SOBRE A PERFEIÇÃO
John Wesley
“Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o
fundamento do arrependimento de obras mortas e da fé em Deus”, (Hebreu 6:1)
Toda a sentença transcorre assim: “Portando, deixando os princípios da doutrina de Cristo, prossigamos junto
à perfeição. Não colocando novamente o fundamento do arrependimento das obras mortas, e da fé em
direção a Deus”, a qual ele tinha justamente antes denominado de “os primeiros princípios dos oráculos de
Deus”, e “adequado para bebês”, porque tais apenas testaram que o Senhor é gracioso.
Que o fazer isto é um ponto da mais extrema importância, o Apóstolo sugere nas palavras seguintes: “Isto
faremos, se Deus permitir. Porque é impossível para aqueles que foram, uma vez, instruídos, e testaram da
boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro, e caíram, renová-los novamente junto ao
arrependimento”. Como se ele tivesse dito: Se nós não “prosseguirmos até a perfeição”, estaremos no mais
extremo perigo de “cair”. E se cairmos, é “impossível”, ou seja, excessivamente difícil, “renová-los junto ao
arrependimento”. Eu me esforçarei para mostrar do que se trata a perfeição.
1. Primeiro, eu não concebo a perfeição aqui falada, como a perfeição dos anjos. Já que esses gloriosos seres
nunca “deixaram seu primeiro estado”; nunca declinado de sua perfeição original; todas as suas faculdades
nativas estão intocáveis: O entendimento deles, em especial, é ainda um farol de luz; a compreensão de todas
as coisas, clara e distinta, e o julgamento deles sempre verdadeiro. Por conseguinte, embora o conhecimento
deles seja limitado, (porque eles são criaturas), embora sejam ignorantes com respeito a inumeráveis coisas,
ainda assim, eles não são capazes de errar: O conhecimento deles é perfeito em sua espécie. E como a
afeição deles é tão constantemente guiada por seu entendimento não errado, assim todas as suas ações são
adequadas a isto: assim eles fazem, todo o momento, não a própria vontade, mas a boa e aceitável vontade
de Deus. Portanto, não é possível para o homem, cujo entendimento está obscurecido, a quem o erro é tão
natural, quanto a ignorância; quem não pode pensar, afinal, a não ser pela mediação de órgãos, que estão
enfraquecidos e deteriorados, como as outras partes de seu corpo corruptível: não é possível, eu digo, para os
homens pensarem sempre corretamente, apreenderem as coisas distintamente, e as julgarem
verdadeiramente. Em conseqüência disto, suas afeições dependendo de seu entendimento, são
variavelmente desordenadas. E suas palavras e ações são influenciadas, mais ou menos, pela desordem,
tanto de seu entendimento quanto de suas afeições. Segue-se que nenhum homem, enquanto no corpo, pode
possivelmente obter a perfeição angelical.
2. Nem algum homem, enquanto ele está em um corpo corruptível, obtém a perfeição adâmica. Adão, antes
de sua queda, era indubitavelmente tão puro, tão livre do pecado quanto até mesmo os anjos santos. Da
mesma forma, seu entendimento era tão claro quanto o deles, e suas afeições tão regulares. Em virtude disto,
já que ele sempre julgou corretamente, então, ele era capaz de sempre falar e agir corretamente. Mas, desde
que esse homem rebelou-se contra Deus, o caso é amplamente diferente com ele. Ele não é mais capaz de
evitar a queda em inumeráveis erros; conseqüentemente, ele não pode sempre evitar as afeições errôneas;
nem ele pode sempre pensar, falar, e agir corretamente. Portanto, o homem, em seu estado presente, não
pode obter a perfeição adâmica, mais do que a perfeição angelical.
3. A mais alta perfeição que o homem pode obter, enquanto a alma habita neste corpo, não exclui a ignorância,
o erro, e milhares de outras enfermidades. Agora, dos julgamentos errados sempre surgem palavras e ações
erradas, da mesma fonte. Eu posso julgar você errado: Eu posso pensar mais ou menos o melhor de você, do
que eu poderia pensar: e este erro em meu julgamento pode não apenas ocasionar alguma coisa errada em
meu comportamento, mas ter um efeito ainda mais profundo: ele pode ocasionar alguma coisa errada em
minha afeição. De uma compreensão errada, eu posso amar e estimar você, quer mais ou menos, do que eu
deveria. Nem eu posso estar livre da qualificar exageradamente alguém, por tal engano, enquanto eu
permaneço em um corpo corruptível. Milhares de enfermidades, em conseqüência disto, atenderão meu
espírito, até que ele retorne para Deus que o deu. E, em incontáveis exemplos, é insuficiente fazer a vontade
de Deus, como Adão fez no paraíso. Conseqüentemente, o melhor dos homens pode dizer do seu coração: “A
todo momento, Senhor, eu preciso do mérito de tua morte, por causa das inumeráveis violações das leis
adâmicas, assim como angelicais”.
É bom, portanto, para nós que não estamos agora, sob estas, mas sob a lei do amor. “O amor é” agora “o
cumprimento da lei”, que foi dada ao homem caído. Esta é agora, com respeito a nós, “a lei perfeita”. Mas, até
mesmo contra isto, embora a presente fraqueza de nosso entendimento, nós somos continuamente capazes
de transgredir. Assim sendo, todo homem vivo precisa do sangue da expiação, ou ele não poderá estar diante
de Deus.
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Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo