbiana serve como compartimento de reserva disponível de nutrientes. Durante o período do inverno e cultivo da pastagem, observou-se que a produção de forragem acumulada nas áreas com pastejo ajustou-se a uma equação linear positiva (y = 6775 + 17,99N; r2 = 0,76) o que caracterizou a maior carga animal com aplicação de 225 kg ha-1 de N, causando um aumento na densidade absoluta do solo. Esse efeito pode afetar a atividade microbiana no solo pela menor aeração (CATTELAN e VIDOR, 1990) em um solo mais denso, como ocorrido com aplicação de 225 kg ha-1 de N. 80 Houve interação entre doses de N versus com/sem pastejo para respiração basal na camada do solo de 0-5 cm nas três fases avaliadas (Figura 6) e o comportamento dos resultados assemelha-se ao observado com a biomassa microbiana. Nas áreas com pastejo nas Fases 1 e 3, quando com cultivo da lavoura, a respiração microbiana ajustou-se a equações quadráticas e é reduzida principalmente com aplicação de 225 kg ha-1 de N. Já na fase 2, essa dose de N proporcionou maior respiração microbiana. a) Fase 1: 0 a 5 cm 1,5 1,0 y = 1,48659 - 0,00189775x r2 = 0,73 P = 0,0003 0,5 Com pastejo Sem pastejo -1 2,0 -1 -1 Respiração basal, µL CO2 h g -1 y = 1,49431 + 0,0353071x - 0,000022616x2 r2 = 0,87 P = 0,0001 Respiração basal, µL CO2 h g 2,0 b) Fase 2: 0 a 5 cm y = 1,00725 + 0,00109216x r2 = 0,84 P = 0,0001 1,5 1,0 y = 1,25091 - 0,00186493x - 0,000005328x2 r2 = 0,69 P = 0,036 0,5 Com pastejo Sem pastejo 0,0 0,0 0 75 150 225 0 75 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 -1 Respiração basal, µL CO2 h g -1 c) Fase 3: 0 a 5 cm 2,0 y = 0,964143 - 0,00425917x - 0,0000222003x2 r2 = 0,73 P = 0,0017 1,5 1,0 y = 0,983 ±0,089 0,5 Com pastejo Sem pastejo 0,0 0 75 150 225 Nitrogênio, kg ha-1 Figura 6. Respiração microbiana basal (µL CO2 h-1 g-1 de solo): Figura 6a) Fase 1: 19/05/2009; Figura 6b) Fase 2: 27/07/2009 e Figura 6c) Fase 3: 30/11/2009, no solo em um sistema de integração feijão/milho-ovinos de corte em função de doses de N e com/sem pastejo na camada de amostragem de 0-5 cm. A respiração microbiana basal é menos influenciada, quando sem pastejo, pela aplicação do N até 225 kg ha-1. A respiração basal é uma medida que também expressa a emissão de CO2. Nas áreas com pastejo, o sistema torna-se possivelmente um dreno de C e a 81 maior atividade microbiana pode estar servindo como compartimento de reserva de nutrientes, indicando melhor qualidade do solo. A maior biomassa microbiana quando em pastejo traz importância na explicação dos melhores rendimentos da lavoura quando em pastejo (LUNARDI et al., 2007; ASSMANN et al., 2003) e fortalece indícios de que o sistema de integração lavoura-pecuária torna o ambiente produtivo mais sustentável, posto que a maior biomassa microbiana nas áreas com pastejo serve como compartimento de reserva de parte dos nutrientes no solo, principalmente C, N, P e S (SOUZA et al., 2010). Nesse sentido, paradigmas tidos de que o animal prejudica a manutenção de nutrientes no sistema são ilusórios. Pelo contrário é melhorada a sua eficiência e, com importância à sustentabilidade do sistema de produção integração lavoura-pecuária, nos fatores ambientais e econômicos, pode-se reduzir a entrada de insumos. 4. CONCLUSÕES A biomassa microbiana e a respiração basal são maiores na camada de 0-5 cm, onde também são maiores as concentrações de resíduo após cultivo da lavoura. O pastejo aumenta a biomassa microbiana no solo tanto no inverno (cultivo e uso da pastagem) como no verão com o cultivo da lavoura, indicando que o animal no sistema, quando com carga moderada, promove manutenção e melhorias na qualidade do solo. Na fase de pastagem a aplicação de crescentes doses N favorece a biomassa microbiana quando com pastejo, já na fase de verão biomassa microbiana é diminuída com alta dose de N aplicada no inverno. REFERÊNCIAS ANDERSON, T.H.; DOMSCH, K.H. Application of eco-physiological quotients (qCO2 and qD) on microbial biomasses from soils of different cropping histories. Soil Biology and Biochemistry, v.22, p.251-255, 1990. ARAÚJO, A.S.F.; MELO, W.J. Soil microbial biomass in organic farming system. Ciência Rural,v.40, n.11, p.2419-2426, 2010. ASSIS, E.P.M.; CORDEIRO, M.A.S.; PAULINO, H.B.; CARNEIRO, M.A.C. Efeito da aplicação de nitrogênio na atividade microbiana e na decomposição da palhada de sorgo em solo de cerrado sob plantio direto. 