Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro 2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO Estudo Antropométrico e de Aptidão Física em Alunos do 1º CEB do Concelhos de Mira José António Ribeiro Santo Orientador: Professor doutor Artur Manuel L.T. dos Anjos Martins Vila Real, 2012 UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO 2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO Estudo Antropométrico e de Aptidão Física em Alunos do 1º CEB do Concelhos de Mira José António Ribeiro Santo Orientador: Professor doutor Artur Manuel L.T. dos Anjos Martins VILA REAL, 2012 Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação do Professor doutor Artur Manuel L.T. dos Anjos Martins Santo, J. (2012). Estudo Antropométrico e de Aptidão Física em Alunos do 1º CEB do Concelho de Mira. Vila Real: Edição do autor. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Palavras-chave: Estudo Antropométrico, Aptidão Física, 1º Ciclo Ensino Básico, Atividade Física e Desportiva, % Massa Gorda, Obesidade III Agradecimentos Não posso deixar de endereçar alguns agradecimentos, sabendo que é difícil transmitir pela escrita, todo o meu apreço às pessoas que de uma ou outra forma contribuíram para a realização deste trabalho. Sendo assim, gostaria de agradecer: Ao Professor Doutor Artur Martins, não somente por ter aceitado a orientação deste trabalho, mas pelo apoio, ensinamentos, partilha, conhecimentos e amizade que foi transmitindo. À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, pela sua qualidade de ensino e por ter permitido mais uma importante etapa da minha formação. Gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos a todos os alunos do 1ºCEB do Agrupamento de Escolas de Mira que se disponibilizaram para participar voluntariamente neste estudo e respetivos Encarregados de Educação pela autorização concedida. Demonstrar a minha gratidão aos colegas de profissão a lecionar nas AEC a disciplina de AFD, pela sua colaboração, permitindo que fosse feita a recolha dos dados nas suas aulas. Endereço também os meus agradecimentos às entidades que autorizaram este estudo, nomeadamente o Agrupamento de Escolas de Mira, aos Professores Titulares de Turma a sua disponibilidade e à Câmara Municipal de Mira, responsável pelos espaços escolares onde decorreram a recolha dos dados. Gostaria de deixar bem expresso o meu sentimento de gratidão a todos quantos prestaram ajuda na realização deste trabalho, as quais não tenho uma referência particular nestes agradecimentos, não deixando contudo de serem esquecidos ou menos importantes em todo o processo. A todos, os meus sinceros agradecimentos. IV Dedicatórias Ao meu querido filho Miguel, pelo amor que te tenho e por todos os bons e maus momentos que iremos ter. À Cristina, pelo apoio incondicional que demonstrou ao longo dos anos que vivemos juntos… Aos meus pais, pelo orgulho que tenho a certeza que sentirão por esta minha conquista… Ao meu grande sobrinho Anthony pela luta constante e difícil, para vencer o tumor, enquanto eu estava a realizar este estudo. Força e coragem… tu vencerás. Nelson e Martins, colegas de mestrado e companheiros de trabalho, obrigado. V Índice geral ÍNDICE GERAL........................................................................................................................ VI ÍNDICE QUADROS ................................................................................................................ VIII ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................... IX ÍNDICE DE FIGURAS................................................................................................................. X ÍNDICE DE GRÁFICOS .............................................................................................................. X LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS........................................................................................ XI RESUMO ...............................................................................................................................XII ABSTRACT .......................................................................................................................... XIII Capítulo I – Introdução ............................................................................................................. 1 1.1- PERTINÊNCIA DO ESTUDO ................................................................................................. 1 1.2- APRESENTAÇÃO DO ESTUDO............................................................................................. 4 1.3 - ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................. 5 PARTE TEÓRICA ..................................................................................................................... 6 Capítulo II – Revisão Bibliográfica .......................................................................................... 7 2.1- CRIANÇAS DOS 6 AOS 10 ANOS - CARACTERIZAÇÃO GERAL ............................................. 7 2.1.1- Crescimento corporal ............................................................................................... 7 2.1.1.1- Fatores que influenciam o crescimento da criança ........................................... 9 2.1.2- Maturação biológica............................................................................................... 11 2.1.3- Tendência Secular para o crescimento e maturação precoce ................................. 12 2.1.4- Desenvolvimento cognitivo ................................................................................... 13 2.1.5- Desenvolvimento motor ......................................................................................... 15 2.1.5.1- Aquisição de habilidades ................................................................................ 16 2.1.5.2- Capacidades físico-motoras ............................................................................ 18 2.1.6- Caracterização socioeducativa ............................................................................... 22 2.2- AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA EM CRIANÇAS ............................................................... 24 2.2.1- Conceito de Antropometria .................................................................................... 25 2.2.2- Procedimentos para a avaliação antropométrica .................................................... 26 2.2.2.1- Posição antropométrica e pontos anatómicos ................................................. 27 2.2.2.2- Principais medidas antropométricas ............................................................... 29 2.2.3- Avaliação ponderal e da composição corporal ...................................................... 30 2.2.3.1- Avaliação antropométrica de pregas adiposas subcutâneas e massa adiposa corporal......................................................................................................................... 32 2.2.3.2- Percentagem de massa gorda .......................................................................... 34 2.2.4- Estatuto nutricional e obesidade na infância .......................................................... 36 2.3- AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA EM CRIANÇAS ............................................................. 40 2.3.1- Conceito de Aptidão Física .................................................................................... 40 2.3.2-Fatores que influenciam a Aptidão Física ............................................................... 42 2.3.3- Componentes da Aptidão Física ............................................................................ 43 2.3.4- Avaliação da Aptidão Física .................................................................................. 44 2.3.4.1- Baterias de testes motores ............................................................................... 45 2.4- ESTUDOS REALIZADOS EM PORTUGAL A PARTIR DO ANO 2000 SOBRE ANTROPOMETRIA E APTIDÃO FÍSICA NO 1ºCEB ................................................................................................... 49 VI PARTE PRÁTICA ................................................................................................................... 56 Capítulo III – Estudo Prático .................................................................................................. 57 3.1.- OBJETIVOS DO ESTUDO PRÁTICO ................................................................................... 57 3.1.1- Objetivos gerais ..................................................................................................... 57 3.1.2- Objetivos específicos ............................................................................................. 58 3.2. METODOLOGIA ............................................................................................................... 59 3.3- CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA ...................................................................................... 59 3.3.1- Amostra .................................................................................................................. 60 3.3.2- Procedimento para as autorizações ........................................................................ 60 3.4. SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS E DOS TESTES .................................................................. 61 3.4.1. Medidas antropométricas ....................................................................................... 62 3.4.2. Testes de aptidão física .......................................................................................... 64 3.5- PROGRAMA DA PESQUISA ............................................................................................... 65 3.6- TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS ......................................................................... 66 3.6.1- Controlo da qualidade dos dados ........................................................................... 66 Capitulo IV - Apresentação e Discussão dos Resultados ....................................................... 68 4.1- VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS ..................................................................................... 68 4.1.1- Estatura e massa corporal....................................................................................... 68 4.1.2- IMC ........................................................................................................................ 70 4.1.3- Pregas adiposas subcutâneas .................................................................................. 73 4.1.4- Percentagem de massa gorda ................................................................................. 75 4.1.5- Perímetros braquial, abdominal e geminal............................................................. 78 4.1.6- Comparação dos resultados das variáveis antropométricas com outros estudos ... 80 4.1.7- Correlações entre as variáveis antropométricas ..................................................... 81 4.2- VARIÁVEIS DE APTIDÃO FÍSICA....................................................................................... 83 4.2.1- Coordenação motora .............................................................................................. 83 4.2.2- Flexibilidade .......................................................................................................... 84 4.2.3- Força ...................................................................................................................... 87 4.2.4- Resistência ............................................................................................................. 90 4.2.5- Velocidade ............................................................................................................. 92 Capitulo V – Conclusões ......................................................................................................... 94 5.1- CONCLUSÕES ................................................................................................................. 94 5.2- CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 97 Capitulo VI – Referências Bibliográficas ............................................................................... 98 ANEXOS ................................................................................................................................ 110 ANEXO 1 – PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO AO AGRUPAMENTO ................................................... 110 ANEXO 2 – PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO AOS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO ....................... 111 ANEXO 3 – PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................ 112 Protocolo de avaliação antropométrica .......................................................................... 112 Protocolo de avaliação da aptidão física ........................................................................ 115 ANEXO 4 - GRELHA DE REGISTO DE DADOS ......................................................................... 119 VII Índice quadros Quadro 1- Modelo de desenvolvimento motor de Gallahue & Ozmun (2001). ..................... 16 Quadro 2- Pontos de referência antropométrica definidos por Sobral et al. (2007). .............. 28 Quadro 3- Principais medidas antropométricas simples, segundo Sobral, et al. (2007). ....... 29 Quadro 4- Principais medidas antropométricas compostas, segundo Sobral, et al. (2007). ... 29 Quadro 5- Medidas de avaliação ponderal e de composição corporal.................................... 30 Quadro 6- Terminologia do IMC para o sobrepeso e obesidade recomendada pelo CDC. .... 37 Quadro 7- Definição do conceito de Aptidão Física ao longo dos anos. ................................ 40 Quadro 8- Componentes e fatores da Aptidão Física associada à saúde (adaptado de Bouchard & Shephard, 1994). .................................................................................................. 43 Quadro 9- Descrição dos componentes funcionais e motoras da Aptidão Física (adaptado de Neto, 2009). .............................................................................................................................. 44 Quadro 10- Componentes da Aptidão Física e respetivas baterias de testes utilizadas para a sua avaliação (adaptado de Coelho e Silva et al. 2003, apud Cardoso, 2009). ........................ 45 Quadro 11- Estrutura da bateria de testes FACDEX (adaptado de Marques et al. 1991). ...... 46 Quadro 12- Estrutura da bateria de testes FITNESSGRAM. ................................................. 47 Quadro 13- Baterias de testes motores direcionadas à Aptidão Física relacionada à saúde e ao desempenho atlético (adaptado de Neto, 2009). ...................................................................... 48 Quadro 14- Estudos Antropométricos e de Aptidão Física realizados em Portugal com alunos do 1ºCEB, a partir do ano 2000. ............................................................................................... 51 Quadro 15- Listagem das variáveis, unidades de medida, formato numerário e instrumentos de medição................................................................................................................................ 65 Quadro 16- Fórmulas para cálculo de variáveis. .................................................................... 65 VIII Índice de tabelas Tabela 1- Pontos de corte de IMC para o sobrepeso e obesidade referenciados por Cole et al. (2000), para as idades referentes ao nosso estudo. ................................................................... 36 Tabela 2- Tabela de normalidade para a percentagem de massa gorda (crianças e adolescentes de 7 a 17 anos), em função da idade e género. ......................................................................... 39 Tabela 3- Distribuição da amostra em função da idade e género. ........................................... 60 Tabela 4- Determinação do Erro Técnico de Medida, Variância Combinada e Coeficiente de Fiabilidade para as variáveis caraterizadas (n=28). ................................................................. 67 Tabela 5- Distribuição dos valores da estatura e massa corporal em função da idade e género. .................................................................................................................................................. 69 Tabela 6- Valores de IMC em função da idade e género. ....................................................... 71 Tabela 7- Comparação dos valores de corte de IMC definidos por Cole et al. (2000) para o sobrepeso e obesidade com os P85 e P95 da amostra e percentagem de sobrepeso e obesidade, em função da idade e género. ................................................................................................... 72 Tabela 8- Pregas adiposas subcutâneas (tricipital, subescapular e geminal), valores médios, desvio padrão, mínimos e máximos. ........................................................................................ 73 Tabela 9- Valores percentílicos das pregas (tricipital, subescapular e geminal). .................... 75 Tabela 10- Valores de percentagem de massa gorda em função da idade e género................ 76 Tabela 11- Distribuição dos valores de percentagem de massa gorda, em função da idade e género. ...................................................................................................................................... 77 Tabela 12- Perímetros (braquial, abdominal e geminal), valores médios, desvio padrão, mínimos e máximos. ................................................................................................................ 78 Tabela 13- Valores percentílicos dos perímetros (braquial, abdominal e geminal). ............... 79 Tabela 14- Comparação dos valores médios da estatura, massa corporal e IMC em função da idade e género, com estudos nacionais de referência realizados a Norte e Sul do Continente e nos Arquipélagos dos Açores e da Madeira. ............................................................................ 80 Tabela 15- Distribuição dos valores de correlação (r de Pearson) entre estatura, massa corporal, pregas adiposas subcutâneas e perímetros, em função do género. ........................... 81 Tabela 16- Distribuição dos valores do teste de coordenação motora, em função da idade e género. ...................................................................................................................................... 83 Tabela 17- Distribuição dos valores alcançados no teste de senta e alcança adaptado, em função da idade e género. ......................................................................................................... 84 Tabela 18- Valor dos percentis no teste do senta e alcança adaptado, em função da idade e género. ...................................................................................................................................... 85 Tabela 19- Distribuição dos valores de flexibilidade no teste de amplitude de afastamento dos MI, em função da idade e género. ............................................................................................ 85 Tabela 20- Distribuição dos valores do teste de força do membro superior, recorrendo à preensão manual e ao lançamento da bola de ténis, em função da idade e género. ................. 87 Tabela 21- Distribuição dos valores do teste de abdominais, em função da idade e género. . 89 Tabela 22- Distribuição dos valores do salto horizontal sem corrida de impulsão, em função da idade e género. ..................................................................................................................... 89 Tabela 23- Distribuição dos valores na prova de resistência do vaivém, em função da idade e género. ...................................................................................................................................... 90 Tabela 24- Distribuição dos valores de VO2Máx. a partir da prova de resistência do vaivém, em função da idade e género. ................................................................................................... 91 Tabela 25- Distribuição dos valores do teste de velocidade, em função da idade e género. ... 92 IX Índice de figuras Figura 1- Principais fatores que regulam o crescimento. Adaptado de: Manual de Crescimento y desarrollo del niño, Organización Panamericana de La Salud. (1994) apud Neto, (2009). ............................................................................................................................ 10 Figura 2- Planos e eixos da posição antropométrica de referência. (Adaptado de Sobral et al. (2007). ...................................................................................................................................... 27 Índice de gráficos Gráfico 1- Valores médios da estatura dos rapazes e das raparigas em função da idade. ....... 69 Gráfico 2- Valores médios da massa corporal dos rapazes e das raparigas em função da idade. .................................................................................................................................................. 69 Gráfico 3- Distribuição da percentagem de indivíduos em relação ao IMC, que se encontram Abaixo da ZSAF, na Zona Saudável e Acima da ZSAF, em função da idade e género. ......... 71 Gráfico 4- Distribuição dos valores médios das pregas (tricipital, subescapular e geminal) por idade e género........................................................................................................................... 74 Gráfico 5- Percentagem de raparigas e rapazes que se encontram abaixo da ZSAF, na Zona Saudável e acima da ZSAF, em relação à %MG. .................................................................... 76 Gráfico 6- Comparação dos valores médios de IMC e %MG em função da idade e género. . 77 Gráfico 7- Distribuição dos valores médios dos perímetros (braquial, abdominal e geminal) por idade e género. ................................................................................................................... 78 Gráfico 8- Distribuição dos valores médios no teste do senta e alcança adaptado (diferença), por idade e género .................................................................................................................... 86 Gráfico 9- Distribuição dos valores médios no teste de amplitude de afastamento dos MI, por idade e género........................................................................................................................... 86 Gráfico 10- Distribuição dos valores médios no teste de Preensão Manual, por idade e género .................................................................................................................................................. 88 Gráfico 11- Distribuição dos valores médios no teste do Lançamento da Bola de Ténis, por idade e género........................................................................................................................... 88 Gráfico 12- Distribuição dos valores médios no teste de Abdominais em 30seg, por idade e género. ...................................................................................................................................... 90 Gráfico 13- Distribuição dos valores médios no teste do salto horizontal sem corrida de impulsão, por idade e género.................................................................................................... 90 Gráfico 14- Distribuição dos valores médios no teste do vaivém, por idade e género ........... 91 Gráfico 15- Distribuição dos valores médios de VO2 Máx, por idade e género ..................... 91 X Lista de siglas e abreviaturas AEC American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance Atividades de Enriquecimento Curricular AFD Atividade Física e Desportiva ApF Aptidão Física CDC Centers for Disease Control and Prevention cm Centímetros EF Educação Física IMC Índice de Massa Corporal Kg Quilograma Kgf Quilograma força KTK Körperkoordination Test für Kinder m Metro M Média MI Membros Inferiores MG Massa Gorda mm Milímetro n Número de indivíduos OMS Organização Mundial de Saúde P Percentil PACER Progressive Aerobic Cardiovascular Endurance Run Test SPSS “Statistical Package for Social Sciences” SD Desvio Padrão seg Segundos VO2máx Consumo Máximo de Oxigénio WHO World Health Organization ZSAF Zona Saudável de Aptidão Física 1ºCEB Primeiro Ciclo do Ensino Básico % Percentagem ♂ Masculino ♀ Feminino AAHPERD XI Resumo O presente trabalho tem como objetivo estudar as características antropométricas e de Aptidão Física dos alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico do concelho de Mira (distrito de Coimbra), com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos de idade. O estudo contempla uma amostra de 341 alunos, sendo 154 do sexo feminino e 187 do sexo masculino. As variáveis Antropométricas alvo de estudo foram: Estatura, Massa Corporal (peso), Pregas Adiposas Subcutâneas (Tricipital, Subescapular e Geminal), Perímetros (Braquial, Abdominal e Geminal), IMC, Percentagem de Massa Gorda, Sobrepeso e Obesidade. Ao nível da Aptidão Física foram realizados testes de Coordenação Motora (Ria), Força (Preensão Manual, Lançamento da Bola de Ténis, Flexões Abdominais em 30seg, Salto Horizontal sem corrida de impulsão), Flexibilidade (Senta e Alcança Adaptado e Amplitude de Afastamento dos Membros Inferiores), Resistência (Teste do Vaivém) e Velocidade de Corrida (20m lançados). O tratamento estatístico dos dados fundamentou-se essencialmente na utilização de técnicas de “estatística descritiva” aplicadas a cada uma das variáveis para o cálculo da média, desvio padrão, valor máximo e mínimo e valores percentílicos. Os resultados obtidos constituem-se como mais um recurso para o acervo de base de dados constituído por outros estudos realizados em Portugal, que servem de referência para o conhecimento da população infantil portuguesa, importante para a intervenção profissional de professores de Educação Física, treinadores, médicos, nutricionistas e ergonomistas. Comparando os valores médios de estatura, massa corporal e IMC com os estudos de Fragoso & Vieira (1991 e 2001); Pereira (2000); Freitas (2001); Maia & Lopes (2002) e Padez et al. (2004), podemos verificar que aos 6-7 anos, em ambos os géneros, os valores do presente estudo são inferiores a todos eles, contudo aos 10 anos, os valores médios da nossa amostra superam os valores de todos esses estudos de referência. Quanto aos valores de prevalência de obesidade, considerando os pontos de corte de IMC de Cole et al. (2000), a nossa amostra apresentou uma taxa de obesidade de 14% nas raparigas e de 8% nos rapazes. Ao nível da aptidão física os rapazes obtiveram melhores resultados nos testes de coordenação motora, força, resistência e velocidade, enquanto no teste de flexibilidade de amplitude de afastamento dos MI as raparigas superaram largamente os rapazes. Palavras-chave: Estudo Antropométrico, Aptidão Física, 1º Ciclo Ensino Básico, Atividade Física e Desportiva, % Massa Gorda, Obesidade XII Abstract The present work intends to study anthropometric characteristics and Physical Fitness of Students from Elementary School in Mira (district of Coimbra), aged between 6 to 10 years old. The study includes a sample of 341 students, comprising 154 females and 187 males. Anthropometric target of study were: Height, Body Mass (weight), Subcutaneous Skinfolds (Triceps, Subscapular and Geminal), Perimeters (Brachial, Abdominal and Geminal), BMI, Percentage Fat Mass, Overweight and Obesity. In terms of the Physical Fitness, Motor Coordination (Ria) Tests Were Carried Out, Strength (Hold Manual, Launch of Tennis Ball, Abdominal Crunches on 30'' Horizontal Jumping race without impulsion), Flexibility (Sit, Reach and Range of Adapted removal of lower limbs), Resistance (Test Shuttle) and Speed Racing (Launched 20m). The statistical analysis of the data was based mainly on the use of techniques of "descriptive statistics" applied to each of the variables to calculate the average, standard deviation, maximum and minimum values and percentiles. The obtained results are as an additional resource for the acquis database composed of other studies carried out in Portugal, which are used to guide the infant Portuguese population knowledge, significant for the intervention of professional physical education teachers, coaches, physicians, nutritionists and ergonomics specialists. When comparing the average values for height, body mass and BMI with the studies of Fragoso & Vieira (1991 and 2001), Pereira (2000), Freitas (2001), Maia & Lopes (2002) and Padez et al. (2004), we can see that at 6-7 years in both genders, the values are lower, yet age 10, the average of our sample overcome the values of all these studies reference. The values of obesity prevalence, considering the BMI cutoff points of Cole et al. (2000), our sample showed a rate of obesity of 14% in girls and 8% of boys. At the level of physical fitness boys obtained better results in testing motor coordination, strength, endurance and speed, while the flexibility test amplitude of removal of MI girls overcame boys largely. Keywords: Study Anthropometry, Physical Fitness, 1st Cycle Basic Education, Sport and Physical Activit, Body Fat Percentage, Obesity. XIII _________________________________________________________________________________Introdução Capítulo I – Introdução Com a realização deste trabalho pretendemos contribuir para a caracterização da população escolar do 1.º CEB relativamente às suas características antropométricas e de aptidão física (ApF). Na dimensão antropométrica incluímos as variáveis: Estatura, Massa Corporal (peso), Índice de Massa Corporal (IMC), Pregas Adiposas Subcutâneas (Tricipital, Subescapular e Geminal), percentagem de Massa Gorda (%MG) e Perímetros (Braquial, Abdominal e Geminal). Nas variáveis de caracterização de competências físico-motoras incluímos os testes de Coordenação Motora (Ria), Força (Preensão Manual, Lançamento da Bola de Ténis, Flexões Abdominais em 30seg, Salto Horizontal sem corrida de impulsão), Flexibilidade (Senta e Alcança Adaptado e Amplitude de Afastamento dos Membros Inferiores (MI)), Resistência (Teste do Vaivém) e Velocidade de Corrida (20m lançados). 1.1- Pertinência do estudo O estudo do desenvolvimento humano e principalmente as componentes do crescimento corporal e aptidão física e motora são, desde há muito tempo, dois dos principais temas de estudo e intervenção da Educação Física (EF). Os conhecimentos resultantes deste tipo de estudos são igualmente importantes noutras áreas do saber como a antropologia, a medicina, a ergonomia, e devem também estar presentes nas decisões políticas relativas à população infanto-juvenil. A avaliação de dimensões corporais, bem como a avaliação da ApF, são importantes instrumentos para caracterizar a evolução morfológica e motora das populações e em particular das crianças e jovens em fase de crescimento. Relativamente ao crescimento, é facilmente constatável uma tendência secular (Tanner, 1978; Malina, 1979; Roche, 1979; apud Fragoso & Vieira, 2006) para o aumento de algumas dimensões associadas ao crescimento, como são o caso da massa corporal e a estatura, convergindo para essa situação a influência de diversos fatores como o avanço civilizacional 1 _________________________________________________________________________________Introdução associado à massificação do acesso ao sistema de ensino, o crescente aporte proteico alimentar, a massificação do acompanhamento médico durante a infância e a juventude, não esquecendo também o importante papel do forte incremento da mobilidade das pessoas, promotora da heterose mais associada ao aumento da estatura (Fragoso & Vieira, 2006). A avaliação antropométrica ao longo dos tempos cumpriu objetivos muito diferenciados, começando pelo seu interesse para as artes plásticas (ex. cânones Gregos e Romanos), passando, muito mais tarde, pelo interesse forense que associava somatotipologias a perfis de criminosos, método utilizado nas esquadras de polícia e prisões portuguesas no início do século passado, até ao interesse quotidiano no apoio ao diagnóstico médico-pediátrico, ou ainda para o acompanhamento do processo de crescimento e deteção de talentos que ocorre no âmbito da EF e do treino desportivo. A todos estes objetivos podemos acrescentar um interesse de ordem sociológica, que se sintetiza na procura de efeitos de convulsões sociais, como por exemplo o presente contexto socioeconómico nacional, e que estuda os efeitos de alterações culturais e socioeconómicas no processo de desenvolvimento de crianças e jovens (Martins, 2012, c.p). A aptidão física e motora que expressa a influência de fatores genéticos e ambientais relacionados com a atividade física habitual, a alimentação, o repouso e o acompanhamento médico, é um dos principais motivos da EF e o seu controlo é fundamental para intervenção do educador físico e do treinador desportivo. Se outrora a aptidão física se relacionava essencialmente com motivos de preparação para a guerra e da prevenção da doença, hoje compreende-se a aptidão física e motora como um fator fundamental para a realização individual e para a vivência abrangente da vida incluindo as cada vez mais valorizadas atividades de lazer (Martins de Carvalho, 2007). O conceito de Aptidão Física (ApF) tem sido amplamente estudado ao longo do último século, sendo um importante e fundamental elemento para o desenvolvimento motor, propiciando êxitos em diversas componentes da vida e criando expectativas de continuidade futura na adoção de estilos de vida ativos e saudáveis (Malina, 2001). O grande precursor dos estudos antropométricos e de avaliação da aptidão física e motora em Portugal foi, sem dúvida, Francisco Sobral. Também Fragoso & Vieira em 1991 realizaram 2 _________________________________________________________________________________Introdução um importante estudo antropométrico, que ultrapassa o significado e valor de estudos anteriores que quase só contemplavam o estudo de medidas simples como a massa corporal e a estatura. Sobre a caracterização da evolução das componentes antropométricas e físico-motoras da população portuguesa a principal referência nacional corresponde aos estudos decenais desenvolvidos por Sobral e Coelho e Silva sobre a população juvenil Açoriana. Inúmeros estudos transversais e descritivos das características antropométricas e de aptidão físico-motora têm sido realizados por todo o país, com destaque para um maior número de estudos realizados na população açoriana, madeirense, no norte do país e também no distrito de Coimbra. Mais à frente iremos apresentar muitos dos estudos realizados com alunos do 1ºCEB a partir de 2000. As características morfológicas da população escolar portuguesa têm vindo a ser estudadas por indicadores dimensionais de observação direta (estatura, peso, perímetros musculares e pregas adiposas subcutâneas) e calculados (índice de massa corporal, % de massa gorda). A interpretação de resultados de um determinado teste de ApF é facilitada pela sua existência num quadro normativo que nos indique o valor médio, o desvio padrão, ou os valores percentílicos que permitem localizar os desempenhos individuais no contexto populacional. Os valores normativos são tanto mais objetivos quanto mais forem representativos da população avaliada, no entanto a maior parte das tabelas com valores normativos para a antropometria como para a aptidão físico-motora, disponíveis em Portugal, provêm de estudos com grupos muito alargados e com realidades étnicas e socioculturais muito díspares (Ex. EUA) das comunidades nacionais que professores de EF, treinadores e médicos têm de avaliar. Assim é de todo importante e na impossibilidade de desenvolver estudos longitudinais, realizar estudos transversais caracterizadores de uma dada comunidade e que sejam repetíveis a cada 10 anos, como aconteceu no estudo de Sobral relativamente à população Açoriana, ou ainda em prazos menores, de forma a conhecer as transformações observadas e tomar as medidas políticas ou promover alterações no âmbito dos programas anuais de turma na disciplina de EF, de forma a resolver as insuficiências ou problemas identificados. 3 _________________________________________________________________________________Introdução A importância social da prática de atividade física em crianças, tem a sua expressão mais significativa na generalização das Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) no 1ºCEB, através das aulas de Atividade Física e Desportiva (AFD) que proporcionam às crianças variadas experiências físico-motoras. Assim achámos interessante realizar um estudo nas aulas de AFD no Agrupamento de Escolas de Mira. Da nossa ligação profissional à lecionação dos programas de AFD do concelho de Mira e a constatação da inexistência de um estudo nesta área na população infantil de Mira, surgiu o nosso interesse em desenvolver este trabalho necessário para os dias de hoje, mas também útil para a comparação com resultados de estudos futuros. Assim, o presente estudo propõe-se caracterizar ao nível antropométrico e de ApF, os alunos do 1ºCEB do concelho de Mira, com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos, permitindo, desde logo, comparar a população infantil de Mira com a população infantil de outras áreas regionais já estudadas. A avaliação antropométrica e de ApF integra variáveis associadas à ApF relacionadas à saúde e à ApF associada ao desempenho motor. 1.2- Apresentação do estudo O presente estudo carateriza-se por ser um estudo transversal, de carácter descritivo, relativo a componentes associadas ao processo de desenvolvimento físico e motor da criança, sendo por isso composto por duas dimensões. Uma primeira de natureza antropométrica, a qual tem como finalidade aferir a componente dimensional e morfológica da criança e uma segunda de carácter motor, com a avaliação da ApF segundo um conjunto de testes físico-motores. A amostra do estudo é constituída por 341 alunos pertencentes a todas as turmas do 1º CEB do Agrupamento de Escolas de Mira, que participaram no estudo de forma voluntária e devidamente autorizados pelos pais e/ou Encarregados de Educação. O agrupamento de Escolas de Mira coincide com a área geográfica do concelho de Mira que pertence ao distrito de Coimbra. Trata-se assim de uma amostra abrangente, que quase coincide com a população amostral que se pretende caraterizar. 4 _________________________________________________________________________________Introdução 1.3 - Estrutura do trabalho O presente trabalho segue uma estrutura clássica organizada em parte teórica e parte prática, subdivididas em capítulos. O Capítulo I é um capítulo introdutório que antecede a parte teórica e visa essencialmente orientar o leitor para a estrutura do documento, contextualizar a temática abordada e apresentar as razões que conduziram à concretização da investigação. A parte teórica é constituída pelo Capítulo II relativo à “Revisão Bibliográfica” caracterizadora do “Estado da Arte” onde se apresentam conceitos e teorias sobre antropometria e aptidão física e, estudos relativos ao processo de desenvolvimento das crianças, nomeadamente os processos de crescimento corporal e desenvolvimento motor. Neste capítulo insere-se uma resenha atualizada dos estudos realizados em Portugal, entre o ano 2000 até 2011, em que incluem uma ou as duas componentes do nosso estudo, relativamente à avaliação antropométrica e de aptidão Física, em crianças que integram o 1ºCEB. A Parte Prática refere-se ao “Trabalho de Campo” e é constituída pelos Capitulo III, IV e V. No Capitulo III são apresentados os objetivos e descrita a metodologia utilizada, incluindo a apresentação da amostra estudada, a seleção dos testes realizados, o tratamento estatístico e os procedimentos de controle da qualidade dos dados. No Capitulo IV é feita a apresentação e discussão dos resultados em função da idade e género dos sujeitos amostrais. No Capitulo V apresentamos as conclusões finais do estudo. No Capitulo VI é referenciada a bibliografia consultada para apoio à realização do presente estudo. Em anexo constam os pedidos de autorização ao Agrupamento de Escolas de Mira, a autorização enviada aos Pais/Encarregados de Educação, a descrição dos protocolos de avaliação Antropométrica e de ApF utilizados para a recolha dos dados e, por último, a ficha de recolha de dados utilizada. 5 PARTE TEÓRICA 6 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Capítulo II – Revisão Bibliográfica 2.1- Crianças dos 6 aos 10 anos - Caracterização geral O escalão etário de 6-10 anos representa a etapa final da infância e é marcada fundamentalmente pelo processo de desenvolvimento. Este processo conjuga 3 fenómenos principais: o crescimento corporal, a maturação biológica e a aprendizagem, que se refletem em dimensões frequentemente categorizadas em desenvolvimento físico-motor, cognitivo, emocional e social. Durante décadas, muitos estudos decorreram com intenção de perceber os processos de crescimento e desenvolvimento em crianças, entre esses encontram-se os estudos feitos por Tanner (1981), Sobral (1986, 1988 e 1989), Malina & Bouchard (1991), Fragoso & Vieira (1991 e 2001), Guedes (1994) Sobral & Coelho e Silva (2001), Coelho e Silva & Malina (2003), Rito (2004), Padez et al. (2004), Maia et al. (2002, 2003 e 2006), entre outros. 2.1.1- Crescimento corporal “O crescimento é uma das características próprias dos seres vivos que resulta, basicamente, da elaboração de células estruturais numa taxa superior à da sua degradação”(Sobral et al. 2007, p145). Para Malina & Bouchard (1991), o crescimento resulta de um complexo mecanismo a nível celular, podendo envolver três diferentes fenómenos: hiperplasia (aumento do número de células), hipertrofia (aumento do tamanho da célula) e agregação (aumento das substâncias intercelulares). Nesta mesma linha Pedraza & Queiroz (2011) caracterizam o crescimento como um processo dinâmico, contínuo, regular e extremamente organizado que tem início com a fecundação (princípio da vida), sendo expresso através do aumento do tamanho corporal. O crescimento supõe um aumento, a velocidades diferentes, do número (hiperplasia) e/ou do tamanho (hipertrofia) das suas células. Para Maia & Lopes (2006) e Rebato (2007) crescer é bem mais complexo do que a simples junção de valores estaturais ao longo da idade, do nascimento ao estado adulto, observam-se muitas mudanças no corpo: tamanho, forma, composição, proporções e formação do 7 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica esqueleto, mudanças que arrastam consigo alterações na proporcionalidade do corpo e nos valores do peso. As modificações de dimensão, proporcionalidade, composição e forma do corpo decorrentes do processo de crescimento são estudadas a partir da auxologia usando técnicas antropométricas (Fragoso & Vieira, 2006; Sobral et al. 2007). No crescimento humano a avaliação e interpretação é importante para todos aqueles que medem e avaliam o crescimento da criança. A interpretação dos dados de crescimento, tendo em conta os efeitos ajustados de influências, tais como genes, hormonas e abuso de substâncias durante a gravidez, dão descrições dos padrões de crescimento normal e anormal. Os Métodos para medir a dimensão e maturidade, o julgamento e interpretação dos dados, avaliações de influências sobre o crescimento e o significado de crescimento anormal, serão uma fonte essencial de informações para pediatras, biólogos humanos, trabalhadores da saúde, nutricionistas, epidemiologistas e outros que são responsáveis pela saúde e o bem-estar das crianças. (Roche & Sun 2003). Para melhor avaliar o crescimento da criança a Organização Mundial de Saúde recomenda a utilização do CDC-2000 do Centers for Disease Control and Prevention como referência para o crescimento de crianças e adolescentes entre os 5 e 18 anos. Segundo Silva, Júnior e Oliveira (2005) a monitorização do crescimento pode ser considerada como um dos mais importantes indicadores quanto à qualidade de vida de um país, ou a extensão das distorções existentes numa mesma população nos seus diferentes subgrupos. Referente à curva de crescimento Bogin (1999, apud Fragoso & Vieira, 2006) defeniu-a como tendo quatro fases de crescimento destintas: 1ª infância (desde o nascimento até aos 3 anos), 2ª Infância (dos 3 aos 7 anos) fase juvenil (desde os 7 até aos 11 anos) e adolescência (dos 11 aos 18 anos). Embora estas fases sejam distintas, a passagem de uma para a outra não é bastante nítida, no entanto o início da puberdade é facilmente detetado pelo aparecimento das caraterísticas sexuais. Na 2ª infância (3-7 anos) a criança passa a ter um aspeto alongado e fino, apresentando um maior desenvolvimento músculo-esquelético e uma menor quantidade de tecido adiposo. A partir dos 6 anos a desaceleração do crescimento é notória até cerca dos 10 anos de idade e as modificações morfológicas são quase inexistentes. (Fragoso & Vieira, 2006; Sobral et al. 8 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica 2007). Algumas crianças podem apresentar um salto de crescimento transitório aproximadamente aos 6-7 anos designado por pré-pubertário (Fragoso & Vieira, 2006). A fase juvenil (7-11 anos) podendo ser definida como fase pré-pubertária, carateriza-se por um período de grande desaceleração do crescimento, terminando essa desaceleração quando se atinge o início da última aceleração de crescimento. O fim desta fase também coincide com a erupção do último dente definitivo, podendo acontecer entre os 10,5 e os 12 anos. Já no salto pubertário, Fragoso & Vieira (2006) referem que o aumento brusco da estatura deve-se essencialmente ao crescimento dos MI. Este fenómeno decorre em todas as crianças, contudo a sua intensidade, duração e idade de ocorrência são muito variáveis, podendo em média ocorrer entre os 9 e os 13 anos. Segundo Freitas, (2001) a rapariga “típica” é ligeiramente mais baixa do que o rapaz em todas as idades até á puberdade. Por volta dos 10 anos torna-se mais alta devido ao seu salto pubertário, que ocorre 2 anos mais cedo, sendo novamente ultrapassada por volta dos 14 anos de idade. As raparigas atingem em média a sua estatura adulta por volta dos 16 anos e os rapazes apenas aos 18 ou mais. A forma como o ser humano está crescendo é o produto de uma interação entre a biologia da nossa espécie, o ambiente físico em que vivemos e o ambiente social, económico e político que cada cultura humana cria (Rebato, 2007). Os estudos antropométricos, segundo Oliveira & Guimarães (2003) são bastante importantes, pois tem grande aplicação no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de crianças, na verificação das adaptações ao treino, na seleção de atletas e em estudos de caracterização étnica. 2.1.1.1- Fatores que influenciam o crescimento da criança O processo de crescimento é influenciado por fatores genéticos e ambientais. Nos fatores extrínsecos, destacam-se a alimentação, a saúde, a higiene, a habitação e os cuidados gerais com a criança, que atuam acelerando ou retardando esse processo (WHO, 1995). 9 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Em relação aos fatores genéticos, Malina & Bouchard (1991) apresentam uma estimativa de 60% ou superior relativamente à influência genética na altura (estatura), observável na infância e na adolescência, e ainda, na idade adulta em que se aproxima dos 100%. Relativamente à nutrição Eckert (1993) refere que a boa ou má nutrição poderá provocar efeitos sobre o ritmo de crescimento, o tamanho final, a forma e a composição do tecido. A má nutrição parece diminuir o ritmo de crescimento, contudo as crianças recuperam desde que as condições adversas não sejam muito severas nem se prolonguem por um longo período de tempo. A má nutrição crónica durante a infância resultará em adultos menores. Gallahue & Ozmun (2001) acrescentam ao fator nutrição outros fatores ambientais como a ocorrência de doenças, as condições climáticas e o stress emocional, como fatores que influenciam o pico de crescimento na puberdade, para além de uma variedade de elementos genéticos. Também os fatores socioeconómicos podem influenciar o crescimento, contudo será de uma forma indireta, pois afeta principalmente os cuidados de saúde, os níveis de nutrição e as condições de vida. Na mesma linha, Rebalo (2007) refere que os fatores ligados direta ou indiretamente à nutrição, como o nível socioeconómico e cultural dos pais, a dimensão da família, a paridade da ordem de nascimento, os fatores psicossociais, o ambiente rural ou urbano, etc., têm de ser tidos em conta em estudos de crescimento, pois as crianças em risco de desnutrição ou de obesidade são de classes socioeconómicas baixas e do meio ambiente rural. Em Portugal, um fator onde foram encontradas algumas diferenças em relação à altura, foi o meio em que o individuo está inserido (meio rural ou meio urbano), tendo sido identificado por Padez (1999, 2003, 2004) diferenças consideráveis entre os distritos do litoral e interior português, tendo o litoral apresentado medidas de altura mais elevadas, em relação ao interior. Figura 1- Principais fatores que regulam o crescimento. Adaptado de: Manual de Crescimento y desarrollo del niño, Organización Panamericana de La Salud. (1994) apud Neto, (2009). 10 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica 2.1.2- Maturação biológica Malina (2001) define maturação como o momento e a cadência de um processo que leva ao estado biologicamente maturo. Para Guedes & Guedes (1997) a maturação serve para descrever as mudanças biológicas que ocorrem de forma ordenada e direcionada para atingir o estado adulto. A maturação biológica é um processo complexo, que tem uma forte interação dos genes com o ambiente, traçando a trajetória de cada individuo até ao estado adulto, que apesar de ocorrer em todos os indivíduos tem uma forte variabilidade interindividual (Maia & Lopes, 2006). A avaliação do desenvolvimento implica a observação das funções neurológicas, cognitivas, afetivas e sociais (Pedraza & Queiroz, 2011). Em relação apenas ao desenvolvimento motor, Gabbard (2000) carateriza-o como sendo um processo de mudanças contínuas que ocorrem no comportamento motor de um indivíduo, desde a conceção até a morte, resultante da interação entre os fatores hereditários e ambientais. Nesse sentido Gallahue & Ozmun (2001) referem que o conhecimento sobre os conceitos de crescimento, desenvolvimento, maturação, idade cronológica e idade biológica, são fundamentais para compreendermos o verdadeiro papel, da atividade física na criança. De acordo com Guedes & Guedes (1997), algumas crianças podem apresentar velocidade de maturação mais acelerada que outras (precoce) ou mais lenta (tardia). “Duas crianças praticantes de desporto com a mesma idade cronológica, que apresentam semelhanças anatómicas em termos de altura, peso e desenvolvimento muscular, podem ter idades biológicas e aptidões diferentes para o desempenho de uma tarefa de treinamento” (Bompa, 2002 p14). A diferença entre idade cronológica e idade maturacional ou biológica aumenta à medida que a criança se vai desenvolvendo, podendo ter um desvio até 2 anos na infância Fragoso & Vieira (2006). Segundo Eckert (1993) e Fragoso & Vieira (2006) os indicadores biológicos que mais se utilizam para avaliar o nível maturacional são: a idade gestacional, a idade morfológica, a idade dentária, a idade óssea e a idade de aparecimento das características sexuais secundárias. 11 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Para Freitas (2001) o melhor sistema referenciado pela literatura para avaliar a idade biológica ou o estatuto maturacional é a maturação esquelética através do método TW2 (Tanner et al. 1983) sendo um método associado a valores elevados de fiabilidade inter e intra observadores. Num estudo realizado pelo mesmo autor com 1470 indivíduos da Madeira com idades compreendidas entre os 7 e os 18 anos, utilizando este método, verificou que os rapazes de maturação atrasada (P5º) alcançavam o estado adulto aos 17,6 anos e as raparigas aos 17,2 anos. Já os de maturação avançada (P95º) atingiam esse ponto final aos 14 anos e as raparigas aos 13 anos. Malina & Bouchard (1991), apud Freitas (2001) referem que as crianças que crescem a uma taxa mais rápida, estão mais próximas da sua estatura adulta final, quando comparadas com outras crianças da mesma idade cronológica, estando mais avançadas no seu estado de maturação. Ao nível do desempenho físico-motor Fragoso & Vieira (2006) são da opinião que os indivíduos mais desenvolvidos fisicamente, têm mais sucesso em algumas tarefas motoras comparando com crianças menos maturas. Partindo desse ponto de vista Sobral (1988) e Malina & Bouchard (1991), referem que todas as alterações, decorrentes do crescimento e maturação biológica, têm particular efeito no comportamento motor e aptidão física de crianças e adolescentes. 2.1.3- Tendência Secular para o crescimento e maturação precoce A Tendência Secular para o crescimento e maturação precoce pode ser entendida como um processo de adaptação biológica que envolve um número muito grande de variáveis e informações capazes de provocar adaptações morfológicas e fisiológicas individuais, em pequenos grupos ou mesmo em populações (Fragoso & Vieira, 2006). Observações conduzidas em diversos países apontam para um aumento médio na estatura de 1 cm em cada década no escalão dos 5 aos 7 anos, 2,5 cm na adolescência e 1 cm por década no adulto (Sobral et al. 2007). Segundo Coelho e Silva (2008) as variações estaturais de 1904 (Lacerda, 1904) para 1996 (Padez, 1998), são de 8,9cm para a média nacional cm e 8,6 cm para o distrito de Coimbra. Entre 1960 e 1990 (Castro et al. 1998), a variação estatural foi de 5,4 cm (1,8 cm/década) e entre 1950-1980 (Sobral, 1988), o acréscimo absoluto da estatura média foi de 4,4 cm (1,5 cm/década) (Coelho e Silva, 2008). 12 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Fragoso & Vieira (2006) refere que em Portugal uma criança hoje com 7 anos de idade apresenta uma estatura de uma criança que há 100 anos teria 9 anos, ou seja uma diferença aproximada de 2 anos. Também Padez (2003) encontrou uma tendência secular positiva para a estatura em jovens adultos (aos 18 anos de idade), existindo o aumento médio de 8,93cm, equivale a uma taxa de 0,99cm por década. Segundo Padez (2003) e Sobral & Coelho e Silva (2007) tudo indica que uma das hipóteses para a tendência positiva do crescimento secular foi a melhoria das condições de vida das populações nos países industrializados a partir de meados do século XIX, e que essa tendência em Portugal se deve especialmente da melhoria ao nível da nutrição e do sistema de saúde. Padez (2003) refere ainda que tendo em conta as diferenças socioeconómicas existentes entre distritos, os resultados sugerem que a tendência secular positiva referente à altura, deve continuar para a população portuguesa nas próximas décadas. 2.1.4- Desenvolvimento cognitivo Piaget é um dos principais autores de referência no entendimento do processo de desenvolvimento cognitivo. A teoria de Piaget (1978) concebe o desenvolvimento cognitivo como um processo organizado e sequencial constituído por 4 estádios. A inteligência é concebida como um caso particular de adaptação biológica resultante do equilíbrio entre a assimilação e a acomodação. Todo o desenvolvimento cognitivo resulta no fundo, da equilibração entre a assimilação e a acomodação permitindo assim ao ser humano, seja qual for o estádio em que se encontre, resolver os problemas se lhe deparam e adaptar-se à realidade circundante. Segundo Piaget (1978) é a aprendizagem que uma criança efetua durante um estádio que lhe permitirá a passagem ao estádio seguinte: 1-Estádio sensório-motor (período antes do aparecimento da linguagem); 2- Estádio pré-operatório (período que vai desde o aparecimento da linguagem até aos 7 ou 8 anos); 3-Estádio das operações concretas (vai desde os 7 anos aos 12 anos); 4-Estádio das operações formais (depois dos 12 anos). O estádio das operações concretas, corresponde à maioria dos indivíduos amostrais do nosso estudo prático, inicia-se por volta dos sete ou oito anos e termina na transição da infância para 13 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica a adolescência. Durante este estádio surge a capacidade de se efetuarem análises lógicas, dáse um aumento de simpatia com os sentimentos e atitudes dos outros (ultrapassagem do egocentrismo) e começa a haver compreensão das relações causa/efeito mais complexas. É também durante este estádio que se dá um salto no desenvolvimento da capacidade de uso do pensamento simbólico. No início do estádio das operações concretas, a criança já é capaz de compreender a propriedade transitiva desde que aplicada a objetos concretos que tenha visto. No entanto não é ainda capaz de compreender a propriedade transitiva quando aplicada a objeto hipotéticos. Ao longo do estádio das operações concretas, a criança irá perceber as propriedades dos objetos como a conservação de volume, de massa e de comprimento. Para Piaget (1978) cada estádio de desenvolvimento integra-se no seguinte, as aquisições feitas num determinado período serão a base das aquisições a realizar no período seguinte, daí existir a necessidade que o educador conheça, por um lado, o processo de construção da inteligência infantil e por outro, tenha esses conhecimentos em conta ao planificar atividades para o nível em que a criança se encontra. O professor é um auxiliar do desenvolvimento tendo como principal papel o de promover a aprendizagem ativa das crianças. Ao nível comportamental, para Gesel et al. (1977) aos 6 anos a criança manifesta a sua bipolaridade, salta rapidamente dum extremo para outro. “ Chora, mas o seu choro transforma-se facilmente em riso e o riso em lágrimas.” Diz gostar muito da mãe e rapidamente afirmar que a detesta. Uma caraterística dominante é a fraca capacidade de modulação. Ao nível motor passa a ser mais ativa, encontrando-se em atividade constante, querendo estar em toda a parte. Aos 7 anos, em muitas crianças verificam-se prolongados períodos de aquietação e de concentração em si mesma, relacionando experiências novas com antigas. Nesta idade a criança é um bom ouvinte e a sua bipolaridade explosiva está a dar lugar a uma consolidação interior, atingindo um nível mais elevado de maturidade. A capacidade de socialização transparece mais claramente na escola, manifestando também um caracter de independência que se vai acentuando cada vez mais. Ao nível motor mostra-se menos brusca, sendo mais calculosa, e repete um exercício várias vezes até conseguir executá-lo bem. As crianças de 8 anos entregam-se mais a brincadeiras de luta e a jogos violentos, sendo crianças mais saudáveis e cansam-se menos que as de 7 anos. Também no aspeto físico começam a ser mais amadurecidas, apresentando algumas modificações como prenúncio da 14 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica puberdade. Nesta idade os dois sexos começam a enveredar por trilhos separados, levando-os a um afastamento e vergonha de tocarem uns nos outros, mesmo em brincadeiras normais. Na escola já não são tão dependentes da professora. Ao nível motor, estão constantemente ativas, os movimentos são ágeis, graciosos e elegantes, tendo consciência da sua própria postura. Em relação à criança aos 9 anos, esta torna-se mais segura de si, adquire novas formas de dependência, que modificam a relação com a família, a escola e os companheiros. A auto motivação é a principal característica gostando de classificar, identificar e organizar a sua informação. Em geral não é agressiva e revela um grande sentido de justiça, e até mesmo sensatez. Ao nível motor a criança de 9 anos é mais hábil e interessa-se por desportos de competição. Os rapazes são impetuosos e rapidamente apresentam uma postura ativa de combate. Aos 10 anos, as diferenças entre géneros começam a ser evidentes. A rapariga tem mais postura, bom senso e interessa-se por assuntos relacionados com casamento e família. Os rapazes exprimem os sentimentos de camaradagem com os colegas empurrando-se, enquanto as raparigas passeiam umas com as outras abraçadas. Ao nível motor, a criança gosta de estar em atividade e a sua grande paixão é a vida ao ar livre. O seu maior gosto são jogos de muito movimento, correr, deslizar, trepar, saltar, patinar e andar de bicicleta. 2.1.5- Desenvolvimento motor O desenvolvimento motor estuda as mudanças que ocorrem no comportamento motor humano a partir dos movimentos reflexos, rudimentares até aos movimentos complexos altamente organizados e coordenados e pode ser analisado em duas vertentes, a aquisição de habilidades motoras e o estado das capacidades físico-motoras (Gallauhue & Ozmun, 2001). Esta subdivisão é essencialmente teórica porque a aquisição de habilidades é influenciada pelo nível de desenvolvimento das capacidades físico-motoras e as capacidades físico-motoras são avaliadas através de testes que determinam o desempenho motor, muitas vezes influenciado pelo nível de aprendizagem das habilidades presentes nesses testes (Martins de Carvalho, 2007). 15 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Quadro 1- Modelo de desenvolvimento motor de Gallahue & Ozmun (2001). Fases do desenvolvimento motor Fase dos Movimentos Reflexos Fase dos Movimentos Rudimentares Fase dos Movimentos Fundamentais Fase dos Movimentos Especializados Período de idade aproximada do desenvolvimento Pré-natal aos 4 meses Estádios do desenvolvimento motor Codificação da Informação 4 meses a 1 ano Descodificação da informação Nascimento até aos 12 meses Inibição de Reflexos 1 aos 2 anos Pré-controlo 2 aos 3 anos Inicial 4 aos 5 anos Elementar 6 aos 7 anos Maduro 7 aos 10 anos Transição 11 aos 13 anos Aplicação 14 anos em diante Utilização ao longo da vida 2.1.5.1- Aquisição de habilidades Segundo Magill (2001), habilidade motora pode-se entender como, qualquer tarefa simples ou complexa que, por intermédio da exercitação, pode passar a ser efetuada com elevado grau de qualidade, podendo chegar à automatização. Para Meinel (1984) na primeira idade escolar (7-10 anos), o desenvolvimento é marcado pelo rápido aumento da aquisição de habilidades motoras, devido aos rápidos progressos no aspeto físico e psíquico principalmente aos 9 e 10 anos. O traço básico dominante do comportamento motor é a vivacidade e a flexibilidade. As crianças começam a dominar os seus impulsos conseguindo concentrar-se nas atividades que estão a realizar, sendo mais conservadoras e equilibradas no rendimento. Kail (2004) considera que as habilidades motoras finas e grossas melhoram significativamente nos anos escolares, pois as crianças crescem e tornam-se mais fortes, correndo cada vez mais rápido e pulando cada vez mais longe. Quando chegam aos 11 anos as crianças conseguem lançar uma bola 3 vezes mais longe do que conseguiam aos 6 anos e saltar quase o dobro. Nas habilidades motoras grossas, as raparigas destacam-se na flexibilidade e equilíbrio, enquanto os rapazes levam vantagem em todas as habilidades que dependem da força. Já nas habilidades motoras finas as raparigas tendem em destacar-se na caligrafia. 16 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Segundo o modelo de desenvolvimento motor de Gallahue & Ozmun (2001), na fase dos movimentos fundamentais, estes podem ser caraterizados com estabilizadores, locomotores ou manipulativos. Nos movimentos estabilizadores, a criança é envolvida em constantes esforços contra a força de gravidade na tentativa de obter e manter a postura vertical (equilíbrio). A categoria de movimentos locomotores, referem-se aos movimentos que indicam uma mudança na localização do corpo em relação a um ponto fixo na superfície, sendo o exemplo caminhar, correr, saltar, pular ou saltitar. A categoria de movimentos manipulativos, referem-se às manipulações motoras, como tarefas de arremessos, receção, chutos e interceção de objetos, que são movimentos manipulativos grossos. Como movimentos manipulativos finos podemos ter o escrever e cortar com tesoura. Gallahue & Ozmun (2001) divide a fase dos movimentos fundamentais em três estágios: estádio inicial, estádio elementar e estádio maduro. Os movimentos locomotores, manipulativos e estabilizadores de crianças de dois anos de idade estão enquadrados no estádio inicial, que representa a primeira meta orientada da criança na tentativa de executar um padrão de movimento fundamental em que os movimentos espaciais e temporais são pobres. O estádio elementar já envolve um maior controle e coordenação rítmica dos movimentos fundamentais. As crianças de desenvolvimento normal tendem a avançar para o estágio elementar através do processo de maturação. O estádio maduro é caracterizado como mecanicamente eficiente, coordenado, e de execução controlada. As crianças atingem este estádio perto dos 5 ou 6 anos tendo potencial de desenvolvimento na maioria das habilidades fundamentais, podendo iniciar a transição para a fase de movimentos especializados. No entanto, certos padrões maduros nunca chegam a ser atingidos, pois este depende basicamente do ensino, do encorajamento e das oportunidades de prática. A fase de movimentos especializados enquadra-se nas idades da nossa amostra. Esta fase está relacionada com a especialização e é um período em que as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas, são progressivamente refinadas e combinadas de forma a serem utilizadas em situações mais complexas e de maior grau de dificuldade. Os movimentos especializados são movimentos fundamentais que foram refinados e combinados, e podem ser agora utilizados em muitas atividades motoras complexas presentes na vida diária, na recreação e lazer, ou em atividades desportivas. Esta fase é dividida em três estágios: transição, aplicação e utilização para a vida. No estágio de transição (dos 7 aos 10 anos) a criança começa a combinar e aplicar habilidades dos movimentos fundamentais. No estágio 17 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica de aplicação (11 aos 13 anos), a criança é capaz de realizar uma variedade de habilidades complexas, devido ao aumento da sofisticação cognitiva e da ampliação das experiências de base. Essas habilidades devem ser refinadas e aplicadas a um desporto tanto ao nível do lazer como competitivo. O estágio de utilização ao longo da vida, inicia-se por volta dos 14 anos e prolonga-se pela fase adulta. O nível de refinamento das habilidades aumenta. A performance pode variar com a participação em atividades amadoras, a desportos de alta competição ou profissionais. 2.1.5.2- Capacidades físico-motoras Há basicamente duas escolas na sistematização das qualidades e capacidades físico-motoras. Nos autores portugueses destacamos a sistematização de Sobral, que representa a linha de pensamento anglo-saxónica e estabelece 5 qualidades e capacidades principais: coordenação, flexibilidade, força, resistência e velocidade. Cada capacidade é composta por várias subcapacidades. Ainda na versão anglo-saxónica, Gallahue distingue as capacidades motoras e as capacidades físicas, conforme o fator motor ou o fator orgânico sejam mais determinantes para a sua expressão, considerando como capacidades motoras a coordenação motora e a velocidade, e como capacidades físicas a flexibilidade, a força e a resistência. Um pouco nesta linha, os “autores de leste” tal como Grosser (1983), dividem-se em dois domínios as capacidades motoras desportivas: o domínio condicional (quantitativo) e o domínio coordenativo (qualitativo). As capacidades condicionais são determinadas pelos mecanismos que conduzem à obtenção e transformação de energia, isto é, os processos metabólicos nos músculos e nos sistemas orgânicos. São predominantemente direcionadas para a condição física tendo por isso um caracter quantitativo. As capacidades coordenativas têm um caráter qualitativo, pois constituem o pressuposto fundamental para a aprendizagem e desenvolvimento das habilidades motoras e, consequentemente, para a assimilação dos gestos técnicos de forma mais correta e eficiente. 