Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO
Estudo Antropométrico e de Aptidão Física
em Alunos do 1º CEB do Concelhos de Mira
José António Ribeiro Santo
Orientador:
Professor doutor Artur Manuel L.T. dos Anjos Martins
Vila Real, 2012
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO
Estudo Antropométrico e de Aptidão Física
em Alunos do 1º CEB do Concelhos de Mira
José António Ribeiro Santo
Orientador:
Professor doutor Artur Manuel L.T. dos Anjos Martins
VILA REAL, 2012
Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como
requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de
Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o
estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos
de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação
do Professor doutor Artur Manuel L.T. dos Anjos Martins
Santo, J. (2012). Estudo Antropométrico e de Aptidão Física em Alunos do 1º CEB do
Concelho de Mira. Vila Real: Edição do autor. Dissertação de Mestrado apresentada à
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Palavras-chave:
Estudo Antropométrico, Aptidão Física, 1º Ciclo Ensino Básico, Atividade Física e
Desportiva, % Massa Gorda, Obesidade
III
Agradecimentos
Não posso deixar de endereçar alguns agradecimentos, sabendo que é difícil transmitir pela
escrita, todo o meu apreço às pessoas que de uma ou outra forma contribuíram para a
realização deste trabalho. Sendo assim, gostaria de agradecer:
Ao Professor Doutor Artur Martins, não somente por ter aceitado a orientação deste trabalho,
mas pelo apoio, ensinamentos, partilha, conhecimentos e amizade que foi transmitindo.
À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, pela sua qualidade de ensino e por ter
permitido mais uma importante etapa da minha formação.
Gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos a todos os alunos do 1ºCEB do
Agrupamento de Escolas de Mira que se disponibilizaram para participar voluntariamente
neste estudo e respetivos Encarregados de Educação pela autorização concedida.
Demonstrar a minha gratidão aos colegas de profissão a lecionar nas AEC a disciplina de
AFD, pela sua colaboração, permitindo que fosse feita a recolha dos dados nas suas aulas.
Endereço também os meus agradecimentos às entidades que autorizaram este estudo,
nomeadamente o Agrupamento de Escolas de Mira, aos Professores Titulares de Turma a sua
disponibilidade e à Câmara Municipal de Mira, responsável pelos espaços escolares onde
decorreram a recolha dos dados.
Gostaria de deixar bem expresso o meu sentimento de gratidão a todos quantos prestaram
ajuda na realização deste trabalho, as quais não tenho uma referência particular nestes
agradecimentos, não deixando contudo de serem esquecidos ou menos importantes em todo o
processo.
A todos, os meus sinceros agradecimentos.
IV
Dedicatórias
Ao meu querido filho Miguel, pelo amor que te tenho e por todos os bons e maus momentos
que iremos ter.
À Cristina, pelo apoio incondicional que demonstrou ao longo dos anos que vivemos juntos…
Aos meus pais, pelo orgulho que tenho a certeza que sentirão por esta minha conquista…
Ao meu grande sobrinho Anthony pela luta constante e difícil, para vencer o tumor, enquanto
eu estava a realizar este estudo. Força e coragem… tu vencerás.
Nelson e Martins, colegas de mestrado e companheiros de trabalho, obrigado.
V
Índice geral
ÍNDICE GERAL........................................................................................................................ VI
ÍNDICE QUADROS ................................................................................................................ VIII
ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................... IX
ÍNDICE DE FIGURAS................................................................................................................. X
ÍNDICE DE GRÁFICOS .............................................................................................................. X
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS........................................................................................ XI
RESUMO ...............................................................................................................................XII
ABSTRACT .......................................................................................................................... XIII
Capítulo I – Introdução ............................................................................................................. 1
1.1- PERTINÊNCIA DO ESTUDO ................................................................................................. 1
1.2- APRESENTAÇÃO DO ESTUDO............................................................................................. 4
1.3 - ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................. 5
PARTE TEÓRICA ..................................................................................................................... 6
Capítulo II – Revisão Bibliográfica .......................................................................................... 7
2.1- CRIANÇAS DOS 6 AOS 10 ANOS - CARACTERIZAÇÃO GERAL ............................................. 7
2.1.1- Crescimento corporal ............................................................................................... 7
2.1.1.1- Fatores que influenciam o crescimento da criança ........................................... 9
2.1.2- Maturação biológica............................................................................................... 11
2.1.3- Tendência Secular para o crescimento e maturação precoce ................................. 12
2.1.4- Desenvolvimento cognitivo ................................................................................... 13
2.1.5- Desenvolvimento motor ......................................................................................... 15
2.1.5.1- Aquisição de habilidades ................................................................................ 16
2.1.5.2- Capacidades físico-motoras ............................................................................ 18
2.1.6- Caracterização socioeducativa ............................................................................... 22
2.2- AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA EM CRIANÇAS ............................................................... 24
2.2.1- Conceito de Antropometria .................................................................................... 25
2.2.2- Procedimentos para a avaliação antropométrica .................................................... 26
2.2.2.1- Posição antropométrica e pontos anatómicos ................................................. 27
2.2.2.2- Principais medidas antropométricas ............................................................... 29
2.2.3- Avaliação ponderal e da composição corporal ...................................................... 30
2.2.3.1- Avaliação antropométrica de pregas adiposas subcutâneas e massa adiposa
corporal......................................................................................................................... 32
2.2.3.2- Percentagem de massa gorda .......................................................................... 34
2.2.4- Estatuto nutricional e obesidade na infância .......................................................... 36
2.3- AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA EM CRIANÇAS ............................................................. 40
2.3.1- Conceito de Aptidão Física .................................................................................... 40
2.3.2-Fatores que influenciam a Aptidão Física ............................................................... 42
2.3.3- Componentes da Aptidão Física ............................................................................ 43
2.3.4- Avaliação da Aptidão Física .................................................................................. 44
2.3.4.1- Baterias de testes motores ............................................................................... 45
2.4- ESTUDOS REALIZADOS EM PORTUGAL A PARTIR DO ANO 2000 SOBRE ANTROPOMETRIA E
APTIDÃO FÍSICA NO 1ºCEB ................................................................................................... 49
VI
PARTE PRÁTICA ................................................................................................................... 56
Capítulo III – Estudo Prático .................................................................................................. 57
3.1.- OBJETIVOS DO ESTUDO PRÁTICO ................................................................................... 57
3.1.1- Objetivos gerais ..................................................................................................... 57
3.1.2- Objetivos específicos ............................................................................................. 58
3.2. METODOLOGIA ............................................................................................................... 59
3.3- CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA ...................................................................................... 59
3.3.1- Amostra .................................................................................................................. 60
3.3.2- Procedimento para as autorizações ........................................................................ 60
3.4. SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS E DOS TESTES .................................................................. 61
3.4.1. Medidas antropométricas ....................................................................................... 62
3.4.2. Testes de aptidão física .......................................................................................... 64
3.5- PROGRAMA DA PESQUISA ............................................................................................... 65
3.6- TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS ......................................................................... 66
3.6.1- Controlo da qualidade dos dados ........................................................................... 66
Capitulo IV - Apresentação e Discussão dos Resultados ....................................................... 68
4.1- VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS ..................................................................................... 68
4.1.1- Estatura e massa corporal....................................................................................... 68
4.1.2- IMC ........................................................................................................................ 70
4.1.3- Pregas adiposas subcutâneas .................................................................................. 73
4.1.4- Percentagem de massa gorda ................................................................................. 75
4.1.5- Perímetros braquial, abdominal e geminal............................................................. 78
4.1.6- Comparação dos resultados das variáveis antropométricas com outros estudos ... 80
4.1.7- Correlações entre as variáveis antropométricas ..................................................... 81
4.2- VARIÁVEIS DE APTIDÃO FÍSICA....................................................................................... 83
4.2.1- Coordenação motora .............................................................................................. 83
4.2.2- Flexibilidade .......................................................................................................... 84
4.2.3- Força ...................................................................................................................... 87
4.2.4- Resistência ............................................................................................................. 90
4.2.5- Velocidade ............................................................................................................. 92
Capitulo V – Conclusões ......................................................................................................... 94
5.1- CONCLUSÕES ................................................................................................................. 94
5.2- CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 97
Capitulo VI – Referências Bibliográficas ............................................................................... 98
ANEXOS ................................................................................................................................ 110
ANEXO 1 – PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO AO AGRUPAMENTO ................................................... 110
ANEXO 2 – PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO AOS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO ....................... 111
ANEXO 3 – PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................ 112
Protocolo de avaliação antropométrica .......................................................................... 112
Protocolo de avaliação da aptidão física ........................................................................ 115
ANEXO 4 - GRELHA DE REGISTO DE DADOS ......................................................................... 119
VII
Índice quadros
Quadro 1- Modelo de desenvolvimento motor de Gallahue & Ozmun (2001). ..................... 16
Quadro 2- Pontos de referência antropométrica definidos por Sobral et al. (2007). .............. 28
Quadro 3- Principais medidas antropométricas simples, segundo Sobral, et al. (2007). ....... 29
Quadro 4- Principais medidas antropométricas compostas, segundo Sobral, et al. (2007). ... 29
Quadro 5- Medidas de avaliação ponderal e de composição corporal.................................... 30
Quadro 6- Terminologia do IMC para o sobrepeso e obesidade recomendada pelo CDC. .... 37
Quadro 7- Definição do conceito de Aptidão Física ao longo dos anos. ................................ 40
Quadro 8- Componentes e fatores da Aptidão Física associada à saúde (adaptado de
Bouchard & Shephard, 1994). .................................................................................................. 43
Quadro 9- Descrição dos componentes funcionais e motoras da Aptidão Física (adaptado de
Neto, 2009). .............................................................................................................................. 44
Quadro 10- Componentes da Aptidão Física e respetivas baterias de testes utilizadas para a
sua avaliação (adaptado de Coelho e Silva et al. 2003, apud Cardoso, 2009). ........................ 45
Quadro 11- Estrutura da bateria de testes FACDEX (adaptado de Marques et al. 1991). ...... 46
Quadro 12- Estrutura da bateria de testes FITNESSGRAM. ................................................. 47
Quadro 13- Baterias de testes motores direcionadas à Aptidão Física relacionada à saúde e ao
desempenho atlético (adaptado de Neto, 2009). ...................................................................... 48
Quadro 14- Estudos Antropométricos e de Aptidão Física realizados em Portugal com alunos
do 1ºCEB, a partir do ano 2000. ............................................................................................... 51
Quadro 15- Listagem das variáveis, unidades de medida, formato numerário e instrumentos
de medição................................................................................................................................ 65
Quadro 16- Fórmulas para cálculo de variáveis. .................................................................... 65
VIII
Índice de tabelas
Tabela 1- Pontos de corte de IMC para o sobrepeso e obesidade referenciados por Cole et al.
(2000), para as idades referentes ao nosso estudo. ................................................................... 36
Tabela 2- Tabela de normalidade para a percentagem de massa gorda (crianças e adolescentes
de 7 a 17 anos), em função da idade e género. ......................................................................... 39
Tabela 3- Distribuição da amostra em função da idade e género. ........................................... 60
Tabela 4- Determinação do Erro Técnico de Medida, Variância Combinada e Coeficiente de
Fiabilidade para as variáveis caraterizadas (n=28). ................................................................. 67
Tabela 5- Distribuição dos valores da estatura e massa corporal em função da idade e género.
.................................................................................................................................................. 69
Tabela 6- Valores de IMC em função da idade e género. ....................................................... 71
Tabela 7- Comparação dos valores de corte de IMC definidos por Cole et al. (2000) para o
sobrepeso e obesidade com os P85 e P95 da amostra e percentagem de sobrepeso e obesidade,
em função da idade e género. ................................................................................................... 72
Tabela 8- Pregas adiposas subcutâneas (tricipital, subescapular e geminal), valores médios,
desvio padrão, mínimos e máximos. ........................................................................................ 73
Tabela 9- Valores percentílicos das pregas (tricipital, subescapular e geminal). .................... 75
Tabela 10- Valores de percentagem de massa gorda em função da idade e género................ 76
Tabela 11- Distribuição dos valores de percentagem de massa gorda, em função da idade e
género. ...................................................................................................................................... 77
Tabela 12- Perímetros (braquial, abdominal e geminal), valores médios, desvio padrão,
mínimos e máximos. ................................................................................................................ 78
Tabela 13- Valores percentílicos dos perímetros (braquial, abdominal e geminal). ............... 79
Tabela 14- Comparação dos valores médios da estatura, massa corporal e IMC em função da
idade e género, com estudos nacionais de referência realizados a Norte e Sul do Continente e
nos Arquipélagos dos Açores e da Madeira. ............................................................................ 80
Tabela 15- Distribuição dos valores de correlação (r de Pearson) entre estatura, massa
corporal, pregas adiposas subcutâneas e perímetros, em função do género. ........................... 81
Tabela 16- Distribuição dos valores do teste de coordenação motora, em função da idade e
género. ...................................................................................................................................... 83
Tabela 17- Distribuição dos valores alcançados no teste de senta e alcança adaptado, em
função da idade e género. ......................................................................................................... 84
Tabela 18- Valor dos percentis no teste do senta e alcança adaptado, em função da idade e
género. ...................................................................................................................................... 85
Tabela 19- Distribuição dos valores de flexibilidade no teste de amplitude de afastamento dos
MI, em função da idade e género. ............................................................................................ 85
Tabela 20- Distribuição dos valores do teste de força do membro superior, recorrendo à
preensão manual e ao lançamento da bola de ténis, em função da idade e género. ................. 87
Tabela 21- Distribuição dos valores do teste de abdominais, em função da idade e género. . 89
Tabela 22- Distribuição dos valores do salto horizontal sem corrida de impulsão, em função
da idade e género. ..................................................................................................................... 89
Tabela 23- Distribuição dos valores na prova de resistência do vaivém, em função da idade e
género. ...................................................................................................................................... 90
Tabela 24- Distribuição dos valores de VO2Máx. a partir da prova de resistência do vaivém,
em função da idade e género. ................................................................................................... 91
Tabela 25- Distribuição dos valores do teste de velocidade, em função da idade e género. ... 92
IX
Índice de figuras
Figura 1- Principais fatores que regulam o crescimento. Adaptado de: Manual de
Crescimento y desarrollo del niño, Organización Panamericana de La Salud. (1994) apud
Neto, (2009). ............................................................................................................................ 10
Figura 2- Planos e eixos da posição antropométrica de referência. (Adaptado de Sobral et al.
(2007). ...................................................................................................................................... 27
Índice de gráficos
Gráfico 1- Valores médios da estatura dos rapazes e das raparigas em função da idade. ....... 69
Gráfico 2- Valores médios da massa corporal dos rapazes e das raparigas em função da idade.
.................................................................................................................................................. 69
Gráfico 3- Distribuição da percentagem de indivíduos em relação ao IMC, que se encontram
Abaixo da ZSAF, na Zona Saudável e Acima da ZSAF, em função da idade e género. ......... 71
Gráfico 4- Distribuição dos valores médios das pregas (tricipital, subescapular e geminal) por
idade e género........................................................................................................................... 74
Gráfico 5- Percentagem de raparigas e rapazes que se encontram abaixo da ZSAF, na Zona
Saudável e acima da ZSAF, em relação à %MG. .................................................................... 76
Gráfico 6- Comparação dos valores médios de IMC e %MG em função da idade e género. . 77
Gráfico 7- Distribuição dos valores médios dos perímetros (braquial, abdominal e geminal)
por idade e género. ................................................................................................................... 78
Gráfico 8- Distribuição dos valores médios no teste do senta e alcança adaptado (diferença),
por idade e género .................................................................................................................... 86
Gráfico 9- Distribuição dos valores médios no teste de amplitude de afastamento dos MI, por
idade e género........................................................................................................................... 86
Gráfico 10- Distribuição dos valores médios no teste de Preensão Manual, por idade e género
.................................................................................................................................................. 88
Gráfico 11- Distribuição dos valores médios no teste do Lançamento da Bola de Ténis, por
idade e género........................................................................................................................... 88
Gráfico 12- Distribuição dos valores médios no teste de Abdominais em 30seg, por idade e
género. ...................................................................................................................................... 90
Gráfico 13- Distribuição dos valores médios no teste do salto horizontal sem corrida de
impulsão, por idade e género.................................................................................................... 90
Gráfico 14- Distribuição dos valores médios no teste do vaivém, por idade e género ........... 91
Gráfico 15- Distribuição dos valores médios de VO2 Máx, por idade e género ..................... 91
X
Lista de siglas e abreviaturas
AEC
American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and
Dance
Atividades de Enriquecimento Curricular
AFD
Atividade Física e Desportiva
ApF
Aptidão Física
CDC
Centers for Disease Control and Prevention
cm
Centímetros
EF
Educação Física
IMC
Índice de Massa Corporal
Kg
Quilograma
Kgf
Quilograma força
KTK
Körperkoordination Test für Kinder
m
Metro
M
Média
MI
Membros Inferiores
MG
Massa Gorda
mm
Milímetro
n
Número de indivíduos
OMS
Organização Mundial de Saúde
P
Percentil
PACER
Progressive Aerobic Cardiovascular Endurance Run Test
SPSS
“Statistical Package for Social Sciences”
SD
Desvio Padrão
seg
Segundos
VO2máx
Consumo Máximo de Oxigénio
WHO
World Health Organization
ZSAF
Zona Saudável de Aptidão Física
1ºCEB
Primeiro Ciclo do Ensino Básico
%
Percentagem
♂
Masculino
♀
Feminino
AAHPERD
XI
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo estudar as características antropométricas e de Aptidão
Física dos alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico do concelho de Mira (distrito de Coimbra),
com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos de idade. O estudo contempla uma amostra
de 341 alunos, sendo 154 do sexo feminino e 187 do sexo masculino.
As variáveis Antropométricas alvo de estudo foram: Estatura, Massa Corporal (peso), Pregas
Adiposas Subcutâneas (Tricipital, Subescapular e Geminal), Perímetros (Braquial, Abdominal
e Geminal), IMC, Percentagem de Massa Gorda, Sobrepeso e Obesidade.
Ao nível da Aptidão Física foram realizados testes de Coordenação Motora (Ria), Força
(Preensão Manual, Lançamento da Bola de Ténis, Flexões Abdominais em 30seg, Salto
Horizontal sem corrida de impulsão), Flexibilidade (Senta e Alcança Adaptado e Amplitude
de Afastamento dos Membros Inferiores), Resistência (Teste do Vaivém) e Velocidade de
Corrida (20m lançados).
O tratamento estatístico dos dados fundamentou-se essencialmente na utilização de técnicas
de “estatística descritiva” aplicadas a cada uma das variáveis para o cálculo da média, desvio
padrão, valor máximo e mínimo e valores percentílicos.
Os resultados obtidos constituem-se como mais um recurso para o acervo de base de dados
constituído por outros estudos realizados em Portugal, que servem de referência para o
conhecimento da população infantil portuguesa, importante para a intervenção profissional de
professores de Educação Física, treinadores, médicos, nutricionistas e ergonomistas.
Comparando os valores médios de estatura, massa corporal e IMC com os estudos de Fragoso
& Vieira (1991 e 2001); Pereira (2000); Freitas (2001); Maia & Lopes (2002) e Padez et al.
(2004), podemos verificar que aos 6-7 anos, em ambos os géneros, os valores do presente
estudo são inferiores a todos eles, contudo aos 10 anos, os valores médios da nossa amostra
superam os valores de todos esses estudos de referência.
Quanto aos valores de prevalência de obesidade, considerando os pontos de corte de IMC de
Cole et al. (2000), a nossa amostra apresentou uma taxa de obesidade de 14% nas raparigas e
de 8% nos rapazes.
Ao nível da aptidão física os rapazes obtiveram melhores resultados nos testes de
coordenação motora, força, resistência e velocidade, enquanto no teste de flexibilidade de
amplitude de afastamento dos MI as raparigas superaram largamente os rapazes.
Palavras-chave:
Estudo Antropométrico, Aptidão Física, 1º Ciclo Ensino Básico, Atividade Física e
Desportiva, % Massa Gorda, Obesidade
XII
Abstract
The present work intends to study anthropometric characteristics and Physical Fitness of
Students from Elementary School in Mira (district of Coimbra), aged between 6 to 10 years
old. The study includes a sample of 341 students, comprising 154 females and 187 males.
Anthropometric target of study were: Height, Body Mass (weight), Subcutaneous Skinfolds
(Triceps, Subscapular and Geminal), Perimeters (Brachial, Abdominal and Geminal), BMI,
Percentage Fat Mass, Overweight and Obesity.
In terms of the Physical Fitness, Motor Coordination (Ria) Tests Were Carried Out, Strength
(Hold Manual, Launch of Tennis Ball, Abdominal Crunches on 30'' Horizontal Jumping race
without impulsion), Flexibility (Sit, Reach and Range of Adapted removal of lower limbs),
Resistance (Test Shuttle) and Speed Racing (Launched 20m).
The statistical analysis of the data was based mainly on the use of techniques of "descriptive
statistics" applied to each of the variables to calculate the average, standard deviation,
maximum and minimum values and percentiles.
The obtained results are as an additional resource for the acquis database composed of other
studies carried out in Portugal, which are used to guide the infant Portuguese population
knowledge, significant for the intervention of professional physical education teachers,
coaches, physicians, nutritionists and ergonomics specialists.
When comparing the average values for height, body mass and BMI with the studies of
Fragoso & Vieira (1991 and 2001), Pereira (2000), Freitas (2001), Maia & Lopes (2002) and
Padez et al. (2004), we can see that at 6-7 years in both genders, the values are lower, yet age
10, the average of our sample overcome the values of all these studies reference.
The values of obesity prevalence, considering the BMI cutoff points of Cole et al. (2000), our
sample showed a rate of obesity of 14% in girls and 8% of boys.
At the level of physical fitness boys obtained better results in testing motor coordination,
strength, endurance and speed, while the flexibility test amplitude of removal of MI girls
overcame boys largely.
Keywords:
Study Anthropometry, Physical Fitness, 1st Cycle Basic Education, Sport and Physical
Activit, Body Fat Percentage, Obesity.
XIII
_________________________________________________________________________________Introdução
Capítulo I – Introdução
Com a realização deste trabalho pretendemos contribuir para a caracterização da população
escolar do 1.º CEB relativamente às suas características antropométricas e de aptidão física
(ApF).
Na dimensão antropométrica incluímos as variáveis: Estatura, Massa Corporal (peso), Índice
de Massa Corporal (IMC), Pregas Adiposas Subcutâneas (Tricipital, Subescapular e
Geminal), percentagem de Massa Gorda (%MG) e Perímetros (Braquial, Abdominal e
Geminal). Nas variáveis de caracterização de competências físico-motoras incluímos os testes
de Coordenação Motora (Ria), Força (Preensão Manual, Lançamento da Bola de Ténis,
Flexões Abdominais em 30seg, Salto Horizontal sem corrida de impulsão), Flexibilidade
(Senta e Alcança Adaptado e Amplitude de Afastamento dos Membros Inferiores (MI)),
Resistência (Teste do Vaivém) e Velocidade de Corrida (20m lançados).
1.1- Pertinência do estudo
O estudo do desenvolvimento humano e principalmente as componentes do crescimento
corporal e aptidão física e motora são, desde há muito tempo, dois dos principais temas de
estudo e intervenção da Educação Física (EF). Os conhecimentos resultantes deste tipo de
estudos são igualmente importantes noutras áreas do saber como a antropologia, a medicina, a
ergonomia, e devem também estar presentes nas decisões políticas relativas à população
infanto-juvenil.
A avaliação de dimensões corporais, bem como a avaliação da ApF, são importantes
instrumentos para caracterizar a evolução morfológica e motora das populações e em
particular das crianças e jovens em fase de crescimento.
Relativamente ao crescimento, é facilmente constatável uma tendência secular (Tanner, 1978;
Malina, 1979; Roche, 1979; apud Fragoso & Vieira, 2006) para o aumento de algumas
dimensões associadas ao crescimento, como são o caso da massa corporal e a estatura,
convergindo para essa situação a influência de diversos fatores como o avanço civilizacional
1
_________________________________________________________________________________Introdução
associado à massificação do acesso ao sistema de ensino, o crescente aporte proteico
alimentar, a massificação do acompanhamento médico durante a infância e a juventude, não
esquecendo também o importante papel do forte incremento da mobilidade das pessoas,
promotora da heterose mais associada ao aumento da estatura (Fragoso & Vieira, 2006).
A avaliação antropométrica ao longo dos tempos cumpriu objetivos muito diferenciados,
começando pelo seu interesse para as artes plásticas (ex. cânones Gregos e Romanos),
passando, muito mais tarde, pelo interesse forense que associava somatotipologias a perfis de
criminosos, método utilizado nas esquadras de polícia e prisões portuguesas no início do
século passado, até ao interesse quotidiano no apoio ao diagnóstico médico-pediátrico, ou
ainda para o acompanhamento do processo de crescimento e deteção de talentos que ocorre no
âmbito da EF e do treino desportivo. A todos estes objetivos podemos acrescentar um
interesse de ordem sociológica, que se sintetiza na procura de efeitos de convulsões sociais,
como por exemplo o presente contexto socioeconómico nacional, e que estuda os efeitos de
alterações culturais e socioeconómicas no processo de desenvolvimento de crianças e jovens
(Martins, 2012, c.p).
A aptidão física e motora que expressa a influência de fatores genéticos e ambientais
relacionados com a atividade física habitual, a alimentação, o repouso e o acompanhamento
médico, é um dos principais motivos da EF e o seu controlo é fundamental para intervenção
do educador físico e do treinador desportivo.
Se outrora a aptidão física se relacionava essencialmente com motivos de preparação para a
guerra e da prevenção da doença, hoje compreende-se a aptidão física e motora como um
fator fundamental para a realização individual e para a vivência abrangente da vida incluindo
as cada vez mais valorizadas atividades de lazer (Martins de Carvalho, 2007).
O conceito de Aptidão Física (ApF) tem sido amplamente estudado ao longo do último
século, sendo um importante e fundamental elemento para o desenvolvimento motor,
propiciando êxitos em diversas componentes da vida e criando expectativas de continuidade
futura na adoção de estilos de vida ativos e saudáveis (Malina, 2001).
O grande precursor dos estudos antropométricos e de avaliação da aptidão física e motora em
Portugal foi, sem dúvida, Francisco Sobral. Também Fragoso & Vieira em 1991 realizaram
2
_________________________________________________________________________________Introdução
um importante estudo antropométrico, que ultrapassa o significado e valor de estudos
anteriores que quase só contemplavam o estudo de medidas simples como a massa corporal e
a estatura.
Sobre a caracterização da evolução das componentes antropométricas e físico-motoras da
população portuguesa a principal referência nacional corresponde aos estudos decenais
desenvolvidos por Sobral e Coelho e Silva sobre a população juvenil Açoriana.
Inúmeros estudos transversais e descritivos das características antropométricas e de aptidão
físico-motora têm sido realizados por todo o país, com destaque para um maior número de
estudos realizados na população açoriana, madeirense, no norte do país e também no distrito
de Coimbra. Mais à frente iremos apresentar muitos dos estudos realizados com alunos do
1ºCEB a partir de 2000.
As características morfológicas da população escolar portuguesa têm vindo a ser estudadas
por indicadores dimensionais de observação direta (estatura, peso, perímetros musculares e
pregas adiposas subcutâneas) e calculados (índice de massa corporal, % de massa gorda).
A interpretação de resultados de um determinado teste de ApF é facilitada pela sua existência
num quadro normativo que nos indique o valor médio, o desvio padrão, ou os valores
percentílicos que permitem localizar os desempenhos individuais no contexto populacional.
Os valores normativos são tanto mais objetivos quanto mais forem representativos da
população avaliada, no entanto a maior parte das tabelas com valores normativos para a
antropometria como para a aptidão físico-motora, disponíveis em Portugal, provêm de estudos
com grupos muito alargados e com realidades étnicas e socioculturais muito díspares (Ex.
EUA) das comunidades nacionais que professores de EF, treinadores e médicos têm de
avaliar. Assim é de todo importante e na impossibilidade de desenvolver estudos
longitudinais, realizar estudos transversais caracterizadores de uma dada comunidade e que
sejam repetíveis a cada 10 anos, como aconteceu no estudo de Sobral relativamente à
população Açoriana, ou ainda em prazos menores, de forma a conhecer as transformações
observadas e tomar as medidas políticas ou promover alterações no âmbito dos programas
anuais de turma na disciplina de EF, de forma a resolver as insuficiências ou problemas
identificados.
3
_________________________________________________________________________________Introdução
A importância social da prática de atividade física em crianças, tem a sua expressão mais
significativa na generalização das Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) no 1ºCEB,
através das aulas de Atividade Física e Desportiva (AFD) que proporcionam às crianças
variadas experiências físico-motoras. Assim achámos interessante realizar um estudo nas
aulas de AFD no Agrupamento de Escolas de Mira.
Da nossa ligação profissional à lecionação dos programas de AFD do concelho de Mira e a
constatação da inexistência de um estudo nesta área na população infantil de Mira, surgiu o
nosso interesse em desenvolver este trabalho necessário para os dias de hoje, mas também útil
para a comparação com resultados de estudos futuros.
Assim, o presente estudo propõe-se caracterizar ao nível antropométrico e de ApF, os alunos
do 1ºCEB do concelho de Mira, com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos,
permitindo, desde logo, comparar a população infantil de Mira com a população infantil de
outras áreas regionais já estudadas. A avaliação antropométrica e de ApF integra variáveis
associadas à ApF relacionadas à saúde e à ApF associada ao desempenho motor.