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O experimento foi implantado no ano de 2006, em Guarapuava, PR, com cultivo de aveia (Avena ssp.) mais azevém comum (Lolium multiflorum) no inverno e rotação de milho e feijão no período estival durante os anos, sendo esse trabalho referente ao cultivo do milho no ano agrícola 2009/2010. Os tratamentos foram compostos de quatro níveis de nitrogênio na pastagem de inverno (0, 75, 150 e 225 kg ha-1), com e sem pastejo, e cinco níveis de nitrogênio no verão (0, 75, 150, 225 e 300 kg ha-1). O rendimento de grãos aumento com a adubação nitrogenada realizada na pastagem, caracterizando efeito residual do nitrogênio aplicado no inverno. Esse feito foi mais evidente em áreas com pastejo. O rendimento de grãos de milho, cultivado em sequência, foi otimizado quando em pastejo com carga animal de 658 kg de peso vivo ha-1. Este resultado desmistifica que a entrada do animal no sistema necessariamente afeta negativamente a cultura sucessora. Os teores de proteína bruta no grão do milho foram maiores nas áreas com pastejo e aumentaram com as crescentes doses de N aplicadas na pastagem de inverno e no milho. Termos para indexação: aveia, azevém, proteína bruta, rendimento de grãos. CORN YIELD AND NUTRITIVE VALUE UNDER WINTER AND SUMMER NITROGEN RATES ON A ITEGRATION BEAN/CORN–MEAT SHEEP SYSTEM, WITH OR WITHOUT GRAZING Abstract: Nitrogen fertilization in winter pastures in crop-livestock systems can provide corn yield and nutritive value gains in summer as well as generate more income by the animal production. The objective was to evaluate the corn crop production and nutritive value in integrated crop-livestock under nitrogen levels in winter pastures, with and without grazing, and nitrogen levels in corn. The experiment was established in 2006 at Guarapuava, PR, Brazil, and carried on cultivating oats (Avena spp.) and ryegrass (Lolium multiflorum) during winter and corn and beans in succession during the summer over the years, and this paper refers to the 2009/2010 corn crop. Treatments were composed of four nitrogen levels on winter pasture (0, 75, 150 and 225 kg ha-1), with and without grazing, and five nitrogen levels in the summer (0, 75, 150, 225 and 300 kg ha-1). Corn yield was influenced by nitrogen 86 fertilization performed in the pasture, characterizing residual effect of nitrogen applied in winter being it more responsive when under grazing. The corn yield grown in sequence was optimized by 658 kg ha-1 when under grazing, demystifying that the animal affects the summer crop production. Corn crude protein levels from the grazed areas were higher and increased as the nitrogen levels increased. Index terms: crude protein, grain yield, nutrients, oat, ryegrass. Introdução Os sistemas de integração entre lavoura e pecuária vêm sendo implementados e estudados, com intuito de tornar o ambiente produtivo sustentável (Balbinot Junior et al., 2009). Eles proporcionaram efeitos benéficos ao otimizar a produtividade da propriedade e melhorar a qualidade do solo ao longo do tempo (Entz et al., 2002). Considerando que, na região subtropical do Brasil, no inverno, grande parte das áreas é utilizada com plantas de cobertura e/ou pousio. E nesse contexto o uso da integração lavoura-pecuária demonstra ser uma estratégia promissora, ao possibilitar a produção pecuária no período estival e manter rendimentos satisfatórios da lavoura em sucessão (Assmann, et al., 2003; Lunardi et al., 2008; Sandini et al., 2011). Contudo, existe certa resistência ao sistema de integração lavoura-pecuária, especialmente por parte de produtores de grãos, entendendo que o animal, no sistema, reduz a produtividade de grãos devido à compactação do solo, à remoção de nutrientes ou diminuição da cobertura vegetal/matéria orgânica no solo. Sabe-se que o efeito do animal nas propriedades físicas de solo depende exclusivamente da carga animal imposta (Carvalho et al., 2005), ao ser respeitado o manejo da pastagem (altura, massa de forragem ou oferta) respectiva a cada espécie forrageira o efeito nas propriedades físicas de solo não é prejudicial ao sistema. Mesmo manejo que caracteriza a permanência de cobertura vegetal sobre o solo após a retirada dos animais, uma vez que, o sistema de integração lavoura-pecuária tende a aumentar as concentrações de carbono orgânico no solo ao longo do tempo, pelo crescimento contínuo de plantas na área, rotação de culturas, incremento da massa produzida por tempo em decorrência do pastejo e maior ciclagem de nutrientes (Tracy & Zhang, 2008). Além do rendimento, o N também está relacionado com a composição protéica do grão de milho. Estudos realizados por Amaral Filho et al. (2005) e Silva et al (2005b) demonstraram aumento da proteína no grão do milho com crescentes doses de N aplicado em cobertura durante o desenvolvimento da cultura. 