18 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Estas capacidades devem ser trabalhadas nos primeiros anos de escolaridade, pois é dos 6 aos 12 anos que elas se desenvolvem, devido a existirem pressupostos sociais, psíquicos, anatómico-fisiológicos e motores favoráveis ao rápido desenvolvimento destas capacidades. Na fase da puberdade existe um rápido crescimento, facto que pode levar a estagnação ou mesmo a um retrocesso no desenvolvimento das capacidades coordenativas. As capacidades coordenativas permitem que a criança consiga aprender gestos motores e dominar de forma segura e económica as ações motoras, tanto nas situações previsíveis como imprevisíveis. Para Gallahue & Ozmun (2001), a coordenação motora liga-se às componentes de aptidão motora, de equilíbrio, de velocidade e de agilidade. Contudo, não está diretamente ligada à força e à resistência. Quanto mais complexas forem as tarefas motoras, maior será o nível de coordenação necessário para um desempenho eficiente. Assim, o comportamento coordenado requer que o individuo desempenhe movimentos específicos em série, com rapidez e precisão considerando ainda, a integração dos sistemas motor e sensorial num padrão de ação harmonioso e lógico, como que uma combinação concordante dos deslocamentos dos segmentos corporais, no tempo e no espaço. Segundo Lopes et al. (2003) estudar a coordenação motora de crianças em idade escolar é importante pela sua associação a aspetos ligados à aprendizagem motora e controle motor nas mais diversas tarefas do seu dia-a-dia, como também pelas implicações pedagógicas e educativas que decorrem das aulas de EF. Ao nível da ApF a bateria de testes KTK é a mais utilizada para avaliar a coordenação motora das crianças. O teste da Ria proposto por Martins de Carvalho (2007) vem aliviar a necessidade da aplicação de uma bateria completa apenas para avaliar a coordenação. Outras soluções são encontradas na literatura e em alguns casos a opção foi a de selecionar apenas um dos testes do KTK. Ao nível da flexibilidade, Weineck (1999), refere que o género feminino apresenta uma maior flexibilidade do que o género masculino, devido às diferenças hormonais, em que o género feminino apresenta um alto nível de estrógeno que provoca uma maior retenção de água e também uma maior presença de tecido adiposo e menor massa muscular do que a observada no género masculino, proporcionando condições favoráveis a um maior nível de flexibilidade. Para Meinel (1984) é uma das capacidades a trabalhar desde idades muito jovens. Sabe-se que ao contrário de outras capacidades, a criança nasce com uma ótima capacidade de 19 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica flexibilidade e que esta se vai perdendo se não for trabalhada, fundamentalmente após os 10 anos. No escalão etário dos 6/10 anos, a flexibilidade é muito acentuada, devendo ser privilegiada a flexibilidade geral. Os desportos que exigem grandes amplitudes articulares obrigam a uma exercitação da flexibilidade específica em idades muito jovens (a partir dos 6 anos). Na avaliação da flexibilidade, o teste mais utilizado nos estudos de ApF em crianças e adolescentes é o teste do senta e alcança. A sua grande utilização deve-se ao facto do movimento se assemelhar com algumas ações do quotidiano, à grande facilidade na sua aplicação e porque avalia a flexibilidade ao nível da coluna e dos músculos isquiotibiais, que estão associados à maioria das dores ao nível da coluna vertebral. Contudo, deve-se ter em conta que um elevado índice de flexibilidade na região do quadril não reflete necessariamente um bom índice em qualquer outra zona do corpo e deve ter-se também em conta os riscos associados a este teste. Relativamente à força, Meinel (1984) refere que na fase dos 7-10 anos o desenvolvimento da força decorre relativamente lento quando não é promovido e as diferenças entre géneros não são ainda substanciais. Na idade pré-pubertária deve-se procurar em primeiro lugar, desenvolver a força geral, com o aumento da força geral e postural. Os exercícios devem ser executados procurando a amplitude máxima dos movimentos, que evitam o encurtamento muscular prejudicial ao crescimento. Para muitos autores a força explosiva é a capacidade representativa das capacidades motoras condicionais dos 6 aos 14 anos, sendo o seu desenvolvimento máximo entre os 16/18 anos, dependendo do grau de maturidade sexual (maior massa muscular na adolescência devido aos elevados níveis de testosterona). Segundo Eckert (1983) e Kail (2004) na infância os rapazes tendem a ser superiores às raparigas em atividades que requerem força. Um dos testes mais utilizados para avaliar a força ao nível da ApF é a Preensão Manual, por os resultados deste teste apresentarem as correlações mais elevadas com outras provas de força resistente e força máxima. 20 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica A capacidade de resistência aeróbia é treinável em todos os períodos, na infância e na puberdade. A finalidade do treino de resistência (componente aeróbia) é proporcionar ao jovem uma estabilidade orgânica, sobretudo do sistema cardiovascular, sendo também importante a consolidação do tecido conjuntivo e do aparelho de sustentação (ossos, ligamentos e articulações). Segundo Léger (1996) apud Silva (2002) a potência aeróbia máxima ou consumo máximo de oxigênio (VO2máx), a eficiência mecânica e o limiar anaeróbio, são componentes que “funcionam” de forma diferenciada na criança e no adolescente em relação ao adulto, sobretudo devido a influência da maturação. Segundo Diniz (1998), alguns autores como Bar-or (1983) salientaram que os jovens préadolescentes têm poucas possibilidades de resposta positiva ao treino aeróbio, devido a níveis habituais de atividade espontânea já muito elevados, pois segundo Shephard et al. (1977) crianças com idade inferior a 8 anos não dominam suficientemente bem ao nível motor, nenhuma atividade física que lhes permita ter uma atividade física suficientemente vigorosa. Sobral (1988) refere que também existem dificuldades em estudar atividades anaeróbias em crianças pelo facto de as provas de avaliação imporem situações de prestação máxima e requererem uma grande capacidade de empenho volitivo. Segundo Bangsbo (1994) a resistência anaeróbia láctica só deve ser desenvolvida a partir da segunda fase da puberdade (adolescência 14/15 anos), porque em idades mais baixas os jovens apresentam: menor concentração de determinadas enzimas (glicolíticas) o que implica uma atividade das enzimas glicolíticas mais baixa, uma menor tolerância ao ácido láctico, dependência da maturidade hormonal (testosterona) e maior necessidade do tempo de recuperação. Vários são os testes utilizados para avaliar capacidade cardiorrespiratória, entre eles podemos encontrar a corrida da milha, caminhada/corrida de 1600m, corridas com a duração de 7 / 9 e 12 minutos e o teste do vaivém. Este último, tem sido o teste mais utilizado na avaliação da resistência em Portugal na última década. Em relação à velocidade, Meinel (1984) refere que entre os 7 e os 10 anos a velocidade desenvolve-se de maneira consideravelmente rápida, existindo altas cotas de crescimento 21 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica anuais. O mesmo autor também salienta que aos 10 anos verifica-se um bom nível de velocidade de reação. Também Sobral (1988) referiu que dos 5 aos 16 anos, assiste-se a um acentuado incremento da velocidade de deslocamento em provas curtas (entre 20 e 50m). Segundo o modelo das fases sensíveis da capacidade de desempenho motor de Martin (1982) a treinabilidade da velocidade tem a sua fase sensível durante a infância, particularmente entre os 6/7 anos e os 11/12 anos. Gallahue & Ozmun (2001) referem que a progressão da velocidade ocorre até aos 13-14 anos onde, a partir desse ponto, os rapazes continuam a progredir satisfatoriamente e, as raparigas pelo contrário tendem a estagnar ou até mesmo a regredir. Para Castelo et al. (1998) a velocidade não é uma ação motora exclusiva das corridas de velocidade, ela está presente numa enorme quantidade de gestos desportivo, sendo a capacidade motora mais importante na obtenção de um bom rendimento desportivo. A prova de velocidade que as várias baterias de testes utilizam para avaliar a velocidade é a prova dos 20m, 25m e 50m. No nosso estudo optámos por realizar a prova de velocidade de 20 metros lançados, isto com o intuito de apenas ser verificada a velocidade máxima, excluindo a parte da velocidade de reação e a força explosiva necessárias na situação de partida. 2.1.6- Caracterização socioeducativa Ao nível socioeducativo, as crianças aos 6 anos entram para o 1ºCEB, que tem a duração de 4 anos e termina aos 9/10 anos. Segundo a Organização Curricular e Programas para o 1ºCEB, este nível de ensino contempla as áreas curriculares disciplinares de Língua Portuguesa, Matemática, Estudo do Meio e Expressões: Artísticas e Físico-Motoras; as áreas curriculares não disciplinares de Estudo Acompanhado, Área de Projeto e Formação Cívica e as áreas curriculares disciplinares de frequência facultativa como Educação Moral e Religiosa e as Atividades de Enriquecimento Curricular. São também definidos os tempos mínimos semanais para a lecionação dos programas, sendo de 8 horas para a Língua Portuguesa (incluindo uma hora diária para a leitura), 7 horas para a Matemática, 5 horas para o Estudo 22 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica do Meio (metade para o Ensino Experimental das Ciências) e 5 horas para serem geridas de forma flexível nas áreas das expressões e restantes áreas curriculares. Quanto às Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC), estas pretendem cumprir 2 objetivos: 1) garantir a todos os alunos do 1ºCEB a oferta de aprendizagens enriquecedoras do currículo; 2) promover o funcionamento da escola de modo a dar respostas no domínio do apoio às famílias, consolidando o conceito de escola a tempo inteiro. Nas AEC os planos de atividades devem incluir obrigatoriamente para todo o 1ºCEB como atividades de enriquecimento curricular o Apoio ao Estudo e o Ensino do Inglês, completando o plano com Atividade Física e Desportiva (AFD), o Ensino da Música ou outras expressões artísticas. Na AFD a duração semanal é fixada em cento e trinta e cinco minutos, com a duração diária de quarenta e cinco minutos, devendo a atividade ocorrer em dias alternados. Contudo a título excecional, em caso de manifesta dificuldade, designadamente na disponibilização de espaços, poderão existir semanalmente apenas noventa ou só quarenta e cinco minutos. Em Portugal Continental, segundo o relatório sobre as Atividades de Enriquecimento Curricular no ano letivo 2011/2012, divulgado pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, foram abrangidos na AFD, 328727 alunos (88,4% do total de alunos), distribuídos por 4138 estabelecimentos de ensino. 23 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica 2.2- Avaliação antropométrica em crianças A antropometria de superfície aplicada a crianças é constituída por um conjunto de medidas e técnicas de medição que permitem aos professores, treinadores, médicos e ergonometristas, obter informações sobre a morfologia e o crescimento corporal da população infantil. Sociólogos, economistas e políticos podem também, com base neste tipo de informação, estudar os efeitos da organização e condições socioeconómicas da sociedade no processo de crescimento e morfologia dos cidadãos mais jovens e estabelecer políticas de educação, saúde e de investimento em estruturas que visem minorar problemas identificados neste tipo de estudos, nomeadamente os que se relacionam com os estatutos ponderais de subnutrição e obesidade, e com situações de atraso e precocidade no crescimento corporal e maturação biológica. O acompanhamento das variações antropométricas fornece importantes informações que auxiliam o clínico no acompanhamento de respostas a tratamentos, na verificação do estado nutricional e de anormalidades do desenvolvimento físico dos indivíduos (Guedes & Guedes, 1997). A aplicação de uma ficha antropométrica na escola como instrumento pedagógico na Educação Física aumenta a capacidade de discussão dos diversos contextos (sociais, culturais e biológicos), contribuindo para uma intervenção mais efetiva (Beck et al. 2007). A utilização da antropometria na escola, segundo Petrosky (2007) é justificada por quatro aspetos: 1) Permite identificar riscos associados à saúde, como os índices excessivamente altos ou baixos de gordura corporal; 2) Proporciona a monitorização de mudanças na composição corporal, associadas aos processos de crescimento, desenvolvimento e maturação; 3) Propicia o acompanhamento das variáveis relacionadas com o crescimento e desenvolvimento físico em relação à idade cronológica e maturacional; 4) Possibilita a identificação de disfunções no crescimento ou de perfil morfológico de risco. 24 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica 2.2.1- Conceito de Antropometria O termo Antropometria é de origem grega, onde anthropo identifica “homem” e metry significa “medida” sendo definido como um conjunto de técnicas padronizadas para sistematicamente realizar medições do corpo (Malina & Bouchard, 1991). A antropometria é composta por várias subdisciplinas, referindo-nos aqui apenas à “antropometria de superfície” ou somatometria, relacionada com a morfologia corporal externa. Sobral (1985) identifica as seguintes subdisciplinas ou áreas da antropometria: 1) Somatometria que consiste na avaliação das dimensões corporais do indivíduo vivo; 2) Cefalometria que se ocupa das medidas da cabeça do indivíduo vivo; 3) Osteometria tem como objeto as dimensões dos ossos pós-cranianos; 4) Pelvimetria que se ocupa das medidas pélvicas no ser vivo e no esqueleto; 5) Odontometria em que o objeto de estudo são as dimensões dos dentes e dos arcos dentários. A grande variação da morfologia externa, sobretudo para compreender as suas causas, constitui um dos principais objetivos da investigação, (Sobral et al. 2007). Para avaliar essa grande variação, os procedimentos antropométricos mais aceites a nível internacional são os de Lohman et al. (1988) e a nível nacional Sobral (1989), Fragoso & Vieira (1991) e Coelho e Silva (2001), que consideram medições de estatura, massa corporal, perímetros, diâmetros, pregas adiposas subcutâneas, densidade corporal e índices resultantes de cálculos a partir de outras medidas. No contexto da Educação Física, da Medicina Pediátrica e do Desporto, a antropometria serve para a compreensão de diferentes aspetos referentes ao desenvolvimento do corpo humano, assim como para determinar relações entre dimensões corporais e performances desportivas. Na morfologia das ciências do desporto em populações pediátricas, ainda continua a existir uma descontinuidade entre conhecimento teórico e instrumental provocado pelas disciplinas fundacionais, como a endocrinologia, ortopedia, auxologia, fisiologia e ergonomia, com as disciplinas objectalmente dependentes, como a teoria e metodologia do treino desportivo (Coelho e Silva et al. 2009). 25 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica 2.2.2- Procedimentos para a avaliação antropométrica As avaliações antropométricas relativas à antropometria de superfície exigem o conhecimento minucioso da morfologia humana e dos pontos de medição associados, das técnicas de utilização dos equipamentos e dos protocolos relativos a cada medição, que possibilitam a uniformização dos procedimentos de avaliação antropométrica. Desde o início dos anos 80 que Francisco Sobral é um nome de referência nos estudos antropométricos realizados em Portugal. Sobral, Fragoso e Vieira, e mais recentemente Coelho e Silva, são autores de publicações de referência sobre metodologias de avaliação antropométrica. Em todos estes autores é recorrente a referência aos procedimentos de avaliação antropométrica estabelecidos por Lohman, Roche & Martorell (1988). Por este motivo o Anthropometric Standadization Reference Manual constituiu-se como uma das principais fonte de informação relativamente aos procedimentos e técnicas antropométricas de superfície. A recolha de dados antropométricos é um procedimento que requer a aplicação das técnicas e protocolos estandardizados por parte de avaliadores treinados, sendo a perícia destes uma das principais fontes de erro das medições. Para Petroski (1995) o termo “técnica antropométrica” refere-se à recolha de medidas corporais, de dobras cutâneas, circunferências e diâmetros, e à correspondente utilização em equações estimativas da percentagem de gordura. A utilidade e valor dos dados antropométricos relacionam-se fundamentalmente com a possibilidade de efetuar comparações entre sujeitos ou grupos de sujeitos, sendo por isso necessário utilizar procedimentos estandardizados com uma descrição minuciosa das técnicas utilizadas (Sobral, 1985). Oliveira & Guimarães (2003) refere alguns dos principais procedimentos necessários para as medições antropométricas clássicas, onde incluem a medição das pregas adiposas subcutâneas. Entre as regras básicas para garantir a maior precisão dos resultados, os autores consideram que se deve ter em atenção: a equipa de avaliadores deve estar muito bem treinada para que se diminua a probabilidade de erros na aplicação dos testes; é importante que se tenha grande familiarização com os pontos anatómicos e forma de funcionamento, manuseio e escalas dos equipamentos; o avaliador obtém medidas repetidas em vários avaliados, comparando os resultados com outro avaliador; avaliadores diferentes realizam medidas num mesmo grupo de sujeitos e os resultados são comparados (variação interavaliadores); o local 26 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica onde será feita a avaliação antropométrica deve permitir o livre deslocamento do profissional em torno do avaliado, sendo a temperatura ambiente confortável; o plano da base sobre o qual se posiciona o indivíduo ou o equipamento deve estar nivelado; não esquecer que os equipamentos usados devem ser frequentemente aferidos; o avaliado deve ser esclarecido quanto às medidas que serão feitas para que se sinta mais a vontade. O avaliado deve ser orientado a comparecer para o teste usando fato de banho que facilita a localização dos pontos anatómicos; para realizar a avaliação, a postura do avaliado será a posição anatómica, com as variações necessárias em algumas medidas. 2.2.2.1- Posição antropométrica e pontos anatómicos A padronização das condições de medição é fundamental para a fiabilidade das avaliações. Nessa padronização destaca-se a importância da definição das posições do corpo e segmentos a medir e a marcação precisa dos pontos de medição (Sobral et al. 2007). A posição antropométrica de referência pode ser identificada pelos eixos (longitudinal, antero-porteior e lateral) e os planos (sagital, frontal e transversal). O plano sagital divide o corpo em duas partes iguais, a parte esquerda e a parte direita. O plano frontal que também é na vertical, divide o corpo em partes anterior (frontal) ou posterior (dorsal). Na perpendicular ao eixo longitudinal está o eixo antero-posterior e o eixo lateral. O plano transversal, corta transversalmente o corpo em ângulos retos com os planos sagital e frontal, dividindo-o em parte superior e inferior (idem). Figura 2- Planos e eixos da posição antropométrica de referência. (Adaptado de Sobral et al. (2007). 27 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Em relação aos pontos anatómicos, estes devem ser corretamente identificados por palpação, devendo ser marcados, para que a colocação do instrumento de medida seja no ponto padronizado (Oliveira & Guimarães, 2003). Segundo Sobral et al. (2007) os pontos de referência antropométrica são de fácil localização, sendo no entanto necessário por parte do avaliador, desenvolver alguma perícia através do conhecimento anatómico da morfologia corporal e da prática sistemática, por forma a reduzir os efeitos das fontes de erro de medida. Quadro 2- Pontos de referência antropométrica definidos por Sobral et al. (2007). Pontos Antropométricos Pterion Localização No ponto inferior e posterior do calcâneo Acropodion No ponto anterior do dedo grande do pé Sphyrion tibiale No ponto distal do maléolo interno Sphyrion fibulare No ponto distal do maléolo externo Tibiale laterale Situado no bordo externo da cabeça da tíbia Tibiale mediale No ponto anterior da cabeça da tíbia Dactylion No ponto distal do dedo médio da mão Stylion Corresponde ao ponto mais alto da apófise estilóide do rádio Trochanterion No ponto superior do grande trocântere Symphysion No bordo superior da sínfise púbica lliocristale anterior No ponto anterior da crista ilíaca Iliocristale ou supracristale Corresponde à maior projeção externa da crista ilíaca lIiocristale posterior No ponto posterior da crista ilíaca Xyphion Situa-se no ponto inferior do esterno Mesoesternale No ponto medio do esterno, aproximadamente ao nível da 4ª articulação condro-esternal Supra-esternale No plano mediano do bordo superior do manúbrio do esterno Acromiale No ponto do acrómio que mais se projeta lateralmente Cervicale Na proeminência posterior da 7ª vértebra cervical Vertex No ponto superior da caixa craniana, no plano mediano. 28 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica 2.2.2.2- Principais medidas antropométricas Para Sobral et al. (2007) as principais medidas simples incluem-se numa das seguintes categorias: tamanho corporal, diâmetros, circunferências e pregas adiposas subcutâneas. Quadro 3- Principais medidas antropométricas simples, segundo Sobral et al. (2007). Medidas Antropométricas Simples Tamanho Corporal Diâmetros Circunferências Pregas Adiposas Subcutâneas Massa Corporal Estatura Altura Sentado Comprimento dos membros inferiores Envergadura Biacromial Bicristal Bicôndilo-umeral Bicôndilo-femoral Abdominal Anca Braquial Geminal Tricipital Bicipital Crural Geminal Subescapular Suprailíaca Abdominal Nas mediadas antropométricas compostas ou calculadas através de fórmulas (Quadro 4) Sobral et al. (2007) referem o IMC, índice córmico, índice de androginia, rácio abdómen/anca, soma das pregas de gordura subcutânea e o rácio tronco/membros Quadro 4- Principais medidas antropométricas compostas, segundo Sobral et al. (2007). Medidas Antropométricas Compostas Índice de massa corporal Índice córmico Índice de androginia Rácio abdómen/anca Soma das pregas de gordura subcutânea Rácio tronco/membros Massa corporal/estatura2 (Altura sentado/estatura) x 100 (3 x diâmetro biacromial – diâmetro bicristal) (Circunferência abdominal / circunferência da anca) x 100 (prega tricipital + prega subescapular) (subescapular + suprailíaca + abdominal) / (tricipital + bicipital + geminal) 29 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Existem muitas outras medidas compostas ou calculadas, de entre as quais se destacam as relativas à avaliação corporal. Quadro 5- Medidas de avaliação ponderal e de composição corporal. Medidas de Avaliação Fórmulas D = 1,0764 - 0,00081 X1 - 0,00088 X2 em que X1 representa o valor da prega suprailíaca e X2 o da prega tricipital. - Sloan, Burt e Blyth, publicada em 1962 apud Sobral et al. (2007) Densidade (Sobral et al. 2007) Aplicável a crianças D = 1.067 - 0.0014 X1 - 0.0003 X2 - 0.0025 X3 - 0.0022 X4 + 0.0263 X5 (sexo masculino). Pregas: X1 = tricipital X2 = suprailíaca; Circunferências: X3 = do pulso X4 = da coxa; Diâmetros: X5 = do pulso - Boileau et al. (1981) apud Sobral et al. (2007) Pregas tricipital (T) e geminal (G) ♂ 0.735 (T + G) + 1.0 ♀ 0.61 (T + G) + 5.1 Pregas tricipital (T) e subescapular (Sub) Adolescentes brancas ou afro-americanas 8 – 17 anos 1.33 (tric + sub) – 0.13 (tric + sub)2 – 2.5 Peso Ideal Desejável Adolescentes brancos Pré-pubertários ♂ 1.21 (T + Sub) – 0.008 (T + Sub)2 – 1.7 Pubertários ♂ 1.21 (T + Sub) – 0.008 (T + Sub)2 – 3.4 Póspubertários ♂ 1.21 (T + Sub) – 0.008 (T + Sub)2 – 5.5 Quando o somatório de pregas tricipital (T) e subescapular (Sub) é superior a 35mm ♂ 0.783 (T + Sub) + 1.6 ♀ 0.546 (T + Sub) + 9.7 Homens: peso ideal desejado: ={peso- (peso X G%) / 100} / 0,84 (Fernandes Filho, 1999) Mulheres: peso ideal desejado: ={peso- (peso X G%) / 100} / 0,77 % MG (Slaughter et al. 1988) 2.2.3- Avaliação ponderal e da composição corporal Os casos particulares da avaliação ponderal e da composição corporal têm ocupado muitas atenções dos estudos antropométricos em crianças principalmente por causa do aumento significativo da obesidade em adultos e do hipotético aumento da obesidade em crianças. Segundo Artioli (sd), a avaliação da composição corporal é importante para realizar o diagnóstico da obesidade, uma doença que tem aumentado muito nas últimas décadas e que está associada a diversas outras patologias, sendo também realizada a avaliação da 30 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica composição corporal em rotinas de avaliação física em ginásios, personal trainers e também nas escolas através da bateria de testes FITNESSGRAM. A relação obesidade/patologia é verdadeira, mas não absoluta e ocorre essencialmente na idade adulta. Nas crianças essa relação é quase inexistente (Martins de Carvalho, 2007). Na impossibilidade da avaliação da %MG corporal, os estudos têm frequentemente recorrido ao indicador do Índice de Massa Corporal (IMC). Este índice associa as medidas da estatura e da massa corporal, mas não identifica a massa adiposa que é o fator verdadeiramente associado ao conceito de obesidade. A avaliação ponderal (avaliação da massa corporal total) é por si só um elemento informativo importante relacionado com a saúde, estado nutricional, estádio de crescimento e carga interna de treino. O indicador de IMC que associa a massa corporal à estatura adquiriu especial interesse com os resultados de estudos realizados em adultos, identificadores de correlações significativas entre: IMC e obesidade; obesidade e risco de ocorrência de doenças cardiovasculares em adultos. No estudo da composição corporal existem três métodos de avaliação: os diretos, os indiretos e os duplamente indiretos (Fragoso & Vieira, 2006). Os métodos diretos medem diretamente os tecidos que compõem o corpo humano, podendo ser feito de duas maneiras, uma delas o corpo cadáver é dissolvido numa solução química, analisando-se posteriormente a quantidade de gordura presente. Outra técnica consiste em dissecar fisicamente cada um dos componentes corporais do cadáver (McARDLE et al. 2001). Segundo Barata (1994) os métodos diretos, embora mais rigorosos têm pouca aplicabilidade prática, sendo no entanto, mais utilizados em investigações de validação dos métodos indiretos. Os métodos indiretos são menos rigorosos, menos dispendiosos e de maior aplicabilidade prática, embora não dispensem o domínio de uma técnica correta e de um período de aprendizagem e treino da mesma. Quanto aos métodos indiretos, são aqueles que se baseiam em princípios físicos e químicos para estimar os diversos componentes da composição corporal. Entre os métodos indiretos 31 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica incluem-se a densitometria através de pesagem hidrostática, a pletismografia (medição da densidade corporal através do deslocamento de ar), a ressonância magnética, a tomografia computorizada e DEXA (do inglês, Dual X-Ray Absortiometry) (Artioli (sd); McARDLE et al. 2001; Queiroga, 2005; Fragoso & Vieira, 2006; Sobral et al. 2007). Os métodos duplamente indiretos são modelos matemáticos de estimativas e predições baseados nos métodos indiretos (Artioli, sd). São técnicas antropométricas de avaliação da composição corporal através da medição das pregas adiposas subcutâneas, perímetros, e diâmetros corporais. Englobam também técnicas de avaliação como a bioimpedância, a condutividade elétrica e interactância de raios infravermelhos (Queiroga, 2005; Fragoso & Vieira, 2006). Os duplamente indiretos têm a grande vantagem de serem mais acessíveis, simples, rápidos, não invasivos e de baixo custo, devido à simplicidade das medidas por meio de fitas métricas, paquímetros e compassos, possibilitando um rápido treino de avaliadores, e que sejam facilmente aplicados em grandes populações Guedes (1994); Petroski & Pires Neto (1995); Roche et al. (1996); Costa (1999); Fernandes Filho (1999); Cole & Rolland-Cachera (2002); Queiroga (2005); Fragoso & Vieira (2006). 2.2.3.1- Avaliação antropométrica de pregas adiposas subcutâneas e massa adiposa corporal A medição das pregas adiposas subcutâneas faz-se segundo Heyward et al. (1996) com recurso a um adipómetro, que assegura o exercício de uma pressão constante de 10mg/cm2 por parte das duas molas que o compõem, devendo, portanto, garantir-se a sua calibração regular. Os adipómetros mais comuns são o americano Lange e o inglês Harpender. Segundo Fernandes Filho (1999) a medição das pregas cutâneas, por ser uma técnica simples, pouco cara e de fácil manuseio e, sobretudo, por apresentar alta fidedignidade e correlacionarse muito bem com técnicas mais sofisticadas, tem sido o método preferido dos pesquisadores na área do exercício físico e nos desportos. Seguindo a mesma linha de pensamento Guedes (1994) apresenta a medição das pregas adiposas como uma forma indireta de medir a adiposidade corporal. A medida de pregas estabelece uma relação linear entre os pontos anatómicos pinçados e a adiposidade corporal, através da determinação absoluta da espessura do tecido subcutâneo expresso em milímetros, valores que depois são inseridos em fórmulas 32 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica que integram fatores que relacionam a adiposidade subcutânea com a adiposidade corporal total. Contudo, a medição das pregas adiposas subcutâneas adapta-se mal à avaliação de obesos, pessoas muito magras ou muito musculadas, colocando algum desconforto aos avaliados (Lohman et al. 1988). Na medição das pregas adiposas subcutâneas é importante cumprir algumas regras no momento de medir. Primeiro é necessário a determinação e marcação exata do ponto anatómico, minimizando as diferenças inter e intra-avaliadores. Depois separar-se o tecido adiposo subcutâneo do tecido muscular, utilizando os dedos polegar e indicador da mão esquerda (para avaliador destro); agarrar-se a prega adiposa subcutânea um centímetro acima do ponto anatómico marcado; a seguir ajustam-se as extremidades do equipamento sobre o ponto anatómico e na profundidade adequada onde só estejam presentes os folhetos adiposos e de pele, e aguardam-se 2 a 3 segundos para fazer a leitura. Devem-se realizar duas medidas e se houver diferenças nos resultados superiores às margens de erro estabelecidas, faz-se uma terceira medição. Deve medir-se sempre do lado direito do corpo, estando o avaliado numa posição confortável e com a musculatura relaxada, indicando-se a posição ortostática para a maioria das medidas (Benedetti et al. 1999 e Fernandes Filho, 2003, apud Daronco et al., 2011) Farinatti & Monteiro (1992) e Fernandes Filho (2003), apud Daronco et al. (2011) identificam alguns erros cometidos pelos avaliadores na medida de pregas adiposas subcutâneas, que são: destacar a pregas num ponto anatómico inadequado; destacar a prega no eixo corporal incorreto; entrar com as extremidades do adipómetro muito próximas ou demasiadamente distantes dos dedos; não colocar o adipómetro perpendicularmente às pregas adiposas subcutâneas; entrar com o adipómetro muito profundamente ou superficialmente à prega; pinçar estrutura extra à prega; esperar demasiado tempo para fazer a leitura após o pinçamento da prega; repetir várias vezes seguidas o pinçamento de uma mesma prega; soltar a prega, ainda com o compasso no local do pinçamento, para realizar a leitura; realizar a medida logo após a prática de atividades físicas; numa reavaliação, utilizar equipamento distinto do utilizado na avaliação anterior; utilizar equipamentos não calibrados. 