1.2- Apresentação do estudo
O presente estudo carateriza-se por ser um estudo transversal, de carácter descritivo, relativo a
componentes associadas ao processo de desenvolvimento físico e motor da criança, sendo por
isso composto por duas dimensões. Uma primeira de natureza antropométrica, a qual tem
como finalidade aferir a componente dimensional e morfológica da criança e uma segunda de
carácter motor, com a avaliação da ApF segundo um conjunto de testes físico-motores.
A amostra do estudo é constituída por 341 alunos pertencentes a todas as turmas do 1º CEB
do Agrupamento de Escolas de Mira, que participaram no estudo de forma voluntária e
devidamente autorizados pelos pais e/ou Encarregados de Educação. O agrupamento de
Escolas de Mira coincide com a área geográfica do concelho de Mira que pertence ao distrito
de Coimbra. Trata-se assim de uma amostra abrangente, que quase coincide com a população
amostral que se pretende caraterizar.
4
_________________________________________________________________________________Introdução
1.3 - Estrutura do trabalho
O presente trabalho segue uma estrutura clássica organizada em parte teórica e parte prática,
subdivididas em capítulos.
O Capítulo I é um capítulo introdutório que antecede a parte teórica e visa essencialmente
orientar o leitor para a estrutura do documento, contextualizar a temática abordada e
apresentar as razões que conduziram à concretização da investigação.
A parte teórica é constituída pelo Capítulo II relativo à “Revisão Bibliográfica”
caracterizadora do “Estado da Arte” onde se apresentam conceitos e teorias sobre
antropometria e aptidão física e, estudos relativos ao processo de desenvolvimento das
crianças, nomeadamente os processos de crescimento corporal e desenvolvimento motor.
Neste capítulo insere-se uma resenha atualizada dos estudos realizados em Portugal, entre o
ano 2000 até 2011, em que incluem uma ou as duas componentes do nosso estudo,
relativamente à avaliação antropométrica e de aptidão Física, em crianças que integram o
1ºCEB.
A Parte Prática refere-se ao “Trabalho de Campo” e é constituída pelos Capitulo III, IV e V.
No Capitulo III são apresentados os objetivos e descrita a metodologia utilizada, incluindo a
apresentação da amostra estudada, a seleção dos testes realizados, o tratamento estatístico e os
procedimentos de controle da qualidade dos dados. No Capitulo IV é feita a apresentação e
discussão dos resultados em função da idade e género dos sujeitos amostrais. No Capitulo V
apresentamos as conclusões finais do estudo.
No Capitulo VI é referenciada a bibliografia consultada para apoio à realização do presente
estudo.
Em anexo constam os pedidos de autorização ao Agrupamento de Escolas de Mira, a
autorização enviada aos Pais/Encarregados de Educação, a descrição dos protocolos de
avaliação Antropométrica e de ApF utilizados para a recolha dos dados e, por último, a ficha
de recolha de dados utilizada.
5
PARTE TEÓRICA
6
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
2.1- Crianças dos 6 aos 10 anos - Caracterização geral
O escalão etário de 6-10 anos representa a etapa final da infância e é marcada
fundamentalmente pelo processo de desenvolvimento. Este processo conjuga 3 fenómenos
principais: o crescimento corporal, a maturação biológica e a aprendizagem, que se refletem
em dimensões frequentemente categorizadas em desenvolvimento físico-motor, cognitivo,
emocional e social.
Durante décadas, muitos estudos decorreram com intenção de perceber os processos de
crescimento e desenvolvimento em crianças, entre esses encontram-se os estudos feitos por
Tanner (1981), Sobral (1986, 1988 e 1989), Malina & Bouchard (1991), Fragoso & Vieira
(1991 e 2001), Guedes (1994) Sobral & Coelho e Silva (2001), Coelho e Silva & Malina
(2003), Rito (2004), Padez et al. (2004), Maia et al. (2002, 2003 e 2006), entre outros.
2.1.1- Crescimento corporal
“O crescimento é uma das características próprias dos seres vivos que resulta, basicamente, da
elaboração de células estruturais numa taxa superior à da sua degradação”(Sobral et al. 2007,
p145). Para Malina & Bouchard (1991), o crescimento resulta de um complexo mecanismo a
nível celular, podendo envolver três diferentes fenómenos: hiperplasia (aumento do número
de células), hipertrofia (aumento do tamanho da célula) e agregação (aumento das substâncias
intercelulares). Nesta mesma linha Pedraza & Queiroz (2011) caracterizam o crescimento
como um processo dinâmico, contínuo, regular e extremamente organizado que tem início
com a fecundação (princípio da vida), sendo expresso através do aumento do tamanho
corporal. O crescimento supõe um aumento, a velocidades diferentes, do número (hiperplasia)
e/ou do tamanho (hipertrofia) das suas células.
Para Maia & Lopes (2006) e Rebato (2007) crescer é bem mais complexo do que a simples
junção de valores estaturais ao longo da idade, do nascimento ao estado adulto, observam-se
muitas mudanças no corpo: tamanho, forma, composição, proporções e formação do
7
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
esqueleto, mudanças que arrastam consigo alterações na proporcionalidade do corpo e nos
valores do peso. As modificações de dimensão, proporcionalidade, composição e forma do
corpo decorrentes do processo de crescimento são estudadas a partir da auxologia usando
técnicas antropométricas (Fragoso & Vieira, 2006; Sobral et al. 2007).
No crescimento humano a avaliação e interpretação é importante para todos aqueles que
medem e avaliam o crescimento da criança. A interpretação dos dados de crescimento, tendo
em conta os efeitos ajustados de influências, tais como genes, hormonas e abuso de
substâncias durante a gravidez, dão descrições dos padrões de crescimento normal e anormal.
Os Métodos para medir a dimensão e maturidade, o julgamento e interpretação dos dados,
avaliações de influências sobre o crescimento e o significado de crescimento anormal, serão
uma fonte essencial de informações para pediatras, biólogos humanos, trabalhadores da saúde,
nutricionistas, epidemiologistas e outros que são responsáveis pela saúde e o bem-estar das
crianças. (Roche & Sun 2003).
Para melhor avaliar o crescimento da criança a Organização Mundial de Saúde recomenda a
utilização do CDC-2000 do Centers for Disease Control and Prevention como referência para
o crescimento de crianças e adolescentes entre os 5 e 18 anos. Segundo Silva, Júnior e
Oliveira (2005) a monitorização do crescimento pode ser considerada como um dos mais
importantes indicadores quanto à qualidade de vida de um país, ou a extensão das distorções
existentes numa mesma população nos seus diferentes subgrupos.
Referente à curva de crescimento Bogin (1999, apud Fragoso & Vieira, 2006) defeniu-a como
tendo quatro fases de crescimento destintas: 1ª infância (desde o nascimento até aos 3 anos),
2ª Infância (dos 3 aos 7 anos) fase juvenil (desde os 7 até aos 11 anos) e adolescência (dos 11
aos 18 anos). Embora estas fases sejam distintas, a passagem de uma para a outra não é
bastante nítida, no entanto o início da puberdade é facilmente detetado pelo aparecimento das
caraterísticas sexuais.
Na 2ª infância (3-7 anos) a criança passa a ter um aspeto alongado e fino, apresentando um
maior desenvolvimento músculo-esquelético e uma menor quantidade de tecido adiposo. A
partir dos 6 anos a desaceleração do crescimento é notória até cerca dos 10 anos de idade e as
modificações morfológicas são quase inexistentes. (Fragoso & Vieira, 2006; Sobral et al.
8
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
2007). Algumas crianças podem apresentar um salto de crescimento transitório
aproximadamente aos 6-7 anos designado por pré-pubertário (Fragoso & Vieira, 2006).
A fase juvenil (7-11 anos) podendo ser definida como fase pré-pubertária, carateriza-se por
um período de grande desaceleração do crescimento, terminando essa desaceleração quando
se atinge o início da última aceleração de crescimento. O fim desta fase também coincide com
a erupção do último dente definitivo, podendo acontecer entre os 10,5 e os 12 anos.
Já no salto pubertário, Fragoso & Vieira (2006) referem que o aumento brusco da estatura
deve-se essencialmente ao crescimento dos MI. Este fenómeno decorre em todas as crianças,
contudo a sua intensidade, duração e idade de ocorrência são muito variáveis, podendo em
média ocorrer entre os 9 e os 13 anos.
Segundo Freitas, (2001) a rapariga “típica” é ligeiramente mais baixa do que o rapaz em todas
as idades até á puberdade. Por volta dos 10 anos torna-se mais alta devido ao seu salto
pubertário, que ocorre 2 anos mais cedo, sendo novamente ultrapassada por volta dos 14 anos
de idade. As raparigas atingem em média a sua estatura adulta por volta dos 16 anos e os
rapazes apenas aos 18 ou mais.
A forma como o ser humano está crescendo é o produto de uma interação entre a biologia da
nossa espécie, o ambiente físico em que vivemos e o ambiente social, económico e político
que cada cultura humana cria (Rebato, 2007). Os estudos antropométricos, segundo Oliveira
& Guimarães (2003) são bastante importantes, pois tem grande aplicação no
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de crianças, na verificação das
adaptações ao treino, na seleção de atletas e em estudos de caracterização étnica.
2.1.1.1- Fatores que influenciam o crescimento da criança
O processo de crescimento é influenciado por fatores genéticos e ambientais. Nos fatores
extrínsecos, destacam-se a alimentação, a saúde, a higiene, a habitação e os cuidados gerais
com a criança, que atuam acelerando ou retardando esse processo (WHO, 1995).
9
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Em relação aos fatores genéticos, Malina & Bouchard (1991) apresentam uma estimativa de
60% ou superior relativamente à influência genética na altura (estatura), observável na
infância e na adolescência, e ainda, na idade adulta em que se aproxima dos 100%.
Relativamente à nutrição Eckert (1993) refere que a boa ou má nutrição poderá provocar
efeitos sobre o ritmo de crescimento, o tamanho final, a forma e a composição do tecido. A
má nutrição parece diminuir o ritmo de crescimento, contudo as crianças recuperam desde que
as condições adversas não sejam muito severas nem se prolonguem por um longo período de
tempo. A má nutrição crónica durante a infância resultará em adultos menores. Gallahue &
Ozmun (2001) acrescentam ao fator nutrição outros fatores ambientais como a ocorrência de
doenças, as condições climáticas e o stress emocional, como fatores que influenciam o pico de
crescimento na puberdade, para além de uma variedade de elementos genéticos. Também os
fatores socioeconómicos podem influenciar o crescimento, contudo será de uma forma
indireta, pois afeta principalmente os cuidados de saúde, os níveis de nutrição e as condições
de vida. Na mesma linha, Rebalo (2007) refere que os fatores ligados direta ou indiretamente
à nutrição, como o nível socioeconómico e cultural dos pais, a dimensão da família, a
paridade da ordem de nascimento, os fatores psicossociais, o ambiente rural ou urbano, etc.,
têm de ser tidos em conta em estudos de crescimento, pois as crianças em risco de desnutrição
ou de obesidade são de classes socioeconómicas baixas e do meio ambiente rural.
Em Portugal, um fator onde foram encontradas algumas diferenças em relação à altura, foi o
meio em que o individuo está inserido (meio rural ou meio urbano), tendo sido identificado
por Padez (1999, 2003, 2004) diferenças consideráveis entre os distritos do litoral e interior
português, tendo o litoral apresentado medidas de altura mais elevadas, em relação ao interior.
Figura 1- Principais fatores que regulam o crescimento. Adaptado de: Manual de Crescimento y desarrollo del
niño, Organización Panamericana de La Salud. (1994) apud Neto, (2009).
10
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
2.1.2- Maturação biológica
Malina (2001) define maturação como o momento e a cadência de um processo que leva ao
estado biologicamente maturo. Para Guedes & Guedes (1997) a maturação serve para
descrever as mudanças biológicas que ocorrem de forma ordenada e direcionada para atingir o
estado adulto. A maturação biológica é um processo complexo, que tem uma forte interação
dos genes com o ambiente, traçando a trajetória de cada individuo até ao estado adulto, que
apesar de ocorrer em todos os indivíduos tem uma forte variabilidade interindividual (Maia &
Lopes, 2006).
A avaliação do desenvolvimento implica a observação das funções neurológicas, cognitivas,
afetivas e sociais (Pedraza & Queiroz, 2011). Em relação apenas ao desenvolvimento motor,
Gabbard (2000) carateriza-o como sendo um processo de mudanças contínuas que ocorrem no
comportamento motor de um indivíduo, desde a conceção até a morte, resultante da interação
entre os fatores hereditários e ambientais.
Nesse sentido Gallahue & Ozmun (2001) referem que o conhecimento sobre os conceitos de
crescimento, desenvolvimento, maturação, idade cronológica e idade biológica, são
fundamentais para compreendermos o verdadeiro papel, da atividade física na criança.
De acordo com Guedes & Guedes (1997), algumas crianças podem apresentar velocidade de
maturação mais acelerada que outras (precoce) ou mais lenta (tardia). “Duas crianças
praticantes de desporto com a mesma idade cronológica, que apresentam semelhanças
anatómicas em termos de altura, peso e desenvolvimento muscular, podem ter idades
biológicas e aptidões diferentes para o desempenho de uma tarefa de treinamento” (Bompa,
2002 p14). A diferença entre idade cronológica e idade maturacional ou biológica aumenta à
medida que a criança se vai desenvolvendo, podendo ter um desvio até 2 anos na infância
Fragoso & Vieira (2006).
Segundo Eckert (1993) e Fragoso & Vieira (2006) os indicadores biológicos que mais se
utilizam para avaliar o nível maturacional são: a idade gestacional, a idade morfológica, a
idade dentária, a idade óssea e a idade de aparecimento das características sexuais
secundárias.
11
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Para Freitas (2001) o melhor sistema referenciado pela literatura para avaliar a idade biológica
ou o estatuto maturacional é a maturação esquelética através do método TW2 (Tanner et al.
1983) sendo um método associado a valores elevados de fiabilidade inter e intra observadores.
Num estudo realizado pelo mesmo autor com 1470 indivíduos da Madeira com idades
compreendidas entre os 7 e os 18 anos, utilizando este método, verificou que os rapazes de
maturação atrasada (P5º) alcançavam o estado adulto aos 17,6 anos e as raparigas aos 17,2
anos. Já os de maturação avançada (P95º) atingiam esse ponto final aos 14 anos e as raparigas
aos 13 anos. Malina & Bouchard (1991), apud Freitas (2001) referem que as crianças que
crescem a uma taxa mais rápida, estão mais próximas da sua estatura adulta final, quando
comparadas com outras crianças da mesma idade cronológica, estando mais avançadas no seu
estado de maturação.
Ao nível do desempenho físico-motor Fragoso & Vieira (2006) são da opinião que os
indivíduos mais desenvolvidos fisicamente, têm mais sucesso em algumas tarefas motoras
comparando com crianças menos maturas. Partindo desse ponto de vista Sobral (1988) e
Malina & Bouchard (1991), referem que todas as alterações, decorrentes do crescimento e
maturação biológica, têm particular efeito no comportamento motor e aptidão física de
crianças e adolescentes.
2.1.3- Tendência Secular para o crescimento e maturação precoce
A Tendência Secular para o crescimento e maturação precoce pode ser entendida como um
processo de adaptação biológica que envolve um número muito grande de variáveis e
informações capazes de provocar adaptações morfológicas e fisiológicas individuais, em
pequenos grupos ou mesmo em populações (Fragoso & Vieira, 2006).
Observações conduzidas em diversos países apontam para um aumento médio na estatura de 1
cm em cada década no escalão dos 5 aos 7 anos, 2,5 cm na adolescência e 1 cm por década no
adulto (Sobral et al. 2007). Segundo Coelho e Silva (2008) as variações estaturais de 1904
(Lacerda, 1904) para 1996 (Padez, 1998), são de 8,9cm para a média nacional cm e 8,6 cm
para o distrito de Coimbra. Entre 1960 e 1990 (Castro et al. 1998), a variação estatural foi de
5,4 cm (1,8 cm/década) e entre 1950-1980 (Sobral, 1988), o acréscimo absoluto da estatura
média foi de 4,4 cm (1,5 cm/década) (Coelho e Silva, 2008).
12
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Fragoso & Vieira (2006) refere que em Portugal uma criança hoje com 7 anos de idade
apresenta uma estatura de uma criança que há 100 anos teria 9 anos, ou seja uma diferença
aproximada de 2 anos. Também Padez (2003) encontrou uma tendência secular positiva para
a estatura em jovens adultos (aos 18 anos de idade), existindo o aumento médio de 8,93cm,
equivale a uma taxa de 0,99cm por década.
Segundo Padez (2003) e Sobral & Coelho e Silva (2007) tudo indica que uma das hipóteses
para a tendência positiva do crescimento secular foi a melhoria das condições de vida das
populações nos países industrializados a partir de meados do século XIX, e que essa tendência
em Portugal se deve especialmente da melhoria ao nível da nutrição e do sistema de saúde.
Padez (2003) refere ainda que tendo em conta as diferenças socioeconómicas existentes entre
distritos, os resultados sugerem que a tendência secular positiva referente à altura, deve
continuar para a população portuguesa nas próximas décadas.
2.1.4- Desenvolvimento cognitivo
Piaget é um dos principais autores de referência no entendimento do processo de
desenvolvimento cognitivo. A teoria de Piaget (1978) concebe o desenvolvimento cognitivo
como um processo organizado e sequencial constituído por 4 estádios. A inteligência é
concebida como um caso particular de adaptação biológica resultante do equilíbrio entre a
assimilação e a acomodação. Todo o desenvolvimento cognitivo resulta no fundo, da
equilibração entre a assimilação e a acomodação permitindo assim ao ser humano, seja qual
for o estádio em que se encontre, resolver os problemas se lhe deparam e adaptar-se à
realidade circundante.
Segundo Piaget (1978) é a aprendizagem que uma criança efetua durante um estádio que lhe
permitirá a passagem ao estádio seguinte: 1-Estádio sensório-motor (período antes do
aparecimento da linguagem); 2- Estádio pré-operatório (período que vai desde o aparecimento
da linguagem até aos 7 ou 8 anos); 3-Estádio das operações concretas (vai desde os 7 anos aos
12 anos); 4-Estádio das operações formais (depois dos 12 anos).
O estádio das operações concretas, corresponde à maioria dos indivíduos amostrais do nosso
estudo prático, inicia-se por volta dos sete ou oito anos e termina na transição da infância para
13
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
a adolescência. Durante este estádio surge a capacidade de se efetuarem análises lógicas, dáse um aumento de simpatia com os sentimentos e atitudes dos outros (ultrapassagem do
egocentrismo) e começa a haver compreensão das relações causa/efeito mais complexas. É
também durante este estádio que se dá um salto no desenvolvimento da capacidade de uso do
pensamento simbólico. No início do estádio das operações concretas, a criança já é capaz de
compreender a propriedade transitiva desde que aplicada a objetos concretos que tenha visto.
No entanto não é ainda capaz de compreender a propriedade transitiva quando aplicada a
objeto hipotéticos. Ao longo do estádio das operações concretas, a criança irá perceber as
propriedades dos objetos como a conservação de volume, de massa e de comprimento. Para
Piaget (1978) cada estádio de desenvolvimento integra-se no seguinte, as aquisições feitas
num determinado período serão a base das aquisições a realizar no período seguinte, daí
existir a necessidade que o educador conheça, por um lado, o processo de construção da
inteligência infantil e por outro, tenha esses conhecimentos em conta ao planificar atividades
para o nível em que a criança se encontra. O professor é um auxiliar do desenvolvimento
tendo como principal papel o de promover a aprendizagem ativa das crianças.
Ao nível comportamental, para Gesel et al. (1977) aos 6 anos a criança manifesta a sua
bipolaridade, salta rapidamente dum extremo para outro. “ Chora, mas o seu choro
transforma-se facilmente em riso e o riso em lágrimas.” Diz gostar muito da mãe e
rapidamente afirmar que a detesta. Uma caraterística dominante é a fraca capacidade de
modulação. Ao nível motor passa a ser mais ativa, encontrando-se em atividade constante,
querendo estar em toda a parte.
Aos 7 anos, em muitas crianças verificam-se prolongados períodos de aquietação e de
concentração em si mesma, relacionando experiências novas com antigas. Nesta idade a
criança é um bom ouvinte e a sua bipolaridade explosiva está a dar lugar a uma consolidação
interior, atingindo um nível mais elevado de maturidade. A capacidade de socialização
transparece mais claramente na escola, manifestando também um caracter de independência
que se vai acentuando cada vez mais. Ao nível motor mostra-se menos brusca, sendo mais
calculosa, e repete um exercício várias vezes até conseguir executá-lo bem.
As crianças de 8 anos entregam-se mais a brincadeiras de luta e a jogos violentos, sendo
crianças mais saudáveis e cansam-se menos que as de 7 anos. Também no aspeto físico
começam a ser mais amadurecidas, apresentando algumas modificações como prenúncio da
14
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
puberdade. Nesta idade os dois sexos começam a enveredar por trilhos separados, levando-os
a um afastamento e vergonha de tocarem uns nos outros, mesmo em brincadeiras normais. Na
escola já não são tão dependentes da professora. Ao nível motor, estão constantemente ativas,
os movimentos são ágeis, graciosos e elegantes, tendo consciência da sua própria postura.
Em relação à criança aos 9 anos, esta torna-se mais segura de si, adquire novas formas de
dependência, que modificam a relação com a família, a escola e os companheiros. A auto
motivação é a principal característica gostando de classificar, identificar e organizar a sua
informação. Em geral não é agressiva e revela um grande sentido de justiça, e até mesmo
sensatez. Ao nível motor a criança de 9 anos é mais hábil e interessa-se por desportos de
competição. Os rapazes são impetuosos e rapidamente apresentam uma postura ativa de
combate.
Aos 10 anos, as diferenças entre géneros começam a ser evidentes. A rapariga tem mais
postura, bom senso e interessa-se por assuntos relacionados com casamento e família. Os
rapazes exprimem os sentimentos de camaradagem com os colegas empurrando-se, enquanto
as raparigas passeiam umas com as outras abraçadas. Ao nível motor, a criança gosta de estar
em atividade e a sua grande paixão é a vida ao ar livre. O seu maior gosto são jogos de muito
movimento, correr, deslizar, trepar, saltar, patinar e andar de bicicleta.
2.1.5- Desenvolvimento motor
O desenvolvimento motor estuda as mudanças que ocorrem no comportamento motor humano
a partir dos movimentos reflexos, rudimentares até aos movimentos complexos altamente
organizados e coordenados e pode ser analisado em duas vertentes, a aquisição de habilidades
motoras e o estado das capacidades físico-motoras (Gallauhue & Ozmun, 2001). Esta
subdivisão é essencialmente teórica porque a aquisição de habilidades é influenciada pelo
nível de desenvolvimento das capacidades físico-motoras e as capacidades físico-motoras são
avaliadas através de testes que determinam o desempenho motor, muitas vezes influenciado
pelo nível de aprendizagem das habilidades presentes nesses testes (Martins de Carvalho,
2007).
15
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Quadro 1- Modelo de desenvolvimento motor de Gallahue & Ozmun (2001).
Fases do desenvolvimento motor
Fase dos Movimentos Reflexos
Fase dos Movimentos Rudimentares
Fase dos Movimentos Fundamentais
Fase dos Movimentos Especializados
Período de idade aproximada
do desenvolvimento
Pré-natal aos 4 meses
Estádios do desenvolvimento
motor
Codificação da Informação
4 meses a 1 ano
Descodificação da informação
Nascimento até aos 12 meses
Inibição de Reflexos
1 aos 2 anos
Pré-controlo
2 aos 3 anos
Inicial
4 aos 5 anos
Elementar
6 aos 7 anos
Maduro
7 aos 10 anos
Transição
11 aos 13 anos
Aplicação
14 anos em diante
Utilização ao longo da vida
2.1.5.1- Aquisição de habilidades
Segundo Magill (2001), habilidade motora pode-se entender como, qualquer tarefa simples ou
complexa que, por intermédio da exercitação, pode passar a ser efetuada com elevado grau de
qualidade, podendo chegar à automatização.
Para Meinel (1984) na primeira idade escolar (7-10 anos), o desenvolvimento é marcado pelo
rápido aumento da aquisição de habilidades motoras, devido aos rápidos progressos no aspeto
físico e psíquico principalmente aos 9 e 10 anos. O traço básico dominante do comportamento
motor é a vivacidade e a flexibilidade. As crianças começam a dominar os seus impulsos
conseguindo concentrar-se nas atividades que estão a realizar, sendo mais conservadoras e
equilibradas no rendimento.
Kail (2004) considera que as habilidades motoras finas e grossas melhoram
significativamente nos anos escolares, pois as crianças crescem e tornam-se mais fortes,
correndo cada vez mais rápido e pulando cada vez mais longe. Quando chegam aos 11 anos as
crianças conseguem lançar uma bola 3 vezes mais longe do que conseguiam aos 6 anos e
saltar quase o dobro. Nas habilidades motoras grossas, as raparigas destacam-se na
flexibilidade e equilíbrio, enquanto os rapazes levam vantagem em todas as habilidades que
dependem da força. Já nas habilidades motoras finas as raparigas tendem em destacar-se na
caligrafia.
16
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Segundo o modelo de desenvolvimento motor de Gallahue & Ozmun (2001), na fase dos
movimentos fundamentais, estes podem ser caraterizados com estabilizadores, locomotores
ou manipulativos. Nos movimentos estabilizadores, a criança é envolvida em constantes
esforços contra a força de gravidade na tentativa de obter e manter a postura vertical
(equilíbrio). A categoria de movimentos locomotores, referem-se aos movimentos que
indicam uma mudança na localização do corpo em relação a um ponto fixo na superfície,
sendo o exemplo caminhar, correr, saltar, pular ou saltitar. A categoria de movimentos
manipulativos, referem-se às manipulações motoras, como tarefas de arremessos, receção,
chutos e interceção de objetos, que são movimentos manipulativos grossos. Como
movimentos manipulativos finos podemos ter o escrever e cortar com tesoura.
Gallahue & Ozmun (2001) divide a fase dos movimentos fundamentais em três estágios:
estádio inicial, estádio elementar e estádio maduro. Os movimentos locomotores,
manipulativos e estabilizadores de crianças de dois anos de idade estão enquadrados no
estádio inicial, que representa a primeira meta orientada da criança na tentativa de executar
um padrão de movimento fundamental em que os movimentos espaciais e temporais são
pobres. O estádio elementar já envolve um maior controle e coordenação rítmica dos
movimentos fundamentais. As crianças de desenvolvimento normal tendem a avançar para o
estágio elementar através do processo de maturação. O estádio maduro é caracterizado como
mecanicamente eficiente, coordenado, e de execução controlada. As crianças atingem este
estádio perto dos 5 ou 6 anos tendo potencial de desenvolvimento na maioria das habilidades
fundamentais, podendo iniciar a transição para a fase de movimentos especializados. No
entanto, certos padrões maduros nunca chegam a ser atingidos, pois este depende basicamente
do ensino, do encorajamento e das oportunidades de prática.
A fase de movimentos especializados enquadra-se nas idades da nossa amostra. Esta fase está
relacionada com a especialização e é um período em que as habilidades estabilizadoras,
locomotoras e manipulativas, são progressivamente refinadas e combinadas de forma a serem
utilizadas em situações mais complexas e de maior grau de dificuldade. Os movimentos
especializados são movimentos fundamentais que foram refinados e combinados, e podem ser
agora utilizados em muitas atividades motoras complexas presentes na vida diária, na
recreação e lazer, ou em atividades desportivas. Esta fase é dividida em três estágios:
transição, aplicação e utilização para a vida. No estágio de transição (dos 7 aos 10 anos) a
criança começa a combinar e aplicar habilidades dos movimentos fundamentais. No estágio
17
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
de aplicação (11 aos 13 anos), a criança é capaz de realizar uma variedade de habilidades
complexas, devido ao aumento da sofisticação cognitiva e da ampliação das experiências de
base. Essas habilidades devem ser refinadas e aplicadas a um desporto tanto ao nível do lazer
como competitivo. O estágio de utilização ao longo da vida, inicia-se por volta dos 14 anos e
prolonga-se pela fase adulta. O nível de refinamento das habilidades aumenta. A performance
pode variar com a participação em atividades amadoras, a desportos de alta competição ou
profissionais.
2.1.5.2- Capacidades físico-motoras
Há basicamente duas escolas na sistematização das qualidades e capacidades físico-motoras.
Nos autores portugueses destacamos a sistematização de Sobral, que representa a linha de
pensamento anglo-saxónica e estabelece 5 qualidades e capacidades principais: coordenação,
flexibilidade, força, resistência e velocidade. Cada capacidade é composta por várias
subcapacidades.
Ainda na versão anglo-saxónica, Gallahue distingue as capacidades motoras e as capacidades
físicas, conforme o fator motor ou o fator orgânico sejam mais determinantes para a sua
expressão, considerando como capacidades motoras a coordenação motora e a velocidade, e
como capacidades físicas a flexibilidade, a força e a resistência.
Um pouco nesta linha, os “autores de leste” tal como Grosser (1983), dividem-se em dois
domínios as capacidades motoras desportivas: o domínio condicional (quantitativo) e o
domínio coordenativo (qualitativo).