87 Na integração lavoura-pecuária, alguns estudos buscam demonstrar o efeito residual do N aplicado na pastagem no inverno sob a cultura sucessora (Assmann et al., 2003; Sandini et al., 2011). Nesse sentido, o N aplicado no inverno possibilita maiores rendimentos da pastagem e, consequentemente do produto animal, permanecendo no sistema e usando pela cultura sucessora (especialmente gramíneas). Isto caracteriza a prática de fertilização do sistema de produção e não restritivo a apenas a cultura em questão. Isto permite menor entrada de insumos na propriedade com melhor aproveitamento dos nutrientes, o que caracteriza um sistema de produção dentro dos princípios da sustentabilidade. Sendo assim, pela importância do nitrogênio na produtividade da pastagem e da lavoura mais a presença do animal no sistema, objetivou-se, nesse trabalho, avaliar efeito da aplicação de doses crescentes de nitrogênio na pastagem e no milho, com e sem pastejo na pastagem de inverno de aveia + azevém nos componentes do rendimento e proteína bruta de grão de milho, em um sistema de integração milho – ovinos de corte, após quatro anos da sua implantação. Material e Métodos O experimento foi conduzindo no Campus CDETEG, Universidade Estadual do CentroOeste (UNICENTRO) em Guarapuava, PR, Brasil, no ano agrícola de 2009/2010. A área experimental está localizada a 25 º 33 ’ Sul e 51 º 29 ’ Oeste e tem altitude média de 1095 m. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Cfb (Maak, 1968). A precipitação anual varia de 1.400 a 1.800 (IAPAR, 2010). O solo da área experimental é classificado como uma associação Latossolo Bruno álico relevo suave ondulado + Cambissolo álico, textura argilosa (Embrapa, 2006). O experimento vem sendo conduzido nos respectivos tratamentos desde o ano de 2006 com cultivo de aveia branca (Avena sativa), aveia preta comum (Avena strigosa) e azevém comum (Lolium multiflorum) no inverno e rotação de milho e feijão no período estival em sistema de plantio direto. O solo apresentava variações nos atributos químicos de solo das áreas com pastejo para sem pastejo antes da implantação da pastagem em abril de 2009, sendo os valores na camada de solo de 0-15 cm: com pastejo: pH (CaCl2): 5,27; matéria orgânica: 40,41 g kg-1; PMehlich: 2,25 mg dm-3; K+: 0,30 cmolc dm-3; Ca+2: 3,76 cmolc dm-3; Mg+2: 2,63 cmolc dm-3; Al+3: 0,00 cmolc dm-3; H+Al: 4,43 cmolc dm-3. Sem pastejo: pH (CaCl2): 5,20; Matéria Orgânica: 36,39 g kg-1; P-Mehlich: 1,96 mg dm-3; K+: 0,32 cmolc dm-3; Ca+2: 3,04 cmolc dm-3; Mg+2: 2,74 cmolc dm-3; Al+3: 0,00 cmolc dm-3; H+Al: 4,96 cmolc dm-3. 88 O experimento foi disposto num delineamento de blocos ao acaso em parcela subsubdividida, com três repetições. Nas parcelas principais casualizou-se os níveis de nitrogênio na pastagem de inverno (NINV): 0, 75, 150 e 225 kg ha-1 (ureia com 45% de N). Em cada parcela principal (com 0,2 ha cada) foi isolado do pastejo uma área de 96 m2, a qual constituiu a área sem pastejo, e o restante da parcela em pastejo com ovinos, alocando-se o fator com e sem pastejo (PAST) em subparcelas. O terceiro fator, doses de nitrogênio em cobertura no milho (NVER): 0, 75, 150, 225 e 300 kg ha-1 (ureia com 45% de N) foi casualizado em subsubparcelas. A unidade experimental na subsubparcela apresentava uma área de 17,6 m2 total (4 linhas x 0,8 m x 5,5 m). A semeadura da pastagem foi realizada em abril de 2009 em semeadura direta, tendo como cultura antecessora o feijão. Foram utilizados 80 kg ha-1 de aveia branca (Avena sativa L.) cultivar ‘FAPA 2’ e 40 kg ha-1 de azevém comum (Lolium multiflorum Lam.), com espaçamento de 17 cm entre linhas. A adubação de base consistiu na aplicação de 250 kg ha-1 de 00-25-25 (N, P2O5, K2O). A emergência das plântulas ocorreu oito dias após a semeadura. A aplicação dos tratamentos de inverno foi realizada 30 dias após a semeadura. Nas áreas com pastejo foram usados ovinos da raça Ile de France em lotação contínua com taxa de lotação variável e mantida a altura média do dossel de plantas em 14 cm (Mott & Lucas, 1952). Os animais iniciaram o pastejo quando a altura da pastagem chegou a 30 cm e o período de pastejo correspondeu a 110 dias. Após 15 dias da saída dos animais realizou-se, então, dessecação da pastagem com herbicida glyphosate (900 g ha-1) em 200 L ha-1 de calda. A semeadura do híbrido de milho 30F53 foi efetuada 30 dias após a saída dos animais, em semeadura direta, com espaçamento de 0,8 m entre linhas. A emergência das plântulas ocorreu oito dias após a semeadura. Para a adubação, foram aplicados a lanço, antes da semeadura, 100kg ha-1 de P2O5 e 100 kg ha-1 de K2O, sendo as fontes o superfosfatotriplo e o cloreto de potássio, respectivamente. O nitrogênio, em conformidade com os tratamentos estabelecidos, foi aplicado 1/3 da dose durante a semeadura e 2/3 em cobertura, sendo metade em V2 e o restante em V5. A fonte utilizada foi a ureia (45% de N). Efetuou-se o controle das plantas espontâneas por ocasião da dessecação, complementado pela aplicação