33 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica 2.2.3.2- Percentagem de massa gorda A composição corporal é um importante indicador da condição física individual. Existe grande variabilidade inter-individual de proporções nas componentes da massa corporal total. De entre as diversas componentes, segundo os diferentes modelos de avaliação, a massa gorda é uma componente utilizada como indicador de aptidão física e indicador de alterações induzidas pelo exercício físico. O corpo humano é composto por quatro elementos primários: água, proteína, mineral e gordura, sendo então a massa corporal = água + proteína + mineral + gordura, (Malina & Bouchard, 1991; Fragoso & Vieira, 2006; Sobral et al. 2007). O processo de crescimento incrementa a presença relativa de sólidos (proteína e minerais) na massa não gorda, verificando-se simultaneamente um decréscimo do teor de água, (Sobral et al. 2007). No adulto jovem masculino, a água constitui cerca de 55 a 65% da massa corporal. O conteúdo de água preenche 72 a 74 % de massa não gorda, enquanto a massa gorda contém em média cerca de 20% de água. Segundo os mesmos autores, desde o nascimento até ao estado adulto verifica-se o aumento em termos absolutos, de água e proteína na massa não gorda, enquanto o conteúdo mineral, principalmente na massa óssea, é estável durante a infância, aumentando somente nos últimos anos deste período. “Crianças e adolescentes com percentagens de gordura superiores a 25% e 30% para rapazes e raparigas, respetivamente, têm maior probabilidade de desenvolverem em adultos fatores de risco primários de doenças das artérias coronárias, tais como hipertensão e o colesterol elevado” (Williams et al. 1992, apud FITNESSGRAM, 2002, p17). Na mesma linha, também Roche & Sun (2003) consideram que o excesso de peso na infância aumenta o risco de hipertensão, insulinodependentes, diabetes e outras doenças crônicas na idade adulta. Sardinha (1997) refere que o contributo relativo da massa gorda e da massa isenta de gordura na composição corporal do organismo poderá caraterizar genericamente o estatuto nutricional, indiciar a presença de alguns fatores de risco para as doenças cardiovasculares futuras, e constitui-se também como um indicador indireto dos níveis de atividade física habitual e de aptidão física. Pessoas fisicamente ativas possuem muito menos gordura corporal total do que os indivíduos inativos (Fox & Mathews, 1983). A composição corporal e a componente de % MG alteram34 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica se com a realização de diferentes exercícios físicos. O exercício aeróbio prolongado necessita de um gasto calórico acrescido e, se o consumo calórico (alimentar) permanecer sem alteração, o gasto calórico acrescido implica perda de peso, porque nesse caso, a dieta alimentar não é suficiente para as necessidades energéticas e é necessário mobilizar reservas energéticas acumuladas, principalmente, as gorduras acumuladas no tecido adiposo e a mobilização de massa muscular para transformar em substrato energético (McArdle et al. 1998). Segundo Fox & Corbin (1991) a gordura corporal é armazenada no corpo, em volta dos órgãos principais e no interior dos músculos, mas mais de metade é armazenada numa camada, exatamente, sob a pele, o que torna a gordura em excesso um fenómeno visível. As raparigas acumulam mais MG subcutânea, nas extremidades, ancas e coxas do que os rapazes, em todas as idades. Os rapazes apresentam um padrão de deposição da gordura mais centralizada, acumulando mais MG no tronco e no abdómen (Malina & Bouchard, 1991). A avaliação das pregas adiposas subcutâneas dá-nos outra perspetiva sobre a adiposidade corporal, que é importante na avaliação da aptidão física relacionada com a saúde, apresentando algumas vantagens relativas e complementares de indicadores como a % MG. É importante referir que as pregas incluem gordura subcutânea, pele, água, tecido conjuntivo, nervos e vasos sanguíneos (Sobral et al. 2007) e que ao serem mensuradas os valores obtidos não correspondem na sua totalidade a gordura. Deste modo, a avaliação antropometria através da medição das pregas adiposas subcutâneas, permite uma predição da %MG com elevado rigor e é um método adequado de avaliação, que permite atingir resultados com menos pressupostos que a simples avaliação do IMC. 35 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica 2.2.4- Estatuto nutricional e obesidade na infância A nível internacional, o Índice de Massa Corporal (IMC) é um dos indicadores mais referenciados para a determinação do sobrepeso e obesidade de uma população. Existe uma panóplia de informação relativa ao IMC de crianças oriundas de diversos pontos do globo, e dados de referência deste indicador têm sido usados ou recomendados como importantes na monitorização do crescimento, sobrepeso e obesidade em diversos países. A relação entre a massa corporal e a altura, é expressa pelo IMC, também conhecido como Índice de Quetelet, definido como o cálculo do peso do indivíduo em quilogramas, divididos pelo quadrado da altura em metros (Kg/m2), e é segundo Mancini (2002), um método bastante utilizado, porque tem um cálculo simples e rápido, apresentando boa correlação com a adiposidade corporal na população adulta (WHO, 1998). Este indicador é associado na idade adulta a problemas cardiovasculares, apresentando limitações na avaliação da obesidade em crianças (Dietz, 1999, apud Martins Carvalho, 2007). A verificação do completo desajuste de utilização dos pontos de corte definidos para o sobrepeso (IMC ≥25) e obesidade (IMC ≥30) dos adultos nas crianças e jovens levou a que se desenvolvessem estudos com critérios baseados em pontos de corte associados a valores percentílicos com base nesses estudos. Cole et al. (2000) baseando-se em dados provenientes de vários países (várias etnias), conceberam uma proposta para a definição de valores de IMC ajustados à idade e sexo de crianças e jovens até aos 18 anos. Tabela 1- Pontos de corte de IMC para o sobrepeso e obesidade referenciados por Cole et al. (2000), para as idades referentes ao nosso estudo. Idade 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10 10,5 Sobrepeso Masculino 17,55 17,71 17,92 18,16 18,44 18,76 19,10 19,46 19,84 20,20 Obesidade Feminino 17,34 17,53 17,75 18,03 18,35 18,69 19,07 19,45 19,86 20,29 36 Masculino 19,78 20,23 20,63 21,09 21,60 22,17 22,77 23,39 24,00 24,57 Feminino 19,65 20,08 20,51 21,01 21,57 22,18 22,81 23,46 24,11 24,77 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Segundo Ogden & Flegal (2010) uma associação médica americana manteve os dois valores de corte dos percentis 85º e 95º de IMC para descrever e avaliar o sobrepeso e obesidade em crianças, contudo modificou a terminologia do IMC do P85º até ao P95º como ''excesso de peso'' e ao IMC igual ou acima do P95º como “obesidade''. Assim, a terminologia para sobrepeso e obesidade infantil recomendada pelo CDC (Ogden & Flegal, 2010), com referência aos valores percentílicos do IMC, é a seguinte (Quadro 6): Quadro 6- Terminologia do IMC para o sobrepeso e obesidade recomendada pelo CDC. Categoria de Peso Baixo Peso Percentil < 5ºPercentil ≥ 5ºPercentil e <85º Percentil Peso saudável Excesso de Peso ≥ 85ºPercentil e < 95º Percentil ≥ 95ºPercentil Obesidade O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) através dos gráficos de crescimento nos Estados Unidos da America (CDC-2000), definiram valores de IMC para sobrepeso e obesidade, que consideram poder ser um instrumento de rastreio para monitorizar o excesso de peso e a obesidade em crianças e adolescentes com idades entre os 2 e os 20 anos. A OMS constituiu o Sistema Europeu de Vigilância Nutricional Infantil – WHO European Childhood Obesity Surveillance Initiative – para analisar as caraterísticas do estado nutricional infantil de crianças dos 6 aos 10 anos. Em Portugal, a avaliação do estudo (COSI – Portugal, 2008/2009) abrangeu 3847 crianças de 185 escolas. As crianças foram avaliadas através dos parâmetros antropométricos (peso e estatura), sendo utilizado o IMC em relação aos P85º e P95º das tabelas do CDC, aquelas que igualmente se encontram no Boletim de Saúde Infantil. Os resultados mostram que os rapazes, em média, são mais altos e mais pesados que as raparigas, sendo a média da estatura de 122,4cm nas raparigas e de 124,3 nos rapazes. No que diz respeito ao peso este foi de 26,6kg nas raparigas e de 27,3kg nos rapazes. Com base nos critérios do CDC, a prevalência de pré-obesidade foi de 18,1% (P85º ≤ IMC ≥ P95º) e de obesidade de 13,9% (IMC ≥ P95º), somando uma prevalência de 32% de excesso de peso (IMC ≥ P85º). O excesso de peso foi maior nos rapazes (32,9%) do que nas raparigas (31,0%). 37 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Embora o IMC pode ser utilizado para triagem de excesso de peso e obesidade em crianças e adolescentes, não deve ser utilizado como uma ferramenta de diagnóstico. Na massa corporal e no IMC, crianças situadas no P3º devem ser alvo de atenção pois apresentam-se subnutridas, assim como crianças situadas no P90º representam sobrepeso ou obesidade (Maia et al. 2007). A obesidade infantil é um grave problema de saúde pública, tendo tomado proporções epidémicas em todo o mundo (Ogden et al. 2002, Lobstein & Frelut, 2003). Ao nível escolar em Portugal, o IMC é utilizado no âmbito da aplicação da bateria de testes FITNESSGRAM que estabelece critérios de relação IMC/saúde, considerando três zonas: Zona Saudável de Aptidão Física (ZSAF), abaixo da ZSAF e acima da ZSAF, zona esta, associada à expressão “Precisa Melhorar”, indicando que o peso do aluno é demasiado elevado para a estatura. Em Portugal foram realizados vários estudos utilizando a faixa etária dos 6-10 anos, estudos esses que obtiveram resultados em que apresentavam elevadas taxas de excesso de peso (sobrepeso + obesidade), para os valores de corte do International Obesity Task Force (IOTF) e que utilizam os valores de IMC propostos por Cole et al. (2000). Os elevados valores de excesso de peso foram detetados nos estudos de Padez et al. (2004), (31%); Rodrigues et al. (2006), (26% nos rapazes e 31% nas raparigas) e Anastácio (2009) (31.9%). Já Pereira (2008) verificou numa amostra de 3699 crianças dos 6 aos 10 anos da Região Autónoma dos Açores que 22,8% das meninas e 17,6% dos meninos tem sobrepeso; e 13,2% das meninas e 12,3% dos rapazes eram obesos. No estudo de Casado (2011) realizado no concelho de Mira das 227 crianças que compunham o estudo 35,7% das crianças medidas tinham excesso de peso e 16,3% obesidade. Os dados do estudo de Padez et al. (2004) dão-nos uma ideia da tendência (trakking) evolutiva do IMC na população infantil portuguesa. O aumento do IMC não define se o aumento da massa corporal se deve ao aumento de massa adiposa ou ao aumento da massa isenta de gordura. Um valor elevado de IMC nem sempre representa um elevado peso corporal constituído por excesso de gordura, podendo esse peso corporal ser representado por um elevado conteúdo de massa muscular, massa óssea ou diferentes tecidos isentos de gordura (Fernandes Filho, 1999; Mcardle et al. 2001; Queiroga, 2005). O IMC pode falsear a identificação de um aluno magro muito musculado, como tendo demasiado peso para a estatura, ou um aluno com peso a menos com pouco desenvolvimento 38 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica muscular e uma %MG elevada, como estando na ZSAF, quando na realidade tem peso a mais (FITNESSGRAM, 2002). Nesse sentido, aconselha-se a avaliação da obesidade pelo recurso a medidas de avaliação da %MG (Lohman, 1992; FITNESSGRAM, 2002; Martins de Carvalho, 2007). A identificação da massa adiposa é o fator verdadeiramente associado ao conceito de obesidade. Nas escolas, a bateria de testes FITNESSGRAM, define para a avaliação da composição corporal através da %MG os seguintes valores: para os rapazes a ZSAF, situa-se entre 10 e 20 %MG, inferior a 10% indicador de magreza (7% a 10% baixo e < a 7% muito baixo) e superior a 25% precisa de melhorar (25% a 31% elevado e > 31% muito elevado). Para as raparigas a ZSAF situa-se entre os 17% e os 32%, inferior a 17% indicador de magreza (13% a 17% baixo e < a 13% muito baixo) e superior a 32% precisa de melhorar (32% a 36% elevado e > 36% muito elevado). Já Deurenberg, P; Pieters, J. & Hautuast, J. (1990) apud Fernandes Filho (1999) classificam a %MG em crianças dos 7 aos 17 anos, da seguinte forma (Tabela 2): Tabela 2- Tabela de normalidade para a percentagem de massa gorda (crianças e adolescentes de 7 a 17 anos), em função da idade e género. Classificação Excessivamente baixa Baixa Adequada Moderadamente alta Alta Excessivamente alta Feminino Até 12% 12,01 a 15% 15,01 a 25% 25,01 a 30% 30,01 a 36% >que 36,01% Adaptado de Deurenberg, P; Pieters, J. & Hautuast, J. (1990) apud Fernandes Filho (1999) 39 Masculino Até 6% 6,01 a 10% 10,01 a 20% 20,01 a 25% 25,01 a 31% >que 31,01% ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica 2.3- Avaliação da Aptidão Física em crianças A Aptidão Física (ApF) na infância é uma das componentes do processo de desenvolvimento motor que decorre desde o nascimento até à fase matura. Um dos principais objetivos da EF é motivar os jovens e adolescentes a participarem e a manterem a atividade física necessária para a obtenção ou manutenção de um bom nível de condição física. Na escola deve-se promover de uma forma conhecedora e empenhada, a prática de exercício físico regular, já que é no decorrer deste período que se instalam grande parte dos hábitos morbidogénicos (Rocha & Pereira, 2006). A ApF em crianças e adolescentes deve ser desenvolvida de modo a incentivar uma adoção de um estilo de vida apropriado, com a prática de exercício físico, tendo o intuito de desenvolver e manter uma condição física suficiente para um bom nível de saúde e capacidade funcional ao longo dos anos. 2.3.1- Conceito de Aptidão Física A definição de ApF tem tido alguns ajustes ao longo dos anos. A variabilidade de definições que encontrámos e as variadas baterias de testes existentes para avaliar a ApF confirmam a dificuldade e complexidade do conceito (Quadro 7). A partir da revisão das baterias de testes de avaliação de ApF publicadas pela AAPHERD (1980) generalizou-se a diferenciação de dois tipos de ApF, a ApF relacionada com a saúde e a ApF relacionada com a performance. Quadro 7- Definição do conceito de Aptidão Física ao longo dos anos. Autor Darling et al. (1948) Fleishman (1964) Karpovich (1965) Clark (1967) OMS (1968) American Academy of Physical Education (1979) AAHPERD(1980) Sobral & Barreiros (1980) Caspersen et al. (1985) Conceito É a capacidade funcional de um indivíduo para cumprir uma tarefa. Capacidade funcional do individuo para realizar alguns tipos de atividade que exigem empenhamento muscular. O grau de capacidade para executar uma tarefa física particular sob condições específicas de ambiente. Capacidade de executar as tarefas diárias com vigor e vivacidade, sem apresentar fadiga e com ampla energia para fruir os momentos de lazer e enfrentar emergências imprevistas. Capacidade de produzir satisfatoriamente trabalho. A aptidão física é a capacidade de executar tarefas diárias com vigor e vitalidade, sem fadiga excessiva e com energia para realizar as ocupações das horas de lazer e para enfrentar emergências imprevistas É um continuum multifacetado que se prolonga desde o nascimento até à morte. Os níveis de aptidão física são afetados pela atividade física e variam desde a capacidade ótima em todos os aspetos da vida até limites de doença e disfunções. Capacidade de efetuar, de modo eficiente, um determinado esforço. Um conjunto de atributos que as pessoas têm ou adquirem e que estão relacionados com a capacidade 40 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Pate (1988) AAHPERD(1988) Nieman (1990) Wilmore (1990) Rowland (1990) Safrit (1990) Heyward (1991) Miller e col. (1991) Marsh (1993) Kent (1994) Bouchard et al. (1994) Noah (1994) Ratliffe & Ratliffe (1994) ACSM (1995) Safrit & Wood (1995) Sobral (1996) Prentice (1997) Gallahue & Ozmun (2001) Riklie Jones (2001) Maia et al. (2001) de executar atividades físicas. E um estado caracterizado por uma capacidade de executar atividades diárias com vigor e pela demonstração de traços e capacidades que estão associadas ao baixo risco de desenvolvimento prematuro de doenças hipocinéticas. É um estado de bem-estar físico que permite às pessoas realizar atividades diárias com vigor, reduzir o risco de problemas de saúde relacionados com a falta de exercício. Estado dinâmico de energia e de vitalidade que permite cada um realizar não somente as atividades do cotidiano, as distrações dos tempos livres, fazer face a situações imprevisíveis sem excesso de fadiga, mas também combater as doenças hipocinéticas, proporcionando um nível ótimo de capacidade intelectual e sentido de alegria de viver. Capacidade de realizar níveis de atividade física moderada e atividade sem excesso de fadiga e com capacidade para manter tais índices de ApF ao longo da vida. Estado geral de prontidão motora e bem-estar, com associação às vertentes da saúde, bem estar físico, social e desportivo-motor. É um constructo multifacetado. Capacidade para a realização de tarefas profissionais, recreativas e quotidianas sem excesso de fadiga. É a capacidade para realizar trabalho físico continuado, caracterizado pela integração efetiva das componentes resistência cardiorrespiratória, força muscular, flexibilidade, coordenação e composição corporal. E um constructo multidimensional que não pode ser compreendido se a sua multidimensionalidade for ignorada. É a aptidão para o fundamento ativo e eficiente, desfrutando dos tempos de lazer e adotando estilos de vida saudável, resistir às doenças hipocinéticas e com reservas de energia suficientes para ocorrer a situações de emergência. É a capacidade de realizar com vigor as tarefas do quotidiano, bem como a demostração de traços e capacidades que estão associadas ao risco reduzido de desenvolvimento de doenças hipocinéticas. É a condição na qual é permitido ao corpo a manutenção de ótimos estados de saúde no sentido da aquisição de ótimos níveis de desempenho físico e mental. A aptidão física é um estado de bem-estar que habilita as pessoas para o desempenho de atividades diárias, sem colocar em risco o estado de saúde, estabelecendo ainda fundamentos que habilitam o indivíduo para a participação em atividades físicas. É a capacidade para realizar satisfatoriamente atividades físicas e desempenho muscular necessário para uma determinada ocupação nas tarefas diárias e no desfrutar dos tempos de lazer. É a capacidade do coração, vasos sanguíneos e sistema muscular para funcionarem a níveis ótimos, com resultados ótimos de saúde, eficiência no desempenho das tarefas do quotidiano e alegria nas atividades de tempo de lazer. Capacidade geral que permite à pessoa realizar, pelos seus próprios meios, um vasto conjunto de exigências físicas, cujo grau de eficácia depende do valor das capacidades físicas individuais e fazer face às várias situações “stressantes” do quotidiano. É o funcionamento eficiente dos sistemas corporais, capaz de proporcionarem à pessoa o envolvimento eficaz e produtivo nas tarefas do quotidiano, bem como no desfrutar saudável das atividades de recreação e tempo livre. A Aptidão Física é um estado de bem-estar, influenciado pelo estado nutricional, pela estrutura genética e pela frequente participação em várias atividades físicas, de moderadas a intensas, permanentemente. É a capacidade fisiológica e/ou física para executar as atividades da vida diária de forma segura e autónoma, sem revelar fadiga. A aptidão física é um constructo multidimensional (no sentido quem contém múltiplas dimensões, componentes, facetas ou traços), não sendo diretamente observável, pelo que se usam indicadores para a avaliação das diversas dimensões ou facetas. Adaptado de Freitas (1994) e Martins (2005) Segundo Coelho e Silva et al. (2003, p38), o conceito de ApF que supostamente é mais vezes citado, pertence à American Academy of Physical Education (1979), a qual refere que “A aptidão física é a capacidade de executar tarefas diárias com vigor e vitalidade, sem fadiga excessiva e com energia para realizar as ocupações das horas de lazer e para enfrentar emergências imprevistas.” Relativamente à terminologia, para Martins de Carvalho (2007) a expressão “aptidão física e motora” será a mais completa por abranger as componentes física, orgânica, e motora, observáveis nos movimentos e posturas corporais. 41 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Segundo AAPHERD (1988) e Pate (1988) a ApF tem duas vertentes, uma mais relacionada com o rendimento desportivo-motor, em que são avaliados um conjunto diversificado de componentes ou capacidades, como por exemplo a velocidade, resistência, força e a outra vertente mais relacionada com a saúde, em que são normalmente avaliadas a flexibilidade, a força, a capacidade cardiorrespiratória e a composição corporal. A ApF associada à saúde, que está ligada à prevenção da doença, pela redução dos fatores de risco, pela adoção de um estilo de vida ativo e melhoria da qualidade de vida e bem-estar, influenciadas pelos níveis de atividades físicas habituais (AAHPERD, 1980, 1988; Corbin, 1991; Shephard, 1995). A ApF relacionada com a performance, define-se como sendo a capacidade funcional de um sujeito em participar em atividades que obriguem empenho motor, ou a aptidão física demonstrada em competições desportivas, ou na capacidade de executar trabalho (Bouchard, Shephard & Stephens, 1994). Pate (1988) acentua a relação Aptidão Física/Saúde considerando a aptidão física como um estado caraterizado por uma capacidade de executar atividades diárias com vigor e demonstração de traços e capacidades associadas com o baixo risco de desenvolvimento prematuro das doenças hipocinéticas, tais como a Obesidade, Cardiopatias, Hipertensão Arterial, Diabetes Tipo II e Osteoporose. 2.3.2-Fatores que influenciam a Aptidão Física O estado de ApF é influenciado pela idade e saúde, para além dos processos de crescimento, de maturação, de treino e género (Malina & Bouchard, 1991). Segundo Gallahue & Ozmun (2001) a ApF é um estado de bem-estar, influenciado pelo estado nutricional, pela estrutura genética e pela frequente participação em várias atividades físicas moderadas a intensas. Corbin,& Pangrazi (2001) identificaram como os fatores mais determinantes para a ApF o estado de maturação, as condições genéticas, o ambiente e a atividade física. Já para Zílio (1994), citado por Hilgert & Aquini (2003), a ApF é uma capacidade inata ou adquirida que confere ao indivíduo a possibilidade de um determinado desempenho motor. Além dos aspetos físicos, o autor envolve aspetos psicológicos, sociológicos, emocionais e culturais. Hoeger & Hoeger (2008) referem que os fatores que mais influenciam a ApF e os resultados obtidos na sua avaliação são a idade, o repouso, a alimentação, o consumo de álcool, o tabaco e as drogas, as condições psicológicas, o género e a atividade física. 42 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica 2.3.3- Componentes da Aptidão Física Quadro 8- Componentes e fatores da Aptidão Física associada à saúde (adaptado de Bouchard & Shephard, 1994). Componente morfológica Componente motora Componente cardiorrespiratória Componente muscular Componente metabólica -Índice de Massa Corporal - Composição Corporal - Distribuição de gordura - Distribuição de gordura subcutânea - Gordura visceral - Densidade óssea - Flexibilidade - Agilidade - Equilíbrio - Coordenação - Velocidade de movimentos - Capacidade submaximal de exercício - Potência máxima aeróbia - Função cardíaca - Função pulmonar - Pressão sanguínea - Potência - Força - Resistência - Tolerância à glicose - Sensibilidade à insulina - Metabolismo lipídico e lipoproteico - Oxidação de substratos Algumas das componentes apresentadas no quadro anterior têm pouca relevância para a avaliação da ApF de crianças e adolescentes, devido aos problemas de saúde que as justificam ter pouco significado nestas idades, sendo muito mais importante as componentes associadas ao desenvolvimento motor, crescimento corporal e desenvolvimento desportivo. Neto (2009) apresenta componentes funcionais e motoras da aptidão física separadas em dois grupos, um relacionado à saúde e o outro relacionado à capacidade atlética. Foram considerados os componentes resistência cardiorrespiratória, força muscular, resistência muscular, flexibilidade e composição corporal como componentes relacionados com a saúde. Ao nível do desempenho atlético incluem a agilidade, o equilíbrio, a coordenação, a potência e as velocidades de deslocamento e de reação. 43 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Quadro 9- Descrição dos componentes funcionais e motoras da Aptidão Física (adaptado de Neto, 2009). Aptidão Física Componentes Resistência Cardiorrespiratória Força Muscular Relacionada à saúde Resistência Muscular Flexibilidade Composição Corporal Agilidade Equilíbrio Coordenação Relacionada à capacidade atlética Potência Velocidade de Movimentos Velocidade de Reação Definição Capacidade do organismo em se adaptar a esforços físicos envolvendo participação dos grupos musculares por períodos de tempo relativamente longo. Capacidade de produzir tensão máxima por grupo muscular específico. Capacidade do grupo muscular em manter níveis de força submáxima por período de tempo elevado. Capacidade de amplitude de articulação específica, ou de grupo de articulações, quando solicitada na realização de movimentos. Proporção do peso corporal em relação aos músculos osso, gorduras, e outros constituintes do corpo. Capacidade de trocar rapidamente posição do corpo no espaço com velocidade e precisão. Capacidade de sustentação estática ou dinâmica do corpo por determinado período. Capacidade de utilização de órgãos e sistemas com outros segmentos corporais, permitindo execução de tarefas motoras com suavidade e precisão. Capacidade de conjugação entre força e velocidade na execução do trabalho muscular. Capacidade de executar movimentos repetido na mais alta possível velocidade individual. Capacidade de reagir a estímulos no menor tempo possível. 2.3.4- Avaliação da Aptidão Física O estado de aptidão física de um indivíduo reflete a capacidade física num dado momento e possui todas as caraterísticas de um estado variável. A aptidão física é expressão de potencialidades geneticamente determinadas e da interação de inúmeros fatores psicológicos, socioculturais, estrutura física, maturidade fisiológica, atividade física habitual, motivação, entre outros possíveis, que permitem ou não a sua emergência e lhe dão forma (Malina, 1993). A avaliação da ApF tem-se realizado a partir de provas físicas que foram reunidas em baterias de testes desde os anos 50, baterias essas que têm vindo a aperfeiçoar-se reforçando a sua validade e fiabilidade. Para Coelho e Silva et al. (2003), os projetos que surgiram em Portugal com uma maior projeção foram o Estudo do Estado de Crescimento e Aptidão Física da População Escolar dos Açores, desenvolvido por Sobral em 1986 e 1989 e o FACDEX, desenvolvido por Sobral & Marques em 1990. Poletto (2001) refere que, de acordo com Sobral (1993), o projeto FACDEX foi concebido em duas vertentes: uma primeira vertente auxológica (que caracteriza 44 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica o estado de crescimento e a maturação) e uma segunda vertente centrada em fatores de excelência desportivo-motora, sociocultural e motivacional. Os testes físicos da bateria EUROFIT serviram de base para o projeto FACDEX, o qual incluiu testes de avaliação de oito componentes da Aptidão Física: Resistência Cardiorrespiratória, Flexibilidade, Força Superior, Força Abdominal, Força Inferior, Velocidade, Agilidade e Equilíbrio Geral (Sobral, 1993, apud Poletto, 2001). Quadro 10- Componentes da Aptidão Física e respetivas baterias de testes utilizadas para a sua avaliação (adaptado de Coelho e Silva et al. 2003, apud Cardoso, 2009). Componente Capacidade Aeróbia Força dos Membros Inferiores Força dos Membros Superiores Força Abdominal Flexibilidade Velocidade e Agilidade Baterias de testes utilizadas AAHPERD; PCPFP; FITNESSGRAM; EUROFIT; UNIFITTEST; FACDEX. EUROFIT; UNIFITTEST; FACDEX; Leuven Growth Study; Estudo dos Açores (Sobral, 1986, 1989). AAHPERD; PCPFP; NYPFP; FITNESSGRAM; EUROFIT; FACDEX; UNIFITTEST; Estudo dos Açores (Sobral, 1986, 1989); Leuven Growth Study; Amsterdam Growth Study. A prova de “sit-ups” (elevações do tronco) é a mais utilizada pela maioria das baterias de testes, sendo a prova de 60 segundos a sua versão mais comum. Contudo, a EUROFIT adotou uma versão de “sit-ups” em 30 segundos, a qual evidenciou algumas alterações no que respeita ao protocolo. A prova de “curl-ups” (enrolamento da coluna vertebral, sem flexão da articulação pélvico-femoral) e a prova de “leg-lifts” (elevações dos membros superiores) são outras provas também utilizadas para avaliar a Força Abdominal. Esta última (“leg-lifts”) foi utilizada tanto no Leuven Growth Study como no Amsterdam Growth Study, embora de diferentes formas (no primeiro avaliou-se o número de repetições em 20 segundos enquanto que no segundo avaliouse a contagem do tempo de execução de 10 repetições). Esta componente é incluída em praticamente todas as baterias de testes de avaliação da Aptidão Física mencionadas, sendo o teste “sit-and-reach” o mais comum. FACDEX; UNIFITTEST; EUROFIT; Leuven Growth Study; o Amsterdam Growth Study, bem como o estudo das populações escolares dos Açores e da Madeira, também incluem testes de avaliação da velocidade e da agilidade, embora tenham optado por algumas alterações no âmbito da sua aplicação. 2.3.4.1- Baterias de testes motores As baterias de testes da American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD) que ao longo dos anos foram sofrendo ajustes, têm servido de referência a muitas outras baterias de testes. A preocupação com a análise da validade estatística das provas faz desta bateria uma das mais fiáveis. O Eurofit, paralelamente às baterias da AAHPERD, são baterias de referência, principalmente pelo especial cuidado com os estudos de validação das provas que o compõem. Como especto menos positivo do Eurofit, salientamse as provas com utilização do cicloergómetro ou tapete rolante. Este tipo de provas não se adapta ao meio escolar e a estudos com elevado número de sujeitos. 45 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Segundo Freitas (1994) e Coelho e Silva (2008) a primeira bateria de testes da AAHPERD – Youth Fitness Test- relacionada com a performance, foi publicada em 1958 tendo sido revista em 1965 e 1976. No ano de 1980 foi apresentada a bateria de testes da AAHPERD – Healthrelated Physical Fitness Test - relacionada com a saúde e em 1988 a bateria de testes da AAHPERD – Physical Best. Na evolução da estrutura da bateria pode-se verificar que só foi englobada a análise da composição corporal a partir de 1980 espelhando o conceito subjacente de performance e saúde. A bateria de testes FACDEX – Desenvolvimento Somato-motor e Fatores de Excelência Desportiva na População Portuguesa, foi elaborado como uma bateria de testes adaptada à população juvenil portuguesa, com uma perspetival abrangente da aptidão física, associando avaliação de provas físico-motoras à avaliação de sentimentos e pensamentos dos jovens sobre a sua corporalidade e a prática desportiva (Marques et al. 1991). Quadro 11- Estrutura da bateria de testes FACDEX (adaptado de Marques et al. 1991). Componentes Resistência Flexibilidade Força superior Força média Força inferior Velocidade Coordenação/agilidade Testes Corrida de 12 minutos Sit and reach Arremesso de um peso de 2 kg Lançamento da bola de hóquei Dinamometria manual Sit-ups em 60 seg. Salto em comprimento Corrida de 50 metros Corrida vaivém 10x5 metros O projeto que deu origem ao FACDEX não se desenvolveu suficientemente e como tal a bateria de testes FITNESSGRAM é a que se está impor no âmbito nacional. Esta bateria foi desenvolvida pelo The Cooper Institute for Aerobics Research com os direitos para Portugal Pertencentes à Faculdade de Motricidade Humana – Núcleo de Exercício e Saúde, e é de fácil utilização, apresentando-se orientada para o desenvolvimento harmonioso do aluno, cuja avaliação funciona como elemento motivador da atividade física regular. Esta bateria avalia três componentes da Aptidão Física que estão relacionadas com a saúde em geral e com o bom funcionamento do organismo. Estas componentes são a aptidão aeróbia, a aptidão muscular e a composição corporal. Contudo, este programa não inclui testes de avaliação da velocidade de corrida, de coordenação motora, nem de avaliação postural, existindo no nosso ver, uma lacuna que poderia ser colmatada com o incluir de um teste para cada um dos pontos referidos. 46 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Maia et al. (2001) refere que a bateria de testes do FITNESSGRAM definiu critérios para cada grupo etário e sexo em cada item, passando os alunos a serem avaliados em função dos critérios estabelecidos e não através da comparação com os seus pares. Nesta bateria de testes pode-se verificar se o programa escolar é adequado, definindo metas a atingir através da percentagem de alunos que deverá situar-se dentro da Zona Saudável de Aptidão Física (ZSAF). Quadro 12- Estrutura da bateria de testes FITNESSGRAM. Componente de Aptidão Aptidão Aeróbia Força Abdominal e Resistência Força Superior Aptidão Muscular Força e Flexibilidade do tronco Flexibilidade Testes - Vaivém - Corrida 1 Milha - Marcha (alunos do secundário) - Abdominais - Extensões de braços - Flexões de braços em suspensão modificado - Flexões de braços em suspensão - Extensão do tronco - Senta e alcança - Flexibilidade de ombros - Estatura e peso - IMC - Medição das pregas adiposa tricipital e geminal (+ prega abdominal - alunos com mais de 18 anos) - % MG -Perímetro da cintura Composição Corporal Existem algumas problemáticas associadas com os estabelecimentos de critérios por parte das várias baterias de testes existentes. Uma das questões prende-se com o facto de ao existirem diferenças inter-individuais durante o processo de maturação biológica e, sendo os critérios e normas delineados em função da idade cronológica, as crianças que se encontrem desviadas em termos de cadência biológica, serão alvo de uma classificação baseada em critérios que não se enquadram com a sua idade biológica (Freedson & Rowland, 1992, apud Coelho e Silva et al. 2003). Segundo Neto (2009) as baterias de testes direcionadas à aptidão física relacionada à saúde que vêm tendo maior aceitação são: a “Physical Best”, idealizada pela “American Alliance for Health”, “Physical Education, Recreation and Dance”, a NCYFS (National Children and Youth Fitness Study), preconizada pelo “U.S. Department of Health and Human Services” e a FITNESSGRAM, proposta pelo “Cooper Institute for Aerobics Research”. 