As capacidades condicionais são determinadas pelos mecanismos que conduzem à obtenção e
transformação de energia, isto é, os processos metabólicos nos músculos e nos sistemas
orgânicos. São predominantemente direcionadas para a condição física tendo por isso um
caracter quantitativo.
As capacidades coordenativas têm um caráter qualitativo, pois constituem o pressuposto
fundamental para a aprendizagem e desenvolvimento das habilidades motoras e,
consequentemente, para a assimilação dos gestos técnicos de forma mais correta e eficiente.
18
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Estas capacidades devem ser trabalhadas nos primeiros anos de escolaridade, pois é dos 6 aos
12 anos que elas se desenvolvem, devido a existirem pressupostos sociais, psíquicos,
anatómico-fisiológicos e motores favoráveis ao rápido desenvolvimento destas capacidades.
Na fase da puberdade existe um rápido crescimento, facto que pode levar a estagnação ou
mesmo a um retrocesso no desenvolvimento das capacidades coordenativas. As capacidades
coordenativas permitem que a criança consiga aprender gestos motores e dominar de forma
segura e económica as ações motoras, tanto nas situações previsíveis como imprevisíveis.
Para Gallahue & Ozmun (2001), a coordenação motora liga-se às componentes de aptidão
motora, de equilíbrio, de velocidade e de agilidade. Contudo, não está diretamente ligada à
força e à resistência. Quanto mais complexas forem as tarefas motoras, maior será o nível de
coordenação necessário para um desempenho eficiente. Assim, o comportamento coordenado
requer que o individuo desempenhe movimentos específicos em série, com rapidez e precisão
considerando ainda, a integração dos sistemas motor e sensorial num padrão de ação
harmonioso e lógico, como que uma combinação concordante dos deslocamentos dos
segmentos corporais, no tempo e no espaço.
Segundo Lopes et al. (2003) estudar a coordenação motora de crianças em idade escolar é
importante pela sua associação a aspetos ligados à aprendizagem motora e controle motor nas
mais diversas tarefas do seu dia-a-dia, como também pelas implicações pedagógicas e
educativas que decorrem das aulas de EF. Ao nível da ApF a bateria de testes KTK é a mais
utilizada para avaliar a coordenação motora das crianças. O teste da Ria proposto por Martins
de Carvalho (2007) vem aliviar a necessidade da aplicação de uma bateria completa apenas
para avaliar a coordenação. Outras soluções são encontradas na literatura e em alguns casos a
opção foi a de selecionar apenas um dos testes do KTK.
Ao nível da flexibilidade, Weineck (1999), refere que o género feminino apresenta uma maior
flexibilidade do que o género masculino, devido às diferenças hormonais, em que o género
feminino apresenta um alto nível de estrógeno que provoca uma maior retenção de água e
também uma maior presença de tecido adiposo e menor massa muscular do que a observada
no género masculino, proporcionando condições favoráveis a um maior nível de flexibilidade.
Para Meinel (1984) é uma das capacidades a trabalhar desde idades muito jovens. Sabe-se que
ao contrário de outras capacidades, a criança nasce com uma ótima capacidade de
19
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
flexibilidade e que esta se vai perdendo se não for trabalhada, fundamentalmente após os 10
anos. No escalão etário dos 6/10 anos, a flexibilidade é muito acentuada, devendo ser
privilegiada a flexibilidade geral. Os desportos que exigem grandes amplitudes articulares
obrigam a uma exercitação da flexibilidade específica em idades muito jovens (a partir dos 6
anos).
Na avaliação da flexibilidade, o teste mais utilizado nos estudos de ApF em crianças e
adolescentes é o teste do senta e alcança. A sua grande utilização deve-se ao facto do
movimento se assemelhar com algumas ações do quotidiano, à grande facilidade na sua
aplicação e porque avalia a flexibilidade ao nível da coluna e dos músculos isquiotibiais, que
estão associados à maioria das dores ao nível da coluna vertebral. Contudo, deve-se ter em
conta que um elevado índice de flexibilidade na região do quadril não reflete necessariamente
um bom índice em qualquer outra zona do corpo e deve ter-se também em conta os riscos
associados a este teste.
Relativamente à força, Meinel (1984) refere que na fase dos 7-10 anos o desenvolvimento da
força decorre relativamente lento quando não é promovido e as diferenças entre géneros não
são ainda substanciais.
Na idade pré-pubertária deve-se procurar em primeiro lugar, desenvolver a força geral, com o
aumento da força geral e postural. Os exercícios devem ser executados procurando a
amplitude máxima dos movimentos, que evitam o encurtamento muscular prejudicial ao
crescimento.
Para muitos autores a força explosiva é a capacidade representativa das capacidades motoras
condicionais dos 6 aos 14 anos, sendo o seu desenvolvimento máximo entre os 16/18 anos,
dependendo do grau de maturidade sexual (maior massa muscular na adolescência devido aos
elevados níveis de testosterona). Segundo Eckert (1983) e Kail (2004) na infância os rapazes
tendem a ser superiores às raparigas em atividades que requerem força.
Um dos testes mais utilizados para avaliar a força ao nível da ApF é a Preensão Manual, por
os resultados deste teste apresentarem as correlações mais elevadas com outras provas de
força resistente e força máxima.
20
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A capacidade de resistência aeróbia é treinável em todos os períodos, na infância e na
puberdade. A finalidade do treino de resistência (componente aeróbia) é proporcionar ao
jovem uma estabilidade orgânica, sobretudo do sistema cardiovascular, sendo também
importante a consolidação do tecido conjuntivo e do aparelho de sustentação (ossos,
ligamentos e articulações).
Segundo Léger (1996) apud Silva (2002) a potência aeróbia máxima ou consumo máximo de
oxigênio (VO2máx), a eficiência mecânica e o limiar anaeróbio, são componentes que
“funcionam” de forma diferenciada na criança e no adolescente em relação ao adulto,
sobretudo devido a influência da maturação.
Segundo Diniz (1998), alguns autores como Bar-or (1983) salientaram que os jovens préadolescentes têm poucas possibilidades de resposta positiva ao treino aeróbio, devido a níveis
habituais de atividade espontânea já muito elevados, pois segundo Shephard et al. (1977)
crianças com idade inferior a 8 anos não dominam suficientemente bem ao nível motor,
nenhuma atividade física que lhes permita ter uma atividade física suficientemente vigorosa.
Sobral (1988) refere que também existem dificuldades em estudar atividades anaeróbias em
crianças pelo facto de as provas de avaliação imporem situações de prestação máxima e
requererem uma grande capacidade de empenho volitivo.
Segundo Bangsbo (1994) a resistência anaeróbia láctica só deve ser desenvolvida a partir da
segunda fase da puberdade (adolescência 14/15 anos), porque em idades mais baixas os
jovens apresentam: menor concentração de determinadas enzimas (glicolíticas) o que implica
uma atividade das enzimas glicolíticas mais baixa, uma menor tolerância ao ácido láctico,
dependência da maturidade hormonal (testosterona) e maior necessidade do tempo de
recuperação.
Vários são os testes utilizados para avaliar capacidade cardiorrespiratória, entre eles podemos
encontrar a corrida da milha, caminhada/corrida de 1600m, corridas com a duração de 7 / 9 e
12 minutos e o teste do vaivém. Este último, tem sido o teste mais utilizado na avaliação da
resistência em Portugal na última década.
Em relação à velocidade, Meinel (1984) refere que entre os 7 e os 10 anos a velocidade
desenvolve-se de maneira consideravelmente rápida, existindo altas cotas de crescimento
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________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
anuais. O mesmo autor também salienta que aos 10 anos verifica-se um bom nível de
velocidade de reação. Também Sobral (1988) referiu que dos 5 aos 16 anos, assiste-se a um
acentuado incremento da velocidade de deslocamento em provas curtas (entre 20 e 50m).
Segundo o modelo das fases sensíveis da capacidade de desempenho motor de Martin (1982)
a treinabilidade da velocidade tem a sua fase sensível durante a infância, particularmente entre
os 6/7 anos e os 11/12 anos. Gallahue & Ozmun (2001) referem que a progressão da
velocidade ocorre até aos 13-14 anos onde, a partir desse ponto, os rapazes continuam a
progredir satisfatoriamente e, as raparigas pelo contrário tendem a estagnar ou até mesmo a
regredir.
Para Castelo et al. (1998) a velocidade não é uma ação motora exclusiva das corridas de
velocidade, ela está presente numa enorme quantidade de gestos desportivo, sendo a
capacidade motora mais importante na obtenção de um bom rendimento desportivo.
A prova de velocidade que as várias baterias de testes utilizam para avaliar a velocidade é a
prova dos 20m, 25m e 50m. No nosso estudo optámos por realizar a prova de velocidade de
20 metros lançados, isto com o intuito de apenas ser verificada a velocidade máxima,
excluindo a parte da velocidade de reação e a força explosiva necessárias na situação de
partida.
2.1.6- Caracterização socioeducativa
Ao nível socioeducativo, as crianças aos 6 anos entram para o 1ºCEB, que tem a duração de 4
anos e termina aos 9/10 anos. Segundo a Organização Curricular e Programas para o 1ºCEB,
este nível de ensino contempla as áreas curriculares disciplinares de Língua Portuguesa,
Matemática, Estudo do Meio e Expressões: Artísticas e Físico-Motoras; as áreas curriculares
não disciplinares de Estudo Acompanhado, Área de Projeto e Formação Cívica e as áreas
curriculares disciplinares de frequência facultativa como Educação Moral e Religiosa e as
Atividades de Enriquecimento Curricular. São também definidos os tempos mínimos
semanais para a lecionação dos programas, sendo de 8 horas para a Língua Portuguesa
(incluindo uma hora diária para a leitura), 7 horas para a Matemática, 5 horas para o Estudo
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do Meio (metade para o Ensino Experimental das Ciências) e 5 horas para serem geridas de
forma flexível nas áreas das expressões e restantes áreas curriculares.
Quanto às Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC), estas pretendem cumprir 2
objetivos: 1) garantir a todos os alunos do 1ºCEB a oferta de aprendizagens enriquecedoras do
currículo; 2) promover o funcionamento da escola de modo a dar respostas no domínio do
apoio às famílias, consolidando o conceito de escola a tempo inteiro.
Nas AEC os planos de atividades devem incluir obrigatoriamente para todo o 1ºCEB como
atividades de enriquecimento curricular o Apoio ao Estudo e o Ensino do Inglês, completando
o plano com Atividade Física e Desportiva (AFD), o Ensino da Música ou outras expressões
artísticas.
Na AFD a duração semanal é fixada em cento e trinta e cinco minutos, com a duração diária
de quarenta e cinco minutos, devendo a atividade ocorrer em dias alternados. Contudo a título
excecional, em caso de manifesta dificuldade, designadamente na disponibilização de
espaços, poderão existir semanalmente apenas noventa ou só quarenta e cinco minutos.
Em Portugal Continental, segundo o relatório sobre as Atividades de Enriquecimento
Curricular no ano letivo 2011/2012, divulgado pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação
e Ciência, foram abrangidos na AFD, 328727 alunos (88,4% do total de alunos), distribuídos
por 4138 estabelecimentos de ensino.
23
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2.2- Avaliação antropométrica em crianças
A antropometria de superfície aplicada a crianças é constituída por um conjunto de medidas e
técnicas de medição que permitem aos professores, treinadores, médicos e ergonometristas,
obter informações sobre a morfologia e o crescimento corporal da população infantil.
Sociólogos, economistas e políticos podem também, com base neste tipo de informação,
estudar os efeitos da organização e condições socioeconómicas da sociedade no processo de
crescimento e morfologia dos cidadãos mais jovens e estabelecer políticas de educação, saúde
e de investimento em estruturas que visem minorar problemas identificados neste tipo de
estudos, nomeadamente os que se relacionam com os estatutos ponderais de subnutrição e
obesidade, e com situações de atraso e precocidade no crescimento corporal e maturação
biológica.
O acompanhamento das variações antropométricas fornece importantes informações que
auxiliam o clínico no acompanhamento de respostas a tratamentos, na verificação do estado
nutricional e de anormalidades do desenvolvimento físico dos indivíduos (Guedes & Guedes,
1997).
A aplicação de uma ficha antropométrica na escola como instrumento pedagógico na
Educação Física aumenta a capacidade de discussão dos diversos contextos (sociais, culturais
e biológicos), contribuindo para uma intervenção mais efetiva (Beck et al. 2007).
A utilização da antropometria na escola, segundo Petrosky (2007) é justificada por quatro
aspetos: 1) Permite identificar riscos associados à saúde, como os índices excessivamente
altos ou baixos de gordura corporal; 2) Proporciona a monitorização de mudanças na
composição corporal, associadas aos processos de crescimento, desenvolvimento e
maturação; 3) Propicia o acompanhamento das variáveis relacionadas com o crescimento e
desenvolvimento físico em relação à idade cronológica e maturacional; 4) Possibilita a
identificação de disfunções no crescimento ou de perfil morfológico de risco.
24
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
2.2.1- Conceito de Antropometria
O termo Antropometria é de origem grega, onde anthropo identifica “homem” e metry
significa “medida” sendo definido como um conjunto de técnicas padronizadas para
sistematicamente realizar medições do corpo (Malina & Bouchard, 1991). A antropometria é
composta por várias subdisciplinas, referindo-nos aqui apenas à “antropometria de superfície”
ou somatometria, relacionada com a morfologia corporal externa.
Sobral (1985) identifica as seguintes subdisciplinas ou áreas da antropometria: 1)
Somatometria que consiste na avaliação das dimensões corporais do indivíduo vivo; 2)
Cefalometria que se ocupa das medidas da cabeça do indivíduo vivo; 3) Osteometria tem
como objeto as dimensões dos ossos pós-cranianos; 4) Pelvimetria que se ocupa das medidas
pélvicas no ser vivo e no esqueleto; 5) Odontometria em que o objeto de estudo são as
dimensões dos dentes e dos arcos dentários.
A grande variação da morfologia externa, sobretudo para compreender as suas causas,
constitui um dos principais objetivos da investigação, (Sobral et al. 2007). Para avaliar essa
grande variação, os procedimentos antropométricos mais aceites a nível internacional são os
de Lohman et al. (1988) e a nível nacional Sobral (1989), Fragoso & Vieira (1991) e Coelho e
Silva (2001), que consideram medições de estatura, massa corporal, perímetros, diâmetros,
pregas adiposas subcutâneas, densidade corporal e índices resultantes de cálculos a partir de
outras medidas.
No contexto da Educação Física, da Medicina Pediátrica e do Desporto, a antropometria serve
para a compreensão de diferentes aspetos referentes ao desenvolvimento do corpo humano,
assim como para determinar relações entre dimensões corporais e performances desportivas.
Na morfologia das ciências do desporto em populações pediátricas, ainda continua a existir
uma descontinuidade entre conhecimento teórico e instrumental provocado pelas disciplinas
fundacionais, como a endocrinologia, ortopedia, auxologia, fisiologia e ergonomia, com as
disciplinas objectalmente dependentes, como a teoria e metodologia do treino desportivo
(Coelho e Silva et al. 2009).
25
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2.2.2- Procedimentos para a avaliação antropométrica
As avaliações antropométricas relativas à antropometria de superfície exigem o conhecimento
minucioso da morfologia humana e dos pontos de medição associados, das técnicas de
utilização dos equipamentos e dos protocolos relativos a cada medição, que possibilitam a
uniformização dos procedimentos de avaliação antropométrica.
Desde o início dos anos 80 que Francisco Sobral é um nome de referência nos estudos
antropométricos realizados em Portugal. Sobral, Fragoso e Vieira, e mais recentemente
Coelho e Silva, são autores de publicações de referência sobre metodologias de avaliação
antropométrica. Em todos estes autores é recorrente a referência aos procedimentos de
avaliação antropométrica estabelecidos por Lohman, Roche & Martorell (1988). Por este
motivo o Anthropometric Standadization Reference Manual constituiu-se como uma das
principais fonte de informação relativamente aos procedimentos e técnicas antropométricas de
superfície.
A recolha de dados antropométricos é um procedimento que requer a aplicação das técnicas e
protocolos estandardizados por parte de avaliadores treinados, sendo a perícia destes uma das
principais fontes de erro das medições. Para Petroski (1995) o termo “técnica antropométrica”
refere-se à recolha de medidas corporais, de dobras cutâneas, circunferências e diâmetros, e à
correspondente utilização em equações estimativas da percentagem de gordura. A utilidade e
valor dos dados antropométricos relacionam-se fundamentalmente com a possibilidade de
efetuar comparações entre sujeitos ou grupos de sujeitos, sendo por isso necessário utilizar
procedimentos estandardizados com uma descrição minuciosa das técnicas utilizadas (Sobral,
1985).
Oliveira & Guimarães (2003) refere alguns dos principais procedimentos necessários para as
medições antropométricas clássicas, onde incluem a medição das pregas adiposas
subcutâneas. Entre as regras básicas para garantir a maior precisão dos resultados, os autores
consideram que se deve ter em atenção: a equipa de avaliadores deve estar muito bem treinada
para que se diminua a probabilidade de erros na aplicação dos testes; é importante que se
tenha grande familiarização com os pontos anatómicos e forma de funcionamento, manuseio e
escalas dos equipamentos; o avaliador obtém medidas repetidas em vários avaliados,
comparando os resultados com outro avaliador; avaliadores diferentes realizam medidas num
mesmo grupo de sujeitos e os resultados são comparados (variação interavaliadores); o local
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________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
onde será feita a avaliação antropométrica deve permitir o livre deslocamento do profissional
em torno do avaliado, sendo a temperatura ambiente confortável; o plano da base sobre o qual
se posiciona o indivíduo ou o equipamento deve estar nivelado; não esquecer que os
equipamentos usados devem ser frequentemente aferidos; o avaliado deve ser esclarecido
quanto às medidas que serão feitas para que se sinta mais a vontade. O avaliado deve ser
orientado a comparecer para o teste usando fato de banho que facilita a localização dos pontos
anatómicos; para realizar a avaliação, a postura do avaliado será a posição anatómica, com as
variações necessárias em algumas medidas.
2.2.2.1- Posição antropométrica e pontos anatómicos
A padronização das condições de medição é fundamental para a fiabilidade das avaliações.
Nessa padronização destaca-se a importância da definição das posições do corpo e segmentos
a medir e a marcação precisa dos pontos de medição (Sobral et al. 2007).
A posição antropométrica de referência pode ser identificada pelos eixos (longitudinal,
antero-porteior e lateral) e os planos (sagital, frontal e transversal). O plano sagital divide o
corpo em duas partes iguais, a parte esquerda e a parte direita. O plano frontal que também é
na vertical, divide o corpo em partes anterior (frontal) ou posterior (dorsal). Na perpendicular
ao eixo longitudinal está o eixo antero-posterior e o eixo lateral. O plano transversal, corta
transversalmente o corpo em ângulos retos com os planos sagital e frontal, dividindo-o em
parte superior e inferior (idem).
Figura 2- Planos e eixos da posição antropométrica de referência. (Adaptado de Sobral et al. (2007).
27
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Em relação aos pontos anatómicos, estes devem ser corretamente identificados por palpação,
devendo ser marcados, para que a colocação do instrumento de medida seja no ponto
padronizado (Oliveira & Guimarães, 2003).
Segundo Sobral et al. (2007) os pontos de referência antropométrica são de fácil localização,
sendo no entanto necessário por parte do avaliador, desenvolver alguma perícia através do
conhecimento anatómico da morfologia corporal e da prática sistemática, por forma a reduzir
os efeitos das fontes de erro de medida.
Quadro 2- Pontos de referência antropométrica definidos por Sobral et al. (2007).
Pontos Antropométricos
Pterion
Localização
No ponto inferior e posterior do calcâneo
Acropodion
No ponto anterior do dedo grande do pé
Sphyrion tibiale
No ponto distal do maléolo interno
Sphyrion fibulare
No ponto distal do maléolo externo
Tibiale laterale
Situado no bordo externo da cabeça da tíbia
Tibiale mediale
No ponto anterior da cabeça da tíbia
Dactylion
No ponto distal do dedo médio da mão
Stylion
Corresponde ao ponto mais alto da apófise estilóide do rádio
Trochanterion
No ponto superior do grande trocântere
Symphysion
No bordo superior da sínfise púbica
lliocristale anterior
No ponto anterior da crista ilíaca
Iliocristale ou supracristale
Corresponde à maior projeção externa da crista ilíaca
lIiocristale posterior
No ponto posterior da crista ilíaca
Xyphion
Situa-se no ponto inferior do esterno
Mesoesternale
No ponto medio do esterno, aproximadamente ao nível da 4ª articulação
condro-esternal
Supra-esternale
No plano mediano do bordo superior do manúbrio do esterno
Acromiale
No ponto do acrómio que mais se projeta lateralmente
Cervicale
Na proeminência posterior da 7ª vértebra cervical
Vertex
No ponto superior da caixa craniana, no plano mediano.
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________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
2.2.2.2- Principais medidas antropométricas
Para Sobral et al. (2007) as principais medidas simples incluem-se numa das seguintes
categorias: tamanho corporal, diâmetros, circunferências e pregas adiposas subcutâneas.
Quadro 3- Principais medidas antropométricas simples, segundo Sobral et al. (2007).
Medidas Antropométricas Simples
Tamanho Corporal
Diâmetros
Circunferências
Pregas Adiposas Subcutâneas
Massa Corporal
Estatura
Altura Sentado
Comprimento dos membros inferiores
Envergadura
Biacromial
Bicristal
Bicôndilo-umeral
Bicôndilo-femoral
Abdominal
Anca
Braquial
Geminal
Tricipital
Bicipital
Crural
Geminal
Subescapular
Suprailíaca
Abdominal
Nas mediadas antropométricas compostas ou calculadas através de fórmulas (Quadro 4)
Sobral et al. (2007) referem o IMC, índice córmico, índice de androginia, rácio
abdómen/anca, soma das pregas de gordura subcutânea e o rácio tronco/membros
Quadro 4- Principais medidas antropométricas compostas, segundo Sobral et al. (2007).
Medidas Antropométricas Compostas
Índice de massa corporal
Índice córmico
Índice de androginia
Rácio abdómen/anca
Soma das pregas de gordura
subcutânea
Rácio tronco/membros
Massa corporal/estatura2
(Altura sentado/estatura) x 100
(3 x diâmetro biacromial – diâmetro bicristal)
(Circunferência abdominal / circunferência da anca) x 100
(prega tricipital + prega subescapular)
(subescapular + suprailíaca + abdominal) / (tricipital + bicipital +
geminal)
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________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Existem muitas outras medidas compostas ou calculadas, de entre as quais se destacam as
relativas à avaliação corporal.
Quadro 5- Medidas de avaliação ponderal e de composição corporal.
Medidas de Avaliação
Fórmulas
D = 1,0764 - 0,00081 X1 - 0,00088 X2
em que X1 representa o valor da prega suprailíaca e X2 o da prega tricipital.
- Sloan, Burt e Blyth, publicada em 1962 apud Sobral et al. (2007)
Densidade
(Sobral et al. 2007)
Aplicável a crianças
D = 1.067 - 0.0014 X1 - 0.0003 X2 - 0.0025 X3 - 0.0022 X4 + 0.0263 X5 (sexo
masculino).
Pregas: X1 = tricipital X2 = suprailíaca; Circunferências: X3 = do pulso X4 = da
coxa; Diâmetros: X5 = do pulso
- Boileau et al. (1981) apud Sobral et al. (2007)
Pregas tricipital (T) e geminal (G)
♂ 0.735 (T + G) + 1.0
♀ 0.61 (T + G) + 5.1
Pregas tricipital (T) e subescapular (Sub)
Adolescentes brancas ou afro-americanas 8 – 17 anos
1.33 (tric + sub) – 0.13 (tric + sub)2 – 2.5
Peso Ideal Desejável
Adolescentes brancos
Pré-pubertários
♂ 1.21 (T + Sub) – 0.008 (T + Sub)2 – 1.7
Pubertários
♂ 1.21 (T + Sub) – 0.008 (T + Sub)2 – 3.4
Póspubertários
♂ 1.21 (T + Sub) – 0.008 (T + Sub)2 – 5.5
Quando o somatório de pregas tricipital (T) e subescapular (Sub) é superior a 35mm
♂ 0.783 (T + Sub) + 1.6
♀ 0.546 (T + Sub) + 9.7
Homens: peso ideal desejado: ={peso- (peso X G%) / 100} / 0,84
(Fernandes Filho, 1999)
Mulheres: peso ideal desejado: ={peso- (peso X G%) / 100} / 0,77
% MG
(Slaughter et al. 1988)
2.2.3- Avaliação ponderal e da composição corporal
Os casos particulares da avaliação ponderal e da composição corporal têm ocupado muitas
atenções dos estudos antropométricos em crianças principalmente por causa do aumento
significativo da obesidade em adultos e do hipotético aumento da obesidade em crianças.
Segundo Artioli (sd), a avaliação da composição corporal é importante para realizar o
diagnóstico da obesidade, uma doença que tem aumentado muito nas últimas décadas e que
está associada a diversas outras patologias, sendo também realizada a avaliação da
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________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
composição corporal em rotinas de avaliação física em ginásios, personal trainers e também
nas escolas através da bateria de testes FITNESSGRAM.
A relação obesidade/patologia é verdadeira, mas não absoluta e ocorre essencialmente na
idade adulta. Nas crianças essa relação é quase inexistente (Martins de Carvalho, 2007).
Na impossibilidade da avaliação da %MG corporal, os estudos têm frequentemente recorrido
ao indicador do Índice de Massa Corporal (IMC). Este índice associa as medidas da estatura e
da massa corporal, mas não identifica a massa adiposa que é o fator verdadeiramente
associado ao conceito de obesidade.
A avaliação ponderal (avaliação da massa corporal total) é por si só um elemento informativo
importante relacionado com a saúde, estado nutricional, estádio de crescimento e carga
interna de treino. O indicador de IMC que associa a massa corporal à estatura adquiriu
especial interesse com os resultados de estudos realizados em adultos, identificadores de
correlações significativas entre: IMC e obesidade; obesidade e risco de ocorrência de doenças
cardiovasculares em adultos.
No estudo da composição corporal existem três métodos de avaliação: os diretos, os indiretos
e os duplamente indiretos (Fragoso & Vieira, 2006).
Os métodos diretos medem diretamente os tecidos que compõem o corpo humano, podendo
ser feito de duas maneiras, uma delas o corpo cadáver é dissolvido numa solução química,
analisando-se posteriormente a quantidade de gordura presente. Outra técnica consiste em
dissecar fisicamente cada um dos componentes corporais do cadáver (McARDLE et al. 2001).
Segundo Barata (1994) os métodos diretos, embora mais rigorosos têm pouca aplicabilidade
prática, sendo no entanto, mais utilizados em investigações de validação dos métodos
indiretos. Os métodos indiretos são menos rigorosos, menos dispendiosos e de maior
aplicabilidade prática, embora não dispensem o domínio de uma técnica correta e de um
período de aprendizagem e treino da mesma.
Quanto aos métodos indiretos, são aqueles que se baseiam em princípios físicos e químicos
para estimar os diversos componentes da composição corporal. Entre os métodos indiretos
31
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
incluem-se a densitometria através de pesagem hidrostática, a pletismografia (medição da
densidade corporal através do deslocamento de ar), a ressonância magnética, a tomografia
computorizada e DEXA (do inglês, Dual X-Ray Absortiometry) (Artioli (sd); McARDLE et
al. 2001; Queiroga, 2005; Fragoso & Vieira, 2006; Sobral et al. 2007).
Os métodos duplamente indiretos são modelos matemáticos de estimativas e predições
baseados nos métodos indiretos (Artioli, sd). São técnicas antropométricas de avaliação da
composição corporal através da medição das pregas adiposas subcutâneas, perímetros, e
diâmetros corporais. Englobam também técnicas de avaliação como a bioimpedância, a
condutividade elétrica e interactância de raios infravermelhos (Queiroga, 2005; Fragoso &
Vieira, 2006). Os duplamente indiretos têm a grande vantagem de serem mais acessíveis,
simples, rápidos, não invasivos e de baixo custo, devido à simplicidade das medidas por meio
de fitas métricas, paquímetros e compassos, possibilitando um rápido treino de avaliadores, e
que sejam facilmente aplicados em grandes populações Guedes (1994); Petroski & Pires Neto
(1995); Roche et al. (1996); Costa (1999); Fernandes Filho (1999); Cole & Rolland-Cachera
(2002); Queiroga (2005); Fragoso & Vieira (2006).
2.2.3.1- Avaliação antropométrica de pregas adiposas subcutâneas e massa
adiposa corporal
A medição das pregas adiposas subcutâneas faz-se segundo Heyward et al. (1996) com
recurso a um adipómetro, que assegura o exercício de uma pressão constante de 10mg/cm2
por parte das duas molas que o compõem, devendo, portanto, garantir-se a sua calibração
regular. Os adipómetros mais comuns são o americano Lange e o inglês Harpender.