de atrazine (3.500g ha-1) mais óleo mineral (0,5L ha-1), em pós emergência com 200L ha-1 de calda. Não foi efetuado controle de pragas e doenças. A produtividade de milho foi determinada em área útil de 8m2 (2 linhas x 0,8m x 5m) com correção para o teor de 130g kg-1 de umidade. Para avaliação do número de fileiras, grãos por fileira e por espiga, foram utilizadas dez espigas colhidas em sequência da segunda 89 linha central de cada parcela, que após analisadas foram incorporadas à massa da parcela. A massa de mil grãos foi estimada a partir da pesagem de 300 grãos. Foi retirada uma subamostra de grão de milho das amostras para determinação do rendimento de grãos para determinação do teor de proteína bruta (PB). O grão do milho foi moído em liquidificador até tamanho de partícula de no máximo 0,5 mm. A umidade, para cálculo da PB em base seca, foi determinada, gravimetricamente, por perda de peso, em estufa a 105°C, até peso constante e a determinação do teor de nitrogênio no grão foi realizada pelo método micro-Kjeldahl, conforme descrito por Silva et al. (1990). Uma amostra de 0,3 g foi levada para digestão a 400 ºC com ácido sulfúrico concentrado, em presença de sulfato de cobre como catalisador. O nitrogênio presente na solução ácida resultante é determinado por destilação por arraste de vapor, seguida de titulação com ácido diluído e o teor de proteína bruta no grão foi obtido utilizando o fator de correção de 6,25. Os resultados foram submetidos a análises de variância pelo teste F a um nível de significância de 5% de probabilidade. Foi utilizado o pacote estatístico Statiscal Analysis System (SAS, 2002) e, quando apresentaram significância, as médias de efeito qualitativo (PAST) foram comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Para os resultados de efeito quantitativo (NINV e NVER) realizaram-se estudos de regressão considerando o maior grau significativo. Resultados e Discussão A população de plantas não apresentou diferença (P > 0,05) para os fatores impostos, com média de 69.757 ±3.416 plantas ha-1, o que caracteriza uniformidade no dossel de plantas. As possíveis variações encontradas para as variáveis correspondentes aos componentes de rendimento de grãos e teor de proteína bruta no grão são, portanto, reflexos dos tratamentos impostos (Tabela 1), uma vez que a densidade populacional de plantas poderia influenciar nas variáveis em questão, devido à competição entre plantas (Amaral Filho et al., 2005). Foi observada influência (P=0,04) da interação tripla NINV*NVER*PAST para rendimento de grãos de milho (Tabela 3) gerando superfícies de resposta (Figura 1). Após quatro anos da implantação no sistema de integração lavoura-pecuária, o pastejo no inverno com ovinos contribuiu consideravelmente no aumento do rendimento de grãos de milho em 658 kg ha-1 se comparado ao não uso do pastejo, com produtividade média de 10.164 ±152 kg ha-1 e 9.506 ±153 kg ha-1 para as áreas com e sem pastejo, respectivamente (Tabela 3). Resultados semelhantes foram encontrados por Assmann et al. (2003), em que o pastejo no 90 inverno proporcionou maior rendimento de grãos de milho, quando aplicado N em pastagem de aveia branca e azevém. Também em sistema de integração lavoura-pecuária, Lunardi et al. (2008) encontraram efeito positivo do pastejo do azevém no rendimento de soja, especialmente quando com carga animal moderada. Tabela 1 – Quadro da análise de variância em função de doses de nitrogênio (0, 75, 150 e 225 kg ha-1) no cultivo de aveia +azevém no inverno de 2009 (NINV) e de doses de nitrogênio (0, 75, 150, 225 e 300 kg ha-1) no milho no verão de 2009/2010 (NVER), com e sem pastejo da pastagem (PAST). Guarapuava, PR, 2009/2010. Rendimento Massa de mil de grãos sementes 0,0001* 0,0259* 0,0001* 0,0255* 0,0001* 0,0484* 0,0001* 0,8658ns 0,4842ns 0,9051ns 0,0004* 0,8407ns 0,0418ns 0,9945ns 7,20 2,95 NINV NVER PAST NINV*NVER NINV*PAST NVER*PAST NINV*NVER*PAST Cv NINV NVER PAST NINV*NVER NINV*PAST NVER*PAST NINV*NVER*P AS CV População de plantas 0,7510ns 0,5665ns 1,0000ns 0,8339ns 0,9801ns 0,3740ns 0,6029ns 4,78 Índice de espiga 0,0417* 0,0099* 0,0097* 0,6432ns 0,1392ns 0,0455* 0,9061ns 5,61 Grãos ardidos 0,7821ns 0,2558ns 0,1756ns 0,0017* 0,1673ns 0,1922ns 0,2738ns 49,33 Nº de fileiras 0,5147ns 0,0024* 0,2556ns 0,0470* 0,6347ns 0,0186ns Grãos por fileira 0,0073* 0,0001* 0,0189* 0,0001* 0,8341ns 0,8570ns Grãos por espiga 0,0111* 0,0001* 0,0125* 0,0001* 0,9844ns 0,5427ns Altura de plantas 0,0001* 0,0001* 0,0077* 0,0001* 0,0024* 0,3132* Inserção espiga 0,0001* 0,0001* 0,0077* 0,0001* 0,0021* 0,0010* Proteína bruta 0,0001* 0,0001* 0,0001* 0,0001* 0,0059* 0,0001* 0,5143ns 0,7324ns 0,6602ns 0,8963ns 0,9798ns 0,0022ns 5,83 6,47 2,71 2,45 3,99 2,87 *Significativo pelo