47 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Quadro 13- Baterias de testes motores direcionadas à Aptidão Física relacionada à saúde e ao desempenho atlético (adaptado de Neto, 2009). Bateria de testes Physical Best NCYFS FITNESSGRAM Componente motor Flexibilidade Força/resistência muscular Cardiorrespiratório Flexibilidade Força/resistência muscular Cardiorrespiratório Flexibilidade Força/resistência muscular Cardiorrespiratório AAHPERD CAHPERD Flexibilidade Potência muscular Agilidade Velocidade Força/resistência muscular cardiorrespiratório Equilíbrio Velocidade Potência muscular Força/resistência muscular Cardiorrespiratório Eurofit Guedes e Guedes Equilíbrio Velocidade Flexibilidade Potência muscular Velocidade Força/resistência muscular Cardiorrespiratório Flexibilidade Potência muscular Força/resistência muscular Velocidade Cardiorrespiratório Teste motor “Senta-e-alcança” Abdominal Puxada em suspensão na barra Caminhada/corrida de 1.600m “Senta-e-alcança” Abdominal Puxada em suspensão na barra Puxada em suspensão na barra modificada Caminhada/corrida de 800m ou 1.600m “Senta-e-alcança” adaptado Mobilidade de ombros Abdominal modificado Elevação do tronco Flexão/extensão dos braços à frente do solo Puxada em suspensão na barra Puxada em suspensão na barra modificada Suspensão na barra Caminhada/corrida de 1.600m Caminhada/corrida de “vaivém” “Sentar-e-alcançar” Salto em distância “parado” Corrida de “ida-e-volta” Corrida de 50m Puxada em suspensão na barra Suspensão na barra Abdominal Corrida de 800, 1.600 ou 2.400m Posição flamingo Corrida de “ida-e-volta” Corrida de 50m Puxada em suspensão na barra Salto em distância “parado” Suspensão na barra Abdominal Corrida de 800, 1.600 ou 2.400m Posição flamingo Batimento em placas “Sentar-e-alcançar” Salto em distância “parado” Corrida de 10 x 5m Abdominal Suspensão na barra Caminhada/corrida de “vai-e-vem” “Senta-e-alcança” Salto em distância “parado” Puxada em suspensão na barra modificado Abdominal Corrida de 50m Caminhada/corrida de 9/12min 48 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica 2.4- Estudos realizados em Portugal a partir do ano 2000 sobre Antropometria e Aptidão Física no 1ºCEB Fizemos um levantamento relativamente exaustivo sobre os mais recentes estudos realizados em Portugal, tendo como população alvo as crianças em idade escolar englobadas no 1ºCEB. Nesse levantamento incluímos estudos que abordavam temas sobre ApF e antropometria em crianças do 1ºCEB. A elaboração deste estudo teve como base a pesquisa em bibliotecas e documentos disponíveis on-line. Assim, e para a faixa etária dos 6 aos 10 anos de idade em teses, artigos de revista e livros identificámos vários estudos, mas constatámos que este escalão etário está menos estudado que os escalões juvenis de idade superior. Inicialmente procurámos estudos realizados no concelho de Mira e concelhos limítrofes. No concelho de Mira não foi realizado nenhum estudo de ApF, destacando-se apenas um estudo recente (Casado, 2011) que teve como objetivos determinar a prevalência de excesso de peso e de obesidade nas crianças em idade escolar do concelho de Mira, debruçando-se especialmente sobre aspetos como a associação entre o IMC das crianças e o aleitamento materno, o peso à nascença, o IMC parental e o estatuto socioeconómico dos pais. Já no concelho de Cantanhede foi realizado por Machado (2006) um estudo sobre a prevalência de sobrepeso e obesidade na população escolar dos 6 aos 10 anos. No concelho da Figueira da Foz destacamos o estudo de Figueira (2010) que abordou o tema do contributo de variáveis biossociais e estilo de vida na explicação da coordenação físico-motora em jovens masculinos de 9 - 10 anos de idade. Numa revisão mais alargada e relativa aos estudos realizados em Portugal antes do ano 2000, identificámos a continuidade do estudo decenal do Estado de Crescimento e Aptidão Física da População Escolar dos Açores, iniciado por Sobral em 1986 e 1989, e continuado em 1999 e 2009 por Coelho e Silva, um dos primeiros e impulsionadores na área da ApF em Portugal, mas verificámos que este estudo, considerado frequentemente como estudo de referência em Portugal e internacionalmente, sobre o crescimento e ApF, refere-se apenas a idades superiores a 10 anos de idade. Ao nível antropométrico existem vários e importantes estudos realizados na população portuguesa e em particular na população infanto-juvenil, podendo encontrar os seguintes 49 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica estudos de referência realizados em Portugal no âmbito da antropometria: Lacerda (1904, apud Padez, 1999), Baganha et al. 1982), Rosa (1983), Sobral (1986, 1989), Fragoso & Vieira (1991, apud Fragoso & Vieira, 2006), Sardinha (1996) e Padez (1999). Em relação ao processo de crescimento, Isabel Fragoso realizou em 1991, um estudo sobre o crescimento somático em Lisboa, em que participaram 4500 crianças de 25 escolas do 1ºCEB e 29 Jardins de Infância de Lisboa. Destacamos ainda os estudos de Gomes (1996) e de Lopes (1997), o primeiro relativo à caracterização dos níveis de Coordenação Motora em Matosinhos e o segundo relativo aos efeitos de programas de aulas de Educação Física no desenvolvimento da coordenação. A breve referência aos estudos anteriores ao ano 2000 com crianças do 1ºCEB, expressa bem a exiguidade de estudos realizados até essa data. A partir do ano 2000 e até 2011 identificámos quase três dezenas de estudos, ou seja, numa década o número quase triplicou os observados nas duas décadas anteriores. Uma das características desses estudos é a sua proximidade com os modelos observados nos escalões etários seguintes, nomeadamente através da utilização do mesmo tipo de baterias de testes. Mantém-se uma linha de investigação associada à utilização de baterias de testes do tipo da KTK, mas a linha prevalente inclui estudos antropométricos e testes mais próximos da avaliação clássica da ApF relacionada com a saúde como o FITNESSGRAM. Assim, no Quadro 14 iremos apresentar os estudos realizados a partir de 2000 com crianças do 1ºCEB, em que descrevemos o local onde foi realizado o estudo, o número de indivíduos da amostra, quais as idades abrangidas e por último as variáveis estudadas. 50 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Quadro 14- Estudos Antropométricos e de Aptidão Física realizados em Portugal com alunos do 1ºCEB, a partir do ano 2000. Autor Tema Amostra Variáveis Estudadas Pereira, A. (2000) Crescimento Somático e Aptidão Física de crianças com idades compreendidas entre os seis e os dez anos de idade. - Medidas Antropométricas: Altura, altura sentado, peso, pregas de adiposidade subcutânea (tricipital, subescapular, ilíaca, crural e geminal), perímetros (braço tenso, braço relaxado, crural e geminal) e diâmetros (biacromial, bicristal, bicôndio-humeral e bicôndio-femoral), IMC e %MG - Aptidão Física: (Corrida das 50 jardas, vaivém, impulsão horizontal, preensão, corrida/marcha da milha, Curl-ups, Flexões a 90 graus, Trunk lift - Elevações do tronco em extensão) Maia, J. & Lopes, V. (2002) Estudo do Crescimento Somático, Aptidão Física, Atividade Física e Capacidade de Coordenação Corporal de Crianças do 1ªCEB da Região Autónoma dos Açores Maia, J. & Lopes, V. (2003) Um Olhar Sobre as Crianças e Jovens da Região Autónoma dos Açores. Implicações para a Educação Física, Desporto e Saúde Local: Maia Amostra: Total – 773 ♂- 388 ♀ - 385 Idades: 6 /7/8/9/10 Local: Região Autónoma dos Açores Amostra: Total – 3744 ♂- 1830 ♀ -1914 Idades: 6 /7/8/9/10 Local: Região Autónoma dos Açores Amostra: Total – 1159 ♂- 582 ♀ - 577 Idades: Dos 6 aos 19 Sousa, M (2004) Crescimento Somático, Atividade Física e Aptidão Física Associada à Saúde. Um estudo populacional nas crianças do 1º CEB do Concelho de Amarante Prevalence of overweight and obesity in 7-9-year-old Portuguese children: Trends in body mass index from 19702002. Padez, C. et al. (2004) Vieira, F.; Fragoso, I.; Ferreira, C Barrigas, C.; Oliveira, C.; Silva, L., Vargas, T. (2004) Secular Trend: Morphologic Variability of Lisbon Between 1991 and 2001. Local: Amarante Amostra: Total – 2940 ♂- 1549 ♀ - 1391 Idades: 6 /7/8/9/10 Local: Continente Amostra: Total – 4511 ♂- 2237 ♀ - 2274 Idades: 7/8/9 Local: Lisboa Amostra: Total – 5440 ♂- 1106 (1991) 1580 (2001) ♀ -1167(1991) 1587 (2001) Idades: 4/5/6/7/8/9/10/11 - Coordenação motora: KTK (Equilíbrio em marcha à retaguarda, Saltos monopedais, Saltos laterais e Transposição lateral) - A avaliação da Atividade Física (questionário de Godin e Shephard) - Aptidão física associada à saúde: (Corrida / marcha da milha (1600 metros), Curl-ups, Flexões de braços (push-ups) a 90 graus, Trunk lift - Elevações do tronco em extensão, Peso, Altura e IMC) -Crescimento somático: Peso e Altura -Composição corporal: Pregas de adiposidade subcutânea (tricipital e subescapular) e IMC - Maturação biológica (A maturação biológica foi avaliada através da avaliação do desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários (maturação sexual). Foram utilizados os procedimentos e critérios descritos por Tanner (1962). - Atividade física: Questionário de Godin e Shephard (1985) apenas aplicado às crianças dos 6/7 aos 10 anos de idade e o Questionário de Baecke que foi aplicado a todos os outros. - Aptidão física associada à saúde (avaliada através da bateria de testes FITNESSGRAM): Corrida / marcha da milha (1600 metros), Curl-ups, Flexões de braços (push-ups) a 90 graus, Trunk lift - Elevações do tronco em extensão e IMC. - Aptidão física associada à performance motora: Corrida de 50 jardas (45,72 m), Corrida vaivém, Salto em comprimento sem corrida preparatória, Preensão manual - Coordenação motora: KTK (Equilíbrio em marcha à retaguarda, Saltos monopedais, Saltos laterais e Transposição lateral) só avaliaram as crianças dos 6 aos 10 anos. - Motivação para a prática desportiva A motivação para a prática desportiva será avaliada através da versão portuguesa do questionário de motivação para as atividades desportivas. - Estatuto socioeconómico e outra informação suplementar (Foi obtida através de questionário aos alunos) - Indicadores somáticos: Altura, Peso e IMC. - Avaliação da atividade física semanal - questionário de Godin and Shephard (1985). - Avaliação da aptidão física associada à saúde: De acordo com a bateria de testes Fitnessgram (corrida – marcha da milha, curl-ups, Push-ups a 90 graus e trunk lift). - Medidas Antropométricas: Peso, Estatura Pregas cutâneas (tricipital e subescapular) e Perímetro braquial. Prevalência de Obesidade - Intervalos do IOTF (Cole et al. 2000) - Estatura, Estatura sentado - Massa Corporal - Diâmetros (biacromial, bicristal, bicôndilo-umeral, bicôndilo-femoral) - Perímetros (torácico, abdominal, braço sem contração, geminal) - Pregas cutâneas (tricipital e subescapular) 51 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Autor Tema Quadrado, J. (2005) Estudo do Efeito de Algumas Variáveis Biossociais, Medidas de Morfologia, Capacidades Coordenativas e Performance Motora dos 7 aos 10 anos Local: Coimbra Amostra: Total – 110 ♂- 61 ♀ - 49 Idades: 7/8/9/10 - Coordenação motora - KTK - Provas dinâmicas de performance motora: Dinamometria Manual; Impulsão Horizontal; Corrida 25 metros; Lançamento da Bola de Solftbol. Medidas antropométricas simples: Massa Corporal, Estatura. Diâmetro ósteo – transversos, Diâmetro Bicôndilo – Umeral, Diâmetro Bicôndilo – Femural. Perímetro Braquial Máximo, Perímetro Geminal. Prega Tricipital, Prega Subescapular, Prega Supraíliaca, Prega Geminal Martins, J. (2005) Estudo Longitudinal da Aptidão Física e Saúde e a influência dos fatores socioeconómicos, obesidade e comportamentos sedentários em crianças do 1ºCEB Atividade Física, Recreio Escolar e Desenvolvimento Motor. Estudo Exploratório em crianças do 1ºCEB Local: Fundão Amostra: Total – ♂- ♀-Idades: 6 /7/8/9/10 Local: Amares (Braga) Amostra: Total – 158 ♂- 92 ♀ - 66 Idades: 6 /7/8/9/10 Variáveis antropométricas: - Peso, Estatura e IMC. Variáveis da Aptidão Física: Flexibilidade (Senta e alcança); Velocidade (Corrida de 30m); Força Inferior (Salto em comprimento sem corrida preparatória); Força Média/Abdominal; Força Superior/ flexão e extensão dos braços; Resistência Cardiorrespiratória; Vaivém/Agilidade. Lopes, L. (2006) Machado, M. (2006) Prevalência de Sobrepeso e Obesidade na População Escolar dos 6 aos 10 Anos de Cantanhede Maia & Lopes (2006) Crescimento, desenvolvimento e saúde. Três anos de estudo com crianças e jovens açorianos Rodrigues, L. et al. (2006) Estudo Morfofuncional da criança Vianense Gouveia, E., et al. (2007) Atividade física, aptidão e sobrepeso em crianças e adolescentes: “o estudo de crescimento da Madeira” Amostra Local: Cantanhede Amostra: Total – 1051 ♂- 558 ♀ - 493 Idades: 6 /7/8/9/10 Local: Região Autónoma dos Açores Amostra: Total – 674 ♂- 343 ♀ - 331 Idades: 4 cortes: 1- (6-10) 2- (10-13) 3- (13-16) 4- (16-19) Local: Viana do Castelo Amostra: Total – 4071 ♂- 2011 ♀ - 2060 Idades: 6 /7/8/9/10 Local: Madeira Amostra: Total – 1505 ♂- 761 ♀ - 744 Idades: 7 aos 18 anos Variáveis Estudadas Medidas Antropométricas: Peso, Estatura - Atividade física - avaliada por acelerometria, as habilidades motoras fundamentais usando o Test of Gross Motor Development e a coordenação motora através do KTK. - Avaliação locomotora: Corrida, galope, pé-coxinho, pulo/salto, salto horizontal parado, deslocamento lateral - Avaliação controlo de objetos: batimento numa bola estática, drible sem deslocamento, agarra, pontapear, lançamento por cima do ombro e lançamento da bola por baixo. - Medidas antropométricas: Estatura, massa corporal, prega tricipital, prega subescapular, e o perímetro braquial. - Questionário dirigido aos pais. Crescimento: estatura, peso, IMC, prega de adiposidade subcutânea tricipital e maturação biológica (Os 4 Cortes) - Coordenação motora: Bateria de testes KTK - Atividade física: 1ª coorte foi avaliado com o questionário de Godin e Shephard e os restantes coortes com o questionário de Baecke. - Aptidão física (normativa e criterial): associada à performance (Corrida das 50 jardas, corrida vai-vem, impulsão horizontal, preensão manual) Associada à saúde: Prova da milha, Curl-up, Push-up, Trunk-lift, - Motivação para a prática desportiva: Escala QMAD - Síndrome metabólico: Estudo de crianças com valores normo-ponderais, sobrepeso e obesas, bem como o pai e a mãe: Análise ao sangue [valores de colesterol total, fração HDL do colesterol (C-HDL), triglicéridos], tensão arterial máxima e mínima, monitorizamos durante 3 dias estes elementos familiares com um diário de atividade física, recorrendo também ao uso de um Pedómetro Variáveis Morfológicas: 1-Antropométricas: Altura, Peso, Pregas adiposas (Tricipital, Subescapular, Suprailíaca e Geminal), Perímetros musculares (Braquial com contração, Geminal), Diâmetros ósseos (Bicôndilo-Umeral, Bicôndilo-Femural) 2-Somáticas: Índice de Massa Corporal (IMC) Variáveis de Aptidão Física: Tempo máximo de suspensão na barra, Sentae-alcança (Sit-and-reach), Corrida de agilidade 4x10 metros (Shuttle run), Salto em comprimento sem corrida preparatória, Abdominais em 60 seg, Corrida de velocidade 50 metros, Corrida de resistência em vaivém de 20 me. - Altura, peso corporal e IMC - Aptidão Física: testes relacionados com a saúde e a performance, flamingo (equilíbrio), batimento em placas (velocidade dos membros superiores), “sit and reach” (flexibilidade), salto em comprimento sem corrida preparatória (força explosiva), dinamometria manual (força estática), “sit ups” (força do tronco), tempo de suspensão com os braços fletidos (força funcional) e “shuttle run” 10 x 5 m (velocidade e (resistência cardiorrespiratória) da bateria da AAHPERD (1980). - Atividade física: questionário desenvolvido por Baecke et al. (1982) 52 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Autor Tema Ramos, E. (2007) Associação do meio (urbano, semiurbano e rural) ao crescimento físico humano, à maturação biológica, à atividade física e à aptidão física na criança e no adolescente Madeirense Local: Madeira Amostra: Total – 1498 ♂- 758 ♀ - 740 Idades: 8/10/12/14/16 Pereira, S. (2008) Sobrepeso, obesidade, níveis de atividade física em crianças dos 6 aos 10 anos da Região Autónoma dos Açores João, F. (2008) Relação da aptidão física aeróbia e muscular com a composição corporal, o estado maturacional e atividade física habitual de crianças e adolescentes (9-11anos) Local: Região Autónoma dos Açores Amostra: Total – 3699 ♂- 1886 ♀ - 1813 Idades: 6 /7/8/9/10 Local: Valongo Amostra: Total – 125 ♂- 72 ♀ - 53 Idades: 9/10/11 Local: Sintra Amostra: Total – 1225 ♂- 581 ♀ - 544 Idades: 6 /7/8/9/10 Local: Ilha de S. Miguel - Açores Amostra: Total – 305 ♂- 0 ♀ - 305 Idades: 8 – 16 Anos de idade Local: V. Nova de Gaia Amostra: Total – 239 ♂- 107 ♀ - 132 Idades: 6 /7/8/9/10/11 Local: Região Autónoma dos Açores Amostra: Total – 285 ♂- 143 ♀ - 142 Idades: 6 /7/8/9/10 Local: Albergaria-aVelha Amostra: Total – 1110 ♂- 581 ♀ - 529 Idades: 6 /7/8/9/10 Ferreira, R & MarquesVidal, P (2008) Prevalence and determinants of obesity in children in public schools of Sintra, Portugal Cardoso, A. (2009) Estatuto nutricional e aptidão física. Aplicação de diferentes valores de corte à população escolar feminina da Ilha de São Miguel dos 8 aos 16 anos de idade Ferreira, P. (2009) Avaliação Antropométrica e Hábitos Alimentares em Alunos do 1.º Ciclo Martins, D. (2009) Alterações do IMC, Atividade física e Aptidão física em crianças de 6 anos com efeitos aos 10 anos Santos, D. (2009) Sobrepeso, obesidade, níveis de atividade e aptidão física em crianças dos 6 aos10 anos do concelho de Albergaria-a-Velha Amostra Variáveis Estudadas - Medidas Antropométricas: Altura, Altura sentado, peso, IMC, diâmetros ósseos, perímetros musculares e pregas de adiposidade subcutânea. - Idade esquelética - estimada usando o método Tanner-Whitehouse. - Atividade física - questionário de Baecke et al (1982) – Aptidão física - bateria de testes motores Eurofit (equilíbrio flamingo, batimento em placas, “sit and reach”, salto em comprimento sem corrida preparatória, dinamometria manual, “sit ups”, tempo de suspensão com os braços fletidos e ‘shuttle run’ 10x5m (velocidade e agilidade.O “shuttle run” substituído pela corrida/andar de 12 minutos da bateria da AAHPERD (1988). - Medidas Antropométricas: Peso, Estatura e IMC - Avaliação da Atividade Física - questionário de Godin & Shepard. - Aptidão Física: bateria de testes Prudential Fitnessgram desenvolvida pelo Cooper Institute for Aerobics Research (Meredith & Welk, 1999) - a marcha/corrida da milha (1609 metros), curl up; push up a 90º; trunk lift. - Coordenação motora - KTK - Composição corporal : peso, estatura, IMC, perímetros da cintura I e II, massa gorda e massa isenta de gordura. Índice de atividade física habitual - questionário de Baecke (1982) -Estado maturacional - escala de Tanner (1962) -Aptidão Física: Vaivém, força abdominal, extensão do tronco e senta e alcança. - Medidas antropométricas: Altura, peso, circunferência do braço, circunferência da cintura e prega cutânea tricipital - IMC - Avaliação antropométrica simples (massa corporal, estatura e espessura da prega tricipital), - Avaliação da composição corporal (IMC) - Avaliação da aptidão física: Lançamento da bola medicinal (em frente), lançamento da bola de “softball”, força de preensão manual (dinamometria manual), “sit-ups” em 60 segundos, impulsão horizontal, velocidade (corrida de 25 metros) e endurance aeróbia (PACER) - Avaliação antropométrica: Peso, Estatura, IMC e perímetro da cintura. - Questionário aos Pais / Encarregados de Educação - Questionário aos Docentes - Medidas antropométricas: Peso, Estatura, IMC, pregas subcutâneas (tricipital e subescapular), %MG - Atividade Física - Questionário de Godin and Shephard (1985) - Teste de aptidão física relacionada à saúde (FITNESSGRAM): milhacorrida/ caminhada (1609 m), abdominais, extensão do tronco, extensão de braços. - Teste de aptidão relacionado com a performance (AAHPER): velocidade - corrida das 50 jardas, salto horizontal, preensão manual, shuttle run - Coordenação motora- KTK - Crescimento Somático – Peso, estatura e IMC - Atividade Física - questionário de Godin and Shephard (1985) - Aptidão Física associada à Saúde: Corrida ou marcha da milha, Curl Up, Push Up, Trunk Lift 53 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica Autor Machado, A. (2010) Tema Hábitos Alimentares, Ocupação dos Tempos Livres. Imagem Corporal e obesidade em Crianças do 1ªCEB Amostra Variáveis Estudadas Local: Santo Tirso Amostra: Total – 310 ♂- 163 ♀ - 147 Idades: 6 /7/8/9/10 Local: Figueira da Foz Amostra: Total – 33 ♂- 33 ♀-0 Idades: 8/9/10 - Cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), peso e altura. - Questionário, baseado num questionário on-line da Health Behaviour in School-aged Children e já utilizado em vários estudos no âmbito do projeto de Estratégias Locais de Saúde. - Medidas antropométricas básicas: peso, altura, IMC, pregas adiposas - Aptidão Física: abdominais em 60 segundos; tempo de suspensão na barra; salto em comprimento sem corrida preparatória; corrida de resistência vaivém; sit-and-reach (senta-e-alcança); shuttle run; - Coordenação motora – KTK (equilíbrio à retaguarda; salto monopedal; saltos laterais; transferência lateral; quociente motor total) - Atividade Física - avaliada com o Baecke Questionnaire of Habitual Physical Activity (índice de atividade física na escola - Desempenho escolar- resultados qualitativos das provas nacionais de aferição. - Aptidão física: aptidão aeróbia (teste de corrida de 9 minutos), força e resistência muscular (teste de puxada na barra modificado), flexibilidade (teste sentar e alcançar), potência muscular (teste de salto horizontal) e velocidade (teste de corrida de 50 metros), provas realizadas a partir da bateria de testes elaborada por Guedes e Guedes. - Composição corporal – IMC e %MG - Habilidades motoras (correr, saltar e lançar )-checklist de Gallahue (1982). - Composição corporal: peso, altura, IMC, pregas tricipital e subescapular e % MG. - Observação em diferido, através da gravação em vídeo durante o intervalo de algumas habilidades motoras, como caminhar, correr, saltar, sentar, deitar, e permanecer em pé parado. Figueira, S. (2010) Contributo de variáveis biossociais e estilo de vida na explicação da coordenação físico motora em jovens masculinos de 9 - 10 anos de idade Santos, JP (2010) Atividade física, aptidão física, aptidão coordenativa, aptidão morfológica e desempenho escolar. Estudo com crianças do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Local: Amares Amostra: Total – 140 ♂- 73 ♀ - 67 Idades: 6 /7/8/9/10 Gomes, E. (2010) Influência da Aptidão Física na prestação das Habilidades Motoras Fundamentais em crianças de 6 e os 9 anos. Santos, A. (2010) Atividade física no recreio escolar e a sua relação com a obesidade. Morgado, J. (2011) Associação entre índice de massa corporal, a atividade física e a aptidão física em crianças dos 6 aos 9 anos do Agrupamento Oliveira Júnior - São João da Madeira Guerra, V. (2011) Atividade física e aptidão física em crianças de etnia cigana e não cigana. Um estudo em crianças de ambos os géneros dos 6 aos 10 anos de idade. Casado, S. (2011) Excesso de peso e obesidade nas crianças em idade escolar: Prevalência e fatores de risco. Local: Vila Real Amostra: Total – 47 ♂- 24 ♀ - 23 Idades: 6 /7/8/9 Local: --Amostra: Total – 30 ♂- 16 ♀ - 14 Idades: 6 /7/8/9 Local: São João da Madeira Amostra: Total – 126 ♂- 56 ♀ - 70 Idades: 6 /7/8/9/10 Local: Lisboa Amostra: Total – 95 ♂- 48 ♀ - 47 Idades: 6 /7/8/9/10 Local: Mira Amostra: Total – 227 ♂- 127 ♀ - 100 Idades: 6 /7/8/9/10 - Medição da Estatura, massa corporal, pregas adiposas (tricipital, geminal, supra-íliaca e subescapular), altura sentado, comprimentos dos membros inferiores, estatura matura predita, índice de massa gorda, índice córmico e %MG -Coordenação motora - bateria de testes KTK - Questionário sobre o estilo de vida dos alunos, para determinar os estímulos sociais para a prática de atividade física destes. - Antropometria: Peso, altura e IMC - Atividade Física - acelerómetro Actigraph Gt1M - Estatuto Socioeconómico - Escalões atribuídos pela Ação Social Escolar - Aptidão Física Associada à Saúde: corrida vaivém 20 m, teste de abdominais e extensão de braços - Diário de Atividade Física – Activitygram - Aptidão Física: Teste do Vaivém (valor de VO2 máx.) - Composição corporal: Altura, peso, pregas tricipital e geminal – IMC e %MG. - Medição do peso e da altura - IMC - Inquérito dirigido aos pais de forma a determinar a duração do aleitamento materno, o peso da criança à nascença, o IMC dos pais e o estatuto socioeconómico. 54 ________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica No conjunto dos trabalhos revistos, diferentes variáveis são utilizadas para cada estudo. Ao nível das dimensões corporais as variáveis mais usadas foram as medidas antropométricas básicas (peso e altura) o IMC e a medição das pregas adiposas subcutâneas tricipital, geminal e subescapular para obter a % MG. Ao nível da ApF a maioria dos testes realizados pertencem à bateria de testes FITNESSGRAM. Para avaliar a coordenação motora os testes mais utilizados pertencem à bateria de testes KTK. Já ao nível da avaliação da Atividade Física Habitual encontrámos estudos que utilizaram o questionário de Baecke (1982), Maia & Lopes (2006), Ramos (2007) e Félix (2008) e também o questionário de Godin & Shepard (1985), estudos de Maia & Lopes (2002, 2003 e 2006); Sousa (2004); Pereira (2008) e Santos (2009). A partir de meados da década de 2000-2010 identificam-se nos estudos uma tendência para a inclusão de variáveis relativas à identificação de situações de sobrepeso e obesidade, sendo o IMC o indicador maioritariamente utilizado. 55 PARTE PRÁTICA 56 ______________________________________________________________________________Estudo Prático Capítulo III – Estudo Prático 3.1.- Objetivos do estudo prático A finalidade principal do estudo prático consiste na construção de tabelas de valores normativos, organizadas por género e escalão etário, e indicadores das características morfológicas, ritmos de crescimento e ApF das crianças escolarizadas no concelho de Mira com 6,7,8,9 e 10 anos de idade. Pretende-se assim contribuir para a caracterização do estado de ApF das crianças em estudo, como também a descrição do seu perfil antropométrico relacionado os valores médios obtidos com outros estudos de referência. Deste objetivo fundamental podemos segmentar um conjunto de objetivos gerais e um conjunto de objetivos mais específicos. 3.1.1- Objetivos gerais a) Identificar valores normativos antropométricos e de ApF da população infantil com idades entre os 6 e os 10 anos de idade, que em 2012 se encontravam a frequentar as AEC nas escolas do 1ºCEB do concelho de Mira; b) Identificar diferenças, em função da faixa etária, relativamente aos valores normativos identificados; c) Comparar os grupos de género, masculino e feminino, relativamente aos valores normativos obtidos; d) Comparar resultados obtidos no presente estudo com resultados obtidos noutros estudos efetuados em amostras semelhantes. 57 ______________________________________________________________________________Estudo Prático 3.1.2- Objetivos específicos a) Identificar valores normativos de média, desvio padrão, valores máximos e mínimos, valores percentílicos (P10º, P20º, P30º, P40º, P50º (mediana), P60º, P70º, P80º, P90º, por escalão etário (idade decimal 5,50-6,49; 6,50-7,49; 7,50-8,49; 8,50-9,49; 9,5010,49)1 e por grupo de género relativamente a cada uma das variáveis: estatura, massa corporal, IMC, pregas adiposas subcutâneas (tricipital, subescapular e geminal), %MG, perímetros (braquial, abdominal e geminal) e capacidades físico-motoras (coordenação motora, flexibilidade, força, resistência, velocidade); b) Verificar diferenças entre grupos de género relativamente a alguns dos itens normativos identificados. c) Verificar diferenças entre os escalões etários considerados relativamente a alguns dos indicadores obtidos; d) Analisar semelhanças e diferenças marcantes entre resultados obtidos no presente estudo e resultados obtidos noutros estudos. Em relação às hipóteses de estudo, estas não foram elaboradas, pois só utilizámos de forma muito pontual técnicas estatísticas de correlação, pelo que consideramos desnecessária a definição extensa de hipóteses de estudo. Os estudos de caraterização de populações, essencialmente descritivos, não requerem a formulação obrigatória de hipóteses. Elas poderão contudo, ser um elemento importante para a exploração interpretativa de resultados obtidos em comparações e correlações estatísticas. 1 Idade Decimal = (Ano de Avaliação – Ano de Nascimento) + ((Mês de Avaliação – Mês de Nascimento)/12) + ((Dia da Avaliação – Dia de Nascimento)/365) 58 ______________________________________________________________________________Estudo Prático 3.2. Metodologia A metodologia seguida neste estudo corresponde ao modelo clássico, com definição de objetivos, seleção de instrumentos (testes) para recolha de dados, seleção e organização da amostra, treino de observadores na utilização do instrumentário e aplicação de protocolos de avaliação, realização de estudo-piloto com uma amostra reduzida, recolha de dados, testagem da qualidade dos resultados com a realização do teste-reteste com uma subamostra da amostra estudada, tratamento dos dados com aplicação de técnicas estatísticas, análise e discussão dos resultados obtidos e por fim a apresentação das conclusões. A recolha dos dados foi realizada nos espaços desportivos que as escolas têm ao seu dispor. Nesta metodologia podemos considerar duas fases principais: Realização de um estudo preparatório que permitiu desenvolver o treino de avaliador e aferir da fiabilidade de instrumentos e de procedimentos; Uma segunda fase relativa à recolha e tratamento dos dados do estudo propriamente dito. 3.3- Caraterização da amostra A amostra tem uma população potencial, que corresponde ao número aproximado de alunos inscritos no Programa de Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) existente em 8 escolas do 1ºCEB do Concelho de Mira. Foi inicialmente solicitado ao Agrupamento de Escolas de Mira a autorização (Anexo1) para a realização do estudo em questão. De seguida, foi feito o contacto com os Professores Coordenadores de Estabelecimento de todas as escolas do concelho, em que foi feita uma explicação do que consistia o estudo, os testes a serem realizados, quais os procedimentos e que a recolha dos dados decorreria no período das aulas de AFD, não interferindo com o normal funcionamento das aulas dos Professores Titulares de Turma, pois decorreria no período das AEC. A amostra potencial foi obviamente condicionada aos imperativos éticos de participação voluntária e informada das crianças e Encarregados de Educação. A todos os sujeitos foi 59 ______________________________________________________________________________Estudo Prático explicado o objetivo do estudo e os procedimentos que iriam ser efetuados na realização da recolha dos dados, bem como o caráter voluntário da sua participação. 3.3.1- Amostra Para a constituição da amostra, convidámos à participar no estudo de todos os alunos do 1ºCEB do Agrupamento de Escolas de Mira, que se encontravam inscritos nas AEC. O agrupamento tinha um total de 388 crianças inscritas, do qual 341 responderam positivamente ao convite, tendo sido assinada a respetiva autorização pelos pais e/ou Encarregados de Educação das crianças, o que correspondeu a aproximadamente 88% da população escolar total. A amostra do estudo foi constituída por 341 crianças (154 meninas e 187 meninos) entre os 6 e os 10 anos de idade, que frequentavam as AEC nas 8 escolas do 1ºCEB do Agrupamento de Escolas de Mira, concelho de Mira, situado na região Centro de Portugal Continental. Tabela 3- Distribuição da amostra em função da idade e género. Idade 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos Total ♀ 22 38 41 29 24 154 ♂ 17 46 35 47 42 187 % 12% 25% 22% 22% 19% 100% Total 39 84 76 76 66 341 3.3.2- Procedimento para as autorizações Foi então pedido aos Coordenadores de Estabelecimento que encaminhassem os pedidos de autorização aos Encarregados de Educação e que fizessem a recolha dos mesmos. Nos pedidos de autorização constavam uma descrição da investigação, as datas previstas da recolha de dados e que antes e durante a realização do estudo qualquer Encarregado de Educação poderia solicitar esclarecimentos adicionais sobre detalhes da pesquisa e revogar a autorização dada a qualquer momento. 60 ______________________________________________________________________________Estudo Prático 3.4. Seleção dos instrumentos e dos testes Na seleção dos instrumentos-testes seguimos critérios e princípios metodológicos como a validade, fiabilidade, objetividade, sensibilidade e economia dos testes. O recurso a testes pertencentes a baterias construídas e validadas, facilitou o cumprimento desses critérios. Em alguns casos recorremos a testes observados em estudos menos divulgados, no entanto vão ao encontro do papel de ApF que pretendemos avaliar. Na revisão bibliográfica pesquisámos a existência de estudos com alunos do 1ºCEB em Portugal e analisámos as baterias de testes de ApF utilizadas que, de alguma forma, poderiam responder aos objetivos da nossa pesquisa. Da análise realizada sobre os estudos efetuados com alunos do 1ºCEB em Portugal, verificámos que para as idades 6-10 anos não existia nenhum estudo sobre ApF feito no concelho de Mira. Nesse sentido, a nossa escolha foi feita em relação à disponibilidade de equipamentos-“instrumentárium” existente para o momento e à facilidade de medição/avaliação das várias possibilidades de aplicação em função das disponibilidades temporais e espaciais necessárias. Concluída a análise do conjunto de pressupostos enunciados, selecionámos para a avaliação antropométrica a medição da estatura e da massa corporal como variáveis mais representativas do crescimento. A estatura e a massa corporal foram depois utilizadas no cálculo do IMC que é uma variável que geralmente está presente em estudos semelhantes realizados em Portugal. As pregas adiposas subcutâneas servem para a caracterização da distribuição da adiposidade característica da população estudada e para o cálculo da %MG. A antropometria exige o uso de referências bem definidas e descritas para a estandardização dos procedimentos de recolha das medidas. É essencial a utilização de instrumentos apropriados e em boas condições. Foram adotados os procedimentos antropométricos, descritos por Lohman, Roche & Martorell (1988). Na avaliação da ApF integrámos variáveis relacionadas com as capacidades físico-motoras: coordenação motora, flexibilidade, força, resistência e velocidade, 61 ______________________________________________________________________________Estudo Prático 3.4.1. Medidas antropométricas A descrição dos procedimentos efetuados, do modo como foram recolhidos os dados em cada um dos testes e o tipo de medição realizada, encontra-se no Anexo 3 e para isso recorremos a manuais especializados para cada domínio das avaliações. Na avaliação antropométrica recorremos ao manual de Lohman, Roche & Martorell (1988) que internacionalmente tem significativa aceitação e também o Curso de Cineantropometria de Sobral, Coelho e Silva & Figueiredo (2007). As medidas utilizadas na avaliação antropométrica seguiram os protocolos de Lohman et al. (1988) e Sobral et al. (2007), e foram as seguintes: - Estatura - Massa Corporal (peso) - IMC - Pregas Adiposas Subcutâneas: Tricipital, Subescapular e Geminal - %MG - Perímetros: Braquial, Abdominal e Geminal Relativamente à estatura, foi utilizado na medição um estadiómetro portátil com haste móvel, da marca Tanita. Na mensuração da massa corporal utilizou-se uma balança digital modelo 770, da marca Seca, cujos resultados apresentam valores com aproximação às 100g, tendo sido o registo efetuado em quilogramas (kg). A medição da estatura e massa corporal dão-nos indicações genéricas sobre o crescimento, fator indissociável da aptidão física de crianças e jovens, sobre o estado de maturação, importante para a interpretação dos dados das diferentes variáveis. A massa corporal e a estatura foram também utilizadas no cálculo do IMC que, embora menos objetivo que a percentagem de massa gorda, é um indicador mais generalizado nos estudos epidemiológicos para a caracterização das situações de sobrepeso e de obesidade. O Valor de IMC foi calculado com base na fórmula2 constante na bateria de testes FITNESSGRAM. 