Bases Epistemológicas da Ciência Moderna
Profa. Dra. Luciana Zaterka
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A cosmologia aristotélica
Aristóteles (I)
-O mundo sublunar;
-O mundo celeste;
- Primeiro motor imóvel (Deus).
Mundo Sublunar
Éter – elemento incorruptível – Mundo Supralunar
Todo ser, diz Aristóteles, move-se ou muda porque
aspira ou deseja a imobilidade, isto é, não ter que mudar.
Todo ser aspira à perfeição da forma pura que não muda
nunca. Todo ser aspira à identidade total consigo mesmo.
Todo ser aspira ou deseja a perfeição de sua essência que
é sua forma. Assim, a primeira precondição para que a
causa eficiente atue é a causa final, ou seja, é porque a
finalidade dos seres é parar de mudar que eles mudam. É
porque os seres tendem à imutabilidade como a um fim,
que precisam mudar. De mudança em mudança, cada ser
se aproxima indefinidamente de sua finalidade ou de sua
forma perfeita. A matéria mutável é uma imperfeição, um
inacabamento que busca a perfeição.
Formas ou Graus de Conhecimento
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Sensação
Percepção
Imaginação
Memória;
Raciocínio;
Intuição
O Ser enquanto Ser
Origens da ciência moderna – revolução científica do século XVII
“Pode-se dizer que essa revolução científica e filosófica – é de
fato impossível separar o aspecto filosófico do puramente científico
desse processo, pois um e outro se mostram interdependentes e
estreitamente unidos - causou a destruição do Cosmos, ou seja, o
desaparecimento dos conceitos válidos, filosófica e cientificamente,
da concepção do mundo como um todo finito, fechado e
hierarquicamente (um todo no qual a hierarquia de valor
determinava a hierarquia e a estrutura do ser, erguendo-se da terra
escura, pesada e imperfeita para a perfeição cada vez mais
exaltada das estrelas e das esferas celestes), e a sua substituição
por um universo indefinido e até mesmo infinito que é mantido
coeso pela identidade de seus componentes e leis fundamentais, e
no qual todos esses componentes são colocados no mesmo nível
de ser. Isto, por seu turno, implica o abandono, pelo pensamento
científico, de todas as considerações baseadas em conceitos de
valor, como perfeição, harmonia, significado e objetivo, e,
finalmente, a completa desvalorização do ser, o divórcio do mundo
do valor e do mundo dos fatos”.
Revolução científica do século XVII:
destruição do Cosmos e a infinitização do
universo.
O que dirá Koyré? Que a ciência moderna irá exatamente
destruir essa visão de cosmos hierarquizado e fechado dos antigos.
Citando Nicolau de Cusa, Copérnico, Kepler, Galileu entre tantos
outros, Koyré mostra como se deu essa passagem. Sabemos, por
exemplo, que a revolução astronômica copernicana remove a Terra
do centro do mundo e a coloca entre os demais planetas,
destruindo assim os próprios alicerces da ordem cósmica
tradicional, ou seja, temos aqui, por um lado, a destruição de uma
estrutura absolutamente hierárquica e, de outro, uma destruição da
oposição qualitativa entre o domínio do celeste e do ser imutável e
a região terrestre ou sublunar da mudança e corrupção.
Galileu Galilei:
“(...) qualquer pessoa pode dar-se conta, com a certeza
dos sentidos, de que a Lua é dotada de uma superfície
não lisa e polida, mas feita de asperezas e rugosidade,
que, tanto como a face da própria Terra, é por toda parte
cheia de enormes ondulações, abismos profundos e
sinuosidades (Sidereus Nuntius)”.
O que temos anunciado aqui é gigantesco: montanhas
na Lua, novos “planetas” no céu, novas estrelas fixas
em grande número, coisas que nenhum olho humano
havia jamais visto e que nenhuma mente humana havia
concebido anteriormente.
“E não só isto: além desses fatos
novos, estarrecedores e inteiramente
inesperados e imprevistos, havia ainda
a descrição de uma invenção
assombrosa, a do perspicillum, um
instrumento que havia tornado todas
essas
descobertas
possíveis
e
possibilitando a Galileu transcender a
limitação imposta pela natureza – ou
por Deus – aos sentidos e ao
conhecimento humanos.