Segundo Fernandes Filho (1999) a medição das pregas cutâneas, por ser uma técnica simples,
pouco cara e de fácil manuseio e, sobretudo, por apresentar alta fidedignidade e correlacionarse muito bem com técnicas mais sofisticadas, tem sido o método preferido dos pesquisadores
na área do exercício físico e nos desportos. Seguindo a mesma linha de pensamento Guedes
(1994) apresenta a medição das pregas adiposas como uma forma indireta de medir a
adiposidade corporal. A medida de pregas estabelece uma relação linear entre os pontos
anatómicos pinçados e a adiposidade corporal, através da determinação absoluta da espessura
do tecido subcutâneo expresso em milímetros, valores que depois são inseridos em fórmulas
32
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
que integram fatores que relacionam a adiposidade subcutânea com a adiposidade corporal
total. Contudo, a medição das pregas adiposas subcutâneas adapta-se mal à avaliação de
obesos, pessoas muito magras ou muito musculadas, colocando algum desconforto aos
avaliados (Lohman et al. 1988).
Na medição das pregas adiposas subcutâneas é importante cumprir algumas regras no
momento de medir. Primeiro é necessário a determinação e marcação exata do ponto
anatómico, minimizando as diferenças inter e intra-avaliadores. Depois separar-se o tecido
adiposo subcutâneo do tecido muscular, utilizando os dedos polegar e indicador da mão
esquerda (para avaliador destro); agarrar-se a prega adiposa subcutânea um centímetro acima
do ponto anatómico marcado; a seguir ajustam-se as extremidades do equipamento sobre o
ponto anatómico e na profundidade adequada onde só estejam presentes os folhetos adiposos
e de pele, e aguardam-se 2 a 3 segundos para fazer a leitura. Devem-se realizar duas medidas
e se houver diferenças nos resultados superiores às margens de erro estabelecidas, faz-se uma
terceira medição. Deve medir-se sempre do lado direito do corpo, estando o avaliado numa
posição confortável e com a musculatura relaxada, indicando-se a posição ortostática para a
maioria das medidas (Benedetti et al. 1999 e Fernandes Filho, 2003, apud Daronco et al.,
2011)
Farinatti & Monteiro (1992) e Fernandes Filho (2003), apud Daronco et al. (2011)
identificam alguns erros cometidos pelos avaliadores na medida de pregas adiposas
subcutâneas, que são: destacar a pregas num ponto anatómico inadequado; destacar a prega no
eixo corporal incorreto; entrar com as extremidades do adipómetro muito próximas ou
demasiadamente distantes dos dedos; não colocar o adipómetro perpendicularmente às pregas
adiposas subcutâneas; entrar com o adipómetro muito profundamente ou superficialmente à
prega; pinçar estrutura extra à prega; esperar demasiado tempo para fazer a leitura após o
pinçamento da prega; repetir várias vezes seguidas o pinçamento de uma mesma prega; soltar
a prega, ainda com o compasso no local do pinçamento, para realizar a leitura; realizar a
medida logo após a prática de atividades físicas; numa reavaliação, utilizar equipamento
distinto do utilizado na avaliação anterior; utilizar equipamentos não calibrados.
33
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
2.2.3.2- Percentagem de massa gorda
A composição corporal é um importante indicador da condição física individual. Existe
grande variabilidade inter-individual de proporções nas componentes da massa corporal total.
De entre as diversas componentes, segundo os diferentes modelos de avaliação, a massa gorda
é uma componente utilizada como indicador de aptidão física e indicador de alterações
induzidas pelo exercício físico.
O corpo humano é composto por quatro elementos primários: água, proteína, mineral e
gordura, sendo então a massa corporal = água + proteína + mineral + gordura, (Malina &
Bouchard, 1991; Fragoso & Vieira, 2006; Sobral et al. 2007). O processo de crescimento
incrementa a presença relativa de sólidos (proteína e minerais) na massa não gorda,
verificando-se simultaneamente um decréscimo do teor de água, (Sobral et al. 2007). No
adulto jovem masculino, a água constitui cerca de 55 a 65% da massa corporal. O conteúdo de
água preenche 72 a 74 % de massa não gorda, enquanto a massa gorda contém em média
cerca de 20% de água. Segundo os mesmos autores, desde o nascimento até ao estado adulto
verifica-se o aumento em termos absolutos, de água e proteína na massa não gorda, enquanto
o conteúdo mineral, principalmente na massa óssea, é estável durante a infância, aumentando
somente nos últimos anos deste período.
“Crianças e adolescentes com percentagens de gordura superiores a 25% e 30% para rapazes e
raparigas, respetivamente, têm maior probabilidade de desenvolverem em adultos fatores de
risco primários de doenças das artérias coronárias, tais como hipertensão e o colesterol
elevado” (Williams et al. 1992, apud FITNESSGRAM, 2002, p17). Na mesma linha, também
Roche & Sun (2003) consideram que o excesso de peso na infância aumenta o risco de
hipertensão, insulinodependentes, diabetes e outras doenças crônicas na idade adulta.
Sardinha (1997) refere que o contributo relativo da massa gorda e da massa isenta de gordura
na composição corporal do organismo poderá caraterizar genericamente o estatuto nutricional,
indiciar a presença de alguns fatores de risco para as doenças cardiovasculares futuras, e
constitui-se também como um indicador indireto dos níveis de atividade física habitual e de
aptidão física.
Pessoas fisicamente ativas possuem muito menos gordura corporal total do que os indivíduos
inativos (Fox & Mathews, 1983). A composição corporal e a componente de % MG alteram34
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
se com a realização de diferentes exercícios físicos. O exercício aeróbio prolongado necessita
de um gasto calórico acrescido e, se o consumo calórico (alimentar) permanecer sem
alteração, o gasto calórico acrescido implica perda de peso, porque nesse caso, a dieta
alimentar não é suficiente para as necessidades energéticas e é necessário mobilizar reservas
energéticas acumuladas, principalmente, as gorduras acumuladas no tecido adiposo e a
mobilização de massa muscular para transformar em substrato energético (McArdle et al.
1998).
Segundo Fox & Corbin (1991) a gordura corporal é armazenada no corpo, em volta dos
órgãos principais e no interior dos músculos, mas mais de metade é armazenada numa
camada, exatamente, sob a pele, o que torna a gordura em excesso um fenómeno visível. As
raparigas acumulam mais MG subcutânea, nas extremidades, ancas e coxas do que os rapazes,
em todas as idades. Os rapazes apresentam um padrão de deposição da gordura mais
centralizada, acumulando mais MG no tronco e no abdómen (Malina & Bouchard, 1991).
A avaliação das pregas adiposas subcutâneas dá-nos outra perspetiva sobre a adiposidade
corporal, que é importante na avaliação da aptidão física relacionada com a saúde,
apresentando algumas vantagens relativas e complementares de indicadores como a % MG. É
importante referir que as pregas incluem gordura subcutânea, pele, água, tecido conjuntivo,
nervos e vasos sanguíneos (Sobral et al. 2007) e que ao serem mensuradas os valores obtidos
não correspondem na sua totalidade a gordura.
Deste modo, a avaliação antropometria através da medição das pregas adiposas subcutâneas,
permite uma predição da %MG com elevado rigor e é um método adequado de avaliação, que
permite atingir resultados com menos pressupostos que a simples avaliação do IMC.
35
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
2.2.4- Estatuto nutricional e obesidade na infância
A nível internacional, o Índice de Massa Corporal (IMC) é um dos indicadores mais
referenciados para a determinação do sobrepeso e obesidade de uma população. Existe uma
panóplia de informação relativa ao IMC de crianças oriundas de diversos pontos do globo, e
dados de referência deste indicador têm sido usados ou recomendados como importantes na
monitorização do crescimento, sobrepeso e obesidade em diversos países.
A relação entre a massa corporal e a altura, é expressa pelo IMC, também conhecido como
Índice de Quetelet, definido como o cálculo do peso do indivíduo em quilogramas, divididos
pelo quadrado da altura em metros (Kg/m2), e é segundo Mancini (2002), um método
bastante utilizado, porque tem um cálculo simples e rápido, apresentando boa correlação com
a adiposidade corporal na população adulta (WHO, 1998). Este indicador é associado na idade
adulta a problemas cardiovasculares, apresentando limitações na avaliação da obesidade em
crianças (Dietz, 1999, apud Martins Carvalho, 2007).
A verificação do completo desajuste de utilização dos pontos de corte definidos para o
sobrepeso (IMC ≥25) e obesidade (IMC ≥30) dos adultos nas crianças e jovens levou a que se
desenvolvessem estudos com critérios baseados em pontos de corte associados a valores
percentílicos com base nesses estudos. Cole et al. (2000) baseando-se em dados provenientes
de vários países (várias etnias), conceberam uma proposta para a definição de valores de IMC
ajustados à idade e sexo de crianças e jovens até aos 18 anos.
Tabela 1- Pontos de corte de IMC para o sobrepeso e obesidade referenciados por Cole et al. (2000), para as
idades referentes ao nosso estudo.
Idade
6
6,5
7
7,5
8
8,5
9
9,5
10
10,5
Sobrepeso
Masculino
17,55
17,71
17,92
18,16
18,44
18,76
19,10
19,46
19,84
20,20
Obesidade
Feminino
17,34
17,53
17,75
18,03
18,35
18,69
19,07
19,45
19,86
20,29
36
Masculino
19,78
20,23
20,63
21,09
21,60
22,17
22,77
23,39
24,00
24,57
Feminino
19,65
20,08
20,51
21,01
21,57
22,18
22,81
23,46
24,11
24,77
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Segundo Ogden & Flegal (2010) uma associação médica americana manteve os dois valores
de corte dos percentis 85º e 95º de IMC para descrever e avaliar o sobrepeso e obesidade em
crianças, contudo modificou a terminologia do IMC do P85º até ao P95º como ''excesso de
peso'' e ao IMC igual ou acima do P95º como “obesidade''. Assim, a terminologia para
sobrepeso e obesidade infantil recomendada pelo CDC (Ogden & Flegal, 2010), com
referência aos valores percentílicos do IMC, é a seguinte (Quadro 6):
Quadro 6- Terminologia do IMC para o sobrepeso e obesidade recomendada pelo CDC.
Categoria de Peso
Baixo Peso
Percentil
< 5ºPercentil
≥ 5ºPercentil e <85º Percentil
Peso saudável
Excesso de Peso
≥ 85ºPercentil e < 95º Percentil
≥ 95ºPercentil
Obesidade
O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) através dos gráficos de crescimento nos
Estados Unidos da America (CDC-2000), definiram valores de IMC para sobrepeso e
obesidade, que consideram poder ser um instrumento de rastreio para monitorizar o excesso
de peso e a obesidade em crianças e adolescentes com idades entre os 2 e os 20 anos.
A OMS constituiu o Sistema Europeu de Vigilância Nutricional Infantil – WHO European
Childhood Obesity Surveillance Initiative – para analisar as caraterísticas do estado
nutricional infantil de crianças dos 6 aos 10 anos. Em Portugal, a avaliação do estudo (COSI –
Portugal, 2008/2009) abrangeu 3847 crianças de 185 escolas. As crianças foram avaliadas
através dos parâmetros antropométricos (peso e estatura), sendo utilizado o IMC em relação
aos P85º e P95º das tabelas do CDC, aquelas que igualmente se encontram no Boletim de
Saúde Infantil. Os resultados mostram que os rapazes, em média, são mais altos e mais
pesados que as raparigas, sendo a média da estatura de 122,4cm nas raparigas e de 124,3 nos
rapazes. No que diz respeito ao peso este foi de 26,6kg nas raparigas e de 27,3kg nos rapazes.
Com base nos critérios do CDC, a prevalência de pré-obesidade foi de 18,1% (P85º ≤ IMC ≥
P95º) e de obesidade de 13,9% (IMC ≥ P95º), somando uma prevalência de 32% de excesso
de peso (IMC ≥ P85º). O excesso de peso foi maior nos rapazes (32,9%) do que nas raparigas
(31,0%).
37
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Embora o IMC pode ser utilizado para triagem de excesso de peso e obesidade em crianças e
adolescentes, não deve ser utilizado como uma ferramenta de diagnóstico. Na massa corporal
e no IMC, crianças situadas no P3º devem ser alvo de atenção pois apresentam-se subnutridas,
assim como crianças situadas no P90º representam sobrepeso ou obesidade (Maia et al. 2007).
A obesidade infantil é um grave problema de saúde pública, tendo tomado proporções
epidémicas em todo o mundo (Ogden et al. 2002, Lobstein & Frelut, 2003).
Ao nível escolar em Portugal, o IMC é utilizado no âmbito da aplicação da bateria de testes
FITNESSGRAM que estabelece critérios de relação IMC/saúde, considerando três zonas:
Zona Saudável de Aptidão Física (ZSAF), abaixo da ZSAF e acima da ZSAF, zona esta,
associada à expressão “Precisa Melhorar”, indicando que o peso do aluno é demasiado
elevado para a estatura.
Em Portugal foram realizados vários estudos utilizando a faixa etária dos 6-10 anos, estudos
esses que obtiveram resultados em que apresentavam elevadas taxas de excesso de peso
(sobrepeso + obesidade), para os valores de corte do International Obesity Task Force (IOTF)
e que utilizam os valores de IMC propostos por Cole et al. (2000). Os elevados valores de
excesso de peso foram detetados nos estudos de Padez et al. (2004), (31%); Rodrigues et al.
(2006), (26% nos rapazes e 31% nas raparigas) e Anastácio (2009) (31.9%). Já Pereira (2008)
verificou numa amostra de 3699 crianças dos 6 aos 10 anos da Região Autónoma dos Açores
que 22,8% das meninas e 17,6% dos meninos tem sobrepeso; e 13,2% das meninas e 12,3%
dos rapazes eram obesos. No estudo de Casado (2011) realizado no concelho de Mira das 227
crianças que compunham o estudo 35,7% das crianças medidas tinham excesso de peso e
16,3% obesidade. Os dados do estudo de Padez et al. (2004) dão-nos uma ideia da tendência
(trakking) evolutiva do IMC na população infantil portuguesa.
O aumento do IMC não define se o aumento da massa corporal se deve ao aumento de massa
adiposa ou ao aumento da massa isenta de gordura. Um valor elevado de IMC nem sempre
representa um elevado peso corporal constituído por excesso de gordura, podendo esse peso
corporal ser representado por um elevado conteúdo de massa muscular, massa óssea ou
diferentes tecidos isentos de gordura (Fernandes Filho, 1999; Mcardle et al. 2001; Queiroga,
2005). O IMC pode falsear a identificação de um aluno magro muito musculado, como tendo
demasiado peso para a estatura, ou um aluno com peso a menos com pouco desenvolvimento
38
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
muscular e uma %MG elevada, como estando na ZSAF, quando na realidade tem peso a mais
(FITNESSGRAM, 2002).
Nesse sentido, aconselha-se a avaliação da obesidade pelo recurso a medidas de avaliação da
%MG (Lohman, 1992; FITNESSGRAM, 2002; Martins de Carvalho, 2007). A identificação
da massa adiposa é o fator verdadeiramente associado ao conceito de obesidade.
Nas escolas, a bateria de testes FITNESSGRAM, define para a avaliação da composição
corporal através da %MG os seguintes valores: para os rapazes a ZSAF, situa-se entre 10 e 20
%MG, inferior a 10% indicador de magreza (7% a 10% baixo e < a 7% muito baixo) e
superior a 25% precisa de melhorar (25% a 31% elevado e > 31% muito elevado). Para as
raparigas a ZSAF situa-se entre os 17% e os 32%, inferior a 17% indicador de magreza (13%
a 17% baixo e < a 13% muito baixo) e superior a 32% precisa de melhorar (32% a 36%
elevado e > 36% muito elevado).
Já Deurenberg, P; Pieters, J. & Hautuast, J. (1990) apud Fernandes Filho (1999) classificam a
%MG em crianças dos 7 aos 17 anos, da seguinte forma (Tabela 2):
Tabela 2- Tabela de normalidade para a percentagem de massa gorda (crianças e adolescentes de 7 a 17 anos),
em função da idade e género.
Classificação
Excessivamente baixa
Baixa
Adequada
Moderadamente alta
Alta
Excessivamente alta
Feminino
Até 12%
12,01 a 15%
15,01 a 25%
25,01 a 30%
30,01 a 36%
>que 36,01%
Adaptado de Deurenberg, P; Pieters, J. & Hautuast, J. (1990) apud Fernandes Filho (1999)
39
Masculino
Até 6%
6,01 a 10%
10,01 a 20%
20,01 a 25%
25,01 a 31%
>que 31,01%
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
2.3- Avaliação da Aptidão Física em crianças
A Aptidão Física (ApF) na infância é uma das componentes do processo de desenvolvimento
motor que decorre desde o nascimento até à fase matura.
Um dos principais objetivos da EF é motivar os jovens e adolescentes a participarem e a
manterem a atividade física necessária para a obtenção ou manutenção de um bom nível de
condição física. Na escola deve-se promover de uma forma conhecedora e empenhada, a
prática de exercício físico regular, já que é no decorrer deste período que se instalam grande
parte dos hábitos morbidogénicos (Rocha & Pereira, 2006).
A ApF em crianças e adolescentes deve ser desenvolvida de modo a incentivar uma adoção de
um estilo de vida apropriado, com a prática de exercício físico, tendo o intuito de desenvolver
e manter uma condição física suficiente para um bom nível de saúde e capacidade funcional
ao longo dos anos.
2.3.1- Conceito de Aptidão Física
A definição de ApF tem tido alguns ajustes ao longo dos anos. A variabilidade de definições
que encontrámos e as variadas baterias de testes existentes para avaliar a ApF confirmam a
dificuldade e complexidade do conceito (Quadro 7). A partir da revisão das baterias de testes
de avaliação de ApF publicadas pela AAPHERD (1980) generalizou-se a diferenciação de
dois tipos de ApF, a ApF relacionada com a saúde e a ApF relacionada com a performance.
Quadro 7- Definição do conceito de Aptidão Física ao longo dos anos.
Autor
Darling et al. (1948)
Fleishman (1964)
Karpovich (1965)
Clark (1967)
OMS (1968)
American Academy of Physical
Education (1979)
AAHPERD(1980)
Sobral & Barreiros (1980)
Caspersen et al. (1985)
Conceito
É a capacidade funcional de um indivíduo para cumprir uma tarefa.
Capacidade funcional do individuo para realizar alguns tipos de atividade que exigem empenhamento
muscular.
O grau de capacidade para executar uma tarefa física particular sob condições específicas de
ambiente.
Capacidade de executar as tarefas diárias com vigor e vivacidade, sem apresentar fadiga e com ampla
energia para fruir os momentos de lazer e enfrentar emergências imprevistas.
Capacidade de produzir satisfatoriamente trabalho.
A aptidão física é a capacidade de executar tarefas diárias com vigor e vitalidade, sem fadiga
excessiva e com energia para realizar as ocupações das horas de lazer e para enfrentar emergências
imprevistas
É um continuum multifacetado que se prolonga desde o nascimento até à morte. Os níveis de aptidão
física são afetados pela atividade física e variam desde a capacidade ótima em todos os aspetos da
vida até limites de doença e disfunções.
Capacidade de efetuar, de modo eficiente, um determinado esforço.
Um conjunto de atributos que as pessoas têm ou adquirem e que estão relacionados com a capacidade
40
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Pate (1988)
AAHPERD(1988)
Nieman (1990)
Wilmore (1990)
Rowland (1990)
Safrit (1990)
Heyward (1991)
Miller e col. (1991)
Marsh (1993)
Kent (1994)
Bouchard et al. (1994)
Noah (1994)
Ratliffe & Ratliffe
(1994)
ACSM (1995)
Safrit & Wood (1995)
Sobral (1996)
Prentice (1997)
Gallahue & Ozmun
(2001)
Riklie Jones (2001)
Maia et al. (2001)
de executar atividades físicas.
E um estado caracterizado por uma capacidade de executar atividades diárias com vigor e pela
demonstração de traços e capacidades que estão associadas ao baixo risco de desenvolvimento
prematuro de doenças hipocinéticas.
É um estado de bem-estar físico que permite às pessoas realizar atividades diárias com vigor, reduzir
o risco de problemas de saúde relacionados com a falta de exercício.
Estado dinâmico de energia e de vitalidade que permite cada um realizar não somente as atividades
do cotidiano, as distrações dos tempos livres, fazer face a situações imprevisíveis sem excesso de
fadiga, mas também combater as doenças hipocinéticas, proporcionando um nível ótimo de
capacidade intelectual e sentido de alegria de viver.
Capacidade de realizar níveis de atividade física moderada e atividade sem excesso de fadiga e com
capacidade para manter tais índices de ApF ao longo da vida.
Estado geral de prontidão motora e bem-estar, com associação às vertentes da saúde, bem estar físico,
social e desportivo-motor.
É um constructo multifacetado.
Capacidade para a realização de tarefas profissionais, recreativas e quotidianas sem excesso de
fadiga.
É a capacidade para realizar trabalho físico continuado, caracterizado pela integração efetiva das
componentes resistência cardiorrespiratória, força muscular, flexibilidade, coordenação e composição
corporal.
E um constructo multidimensional que não pode ser compreendido se a sua multidimensionalidade
for ignorada.
É a aptidão para o fundamento ativo e eficiente, desfrutando dos tempos de lazer e adotando estilos
de vida saudável, resistir às doenças hipocinéticas e com reservas de energia suficientes para ocorrer
a situações de emergência.
É a capacidade de realizar com vigor as tarefas do quotidiano, bem como a demostração de traços e
capacidades que estão associadas ao risco reduzido de desenvolvimento de doenças hipocinéticas.
É a condição na qual é permitido ao corpo a manutenção de ótimos estados de saúde no sentido da
aquisição de ótimos níveis de desempenho físico e mental.
A aptidão física é um estado de bem-estar que habilita as pessoas para o desempenho de atividades
diárias, sem colocar em risco o estado de saúde, estabelecendo ainda fundamentos que habilitam o
indivíduo para a participação em atividades físicas.
É a capacidade para realizar satisfatoriamente atividades físicas e desempenho muscular necessário
para uma determinada ocupação nas tarefas diárias e no desfrutar dos tempos de lazer.
É a capacidade do coração, vasos sanguíneos e sistema muscular para funcionarem a níveis ótimos,
com resultados ótimos de saúde, eficiência no desempenho das tarefas do quotidiano e alegria nas
atividades de tempo de lazer.
Capacidade geral que permite à pessoa realizar, pelos seus próprios meios, um vasto conjunto de
exigências físicas, cujo grau de eficácia depende do valor das capacidades físicas individuais e fazer
face às várias situações “stressantes” do quotidiano.
É o funcionamento eficiente dos sistemas corporais, capaz de proporcionarem à pessoa o
envolvimento eficaz e produtivo nas tarefas do quotidiano, bem como no desfrutar saudável das
atividades de recreação e tempo livre.
A Aptidão Física é um estado de bem-estar, influenciado pelo estado nutricional, pela estrutura
genética e pela frequente participação em várias atividades físicas, de moderadas a intensas,
permanentemente.
É a capacidade fisiológica e/ou física para executar as atividades da vida diária de forma segura e
autónoma, sem revelar fadiga.
A aptidão física é um constructo multidimensional (no sentido quem contém múltiplas dimensões,
componentes, facetas ou traços), não sendo diretamente observável, pelo que se usam indicadores
para a avaliação das diversas dimensões ou facetas.
Adaptado de Freitas (1994) e Martins (2005)
Segundo Coelho e Silva et al. (2003, p38), o conceito de ApF que supostamente é mais vezes
citado, pertence à American Academy of Physical Education (1979), a qual refere que “A
aptidão física é a capacidade de executar tarefas diárias com vigor e vitalidade, sem fadiga
excessiva e com energia para realizar as ocupações das horas de lazer e para enfrentar
emergências imprevistas.” Relativamente à terminologia, para Martins de Carvalho (2007) a
expressão “aptidão física e motora” será a mais completa por abranger as componentes física,
orgânica, e motora, observáveis nos movimentos e posturas corporais.
41
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Segundo AAPHERD (1988) e Pate (1988) a ApF tem duas vertentes, uma mais relacionada
com o rendimento desportivo-motor, em que são avaliados um conjunto diversificado de
componentes ou capacidades, como por exemplo a velocidade, resistência, força e a outra
vertente mais relacionada com a saúde, em que são normalmente avaliadas a flexibilidade, a
força, a capacidade cardiorrespiratória e a composição corporal. A ApF associada à saúde,
que está ligada à prevenção da doença, pela redução dos fatores de risco, pela adoção de um
estilo de vida ativo e melhoria da qualidade de vida e bem-estar, influenciadas pelos níveis de
atividades físicas habituais (AAHPERD, 1980, 1988; Corbin, 1991; Shephard, 1995). A ApF
relacionada com a performance, define-se como sendo a capacidade funcional de um sujeito
em participar em atividades que obriguem empenho motor, ou a aptidão física demonstrada
em competições desportivas, ou na capacidade de executar trabalho (Bouchard, Shephard &
Stephens, 1994).
Pate (1988) acentua a relação Aptidão Física/Saúde considerando a aptidão física como um
estado caraterizado por uma capacidade de executar atividades diárias com vigor e
demonstração de traços e capacidades associadas com o baixo risco de desenvolvimento
prematuro das doenças hipocinéticas, tais como a Obesidade, Cardiopatias, Hipertensão
Arterial, Diabetes Tipo II e Osteoporose.
2.3.2-Fatores que influenciam a Aptidão Física
O estado de ApF é influenciado pela idade e saúde, para além dos processos de crescimento,
de maturação, de treino e género (Malina & Bouchard, 1991). Segundo Gallahue & Ozmun
(2001) a ApF é um estado de bem-estar, influenciado pelo estado nutricional, pela estrutura
genética e pela frequente participação em várias atividades físicas moderadas a intensas.
Corbin,& Pangrazi (2001) identificaram como os fatores mais determinantes para a ApF o
estado de maturação, as condições genéticas, o ambiente e a atividade física. Já para Zílio
(1994), citado por Hilgert & Aquini (2003), a ApF é uma capacidade inata ou adquirida que
confere ao indivíduo a possibilidade de um determinado desempenho motor. Além dos
aspetos físicos, o autor envolve aspetos psicológicos, sociológicos, emocionais e culturais.
Hoeger & Hoeger (2008) referem que os fatores que mais influenciam a ApF e os resultados
obtidos na sua avaliação são a idade, o repouso, a alimentação, o consumo de álcool, o tabaco
e as drogas, as condições psicológicas, o género e a atividade física.
42
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
2.3.3- Componentes da Aptidão Física
Quadro 8- Componentes e fatores da Aptidão Física associada à saúde (adaptado de Bouchard & Shephard,
1994).
Componente morfológica
Componente motora
Componente cardiorrespiratória
Componente muscular
Componente metabólica
-Índice de Massa Corporal
- Composição Corporal
- Distribuição de gordura
- Distribuição de gordura subcutânea
- Gordura visceral
- Densidade óssea
- Flexibilidade
- Agilidade
- Equilíbrio
- Coordenação
- Velocidade de movimentos
- Capacidade submaximal de exercício
- Potência máxima aeróbia
- Função cardíaca
- Função pulmonar
- Pressão sanguínea
- Potência
- Força
- Resistência
- Tolerância à glicose
- Sensibilidade à insulina
- Metabolismo lipídico e lipoproteico
- Oxidação de substratos
Algumas das componentes apresentadas no quadro anterior têm pouca relevância para a
avaliação da ApF de crianças e adolescentes, devido aos problemas de saúde que as justificam
ter pouco significado nestas idades, sendo muito mais importante as componentes associadas
ao desenvolvimento motor, crescimento corporal e desenvolvimento desportivo.
Neto (2009) apresenta componentes funcionais e motoras da aptidão física separadas em dois
grupos, um relacionado à saúde e o outro relacionado à capacidade atlética. Foram
considerados os componentes resistência cardiorrespiratória, força muscular, resistência
muscular, flexibilidade e composição corporal como componentes relacionados com a saúde.
Ao nível do desempenho atlético incluem a agilidade, o equilíbrio, a coordenação, a potência
e as velocidades de deslocamento e de reação.
43
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Quadro 9- Descrição dos componentes funcionais e motoras da Aptidão Física (adaptado de Neto, 2009).
Aptidão Física
Componentes
Resistência
Cardiorrespiratória
Força Muscular
Relacionada à saúde
Resistência Muscular
Flexibilidade
Composição Corporal
Agilidade
Equilíbrio
Coordenação
Relacionada à
capacidade atlética
Potência
Velocidade de
Movimentos
Velocidade de Reação
Definição
Capacidade do organismo em se adaptar a esforços físicos
envolvendo participação dos grupos musculares por
períodos de tempo relativamente longo.
Capacidade de produzir tensão máxima por grupo
muscular específico.
Capacidade do grupo muscular em manter níveis de força
submáxima por período de tempo elevado.
Capacidade de amplitude de articulação específica, ou de
grupo de articulações, quando solicitada na realização de
movimentos.
Proporção do peso corporal em relação aos músculos
osso, gorduras, e outros constituintes do corpo.
Capacidade de trocar rapidamente posição do corpo no
espaço com velocidade e precisão.
Capacidade de sustentação estática ou dinâmica do corpo
por determinado período.
Capacidade de utilização de órgãos e sistemas com outros
segmentos corporais, permitindo execução de tarefas
motoras com suavidade e precisão.
Capacidade de conjugação entre força e velocidade na
execução do trabalho muscular.
Capacidade de executar movimentos repetido na mais alta
possível velocidade individual.
Capacidade de reagir a estímulos no menor tempo
possível.