2 IMC= Peso (kg) / Altura² (cm) 62 ______________________________________________________________________________Estudo Prático A seleção das pregas adiposas teve como base dois critérios essenciais: 1) caraterização por zona corporal (membros superiores, tronco e membros inferiores), 2) adequação à fórmula de cálculo de %MG, escolhida. A medição das pregas adiposas subcutâneas tem como objetivos medir a espessura das pregas adiposas tricipital, subescapular e geminal e calcular a percentagem de massa gorda corporal. Nesta medição foi utilizado o adipómetro da marca Slim Guide- Bodycare, com a compressão de 10 g/mm2 na superfície de contacto e com uma precisão de medida de 0,1 mm, para efetuar a medição das pregas adiposas. Na avaliação da composição corporal, mais concretamente na avaliação %MG, foram utilizadas as pregas tricípital e geminal para calcular a percentagem de massa gorda total através da fórmula3 de Slaughter et al. (1988), fórmula essa utilizada na bateria de testes do FITNESSGRAM. A seleção dos perímetros a serem objeto de medição caraterizou-se pela morfologia corporal, em que foi incluiu um perímetro por zona corporal (membros superiores, tronco e membros inferiores). Na medição dos perímetros seguimos o protocolo de Lohman et al. (1988) e como instrumento utilizámos uma fita métrica flexível, marca Holtain e as medições foram registadas em centímetros. 3 Masculino %MG= 0,735(Tricipital + Geminal) + 1,0 Feminino %MG = 0,610 (Tricipital + Geminal) + 5,1) 63 ______________________________________________________________________________Estudo Prático 3.4.2. Testes de aptidão física Os testes de ApF selecionados foram: - Coordenação Motora (Ria); - Flexibilidade (Senta e Alcança Adaptado); - Flexibilidade (Amplitude de Afastamento dos MI); - Força (Preensão Manual); - Força (Lançamento da Bola de Ténis); - Força (Abdominais 30seg); - Força (Salto Horizontal sem corrida de impulsão); - Resistência (Teste do Vaivém) - Velocidade (20m lançados); A avaliação da ApF resultou da observação direta do desempenho físico-motor na execução dos testes anteriormente indicados. Esses testes utilizaram protocolos definidos pelos autores Martins de Carvalho (2007), Sobral et al. (2007) e das baterias de testes AAPHERD (1980) e FITNESSGRAM (2002). No caso do teste de Flexibilidade (Amplitude de afastamento dos MI) esse protocolo foi adaptado de Fernandes Filho (1999) e Lopéz (2002) tendo sido criado o nosso próprio protocolo. O valor de VO2máx foi calculado através do Teste Luc-Léger, em que o objetivo deste teste é estimar o VO2máx (ml.kg-1min-1), permitindo avaliar a capacidade aeróbica dos sujeitos. É um teste do tipo progressivo, maximal e indireto. A definição mais detalhada dos Protocolos de Avaliação da ApF encontra-se no Anexo 3. Para efetuar a leitura dos valores obtidos para cada variável e melhor os compreender e analisar, elaborámos o Quadro 15 com as variáveis do presente estudo, a unidade de medida utilizada, o formato numérico e os instrumentos de medição utilizado na recolha dos dados. 64 ______________________________________________________________________________Estudo Prático Quadro 15- Listagem das variáveis, unidades de medida, formato numerário e instrumentos de medição. Dimensão Altura Peso IMC Massa Gorda Pregas Perímetros Coordenação Flexibilidade Força Resistência Velocidade Variável Estatura Massa Corporal IMC Massa Gorda Tricipital Subescapular Geminal Braquial Abdominal Geminal Ria Senta e Alcança (Adaptado) Afastamento MI Preensão Manual Lançamento da bola de ténis Abdominais 30seg Salto Horizontal Vaivém VO2 Máximo Corrida 20m Unidade de Medida m kg kg/m² % mm mm mm cm cm cm nº de transposições cm Formato Numérico 0,00 00,0 00,0 00,0 00 00 00 00 00 00 00 Instrumento de Medição Estadiopómetro portátil Tanita Balança Digital da marca Seca Fórmula/equação (1) Fórmula/equação (2) Adipómetro Slim Guide Adipómetro Slim Guide Adipómetro Slim Guide Fita Métrica Fita Métrica Fita Métrica Bola softball 00 Fita métrica e Caixa métrica graus kgf 000 00 m 00,0 Transferidor Dinamómetro Takei Sci. Inst. TKK5001 Fita métrica e bola de ténis nº rep cm nº ml.kg-1. min.-1 seg. 00 000 00 00,0 0,00 Cronómetro Fita métrica CD FITNESSGRAM e Leitor de CD Fórmula/equação (3) Cronómetro Quadro 16- Fórmulas para cálculo de variáveis. 1- IMC = Peso (kg) /Altura² (m) 2- % Massa Gorda Masculino %MG= 0,735(Tricipital + Geminal) + 1,0 Feminino %MG = 0,610 (Tricipital + Geminal) + 5,1) 3- VO2max (ml.kg-1. min.-1) = 31,025 + (3,238 x Vel.) – (3,248 x Idade) + 0,1536 (Vel. x Idade) 3.5- Programa da pesquisa Inicialmente cumprimos um programa de treino de observadores que serviu também para consolidar os procedimentos logísticos associados à recolha de dados. A recolha de dados para o estudo decorreu durante os meses de Fevereiro e Março com a deslocação aos estabelecimentos de ensino do 1ºCEB do concelho de Mira. Devido à necessidade de um espaço com um piso uniforme e mais resguardado para serem efetuadas as medições da estatura, do peso, das pregas e dos perímetros, os testes antropométricos foram feitos em locais cobertos ou nas salas de aula. Os testes de ApF foram 65 ______________________________________________________________________________Estudo Prático realizados nos horários das aulas de AFD, nos espaços exteriores onde normalmente decorrem as aulas. Os professores de AFD tiveram um papel importante na realização das provas de ApF, pois colocavam os alunos pela ordem de realização do teste e efetuavam o registo do valor que lhes era transmitido pelo observador na grelha de registo de dados (Anexo 4). 3.6- Tratamento estatístico dos dados Para o tratamento estatístico dos dados, inicialmente foi criada uma base de dados através do programa Microsoft Office Excel 2007, onde foram inseridos todos os valores recolhidos e posteriormente verificados. De seguida, foram transferidos para o software informático Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 19 para o Windows, utilizado no tratamento estatístico dos dados com um nível de significância de 5% (p≤0,05). As técnicas estatísticas utilizadas pertencem essencialmente à estatística descritiva para a obtenção de valores de média, desvio padrão, valores mínimos e máximos e valores percentílicos (P10º, P20º, P30º, P40º, P50º, P60º, P70º, P80º e P90º). 3.6.1- Controlo da qualidade dos dados O controlo da qualidade dos dados baseou-se nas seguintes tarefas: - Sempre que foi possível utilizaram-se testes já validados; - Seguiram-se os protocolos mais adequados às circunstâncias de avaliação; - Utilizaram-se os instrumentos adequados ao rigor necessário para o tipo de pesquisa realizada; - Realizou-se um programa de treino de avaliadores; - Verificou-se a estabilidade dos dados. 66 ______________________________________________________________________________Estudo Prático Para a verificação da estabilidade dos dados, utilizámos uma amostra constituída por 28 sujeitos pertencentes a duas turmas do 2º ano de escolaridade. A seleção dessa subamostra decorreu de forma aleatória, por sorteio entre as turmas dos alunos que participavam no estudo. O tempo entre a 1ª avaliação e a 2ª avaliação variou entre uma e duas semanas. No controlo da qualidade dos dados foi aplicado o procedimento de avaliação de todas as medidas através da repetição das mesmas. Este procedimento de medida repetida permitiu determinar o erro técnico de medida através da fórmula Malina et al. (1973), (e=[Σz2/2N]0,5), em que Z é a diferença entre as séries de dados por cada sujeito e N a dimensão total da amostra. O erro técnico de medida é utilizado na determinação do coeficiente de fiabilidade, através da fórmula de Mueller & Martorell (1988) (R=1-[e2/s2]), em que “e” é o erro técnico de medida e s2 é a variância combinada que corresponde à medida aritmética da variância (s2 = (n1.s12 + n2.s22)/(n1+n2)) na 1ª medição e na 2ª medição. Tabela 4- Determinação do Erro Técnico de Medida, Variância Combinada e Coeficiente de Fiabilidade para as variáveis caraterizadas (n=28). M SD M SD Erro écnico de medida m 1,288 ±0,050 1,287 ±0,048 0,003 0,002 0,995 Kg 29,611 ±7,348 29,693 ±7,314 0,248 53,749 0,998 mm 10,25 ±3,807 10,14 ±3,577 0,582 13,642 0,975 mm 7,00 ±4,037 7,14 ±3,913 0,462 15,804 0,986 mm 11,11 ±5,166 11,00 ±4,619 0,640 24,013 0,982 cm 19,54 ±2,531 19,43 ±2,486 0,353 6,293 0,980 cm 62,03 ±9,268 62,14 ±9,447 1,172 87,563 0,984 cm 26,79 ±3,166 26,71 ±3,113 0,378 9,859 0,985 nº 8,82 ±4,252 9,32 ±4,128 0,944 17,56 0,949 cm 4,43 ±1,874 4,50 ±1,427 0,566 2,775 0,884 cm 24,39 ±5,666 24,50 ±5,371 0,876 30,476 0,974 Graus 124,93 ±15,757 125,75 ±14,909 1,977 235,28 0,983 Kgf 11,21 ±2,767 11,29 ±2,853 0,566 7,896 0,959 m 11,136 ±4,187 11,489 ±4,130 0,634 17,297 0976 Medidas Estatura Massa Corporal Prega Tricipital Prega Subescapular Prega Geminal Perímetro Braquial Perímetro Abdominal Perímetro Geminal Coordenação Flex. Encostado Flex. Senta e alcança Flex. Ângulo MI Força Preensão Manual Força Lanç. Bola Ténis Força Abdominais 30’’ Força Salto Horizontal Resistência - Váivém Velocidade 1ª Medição 2ª Medição Variância Combinada Coeficiente de fiabilidade nº 13,18 ±3,732 13,43 ±3,469 1,063 12,981 0,907 cm 118,04 ±22,572 119,57 ±21,660 4,490 489,33 0,958 nº 14,18 ±6,678 15,21 ±7,430 1,541 49,904 0,952 seg 3,987 ±0,349 4,003 ±0,353 0,079 0,123 0,949 67 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Capitulo IV - Apresentação e Discussão dos Resultados A apresentação dos resultados está dividida em 2 partes, a primeira relativa às variáveis antropométricas e a segunda relativo às variáveis de aptidão física (ApF). Na estrutura do texto optámos por apresentar para cada variável uma tabela onde são expostos, por género e intervalo de idade, o (n) número de indivíduos da amostra, a média (M), o desvio-padrão (SD) e o mínimo e o máximo. Na mesma tabela também são incluídos os valores percentílicos (P10º, P20º, P30º, P40º, P50º, P60º, P70º, P80º e P90º), que poderão servir para a localização dos resultados de sujeitos que posteriormente venham a utilizar os mesmos testes, tal como acontece, por exemplo para a localização na população das crianças mais novas em relação à estatura, efetuada normalmente nas consultas pediátricas. 4.1- Variáveis antropométricas As variáveis antropométricas avaliadas foram: estatura, massa corporal, IMC, pregas adiposas subcutâneas (tricipital, subescapular, geminal), percentagem de massa gorda (calculada através da forma de Slaughter et al. (1988) com as pregas tricipital e geminal) e os perímetros (branquial, abdominal e geminal). No domínio da avaliação ponderal e da composição corporal incluímos os indicadores IMC e % MG, pois são indicadores normalmente incluídos nos fatores da aptidão física relacionados com a saúde para a caracterização de indivíduos e populações relativamente ao sobrepeso e à obesidade. 4.1.1- Estatura e massa corporal A estatura e a massa corporal são dos indicadores mais utilizados para avaliar o crescimento dos indivíduos infanto-juvenis. Em relação à amostra estudada, podemos verificar pelos valores médios, que as crianças do sexo masculino são ligeiramente mais altas que as do sexo feminino. Já ao nível da massa corporal as raparigas são ligeiramente mais pesadas que os rapazes, à exceção dos 9 anos em que são em média mais leves que os rapazes 4kg. 68 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Tabela 5- Distribuição dos valores da estatura e massa corporal em função da idade e género. Estatura (m) ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ Total ♀ ♂ n Média SD Mínimo Máximo 22 1,180 ±0,039 1,12 1,30 17 1,188 ±0,045 1,12 1,27 38 1,215 ±0,059 1,04 1,30 46 1,224 ±0,069 1,07 1,41 41 1,288 ±0,065 1,16 1,42 35 1,298 ±0,049 1,20 1,43 29 1,315 ±0,071 1,21 1,49 47 1,350 ±0,065 1,23 1,54 24 1,405 ±0,055 1,26 1,52 42 1,422 ±0,075 1,30 1,64 341 1,296 ±0,099 1,04 1,64 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1,140 1,146 1,159 1,162 1,180 1,180 1,200 1,210 1,227 1,120 1,140 1,154 1,180 1,190 1,208 1,210 1,234 1,254 1,120 1,168 1,197 1,210 1,230 1,240 1,250 1,262 1,280 1,167 1,174 1,191 1,208 1,210 1,222 1,240 1,250 1,342 1,202 1,234 1,260 1,268 1,270 1,290 1,330 1,366 1,380 1,246 1,252 1,260 1,290 1,290 1,310 1,320 1,338 1,368 1,220 1,250 1,260 1,300 1,310 1,330 1,350 1,370 1,420 1,278 1,292 1,310 1,322 1,330 1,376 1,386 1,414 1,440 1,335 1,360 1,375 1,400 1,410 1,430 1,440 1,450 1,465 1,323 1,350 1,379 1,400 1,420 1,446 1,470 1,480 1,527 1,172 1,210 1,236 1,260 1,290 1,320 1,350 1,386 1,430 Percentil Idade Sexo 6 7 8 9 10 Massa Corporal (Kg) Idade Sexo Percentil N Média SD Mínimo Máximo 10 20 30 40 50 60 70 80 90 6 7 8 9 ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ Total ♀ ♂ 22 23,205 ±3,991 18,0 37,0 19,420 20,180 20,760 21,740 22,550 23,380 24,610 25,700 27,230 17 23,182 ±3,267 17,1 30,0 18,220 21,060 21,360 22,480 23,200 23,360 23,920 26,040 28,560 38 25,674 ±4,644 17,9 35,9 19,450 21,960 22,940 23,660 24,650 25,820 27,840 30,120 33,310 46 25,450 ±4,765 17,1 44,6 20,410 22,340 22,930 24,020 24,750 25,080 26,480 28,860 31,220 41 31,710 ±8,625 20,5 55,0 23,100 24,880 25,540 26,760 28,500 31,580 36,040 39,340 46,120 35 29,383 ±5,189 21,5 42,3 23,240 24,760 26,160 27,800 28,600 29,640 31,980 32,780 37,900 29 30,769 ±4,313 22,3 42,1 24,900 27,500 28,200 29,800 30,900 31,200 32,400 33,500 37,100 47 34,640 ±8,034 23,0 51,1 24,000 27,320 29,080 30,140 33,700 36,660 38,820 41,000 48,800 24 39,813 ±10,471 24,2 70,7 30,300 31,500 32,050 33,500 36,850 41,200 44,300 50,600 53,000 42 38,529 ±9,180 24,8 61,9 27,360 30,340 31,570 35,140 38,550 40,420 41,730 46,220 51,330 341 30,714 ±8,661 17,1 70,7 22,000 23,600 24,960 26,800 28,700 30,740 32,880 37,860 42,620 Estatura (m) 10 Massa Corporal (Kg) 40 1,4 35 1,3 30 1,2 25 1,1 20 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos Femininos 6 anos Masculinos 7 anos Femininos Gráfico 1- Valores médios da estatura dos rapazes e das raparigas em função da idade. 8 anos 9 anos 10 anos Masculinos Gráfico 2- Valores médios da massa corporal dos rapazes e das raparigas em função da idade. 69 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Analisando os valores médios da estatura verifica-se um aumento médio de 4,5 cm ao ano nas raparigas e 4,8cm nos rapazes. A curva de crescimento médio dos rapazes é bastante mais linear em função da idade, já nas raparigas essa curva vai oscilando ligeiramente (Gráfico 1). As meninas do concelho de Mira apresentam uma estatura média ligeiramente inferior em relação à dos meninos. Essa diferença cifra-se à volta de 1 cm até aos 8 anos, aumentando aos 9 anos para 4cm e reduzindo essa diferença média para 2cm aos 10 anos de idade. O desvio padrão nas raparigas vai aumentando em função da idade, diminuindo apenas dos 9 para os 10 anos. No caso dos rapazes existe uma maior oscilação em termos de desvio padrão. Relativamente aos valores da massa corporal estes variam entre o mínimo 17,1kg, observado aos 6 e 7 anos no grupo masculino e o máximo de 70,7kg observado aos 10 anos nas raparigas. Os valores médios são muito próximos nos dois grupos de género, mas com valores ligeiramente superiores no grupo feminino. Aos 9 anos inverte-se a tendência, verificando-se no grupo masculino uma média que supera a média feminina em 4kg. Em média os meninos e as meninas aos 6 anos pesam 23kg, aos 7 anos 25,5kg, aos 8 anos as raparigas pesam 31,7kg os rapazes apenas 29,3kg, aos 9 anos a raparigas 30,7kg e os rapazes 34,6kg e aos 10 anos as raparigas 39,8kg e os rapazes 38,5kg. Podemos constatar (Gráfico 2) que no género masculino o aumento da massa corporal é mais ou menos constante, enquanto no género feminino existe um aumento até aos 8 anos, seguido de um ligeiro decréscimo aos nove, para depois existir um aumento elevado dessa mesma massa corporal aos 10 anos. No percentil 50º verifica-se precisamente o inverso do que acontece com os valores médios, quando comparados entre géneros, ou seja os rapazes são sempre mais pesados exceto aos 9 anos de idade. Quanto ao registo dos mínimos e máximos obtidos observa-se uma amplitude que varia entre os 13 e os 47 kg. 4.1.2- IMC O IMC é um indicador amplamente utilizado na avaliação do estatuto ponderal dos indivíduos e populações, sendo mesmo utilizado pelas organizações internacionais mais credíveis Organização Mundial de Saúde, Center for Disease Control e International Obesity Task Force, no âmbito do estudo e recomendações sobre subnutrição, excesso de peso e obesidade. 70 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Tabela 6- Valores de IMC em função da idade e género. IMC (Peso (kg) /Altura² (m)) ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ Total ♀ ♂ n Média SD Mínimo Máximo 22 16,568 ±1,921 13,9 21,9 17 16,376 ±1,755 13,3 19,5 38 17,347 ±2,633 13,4 24,5 46 16,852 ±1,843 14,5 23,8 41 18,890 ±3,936 13,9 32,5 35 17,334 ±2,307 14,2 23,6 29 17,762 ±1,894 15,0 23,1 47 18,847 ±3,404 14,0 26,4 24 19,988 ±4,335 14,8 30,6 42 18,869 ±3,431 13,6 29,2 341 17,981 ±3,097 13,3 32,5 5 10 20 30 40 50 60 70 80 85 90 95 13,960 14,390 14,860 14,990 15,560 16,450 17,100 17,720 18,200 18,500 18,710 21,435 13,300 13,540 14,860 15,680 16,000 16,200 16,540 17,040 18,240 18,780 19,260 - 13,970 14,280 15,080 15,640 16,360 16,500 17,040 18,690 20,220 20,815 21,070 22,410 14,935 15,070 15,300 15,610 15,960 16,500 17,020 17,300 18,060 18,695 19,330 20,800 14,210 15,240 15,920 16,360 17,060 17,500 18,320 20,080 22,360 23,300 25,360 25,800 14,360 14,780 15,180 15,940 16,440 16,700 17,500 17,920 19,180 19,820 20,640 23,360 15,200 15,400 15,900 16,900 17,400 17,700 17,900 18,400 18,700 19,050 20,100 22,900 14,280 14,580 15,700 16,300 16,820 18,100 19,440 21,020 22,340 23,100 24,040 24,480 14,825 15,050 15,500 17,250 18,000 18,350 20,700 22,350 23,500 25,350 26,800 29,975 13,905 15,150 15,860 16,600 17,500 18,250 19,080 20,320 21,420 22,865 23,660 26,160 14,400 14,900 15,500 16,100 16,600 17,200 17,820 18,740 20,260 21,170 22,700 23,990 0 4,3 Percentil Idade Sexo 6 7 8 9 10 Raparigas (%) 100 4,5 Rapazes (%) 3,5 7,9 14,3 16,7 19,5 36,2 80 54,6 60 55,3 72,4 56,1 88,2 62,5 93,5 68,6 40 20 53,2 40,9 36,8 24,4 24,1 20,8 11,8 0 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos Abaixo da ZSAF 6 anos Zona Sudável 17,1 2,2 7 anos 23,8 8 anos 10,6 66,7 9,5 9 anos 10 anos Acima da ZSAF Gráfico 3- Distribuição da percentagem de indivíduos em relação ao IMC, que se encontram Abaixo da ZSAF, na Zona Saudável e Acima da ZSAF, em função da idade e género. No que toca ao IMC, os valores médios apresentados pelas raparigas são superiores ao dos rapazes com exceção dos 9 anos de idade, muito devido à diminuição da massa corporal das raparigas nesta idade. A média do IMC, entre raparigas aumenta ao longo da idade cerca de 3,4 kg/m² entre os 6 e os 10 anos de idade. Nos rapazes esse aumento é inferior, ficando apenas por 2,5 kg/m². No IMC as meninas possuem valores médios superiores aos 6,7,8 e 10 anos de idade. Aos 9 anos o valor médio das meninas é inferior aos dos meninos. Tendo em conta as categorias e pontos de corte estabelecidos no FITNESSGRAM, designados como valores abaixo da Zona Saudável de Aptidão Física (ZSAF), valores de 71 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados ZSAF e valores acima da ZSAF, no grupo feminino destacam-se as elevadas percentagens de meninas com IMC inferiores à ZSAF, principalmente aos 6 anos em que os valores atingem os 41% e aos 7 anos, 37%. Há falta de dados normativos comparáveis não são claras as razões das elevadas percentagens registadas, que tanto podem refletir um baixo peso ou uma estatura elevada das meninas de Mira, comparadas com as meninas das amostras a partir das quais se estabeleceram os pontos de corte propostos pelo FITNESSGRAM. Nos rapazes destacam-se as elevadas percentagens de indivíduos na ZSAF, com exceção dos 9 anos, onde se observa uma ligeira subida de indivíduos com IMC superior à ZSAF, resultado concordante com o engordamento natural, normalmente associado ao mínimo de velocidade de crescimento em altura que antecede o salto pubertário. Tabela 7- Comparação dos valores de corte de IMC definidos por Cole et al. (2000) para o sobrepeso e obesidade com os P85 e P95 da amostra e percentagem de sobrepeso e obesidade, em função da idade e género. Sobrepeso (P≥85 - P<95) P85 Cole et al. n % Idade P95 ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ 22 18,500 17,34 6 27,3 21,435 6 17 18,780 17,55 5 29,4 * 38 20,815 17,75 7 18,4 22,410 7 46 18,695 17,92 8 17,3 20,800 41 23,300 18,35 7 17,0 25,800 8 35 19,820 18,44 6 17,1 23,360 29 19,050 19,07 3 10,3 22,900 9 47 23,100 19,10 16 34,0 24,480 24 25,350 19,86 7 29,1 29,975 10 42 22,865 19,84 12 28,5 26,160 77 22,6 341 Total * Não apresenta resultados devido à quantidade reduzida de elementos da amostra Obesidade (P≥95) Cole et al. n 19,65 19,78 20,51 20,63 21,57 21,60 22,81 22,77 24,11 24,00 1 6 2 9 2 1 8 4 3 36 (P≥85 + P≥95) % n % 4,5 15,8 4,3 21,9 5,7 3,4 17,0 16,6 7,4 10,5 7 5 13 10 16 8 4 24 11 15 113 31,8 29,4 34,2 21,7 39,0 22,8 13,7 51,0 45,8 35,7 33,1 Já para os valores de referência de IMC para a definição de sobrepeso e obesidade, definidos por Cole et al. (2000), comparando com o nosso P85º verificamos que estão acima em todas as idades à exceção dos 9 anos para as raparigas, em que o valor é praticamente idêntico, 19 kg/m². Em relação aos valores de obesidade acontece relativamente o mesmo, os valores da nossa amostra são superiores existindo uma maior discrepância no valor das raparigas aos 10 anos, com uma diferença de quase 6 kg/m². Estas diferenças são explicáveis por fatores diversos mas principalmente porque os resultados de Cole et al. (2000) resultam de dados colhidos em populações muito diferenciadas, etnicamente e geograficamente. No grupo masculino, pelo indicador de IMC, consideram-se aos 7 anos 4% dos rapazes obesos, aos 8 anos a prevalência de obesidade é de 6%, aos 9 anos é de 17%, mas atendendo ao processo auxológico, este engordamento é normal e não se relaciona com nenhum processo patológico identificável com a obesidade, aos 10 anos a prevalência de obesidade situa-se nos 7%. 72 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados No grupo feminino, o período de engordamento normal observa-se aos 8 anos e é identificado com um valor de obesidade com prevalência de 22%. Este período de engordamento parece iniciar-se já aos 7 anos com prevalência de obesidade de 16%. O aumento de velocidade de crescimento em altura associado a uma fase de emagrecimento parece suceder nas meninas aos 9 anos, onde a prevalência de obesidade se situa nos 3%, aos 10 anos verifica-se novo incremento no engordamento situando-se a prevalência de obesidade (IMC) nos 17%. 4.1.3- Pregas adiposas subcutâneas No nosso estudo analisámos três pregas distribuídas por três regiões corporais: membros superiores (prega tricipital), tronco (prega subescapular) e membros inferiores (prega geminal). A partir da medição das pregas adiposas avaliámos a %MG e as características de distribuição da massa adiposa corporal pelas diferentes regiões corporais. A prega tricipital é usualmente considerada como aquela que mais se correlaciona com o nível de adiposidade corporal (FITNESSGRAM, 2002). Tabela 8- Pregas adiposas subcutâneas (tricipital, subescapular e geminal), valores médios, desvio padrão, mínimos e máximos. Pregas (mm) Idade Sexo 6 7 8 ♀ ♂ Tricipital ♀ ♂ ♀ ♂ N Média SD Mínimo Máximo 22 9,82 ±2,403 5 13 17 8,88 ±3,120 5 19 38 11,89 ±3,278 6 19 46 10,41 ±3,703 5 19 Média SD Mínimo Máximo 6,32 ±2,102 4 13 5,41 ±2,320 4 13 7,26 ±2,873 4 14 5,76 ±2,057 3 14 9,15 ±4,564 3 20 Média SD Mínimo Máximo 11,73 ±3,820 7 21 10,35 ±3,774 6 20 13,87 ±4,856 5 30 12,07 ±4,800 4 28 15,17 ±5,518 5 27 41 13,71 ±4,734 6 24 35 11,86 ±5,579 5 31 ♀ 9 ♂ ♀ 10 ♂ Total ♀♂ 29 12,59 ±3,157 4 18 47 13,06 ±6,012 5 35 24 14,92 ±5,274 9 25 42 14,52 ±5,769 6 25 341 12,38 ±4,906 4 35 8,07 ±3,443 5 21 8,96 ±5,361 4 27 11,46 ±6,050 5 27 10,38 ±7,275 4 30 8,04 ±4,710 3 30 15,14 ±3,866 8 29 14,09 ±5,926 6 29 16,83 ±6,197 10 37 16,67 ±7,066 6 39 14,09 ±5,696 4 39 Subescapular 6,49 ±2,661 3 14 Geminal 73 13,06 ±6,097 4 31 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Pregas Adiposas Subcutâneas- Masculino e Feminino (mm) 18 16 Tricipital♂ 14 Subescapular ♂ 12 Geminal ♂ 10 Tricipital ♀ 8 Subescapular ♀ 6 Geminal ♀ 4 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos Gráfico 4- Distribuição dos valores médios das pregas (tricipital, subescapular e geminal) por idade e género. As pregas adiposas tricipital, subescapular e geminal apresentam uma variação positiva em função da idade, com exceção das raparigas aos 9 anos de idade, em que se verificou precisamente o contrário, houve uma diminuição dos 8 para os 9 anos, no mesmo sentido do ocorrido com a massa corporal. As diferenças de crescimento observadas em ambos os géneros, situam-se em média abaixo dos 2mm ao ano para a prega tricipital, e 3mm ao ano para a prega subescapular e geminal. As amplitudes resultantes dos valores máximos e mínimos situam-se entre os 8 e os 33mm, sendo maiores nas idades mais avançadas. Também podemos verificar (Gráfico 4) que aos 8 anos existe uma maior diferença entre as raparigas e os rapazes, período esse de maior engordamento nas raparigas, sendo também evidente nos valores de massa corporal referidos anteriormente. Ao nível da região corporal dos MI os valores médios da prega geminal são superiores nas raparigas e esse fenómeno é normalmente associado aos estrogénios que promove um maior crescimento dos adipócitos dos MI (coxa e perna), que parece ser contraditado, porque aos 10 anos em que para algumas meninas já está presente também o efeito da progesterona e em que a diferença entre meninas e meninos deveria ser mais acentuada, verifica-se uma grande proximidade dos resultados observados nas meninas e nos meninos, em que as pregas têm cerca de 16mm. Para melhor enquadrar as medidas obtidas num estudo é importante reconhecer a posição percentílica de uma criança, constituindo informação fundamental para a avaliação do seu desenvolvimento morfológico. Como tal, na Tabela 9 apresentamos os valores dos percentis referentes às pregas adiposas. 74 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Tabela 9- Valores percentílicos das pregas (tricipital, subescapular e geminal). ♀ ♂ ♀ ♂ Percentil 10 20 30 40 50 60 70 80 90 6,30 7,00 8,00 10,00 10,00 11,00 11,00 12,40 13,00 5,80 6,60 7,00 8,00 9,00 9,00 10,00 10,00 12,60 7,00 8,00 9,70 11,60 12,00 12,40 14,00 15,00 16,00 6,00 7,00 8,00 8,80 9,00 11,00 12,90 14,60 16,00 Percentil 10 20 30 40 50 60 70 80 90 4,00 4,00 5,00 6,00 6,00 7,00 7,00 7,40 8,70 4,00 4,00 4,00 4,20 5,00 5,00 5,00 6,00 9,80 5,00 5,00 5,00 6,00 6,00 7,00 7,30 9,20 13,00 4,00 4,00 5,00 5,00 5,00 6,00 6,00 7,00 8,30 Percentil Pregas (mm) Idade Sexo 6 7 10 20 30 40 50 60 70 80 90 7,30 8,00 9,00 10,00 12,00 12,00 12,10 15,00 18,80 6,00 7,60 8,40 9,00 10,00 10,00 10,60 12,40 18,40 9,00 9,80 11,00 12,00 14,00 14,40 15,00 16,20 20,20 7,00 7,00 8,00 10,80 12,00 13,00 14,00 15,60 17,90 8 ♀ ♂ Tricipital 8,20 10,00 11,00 12,00 12,00 13,20 16,00 19,00 21,60 ♀ ♂ ♀ ♂ Total ♀♂ 9,00 10,00 11,00 12,00 13,00 13,00 14,00 14,00 18,00 7,00 8,00 9,00 10,00 12,00 13,80 16,00 18,00 21,20 9,50 10,00 11,00 12,00 12,50 14,00 19,00 21,00 24,00 7,00 8,60 10,00 13,00 14,50 15,80 18,00 18,40 24,00 7,00 8,00 9,00 10,80 11,00 13,00 14,00 16,00 19,00 4,00 4,20 5,00 5,40 6,00 6,00 6,20 8,00 11,40 5,00 6,00 6,00 7,00 7,00 8,00 8,00 10,00 12,00 4,00 5,00 5,00 6,00 7,00 9,00 10,60 13,00 19,20 5,00 6,00 6,50 7,00 10,00 14,00 14,50 16,00 20,00 4,30 5,00 5,00 6,00 7,00 8,80 11,20 16,40 23,00 4,00 5,00 5,00 6,00 6,00 7,00 8,00 11,00 14,00 6,60 7,20 9,00 10,80 13,00 14,00 15,00 16,60 22,60 10,00 13,00 13,00 15,00 15,00 15,00 17,00 18,00 19,00 7,00 8,00 10,00 11,00 14,00 15,00 17,60 19,40 23,20 10,50 11,00 13,00 15,00 15,00 17,00 18,50 22,00 24,50 7,30 9,00 11,90 16,20 17,50 18,00 20,00 22,40 25,00 7,00 9,00 10,00 12,00 14,00 15,00 16,00 19,00 21,00 6,60 8,00 9,00 9,40 11,00 11,00 12,20 13,80 20,00 9 10 Subescapular 5,00 5,00 6,00 6,00 8,00 9,00 10,40 13,20 17,00 Geminal 8,00 10,00 11,60 13,00 15,00 17,00 17,80 20,00 23,80 4.1.4- Percentagem de massa gorda O indicador de composição corporal utilizado no estudo foi o valor de percentagem de massa gorda, calculado através da fórmula de Slaughter et al. (1988) - (Masculino %MG= 0,735(Tricipital + Geminal) + 1,0 ; Feminino %MG = 0,610 (Tricipital + Geminal) + 5,1)), para a qual contribuem os tamanhos da pregas adiposas subcutâneas tricipital e geminal. Este valor, apesar da margem de erro que lhe está associado, permite avaliar com muito maior profundidade e rigor, do que acontece com o IMC, as situações de desnutrição, sobrepeso e obesidade. A percentagem de massa adiposa para os dois grupos de género aos 6 anos é de cerca de 17% da massa total, aos 9 anos 21% e aos 10 anos 24%. Já aos 7 anos, existe alguma diferença entre géneros, pois em média as meninas têm cerca de 19% de massa adiposa e os meninos 18%. Aos 8 anos as meninas apresentam 22% e os meninos 20% de massa adiposa. 75 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Tabela 10- Valores de percentagem de massa gorda em função da idade e género. Massa Gorda (%) Idade Sexo 6 7 8 9 10 Total ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ n Média SD Mínimo Máximo 22 16,836 ±3,980 11,3 26,0 17 16,847 ±3,787 12,4 28,9 38 19,926 ±5,351 10,6 34,1 46 18,809 ±4,434 10,6 30,1 41 22,222 ±7,009 9,8 36,3 35 20,306 ±6,846 10,6 40,5 29 21,531 ±4,608 9,8 34,8 47 21,662 ±7,019 11,8 44,1 24 24,350 ±7,984 16,4 46,6 42 24,131 ±7,437 12,4 42,3 341 20,943 ±6,505 9,8 46,6 5 10 20 30 40 50 60 70 80 85 90 95 11,300 11,510 13,220 14,130 15,140 16,800 17,900 18,680 19,400 20,995 23,350 25,670 12,400 12,880 14,660 14,900 16,100 16,100 16,100 17,060 18,380 19,850 23,060 - 12,690 14,130 14,200 17,240 18,600 19,400 20,800 21,600 24,500 26,330 28,900 29,920 13,000 13,420 14,540 14,900 17,900 19,100 19,700 20,400 23,160 24,000 24,780 26,645 10,670 12,940 15,980 17,620 20,100 20,800 22,600 26,280 29,800 31,660 32,600 33,300 12,040 14,020 15,020 16,100 18,140 19,100 20,120 21,600 22,680 26,220 31,820 38,500 12,750 15,700 17,200 20,100 20,100 21,600 22,300 24,500 25,300 25,300 26,700 30,750 12,880 13,600 14,660 16,340 18,620 19,700 22,800 25,980 28,780 29,980 30,340 32,800 16,400 16,800 17,200 18,300 20,100 22,350 23,800 26,750 32,600 33,850 36,650 44,400 13,090 14,480 16,460 18,440 22,320 24,600 26,360 27,160 30,580 32,345 35,060 37,640 12,800 13,600 15,000 16,700 18,500 19,700 21,120 23,220 26,000 27,640 30,100 33,300 Percentil ♀ 100 80 0 Raparigas (%) 2,6 Rapazes (%) 3,4 12,2 8,7 17,1 20,8 31,9 47,6 50 68,4 60 82,8 65,9 94,1 70,8 40 20 5,9 91,3 82,9 68,1 52,4 50 28,9 21,9 13,8 0 6 anos 7 anos 8 anos 8,3 9 anos 10 anos Abaixo da ZSAF 0 0 0 6 anos 7 anos 8 anos Zona Sudável 0 0 9 anos 10 anos Acima da ZSAF Gráfico 5- Percentagem de raparigas e rapazes que se encontram abaixo da ZSAF, na Zona Saudável e acima da ZSAF, em relação à %MG. Partindo da análise da ZSAF do FITNESSGRAM relativamente à %MG, observamos que a maioria da nossa amostra (72,1%) se encontra na ZSAF, 10,9% estão abaixo dessa zona e 17% estão acima. No caso das raparigas podemos verificar (Gráfico 5) estas necessitam de engordar, pois os valores abaixo da ZSAF são de 50% aos 6 anos, 29% aos 7 anos, 22% aos 8 anos, 14% aos 9 anos e 8% aos 10, contudo nesta idade o valor acima da ZSAF é de 21%. Já nos rapazes, a percentagem que se encontra acima da ZSAF aumenta consideravelmente com a idade. Podemos verificar que na faixa etária dos 9 e 10 anos de idade a percentagem acima da ZSAF é de 32% e 48% respetivamente 76 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Tabela 11- Distribuição dos valores de percentagem de massa gorda, em função da idade e género. Classificação Valor Feminino n % Masculino n Valor Excessivamente baixa Até 12% 7 4,5 Baixa 12,01 a 15% 20 13,0 Adequada 15,01 a 25% 91 59,1 Moderadamente alta 25,01 a 30% 21 13,6 Alta 30,01 a 36% 12 7,8 Excessivamente alta >que 36,01% 3 2,0 Fonte: Deurenberg, P; Pieters, J. & Hautuast, J. (1990) apud Fernandes Filho (1999) Até 6% 6,01 a 10% 10,01 a 20% 20,01 a 25% 25,01 a 31% >que 31,01% 0 0 104 37 31 15 % 0 0 55,6 19,8 16,6 8,0 Analisando os valores da %MG a partir dos cortes criteriais excessivamente baixa, baixa, adequada, moderadamente alta, alta e excessivamente alta, definidos por Deurenberg, P; Pieters, J. & Hautuast, J. (1990), podemos verificar que apenas no grupo feminino existem valores de %MG nos cortes excessivamente baixa e baixa (n=27), tal como acontecia nos valores criteriais do FITNESSGRAM, contudo o número total de raparigas abaixo da ZSAF foi superior (n=37). No grupo masculino observam-se valores mais elevados na %MG alta (n=31) e excessivamente alta (n=15). Comparando os valores destes dois cortes com os valores acima da ZSAF do FITNESSGRAM o número de rapazes é precisamente igual (n=46). Em ambos os géneros mais de metade da amostra encontra-se com uma classificação adequada (59% dos raparigas e 56% dos rapazes). Se juntarmos à classificação adequada a moderadamente alta os valores abrangem 73% das raparigas e 75% dos rapazes, percentagens essas muito próximas das da ZSAF do FITNESSGRAM. Raparigas 22,22 23 21 Rapazes 24,35 25 24,13 21,66 21,53 20,3 19,92 18,8 19 19,98 16,83 17 15 16,84 18,89 17,34 16,56 6 anos 16,37 7 anos 18,84 17,76 8 anos 9 anos 10 anos 6 anos IMC 16,85 7 anos 18,86 17,33 8 anos 9 anos 10 anos %MG Gráfico 6- Comparação dos valores médios de IMC e %MG em função da idade e género. Apesar das unidades de medida serem diferentes, fizemos uma comparação dos valores médios de IMC e %MG e podemos verificar (Gráfico 6) que existe alguma discrepância nesses valores. Aos 6 anos de idade esses valores médios são próximos, mas com o aumentar da idade os valores vão-se afastando, com um nítido aumento da %MG. 77 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados 4.1.5- Perímetros braquial, abdominal e geminal Foram selecionadas para este estudo as medições dos perímetros (braquial, abdominal e geminal) permitindo assim, apresentar medidas de crescimento e caracterizar as dimensões dos membros superiores, tronco e membros inferiores. Tabela 12- Perímetros (braquial, abdominal e geminal), valores médios, desvio padrão, mínimos e máximos. Perímetros (mm) Idade Sexo 6 7 8 ♀ ♂ Braquial ♀ ♂ ♀ ♂ n Média SD Mínimo Máximo 22 18,14 ±1,642 16 22 17 17,76 ±1,602 15 21 38 19,05 ±2,053 16 24 46 18,54 ±2,105 16 26 Média SD Mínimo Máximo 57,59 ±5,957 50 72 58,29 ±5,452 53 74 59,84 ±6,586 50 79 58,89 ±5,579 50 83 65,10 ±9,476 51 87 Média SD Mínimo Máximo 24,64 ±2,381 22 32 24,88 ±2,342 21 31 25,79 ±2,418 19 31 25,83 ±2,214 22 33 27,76 ±3,707 21 36 41 20,78 ±3,388 16 30 35 19,40 ±2,366 16 25 ♀ 9 ♂ ♀ 10 ♂ Total ♀♂ 29 20,14 ±2,295 16 27 47 20,91 ±3,463 16 30 24 22,04 ±3,290 17 28 42 21,29 ±3,157 16 30 341 19,94 ±2,969 15 30 62,66 ±6,195 54 79 66,30 ±9,255 52 85 69,25 ±10,633 55 93 67,88 ±9,729 56 95 63,12 ±8,760 50 95 28,21 ±2,455 24 37 28,68 ±3,324 24 36 30,29 ±3,355 26 40 29,95 ±3,268 24 37 27,50 ±3,401 19 40 Abdominal 61,97 ±7,552 50 80 Geminal 27,26 ±2,994 23 35 Perímetros- Masculino e Feminino (cm) 70 Braquial ♂ 60 Abdominal ♂ 50 Geminal ♂ 40 Braquial ♀ 30 Abdominal ♀ 20 Geminal ♀ 10 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos Gráfico 7- Distribuição dos valores médios dos perímetros (braquial, abdominal e geminal) por idade e género. Numa apreciação geral (Gráfico 7) verifica-se uma grande semelhança entre grupos de género relativamente aos valores médios dos perímetros, principalmente no braquial e geminal. 