teste t a 5%. ns Não significativo pelo teste t a 5% O animal no sistema, por meio das dejeções pode influenciar nos processos de mineralização/imobilização de N, facilitar a rápida decomposição de substratos (Singh et al., 1991) e aumentar a taxa de reciclagem de N resultante da deposição de urina e fezes (Bauer et al., 1987). A disponibilidade de nutrientes às plantas pode ser facilitada pelo pastejo, por meio da manutenção, na superfície do solo, de uma fração de nutrientes orgânicos facilmente 91 mineralizáveis, que são mais acessíveis também aos microorganismos (Archer & Smeins, 1991). A presença do animal no sistema também pode resultar no aumento dos teores de nutrientes no solo, como potássio (Souto, 2006). A retenção de nutrientes no corpo do animal é relativamente pequena e os nutrientes que retornam ao solo, via fezes e urina, estão mais prontamente disponíveis para absorção pelas plantas (Haynes & Williams, 1993). Isto justifica o aumento do rendimento de grãos observado com animais no sistema. Outro efeito da pastagem está em ciclar nutrientes, trazendo-os de camadas mais profundas para as mais superficiais do solo, disponibilizando para a cultura em sucessão (Ferreira et al., 2009). Nesse mesmo trabalho, Sandini et al. (2011) observou, no ano de 2007, fitomassa seca residual (obtida após saída dos animais) de aproximadamente 12 t ha-1 com aplicação de 150 kg ha-1 de N e, nas áreas com pastejo, o resíduo foi de 2,7 t ha-1 com aplicação de 196 kg ha-1 de N. Nesse sentido o maior resíduo de fitomassa seca nas áreas sem pastejo, interfere negativamente no processo de imobilização/mineralização do N. Enquanto que nas áreas com pastejo os nutrientes possivelmente estejam mais facilmente disponíveis devido a fezes e urina deixadas pelos animais. O pastejo pode caracterizar uma maior produção total de forragem e, consequentemente de raízes, aumentado a disponibilidade de nutrientes para a cultura sucessora pelo maior aporte de matéria orgânica no solo. Neste trabalho, os teores de matéria orgânica foram superiores nas áreas com pastejo para as sem pastejo. Para Tracy & Zhang (2008), o sistema de integração lavoura-pecuária pode aumentar as concentrações de carbono orgânico no solo ao longo do tempo devido ao crescimento contínuo de plantas para exploração vegetal, rotação de culturas, incremento da massa produzida por tempo em decorrência do pastejo e maior ciclagem de nutrientes. O animal pode vir a ser um fator desejado ao sistema quando feito correto manejo da pastagem, com melhores índices produtivos e uso eficiente de fertilizantes. Quando na presença do animal no sistema (Figura 1), com menores doses de N, o rendimento de grãos foi superior. Além disso, observa-se efeito residual do N aplicado no cultivo da pastagem de inverno (aveia branca + azevém). Com a aplicação de 225 kg ha -1 de N na pastagem e sem N no milho, o rendimento de grãos nas áreas com pastejo foi 10.077 kg ha-1. Enquanto, sem a aplicação de N na pastagem e na dose de 225 kg ha-1 de N no milho obteve-se rendimento de grãos de 10.480 kg ha-1. Esses resultados desmistificam paradigmas relacionados à exportação de nutrientes por animais ou possíveis perdas de nutrientes do inverno ao verão. 92 Os resultados estão de acordo com Assmann et al. (2003), que também verificaram efeito residual do N aplicado no inverno no rendimento de grãos de milho em um sistema de integração lavoura-pecuária, e mais pronunciados quando com pastejo. Com aplicação de 300 kg ha-1 de N no inverno e usando de 0 a 240 kg ha-1 de N no verão, Assmann et al. (2003) observaram o rendimento de grãos de 10.006 kg ha-1, atribuído a maiores quantidades de nitrato nessas áreas. Analisando os dados de rendimento de grãos, ajustados a equação correspondente à superfície de resposta gerada (Figura 1), o ponto de máxima produtividade nas áreas com pastejo foi de 11.035 kg ha-1, alcançado com aplicação de 125 kg ha-1 e 200 kg ha-1 de N no inverno e verão, respectivamente. Para as áreas sem pastejo o maior rendimento de grãos foi de 10.826 kg ha-1 obtido com aplicação de 225 kg ha-1 e 150 kg ha-1 de N no inverno e verão, respectivamente (Figura 1), sendo necessária maior quantidade de N nas áreas sem pastejo para alcançar as mesmas produtividades das áreas pastejadas. SEM PASTEJO COM PASTEJO 12000 10000 10000 8000 8000 6000 6000 75 NINV, kg ha -1 0 0 75 150 75 NINV, kg ha -1 CP=7494,787575 + 20,364024*NINV + 22,02143*NVER - 0,039492*NINV2 - 0,049459*NIN*NVER - 0,038896*NVER2 SP=5390,856729 + 20,706601*NINV+ 40,390872*NVER - 0,0181*NINV2 - 0,075998*NINV*NVER - 0,080036*NVER2 0 0 ha 1 300 225 150 kg 4000 225 NV ER , ha 1 75 150 kg 4000 225 300 225 150 NV ER , Rendimento de grãos, kg ha -1 12000 R2 = 0,81 P = 0,0001 R2 = 0,90 P= 0,0001 Figura 1 – Rendimento de grãos de milho (kg ha-1) no sistema de integração milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio no cultivo de aveia +azevém no inverno de 2009 (NINV) e de doses de nitrogênio no milho no verão de 2009/2010 (NVER), com e sem pastejo no inverno. Guarapuava, PR, 2009/2010. O rendimento de grãos é muito influenciado pela disponibilidade de nitrogênio durante o desenvolvimento da cultura, o que pode ser caracterizado na avaliação dos componentes de rendimento. Quando não limitado por outros fatores edafoclimáticos a maior disponibilidade de N no sistema aumenta o potencial da planta em diferir maior número de grãos por espiga (Bortolini et al., 2001). 