2.3.4- Avaliação da Aptidão Física
O estado de aptidão física de um indivíduo reflete a capacidade física num dado momento e
possui todas as caraterísticas de um estado variável. A aptidão física é expressão de
potencialidades geneticamente determinadas e da interação de inúmeros fatores psicológicos,
socioculturais, estrutura física, maturidade fisiológica, atividade física habitual, motivação,
entre outros possíveis, que permitem ou não a sua emergência e lhe dão forma (Malina, 1993).
A avaliação da ApF tem-se realizado a partir de provas físicas que foram reunidas em baterias
de testes desde os anos 50, baterias essas que têm vindo a aperfeiçoar-se reforçando a sua
validade e fiabilidade.
Para Coelho e Silva et al. (2003), os projetos que surgiram em Portugal com uma maior
projeção foram o Estudo do Estado de Crescimento e Aptidão Física da População Escolar
dos Açores, desenvolvido por Sobral em 1986 e 1989 e o FACDEX, desenvolvido por Sobral
& Marques em 1990. Poletto (2001) refere que, de acordo com Sobral (1993), o projeto
FACDEX foi concebido em duas vertentes: uma primeira vertente auxológica (que caracteriza
44
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
o estado de crescimento e a maturação) e uma segunda vertente centrada em fatores de
excelência desportivo-motora, sociocultural e motivacional. Os testes físicos da bateria
EUROFIT serviram de base para o projeto FACDEX, o qual incluiu testes de avaliação de
oito componentes da Aptidão Física: Resistência Cardiorrespiratória, Flexibilidade, Força
Superior, Força Abdominal, Força Inferior, Velocidade, Agilidade e Equilíbrio Geral (Sobral,
1993, apud Poletto, 2001).
Quadro 10- Componentes da Aptidão Física e respetivas baterias de testes utilizadas para a sua avaliação
(adaptado de Coelho e Silva et al. 2003, apud Cardoso, 2009).
Componente
Capacidade Aeróbia
Força dos Membros
Inferiores
Força dos Membros
Superiores
Força Abdominal
Flexibilidade
Velocidade e
Agilidade
Baterias de testes utilizadas
AAHPERD; PCPFP; FITNESSGRAM; EUROFIT; UNIFITTEST; FACDEX.
EUROFIT; UNIFITTEST; FACDEX; Leuven Growth Study; Estudo dos Açores
(Sobral, 1986, 1989).
AAHPERD; PCPFP; NYPFP; FITNESSGRAM; EUROFIT; FACDEX;
UNIFITTEST; Estudo dos Açores (Sobral, 1986, 1989); Leuven Growth Study;
Amsterdam Growth Study.
A prova de “sit-ups” (elevações do tronco) é a mais utilizada pela maioria das baterias
de testes, sendo a prova de 60 segundos a sua versão mais comum. Contudo, a
EUROFIT adotou uma versão de “sit-ups” em 30 segundos, a qual evidenciou algumas
alterações no que respeita ao protocolo. A prova de “curl-ups” (enrolamento da coluna
vertebral, sem flexão da articulação pélvico-femoral) e a prova de “leg-lifts”
(elevações dos membros superiores) são outras provas também utilizadas para avaliar
a Força Abdominal. Esta última (“leg-lifts”) foi utilizada tanto no Leuven Growth
Study como no Amsterdam Growth Study, embora de diferentes formas (no primeiro
avaliou-se o número de repetições em 20 segundos enquanto que no segundo avaliouse a contagem do tempo de execução de 10 repetições).
Esta componente é incluída em praticamente todas as baterias de testes de avaliação da
Aptidão Física mencionadas, sendo o teste “sit-and-reach” o mais comum.
FACDEX; UNIFITTEST; EUROFIT; Leuven Growth Study; o Amsterdam Growth
Study, bem como o estudo das populações escolares dos Açores e da Madeira, também
incluem testes de avaliação da velocidade e da agilidade, embora tenham optado por
algumas alterações no âmbito da sua aplicação.
2.3.4.1- Baterias de testes motores
As baterias de testes da American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and
Dance (AAHPERD) que ao longo dos anos foram sofrendo ajustes, têm servido de referência
a muitas outras baterias de testes. A preocupação com a análise da validade estatística das
provas faz desta bateria uma das mais fiáveis. O Eurofit, paralelamente às baterias da
AAHPERD, são baterias de referência, principalmente pelo especial cuidado com os estudos
de validação das provas que o compõem. Como especto menos positivo do Eurofit, salientamse as provas com utilização do cicloergómetro ou tapete rolante. Este tipo de provas não se
adapta ao meio escolar e a estudos com elevado número de sujeitos.
45
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Segundo Freitas (1994) e Coelho e Silva (2008) a primeira bateria de testes da AAHPERD –
Youth Fitness Test- relacionada com a performance, foi publicada em 1958 tendo sido revista
em 1965 e 1976. No ano de 1980 foi apresentada a bateria de testes da AAHPERD – Healthrelated Physical Fitness Test - relacionada com a saúde e em 1988 a bateria de testes da
AAHPERD – Physical Best. Na evolução da estrutura da bateria pode-se verificar que só foi
englobada a análise da composição corporal a partir de 1980 espelhando o conceito subjacente
de performance e saúde.
A bateria de testes FACDEX – Desenvolvimento Somato-motor e Fatores de Excelência
Desportiva na População Portuguesa, foi elaborado como uma bateria de testes adaptada à
população juvenil portuguesa, com uma perspetival abrangente da aptidão física, associando
avaliação de provas físico-motoras à avaliação de sentimentos e pensamentos dos jovens
sobre a sua corporalidade e a prática desportiva (Marques et al. 1991).
Quadro 11- Estrutura da bateria de testes FACDEX (adaptado de Marques et al. 1991).
Componentes
Resistência
Flexibilidade
Força superior
Força média
Força inferior
Velocidade
Coordenação/agilidade
Testes
Corrida de 12 minutos
Sit and reach
Arremesso de um peso de 2 kg
Lançamento da bola de hóquei
Dinamometria manual
Sit-ups em 60 seg.
Salto em comprimento
Corrida de 50 metros
Corrida vaivém 10x5 metros
O projeto que deu origem ao FACDEX não se desenvolveu suficientemente e como tal a
bateria de testes FITNESSGRAM é a que se está impor no âmbito nacional. Esta bateria foi
desenvolvida pelo The Cooper Institute for Aerobics Research com os direitos para Portugal
Pertencentes à Faculdade de Motricidade Humana – Núcleo de Exercício e Saúde, e é de fácil
utilização, apresentando-se orientada para o desenvolvimento harmonioso do aluno, cuja
avaliação funciona como elemento motivador da atividade física regular. Esta bateria avalia
três componentes da Aptidão Física que estão relacionadas com a saúde em geral e com o
bom funcionamento do organismo. Estas componentes são a aptidão aeróbia, a aptidão
muscular e a composição corporal. Contudo, este programa não inclui testes de avaliação da
velocidade de corrida, de coordenação motora, nem de avaliação postural, existindo no nosso
ver, uma lacuna que poderia ser colmatada com o incluir de um teste para cada um dos pontos
referidos.
46
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Maia et al. (2001) refere que a bateria de testes do FITNESSGRAM definiu critérios para
cada grupo etário e sexo em cada item, passando os alunos a serem avaliados em função dos
critérios estabelecidos e não através da comparação com os seus pares. Nesta bateria de testes
pode-se verificar se o programa escolar é adequado, definindo metas a atingir através da
percentagem de alunos que deverá situar-se dentro da Zona Saudável de Aptidão Física
(ZSAF).
Quadro 12- Estrutura da bateria de testes FITNESSGRAM.
Componente de Aptidão
Aptidão Aeróbia
Força Abdominal e Resistência
Força Superior
Aptidão Muscular
Força e Flexibilidade do tronco
Flexibilidade
Testes
- Vaivém
- Corrida 1 Milha
- Marcha (alunos do secundário)
- Abdominais
- Extensões de braços
- Flexões de braços em suspensão modificado
- Flexões de braços em suspensão
- Extensão do tronco
- Senta e alcança
- Flexibilidade de ombros
- Estatura e peso
- IMC
- Medição das pregas adiposa tricipital e geminal
(+ prega abdominal - alunos com mais de 18 anos)
- % MG
-Perímetro da cintura
Composição Corporal
Existem algumas problemáticas associadas com os estabelecimentos de critérios por parte das
várias baterias de testes existentes. Uma das questões prende-se com o facto de ao existirem
diferenças inter-individuais durante o processo de maturação biológica e, sendo os critérios e
normas delineados em função da idade cronológica, as crianças que se encontrem desviadas
em termos de cadência biológica, serão alvo de uma classificação baseada em critérios que
não se enquadram com a sua idade biológica (Freedson & Rowland, 1992, apud Coelho e
Silva et al. 2003).
Segundo Neto (2009) as baterias de testes direcionadas à aptidão física relacionada à saúde
que vêm tendo maior aceitação são: a “Physical Best”, idealizada pela “American Alliance for
Health”, “Physical Education, Recreation and Dance”, a NCYFS (National Children and
Youth Fitness Study), preconizada pelo “U.S. Department of Health and Human Services” e a
FITNESSGRAM, proposta pelo “Cooper Institute for Aerobics Research”.
47
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Quadro 13- Baterias de testes motores direcionadas à Aptidão Física relacionada à saúde e ao desempenho
atlético (adaptado de Neto, 2009).
Bateria de testes
Physical Best
NCYFS
FITNESSGRAM
Componente motor
Flexibilidade
Força/resistência muscular
Cardiorrespiratório
Flexibilidade
Força/resistência muscular
Cardiorrespiratório
Flexibilidade
Força/resistência muscular
Cardiorrespiratório
AAHPERD
CAHPERD
Flexibilidade
Potência muscular
Agilidade
Velocidade
Força/resistência muscular
cardiorrespiratório
Equilíbrio
Velocidade
Potência muscular
Força/resistência muscular
Cardiorrespiratório
Eurofit
Guedes e Guedes
Equilíbrio
Velocidade
Flexibilidade
Potência muscular
Velocidade
Força/resistência muscular
Cardiorrespiratório
Flexibilidade
Potência muscular
Força/resistência muscular
Velocidade
Cardiorrespiratório
Teste motor
“Senta-e-alcança”
Abdominal
Puxada em suspensão na barra
Caminhada/corrida de 1.600m
“Senta-e-alcança”
Abdominal
Puxada em suspensão na barra
Puxada em suspensão na barra modificada
Caminhada/corrida de 800m ou 1.600m
“Senta-e-alcança” adaptado
Mobilidade de ombros
Abdominal modificado
Elevação do tronco
Flexão/extensão dos braços à frente do solo
Puxada em suspensão na barra
Puxada em suspensão na barra modificada
Suspensão na barra
Caminhada/corrida de 1.600m Caminhada/corrida de
“vaivém”
“Sentar-e-alcançar”
Salto em distância “parado”
Corrida de “ida-e-volta”
Corrida de 50m
Puxada em suspensão na barra Suspensão na barra
Abdominal
Corrida de 800, 1.600 ou 2.400m
Posição flamingo
Corrida de “ida-e-volta”
Corrida de 50m
Puxada em suspensão na barra
Salto em distância “parado”
Suspensão na barra
Abdominal
Corrida de 800, 1.600 ou 2.400m
Posição flamingo
Batimento em placas
“Sentar-e-alcançar”
Salto em distância “parado”
Corrida de 10 x 5m
Abdominal
Suspensão na barra
Caminhada/corrida de “vai-e-vem”
“Senta-e-alcança”
Salto em distância “parado”
Puxada em suspensão na barra modificado
Abdominal
Corrida de 50m
Caminhada/corrida de 9/12min
48
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
2.4- Estudos realizados em Portugal a partir do ano 2000 sobre
Antropometria e Aptidão Física no 1ºCEB
Fizemos um levantamento relativamente exaustivo sobre os mais recentes estudos realizados
em Portugal, tendo como população alvo as crianças em idade escolar englobadas no 1ºCEB.
Nesse levantamento incluímos estudos que abordavam temas sobre ApF e antropometria em
crianças do 1ºCEB. A elaboração deste estudo teve como base a pesquisa em bibliotecas e
documentos disponíveis on-line. Assim, e para a faixa etária dos 6 aos 10 anos de idade em
teses, artigos de revista e livros identificámos vários estudos, mas constatámos que este
escalão etário está menos estudado que os escalões juvenis de idade superior.
Inicialmente procurámos estudos realizados no concelho de Mira e concelhos limítrofes. No
concelho de Mira não foi realizado nenhum estudo de ApF, destacando-se apenas um estudo
recente (Casado, 2011) que teve como objetivos determinar a prevalência de excesso de peso
e de obesidade nas crianças em idade escolar do concelho de Mira, debruçando-se
especialmente sobre aspetos como a associação entre o IMC das crianças e o aleitamento
materno, o peso à nascença, o IMC parental e o estatuto socioeconómico dos pais. Já no
concelho de Cantanhede foi realizado por Machado (2006) um estudo sobre a prevalência de
sobrepeso e obesidade na população escolar dos 6 aos 10 anos. No concelho da Figueira da
Foz destacamos o estudo de Figueira (2010) que abordou o tema do contributo de variáveis
biossociais e estilo de vida na explicação da coordenação físico-motora em jovens masculinos
de 9 - 10 anos de idade.
Numa revisão mais alargada e relativa aos estudos realizados em Portugal antes do ano 2000,
identificámos a continuidade do estudo decenal do Estado de Crescimento e Aptidão Física da
População Escolar dos Açores, iniciado por Sobral em 1986 e 1989, e continuado em 1999 e
2009 por Coelho e Silva, um dos primeiros e impulsionadores na área da ApF em Portugal,
mas verificámos que este estudo, considerado frequentemente como estudo de referência em
Portugal e internacionalmente, sobre o crescimento e ApF, refere-se apenas a idades
superiores a 10 anos de idade.
Ao nível antropométrico existem vários e importantes estudos realizados na população
portuguesa e em particular na população infanto-juvenil, podendo encontrar os seguintes
49
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
estudos de referência realizados em Portugal no âmbito da antropometria: Lacerda (1904,
apud Padez, 1999), Baganha et al. 1982), Rosa (1983), Sobral (1986, 1989), Fragoso & Vieira
(1991, apud Fragoso & Vieira, 2006), Sardinha (1996) e Padez (1999).
Em relação ao processo de crescimento, Isabel Fragoso realizou em 1991, um estudo sobre o
crescimento somático em Lisboa, em que participaram 4500 crianças de 25 escolas do 1ºCEB
e 29 Jardins de Infância de Lisboa. Destacamos ainda os estudos de Gomes (1996) e de Lopes
(1997), o primeiro relativo à caracterização dos níveis de Coordenação Motora em
Matosinhos e o segundo relativo aos efeitos de programas de aulas de Educação Física no
desenvolvimento da coordenação.
A breve referência aos estudos anteriores ao ano 2000 com crianças do 1ºCEB, expressa bem
a exiguidade de estudos realizados até essa data. A partir do ano 2000 e até 2011
identificámos quase três dezenas de estudos, ou seja, numa década o número quase triplicou
os observados nas duas décadas anteriores.
Uma das características desses estudos é a sua proximidade com os modelos observados nos
escalões etários seguintes, nomeadamente através da utilização do mesmo tipo de baterias de
testes. Mantém-se uma linha de investigação associada à utilização de baterias de testes do
tipo da KTK, mas a linha prevalente inclui estudos antropométricos e testes mais próximos da
avaliação clássica da ApF relacionada com a saúde como o FITNESSGRAM.
Assim, no Quadro 14 iremos apresentar os estudos realizados a partir de 2000 com crianças
do 1ºCEB, em que descrevemos o local onde foi realizado o estudo, o número de indivíduos
da amostra, quais as idades abrangidas e por último as variáveis estudadas.
50
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Quadro 14- Estudos Antropométricos e de Aptidão Física realizados em Portugal com alunos do 1ºCEB, a partir
do ano 2000.
Autor
Tema
Amostra
Variáveis Estudadas
Pereira, A.
(2000)
Crescimento Somático e
Aptidão Física de
crianças com idades
compreendidas entre os
seis e os dez anos de
idade.
- Medidas Antropométricas: Altura, altura sentado, peso, pregas de
adiposidade subcutânea (tricipital, subescapular, ilíaca, crural e geminal),
perímetros (braço tenso, braço relaxado, crural e geminal) e diâmetros
(biacromial, bicristal, bicôndio-humeral e bicôndio-femoral), IMC e %MG
- Aptidão Física: (Corrida das 50 jardas, vaivém, impulsão horizontal,
preensão, corrida/marcha da milha, Curl-ups, Flexões a 90 graus, Trunk lift
- Elevações do tronco em extensão)
Maia, J. &
Lopes, V.
(2002)
Estudo do Crescimento
Somático, Aptidão
Física, Atividade Física e
Capacidade de
Coordenação Corporal
de Crianças do 1ªCEB da
Região Autónoma dos
Açores
Maia, J. &
Lopes, V.
(2003)
Um Olhar Sobre as
Crianças e Jovens da
Região Autónoma dos
Açores.
Implicações para a
Educação Física,
Desporto e Saúde
Local:
Maia
Amostra:
Total – 773
♂- 388
♀ - 385
Idades:
6 /7/8/9/10
Local:
Região Autónoma
dos Açores
Amostra:
Total – 3744
♂- 1830
♀ -1914
Idades:
6 /7/8/9/10
Local:
Região Autónoma
dos Açores
Amostra:
Total – 1159
♂- 582
♀ - 577
Idades:
Dos 6 aos 19
Sousa, M
(2004)
Crescimento Somático,
Atividade Física e
Aptidão Física
Associada à Saúde.
Um estudo populacional
nas crianças do 1º CEB
do Concelho de
Amarante
Prevalence of
overweight and obesity
in 7-9-year-old
Portuguese children:
Trends in body
mass index from 19702002.
Padez, C.
et al.
(2004)
Vieira, F.;
Fragoso, I.;
Ferreira, C
Barrigas,
C.;
Oliveira,
C.; Silva,
L., Vargas,
T. (2004)
Secular Trend:
Morphologic Variability
of Lisbon Between 1991
and 2001.
Local:
Amarante
Amostra:
Total – 2940
♂- 1549
♀ - 1391
Idades:
6 /7/8/9/10
Local:
Continente
Amostra:
Total – 4511
♂- 2237
♀ - 2274
Idades:
7/8/9
Local:
Lisboa
Amostra:
Total – 5440
♂- 1106 (1991)
1580 (2001)
♀ -1167(1991)
1587 (2001)
Idades:
4/5/6/7/8/9/10/11
- Coordenação motora: KTK
(Equilíbrio em marcha à retaguarda, Saltos monopedais, Saltos laterais e
Transposição lateral)
- A avaliação da Atividade Física (questionário de Godin e Shephard)
- Aptidão física associada à saúde:
(Corrida / marcha da milha (1600 metros), Curl-ups, Flexões de braços
(push-ups) a 90 graus, Trunk lift - Elevações do tronco em extensão, Peso,
Altura e IMC)
-Crescimento somático: Peso e Altura
-Composição corporal: Pregas de adiposidade subcutânea (tricipital e
subescapular) e IMC
- Maturação biológica (A maturação biológica foi avaliada através da
avaliação do desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários
(maturação sexual). Foram utilizados os procedimentos e critérios descritos
por Tanner (1962).
- Atividade física: Questionário de Godin e Shephard (1985) apenas
aplicado às crianças dos 6/7 aos 10 anos de idade e o Questionário de
Baecke que foi aplicado a todos os outros.
- Aptidão física associada à saúde (avaliada através da bateria de testes
FITNESSGRAM): Corrida / marcha da milha (1600 metros), Curl-ups,
Flexões de braços (push-ups) a 90 graus, Trunk lift - Elevações do tronco
em extensão e IMC.
- Aptidão física associada à performance motora: Corrida de 50 jardas
(45,72 m), Corrida vaivém, Salto em comprimento sem corrida
preparatória, Preensão manual
- Coordenação motora: KTK
(Equilíbrio em marcha à retaguarda, Saltos monopedais, Saltos laterais e
Transposição lateral) só avaliaram as crianças dos 6 aos 10 anos.
- Motivação para a prática desportiva
A motivação para a prática desportiva será avaliada através da versão
portuguesa do questionário de motivação para as atividades desportivas.
- Estatuto socioeconómico e outra informação suplementar (Foi obtida
através de questionário aos alunos)
- Indicadores somáticos: Altura, Peso e IMC.
- Avaliação da atividade física semanal - questionário de Godin and
Shephard (1985).
- Avaliação da aptidão física associada à saúde: De acordo com a bateria de
testes Fitnessgram (corrida – marcha da milha, curl-ups, Push-ups a 90
graus e trunk lift).
- Medidas Antropométricas: Peso, Estatura Pregas cutâneas (tricipital e
subescapular) e Perímetro braquial.
Prevalência de Obesidade - Intervalos do IOTF (Cole et al. 2000)
- Estatura, Estatura sentado
- Massa Corporal
- Diâmetros (biacromial, bicristal, bicôndilo-umeral, bicôndilo-femoral)
- Perímetros (torácico, abdominal, braço sem contração, geminal)
- Pregas cutâneas (tricipital e subescapular)
51
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Autor
Tema
Quadrado,
J.
(2005)
Estudo do Efeito de
Algumas Variáveis
Biossociais, Medidas de
Morfologia, Capacidades
Coordenativas e
Performance Motora dos
7 aos 10 anos
Local:
Coimbra
Amostra:
Total – 110
♂- 61
♀ - 49
Idades:
7/8/9/10
- Coordenação motora - KTK
- Provas dinâmicas de performance motora: Dinamometria Manual;
Impulsão Horizontal; Corrida 25 metros; Lançamento da Bola de Solftbol.
Medidas antropométricas simples: Massa Corporal, Estatura.
Diâmetro ósteo – transversos, Diâmetro Bicôndilo – Umeral, Diâmetro
Bicôndilo – Femural.
Perímetro Braquial Máximo, Perímetro Geminal.
Prega Tricipital, Prega Subescapular, Prega Supraíliaca, Prega Geminal
Martins, J.
(2005)
Estudo Longitudinal da
Aptidão Física e Saúde e
a influência dos fatores
socioeconómicos,
obesidade e
comportamentos
sedentários em crianças
do 1ºCEB
Atividade Física,
Recreio Escolar e
Desenvolvimento Motor.
Estudo Exploratório em
crianças do 1ºCEB
Local:
Fundão
Amostra:
Total – ♂- ♀-Idades:
6 /7/8/9/10
Local:
Amares (Braga)
Amostra:
Total – 158
♂- 92
♀ - 66
Idades:
6 /7/8/9/10
Variáveis antropométricas: - Peso, Estatura e IMC.
Variáveis da Aptidão Física: Flexibilidade (Senta e alcança); Velocidade
(Corrida de 30m); Força Inferior (Salto em comprimento sem corrida
preparatória); Força Média/Abdominal; Força Superior/ flexão e extensão
dos braços; Resistência Cardiorrespiratória; Vaivém/Agilidade.
Lopes, L.
(2006)
Machado,
M.
(2006)
Prevalência de
Sobrepeso e Obesidade
na População Escolar
dos 6 aos 10 Anos de
Cantanhede
Maia &
Lopes
(2006)
Crescimento,
desenvolvimento e
saúde. Três anos de
estudo com crianças e
jovens açorianos
Rodrigues,
L. et al.
(2006)
Estudo Morfofuncional
da criança Vianense
Gouveia,
E., et al.
(2007)
Atividade física, aptidão
e sobrepeso em crianças
e adolescentes:
“o estudo de crescimento
da Madeira”
Amostra
Local:
Cantanhede
Amostra:
Total – 1051
♂- 558
♀ - 493
Idades:
6 /7/8/9/10
Local:
Região Autónoma
dos Açores
Amostra:
Total – 674
♂- 343
♀ - 331
Idades:
4 cortes:
1- (6-10)
2- (10-13)
3- (13-16)
4- (16-19)
Local:
Viana do Castelo
Amostra:
Total – 4071
♂- 2011
♀ - 2060
Idades:
6 /7/8/9/10
Local:
Madeira
Amostra:
Total – 1505
♂- 761
♀ - 744
Idades:
7 aos 18 anos
Variáveis Estudadas
Medidas Antropométricas: Peso, Estatura
- Atividade física - avaliada por acelerometria, as habilidades motoras
fundamentais usando o Test of Gross Motor Development e a coordenação
motora através do KTK.
- Avaliação locomotora: Corrida, galope, pé-coxinho, pulo/salto, salto
horizontal parado, deslocamento lateral
- Avaliação controlo de objetos: batimento numa bola estática, drible sem
deslocamento, agarra, pontapear, lançamento por cima do ombro e
lançamento da bola por baixo.
- Medidas antropométricas: Estatura, massa corporal, prega tricipital, prega
subescapular, e o perímetro braquial.
- Questionário dirigido aos pais.
Crescimento: estatura, peso, IMC, prega de adiposidade subcutânea
tricipital e maturação biológica (Os 4 Cortes)
- Coordenação motora: Bateria de testes KTK
- Atividade física: 1ª coorte foi avaliado com o questionário de Godin e
Shephard e os restantes coortes com o questionário de Baecke.
- Aptidão física (normativa e criterial): associada à performance (Corrida
das 50 jardas, corrida vai-vem, impulsão horizontal, preensão manual)
Associada à saúde: Prova da milha, Curl-up, Push-up, Trunk-lift,
- Motivação para a prática desportiva: Escala QMAD
- Síndrome metabólico: Estudo de crianças com valores normo-ponderais,
sobrepeso e obesas, bem como o pai e a mãe: Análise ao sangue [valores de
colesterol total, fração HDL do colesterol (C-HDL), triglicéridos], tensão
arterial máxima e mínima, monitorizamos durante 3 dias estes elementos
familiares com um diário de atividade física, recorrendo também ao uso de
um Pedómetro
Variáveis Morfológicas:
1-Antropométricas: Altura, Peso, Pregas adiposas (Tricipital, Subescapular,
Suprailíaca e Geminal), Perímetros musculares (Braquial com contração,
Geminal), Diâmetros ósseos (Bicôndilo-Umeral, Bicôndilo-Femural)
2-Somáticas: Índice de Massa Corporal (IMC)
Variáveis de Aptidão Física: Tempo máximo de suspensão na barra, Sentae-alcança (Sit-and-reach), Corrida de agilidade 4x10 metros (Shuttle run),
Salto em comprimento sem corrida preparatória, Abdominais em 60 seg,
Corrida de velocidade 50 metros, Corrida de resistência em vaivém de 20
me.
- Altura, peso corporal e IMC
- Aptidão Física: testes relacionados com a saúde e a performance,
flamingo (equilíbrio), batimento em placas (velocidade dos membros
superiores), “sit and reach” (flexibilidade), salto em comprimento sem
corrida preparatória (força explosiva), dinamometria manual (força
estática), “sit ups” (força do tronco), tempo de suspensão com os braços
fletidos (força funcional) e “shuttle run” 10 x 5 m (velocidade e (resistência
cardiorrespiratória) da bateria da AAHPERD (1980).
- Atividade física: questionário desenvolvido por Baecke et al. (1982)
52
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Autor
Tema
Ramos, E.
(2007)
Associação do meio
(urbano, semiurbano e
rural) ao crescimento
físico humano, à
maturação biológica, à
atividade física e à
aptidão física na criança
e no adolescente
Madeirense
Local:
Madeira
Amostra:
Total – 1498
♂- 758
♀ - 740
Idades:
8/10/12/14/16
Pereira, S.
(2008)
Sobrepeso, obesidade,
níveis de atividade física
em crianças dos 6 aos 10
anos da Região
Autónoma dos Açores
João, F.
(2008)
Relação da aptidão física
aeróbia e muscular com
a composição corporal, o
estado maturacional e
atividade física habitual
de crianças e
adolescentes (9-11anos)
Local:
Região Autónoma
dos Açores
Amostra:
Total – 3699
♂- 1886
♀ - 1813
Idades:
6 /7/8/9/10
Local:
Valongo
Amostra:
Total – 125
♂- 72
♀ - 53
Idades:
9/10/11
Local:
Sintra
Amostra:
Total – 1225
♂- 581
♀ - 544
Idades:
6 /7/8/9/10
Local:
Ilha de S. Miguel
- Açores
Amostra:
Total – 305
♂- 0
♀ - 305
Idades:
8 – 16 Anos de
idade
Local:
V. Nova de Gaia
Amostra:
Total – 239
♂- 107
♀ - 132
Idades:
6 /7/8/9/10/11
Local:
Região Autónoma
dos Açores
Amostra:
Total – 285
♂- 143
♀ - 142
Idades:
6 /7/8/9/10
Local:
Albergaria-aVelha
Amostra:
Total – 1110
♂- 581
♀ - 529
Idades:
6 /7/8/9/10
Ferreira, R
&
MarquesVidal, P
(2008)
Prevalence and
determinants of obesity
in children in public
schools of Sintra,
Portugal
Cardoso,
A.
(2009)
Estatuto nutricional e
aptidão física.
Aplicação de diferentes
valores de corte à
população escolar
feminina
da Ilha de São Miguel
dos 8 aos 16 anos de
idade
Ferreira, P.
(2009)
Avaliação
Antropométrica e
Hábitos Alimentares em
Alunos do 1.º Ciclo
Martins, D.
(2009)
Alterações do IMC,
Atividade física e
Aptidão física em
crianças de 6 anos com
efeitos aos 10 anos
Santos, D.