78 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Relativamente ao perímetro braquial observa-se tal como na prega adiposa correspondente (prega tricipital) um ligeiro e normal aumento do valor médio em função da idade. Aos 6 anos o perímetro branquial dos rapazes e raparigas tem um valor médio de 18cm e aos 10 anos é de 22cm para as raparigas e de 21cm para os rapazes. O aumento de 3cm nos rapazes e 4cm nas raparigas reflete o aumento da massa adiposa observada na avaliação da prega tricipital, pelo que aos 10 anos já se nota nas raparigas a influência do efeito do dimorfismo sexual induzindo o aumento do tecido adiposo nas raparigas, mas ainda não se faz sentir no braço o efeito do dimorfismo sexual dos rapazes representado pelo aumento da massa muscular, induzido pelo aumento de produção de testosterona. Os valores médios do perímetro abdominal variam entre 58cm aos 6 anos e 68 e 69cm aos 10 anos. Em 4 anos o perímetro abdominal aumentou em média 2,5cm ao ano, num total de 10cm. Como as pregas adiposas aumentaram apenas alguns milímetros, este aumento deve ser atribuído ao aumento da adiposidade interna, aumento do tamanho dos órgãos e aumento da massa muscular. No perímetro geminal também se observa uma grande proximidade nos valores médios dos grupos de género. Entre os 6 anos e os 10 anos verifica-se um aumento gradual que vai dos 25cm aos 6 anos até aos 30cm aos 10 anos. Atendendo a que há alguma diferença entre tamanho médio das pregas geminal entre grupo de género nas idades 6-8 anos, em que as raparigas superam os rapazes em quase 20% no tamanho da prega, a igualdade entre perímetros pode significar que nestas idades ou a estrutura óssea ou a estrutura muscular, ou ambas, são mais volumosas no grupo masculino. Nos 9-10 anos há uma grande proximidade entre rapazes e raparigas tanto nas pregas como nos perímetros. Tabela 13- Valores percentílicos dos perímetros (braquial, abdominal e geminal). ♀ ♂ ♀ ♂ Percentil 10 20 30 40 50 60 70 80 90 16,00 16,60 17,00 17,20 18,00 18,80 19,00 20,00 20,00 15,80 17,00 17,00 17,00 17,00 17,80 18,60 19,00 21,00 16,90 17,00 18,00 18,00 18,50 19,00 20,00 21,00 22,10 16,00 17,00 17,00 18,00 18,00 18,00 19,00 20,00 21,30 Percentil Perímetros (cm) Idade Sexo 6 7 10 20 30 40 50 60 70 80 90 50,30 51,60 53,80 55,00 57,50 59,00 60,00 61,60 67,50 53,00 54,00 55,00 55,20 57,00 58,00 60,00 61,00 68,40 53,00 54,00 55,00 57,00 58,00 59,00 63,60 67,20 70,00 53,40 55,40 56,00 57,00 58,00 60,00 61,00 62,00 64,00 8 ♀ ♂ Braquial 17,00 18,00 18,00 19,00 20,00 21,00 22,40 23,00 25,00 16,60 17,00 18,00 18,40 19,00 19,60 20,20 22,00 22,80 ♀ 9 ♂ ♀ 10 ♂ Total ♀♂ 18,00 18,00 19,00 19,00 20,00 20,00 21,00 22,00 23,00 17,00 17,60 18,00 19,00 20,00 22,00 23,60 24,00 26,00 18,00 19,00 19,50 20,00 21,50 23,00 24,00 25,00 27,50 18,00 18,60 19,00 20,00 21,00 21,80 23,00 24,00 26,00 17,00 17,00 18,00 19,00 19,00 20,00 21,00 22,00 24,00 57,00 57,00 59,00 60,00 62,00 63,00 64,00 66,00 75,00 55,60 57,00 60,00 61,00 65,00 68,00 70,60 74,80 83,00 57,00 60,00 60,50 62,00 67,00 71,00 76,50 78,00 84,50 58,00 60,00 61,00 62,20 65,50 68,00 72,00 75,80 80,70 54,00 56,00 58,00 59,00 60,00 63,00 66,00 70,00 76,00 Abdominal 54,20 56,40 58,60 60,00 64,00 65,20 70,80 73,60 80,00 79 53,60 56,00 58,00 58,00 59,00 61,60 66,00 70,00 75,00 Percentil ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Idade Sexo ♀ 6 ♂ ♀ 7 ♂ 10 20 30 40 50 60 70 80 90 22,00 23,00 23,00 24,00 24,00 25,00 25,00 26,00 28,40 21,80 23,00 24,00 24,00 24,00 25,00 26,00 27,00 27,80 23,90 24,00 24,70 25,00 25,00 26,00 26,00 28,00 30,00 23,70 24,00 24,00 25,00 25,50 26,00 27,00 27,60 29,00 8 ♀ ♂ Geminal 23,00 24,00 25,60 27,00 27,00 28,20 29,40 31,00 33,80 23,00 24,20 25,00 26,40 27,00 28,00 28,20 29,80 31,00 ♀ 9 ♂ ♀ 10 ♂ Total ♀♂ 26,00 26,00 27,00 28,00 28,00 28,00 29,00 29,00 32,00 25,00 25,60 26,00 27,00 28,00 29,00 30,00 32,40 34,00 26,50 27,00 28,00 29,00 30,00 31,00 32,00 32,00 35,00 26,00 27,00 28,00 29,00 30,00 30,00 31,00 32,00 35,70 24,00 25,00 25,00 26,00 27,00 28,00 29,00 30,00 32,00 4.1.6- Comparação dos resultados das variáveis antropométricas com outros estudos De entre os vários estudos disponíveis com amostras comparáveis com as do nosso estudo, selecionámos os estudos de: Fragoso & Vieira (1991 e 2001); Pereira (2000); Freitas (2001); Maia & Lopes (2002) e Padez et al. (2004), que nos permitem situar a nossa amostra no contexto nacional. Tabela 14- Comparação dos valores médios da estatura, massa corporal e IMC em função da idade e género, com estudos nacionais de referência realizados a Norte e Sul do Continente e nos Arquipélagos dos Açores e da Madeira. Estatura(m) / Massa Corporal(kg) / IMC(Peso (kg) /Altura² (m))/Pregas (mm) Perímetros (cm) Idade 6 7 8 9 ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ Sexo 10 ♀ Mira 1,180 1,188 1,215 1,224 1,288 1,298 1,315 1,350 1,405 Norte1 1,192 1,199 1,255 1,249 1,297 1,310 1,366 1,362 Sul2 1,201 1,201 1,244 1,255 1,307 1,313 1,360 1,361 1,408 Estatura Açores3 1,202 1,203 1,243 1,251 1,299 1,305 1,350 1,353 1,390 Madeira4 1,284 1,297 1,343 1,353 1,382 Continente5 1,249 1,260 1,294 1,299 1,347 1,353 Mira 23,2 23,2 25,7 25,5 31,7 29,4 30,8 34,6 39,8 Norte 24,8 24,5 27,4 27,1 29,7 31,8 34,8 34,7 Sul 23,5 23,4 25,5 26,4 29,4 29,5 33,3 32,9 36,1 Massa Açores 25,0 24,8 27,1 27,5 30,1 30,8 34,5 34,1 36,8 Corporal Madeira 27,2 27,9 30,7 31,2 33,0 Continente 27,3 27,1 30,3 30,2 33,3 33,9 Mira 16,56 16,37 17,34 16,85 18,89 17,33 17,76 18,84 19,98 Norte 17,45 17,04 17,40 17,37 17,66 18,53 18,65 18,71 Sul6 16,15 16,05 16,31 16,43 17,12 16,65 17,33 17,37 17,5 IMC Açores 17,30 16,99 17,40 17,52 17,80 18,05 18,80 18,46 18,9 Madeira 16,40 16,50 16,90 16,90 17,20 Continente 17,4 17,0 17,9 17,7 18,2 18,4 Prega Mira 9,82 8,88 11,89 10,41 13,71 11,86 12,59 13,06 14,92 Sul5 11,9 9,7 11,7 9,9 13,1 11,1 14,3 11,8 13,9 Tricipital Prega Mira 6,32 5,41 7,26 5,76 9,15 6,49 8,07 8,96 11,46 7,3 6,7 7,6 7,3 8,7 Subescapular Sul5 Perímetro Mira 18,14 17,76 19,05 18,54 20,78 19,40 20,14 20,91 22,04 Sul5 19,6 18,8 20,0 19,7 21,0 20,7 22,2 21,5 22,4 Braquial Perímetro Mira 57,59 58,29 59,84 58,89 65,10 61,97 62,66 66,30 69,25 Sul5 59,9 58,4 61,3 60,7 64,7 63,3 68,3 66,0 68,7 Abdominal Mira 24,64 24,88 25,79 25,83 27,76 27,26 28,21 28,68 30,29 Perímetro Geminal Sul5 22,6 25,5 23,7 26,6 25,9 28,1 26,4 29,1 27,9 1- Pereira, A. (2000); 2- Fragoso, I. & Vieira, F. (2001); 3- Maia, J. & Lopes, V. (2002); 4- Freitas, D. (2001); 5 – Padez et al. (2004); 6-Fragoso, I. & Vieira, F. (1991) 80 ♂ 1,422 1,389 1,385 1,390 38,5 33,9 36,0 33,5 18,86 17,3 18,6 17,20 14,52 11,5 10,38 7,2 21,29 21,7 67,88 66,0 29,95 29,3 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Comparando os valores médios do nosso estudo com os restantes, podemos verificar que relativamente à estatura, os valores médios das crianças da nossa amostra são ligeiramente inferiores nas idades mais baixas, contudo na faixa etária dos 10 anos em ambos os géneros, o valor médio de estatura consegue praticamente superar todos os outros estudos de referência. Também nos valores médios de massa corporal a situação é idêntica, os valores da nossa amostra aos 6 e 7 anos são inferiores em relação a todos os estudos, superando todos novamente aos 10 anos de idade. Em relação ao IMC os valores médios são os mais reduzidos na faixa etária dos 6-7 anos, sendo apenas superado pelo estudo efetuado no Sul. Como já deveria de se esperar, aos 10 anos de idade os valores são novamente os mais elevados. Estes valores podem-nos indicar que a amostra de estudo, aos 10 anos se encontra numa ligeira aceleração no processo de maturação, pois os valores médios são relativamente superiores, existindo um incremento significativo dos 9 para os 10 anos de idade. Esta observação particular é especialmente interessante sendo importante estudar as consequências deste facto e os fatores, genéticos ou ambientais que o determinam. Comparando os valores do perímetro branquial verifica-se que os valores médios da nossa amostra são inferiores aos do estudo de comparação. Aos 10 anos de idade em ambos os géneros, os valores médios da nossa amostra apresentam valores superiores em ambas as pregas e perímetros, com a exceção do perímetro branquial já referido anteriormente. 4.1.7- Correlações entre as variáveis antropométricas Na Tabela 15 podemos observar a análise correlacional entre as diferentes variáveis antropométricas. Tabela 15- Distribuição dos valores de correlação (r de Pearson) entre estatura, massa corporal, pregas adiposas subcutâneas e perímetros, em função do género. ♀ Estatura ♂ Estatura Perímetros Pregas Massa Corporal Massa corporal 0,766 ** 0,823 ** Tricipital Pregas Subescapular Geminal Braquial Perímetros Abdominal Geminal 0,434 ** 0,437 ** 0,392 ** 0,532 ** 0,559 ** 0,663 ** 0,685 ** 0,794 ** 0,612 ** 0,759 ** 0,872 ** 0,847 ** 0,726 ** 0,710 ** 0,652 ** 0,713 ** 0,655 ** 0,624 ** 0,683 ** 0,866 ** 0,659 ** 0,626 ** 0,681 ** 0,602 ** 0,802 ** 0,678 ** Tricipital 0,451 ** 0,717 ** Subescapular 0,489 ** 0,747 ** Geminal 0,479 ** 0,711 ** 0790 ** 0,712 ** Braquial 0,584 ** 0,874 ** 0,803 ** 0,782 ** 0,793 ** Abdominal 0,604 ** 0,876 ** 0,765 ** 0,795 ** 0,772 ** 0,908 ** Geminal 0,715 ** 0,912 ** 0,741 ** 0,757 ** 0,762 ** 0,883 ** * (P ≤ 0,05) 0,774 ** * * (P ≤ 0,01) 81 0,778 ** 0,874 ** ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Analisando os resultados obtidos pela correlação de Pearson relativamente à estatura, massa corporal, pregas adiposas e perímetros, obtemos os seguintes resultados: Tanto nas raparigas como nos rapazes, as pregas adiposas e os perímetros tem uma maior correlação com a massa corporal do que com a estatura, sendo esta relação mais elevada relativamente aos perímetros. Nas raparigas, em relação à massa corporal, o perímetro abdominal parece ser a variável mais relacionada (0,872), já quanto às pregas adiposas, o estudo indica que é a prega subescapular que apresenta a correlação mais elevada (0,794). Quanto à estatura no grupo feminino, esta tem as correlações mais elevadas com a massa corporal. Com as pregas adiposas as correlações mais elevadas verificam-se com as pregas tricipital e subescapular. As correlações com os perímetros superam os resultados das correlações com as pregas, sendo a correlação mais elevada com o perímetro geminal. Nos rapazes, o perímetro geminal (0,912) e o abdominal (0,876) são aqueles que apresentam correlações mais elevadas relativamente à massa corporal. No que se refere às pregas, estas apontam para uma correlação mais elevada com a prega subescapular (0,747). Quanto à estatura, também tem as correlações mais elevadas com a massa corporal como nas raparigas. Estes resultados mostram existir poucas diferenças entre rapazes e raparigas quanto às variáveis que mais se correlacionam. 82 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados 4.2- Variáveis de aptidão física O desempenho físico-motor observado nos testes é importante para a condução do ensinoaprendizagem nas aulas de Educação Física. Assim, os valores que de seguida iremos apresentar são um importante instrumento de apoio para a análise e avaliação dos alunos na disciplina de Educação Física. 4.2.1- Coordenação motora O teste escolhido põe à prova a capacidade de coordenação óculo-segmentar e dos membros superiores, necessário para o lançamento e receção de uma bola e a agilidade associada ao deslocamento e mudança de direção. Estas atividades estão presentes em jogos tradicionais praticados por meninas e meninos como por exemplo o “jogo do sete” ou a “bola à parede”. Tabela 16- Distribuição dos valores do teste de coordenação motora, em função da idade e género. Coordenação - Ria ( nº de transposições) Idade Sexo Percentil n Média SD Mínimo Máximo 10 20 30 40 50 60 70 80 90 6 ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ Total ♀ ♂ 22 3,77 ±2,827 1 11 17 5,71 ±3,584 2 14 38 5,68 ±5,057 1 25 46 8,76 ±4,532 2 23 41 8,66 ±6,324 1 22 35 12,54 ±5,398 4 25 29 11,07 ±6,617 2 29 47 14,09 ±7,147 2 32 24 11,54 ±6,093 3 31 42 16,17 ±6,945 3 33 341 10,31 ±6,878 1 33 1,00 1,00 1,90 2,00 2,50 4,00 6,00 7,00 7,00 2,00 3,00 3,00 3,20 4,00 6,00 6,60 10,00 11,60 1,00 1,00 2,00 3,60 4,50 6,40 8,00 8,20 11,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 15,30 1,20 3,00 4,60 5,00 6,90 10,00 12,00 13,60 19,80 5,60 7,00 9,80 11,00 13,00 14,00 14,20 16,80 21,20 3,00 4,00 5,00 10,00 12,00 13,00 14,00 16,00 20,00 5,00 7,60 10,00 12,00 14,00 16,00 17,00 18,00 25,20 5,00 6,00 8,00 9,00 10,50 11,00 14,00 17,00 19,00 6,30 11,60 12,90 14,00 15,50 17,00 18,10 22,00 27,40 2,00 4,00 6,00 7,00 9,00 11,00 14,00 16,00 19,00 ♀ 7 8 9 10 Ao nível da coordenação motora os valores médios em ambos os géneros aumentam de uma forma progressiva. Os valores médios dos rapazes são superiores aos das raparigas (dentro da mesma faixa etária) verificando-se uma diferença entre 2 a 4 transposições em média. Pela supremacia dos rapazes, no número médio de transposições, o teste proposto demostra que nestas idades, existe um maior desenvolvimento da coordenação motora no género masculino. Tanto no grupo dos rapazes como no grupo das raparigas existe uma grande amplitude entre os valores máximos e mínimos, pelo que parece ser particularmente importante propor sessões de treino suplementar para as crianças com baixo resultado no teste de coordenação. 83 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados 4.2.2- Flexibilidade A avaliação da flexibilidade compreendeu a aplicação de 2 testes. A flexibilidade do tronco, (Teste do senta e alcança adaptado) e a flexibilidade dos membros inferiores (MI) (Teste de amplitude de afastamento dos MI). Na flexibilidade do tronco (Teste do senta e alcança adaptado) foram realizadas duas medições (1.“encostado” - resultado obtido com as costas encostadas à parede; 2. “senta e alcança” - resultado obtido após a flexão do tronco), posteriormente fez-se a diferença entre os resultados obtidos nessas duas medições. A justificação para tal escolha, prendeu-se com a tentativa de descrever apenas a flexibilidade propriamente dita, minimizando desta forma as variáveis de crescimento morfológico intervenientes neste processo (crescimento dos membros e do tronco). Tabela 17- Distribuição dos valores alcançados no teste de senta e alcança adaptado, em função da idade e género. Senta e Alcança – Adaptado (cm) Idade Sexo 6 7 8 ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ n Média SD Mínimo Máximo 22 -14,09 ±2,741 -21 -10 17 -13,88 ±1,495 -17 -11 38 -16,18 ±3,187 -23 -9 46 -15,72 ±3,384 -25 -10 41 -16,20 ±3,393 -25 -11 Média SD Mínimo Máximo 2,32 ±4,325 -5 10 4,06 3,976 -3 12 2,21 ±5,251 -9 11 1,70 ±4,427 -10 12 2,85 ±4,391 -11 11 Média SD Mínimo Máximo 16,41 ±4,272 8 25 17,94 ±4,423 12 25 18,39 ±4,347 8 30 17,41 ±4,942 8 29 19,05 ±4,560 8 32 9 ♂ Encostado 35 -16,80 ±2,644 -23 -13 ♀ ♂ ♀ 10 ♂ Total ♀♂ 29 -16,86 ±4,086 -28 -11 47 -17,49 ±2,881 -24 -11 24 -18,04 ±3,381 -29 -12 42 -18,36 ±4,107 -29 -11 341 -16,57 ±3,481 -29 -9 1,69 ±6,030 -13 12 1,87 ±4,977 -9 11 0,42 ±5,500 -13 9 -0,12 ±6,567 -16 11 1,98 ±5,171 -16 12 18,55 ±4,085 9 27 19,36 ±5,054 10 33 17,96 ±4,011 12 28 18,00 ±5,250 3 28 18,53 ±4,731 3 33 Senta e Alcança 3,83 ±4,442 -8 12 Diferença 20,63 ±4,766 7 29 No teste de flexibilidade senta e alcança adaptado, ao analisarmos os resultados da diferença entre o valor encostado com o resultado obtido após a flexão do tronco, verificamos, ao contrário do que era de esperar, que os rapazes em média apresentam maior flexibilidade do que as raparigas. Estes apenas conseguem ser superados pelas raparigas aos 7 anos de idade. Na amostra estudada os dados mostram-nos que a partir dos 8 anos o nível de flexibilidade vai reduzindo, pois os valores médios vão diminuindo em ambos os géneros. 84 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Tabela 18- Valor dos percentis no teste do senta e alcança adaptado, em função da idade e género. Senta e Alcança – Adaptado (cm) 8 ♀ ♂ Encostado ♂ ♀ ♂ Percentil 7 ♀ 10 20 30 40 50 60 70 80 90 -17,70 -16,40 -15,00 -15,00 -14,50 -13,00 -12,80 -11,00 -11,00 -16,20 -15,00 -15,00 -14,00 -14,00 -13,00 -13,00 -13,00 -11,80 -21,00 -19,20 -17,30 -17,00 -16,00 -15,00 -14,70 -14,00 -12,00 -20,60 -19,00 -16,00 -16,00 -15,00 -14,00 -14,00 -13,00 -12,00 Percentil 6 10 20 30 40 50 60 70 80 90 -3,00 -2,40 -1,10 1,20 3,00 3,80 5,00 6,00 9,40 -,60 ,00 ,40 4,00 4,00 5,00 6,00 8,00 9,60 -6,10 -1,60 -,30 1,60 3,00 3,40 6,00 7,00 9,10 -3,30 -3,00 -1,80 1,00 2,00 3,20 4,00 5,00 6,30 -3,00 -,60 ,60 2,00 4,00 5,00 6,00 7,00 7,80 Percentil Idade Sexo 10 20 30 40 50 60 70 80 90 10,30 11,60 14,90 16,00 16,00 17,80 19,00 19,80 22,40 12,00 13,00 13,80 17,00 17,00 20,00 21,20 22,40 24,20 12,90 14,80 16,00 17,00 18,50 20,00 21,00 22,00 24,00 10,00 13,40 15,00 16,00 16,50 18,20 20,90 21,00 23,60 14,00 15,40 16,60 18,00 18,00 20,00 21,40 22,60 25,60 -20,00 -19,00 -18,00 -17,00 -15,00 -15,00 -14,00 -13,40 -12,00 -21,40 -18,80 -18,00 -17,00 -16,00 -15,00 -15,00 -15,00 -14,00 ♀ 9 ♂ ♀ 10 ♂ Total ♀♂ -23,00 -20,00 -18,00 -17,00 -17,00 -16,00 -15,00 -13,00 -12,00 -21,00 -20,00 -19,00 -18,00 -17,00 -17,00 -16,40 -15,00 -12,80 -21,50 -20,00 -19,00 -19,00 -18,00 -17,00 -16,00 -16,00 -14,00 -24,70 -22,00 -20,00 -18,00 -17,00 -17,00 -16,00 -15,00 -14,00 -21,00 -19,00 -18,00 -17,00 -16,00 -15,00 -15,00 -14,00 -12,00 -8,00 -2,00 ,00 1,00 2,00 4,00 5,00 6,00 8,00 -4,40 -2,00 -1,00 ,00 1,00 3,60 5,00 7,00 9,00 -6,50 -4,00 -2,00 -1,00 ,00 2,00 4,00 6,00 8,50 -9,40 -7,00 -3,20 ,00 1,00 2,00 3,00 6,00 8,00 -5,00 -2,00 ,00 1,00 2,00 4,00 5,00 6,00 8,00 12,00 16,00 17,00 18,00 18,00 19,00 21,00 23,00 23,00 11,80 16,00 17,00 18,00 19,00 20,80 22,00 22,80 26,20 13,50 15,00 15,50 17,00 18,00 19,00 20,50 21,00 25,00 11,30 13,00 15,00 17,20 18,00 18,80 20,00 23,40 26,70 12,00 15,00 16,00 17,00 18,00 20,00 21,00 22,00 25,00 Senta e Alcança -2,40 1,00 2,00 3,00 5,00 5,60 6,00 7,00 10,00 Diferença 14,20 16,20 19,00 20,00 21,00 23,00 23,00 25,00 26,00 Tabela 19- Distribuição dos valores de flexibilidade no teste de amplitude de afastamento dos MI, em função da idade e género. Flexibilidade – Amplitude de Afastamento dos MI (graus) Idade Sexo Percentil n Média SD Mínimo Máximo 10 20 30 40 50 60 70 80 90 6 ♀ ♂ ♀ 7 ♂ ♀ 8 ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ Total ♀ ♂ 22 127,82 ±9,806 112 154 113,90 121,60 122,00 123,20 127,50 128,80 132,00 136,60 140,00 17 120,59 ±12,46 99 138 99,80 106,80 114,40 117,20 125,00 125,00 129,00 133,40 135,60 38 127,26 ±13,78 100 180 113,90 119,40 122,00 123,60 125,00 128,00 130,00 135,20 140,80 46 114,43 ±11,01 94 146 100,70 104,40 106,10 111,60 115,50 117,00 119,90 122,00 129,30 41 124,05 ±12,39 100 147 104,20 113,40 118,20 121,80 124,00 128,20 130,00 133,20 142,80 35 118,83 ±13,43 89 146 101,80 106,40 112,60 115,40 120,00 121,60 125,40 131,60 136,20 29 125,41 ±17,60 101 180 105,00 112,00 114,00 115,00 122,00 126,00 132,00 137,00 155,00 47 115,30 ±11,14 89 136 101,00 105,60 108,40 110,20 117,00 120,00 123,00 125,40 130,00 24 123,71 ±13,61 96 150 107,00 111,00 116,00 119,00 122,50 126,00 131,00 135,00 146,00 42 119,19 ±13,58 88 140 102,60 107,20 110,00 117,40 120,00 123,80 127,10 132,00 137,70 341 120,93 ±13,60 88 180 104,00 109,00 114,00 118,00 121,00 124,00 127,40 132,00 137,00 85 9 10 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Afastamento dos MI (Graus) Flexibilidade Senta e Alcança (cm) 22 130 21 125 20 19 120 18 115 17 16 110 6 anos 7 anos 8 anos Femininos 9 anos 10 anos 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos Masculinos Femininos Gráfico 8- Distribuição dos valores médios no teste do senta e alcança adaptado (diferença), por idade e género Masculinos Gráfico 9- Distribuição dos valores médios no teste de amplitude de afastamento dos MI, por idade e género No teste de amplitude de afastamento dos MI, identifica-se uma grande supremacia feminina. Os valores médios, máximos e mínimos no sexo feminino são superiores ao do sexo masculino. Apesar da pouca expressividade observa-se nas raparigas uma tendência para a diminuição da amplitude de afastamento dos MI, entre os 6 e os 10 anos. No grupo feminino aos 6 anos verifica-se o resultado médio mais elevado (128º), aos 7 anos o resultado mantémse praticamente igual e decresce aos 8 anos cerca de 3º, decréscimo mais acentuado mas sem grande significado, tendo em conta que o desvio padrão é francamente superior a essa variação (±12º). Nos rapazes, os valores médios são inconstantes, verificando-se variações com o decorrer da idade. 86 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados 4.2.3- Força A avaliação da força inclui testes de força máxima (preensão manual), de força explosiva dos membros superiores (lançamento da bola de ténis), de força explosiva dos membros inferiores (salto horizontal sem corrida de impulsão) e força média resistente (flexões abdominais em 30seg). Tabela 20- Distribuição dos valores do teste de força do membro superior, recorrendo à preensão manual e ao lançamento da bola de ténis, em função da idade e género. Força - Preensão Manual (kgf) Idade Sexo Percentil n Média SD Mínimo Máximo 10 20 30 40 50 60 70 80 90 6 ♀ ♂ ♀ 7 ♂ ♀ 8 ♂ ♀ 9 ♂ ♀ 10 ♂ Total ♀ ♂ 22 10,50 ±2,521 7 15 7,00 8,00 9,00 10,00 10,00 11,00 11,10 13,00 17 11,94 ±2,045 8 17 9,60 10,00 11,00 11,20 12,00 12,00 13,00 13,40 38 10,05 ±2,514 5 16 6,00 8,00 8,00 9,00 10,00 10,40 12,00 12,00 46 11,61 ±2,832 7 19 8,70 10,00 10,00 10,00 11,00 12,00 12,00 14,00 41 13,00 ±3,599 5 21 8,20 10,00 11,00 11,80 12,00 13,00 14,40 16,60 35 13,43 ±3,284 5 19 9,60 11,00 11,00 12,00 13,00 14,60 16,00 17,00 29 13,76 ±3,302 4 19 10,00 12,00 12,00 13,00 13,00 14,00 15,00 18,00 47 16,36 ±3,253 10 24 12,80 13,60 14,00 15,00 16,00 17,00 18,00 20,00 24 16,42 ±4,127 11 26 12,00 13,00 14,50 15,00 15,00 16,00 17,50 19,00 42 17,14 ±3,613 11 25 12,30 13,60 15,00 16,00 17,00 18,00 19,00 20,00 341 13,59 ±3,989 4 26 9,00 10,00 11,00 12,00 13,00 14,00 15,00 17,00 15,00 14,60 13,10 16,30 18,00 18,00 18,00 21,00 25,00 23,00 19,00 Força - Lançamento da Bola de Ténis (m) ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ Total ♀ ♂ n Média SD Mínimo Máximo 22 6,295 ±1,642 3,2 9,2 17 9,094 ±3,255 3,9 15,7 38 7,534 ±2,390 3,1 12,8 46 12,591 ±3,751 6,9 24,8 41 8,856 ±2,362 3,8 14,0 35 14,454 ±3,470 7,7 24,4 29 11,324 ±2,498 5,8 16,4 47 15,551 ±4,420 6,2 25,7 24 11,950 ±3,640 4,4 19,6 42 18,602 ±5,070 9,1 28,0 341 12,185 ±5,090 3,1 28,0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 3,830 5,000 5,200 5,560 6,450 6,860 7,340 7,740 8,800 4,620 5,320 6,840 8,400 9,700 9,800 11,080 12,140 13,140 5,020 5,800 6,210 6,620 6,850 7,480 8,730 9,740 11,600 8,570 10,040 10,220 11,280 11,450 12,320 13,690 15,440 17,400 5,820 7,000 7,560 7,960 8,900 9,620 10,500 11,060 12,180 9,400 12,020 12,740 13,100 15,000 15,640 16,220 17,200 18,100 8,000 8,800 9,400 10,700 11,700 12,200 12,800 13,300 14,600 9,260 11,380 13,940 15,020 16,200 17,200 17,920 18,440 20,500 8,100 8,900 9,400 10,600 11,650 12,600 13,900 14,500 17,450 11,210 13,240 15,070 17,260 18,700 20,800 22,610 23,380 24,580 6,200 7,800 8,900 10,100 11,500 12,520 14,640 16,460 18,840 Percentil Idade Sexo 6 7 8 87 9 10 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Força- Preensão Manual (Kgf) Força- Lanç. bola ténis (m) 20 20 18 16 15 14 12 10 10 8 5 6 anos 7 anos Femininos 8 anos 9 anos 10 anos 6 anos Masculinos 7 anos 8 anos Femininos Gráfico 10- Distribuição dos valores médios no teste de Preensão Manual, por idade e género 9 anos 10 anos Masculinos Gráfico 11- Distribuição dos valores médios no teste do Lançamento da Bola de Ténis, por idade e género Na força máxima de preensão manual, no grupo masculino os resultados são praticamente iguais aos 6-7 anos, verificando-se mesmo uma ligeira diminuição aos 7 anos que é explicada pelo n mais elevado na subamostra. A média aos 6 e 7 anos foi de 12Kgf. Depois dos 7 anos observa-se um aumento progressivo que varia entre 1 Kgf/ano e 3Kgf/ano. Aos 8 anos a média é de 13 Kgf, aos 9 anos é 16 Kgf e aos 10 anos 17Kgf. Nos valores máximos e mínimos observaram-se crianças que aos 6 anos já atingiam o valor de força média atingida aos 10 anos. A diferença de prestação entre os dois sexos nesta prova foi sempre favorável aos rapazes, mantendo-se essa diferença estável, à exceção dos 9 anos de idade em que os valores médios diferem um pouco mais (2,6Kgf). É importante de referir que apesar dos valores médios serem superiores nos rapazes, a prestação com o valor mais elevado foi realizado por uma rapariga com 26kgf, aparentemente explicado pela prematuridade no salto pubertário feminino. O P50º apresenta apenas valores abaixo da média nos alunos com 6 anos de idade, mostrando que a partir dos 7 anos a maioria dos resultados foram executados abaixo do valor médio. Na avaliação da força explosiva do membro superior recorrendo ao lançamento da bola ténis, os alunos do género masculino são mais proficientes que os do género feminino, pois os valores médios foram sempre superiores bem como os valores mínimos e máximos. Este gesto é claramente mais adaptado ao género masculino. Em ambos os géneros os desempenhos foram sendo superiores à medida que a idade aumentava. 88 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Tabela 21- Distribuição dos valores do teste de abdominais, em função da idade e género. Força – Abdominais 30seg ( nº de execuções) ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ Total ♀ ♂ n Média SD Mínimo Máximo 22 10,59 ±5,270 3 21 17 11,18 ±3,909 5 20 38 11,79 ±4,691 4 21 46 14,78 ±4,988 6 25 41 14,56 ±4,572 4 24 35 15,91 ±4,104 6 24 29 16,45 ±5,692 2 30 47 16,85 ±5,345 4 28 24 17,92 ±5,890 11 31 42 17,95 ±4,968 5 31 341 15,00 ±5,527 2 31 10 20 30 40 50 60 70 80 90 3,30 5,00 6,90 9,00 11,00 12,00 13,10 15,40 18,70 6,60 7,60 9,00 9,00 10,00 12,60 14,00 15,00 16,00 5,00 7,00 9,00 10,00 12,00 13,40 14,30 16,20 18,20 9,00 11,00 12,00 12,00 14,00 15,00 16,90 20,00 23,00 7,40 12,00 13,00 13,00 15,00 16,00 17,00 18,00 20,00 9,60 14,00 14,00 16,00 17,00 17,00 18,00 19,00 20,40 9,00 13,00 14,00 15,00 16,00 18,00 20,00 21,00 23,00 9,80 12,00 14,00 16,00 17,00 18,00 20,00 22,40 23,20 11,50 12,00 14,00 15,00 16,00 18,00 20,50 25,00 28,00 11,00 13,60 15,00 17,00 18,50 20,00 20,10 22,40 23,00 8,00 10,00 12,00 14,00 15,00 16,00 18,00 20,00 23,00 Percentil Idade Sexo 6 7 8 9 10 Na prova de força média, os rapazes realizaram, em média, um maior número de abdominais durante os 30seg, tendo essa diferença diminuído com a idade. Nas raparigas o desempenho foi melhorando progressivamente com o aumento da idade, tendo praticamente igualado os rapazes no número medio de execuções, aos 10 anos de idade. Tabela 22- Distribuição dos valores do salto horizontal sem corrida de impulsão, em função da idade e género. Força - Salto Horizontal sem corrida de impulsão (cm) Idade Sexo n Média SD Mínimo Percentil Máximo 10 20 30 40 50 60 70 80 90 ♀ 6 ♂ ♀ 7 ♂ ♀ 8 ♂ ♀ 9 ♂ ♀ 10 ♂ Total ♀ ♂ 22 97,50 ±13,423 71 121 75,10 83,00 92,80 95,20 98,50 103,60 105,10 108,20 115,10 17 109,06 ±17,708 76 141 87,20 92,60 96,00 101,20 110,00 116,60 121,20 127,60 132,20 38 95,89 ±20,835 45 148 71,10 79,80 83,70 88,00 96,00 105,80 110,00 112,40 120,00 46 109,15 ±17,008 77 143 91,50 96,00 99,00 101,00 105,00 109,20 112,00 126,80 139,90 41 105,05 ±16,453 73 140 84,20 88,80 94,60 100,80 107,00 110,00 114,00 118,80 127,80 35 120,74 ±19,289 93 168 96,80 103,20 110,00 113,80 119,00 124,60 133,40 143,00 148,80 29 116,21 ±19,852 80 150 87,00 98,00 105,00 111,00 116,00 120,00 130,00 131,00 145,00 47 121,38 ±27,178 54 175 77,60 97,60 110,00 112,40 118,00 129,40 135,60 146,40 155,20 24 112,92 ±27,953 52 165 78,50 94,00 97,00 98,00 108,00 117,00 127,50 144,00 155,00 42 129,29 ±27,905 43 180 91,60 108,20 114,00 124,40 132,50 136,60 145,10 150,40 170,50 341 112,61 ±23,815 43 180 84,20 93,40 99,00 105,00 110,00 115,20 124,00 133,00 145,00 Ao nível da força inferior a diferença de desempenho entre géneros foi sempre favorável aos rapazes. Também no caso dos rapazes a média de desempenho vai melhorando com os anos, não acontecendo o mesmo às raparigas, que diminui-o dos 6 para os 7 e dos 9 para os 10 anos. Nesta habilidade existe uma supremacia clara dos rapazes em relação às raparigas. Os rapazes apresentaram valores médios superiores a 12cm em relação às raparigas com exceção dos 9 anos que é de apenas 5cm. Observando os valores percentílicos confirmamos que os rapazes 89 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados mostram evoluir quase sempre a sua prestação, consoante vai aumentando a sua idade. Já no escalão feminino apenas aquelas que saltam (acima do P80º) continuam a melhorar os seus desempenhos ao longo da idade, enquanto as outras estabilizam ou até regridem. Força- Abdominais 30seg (nº Rep) Força- Salto Horizontal (cm) 20 130 18 120 16 14 110 12 100 10 8 90 6 anos 7 anos 8 anos Femininos 9 anos 10 anos 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos Masculinos Femininos Gráfico 12- Distribuição dos valores médios no teste de Abdominais em 30seg, por idade e género. Masculinos Gráfico 13- Distribuição dos valores médios no teste do salto horizontal sem corrida de impulsão, por idade e género. 4.2.4- Resistência O teste de resistência “Vaivém” é bastante utilizado para aferir a capacidade de resistência aeróbia associada ao sistema cardiovascular. Trata-se de um teste de esforço progressivo em que o ritmo de corrida de cada percurso de 20 metros é marcado por um sinal sonoro, ao qual devem inverter o sentido de corrida e correr até à outra extremidade. Este teste, baseado no teste de Leger & Lamber (1982) permite calcular o VO2 máximo. Tabela 23- Distribuição dos valores na prova de resistência do vaivém, em função da idade e género. Resistência – Teste do Vaivém (nº de percursos) ♀ ♂ ♀ ♂ 8 ♀ ♂ 9 ♀ ♂ n Média SD Mínimo Máximo 22 14,45 ±5,612 6 25 17 15,59 ±6,520 7 29 38 13,34 ±5,910 6 32 46 17,91 ±9,184 7 45 41 14,37 ±5,995 7 38 35 21,03 ±10,753 8 41 29 21,52 ±9,074 7 46 47 28,02 ±15,624 5 72 24 19,79 ±9,441 8 44 42 30,81 ±16,110 7 62 341 20,38 ±12,152 5 72 10 20 30 40 50 60 70 80 90 6,30 9,60 10,90 12,00 13,50 16,80 17,10 19,80 23,40 7,80 8,00 12,00 12,40 15,00 16,80 19,60 20,40 27,40 6,00 8,00 9,70 11,00 12,00 14,00 15,00 19,00 22,10 9,70 11,00 13,00 14,00 15,50 18,00 20,00 21,00 35,50 7,00 8,80 11,00 12,00 13,00 15,20 16,00 19,20 21,00 9,00 10,20 12,80 13,40 19,00 24,20 28,00 30,00 39,40 8,00 14,00 18,00 19,00 20,00 21,00 24,00 28,00 32,00 10,00 14,60 19,80 22,00 24,00 25,80 32,80 40,00 54,20 9,50 12,00 14,00 16,00 16,50 20,00 21,00 30,00 36,00 10,60 13,60 19,00 24,00 28,00 32,00 44,00 46,80 55,40 8,00 11,00 12,60 14,00 17,00 20,00 22,40 28,00 39,00 Percentil Idade Sexo 6 7 90 10 ♀ ♂ Total ♀ ♂ ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Em termos gerais a capacidade de resistência (nº de percursos realizados) aumenta com a idade no grupo masculino, mas no grupo feminino apenas entre os 8 e os 9 anos se identifica um claro incremento, verificando-se uma diminuição pronunciada entre os 9 e os 10 anos. A prestação média das raparigas foi sempre inferior à dos rapazes, com a diferença a tornar-se mais relevante com o aumento da idade. Observando os valores percentílicos percebemos que existe uma grande diferença entre os melhores e os piores desempenhos, aumentando à medida que as idades também aumentam. Ao Compararmos com os valores criteriais da bateria de testes do FITNESSGRAM, valores de referência indicados apenas para alunos com 10 anos, concluímos que o valor médio se encontra dentro dos limites recomendados para a zona saudável da aptidão aeróbia (23-61 para rapazes; 15-41 para raparigas). Tabela 24- Distribuição dos valores de VO2Máx. a partir da prova de resistência do vaivém, em função da idade e género. VO2 Máximo (ml. Kg . min ) -1 6 7 -1 ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ Total ♀ ♂ n Média SD Mínimo Máximo 22 50,273 ±1,718 47,4 53,4 17 50,524 ±1,734 47,1 53,8 38 47,650 ±1,645 44,6 52,0 46 48,774 ±2,618 44,9 56,2 41 46,037 ±1,925 42,5 51,5 35 47,729 ±2,6995 44,6 52,5 29 46,334 ±2,598 41,3 53,3 47 47,772 ±3,867 41,4 55,6 24 43,938 ±2,625 41,2 50,9 42 46,717 ±4,249 39,4 53,7 341 47,457 ±3,232 39,4 56,2 10 20 30 40 50 60 70 80 90 47,500 49,220 49,400 49,500 49,600 51,400 51,500 51,600 52,860 48,780 49,260 49,340 49,520 49,700 51,400 51,620 51,740 53,480 45,480 46,500 46,870 47,060 47,400 47,600 47,800 49,220 49,910 46,700 46,840 47,000 47,300 48,200 48,800 49,190 49,860 53,160 43,240 44,700 45,100 45,200 45,700 46,100 47,340 47,720 48,200 44,880 45,200 45,300 45,560 47,200 48,680 49,700 50,400 51,980 43,000 43,900 45,200 45,400 46,100 46,300 47,500 48,300 48,600 43,180 43,920 45,340 46,040 47,600 48,180 49,300 51,520 54,480 41,400 41,500 41,700 43,200 43,550 43,800 44,300 46,300 48,500 41,160 41,940 43,980 45,600 45,900 46,760 50,400 51,000 52,970 43,400 45,100 45,600 46,500 47,300 47,920 49,200 50,060 51,700 Percentil Idade Sexo 8 9 Resistência- Teste Vaivém (nº) 10 VO2 Máximo (ml. Kg-1. min-1) 35 52 30 50 25 48 20 46 15 44 10 42 6 anos 7 anos Femininos 8 anos 9 anos 10 anos 6 anos Masculinos 7 anos Femininos Gráfico 14- Distribuição dos valores médios no teste do vaivém, por idade e género 8 anos 9 anos 10 anos Masculinos Gráfico 15- Distribuição dos valores médios de VO2 Máx, por idade e género 91 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados Relativamente ao VO2 máx, no escalão etário dos 6 aos 10 anos, verificámos na pesquisa efetuada sobre estudos da última década, existirem poucos dados relativos à avaliação do VO 2 máx. Uma solução adaptada para os vários escalões etários é a utilização do teste PACER da bateria FITNESSGRAM, que foi o realizado por nós. Fazendo uma análise dos valores médios, verifica-se que em ambos os grupos há uma tendência para diminuir o VO2 máx. com a idade. Comparando os valores médios entre género, podemos ver que os rapazes têm sempre valores superiores aos das raparigas, diferença essa que vai aumentando ligeiramente com a idade, acontecendo o mesmo no P50º e no valor máximo. Os valores médios de VO2 máx. para os alunos com 10 anos, encontram-se dentro da ZSAF, segundo os valores do FITNESSGRAM (2002). 