93 Tabela 3 – Parâmetros das equações referentes ao desdobramento da interação: dose de nitrogênio na pastagem de inverno (NINV) versus dose de nitrogênio no milho no verão (NVER) para as variáveis: rendimento de grãos de milho, altura de plantas, altura da inserção da espiga, grãos ardidos, número de fileiras, grãos por fileira e grãos por espiga. Guarapuava, PR, 2010. a b c d e f r² (ajustado) P Equações da interação N INV*N VER Rendimento de Altura de Altura inserção grãos planta da espiga 6442,822152 189,226581 98,972914 20,535313 0,143915 0,073453 31,206151 0,244721 0,1554 -0,028796 -0,000137 -0,000015052 -0,062729 -0,000365 -0,000234 -0,059466 -0,000429 -0,000262 0,72 0,71 0,51 0,0001 0,0001 0,0001 a b c d E F r² (ajustado) P= Número de fileiras 15,931901 0,004841 0,006442 -0,000010711 -0,000015425 -0,000017573 0,79 0,0027 Grãos por fileira 28,798732 0,033779 0,050476 -0,00003775 -0,000117 -0,000094853 0,81 0,0001 Grãos ardidos 2,474036 -0,003690 0,000871 -0,000000108 0,000031191 0,00015338 0,61 0,0197 Grãos por espiga 459,521730 0,694242 1,026127 -0,000935 -0,002391 -0,002123 0,84 0,0001 A equação é representada por: Z = a + by + cx +dy² + eyx + fx², em que y varia de 0 a 225 (kg ha-1 de N) e x de 0 a 300 (kg ha-1 de N). Observou-se interação entre NINV*NVER para os componentes de altura de plantas (P=0,0001), altura da inserção da espiga (P=0,0001), número de fileiras por espiga (P=0,0470), grãos por fileira (P=0,0001) e grãos por espiga (P=0,0001), conforme Tabelas 2 e 3. Tal comportamento foi semelhante àquele observado para rendimento de grãos quanto à resposta a adubação nitrogenada, sobre o efeito residual do N aplicado no inverno e sobre as crescentes doses de N, justificando os resultados obtidos com a produtividade do milho. Silva et al. (2005a) também observaram aumento nos valores de número de fileiras de grãos por espiga e número de grãos por fileira com crescentes doses de N. 94 GRÃOS POR ESPIGA 600 220 550 Nº de grãos 240 200 180 0 0 ha 1 75 150 75 NINV, kg ha -1 0 0 g 225 ,k g ha 1 75 NINV, kg ha -1 NV ER 75 150 300 225 150 400 N V ER 300 225 150 160 225 500 450 ,k Altura, cm ALTURA DE PLANTAS Figura 2 – Altura de plantas (cm) e grãos por espiga no sistema de integração milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio no cultivo de aveia +azevém no inverno de 2009 (NINV) versus de doses de nitrogênio no milho no verão de 2009/2010 (NVER). Guarapuava, PR, 2009/2010. A massa de mil grãos foi maior nas áreas com pastejo em relação às áreas sem pastejo, sendo respectivamente de 278 ±3,01 e 275 ±3,01 g. Contudo, com a aplicação de nitrogênio, tanto na pastagem de inverno, quanto na cultura de verão, a massa de mil grãos diminuiu com as maiores doses do fertilizante (Figura 3A e 3B). Esses resultados são distintos daqueles reportados por Silva et al. (2005a) e Lara Cabezas et al. (1997). Em contrapartida, o maior número de grãos por espiga, reflexo do maior número de grãos por fileira e do maior número de fileiras por espiga, com crescente uso da adubação nitrogenada (Figuras 4B), caracterizou as maiores respostas de rendimento de grãos. Trabalhos demonstram melhores resultados de rendimento de grãos de milho quando o N é aplicado na fase inicial de crescimento (Sá, 1996, Silva et al., 2005a) em virtude da imobilização temporária do N pelos microorganismos. Sendo assim, a presença do animal favoreceu a ciclagem de nutrientes e o N possivelmente esteve mais disponível ao milho na fase inicial se comparada às áreas sem pastejo, considerando que o tipo e a quantidade de cobertura vegetal interferem consideravelmente na resposta a N da cultura em sucessão (Amado et al., 2002). 