(2009)
Sobrepeso, obesidade,
níveis de atividade e
aptidão física em
crianças dos 6 aos10
anos do concelho de
Albergaria-a-Velha
Amostra
Variáveis Estudadas
- Medidas Antropométricas: Altura, Altura sentado, peso, IMC, diâmetros
ósseos, perímetros musculares e pregas de adiposidade subcutânea.
- Idade esquelética - estimada usando o método Tanner-Whitehouse.
- Atividade física - questionário de Baecke et al (1982)
– Aptidão física - bateria de testes motores Eurofit (equilíbrio flamingo,
batimento em placas, “sit and reach”, salto em comprimento sem corrida
preparatória, dinamometria manual, “sit ups”, tempo de suspensão com os
braços fletidos e ‘shuttle run’ 10x5m (velocidade e agilidade.O “shuttle
run” substituído pela corrida/andar de 12 minutos da bateria da AAHPERD
(1988).
- Medidas Antropométricas: Peso, Estatura e IMC
- Avaliação da Atividade Física - questionário de Godin & Shepard.
- Aptidão Física: bateria de testes Prudential
Fitnessgram desenvolvida pelo Cooper Institute for Aerobics Research
(Meredith & Welk, 1999) - a marcha/corrida da milha (1609 metros), curl
up; push up a 90º; trunk lift.
- Coordenação motora - KTK
- Composição corporal : peso, estatura, IMC, perímetros da cintura I e II,
massa gorda e massa isenta de gordura.
Índice de atividade física habitual - questionário de Baecke (1982)
-Estado maturacional - escala de Tanner (1962)
-Aptidão Física: Vaivém, força abdominal, extensão do tronco e senta e
alcança.
- Medidas antropométricas: Altura, peso, circunferência do braço,
circunferência da cintura e prega cutânea tricipital
- IMC
- Avaliação antropométrica simples (massa corporal, estatura e espessura
da prega tricipital),
- Avaliação da composição corporal (IMC)
- Avaliação da aptidão física: Lançamento da bola medicinal (em frente),
lançamento da bola de “softball”, força de preensão manual (dinamometria
manual), “sit-ups” em 60 segundos, impulsão horizontal, velocidade
(corrida de 25 metros) e endurance aeróbia (PACER)
- Avaliação antropométrica: Peso, Estatura, IMC e perímetro da cintura.
- Questionário aos Pais / Encarregados de Educação
- Questionário aos Docentes
- Medidas antropométricas: Peso, Estatura, IMC, pregas subcutâneas
(tricipital e subescapular), %MG
- Atividade Física - Questionário de Godin and Shephard (1985)
- Teste de aptidão física relacionada à saúde (FITNESSGRAM): milhacorrida/ caminhada (1609 m), abdominais, extensão do tronco, extensão de
braços.
- Teste de aptidão relacionado com a performance (AAHPER): velocidade
- corrida das 50 jardas, salto horizontal, preensão manual, shuttle run
- Coordenação motora- KTK
- Crescimento Somático – Peso, estatura e IMC
- Atividade Física - questionário de Godin and Shephard (1985)
- Aptidão Física associada à Saúde: Corrida ou marcha da milha, Curl Up,
Push Up, Trunk Lift
53
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
Autor
Machado,
A.
(2010)
Tema
Hábitos Alimentares,
Ocupação dos Tempos
Livres. Imagem Corporal
e obesidade em Crianças
do 1ªCEB
Amostra
Variáveis Estudadas
Local:
Santo Tirso
Amostra:
Total – 310
♂- 163
♀ - 147
Idades:
6 /7/8/9/10
Local:
Figueira da Foz
Amostra:
Total – 33
♂- 33
♀-0
Idades:
8/9/10
- Cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), peso e altura.
- Questionário, baseado num questionário on-line da Health Behaviour in
School-aged Children e já utilizado em vários estudos no âmbito do
projeto de Estratégias Locais de Saúde.
- Medidas antropométricas básicas: peso, altura, IMC, pregas adiposas
- Aptidão Física: abdominais em 60 segundos; tempo de suspensão na
barra; salto em comprimento sem corrida preparatória; corrida de
resistência vaivém; sit-and-reach (senta-e-alcança); shuttle run;
- Coordenação motora – KTK (equilíbrio à retaguarda; salto monopedal;
saltos laterais; transferência lateral; quociente motor total)
- Atividade Física - avaliada com o Baecke Questionnaire of Habitual
Physical Activity (índice de atividade física na escola
- Desempenho escolar- resultados qualitativos das provas nacionais de
aferição.
- Aptidão física: aptidão aeróbia (teste de corrida de 9 minutos), força e
resistência muscular (teste de puxada na barra modificado), flexibilidade
(teste sentar e alcançar), potência muscular (teste de salto horizontal) e
velocidade (teste de corrida de 50 metros), provas realizadas a partir da
bateria de testes elaborada por Guedes e Guedes.
- Composição corporal – IMC e %MG
- Habilidades motoras (correr, saltar e lançar )-checklist de Gallahue
(1982).
- Composição corporal: peso, altura, IMC, pregas tricipital e subescapular e
% MG.
- Observação em diferido, através da gravação em vídeo durante o intervalo
de algumas habilidades motoras, como caminhar, correr, saltar, sentar,
deitar, e permanecer em pé parado.
Figueira, S.
(2010)
Contributo de variáveis
biossociais e estilo de
vida na explicação da
coordenação físico motora em jovens
masculinos de 9 - 10
anos de idade
Santos, JP
(2010)
Atividade física, aptidão
física, aptidão
coordenativa, aptidão
morfológica e
desempenho escolar.
Estudo com crianças do
1.º Ciclo
do Ensino Básico.
Local:
Amares
Amostra:
Total – 140
♂- 73
♀ - 67
Idades:
6 /7/8/9/10
Gomes, E.
(2010)
Influência da Aptidão
Física na prestação das
Habilidades
Motoras Fundamentais
em crianças de 6 e os 9
anos.
Santos, A.
(2010)
Atividade física no
recreio escolar e a sua
relação com a obesidade.
Morgado,
J.
(2011)
Associação entre índice
de massa corporal, a
atividade física e a
aptidão física em
crianças dos 6 aos 9 anos
do Agrupamento
Oliveira Júnior - São
João da Madeira
Guerra, V.
(2011)
Atividade física e
aptidão física em
crianças de etnia cigana
e não cigana.
Um estudo em crianças
de ambos os géneros dos
6 aos 10 anos de idade.
Casado, S.
(2011)
Excesso de peso e
obesidade nas crianças
em idade escolar:
Prevalência e fatores de
risco.
Local:
Vila Real
Amostra:
Total – 47
♂- 24
♀ - 23
Idades:
6 /7/8/9
Local:
--Amostra:
Total – 30
♂- 16
♀ - 14
Idades:
6 /7/8/9
Local:
São João da
Madeira
Amostra:
Total – 126
♂- 56
♀ - 70
Idades:
6 /7/8/9/10
Local:
Lisboa
Amostra:
Total – 95
♂- 48
♀ - 47
Idades:
6 /7/8/9/10
Local:
Mira
Amostra:
Total – 227
♂- 127
♀ - 100
Idades:
6 /7/8/9/10
- Medição da Estatura, massa corporal, pregas adiposas (tricipital, geminal,
supra-íliaca e subescapular), altura sentado, comprimentos dos membros
inferiores, estatura matura predita, índice de massa gorda, índice córmico e
%MG
-Coordenação motora - bateria de testes KTK
- Questionário sobre o estilo de vida dos alunos, para determinar os
estímulos sociais para a prática de atividade física destes.
- Antropometria: Peso, altura e IMC
- Atividade Física - acelerómetro Actigraph Gt1M
- Estatuto Socioeconómico - Escalões atribuídos pela Ação Social Escolar
- Aptidão Física Associada à Saúde: corrida vaivém 20 m, teste de
abdominais e extensão de braços
- Diário de Atividade Física – Activitygram
- Aptidão Física: Teste do Vaivém (valor de VO2 máx.)
- Composição corporal: Altura, peso, pregas tricipital e geminal – IMC e
%MG.
- Medição do peso e da altura
- IMC
- Inquérito dirigido aos pais de forma a determinar a duração do
aleitamento materno, o peso da criança à nascença, o IMC dos pais e o
estatuto socioeconómico.
54
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica
No conjunto dos trabalhos revistos, diferentes variáveis são utilizadas para cada estudo. Ao
nível das dimensões corporais as variáveis mais usadas foram as medidas antropométricas
básicas (peso e altura) o IMC e a medição das pregas adiposas subcutâneas tricipital, geminal
e subescapular para obter a % MG. Ao nível da ApF a maioria dos testes realizados
pertencem à bateria de testes FITNESSGRAM. Para avaliar a coordenação motora os testes
mais utilizados pertencem à bateria de testes KTK. Já ao nível da avaliação da Atividade
Física Habitual encontrámos estudos que utilizaram o questionário de Baecke (1982), Maia &
Lopes (2006), Ramos (2007) e Félix (2008) e também o questionário de Godin & Shepard
(1985), estudos de Maia & Lopes (2002, 2003 e 2006); Sousa (2004); Pereira (2008) e Santos
(2009).
A partir de meados da década de 2000-2010 identificam-se nos estudos uma tendência para a
inclusão de variáveis relativas à identificação de situações de sobrepeso e obesidade, sendo o
IMC o indicador maioritariamente utilizado.
55
PARTE PRÁTICA
56
______________________________________________________________________________Estudo Prático
Capítulo III – Estudo Prático
3.1.- Objetivos do estudo prático
A finalidade principal do estudo prático consiste na construção de tabelas de valores
normativos, organizadas por género e escalão etário, e indicadores das características
morfológicas, ritmos de crescimento e ApF das crianças escolarizadas no concelho de Mira
com 6,7,8,9 e 10 anos de idade. Pretende-se assim contribuir para a caracterização do estado
de ApF das crianças em estudo, como também a descrição do seu perfil antropométrico
relacionado os valores médios obtidos com outros estudos de referência.
Deste objetivo fundamental podemos segmentar um conjunto de objetivos gerais e um
conjunto de objetivos mais específicos.
3.1.1- Objetivos gerais
a) Identificar valores normativos antropométricos e de ApF da população infantil com
idades entre os 6 e os 10 anos de idade, que em 2012 se encontravam a frequentar as
AEC nas escolas do 1ºCEB do concelho de Mira;
b) Identificar diferenças, em função da faixa etária, relativamente aos valores normativos
identificados;
c) Comparar os grupos de género, masculino e feminino, relativamente aos valores
normativos obtidos;
d) Comparar resultados obtidos no presente estudo com resultados obtidos noutros
estudos efetuados em amostras semelhantes.
57
______________________________________________________________________________Estudo Prático
3.1.2- Objetivos específicos
a) Identificar valores normativos de média, desvio padrão, valores máximos e mínimos,
valores percentílicos (P10º, P20º, P30º, P40º, P50º (mediana), P60º, P70º, P80º, P90º,
por escalão etário (idade decimal 5,50-6,49; 6,50-7,49; 7,50-8,49; 8,50-9,49; 9,5010,49)1 e por grupo de género relativamente a cada uma das variáveis: estatura, massa
corporal, IMC, pregas adiposas subcutâneas (tricipital, subescapular e geminal),
%MG, perímetros (braquial, abdominal e geminal) e capacidades físico-motoras
(coordenação motora, flexibilidade, força, resistência, velocidade);
b) Verificar diferenças entre grupos de género relativamente a alguns dos itens
normativos identificados.
c) Verificar diferenças entre os escalões etários considerados relativamente a alguns dos
indicadores obtidos;
d) Analisar semelhanças e diferenças marcantes entre resultados obtidos no presente
estudo e resultados obtidos noutros estudos.
Em relação às hipóteses de estudo, estas não foram elaboradas, pois só utilizámos de forma
muito pontual técnicas estatísticas de correlação, pelo que consideramos desnecessária a
definição extensa de hipóteses de estudo.
Os estudos de caraterização de populações, essencialmente descritivos, não requerem a
formulação obrigatória de hipóteses. Elas poderão contudo, ser um elemento importante para
a exploração interpretativa de resultados obtidos em comparações e correlações estatísticas.
1
Idade Decimal = (Ano de Avaliação – Ano de Nascimento) + ((Mês de Avaliação – Mês de Nascimento)/12) + ((Dia da Avaliação – Dia
de Nascimento)/365)
58
______________________________________________________________________________Estudo Prático
3.2. Metodologia
A metodologia seguida neste estudo corresponde ao modelo clássico, com definição de
objetivos, seleção de instrumentos (testes) para recolha de dados, seleção e organização da
amostra, treino de observadores na utilização do instrumentário e aplicação de protocolos de
avaliação, realização de estudo-piloto com uma amostra reduzida, recolha de dados, testagem
da qualidade dos resultados com a realização do teste-reteste com uma subamostra da amostra
estudada, tratamento dos dados com aplicação de técnicas estatísticas, análise e discussão dos
resultados obtidos e por fim a apresentação das conclusões.
A recolha dos dados foi realizada nos espaços desportivos que as escolas têm ao seu dispor.
Nesta metodologia podemos considerar duas fases principais: Realização de um estudo
preparatório que permitiu desenvolver o treino de avaliador e aferir da fiabilidade de
instrumentos e de procedimentos; Uma segunda fase relativa à recolha e tratamento dos dados
do estudo propriamente dito.
3.3- Caraterização da amostra
A amostra tem uma população potencial, que corresponde ao número aproximado de alunos
inscritos no Programa de Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) existente em 8
escolas do 1ºCEB do Concelho de Mira.
Foi inicialmente solicitado ao Agrupamento de Escolas de Mira a autorização (Anexo1) para a
realização do estudo em questão. De seguida, foi feito o contacto com os Professores
Coordenadores de Estabelecimento de todas as escolas do concelho, em que foi feita uma
explicação do que consistia o estudo, os testes a serem realizados, quais os procedimentos e
que a recolha dos dados decorreria no período das aulas de AFD, não interferindo com o
normal funcionamento das aulas dos Professores Titulares de Turma, pois decorreria no
período das AEC.
A amostra potencial foi obviamente condicionada aos imperativos éticos de participação
voluntária e informada das crianças e Encarregados de Educação. A todos os sujeitos foi
59
______________________________________________________________________________Estudo Prático
explicado o objetivo do estudo e os procedimentos que iriam ser efetuados na realização da
recolha dos dados, bem como o caráter voluntário da sua participação.
3.3.1- Amostra
Para a constituição da amostra, convidámos à participar no estudo de todos os alunos do
1ºCEB do Agrupamento de Escolas de Mira, que se encontravam inscritos nas AEC. O
agrupamento tinha um total de 388 crianças inscritas, do qual 341 responderam positivamente
ao convite, tendo sido assinada a respetiva autorização pelos pais e/ou Encarregados de
Educação das crianças, o que correspondeu a aproximadamente 88% da população escolar
total.
A amostra do estudo foi constituída por 341 crianças (154 meninas e 187 meninos) entre os 6
e os 10 anos de idade, que frequentavam as AEC nas 8 escolas do 1ºCEB do Agrupamento de
Escolas de Mira, concelho de Mira, situado na região Centro de Portugal Continental.
Tabela 3- Distribuição da amostra em função da idade e género.
Idade
6 anos
7 anos
8 anos
9 anos
10 anos
Total
♀
22
38
41
29
24
154
♂
17
46
35
47
42
187
%
12%
25%
22%
22%
19%
100%
Total
39
84
76
76
66
341
3.3.2- Procedimento para as autorizações
Foi então pedido aos Coordenadores de Estabelecimento que encaminhassem os pedidos de
autorização aos Encarregados de Educação e que fizessem a recolha dos mesmos.
Nos pedidos de autorização constavam uma descrição da investigação, as datas previstas da
recolha de dados e que antes e durante a realização do estudo qualquer Encarregado de
Educação poderia solicitar esclarecimentos adicionais sobre detalhes da pesquisa e revogar a
autorização dada a qualquer momento.
60
______________________________________________________________________________Estudo Prático
3.4. Seleção dos instrumentos e dos testes
Na seleção dos instrumentos-testes seguimos critérios e princípios metodológicos como a
validade, fiabilidade, objetividade, sensibilidade e economia dos testes. O recurso a testes
pertencentes a baterias construídas e validadas, facilitou o cumprimento desses critérios. Em
alguns casos recorremos a testes observados em estudos menos divulgados, no entanto vão ao
encontro do papel de ApF que pretendemos avaliar.
Na revisão bibliográfica pesquisámos a existência de estudos com alunos do 1ºCEB em
Portugal e analisámos as baterias de testes de ApF utilizadas que, de alguma forma, poderiam
responder aos objetivos da nossa pesquisa.
Da análise realizada sobre os estudos efetuados com alunos do 1ºCEB em Portugal,
verificámos que para as idades 6-10 anos não existia nenhum estudo sobre ApF feito no
concelho de Mira. Nesse sentido, a nossa escolha foi feita em relação à disponibilidade de
equipamentos-“instrumentárium”
existente
para
o
momento
e
à
facilidade
de
medição/avaliação das várias possibilidades de aplicação em função das disponibilidades
temporais e espaciais necessárias.
Concluída a análise do conjunto de pressupostos enunciados, selecionámos para a avaliação
antropométrica a medição da estatura e da massa corporal como variáveis mais
representativas do crescimento. A estatura e a massa corporal foram depois utilizadas no
cálculo do IMC que é uma variável que geralmente está presente em estudos semelhantes
realizados em Portugal. As pregas adiposas subcutâneas servem para a caracterização da
distribuição da adiposidade característica da população estudada e para o cálculo da %MG.
A antropometria exige o uso de referências bem definidas e descritas para a estandardização
dos procedimentos de recolha das medidas. É essencial a utilização de instrumentos
apropriados e em boas condições. Foram adotados os procedimentos antropométricos,
descritos por Lohman, Roche & Martorell (1988).
Na avaliação da ApF integrámos variáveis relacionadas com as capacidades físico-motoras:
coordenação motora, flexibilidade, força, resistência e velocidade,
61
______________________________________________________________________________Estudo Prático
3.4.1. Medidas antropométricas
A descrição dos procedimentos efetuados, do modo como foram recolhidos os dados em cada
um dos testes e o tipo de medição realizada, encontra-se no Anexo 3 e para isso recorremos a
manuais especializados para cada domínio das avaliações. Na avaliação antropométrica
recorremos ao manual de Lohman, Roche & Martorell (1988) que internacionalmente tem
significativa aceitação e também o Curso de Cineantropometria de Sobral, Coelho e Silva &
Figueiredo (2007).
As medidas utilizadas na avaliação antropométrica seguiram os protocolos de Lohman et al.
(1988) e Sobral et al. (2007), e foram as seguintes:
- Estatura
- Massa Corporal (peso)
- IMC
- Pregas Adiposas Subcutâneas: Tricipital, Subescapular e Geminal
- %MG
- Perímetros: Braquial, Abdominal e Geminal
Relativamente à estatura, foi utilizado na medição um estadiómetro portátil com haste móvel,
da marca Tanita. Na mensuração da massa corporal utilizou-se uma balança digital modelo
770, da marca Seca, cujos resultados apresentam valores com aproximação às 100g, tendo
sido o registo efetuado em quilogramas (kg).
A medição da estatura e massa corporal dão-nos indicações genéricas sobre o crescimento,
fator indissociável da aptidão física de crianças e jovens, sobre o estado de maturação,
importante para a interpretação dos dados das diferentes variáveis. A massa corporal e a
estatura foram também utilizadas no cálculo do IMC que, embora menos objetivo que a
percentagem de massa gorda, é um indicador mais generalizado nos estudos epidemiológicos
para a caracterização das situações de sobrepeso e de obesidade. O Valor de IMC foi
calculado com base na fórmula2 constante na bateria de testes FITNESSGRAM.
2
IMC= Peso (kg) / Altura² (cm)
62
______________________________________________________________________________Estudo Prático
A seleção das pregas adiposas teve como base dois critérios essenciais: 1) caraterização por
zona corporal (membros superiores, tronco e membros inferiores), 2) adequação à fórmula de
cálculo de %MG, escolhida.
A medição das pregas adiposas subcutâneas tem como objetivos medir a espessura das pregas
adiposas tricipital, subescapular e geminal e calcular a percentagem de massa gorda corporal.
Nesta medição foi utilizado o adipómetro da marca Slim Guide- Bodycare, com a compressão
de 10 g/mm2 na superfície de contacto e com uma precisão de medida de 0,1 mm, para efetuar
a medição das pregas adiposas.
Na avaliação da composição corporal, mais concretamente na avaliação %MG, foram
utilizadas as pregas tricípital e geminal para calcular a percentagem de massa gorda total
através da fórmula3 de Slaughter et al. (1988), fórmula essa utilizada na bateria de testes do
FITNESSGRAM.
A seleção dos perímetros a serem objeto de medição caraterizou-se pela morfologia corporal,
em que foi incluiu um perímetro por zona corporal (membros superiores, tronco e membros
inferiores). Na medição dos perímetros seguimos o protocolo de Lohman et al. (1988) e como
instrumento utilizámos uma fita métrica flexível, marca Holtain e as medições foram
registadas em centímetros.
3
Masculino %MG= 0,735(Tricipital + Geminal) + 1,0
Feminino %MG = 0,610 (Tricipital + Geminal) + 5,1)
63
______________________________________________________________________________Estudo Prático
3.4.2. Testes de aptidão física
Os testes de ApF selecionados foram:
- Coordenação Motora (Ria);
- Flexibilidade (Senta e Alcança Adaptado);
- Flexibilidade (Amplitude de Afastamento dos MI);
- Força (Preensão Manual);
- Força (Lançamento da Bola de Ténis);
- Força (Abdominais 30seg);
- Força (Salto Horizontal sem corrida de impulsão);
- Resistência (Teste do Vaivém)
- Velocidade (20m lançados);
A avaliação da ApF resultou da observação direta do desempenho físico-motor na execução
dos testes anteriormente indicados. Esses testes utilizaram protocolos definidos pelos autores
Martins de Carvalho (2007), Sobral et al. (2007) e das baterias de testes AAPHERD (1980) e
FITNESSGRAM (2002). No caso do teste de Flexibilidade (Amplitude de afastamento dos
MI) esse protocolo foi adaptado de Fernandes Filho (1999) e Lopéz (2002) tendo sido criado
o nosso próprio protocolo. O valor de VO2máx foi calculado através do Teste Luc-Léger, em
que o objetivo deste teste é estimar o VO2máx (ml.kg-1min-1), permitindo avaliar a
capacidade aeróbica dos sujeitos. É um teste do tipo progressivo, maximal e indireto. A
definição mais detalhada dos Protocolos de Avaliação da ApF encontra-se no Anexo 3.
Para efetuar a leitura dos valores obtidos para cada variável e melhor os compreender e
analisar, elaborámos o Quadro 15 com as variáveis do presente estudo, a unidade de medida
utilizada, o formato numérico e os instrumentos de medição utilizado na recolha dos dados.
64
______________________________________________________________________________Estudo Prático
Quadro 15- Listagem das variáveis, unidades de medida, formato numerário e instrumentos de medição.
Dimensão
Altura
Peso
IMC
Massa Gorda
Pregas
Perímetros
Coordenação
Flexibilidade
Força
Resistência
Velocidade
Variável
Estatura
Massa Corporal
IMC
Massa Gorda
Tricipital
Subescapular
Geminal
Braquial
Abdominal
Geminal
Ria
Senta e Alcança
(Adaptado)
Afastamento MI
Preensão Manual
Lançamento da bola
de ténis
Abdominais 30seg
Salto Horizontal
Vaivém
VO2 Máximo
Corrida 20m
Unidade de
Medida
m
kg
kg/m²
%
mm
mm
mm
cm
cm
cm
nº de
transposições
cm
Formato
Numérico
0,00
00,0
00,0
00,0
00
00
00
00
00
00
00
Instrumento de Medição
Estadiopómetro portátil Tanita
Balança Digital da marca Seca
Fórmula/equação (1)
Fórmula/equação (2)
Adipómetro Slim Guide
Adipómetro Slim Guide
Adipómetro Slim Guide
Fita Métrica
Fita Métrica
Fita Métrica
Bola softball
00
Fita métrica e Caixa métrica
graus
kgf
000
00
m
00,0
Transferidor
Dinamómetro Takei Sci. Inst.
TKK5001
Fita métrica e bola de ténis
nº rep
cm
nº
ml.kg-1. min.-1
seg.
00
000
00
00,0
0,00
Cronómetro
Fita métrica
CD FITNESSGRAM e Leitor de CD
Fórmula/equação (3)
Cronómetro
Quadro 16- Fórmulas para cálculo de variáveis.
1- IMC
= Peso (kg) /Altura² (m)
2- % Massa Gorda
Masculino %MG= 0,735(Tricipital + Geminal) + 1,0
Feminino %MG = 0,610 (Tricipital + Geminal) + 5,1)
3- VO2max (ml.kg-1. min.-1)
= 31,025 + (3,238 x Vel.) – (3,248 x Idade) + 0,1536 (Vel. x Idade)
3.5- Programa da pesquisa
Inicialmente cumprimos um programa de treino de observadores que serviu também para
consolidar os procedimentos logísticos associados à recolha de dados. A recolha de dados
para o estudo decorreu durante os meses de Fevereiro e Março com a deslocação aos
estabelecimentos de ensino do 1ºCEB do concelho de Mira.
Devido à necessidade de um espaço com um piso uniforme e mais resguardado para serem
efetuadas as medições da estatura, do peso, das pregas e dos perímetros, os testes
antropométricos foram feitos em locais cobertos ou nas salas de aula. Os testes de ApF foram
65
______________________________________________________________________________Estudo Prático
realizados nos horários das aulas de AFD, nos espaços exteriores onde normalmente decorrem
as aulas.
Os professores de AFD tiveram um papel importante na realização das provas de ApF, pois
colocavam os alunos pela ordem de realização do teste e efetuavam o registo do valor que
lhes era transmitido pelo observador na grelha de registo de dados (Anexo 4).
3.6- Tratamento estatístico dos dados
Para o tratamento estatístico dos dados, inicialmente foi criada uma base de dados através do
programa Microsoft Office Excel 2007, onde foram inseridos todos os valores recolhidos e
posteriormente verificados. De seguida, foram transferidos para o software informático
Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 19 para o Windows, utilizado no
tratamento estatístico dos dados com um nível de significância de 5% (p≤0,05).
As técnicas estatísticas utilizadas pertencem essencialmente à estatística descritiva para a
obtenção de valores de média, desvio padrão, valores mínimos e máximos e valores
percentílicos (P10º, P20º, P30º, P40º, P50º, P60º, P70º, P80º e P90º).
3.6.1- Controlo da qualidade dos dados
O controlo da qualidade dos dados baseou-se nas seguintes tarefas:
- Sempre que foi possível utilizaram-se testes já validados;
- Seguiram-se os protocolos mais adequados às circunstâncias de avaliação;
- Utilizaram-se os instrumentos adequados ao rigor necessário para o tipo de pesquisa
realizada;
- Realizou-se um programa de treino de avaliadores;
- Verificou-se a estabilidade dos dados.
66
______________________________________________________________________________Estudo Prático
Para a verificação da estabilidade dos dados, utilizámos uma amostra constituída por 28
sujeitos pertencentes a duas turmas do 2º ano de escolaridade. A seleção dessa subamostra
decorreu de forma aleatória, por sorteio entre as turmas dos alunos que participavam no
estudo. O tempo entre a 1ª avaliação e a 2ª avaliação variou entre uma e duas semanas.
No controlo da qualidade dos dados foi aplicado o procedimento de avaliação de todas as
medidas através da repetição das mesmas. Este procedimento de medida repetida permitiu
determinar o erro técnico de medida através da fórmula Malina et al. (1973), (e=[Σz2/2N]0,5),
em que Z é a diferença entre as séries de dados por cada sujeito e N a dimensão total da
amostra. O erro técnico de medida é utilizado na determinação do coeficiente de fiabilidade,
através da fórmula de Mueller & Martorell (1988) (R=1-[e2/s2]), em que “e” é o erro técnico
de medida e s2 é a variância combinada que corresponde à medida aritmética da variância (s2
= (n1.s12 + n2.s22)/(n1+n2)) na 1ª medição e na 2ª medição.
Tabela 4- Determinação do Erro Técnico de Medida, Variância Combinada e Coeficiente de Fiabilidade para as
variáveis caraterizadas (n=28).