Ponto fixo e seguro: a subjetividade
Sabemos que o mundo de Descartes é um mundo
matemático rigidamente uniforme, um mundo de
geometria, de que nossas idéias nos dão um
conhecimento evidente e certo. Não há nada neste
mundo, para o autor do Discurso do Método, além de
matéria e movimento; ou, sendo a matéria idêntica a
espaço ou extensão, não há nada senão extensão e
movimento. Com estes pressupostos em mão, diz
Koyré, podemos concluir duas coisas importantes: em
primeiro lugar, a terra e os céus são feitos de uma
mesma matéria, e não pode haver pluralidade de
mundos.
A infinitude do mundo: “É fácil deduzir que a matéria
do céu não é diferente daquela da Terra; e que de
maneira geral, mesmo que haja uma infinidade de
mundos, é impossível que não sejam construídos de
uma mesma matéria; e, portanto, que não podem ser
muitos, mas somente um, pois entendemos claramente
que esta matéria de que se compõem toda a natureza,
sendo esta uma substância extensa, já deve ocupar
completamente todos os espaços imaginários em que
deveriam estar esses outros mundos; e não
encontramos em nós a idéia de nenhuma outra matéria”.
Assim, o caminho estava aberto, ou seja, o universo
infinito da nova cosmologia, infinito em duração tanto
quanto extensão, no qual a matéria eterna, de acordo
com leis eternas e necessárias, move-se sem fim e sem
desígnio no espaço eterno. Enfim, o mundo agora
possui todos os atributos ontológicos da Divindade.
“Nenhum império, nenhuma escola filosófica, nenhuma estrela
tiveram sobre a história humana um efeito maior do que tiveram
aquelas invenções. São elas que tornam as filosofias dos antigos
não mais utilizáveis. Após ter navegado pelo mundo material e
descoberto novas terras, os homens não podem continuar
confiando o seu destino a cinco ou seis cérebros e renunciar à
exploração do mundo intelectual”.
Esperança – futuro:
“As maravilhosas lentes, em uso há
bem pouco tempo, já nos revelaram novos
astros no céu e novos objetos sobre a
terra... levando nosso vista muito mais
longe do que costumava chegar a
imaginação de nossos pais: elas parecem
ter-nos aberto o caminho para chegar a
um conhecimento da natureza muito mais
vasto e perfeito do que o atingido por
eles”.
O limite do saber antigo
Venda suas terras, suas casa, seu guarda-roupa –
escreve um pensador da época, queime seus livros.
Compre um robusto par de sapatos e caminhe por vales,
montanhas, desertos, orlas do mar. Anote com cuidado
as diferenças entre os animais, as distinções entre as
plantas, as várias espécies de minerais, as propriedades
e o modo de origem de tudo o que existe. Não tenha
vergonha de estudar com diligência a astronomia e a
filosofia terrestre dos camponeses. Enfim, compre
carvão, construa fornalhas, lide sem descanso com o
fogo. Por este, e não por outro caminho, poderá chegar
ao conhecimento das coisas”.
Princípios Gerais
- as fontes e as formas do conhecimento: sensação, percepção,
imaginação,
- memória, linguage m, raciocínio e intuição intelectual;
- a distinção entre o conhecimento sensível e o conhecimento
intelectual;
- o papel da linguagem no conhecimento;
- a diferença entre opinião e saber;
- a diferença entre aparência e essência;
- a definição dos princípios do pensamento verdadeiro
(identidade, não contradição, terceiro excluído, causalidade), da
forma do conhecimento verdadeiro (idéias, conceitos e juízos) e
dos procedimentos para alcançar o
- conhecimento verdadeiro (indução, dedução, intuição);
- a distinção dos campos do conhecimento
verdadeiro:
Teorético
Prático
(Independe da nossa ação)
(Ética e Política)
Técnico
(Fabricação humana)
Goethe:
Se os olhos não fossem solares
Jamais o Sol nós veríamos;
Se em nós não estivesse a própria força divina,
Como o divino sentiríamos?
O intelecto humano conhece a inteligibilidade do
mundo, alcança a racionalidade do real e pode
pensar a realidade porque nós e ela somos feitos
da mesma maneira, com os mesmos elementos e
com a mesma inteligência.
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O mundo sublunar - Luciana Zaterka