4.2.5- Velocidade A velocidade é inversamente proporcional ao tempo gasto para efetuar o percurso. Neste sentido a analise dos dados (tempo gasto) deve ser analisado em função da proporcionalidade descrita anteriormente. Tabela 25- Distribuição dos valores do teste de velocidade, em função da idade e género. Velocidade – 20m lançados (segundos) ♀ ♂ ♀ ♂ 8 ♀ ♂ 9 ♀ ♂ ♀ ♂ n Média SD Mínimo Máximo 22 4,675 ±0,492 4,12 5,98 17 4,494 ±0,465 3,75 5,75 38 4,663 ±0,543 3,61 5,93 46 4,275 ±0,452 3,39 5,08 41 4,373 ±0,506 3,06 5,40 35 4,270 ±0,476 3,33 5,07 29 3,949 ±0,480 2,90 5,34 47 3,941 ±0,481 3,05 4,98 24 3,887 ±0,504 3,11 5,13 42 3,711 ±0,324 3,16 4,35 341 4,192 ±0,562 2,90 5,98 10 20 30 40 50 60 70 80 90 4,1860 4,2300 4,2780 4,4620 4,5250 4,6540 4,8930 5,2160 5,3380 3,9180 4,1820 4,2260 4,3340 4,4600 4,4960 4,6320 4,7680 5,2700 3,9410 4,0880 4,3910 4,5320 4,6150 4,8140 4,9930 5,2300 5,3410 3,5860 3,8440 4,0510 4,1000 4,3150 4,4220 4,5390 4,6960 4,8910 3,8060 3,9360 4,0480 4,2460 4,3400 4,4720 4,6640 4,8420 5,1260 3,5380 3,8920 3,9760 4,0800 4,3800 4,5400 4,6340 4,7520 4,8140 3,4000 3,6000 3,7500 3,8400 3,9000 4,0200 4,1600 4,3500 4,5200 3,4200 3,4900 3,6140 3,7760 3,8800 4,0280 4,1260 4,3880 4,7280 3,2700 3,4100 3,5000 3,6400 3,7650 4,1500 4,2200 4,3200 4,5250 3,2980 3,4040 3,4870 3,6020 3,6800 3,7460 3,8620 4,0240 4,2150 3,4720 3,6840 3,8600 4,0200 4,1600 4,3220 4,4800 4,6800 4,9740 Percentil Idade Sexo 6 7 10 Total ♀ ♂ Em ambos os géneros a velocidade melhora à medida que a idade aumenta. Este aumento de velocidade é menos evidente dos 7 para os 8 anos masculinos e dos 6 para os 7 anos femininos. O género masculino é comparativamente ao género feminino mais rápido em todos os escalões etários, com principal incidência aos 7 anos de idade. O desvio padrão é na sua maioria maior para as raparigas face aos rapazes, o que poderá pressupor maior 92 ________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados heterogeneidade das velocidades obtidas pelas raparigas. Com exceção dos rapazes de 7 e 8 anos, o P50º relativo ao tempo gasto para realizar os 20m, encontra-se abaixo das médias, isto indica que esta diferença entre médias e P50º se deve essencialmente a um maior desvio em relação à média por parte percentis mais elevados da amostra. 93 _________________________________________________________________________________Conclusões Capitulo V – Conclusões 5.1- Conclusões Após a apreciação dos resultados apresentados na nossa investigação ao nível antropométrico, podemos concluir que: Na estatura, dos 6 aos 10 anos não se observaram nos rapazes picos de crescimento, existindo sim uma certa regularidade no crescimento com um aumento médio de 4,8cm ao ano. Já quanto às raparigas parecem confirmar-se pequenas fases de maior crescimento (dos 7 para os 8 e dos 9 para os 10 anos). Os rapazes em média são sempre mais altos do que as raparigas. Na massa corporal, observaram-se duas fases de maior aumento ponderal nas raparigas, um aos 8 anos e outro aos 10 anos, que poderão estar associadas às fases do crescimento em altura conhecidas como pico de crescimento pré-pubertário e início do salto pubertário. Nos rapazes o aumento médio da massa corporal, tal como na estatura apresentou alguma regularidade, tendo um aumento médio de 3,8Kg ao ano. Comparando os valores médios de estatura e massa corporal do presente estudo com os valores obtidos noutros estudos de referência, as crianças de Mira são ligeiramente mais baixas e mais leves nas idades dos 6-7 anos. Aos 8 e 9 anos os valores estão muito próximos dos outros estudos, não existindo diferenças consideráveis. Aos 10 anos de idade em ambos os géneros os valores médios da nossa amostra superam os valores de todos os estudos com os quais efetuámos comparações. Relativamente ao Índice de Massa Corporal (IMC) e segundo os pontos de corte da Zona Saudável de Aptidão Física (ZSAF) da bateria de testes FITNESSGRAM, os rapazes apresentam maiores percentagens na ZSAF, contudo aos 9 anos a percentagem de rapazes acima dessa zona é de 36% e aos 10 anos de 24%. Pelo contrário, as raparigas abaixo da ZSAF, apresentam em todas as faixas etárias percentagens acima dos 20%, (41% aos 6 anos, 37% aos 7 anos, 24% aos 8 e 9 anos e 21% aos 10 anos). 94 _________________________________________________________________________________Conclusões Considerando os pontos de corte de IMC de Cole et al. (2000), a nossa amostra apresentou uma taxa de obesidade de 11% para a totalidade da amostra. Nas raparigas a prevalência de obesidade foi de 14% e nos rapazes foi de 8%. Ao nível da prevalência de sobrepeso e obesidade, observaram-se valores mais elevados aos 9-10 anos, o que poderá estar associado ao processo normal de crescimento e maturação, como o tempo mínimo de velocidade de crescimento em altura e não tanto relacionado com processos de evolução para situações de obesidade patológica. Relativamente às pregas adiposas subcutâneas, estas parecem andar lado a lado, ou seja o aumento ou diminuição de uma é acompanhado pelas outras. Isto significa que nestas idades não há alterações no padrão da distribuição do tecido adiposo pelas diversas regiões corporais. Este facto é relevante porque a verificar-se a generalização do fenómeno poder-se-ia, de forma mais económica, calcular a %MG com base na medição de apenas uma prega adiposa subcutânea. Em relação aos valores médios da percentagem de massa gorda (%MG) calculados em função das pregas tricipital e geminal, estes são muito idênticos em ambos os géneros aos 6, 9 e 10 anos, existindo nas raparigas um valor com superioridade marcada aos 7 e 8 anos. Analisando os resultados criteriais da %MG em função dos valores de corte da zona saudável do FITNESSGRAM, nos rapazes aos 6 anos, 6% estão acima da ZSAF aumentando consideravelmente com a idade (7 anos 10%, 8 anos 17%, anos 32%) até atingir 48% aos 10 anos. Já no género feminino a situação é ao contrário, pois aos 6 anos 50% das meninas encontravam-se abaixo da ZSAF, aos 7 anos 29%, aos 8 anos 22%, aos 9 anos 19% e aos 10 anos 9%, diminuindo a percentagem de meninas abaixo da ZSAF, aumentando a percentagem de meninas na ZSAF com o decorrer da idade. A comparação dos perímetros (braquial, abdominal e geminal) são semelhantes para ambos os géneros apresentando o seu crescimento (tal como as pregas adiposas) proporcionalidades idênticas entre eles em todas as idades estudas estudadas. Quanto às correlações, os perímetros estão mais corelacionados com a massa corporal do que com as pregas em ambos os géneros e o mesmo acontece em relação à estatura. 95 _________________________________________________________________________________Conclusões Ao nível da Aptidão Física os resultados obtidos sugerem as seguintes conclusões: Ao nível da coordenação motora, os rapazes obtiveram um valor médio superior. Também se verificou que a evolução em função da idade é mais pronunciada no grupo masculino, pelo que a diferença entre géneros é maior aos 10 anos do que aos 6 anos. A flexibilidade no teste da amplitude de afastamento dos MI parece ser uma qualidade marcadamente feminina, pois os valores médios são bastante superiores ao dos rapazes. Tanto nos rapazes como nas raparigas há uma diminuição da capacidade entre os 6 e os 10 anos. No teste do senta e alcança adaptado, observámos nos resultados da diferença entre o valor encostado com o resultados obtidos após a flexão do tronco, ao contrário do que era de esperar, que os rapazes em média apresentam maior flexibilidade do que as raparigas, sendo apenas superados pelas raparigas aos 7 anos de idade Na componente força, nos 4 testes selecionados observou-se uma clara supremacia masculina. No lançamento da bola de ténis e no salto horizontal, tanto aos 6 anos como aos 10 anos, os valores médios observados nos rapazes superam largamente os observados nas raparigas. Já na força abdominal e na preensão manual, os valores médios observados estão mais próximos, contudo as raparigas nunca conseguiram superar os valores médios de desempenho dos rapazes, nestes testes de força. Na capacidade de resistência aeróbia, os rapazes apresentaram resultados médios superiores aos das raparigas. A prestação das raparigas foi sempre inferior à dos rapazes, com a diferença a tornar-se mais relevante com o aumento da idade. Em relação à velocidade de corrida, na prova dos 20m lançados os rapazes foram em média mais rápidos do que as raparigas da mesma idade. Em ambos os géneros a velocidade melhorou com a idade. 96 _________________________________________________________________________________Conclusões 5.2- Considerações finais A realização deste trabalho teve como objetivo caracterizar a população escolar do 1.º CEB do concelho de Mira, relativamente às suas características antropométricas e de Aptidão Física. Os dados apresentados poderão apoiar as entidades competentes na análise da necessidade ou não de alterar ou reformular algumas políticas educativas concelhias. O tratamento estatístico permitiu identificar valores descritivos de tendência central, de dispersão e amplitude, como também os valores percentílicos (P10º, P20º, P30º, P40º, P50º, P60º, P70º, P80º e P90º), valores esses que poderão servir para a localização dos resultados de sujeitos que posteriormente venham a utilizar os mesmos testes, nomeadamente no contexto da Educação Física e no contexto desportivo. As aulas de Atividade Física e Desportiva (AFD) três vezes por semana, com a duração de 45 minutos por aula, têm sido uma excelente opção, contudo não resolve na sua totalidade o problema de colocar as nossas crianças a praticarem desporto e a terem bons níveis de ApF. Perante isto, é importante não terminar com as Atividades de Enriquecimento Curricular e com as aulas de AFD no 1ºCEB, sugerindo-se um melhor enquadramento dos programas a implementar, um reforço de ampliação e melhoria dos espaços desportivos e um aumento dos materiais necessários para a prática desportiva nas escolas do 1ºCEB. Encaramos como sendo bastante importante, a realização de testes de ApF nas escolas do 1ºCEB, no início e no final de cada ano letivo, para que se possa monitorizar a evolução dos níveis de ApF da população escolar do 1ºCEB e os efeitos do trabalho realizado no contexto da AFD. Por último, considerando que no futuro se possam realizar trabalhos de continuidade deste nosso estudo, achamos relevante sugerir que se realize o cruzamento dos resultados com dados relativos à maturação biológica e análise da atividade física habitual das crianças, identificando-se assim o papel de cada um destes fatores nos indicadores antropométricos e de aptidão física. 97 ____________________________________________________________________Referências Bibliográficas Capitulo VI – Referências Bibliográficas A AAHPERD (1980). Health related Physical Fitness Manual. Washington DC: American Alliance for Health Physical Education Recreation and Dance AAHPERD (1988). Physical Best. Reston, Virgínia: American Alliance for Health Physical Education Recreation and Dance ACSM (2003). Diretrizes do ACSM para os Testes de Esforço e sua Prescrição. (5ª Ed.) Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan Anastácio, C. (2009). 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Sr. Diretor do Agrupamento de Escolas de Mira Mira, 5 de Dezembro de 2011 Estudos sobre aspetos da vida e características da população infantil e juvenil como a aptidão física, o crescimento e a maturação, devem ser realizados com alguma regularidade e permitem aceder a informações importantes para a intervenção mais fundamentada de profissionais de Educação Física e Desporto, profissionais de saúde e em última instância revelam informações que interessam também aos decisores políticos que podem promover a atividade física e o desporto e a criação de infraestruturas apropriadas. Eu, José António Ribeiro Santo licenciado em Professores do Ensino Básico, Variante de Educação Física pela Escola Superior de Educação de Coimbra, e no âmbito do meu processo formativo no curso de mestrado em Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Ciências da Educação), apresentei à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro um projeto de tese de mestrado que se destina à caracterização da população infanto-juvenil do Concelho de Mira, mais concretamente os alunos do 1º CEB, relativamente à sua Condição Física, Crescimento, Maturação Biológica e Aptidão Física. Para tal, iremos aplicar testes antropométricos e testes de aptidão física. Nesse sentido vimos por este meio solicitar a V.ª autorização para realizarmos o trabalho prático do estudo com os alunos do 1º Ciclo do Agrupamento de Escolas de Mira. Com o acordo dos respetivos professores o estudo decorrerá entre os meses de Fevereiro e Abril durante o tempo de aulas de Atividade Física e Desportiva. Em pequenos grupos os alunos autorizados e que se voluntariem para tal interromperão por cerca de 15/20 minutos as atividades das aulas e irão fazer alguns testes junto da equipa de avaliadores. Depois de terminados esses testes voltarão a integrar-se nas atividades da aula. Um pedido de autorização será também enviado aos encarregados de educação e só participarão no estudo os alunos que o façam de forma voluntária. Como as normas éticas associadas à investigação exigem, será escrupulosamente respeitada a confidencialidade dos dados pessoais recolhidos e os mesmos servirão exclusivamente para a realização o presente estudo. Com os melhores cumprimentos. Mestrando: Dr. José António Ribeiro Santo Professor Orientador da Tese de Mestrado: Professor doutor Artur Manuel Anjos Martins 110 ____________________________________________________________________________________Anexos Anexo 2 – Pedido de autorização aos Encarregados de Educação UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO Exmo. (a) Sr. (a) Encarregado(a) de Educação Estudos sobre características da população infantil e juvenil como a aptidão física, o crescimento e a maturação, devem ser realizados regionalmente com alguma regularidade. Permitem aceder a informações importantes para os pais, para a intervenção fundamentada de profissionais de Educação Física e Desporto, profissionais de saúde e em última instância este tipo de estudos são também importantes para os decisores políticos fundamentarem as suas decisões relativamente à promoção da atividade física e do desporto e investirem na criação de infraestruturas desportivas. No âmbito do mestrado que estamos a cursar em Educação Física no Ensinos Básico e Secundário, apresentámos à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro um projeto de tese de mestrado que se destina à caracterização do crescimento e aptidão física da população infanto-juvenil do Concelho de Mira. Para tal iremos aplicar testes antropométricos e testes de aptidão física. Assegura-se a confidencialidade dos resultados, podendo os Encarregados de Educação ter acesso aos resultados da avaliação do seu educando. Nesse sentido vimos por este meio solicitar autorização para incluirmos o vosso educando na amostra do estudo que está previsto decorrer durante o tempo de aulas de Atividade Física e Desportiva das AEC entre os meses de Fevereiro e Abril. Antes e durante a realização do estudo qualquer Encarregado de Educação poderá solicitar esclarecimentos adicionais sobre detalhes da pesquisa e revogar a autorização dada. Com os melhores cumprimentos. Mira, 16 de Dezembro de 2011 O Mestrando _______________________________________ (José António Ribeiro Santo) ---------------------------------------------------------------------------------------------------------Autorização do Encarregado de Educação ou Tutor Li e percebi a explicação que me foi dada relativamente ao estudo e autorizo o(a) meu (minha) educando(a) a participar no referido estudo. Escola EB1 ____________________________________ Ano de Escolaridade ___________ Nome do aluno(a) _______________________________ Data Nascimento ____/____/_____ Assinatura do Enc. de Educação ou Tutor _________________________________________ Data_____/_____/_______ 111 ____________________________________________________________________________________Anexos Anexo 3 – Protocolos de avaliação Protocolo de avaliação antropométrica Estatura (Altura) Descrição: Será feita a medição da distância do ponto superior da cabeça ao solo. O avaliado estará na posição ortostática: indivíduo em pé, posição ereta, braços estendidos ao longo do corpo, pés unidos, procurando pôr em contacto o instrumento de medida com as superfícies posteriores dos calcanhares, cintura pélvica, cintura escapular e região occipital. A cabeça deve estar orientada segundo o plano de Frankfurt: a cabeça é posicionada de modo que a linha imaginária que liga a pálpebra inferior (orbitale) à parte mais alta do lóbulo da orelha (trago) esteja paralela em relação ao solo. O avaliado realizará a avaliação descalço e a medida será feita com o cursor em 90º em relação à escala. Avaliação: - O avaliador deve-se posicionar à direita do avaliado; - O registo da avaliação será efetuado no período da tarde. - Evitar que o avaliado se encolha quando o cursor tocar a sua cabeça. - A medida será registada em centímetros Massa Corporal (Peso) Descrição: O avaliado vai se posicionar em pé e ereto, com os pés afastados à largura dos ombros. Deve manter o olhar dirigido para a frente e fixo num ponto ao mesmo nível dos seus olhos. Terá de usar o mínimo de roupa possível. Será verificado o nivelamento do solo sobre o qual vai ser apoiada a balança. Esta será calibrada a cada 10 pesagens e o registo do peso será feito no mesmo período do dia. Avaliação: A medida será registada em quilogramas, com aproximação a 0,1kg. 112 ____________________________________________________________________________________Anexos Prega Adiposa Subcutânea Tricipital Descrição: O que se pretende medir neste teste é a camada dupla de pele e a gordura subcutânea. A prega adiposa subcutânea tricipital é medida na parte posterior do braço direito, no ponto medial entre o cotovelo e o acrômio. Esta prega adiposa é vertical e deve estar firmemente agarrada entre o polegar e indicador, afastando-a do restante tecido corporal, sem provocar dor ao avaliado. Avaliação: O registo da medida será feito em milímetros. Prega Adiposa Subcutânea Subescapular Descrição: O avaliado estará de pé, posição ereta, braços estendidos ao longo do corpo. Segura-se a prega adiposa mesmo abaixo do vértice inferior da omoplata. Esta prega assume uma orientação oblíqua e é medida na região posterior do tronco. Avaliação: O registo desta medida será feito em milímetros. Prega Adiposa Subcutânea Geminal Descrição: A prega adiposa subcutânea geminal é medida na parte interna da perna direita na zona de maior perímetro da mesma. O pé direito deve estar apoiado numa superfície elevada, para que o joelho fique em 90º de flexão. Agarra-se a Dobra Cutânea no sentido paralelo ao eixo longitudinal do corpo, destacando-a com o polegar apoiado no bordo medial da tíbia. É uma prega vertical, na qual os olhos do observador devem estar ao nível do local a medir e o adipómetro deve estar horizontal ao plano de referência do solo. Avaliação: O registo desta medida será feito em milímetros. 113 ____________________________________________________________________________________Anexos Perímetro Braquial Descrição: O aluno deverá ter o membro superior direito descontraído e ao longo do corpo. A mediada será efetuada na face posterior do braço direito, a meia distância da linha que une os pontos anatómicos designados de olecrâneo e acrómio, ao nível do local correspondente ao maior perímetro do braço em descontração. Avaliação: O registo será efetuado em centímetros. Perímetro Abdominal Descrição: O aluno estará na posição de pé, com os membros superiores ao longo do corpo. O avaliador coloca a fita num plano horizontal, passando por cima da cicatriz umbilical. A medida será efetuada após o final de uma ligeira expiração. Avaliação: O registo será efetuado em centímetros. Perímetro Geminal Descrição: A mediada será efetuada ao nível correspondente ao maior perímetro. Com o avaliado em posição ortostática, com a perna apoiada num banco e realizando um ângulo aproximado de 90º entre a perna e a coxa. O avaliador coloca a fita no plano horizontal, no ponto de maior massa muscular. Avaliação: O registo será efetuado em centímetros. 114 ____________________________________________________________________________________Anexos Protocolo de avaliação da aptidão física Coordenação (Ria) Descrição: De acordo com o protocolo de Martins Carvalho (2007), o teste realiza-se num espaço retangular com aproximadamente 30 m2 (6x5) dividido a meio por duas linhas paralelas separadas por 1,5 m, o aluno de frente para a linha que se vai ultrapassar, bola agarrada por ambas as mãos. Ao sinal de começo lança-se a bola (de baixo para cima) de forma a que esta ultrapasse o espaço delimitado pelas linhas, e após lançar a bola, o aluno desloca-se rapidamente para o outro lado das linhas de forma a agarrar a bola antes de esta tocar o chão. Se a bola tocar o chão essa receção não é contada. Depois de agarrar a bola o aluno volta a lançá-la rapidamente em sentido contrário e o movimento processa-se de forma idêntica. Quando a bola não é apanhada na trajetória aérea, o aluno agarra nova bola dada por um colega e reinicia rapidamente o movimento. Se a bola for agarrada mas os pés estiverem a pisar a linha ou no espaço entre linhas (ria) a receção também não conta, devendo o aluno dirigir-se rapidamente para um dos lados da ria e reiniciar o movimento. A prova tem a duração de 30 segundos, e só contam o número de transposições efetuadas corretamente. Fazem-se duas tentativas intervaladas por um período mínimo de 2 minutos e máximo de 10 minutos e assumese o melhor resultado. Avaliação: Será feito o registo do número de transposições efetuadas corretamente. Flexibilidade (Senta e Alcança - Adaptado) Descrição: A prova de Flexibilidade (flexão anterior do tronco sobre os membros inferiores e máxima extensão do tronco e membros superiores) “senta e alcança” (sit-and-reach) foi realizada de acordo com o protocolo de Martins Carvalho (2007) tendo uma adaptação em relação ao da Bateria de Testes do FITNESSGRAM (2002). A adaptação consiste em medir a diferença entre, a distância do ponto atingido pelo dedo médio com as duas mãos sobrepostas uma sobre a outra, mantendo o tronco na posição vertical e ombros e região dorsal em contacto com parede, e o ponto mais afastado (na régua desenhada na caixa) que se consegue atingir e manter durante 2 segundos com o dedo médio (mãos em sobreposição), alcançado após flexão anterior do tronco. Numa primeira medição (encostado), o aluno deve descalçar-se e sentar-se no chão com a zona da bacia, ombros e cabeça encostados a uma parede. Colocar a planta dos pés contra a caixa, mantendo os joelhos em extensão. Deve estender completamente um dos membros inferiores, ficando a planta do pé em contacto com a extremidade da caixa e a parte posterior do joelho em contacto com o solo. Nesta posição o aluno irá esticar os braços à frente, com uma mão em cima da outra, sem desencostar o tronco e a cabeça da parede, tocando com a ponta dos dedos na fita métrica, sendo este o “ponto zero”. De seguida (segunda medição - senta e alcança) o aluno irá fletir uma das pernas colocando a planta do pé assente no solo e irá fletir o tronco, deslizando lentamente os braços para a frente, mantendo as mãos paralelas, no centro da caixa (as mãos devem ser colocadas uma sobre a outra). O avaliador irá ler o valor que a ponta mais avançada dos dedos alcança na fita métrica, tendo o avaliando de manter a posição de alongamento durante alguns segundos. 115 ____________________________________________________________________________________Anexos O membro inferior que deverá estar estendido será sempre o direito, durante a flexão anterior do tronco é permitido o movimento do joelho fletido para o lado e só será realizado apenas um ensaio. Esta avaliação exigiu a utilização de uma caixa com 30 cm de lado, um colchão e uma régua. Antes de se efetuar esta avaliação os alunos realizam exercícios de aquecimento e alongamentos estáticos durante pelo menos 3 minutos. Avaliação: O resultado para cada uma das avaliações, regista-se em centímetros e será arredondado ao centímetro mais próximo. O valor final contabilizado é a diferença entre a medição obtida com o tronco encostado à parede e o valor obtido com a flexão anterior do tronco sobre os membros inferiores. Flexibilidade (Amplitude de Afastamento dos Membros Inferiores) Descrição: O teste de Flexibilidade (Amplitude de afastamento dos MI) o protocolo foi adaptado do teste de Afastamento lateral dos MI de Johnson e Nelson (1979) apud Fernandes Filho (1999) e de Lopéz (2002) tendo sido criado o nosso próprio protocolo. O aluno irá descalçar-se e adotar uma postura sentado no solo afastando o mais possível as duas pernas. A medição é realizada por um Goniómetro adaptado colocado entre os MI, colocando os braços do mesmo em ajustados à parte interna das pernas de forma a que toque nos côndilos internos e nos tornozelos. O ponto zero será no prolongamento do MI esquerdo e o prolongamento do MI direito e irá marcar o ângulo formado pela abertura dos dois membros. Os MI terão que estar em extensão máxima e pousados junto com os calcanhares no chão. A avaliação será efetuada no período da tarde e antes serão realizados exercícios de aquecimento e alongamentos estáticos durante pelo menos 3 minutos, para mobilizar os membros inferiores antes da prova. O avaliado na posição de sentado formará o maior ângulo possível entre os MI. Avaliação: Serão realizados dois ensaios seguidos, sendo apenas considerado o melhor. O valor é definido em graus. Força (Preensão Manual) Descrição: O aluno realizará o máximo de preensão possível no dinamómetro e para tal tem de adotar uma posição ereta, com a cabeça erguida, olhando em frente. O dinamómetro manual deve ser ajustado para que a segunda falange do dedo polegar esteja em ângulo reto; o antebraço deve estar posicionado em qualquer ângulo entre 90º e 180º em relação ao braço que deve estar em posição vertical; o pulso e o antebraço devem estar em leve pronação. O avaliado terá de exercer uma força máxima e breve, sendo a pressão realizada de forma contínua. Avaliação: A prova é realizada com a mão preferencial, sendo permitidos dois ensaios, com registo do melhor resultado, expresso em quilogramas força (Kgf), com uma casa decimal. 116 ____________________________________________________________________________________Anexos Força (Lançamento da Bola de Ténis) Descrição: O aluno terá de lançar a bola de ténis o mais longe possível. O lançamento é feito com a mão preferida, tipo “lançamento de dardo”, entre duas linhas paralelas marcadas no chão, distantes 2 metros entre si. É permitida uma corrida de balanço, dentro dos limites da zona de lançamento. O aluno deverá respeitar as zonas limitadas para a corrida de balanço. Avaliação: São realizados dois ensaios, sendo registada a melhor marca, expressa em metros. Força (Abdominais 30seg) Descrição: Em relação ao teste de força média foi o teste de abdominais em que o objetivo era realizar o maior número de abdominais num período de 30 segundos. O aluno teria de efetuar elevações e abaixamentos do tronco, partindo da posição de decúbito dorsal, os joelhos fletidos a 90º, com os membros superiores cruzados, ficando as mãos sobre o ombro contrário. Os pés, estarão ligeiramente afastados e deverão manter o contacto com o solo pela ajuda de um companheiro que lhe segura os tornozelos. Outro dos companheiros ajoelha-se atrás dele, colocando as mãos por baixo da cabeça deste e em contacto com o colchão, vigiando o cumprimento dos critérios de êxito e contabilizando o número de abdominais. Conta-se o número de ciclos completos (elevação e descida do tronco) que o executante realiza, sendo contabilizadas as vezes que os cotovelos tocam nos joelhos. Avaliação: Realiza-se apenas um ensaio, no qual será contabilizado o número de repetições realizadas corretamente num período de 30 segundos. Força (Salto em Comprimento sem corrida de impulsão) Descrição: Foi marcada no chão uma linha a partir da qual o aluno efetuava o salto o mais longe possível a pés juntos e sem corrida ou qualquer passo preparatório, fazendo apenas uso dos braços para ganhar balanço. A saída dos pés do solo deverá ser simétrica e sem estar a transpor a linha inicialmente traçada. Após cada salto, o ponto mais recuado de contacto com o solo é marcado e lido pelo observador com recurso a uma fita métrica colocada perpendicularmente à linha de salto. Avaliação: O aluno teve direito a realizar duas tentativas, tendo sido registada apenas a melhor marca em centímetros. 117 ____________________________________________________________________________________Anexos Resistência (Teste do Vaivém – PACER) Descrição: Seguindo o protocolo do FITNESSGRAM, no teste do vaivém, o percurso é delimitado por duas linhas distanciadas 20 metros uma da outra. O avaliado terá de cumprir o percurso em ambos os sentidos, adequando o seu ritmo de corrida ao sinal sonoro, de forma a encontrar-se numa das extremidades do percurso quando este soar. Os alunos colocam-se na linha de partida, correm pela área estipulada e devem transpor a linha oposta. Ao sinal sonoro devem inverter o sentido de corrida e correr até à outra extremidade. Se os alunos atingiram a linha antes do sinal sonoro, deverão esperar pelo mesmo para correr em sentido contrário. Um sinal sonoro indica o final do tempo de cada percurso e um triplo sinal sonoro no final de cada minuto indica o final de cada patamar de esforço, alertando ainda os alunos de que o ritmo vai acelerar e a velocidade de corrida terá de aumentar para percorrerem a distância de 20 metros em menos tempo. Trata-se de uma prova de patamares progressivos com a duração de 60 segundos (1 patamar = 1 minuto) o que obriga os executantes a aumentar a velocidade (+ 0,5 km/h. por patamar). A prova inicia-se a uma velocidade de 8,5 km/h. O teste termina com a desistência do participante, ou quando este não conseguir atingir a linha demarcada, 2 vezes consecutivas ou não consecutivas. Avaliação: É registado o número de percursos efetuados (um percurso corresponde a uma distância de 20 metros). Velocidade de Corrida (20m lançados) Descrição: O protocolo seguido foi o apresentado por Martins de Carvalho (2007) em que a uma distância de 25 metros relativamente à meta, o aluno começa a correr à máxima velocidade, tentando passar a meta o mais rápido possível. O tempo só começa a ser contabilizado, após passar a linha dos 5 metros e termina no momento em que passa a linha dos 25 metros. Será registado o tempo que demora a percorrer 20 metros de corrida. O avaliado deve percorrer a distância o mais rápido possível e não deve travar o movimento antes de passar a meta, nem travar bruscamente após atravessar a mesma. Avaliação: Regista-se o tempo de duas tentativas (mínimo 5 min. de intervalo) e seleciona-se o melhor registo. O tempo de duração da corrida é contabilizado em segundos. 118 Nomes 119 Velocidade (20 m lançados) Resistência - Vaivém Ano Força- Salto horizontal Força (Abdominais - 30 Seg) ForçaLançam. Bola de Ténis Força (Dinamómetro) Antropometria Flexibilidade (Ângulo MI) Flexibilidade (Senta e Alcança) Flexibilidade - Encostado Coordenação (Ria) Perímetro Geminal Turma Perímetro Abdominal Perímetro Braquial Prega Geminal Prega Subescapular Identificação Prega Tricipital Escola EB1 Peso Estatura Sexo Idade Data Nascimento Ano de Escolaridade Anexo 4 - Grelha de registo de dados Grelha de Registo de Dados Aptidão Física Prof. José Santo