M
SD
M
SD
Erro
écnico de
medida
m
1,288
±0,050
1,287
±0,048
0,003
0,002
0,995
Kg
29,611
±7,348
29,693
±7,314
0,248
53,749
0,998
mm
10,25
±3,807
10,14
±3,577
0,582
13,642
0,975
mm
7,00
±4,037
7,14
±3,913
0,462
15,804
0,986
mm
11,11
±5,166
11,00
±4,619
0,640
24,013
0,982
cm
19,54
±2,531
19,43
±2,486
0,353
6,293
0,980
cm
62,03
±9,268
62,14
±9,447
1,172
87,563
0,984
cm
26,79
±3,166
26,71
±3,113
0,378
9,859
0,985
nº
8,82
±4,252
9,32
±4,128
0,944
17,56
0,949
cm
4,43
±1,874
4,50
±1,427
0,566
2,775
0,884
cm
24,39
±5,666
24,50
±5,371
0,876
30,476
0,974
Graus
124,93
±15,757
125,75
±14,909
1,977
235,28
0,983
Kgf
11,21
±2,767
11,29
±2,853
0,566
7,896
0,959
m
11,136
±4,187
11,489
±4,130
0,634
17,297
0976
Medidas
Estatura
Massa Corporal
Prega Tricipital
Prega Subescapular
Prega Geminal
Perímetro Braquial
Perímetro Abdominal
Perímetro Geminal
Coordenação
Flex. Encostado
Flex. Senta e alcança
Flex. Ângulo MI
Força Preensão Manual
Força Lanç. Bola Ténis
Força Abdominais 30’’
Força Salto Horizontal
Resistência - Váivém
Velocidade
1ª Medição
2ª Medição
Variância
Combinada
Coeficiente
de fiabilidade
nº
13,18
±3,732
13,43
±3,469
1,063
12,981
0,907
cm
118,04
±22,572
119,57
±21,660
4,490
489,33
0,958
nº
14,18
±6,678
15,21
±7,430
1,541
49,904
0,952
seg
3,987
±0,349
4,003
±0,353
0,079
0,123
0,949
67
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Capitulo IV - Apresentação e Discussão dos Resultados
A apresentação dos resultados está dividida em 2 partes, a primeira relativa às variáveis
antropométricas e a segunda relativo às variáveis de aptidão física (ApF).
Na estrutura do texto optámos por apresentar para cada variável uma tabela onde são
expostos, por género e intervalo de idade, o (n) número de indivíduos da amostra, a média
(M), o desvio-padrão (SD) e o mínimo e o máximo. Na mesma tabela também são incluídos
os valores percentílicos (P10º, P20º, P30º, P40º, P50º, P60º, P70º, P80º e P90º), que poderão
servir para a localização dos resultados de sujeitos que posteriormente venham a utilizar os
mesmos testes, tal como acontece, por exemplo para a localização na população das crianças
mais novas em relação à estatura, efetuada normalmente nas consultas pediátricas.
4.1- Variáveis antropométricas
As variáveis antropométricas avaliadas foram: estatura, massa corporal, IMC, pregas adiposas
subcutâneas (tricipital, subescapular, geminal), percentagem de massa gorda (calculada
através da forma de Slaughter et al. (1988) com as pregas tricipital e geminal) e os perímetros
(branquial, abdominal e geminal). No domínio da avaliação ponderal e da composição
corporal incluímos os indicadores IMC e % MG, pois são indicadores normalmente incluídos
nos fatores da aptidão física relacionados com a saúde para a caracterização de indivíduos e
populações relativamente ao sobrepeso e à obesidade.
4.1.1- Estatura e massa corporal
A estatura e a massa corporal são dos indicadores mais utilizados para avaliar o crescimento
dos indivíduos infanto-juvenis. Em relação à amostra estudada, podemos verificar pelos
valores médios, que as crianças do sexo masculino são ligeiramente mais altas que as do sexo
feminino. Já ao nível da massa corporal as raparigas são ligeiramente mais pesadas que os
rapazes, à exceção dos 9 anos em que são em média mais leves que os rapazes 4kg.
68
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Tabela 5- Distribuição dos valores da estatura e massa corporal em função da idade e género.
Estatura (m)
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
Total
♀ ♂
n
Média
SD
Mínimo
Máximo
22
1,180
±0,039
1,12
1,30
17
1,188
±0,045
1,12
1,27
38
1,215
±0,059
1,04
1,30
46
1,224
±0,069
1,07
1,41
41
1,288
±0,065
1,16
1,42
35
1,298
±0,049
1,20
1,43
29
1,315
±0,071
1,21
1,49
47
1,350
±0,065
1,23
1,54
24
1,405
±0,055
1,26
1,52
42
1,422
±0,075
1,30
1,64
341
1,296
±0,099
1,04
1,64
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1,140
1,146
1,159
1,162
1,180
1,180
1,200
1,210
1,227
1,120
1,140
1,154
1,180
1,190
1,208
1,210
1,234
1,254
1,120
1,168
1,197
1,210
1,230
1,240
1,250
1,262
1,280
1,167
1,174
1,191
1,208
1,210
1,222
1,240
1,250
1,342
1,202
1,234
1,260
1,268
1,270
1,290
1,330
1,366
1,380
1,246
1,252
1,260
1,290
1,290
1,310
1,320
1,338
1,368
1,220
1,250
1,260
1,300
1,310
1,330
1,350
1,370
1,420
1,278
1,292
1,310
1,322
1,330
1,376
1,386
1,414
1,440
1,335
1,360
1,375
1,400
1,410
1,430
1,440
1,450
1,465
1,323
1,350
1,379
1,400
1,420
1,446
1,470
1,480
1,527
1,172
1,210
1,236
1,260
1,290
1,320
1,350
1,386
1,430
Percentil
Idade
Sexo
6
7
8
9
10
Massa Corporal (Kg)
Idade
Sexo
Percentil
N
Média
SD
Mínimo
Máximo
10
20
30
40
50
60
70
80
90
6
7
8
9
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
Total
♀ ♂
22
23,205
±3,991
18,0
37,0
19,420
20,180
20,760
21,740
22,550
23,380
24,610
25,700
27,230
17
23,182
±3,267
17,1
30,0
18,220
21,060
21,360
22,480
23,200
23,360
23,920
26,040
28,560
38
25,674
±4,644
17,9
35,9
19,450
21,960
22,940
23,660
24,650
25,820
27,840
30,120
33,310
46
25,450
±4,765
17,1
44,6
20,410
22,340
22,930
24,020
24,750
25,080
26,480
28,860
31,220
41
31,710
±8,625
20,5
55,0
23,100
24,880
25,540
26,760
28,500
31,580
36,040
39,340
46,120
35
29,383
±5,189
21,5
42,3
23,240
24,760
26,160
27,800
28,600
29,640
31,980
32,780
37,900
29
30,769
±4,313
22,3
42,1
24,900
27,500
28,200
29,800
30,900
31,200
32,400
33,500
37,100
47
34,640
±8,034
23,0
51,1
24,000
27,320
29,080
30,140
33,700
36,660
38,820
41,000
48,800
24
39,813
±10,471
24,2
70,7
30,300
31,500
32,050
33,500
36,850
41,200
44,300
50,600
53,000
42
38,529
±9,180
24,8
61,9
27,360
30,340
31,570
35,140
38,550
40,420
41,730
46,220
51,330
341
30,714
±8,661
17,1
70,7
22,000
23,600
24,960
26,800
28,700
30,740
32,880
37,860
42,620
Estatura (m)
10
Massa Corporal (Kg)
40
1,4
35
1,3
30
1,2
25
1,1
20
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos
Femininos
6 anos
Masculinos
7 anos
Femininos
Gráfico 1- Valores médios da estatura dos rapazes e
das raparigas em função da idade.
8 anos
9 anos 10 anos
Masculinos
Gráfico 2- Valores médios da massa corporal dos
rapazes e das raparigas em função da idade.
69
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Analisando os valores médios da estatura verifica-se um aumento médio de 4,5 cm ao ano nas
raparigas e 4,8cm nos rapazes. A curva de crescimento médio dos rapazes é bastante mais
linear em função da idade, já nas raparigas essa curva vai oscilando ligeiramente (Gráfico 1).
As meninas do concelho de Mira apresentam uma estatura média ligeiramente inferior em
relação à dos meninos. Essa diferença cifra-se à volta de 1 cm até aos 8 anos, aumentando aos
9 anos para 4cm e reduzindo essa diferença média para 2cm aos 10 anos de idade. O desvio
padrão nas raparigas vai aumentando em função da idade, diminuindo apenas dos 9 para os 10
anos. No caso dos rapazes existe uma maior oscilação em termos de desvio padrão.
Relativamente aos valores da massa corporal estes variam entre o mínimo 17,1kg, observado
aos 6 e 7 anos no grupo masculino e o máximo de 70,7kg observado aos 10 anos nas
raparigas. Os valores médios são muito próximos nos dois grupos de género, mas com valores
ligeiramente superiores no grupo feminino. Aos 9 anos inverte-se a tendência, verificando-se
no grupo masculino uma média que supera a média feminina em 4kg. Em média os meninos e
as meninas aos 6 anos pesam 23kg, aos 7 anos 25,5kg, aos 8 anos as raparigas pesam 31,7kg
os rapazes apenas 29,3kg, aos 9 anos a raparigas 30,7kg e os rapazes 34,6kg e aos 10 anos as
raparigas 39,8kg e os rapazes 38,5kg. Podemos constatar (Gráfico 2) que no género masculino
o aumento da massa corporal é mais ou menos constante, enquanto no género feminino existe
um aumento até aos 8 anos, seguido de um ligeiro decréscimo aos nove, para depois existir
um aumento elevado dessa mesma massa corporal aos 10 anos. No percentil 50º verifica-se
precisamente o inverso do que acontece com os valores médios, quando comparados entre
géneros, ou seja os rapazes são sempre mais pesados exceto aos 9 anos de idade. Quanto ao
registo dos mínimos e máximos obtidos observa-se uma amplitude que varia entre os 13 e os
47 kg.
4.1.2- IMC
O IMC é um indicador amplamente utilizado na avaliação do estatuto ponderal dos indivíduos
e populações, sendo mesmo utilizado pelas organizações internacionais mais credíveis
Organização Mundial de Saúde, Center for Disease Control e International Obesity Task
Force, no âmbito do estudo e recomendações sobre subnutrição, excesso de peso e obesidade.
70
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Tabela 6- Valores de IMC em função da idade e género.
IMC (Peso (kg) /Altura² (m))
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
Total
♀ ♂
n
Média
SD
Mínimo
Máximo
22
16,568
±1,921
13,9
21,9
17
16,376
±1,755
13,3
19,5
38
17,347
±2,633
13,4
24,5
46
16,852
±1,843
14,5
23,8
41
18,890
±3,936
13,9
32,5
35
17,334
±2,307
14,2
23,6
29
17,762
±1,894
15,0
23,1
47
18,847
±3,404
14,0
26,4
24
19,988
±4,335
14,8
30,6
42
18,869
±3,431
13,6
29,2
341
17,981
±3,097
13,3
32,5
5
10
20
30
40
50
60
70
80
85
90
95
13,960
14,390
14,860
14,990
15,560
16,450
17,100
17,720
18,200
18,500
18,710
21,435
13,300
13,540
14,860
15,680
16,000
16,200
16,540
17,040
18,240
18,780
19,260
-
13,970
14,280
15,080
15,640
16,360
16,500
17,040
18,690
20,220
20,815
21,070
22,410
14,935
15,070
15,300
15,610
15,960
16,500
17,020
17,300
18,060
18,695
19,330
20,800
14,210
15,240
15,920
16,360
17,060
17,500
18,320
20,080
22,360
23,300
25,360
25,800
14,360
14,780
15,180
15,940
16,440
16,700
17,500
17,920
19,180
19,820
20,640
23,360
15,200
15,400
15,900
16,900
17,400
17,700
17,900
18,400
18,700
19,050
20,100
22,900
14,280
14,580
15,700
16,300
16,820
18,100
19,440
21,020
22,340
23,100
24,040
24,480
14,825
15,050
15,500
17,250
18,000
18,350
20,700
22,350
23,500
25,350
26,800
29,975
13,905
15,150
15,860
16,600
17,500
18,250
19,080
20,320
21,420
22,865
23,660
26,160
14,400
14,900
15,500
16,100
16,600
17,200
17,820
18,740
20,260
21,170
22,700
23,990
0
4,3
Percentil
Idade
Sexo
6
7
8
9
10
Raparigas (%)
100
4,5
Rapazes (%)
3,5
7,9
14,3
16,7
19,5
36,2
80
54,6
60
55,3
72,4
56,1
88,2
62,5
93,5
68,6
40
20
53,2
40,9
36,8
24,4
24,1
20,8
11,8
0
6 anos
7 anos
8 anos
9 anos 10 anos
Abaixo da ZSAF
6 anos
Zona Sudável
17,1
2,2
7 anos
23,8
8 anos
10,6
66,7
9,5
9 anos 10 anos
Acima da ZSAF
Gráfico 3- Distribuição da percentagem de indivíduos em relação ao IMC, que se encontram Abaixo da ZSAF,
na Zona Saudável e Acima da ZSAF, em função da idade e género.
No que toca ao IMC, os valores médios apresentados pelas raparigas são superiores ao dos
rapazes com exceção dos 9 anos de idade, muito devido à diminuição da massa corporal das
raparigas nesta idade. A média do IMC, entre raparigas aumenta ao longo da idade cerca de
3,4 kg/m² entre os 6 e os 10 anos de idade. Nos rapazes esse aumento é inferior, ficando
apenas por 2,5 kg/m². No IMC as meninas possuem valores médios superiores aos 6,7,8 e 10
anos de idade. Aos 9 anos o valor médio das meninas é inferior aos dos meninos.
Tendo em conta as categorias e pontos de corte estabelecidos no FITNESSGRAM,
designados como valores abaixo da Zona Saudável de Aptidão Física (ZSAF), valores de
71
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
ZSAF e valores acima da ZSAF, no grupo feminino destacam-se as elevadas percentagens de
meninas com IMC inferiores à ZSAF, principalmente aos 6 anos em que os valores atingem
os 41% e aos 7 anos, 37%. Há falta de dados normativos comparáveis não são claras as razões
das elevadas percentagens registadas, que tanto podem refletir um baixo peso ou uma estatura
elevada das meninas de Mira, comparadas com as meninas das amostras a partir das quais se
estabeleceram os pontos de corte propostos pelo FITNESSGRAM. Nos rapazes destacam-se
as elevadas percentagens de indivíduos na ZSAF, com exceção dos 9 anos, onde se observa
uma ligeira subida de indivíduos com IMC superior à ZSAF, resultado concordante com o
engordamento natural, normalmente associado ao mínimo de velocidade de crescimento em
altura que antecede o salto pubertário.
Tabela 7- Comparação dos valores de corte de IMC definidos por Cole et al. (2000) para o sobrepeso e
obesidade com os P85 e P95 da amostra e percentagem de sobrepeso e obesidade, em função da idade e género.
Sobrepeso (P≥85 - P<95)
P85
Cole et al.
n
%
Idade
P95
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
22
18,500
17,34
6
27,3
21,435
6
17
18,780
17,55
5
29,4
*
38
20,815
17,75
7
18,4
22,410
7
46
18,695
17,92
8
17,3
20,800
41
23,300
18,35
7
17,0
25,800
8
35
19,820
18,44
6
17,1
23,360
29
19,050
19,07
3
10,3
22,900
9
47
23,100
19,10
16
34,0
24,480
24
25,350
19,86
7
29,1
29,975
10
42
22,865
19,84
12
28,5
26,160
77
22,6
341
Total
* Não apresenta resultados devido à quantidade reduzida de elementos da amostra
Obesidade (P≥95)
Cole et al.
n
19,65
19,78
20,51
20,63
21,57
21,60
22,81
22,77
24,11
24,00
1
6
2
9
2
1
8
4
3
36
(P≥85 + P≥95)
%
n
%
4,5
15,8
4,3
21,9
5,7
3,4
17,0
16,6
7,4
10,5
7
5
13
10
16
8
4
24
11
15
113
31,8
29,4
34,2
21,7
39,0
22,8
13,7
51,0
45,8
35,7
33,1
Já para os valores de referência de IMC para a definição de sobrepeso e obesidade, definidos
por Cole et al. (2000), comparando com o nosso P85º verificamos que estão acima em todas
as idades à exceção dos 9 anos para as raparigas, em que o valor é praticamente idêntico, 19
kg/m². Em relação aos valores de obesidade acontece relativamente o mesmo, os valores da
nossa amostra são superiores existindo uma maior discrepância no valor das raparigas aos 10
anos, com uma diferença de quase 6 kg/m². Estas diferenças são explicáveis por fatores
diversos mas principalmente porque os resultados de Cole et al. (2000) resultam de dados
colhidos em populações muito diferenciadas, etnicamente e geograficamente. No grupo
masculino, pelo indicador de IMC, consideram-se aos 7 anos 4% dos rapazes obesos, aos 8
anos a prevalência de obesidade é de 6%, aos 9 anos é de 17%, mas atendendo ao processo
auxológico, este engordamento é normal e não se relaciona com nenhum processo patológico
identificável com a obesidade, aos 10 anos a prevalência de obesidade situa-se nos 7%.
72
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
No grupo feminino, o período de engordamento normal observa-se aos 8 anos e é
identificado com um valor de obesidade com prevalência de 22%. Este período de
engordamento parece iniciar-se já aos 7 anos com prevalência de obesidade de 16%. O
aumento de velocidade de crescimento em altura associado a uma fase de emagrecimento
parece suceder nas meninas aos 9 anos, onde a prevalência de obesidade se situa nos 3%, aos
10 anos verifica-se novo incremento no engordamento situando-se a prevalência de obesidade
(IMC) nos 17%.
4.1.3- Pregas adiposas subcutâneas
No nosso estudo analisámos três pregas distribuídas por três regiões corporais: membros
superiores (prega tricipital), tronco (prega subescapular) e membros inferiores (prega
geminal). A partir da medição das pregas adiposas avaliámos a %MG e as características de
distribuição da massa adiposa corporal pelas diferentes regiões corporais. A prega tricipital é
usualmente considerada como aquela que mais se correlaciona com o nível de adiposidade
corporal (FITNESSGRAM, 2002).
Tabela 8- Pregas adiposas subcutâneas (tricipital, subescapular e geminal), valores médios, desvio padrão,
mínimos e máximos.
Pregas (mm)
Idade
Sexo
6
7
8
♀
♂
Tricipital
♀
♂
♀
♂
N
Média
SD
Mínimo
Máximo
22
9,82
±2,403
5
13
17
8,88
±3,120
5
19
38
11,89
±3,278
6
19
46
10,41
±3,703
5
19
Média
SD
Mínimo
Máximo
6,32
±2,102
4
13
5,41
±2,320
4
13
7,26
±2,873
4
14
5,76
±2,057
3
14
9,15
±4,564
3
20
Média
SD
Mínimo
Máximo
11,73
±3,820
7
21
10,35
±3,774
6
20
13,87
±4,856
5
30
12,07
±4,800
4
28
15,17
±5,518
5
27
41
13,71
±4,734
6
24
35
11,86
±5,579
5
31
♀
9
♂
♀
10
♂
Total
♀♂
29
12,59
±3,157
4
18
47
13,06
±6,012
5
35
24
14,92
±5,274
9
25
42
14,52
±5,769
6
25
341
12,38
±4,906
4
35
8,07
±3,443
5
21
8,96
±5,361
4
27
11,46
±6,050
5
27
10,38
±7,275
4
30
8,04
±4,710
3
30
15,14
±3,866
8
29
14,09
±5,926
6
29
16,83
±6,197
10
37
16,67
±7,066
6
39
14,09
±5,696
4
39
Subescapular
6,49
±2,661
3
14
Geminal
73
13,06
±6,097
4
31
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Pregas Adiposas Subcutâneas- Masculino e Feminino (mm)
18
16
Tricipital♂
14
Subescapular ♂
12
Geminal ♂
10
Tricipital ♀
8
Subescapular ♀
6
Geminal ♀
4
6 anos
7 anos
8 anos
9 anos
10 anos
Gráfico 4- Distribuição dos valores médios das pregas (tricipital, subescapular e geminal) por idade e género.
As pregas adiposas tricipital, subescapular e geminal apresentam uma variação positiva em
função da idade, com exceção das raparigas aos 9 anos de idade, em que se verificou
precisamente o contrário, houve uma diminuição dos 8 para os 9 anos, no mesmo sentido do
ocorrido com a massa corporal. As diferenças de crescimento observadas em ambos os
géneros, situam-se em média abaixo dos 2mm ao ano para a prega tricipital, e 3mm ao ano
para a prega subescapular e geminal. As amplitudes resultantes dos valores máximos e
mínimos situam-se entre os 8 e os 33mm, sendo maiores nas idades mais avançadas. Também
podemos verificar (Gráfico 4) que aos 8 anos existe uma maior diferença entre as raparigas e
os rapazes, período esse de maior engordamento nas raparigas, sendo também evidente nos
valores de massa corporal referidos anteriormente.
Ao nível da região corporal dos MI os valores médios da prega geminal são superiores nas
raparigas e esse fenómeno é normalmente associado aos estrogénios que promove um maior
crescimento dos adipócitos dos MI (coxa e perna), que parece ser contraditado, porque aos 10
anos em que para algumas meninas já está presente também o efeito da progesterona e em que
a diferença entre meninas e meninos deveria ser mais acentuada, verifica-se uma grande
proximidade dos resultados observados nas meninas e nos meninos, em que as pregas têm
cerca de 16mm.
Para melhor enquadrar as medidas obtidas num estudo é importante reconhecer a posição
percentílica de uma criança, constituindo informação fundamental para a avaliação do seu
desenvolvimento morfológico. Como tal, na Tabela 9 apresentamos os valores dos percentis
referentes às pregas adiposas.
74
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Tabela 9- Valores percentílicos das pregas (tricipital, subescapular e geminal).
♀
♂
♀
♂
Percentil
10
20
30
40
50
60
70
80
90
6,30
7,00
8,00
10,00
10,00
11,00
11,00
12,40
13,00
5,80
6,60
7,00
8,00
9,00
9,00
10,00
10,00
12,60
7,00
8,00
9,70
11,60
12,00
12,40
14,00
15,00
16,00
6,00
7,00
8,00
8,80
9,00
11,00
12,90
14,60
16,00
Percentil
10
20
30
40
50
60
70
80
90
4,00
4,00
5,00
6,00
6,00
7,00
7,00
7,40
8,70
4,00
4,00
4,00
4,20
5,00
5,00
5,00
6,00
9,80
5,00
5,00
5,00
6,00
6,00
7,00
7,30
9,20
13,00
4,00
4,00
5,00
5,00
5,00
6,00
6,00
7,00
8,30
Percentil
Pregas (mm)
Idade
Sexo
6
7
10
20
30
40
50
60
70
80
90
7,30
8,00
9,00
10,00
12,00
12,00
12,10
15,00
18,80
6,00
7,60
8,40
9,00
10,00
10,00
10,60
12,40
18,40
9,00
9,80
11,00
12,00
14,00
14,40
15,00
16,20
20,20
7,00
7,00
8,00
10,80
12,00
13,00
14,00
15,60
17,90
8
♀
♂
Tricipital
8,20
10,00
11,00
12,00
12,00
13,20
16,00
19,00
21,60
♀
♂
♀
♂
Total
♀♂
9,00
10,00
11,00
12,00
13,00
13,00
14,00
14,00
18,00
7,00
8,00
9,00
10,00
12,00
13,80
16,00
18,00
21,20
9,50
10,00
11,00
12,00
12,50
14,00
19,00
21,00
24,00
7,00
8,60
10,00
13,00
14,50
15,80
18,00
18,40
24,00
7,00
8,00
9,00
10,80
11,00
13,00
14,00
16,00
19,00
4,00
4,20
5,00
5,40
6,00
6,00
6,20
8,00
11,40
5,00
6,00
6,00
7,00
7,00
8,00
8,00
10,00
12,00
4,00
5,00
5,00
6,00
7,00
9,00
10,60
13,00
19,20
5,00
6,00
6,50
7,00
10,00
14,00
14,50
16,00
20,00
4,30
5,00
5,00
6,00
7,00
8,80
11,20
16,40
23,00
4,00
5,00
5,00
6,00
6,00
7,00
8,00
11,00
14,00
6,60
7,20
9,00
10,80
13,00
14,00
15,00
16,60
22,60
10,00
13,00
13,00
15,00
15,00
15,00
17,00
18,00
19,00
7,00
8,00
10,00
11,00
14,00
15,00
17,60
19,40
23,20
10,50
11,00
13,00
15,00
15,00
17,00
18,50
22,00
24,50
7,30
9,00
11,90
16,20
17,50
18,00
20,00
22,40
25,00
7,00
9,00
10,00
12,00
14,00
15,00
16,00
19,00
21,00
6,60
8,00
9,00
9,40
11,00
11,00
12,20
13,80
20,00
9
10
Subescapular
5,00
5,00
6,00
6,00
8,00
9,00
10,40
13,20
17,00
Geminal
8,00
10,00
11,60
13,00
15,00
17,00
17,80
20,00
23,80
4.1.4- Percentagem de massa gorda
O indicador de composição corporal utilizado no estudo foi o valor de percentagem de massa
gorda, calculado através da fórmula de Slaughter et al. (1988) - (Masculino %MG=
0,735(Tricipital + Geminal) + 1,0 ; Feminino %MG = 0,610 (Tricipital + Geminal) + 5,1)),
para a qual contribuem os tamanhos da pregas adiposas subcutâneas tricipital e geminal. Este
valor, apesar da margem de erro que lhe está associado, permite avaliar com muito maior
profundidade e rigor, do que acontece com o IMC, as situações de desnutrição, sobrepeso e
obesidade.
A percentagem de massa adiposa para os dois grupos de género aos 6 anos é de cerca de 17%
da massa total, aos 9 anos 21% e aos 10 anos 24%. Já aos 7 anos, existe alguma diferença
entre géneros, pois em média as meninas têm cerca de 19% de massa adiposa e os meninos
18%. Aos 8 anos as meninas apresentam 22% e os meninos 20% de massa adiposa.
75
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Tabela 10- Valores de percentagem de massa gorda em função da idade e género.
Massa Gorda (%)
Idade
Sexo
6
7
8
9
10
Total
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀ ♂
n
Média
SD
Mínimo
Máximo
22
16,836
±3,980
11,3
26,0
17
16,847
±3,787
12,4
28,9
38
19,926
±5,351
10,6
34,1
46
18,809
±4,434
10,6
30,1
41
22,222
±7,009
9,8
36,3
35
20,306
±6,846
10,6
40,5
29
21,531
±4,608
9,8
34,8
47
21,662
±7,019
11,8
44,1
24
24,350
±7,984
16,4
46,6
42
24,131
±7,437
12,4
42,3
341
20,943
±6,505
9,8
46,6
5
10
20
30
40
50
60
70
80
85
90
95
11,300
11,510
13,220
14,130
15,140
16,800
17,900
18,680
19,400
20,995
23,350
25,670
12,400
12,880
14,660
14,900
16,100
16,100
16,100
17,060
18,380
19,850
23,060
-
12,690
14,130
14,200
17,240
18,600
19,400
20,800
21,600
24,500
26,330
28,900
29,920
13,000
13,420
14,540
14,900
17,900
19,100
19,700
20,400
23,160
24,000
24,780
26,645
10,670
12,940
15,980
17,620
20,100
20,800
22,600
26,280
29,800
31,660
32,600
33,300
12,040
14,020
15,020
16,100
18,140
19,100
20,120
21,600
22,680
26,220
31,820
38,500
12,750
15,700
17,200
20,100
20,100
21,600
22,300
24,500
25,300
25,300
26,700
30,750
12,880
13,600
14,660
16,340
18,620
19,700
22,800
25,980
28,780
29,980
30,340
32,800
16,400
16,800
17,200
18,300
20,100
22,350
23,800
26,750
32,600
33,850
36,650
44,400
13,090
14,480
16,460
18,440
22,320
24,600
26,360
27,160
30,580
32,345
35,060
37,640
12,800
13,600
15,000
16,700
18,500
19,700
21,120
23,220
26,000
27,640
30,100
33,300
Percentil
♀
100
80
0
Raparigas (%)
2,6
Rapazes (%)
3,4
12,2
8,7
17,1
20,8
31,9
47,6
50
68,4
60
82,8
65,9
94,1
70,8
40
20
5,9
91,3
82,9
68,1
52,4
50
28,9
21,9
13,8
0
6 anos
7 anos
8 anos
8,3
9 anos 10 anos
Abaixo da ZSAF
0
0
0
6 anos
7 anos
8 anos
Zona Sudável
0
0
9 anos 10 anos
Acima da ZSAF
Gráfico 5- Percentagem de raparigas e rapazes que se encontram abaixo da ZSAF, na Zona Saudável e acima da
ZSAF, em relação à %MG.
Partindo da análise da ZSAF do FITNESSGRAM relativamente à %MG, observamos que a
maioria da nossa amostra (72,1%) se encontra na ZSAF, 10,9% estão abaixo dessa zona e
17% estão acima. No caso das raparigas podemos verificar (Gráfico 5) estas necessitam de
engordar, pois os valores abaixo da ZSAF são de 50% aos 6 anos, 29% aos 7 anos, 22% aos 8
anos, 14% aos 9 anos e 8% aos 10, contudo nesta idade o valor acima da ZSAF é de 21%. Já
nos rapazes, a percentagem que se encontra acima da ZSAF aumenta consideravelmente com
a idade. Podemos verificar que na faixa etária dos 9 e 10 anos de idade a percentagem acima
da ZSAF é de 32% e 48% respetivamente
76
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Tabela 11- Distribuição dos valores de percentagem de massa gorda, em função da idade e género.