95 MG, gr (A) (B) 290 290 280 280 y = 277,226 + 0,0477485x - 0,000298512x² r² = 0,73 P = 0,0164 270 y = 280,147 - 0,022844x r²=0,88 P = 0,0006 270 260 260 0 0 0 75 150 225 0 Nitrogênio no inverno, kg ha-1 75 150 225 300 Nitrogênio verão, kg ha-1 Figura 3 – Massa de mil grãos (MG, gr) em função de doses de nitrogênio na pastagem no inverno (Fig. A) e em função de doses de nitrogênio no milho no verão (Fig. B). Guarapuava, PR, 2009/2010. Observou-se interação entre NINV*PAST (P=0,0024) para altura de plantas (Figura 4A e 4C). As crescentes doses de N afetaram a altura de plantas, tanto nos tratamentos com pastejo como para sem pastejo, conforme aplicação de N no inverno e no verão. Resultados semelhantes aos encontrados por Silva et al. (2005a), ao observarem maior altura de plantas com maior aplicação de N. Também Pauletti & Costa (2000) observaram efeito da adubação nitrogenada, aplicada na aveia e no milho, na altura de plantas e inserção da espiga, sendo maiores as alturas quanto maior a dose do N aplicado. 96 (A)240 y = 110,01022 + 0,05776x r2 = 0,75 P = 0,0001 Altura da planta, cm 230 220 y = 104,69639 + 0,17839 - 0,00044976x2 r2 = 0,86 P = 0,0001 210 200 Com pastejo Sem pastejo 190 0 (B) 75 150 225 Nitrogênio verão, kg ha-1 300 (C) 230 Altura inserção da espiga, cm 140 y = 112,90017 + 0,05133x r2 = 0,76 P = 0,0007 130 120 y = 116,27 cm 110 100 Com pastejo Sem pastejo 90 Altura da planta, cm 0 y = 211,74568 + 0,07481x r2 = 0,80 P = 0,0001 220 y = 212,69395 + 0,04192x r2 = 0,72 P = 0,0213 210 200 Com pastejo Sem pastejo 190 0 0 0 75 150 Nitrogênio inverno, kg ha-1 225 0 75 150 225 Nitrogênio inverno, kg ha-1 Figura 4 – Altura de plantas de milho (cm) em função de doses de nitrogênio no verão versus com ou sem pastejo na pastagem de inverno (Fig. 5A); altura de plantas (cm) de milho e altura da inserção da espiga (cm) em função de doses de nitrogênio no inverno versus com ou sem pastejo na pastagem de inverno (Fig. 5B e Fig. 5C, respectivamente) em sistema de integração milho-ovinos de corte. Guarapuava, PR, 2009/2010. Contudo, a altura da inserção da espiga teve efeito da interação (P=0,0021) entre NINV*PAST (Figura 4B). No tratamento sem pastejo, a altura da inserção da espiga não sofreu variação com as crescentes doses de N no inverno. Já nas áreas com pastejo os resultados ajustaram-se a uma equação linear positiva. Plantas bem supridas em N apresentam maior desenvolvimento de área folhar e sistema radicular, pois o N participa diretamente na divisão e expansão celular, bem como no processo de fotossíntese (Büll, 1993; Varvel et al., 1997). O percentual de grãos ardidos apresentou pouca variação e sofreu interferência da interação (P=0,0017) NINV*NVER (Tabela 3) variando de 1,88 a 2,47 % e com coeficiente de variação elevado (Tabela 2), assim como observado por Pauletti & Costa, (2000). 97 Os teores de proteína bruta do grão do milho foram afetados pela ocorrência ou não do pastejo, e pelas doses de nitrogênio aplicadas, tanto na pastagem de inverno quanto na cultura de verão (Figura 5), observando-se interação (0,0022) entre NINV*NVER*PAST. Quando da ocorrência de pastejo, as respostas a aplicação de N para os teores de proteína bruta foram mais positivas quando comparadas às áreas sem pastejo. Da mesma forma, observou-se efeito residual do nitrogênio aplicado na pastagem de inverno como resposta na proteína do grão do milho cultivado em sucessão, onde a aplicação de 225 kg ha-1 de N no inverno, e sem uso do mesmo no verão, os teores de PB foram superiores ao uso de 300 kg ha-1 de N apenas no milho no verão (Figura 5). Os teores de proteína bruta aumentaram com as doses crescentes de N, tanto no inverno quanto no verão. Resultados semelhantes aos encontrados por Amaral Filho et al. (2005) quando observaram variação de 7,5 a 10,5% na proteína bruta com aplicação de 0 a 150 kg ha-1. SEM PASTEJO 11 10 10 9 9 8 8 75 NINV, kg ha -1 0 0 225 ha 1 ha 1 75 150 NV ER 225 300 225 150 7 75 150 75 NINV, kg ha -1 0 0 NV ER 300 225 150 7 ,k g 11 ,k g Proteína Bruta, % COM PASTEJO CP=6,682478 + 0,009778*NINV + 0,016437*NVER - 0,000015426*NINV2 - 0,000019910*NIN*NVER - 0,000028720*NVER2 R2 = 0,8639 P = 0,0001 SP=6,390949 + 0,008344*NINV+ 0,009931*NVER + 0,000001488*NINV2 - 0,000026652*NINV*NVER - 0,000000393*NVER2 R2 = 0,8864 P= 0,0001 Figura 5 – Proteína bruta no grão de milho (%) no sistema de integração milho-ovinos de corte em função de doses de nitrogênio no cultivo de aveia +azevém no inverno de 2009 (NINV) e de doses de nitrogênio no milho no verão de 2009/2010 (NVER), com e sem pastejo no inverno. Guarapuava, PR, 2009/2010. O maior teor de proteína bruta foi de 10,9 g kg-1, encontrado com aplicação de 225 kg ha-1 de N no inverno e 200 kg ha-1 de N no verão para as áreas com pastejo. Nas áreas com pastejo, obteve-se o teor máximo de proteína bruta de 9,49 g kg-1 com aplicação de 225 kg ha1 de N no inverno, e 300 kg ha-1 de N no verão. Sem a aplicação de N obtiveram-se os 98 menores teores de proteína bruta, sendo 6,68 e 6,39 g kg-1 para com e sem pastejo, respectivamente. Os resultados indicam a menor necessidade de N no milho quando com pastejo de inverno, no que diz respeito a resposta ao maior teor de proteína no grão do milho. Silva et al. (2005b), ao avaliar o efeito de doses e épocas de aplicação de N em milho, observaram aumento nos valores de proteína bruta no grão com crescentes doses de N de quatro híbridos de milho em dois anos de avaliação. Após quatro anos de implantação do sistema de integração lavoura-pecuária, observa-se que o rendimento e os teores de proteína bruta do grão de milho são melhorados com aplicação de N e o pastejo com ovinos na pastagem, em rotação lavoura-pecuária. Isso desmistifica o paradigma, segundo o qual o animal prejudicaria a lavoura em sucessão. Pelo contrário, os animais em pastejo potencializam o aproveitamento do N no sistema, reduzindo as quantidades de fertilizantes nitrogenados, benefícios que são buscados em um sistema de produção sustentável. Conclusões O rendimento de grãos de milho aumentou pela adubação nitrogenada realizada na pastagem, caracterizando efeito residual do nitrogênio. As maiores respostas nas áreas que são pastejadas no inverno, desmitificam que entrada do animal no sistema afete negativamente a cultura sucessora. Os teores de proteína bruta no grão de milho aumentam com as crescentes doses de N aplicadas tanto na pastagem quanto no milho, e são maiores nas áreas com pastejo. Referencias Bibliográficas AMADO, T.J.C.; MIELNICZUK, J.; AITA, C. Recomendação de adubação nitrogenada para o milho no RS e SC adaptada ao uso de culturas de cobertura do solo, sob sistema plantio direto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.26, p. 241-248, 2002. AMARAL FILHO, J.P.R.; FORNASIERI FILHO, D.; FARINELLI, R.; BARBOSA, J.C. Espaçamento, densidade populacional e adubação nitrogenada na cultura do milho. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.29, p.467-473, 2005. ARCHER, S.; SMEINS, F.E. Ecosystem-level processes. In: HEITSCHIMIDT, R.K.; STUTH, J.W., eds. Grazing management: an ecological perspective. Portland, Timber Press, 1991. p.109-139. ASSMANN, T.S.; RONZELLI JÚNIOR, P.; MORAES, A.; ASSMANN, A.L.; KOEHLER, H.S.; SANDINI, I.E. 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CONSIDERAÇÕES FINAIS A dinâmica dos atributos químicos do solo passa a ser alterada quando na presença do animal em pastejo no inverno anterior ao cultivo da lavoura. A maior produção de biomassa influenciada pela dose de N aplicada na pastagem favorece o aumento da matéria orgânica no solo, especialmente quando na presença do animal, o que condiciona melhor armazenamento de nutrientes no solo e sua maior eficiência de utilização. Especialmente ao nitrogênio, que passa a apresentar efeito residual do que foi aplicado na pastagem de inverno para a cultura de verão, neste caso, o milho. Trabalhos desenvolvidos neste mesmo protocolo experimental, em Guarapuava, mostram esse efeito consecutivamente no decorrer dos anos. E a diferença de produção de grãos, melhor quando com animais em pastejo no inverno, parece ser devido principalmente a melhorias nos estoques de MO do solo. Outros nutrientes parece não apresentar tanta variação com a presença do animal no sistema, no decorrer de cinco anos após a implantação. Comprova-se que com mesma adubação fosfatada e potássica, bem como sob igual tratamento de fertilidade quando comparadas áreas com pastejo e áreas sem pastejo no inverno, verificam-se quando não melhorias nos atributos químicos, manutenção dos nutrientes no solo de forma semelhante para ambos esses tratamentos. Esse fato por si só já caracteriza o benefício da integração lavoura-pecuária, onde são produzidos carne e lã no período de inverno e as atributos químicos do solo permanecem adequadas ao cultivo do milho em sucessão. O efeito residual do N aplicado na pastagem para a cultura de verão, além do rendimento de grãos, também interfere nas características protéicas do grão do milho conforme a dose aplicada no inverno. Tal fato possibilita agregar ao grão maior valor nutricional e ser usado em menores proporções na produção animal, quando destinado à produção de ração. Com isso, os paradigmas hoje ainda presentes no meio rural produtivo, são desmistificados pela pesquisa a cada nova contribuição científica. Seja com ovinos ou bovinos, os resultados se assemelham. Contudo, ainda há necessidade de expandir esse conhecimento para o meio rural. Verificam-se muitos casos em que a pastagem de inverno é cultivada com vista a utilizar apenas a fertilidade de solo remanescente à cultura do milho, soja ou feijão. No entanto, o que se comprova é a melhor eficácia do sistema no cultivo da lavoura após pastagem fertilizada e utilizada para produção animais. 102 APÊNDICE 1 – Croqui da área (3 ha) experimental (Unicentro – campus Cedeteg, Guarapuava - PR).