Classificação
Valor
Feminino
n
%
Masculino
n
Valor
Excessivamente baixa
Até 12%
7
4,5
Baixa
12,01 a 15%
20
13,0
Adequada
15,01 a 25%
91
59,1
Moderadamente alta
25,01 a 30%
21
13,6
Alta
30,01 a 36%
12
7,8
Excessivamente alta
>que 36,01%
3
2,0
Fonte: Deurenberg, P; Pieters, J. & Hautuast, J. (1990) apud Fernandes Filho (1999)
Até 6%
6,01 a 10%
10,01 a 20%
20,01 a 25%
25,01 a 31%
>que 31,01%
0
0
104
37
31
15
%
0
0
55,6
19,8
16,6
8,0
Analisando os valores da %MG a partir dos cortes criteriais excessivamente baixa, baixa,
adequada, moderadamente alta, alta e excessivamente alta, definidos por Deurenberg, P;
Pieters, J. & Hautuast, J. (1990), podemos verificar que apenas no grupo feminino existem
valores de %MG nos cortes excessivamente baixa e baixa (n=27), tal como acontecia nos
valores criteriais do FITNESSGRAM, contudo o número total de raparigas abaixo da ZSAF
foi superior (n=37). No grupo masculino observam-se valores mais elevados na %MG alta
(n=31) e excessivamente alta (n=15). Comparando os valores destes dois cortes com os
valores acima da ZSAF do FITNESSGRAM o número de rapazes é precisamente igual
(n=46). Em ambos os géneros mais de metade da amostra encontra-se com uma classificação
adequada (59% dos raparigas e 56% dos rapazes). Se juntarmos à classificação adequada a
moderadamente alta os valores abrangem 73% das raparigas e 75% dos rapazes, percentagens
essas muito próximas das da ZSAF do FITNESSGRAM.
Raparigas
22,22
23
21
Rapazes
24,35
25
24,13
21,66
21,53
20,3
19,92
18,8
19
19,98
16,83
17
15
16,84
18,89
17,34
16,56
6 anos
16,37
7 anos
18,84
17,76
8 anos
9 anos 10 anos
6 anos
IMC
16,85
7 anos
18,86
17,33
8 anos
9 anos 10 anos
%MG
Gráfico 6- Comparação dos valores médios de IMC e %MG em função da idade e género.
Apesar das unidades de medida serem diferentes, fizemos uma comparação dos valores
médios de IMC e %MG e podemos verificar (Gráfico 6) que existe alguma discrepância
nesses valores. Aos 6 anos de idade esses valores médios são próximos, mas com o aumentar
da idade os valores vão-se afastando, com um nítido aumento da %MG.
77
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
4.1.5- Perímetros braquial, abdominal e geminal
Foram selecionadas para este estudo as medições dos perímetros (braquial, abdominal e
geminal) permitindo assim, apresentar medidas de crescimento e caracterizar as dimensões
dos membros superiores, tronco e membros inferiores.
Tabela 12- Perímetros (braquial, abdominal e geminal), valores médios, desvio padrão, mínimos e máximos.
Perímetros (mm)
Idade
Sexo
6
7
8
♀
♂
Braquial
♀
♂
♀
♂
n
Média
SD
Mínimo
Máximo
22
18,14
±1,642
16
22
17
17,76
±1,602
15
21
38
19,05
±2,053
16
24
46
18,54
±2,105
16
26
Média
SD
Mínimo
Máximo
57,59
±5,957
50
72
58,29
±5,452
53
74
59,84
±6,586
50
79
58,89
±5,579
50
83
65,10
±9,476
51
87
Média
SD
Mínimo
Máximo
24,64
±2,381
22
32
24,88
±2,342
21
31
25,79
±2,418
19
31
25,83
±2,214
22
33
27,76
±3,707
21
36
41
20,78
±3,388
16
30
35
19,40
±2,366
16
25
♀
9
♂
♀
10
♂
Total
♀♂
29
20,14
±2,295
16
27
47
20,91
±3,463
16
30
24
22,04
±3,290
17
28
42
21,29
±3,157
16
30
341
19,94
±2,969
15
30
62,66
±6,195
54
79
66,30
±9,255
52
85
69,25
±10,633
55
93
67,88
±9,729
56
95
63,12
±8,760
50
95
28,21
±2,455
24
37
28,68
±3,324
24
36
30,29
±3,355
26
40
29,95
±3,268
24
37
27,50
±3,401
19
40
Abdominal
61,97
±7,552
50
80
Geminal
27,26
±2,994
23
35
Perímetros- Masculino e Feminino (cm)
70
Braquial ♂
60
Abdominal ♂
50
Geminal ♂
40
Braquial ♀
30
Abdominal ♀
20
Geminal ♀
10
6 anos
7 anos
8 anos
9 anos
10 anos
Gráfico 7- Distribuição dos valores médios dos perímetros (braquial, abdominal e geminal) por idade e género.
Numa apreciação geral (Gráfico 7) verifica-se uma grande semelhança entre grupos de género
relativamente aos valores médios dos perímetros, principalmente no braquial e geminal.
78
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Relativamente ao perímetro braquial observa-se tal como na prega adiposa correspondente
(prega tricipital) um ligeiro e normal aumento do valor médio em função da idade. Aos 6 anos
o perímetro branquial dos rapazes e raparigas tem um valor médio de 18cm e aos 10 anos é de
22cm para as raparigas e de 21cm para os rapazes. O aumento de 3cm nos rapazes e 4cm nas
raparigas reflete o aumento da massa adiposa observada na avaliação da prega tricipital, pelo
que aos 10 anos já se nota nas raparigas a influência do efeito do dimorfismo sexual
induzindo o aumento do tecido adiposo nas raparigas, mas ainda não se faz sentir no braço o
efeito do dimorfismo sexual dos rapazes representado pelo aumento da massa muscular,
induzido pelo aumento de produção de testosterona. Os valores médios do perímetro
abdominal variam entre 58cm aos 6 anos e 68 e 69cm aos 10 anos. Em 4 anos o perímetro
abdominal aumentou em média 2,5cm ao ano, num total de 10cm. Como as pregas adiposas
aumentaram apenas alguns milímetros, este aumento deve ser atribuído ao aumento da
adiposidade interna, aumento do tamanho dos órgãos e aumento da massa muscular. No
perímetro geminal também se observa uma grande proximidade nos valores médios dos
grupos de género. Entre os 6 anos e os 10 anos verifica-se um aumento gradual que vai dos
25cm aos 6 anos até aos 30cm aos 10 anos. Atendendo a que há alguma diferença entre
tamanho médio das pregas geminal entre grupo de género nas idades 6-8 anos, em que as
raparigas superam os rapazes em quase 20% no tamanho da prega, a igualdade entre
perímetros pode significar que nestas idades ou a estrutura óssea ou a estrutura muscular, ou
ambas, são mais volumosas no grupo masculino. Nos 9-10 anos há uma grande proximidade
entre rapazes e raparigas tanto nas pregas como nos perímetros.
Tabela 13- Valores percentílicos dos perímetros (braquial, abdominal e geminal).
♀
♂
♀
♂
Percentil
10
20
30
40
50
60
70
80
90
16,00
16,60
17,00
17,20
18,00
18,80
19,00
20,00
20,00
15,80
17,00
17,00
17,00
17,00
17,80
18,60
19,00
21,00
16,90
17,00
18,00
18,00
18,50
19,00
20,00
21,00
22,10
16,00
17,00
17,00
18,00
18,00
18,00
19,00
20,00
21,30
Percentil
Perímetros (cm)
Idade
Sexo
6
7
10
20
30
40
50
60
70
80
90
50,30
51,60
53,80
55,00
57,50
59,00
60,00
61,60
67,50
53,00
54,00
55,00
55,20
57,00
58,00
60,00
61,00
68,40
53,00
54,00
55,00
57,00
58,00
59,00
63,60
67,20
70,00
53,40
55,40
56,00
57,00
58,00
60,00
61,00
62,00
64,00
8
♀
♂
Braquial
17,00
18,00
18,00
19,00
20,00
21,00
22,40
23,00
25,00
16,60
17,00
18,00
18,40
19,00
19,60
20,20
22,00
22,80
♀
9
♂
♀
10
♂
Total
♀♂
18,00
18,00
19,00
19,00
20,00
20,00
21,00
22,00
23,00
17,00
17,60
18,00
19,00
20,00
22,00
23,60
24,00
26,00
18,00
19,00
19,50
20,00
21,50
23,00
24,00
25,00
27,50
18,00
18,60
19,00
20,00
21,00
21,80
23,00
24,00
26,00
17,00
17,00
18,00
19,00
19,00
20,00
21,00
22,00
24,00
57,00
57,00
59,00
60,00
62,00
63,00
64,00
66,00
75,00
55,60
57,00
60,00
61,00
65,00
68,00
70,60
74,80
83,00
57,00
60,00
60,50
62,00
67,00
71,00
76,50
78,00
84,50
58,00
60,00
61,00
62,20
65,50
68,00
72,00
75,80
80,70
54,00
56,00
58,00
59,00
60,00
63,00
66,00
70,00
76,00
Abdominal
54,20
56,40
58,60
60,00
64,00
65,20
70,80
73,60
80,00
79
53,60
56,00
58,00
58,00
59,00
61,60
66,00
70,00
75,00
Percentil
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Idade
Sexo
♀
6
♂
♀
7
♂
10
20
30
40
50
60
70
80
90
22,00
23,00
23,00
24,00
24,00
25,00
25,00
26,00
28,40
21,80
23,00
24,00
24,00
24,00
25,00
26,00
27,00
27,80
23,90
24,00
24,70
25,00
25,00
26,00
26,00
28,00
30,00
23,70
24,00
24,00
25,00
25,50
26,00
27,00
27,60
29,00
8
♀
♂
Geminal
23,00
24,00
25,60
27,00
27,00
28,20
29,40
31,00
33,80
23,00
24,20
25,00
26,40
27,00
28,00
28,20
29,80
31,00
♀
9
♂
♀
10
♂
Total
♀♂
26,00
26,00
27,00
28,00
28,00
28,00
29,00
29,00
32,00
25,00
25,60
26,00
27,00
28,00
29,00
30,00
32,40
34,00
26,50
27,00
28,00
29,00
30,00
31,00
32,00
32,00
35,00
26,00
27,00
28,00
29,00
30,00
30,00
31,00
32,00
35,70
24,00
25,00
25,00
26,00
27,00
28,00
29,00
30,00
32,00
4.1.6- Comparação dos resultados das variáveis antropométricas com
outros estudos
De entre os vários estudos disponíveis com amostras comparáveis com as do nosso estudo,
selecionámos os estudos de: Fragoso & Vieira (1991 e 2001); Pereira (2000); Freitas (2001);
Maia & Lopes (2002) e Padez et al. (2004), que nos permitem situar a nossa amostra no
contexto nacional.
Tabela 14- Comparação dos valores médios da estatura, massa corporal e IMC em função da idade e género,
com estudos nacionais de referência realizados a Norte e Sul do Continente e nos Arquipélagos dos Açores e da
Madeira.
Estatura(m) / Massa Corporal(kg) / IMC(Peso (kg) /Altura² (m))/Pregas (mm) Perímetros (cm)
Idade
6
7
8
9
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
Sexo
10
♀
Mira
1,180
1,188
1,215
1,224
1,288
1,298
1,315
1,350
1,405
Norte1
1,192
1,199
1,255
1,249
1,297
1,310
1,366
1,362
Sul2
1,201
1,201
1,244
1,255
1,307
1,313
1,360
1,361
1,408
Estatura
Açores3
1,202
1,203
1,243
1,251
1,299
1,305
1,350
1,353
1,390
Madeira4
1,284
1,297
1,343
1,353
1,382
Continente5
1,249
1,260
1,294
1,299
1,347
1,353
Mira
23,2
23,2
25,7
25,5
31,7
29,4
30,8
34,6
39,8
Norte
24,8
24,5
27,4
27,1
29,7
31,8
34,8
34,7
Sul
23,5
23,4
25,5
26,4
29,4
29,5
33,3
32,9
36,1
Massa
Açores
25,0
24,8
27,1
27,5
30,1
30,8
34,5
34,1
36,8
Corporal
Madeira
27,2
27,9
30,7
31,2
33,0
Continente
27,3
27,1
30,3
30,2
33,3
33,9
Mira
16,56
16,37
17,34
16,85
18,89
17,33
17,76
18,84
19,98
Norte
17,45
17,04
17,40
17,37
17,66
18,53
18,65
18,71
Sul6
16,15
16,05
16,31
16,43
17,12
16,65
17,33
17,37
17,5
IMC
Açores
17,30
16,99
17,40
17,52
17,80
18,05
18,80
18,46
18,9
Madeira
16,40
16,50
16,90
16,90
17,20
Continente
17,4
17,0
17,9
17,7
18,2
18,4
Prega
Mira
9,82
8,88
11,89
10,41
13,71
11,86
12,59
13,06
14,92
Sul5
11,9
9,7
11,7
9,9
13,1
11,1
14,3
11,8
13,9
Tricipital
Prega
Mira
6,32
5,41
7,26
5,76
9,15
6,49
8,07
8,96
11,46
7,3
6,7
7,6
7,3
8,7
Subescapular Sul5
Perímetro
Mira
18,14
17,76
19,05
18,54
20,78
19,40
20,14
20,91
22,04
Sul5
19,6
18,8
20,0
19,7
21,0
20,7
22,2
21,5
22,4
Braquial
Perímetro
Mira
57,59
58,29
59,84
58,89
65,10
61,97
62,66
66,30
69,25
Sul5
59,9
58,4
61,3
60,7
64,7
63,3
68,3
66,0
68,7
Abdominal
Mira
24,64
24,88
25,79
25,83
27,76
27,26
28,21
28,68
30,29
Perímetro
Geminal
Sul5
22,6
25,5
23,7
26,6
25,9
28,1
26,4
29,1
27,9
1- Pereira, A. (2000); 2- Fragoso, I. & Vieira, F. (2001); 3- Maia, J. & Lopes, V. (2002); 4- Freitas, D. (2001); 5 – Padez et al. (2004);
6-Fragoso, I. & Vieira, F. (1991)
80
♂
1,422
1,389
1,385
1,390
38,5
33,9
36,0
33,5
18,86
17,3
18,6
17,20
14,52
11,5
10,38
7,2
21,29
21,7
67,88
66,0
29,95
29,3
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Comparando os valores médios do nosso estudo com os restantes, podemos verificar que
relativamente à estatura, os valores médios das crianças da nossa amostra são ligeiramente
inferiores nas idades mais baixas, contudo na faixa etária dos 10 anos em ambos os géneros, o
valor médio de estatura consegue praticamente superar todos os outros estudos de referência.
Também nos valores médios de massa corporal a situação é idêntica, os valores da nossa
amostra aos 6 e 7 anos são inferiores em relação a todos os estudos, superando todos
novamente aos 10 anos de idade. Em relação ao IMC os valores médios são os mais reduzidos
na faixa etária dos 6-7 anos, sendo apenas superado pelo estudo efetuado no Sul. Como já
deveria de se esperar, aos 10 anos de idade os valores são novamente os mais elevados. Estes
valores podem-nos indicar que a amostra de estudo, aos 10 anos se encontra numa ligeira
aceleração no processo de maturação, pois os valores médios são relativamente superiores,
existindo um incremento significativo dos 9 para os 10 anos de idade. Esta observação
particular é especialmente interessante sendo importante estudar as consequências deste facto
e os fatores, genéticos ou ambientais que o determinam. Comparando os valores do perímetro
branquial verifica-se que os valores médios da nossa amostra são inferiores aos do estudo de
comparação. Aos 10 anos de idade em ambos os géneros, os valores médios da nossa amostra
apresentam valores superiores em ambas as pregas e perímetros, com a exceção do perímetro
branquial já referido anteriormente.
4.1.7- Correlações entre as variáveis antropométricas
Na Tabela 15 podemos observar a análise correlacional entre as diferentes variáveis
antropométricas.
Tabela 15- Distribuição dos valores de correlação (r de Pearson) entre estatura, massa corporal, pregas adiposas
subcutâneas e perímetros, em função do género.
♀
Estatura
♂
Estatura
Perímetros
Pregas
Massa Corporal
Massa
corporal
0,766 **
0,823 **
Tricipital
Pregas
Subescapular
Geminal
Braquial
Perímetros
Abdominal
Geminal
0,434 **
0,437 **
0,392 **
0,532 **
0,559 **
0,663 **
0,685 **
0,794 **
0,612 **
0,759 **
0,872 **
0,847 **
0,726 **
0,710 **
0,652 **
0,713 **
0,655 **
0,624 **
0,683 **
0,866 **
0,659 **
0,626 **
0,681 **
0,602 **
0,802 **
0,678 **
Tricipital
0,451 **
0,717 **
Subescapular
0,489 **
0,747 **
Geminal
0,479 **
0,711 **
0790 **
0,712 **
Braquial
0,584 **
0,874 **
0,803 **
0,782 **
0,793 **
Abdominal
0,604 **
0,876 **
0,765 **
0,795 **
0,772 **
0,908 **
Geminal
0,715 **
0,912 **
0,741 **
0,757 **
0,762 **
0,883 **
* (P ≤ 0,05)
0,774 **
* * (P ≤ 0,01)
81
0,778 **
0,874 **
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Analisando os resultados obtidos pela correlação de Pearson relativamente à estatura, massa
corporal, pregas adiposas e perímetros, obtemos os seguintes resultados:
Tanto nas raparigas como nos rapazes, as pregas adiposas e os perímetros tem uma maior
correlação com a massa corporal do que com a estatura, sendo esta relação mais elevada
relativamente aos perímetros.
Nas raparigas, em relação à massa corporal, o perímetro abdominal parece ser a variável mais
relacionada (0,872), já quanto às pregas adiposas, o estudo indica que é a prega subescapular
que apresenta a correlação mais elevada (0,794). Quanto à estatura no grupo feminino, esta
tem as correlações mais elevadas com a massa corporal. Com as pregas adiposas as
correlações mais elevadas verificam-se com as pregas tricipital e subescapular. As correlações
com os perímetros superam os resultados das correlações com as pregas, sendo a correlação
mais elevada com o perímetro geminal. Nos rapazes, o perímetro geminal (0,912) e o
abdominal (0,876) são aqueles que apresentam correlações mais elevadas relativamente à
massa corporal. No que se refere às pregas, estas apontam para uma correlação mais elevada
com a prega subescapular (0,747). Quanto à estatura, também tem as correlações mais
elevadas com a massa corporal como nas raparigas. Estes resultados mostram existir poucas
diferenças entre rapazes e raparigas quanto às variáveis que mais se correlacionam.
82
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
4.2- Variáveis de aptidão física
O desempenho físico-motor observado nos testes é importante para a condução do ensinoaprendizagem nas aulas de Educação Física. Assim, os valores que de seguida iremos
apresentar são um importante instrumento de apoio para a análise e avaliação dos alunos na
disciplina de Educação Física.
4.2.1- Coordenação motora
O teste escolhido põe à prova a capacidade de coordenação óculo-segmentar e dos membros
superiores, necessário para o lançamento e receção de uma bola e a agilidade associada ao
deslocamento e mudança de direção. Estas atividades estão presentes em jogos tradicionais
praticados por meninas e meninos como por exemplo o “jogo do sete” ou a “bola à parede”.
Tabela 16- Distribuição dos valores do teste de coordenação motora, em função da idade e género.
Coordenação - Ria ( nº de transposições)
Idade
Sexo
Percentil
n
Média
SD
Mínimo
Máximo
10
20
30
40
50
60
70
80
90
6
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
Total
♀ ♂
22
3,77
±2,827
1
11
17
5,71
±3,584
2
14
38
5,68
±5,057
1
25
46
8,76
±4,532
2
23
41
8,66
±6,324
1
22
35
12,54
±5,398
4
25
29
11,07
±6,617
2
29
47
14,09
±7,147
2
32
24
11,54
±6,093
3
31
42
16,17
±6,945
3
33
341
10,31
±6,878
1
33
1,00
1,00
1,90
2,00
2,50
4,00
6,00
7,00
7,00
2,00
3,00
3,00
3,20
4,00
6,00
6,60
10,00
11,60
1,00
1,00
2,00
3,60
4,50
6,40
8,00
8,20
11,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
10,00
11,00
15,30
1,20
3,00
4,60
5,00
6,90
10,00
12,00
13,60
19,80
5,60
7,00
9,80
11,00
13,00
14,00
14,20
16,80
21,20
3,00
4,00
5,00
10,00
12,00
13,00
14,00
16,00
20,00
5,00
7,60
10,00
12,00
14,00
16,00
17,00
18,00
25,20
5,00
6,00
8,00
9,00
10,50
11,00
14,00
17,00
19,00
6,30
11,60
12,90
14,00
15,50
17,00
18,10
22,00
27,40
2,00
4,00
6,00
7,00
9,00
11,00
14,00
16,00
19,00
♀
7
8
9
10
Ao nível da coordenação motora os valores médios em ambos os géneros aumentam de uma
forma progressiva. Os valores médios dos rapazes são superiores aos das raparigas (dentro da
mesma faixa etária) verificando-se uma diferença entre 2 a 4 transposições em média. Pela
supremacia dos rapazes, no número médio de transposições, o teste proposto demostra que
nestas idades, existe um maior desenvolvimento da coordenação motora no género masculino.
Tanto no grupo dos rapazes como no grupo das raparigas existe uma grande amplitude entre
os valores máximos e mínimos, pelo que parece ser particularmente importante propor
sessões de treino suplementar para as crianças com baixo resultado no teste de coordenação.
83
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
4.2.2- Flexibilidade
A avaliação da flexibilidade compreendeu a aplicação de 2 testes. A flexibilidade do tronco,
(Teste do senta e alcança adaptado) e a flexibilidade dos membros inferiores (MI) (Teste de
amplitude de afastamento dos MI). Na flexibilidade do tronco (Teste do senta e alcança adaptado) foram realizadas duas medições (1.“encostado” - resultado obtido com as costas
encostadas à parede; 2. “senta e alcança” - resultado obtido após a flexão do tronco),
posteriormente fez-se a diferença entre os resultados obtidos nessas duas medições. A
justificação para tal escolha, prendeu-se com a tentativa de descrever apenas a flexibilidade
propriamente dita, minimizando desta forma as variáveis de crescimento morfológico
intervenientes neste processo (crescimento dos membros e do tronco).
Tabela 17- Distribuição dos valores alcançados no teste de senta e alcança adaptado, em função da idade e
género.
Senta e Alcança – Adaptado (cm)
Idade
Sexo
6
7
8
♀
♂
♀
♂
♀
n
Média
SD
Mínimo
Máximo
22
-14,09
±2,741
-21
-10
17
-13,88
±1,495
-17
-11
38
-16,18
±3,187
-23
-9
46
-15,72
±3,384
-25
-10
41
-16,20
±3,393
-25
-11
Média
SD
Mínimo
Máximo
2,32
±4,325
-5
10
4,06
3,976
-3
12
2,21
±5,251
-9
11
1,70
±4,427
-10
12
2,85
±4,391
-11
11
Média
SD
Mínimo
Máximo
16,41
±4,272
8
25
17,94
±4,423
12
25
18,39
±4,347
8
30
17,41
±4,942
8
29
19,05
±4,560
8
32
9
♂
Encostado
35
-16,80
±2,644
-23
-13
♀
♂
♀
10
♂
Total
♀♂
29
-16,86
±4,086
-28
-11
47
-17,49
±2,881
-24
-11
24
-18,04
±3,381
-29
-12
42
-18,36
±4,107
-29
-11
341
-16,57
±3,481
-29
-9
1,69
±6,030
-13
12
1,87
±4,977
-9
11
0,42
±5,500
-13
9
-0,12
±6,567
-16
11
1,98
±5,171
-16
12
18,55
±4,085
9
27
19,36
±5,054
10
33
17,96
±4,011
12
28
18,00
±5,250
3
28
18,53
±4,731
3
33
Senta e Alcança
3,83
±4,442
-8
12
Diferença
20,63
±4,766
7
29
No teste de flexibilidade senta e alcança adaptado, ao analisarmos os resultados da diferença
entre o valor encostado com o resultado obtido após a flexão do tronco, verificamos, ao
contrário do que era de esperar, que os rapazes em média apresentam maior flexibilidade do
que as raparigas. Estes apenas conseguem ser superados pelas raparigas aos 7 anos de idade.
Na amostra estudada os dados mostram-nos que a partir dos 8 anos o nível de flexibilidade vai
reduzindo, pois os valores médios vão diminuindo em ambos os géneros.
84
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Tabela 18- Valor dos percentis no teste do senta e alcança adaptado, em função da idade e género.
Senta e Alcança – Adaptado (cm)
8
♀
♂
Encostado
♂
♀
♂
Percentil
7
♀
10
20
30
40
50
60
70
80
90
-17,70
-16,40
-15,00
-15,00
-14,50
-13,00
-12,80
-11,00
-11,00
-16,20
-15,00
-15,00
-14,00
-14,00
-13,00
-13,00
-13,00
-11,80
-21,00
-19,20
-17,30
-17,00
-16,00
-15,00
-14,70
-14,00
-12,00
-20,60
-19,00
-16,00
-16,00
-15,00
-14,00
-14,00
-13,00
-12,00
Percentil
6
10
20
30
40
50
60
70
80
90
-3,00
-2,40
-1,10
1,20
3,00
3,80
5,00
6,00
9,40
-,60
,00
,40
4,00
4,00
5,00
6,00
8,00
9,60
-6,10
-1,60
-,30
1,60
3,00
3,40
6,00
7,00
9,10
-3,30
-3,00
-1,80
1,00
2,00
3,20
4,00
5,00
6,30
-3,00
-,60
,60
2,00
4,00
5,00
6,00
7,00
7,80
Percentil
Idade
Sexo
10
20
30
40
50
60
70
80
90
10,30
11,60
14,90
16,00
16,00
17,80
19,00
19,80
22,40
12,00
13,00
13,80
17,00
17,00
20,00
21,20
22,40
24,20
12,90
14,80
16,00
17,00
18,50
20,00
21,00
22,00
24,00
10,00
13,40
15,00
16,00
16,50
18,20
20,90
21,00
23,60
14,00
15,40
16,60
18,00
18,00
20,00
21,40
22,60
25,60
-20,00
-19,00
-18,00
-17,00
-15,00
-15,00
-14,00
-13,40
-12,00
-21,40
-18,80
-18,00
-17,00
-16,00
-15,00
-15,00
-15,00
-14,00
♀
9
♂
♀
10
♂
Total
♀♂
-23,00
-20,00
-18,00
-17,00
-17,00
-16,00
-15,00
-13,00
-12,00
-21,00
-20,00
-19,00
-18,00
-17,00
-17,00
-16,40
-15,00
-12,80
-21,50
-20,00
-19,00
-19,00
-18,00
-17,00
-16,00
-16,00
-14,00
-24,70
-22,00
-20,00
-18,00
-17,00
-17,00
-16,00
-15,00
-14,00
-21,00
-19,00
-18,00
-17,00
-16,00
-15,00
-15,00
-14,00
-12,00
-8,00
-2,00
,00
1,00
2,00
4,00
5,00
6,00
8,00
-4,40
-2,00
-1,00
,00
1,00
3,60
5,00
7,00
9,00
-6,50
-4,00
-2,00
-1,00
,00
2,00
4,00
6,00
8,50
-9,40
-7,00
-3,20
,00
1,00
2,00
3,00
6,00
8,00
-5,00
-2,00
,00
1,00
2,00
4,00
5,00
6,00
8,00
12,00
16,00
17,00
18,00
18,00
19,00
21,00
23,00
23,00
11,80
16,00
17,00
18,00
19,00
20,80
22,00
22,80
26,20
13,50
15,00
15,50
17,00
18,00
19,00
20,50
21,00
25,00
11,30
13,00
15,00
17,20
18,00
18,80
20,00
23,40
26,70
12,00
15,00
16,00
17,00
18,00
20,00
21,00
22,00
25,00
Senta e Alcança
-2,40
1,00
2,00
3,00
5,00
5,60
6,00
7,00
10,00
Diferença
14,20
16,20
19,00
20,00
21,00
23,00
23,00
25,00
26,00
Tabela 19- Distribuição dos valores de flexibilidade no teste de amplitude de afastamento dos MI, em função da
idade e género.
Flexibilidade – Amplitude de Afastamento dos MI (graus)
Idade
Sexo
Percentil
n
Média
SD
Mínimo
Máximo
10
20
30
40
50
60
70
80
90
6
♀
♂
♀
7
♂
♀
8
♂
♀
♂
♀
♂
Total
♀ ♂
22
127,82
±9,806
112
154
113,90
121,60
122,00
123,20
127,50
128,80
132,00
136,60
140,00
17
120,59
±12,46
99
138
99,80
106,80
114,40
117,20
125,00
125,00
129,00
133,40
135,60
38
127,26
±13,78
100
180
113,90
119,40
122,00
123,60
125,00
128,00
130,00
135,20
140,80
46
114,43
±11,01
94
146
100,70
104,40
106,10
111,60
115,50
117,00
119,90
122,00
129,30
41
124,05
±12,39
100
147
104,20
113,40
118,20
121,80
124,00
128,20
130,00
133,20
142,80
35
118,83
±13,43
89
146
101,80
106,40
112,60
115,40
120,00
121,60
125,40
131,60
136,20
29
125,41
±17,60
101
180
105,00
112,00
114,00
115,00
122,00
126,00
132,00
137,00
155,00
47
115,30
±11,14
89
136
101,00
105,60
108,40
110,20
117,00
120,00
123,00
125,40
130,00
24
123,71
±13,61
96
150
107,00
111,00
116,00
119,00
122,50
126,00
131,00
135,00
146,00
42
119,19
±13,58
88
140
102,60
107,20
110,00
117,40
120,00
123,80
127,10
132,00
137,70
341
120,93
±13,60
88
180
104,00
109,00
114,00
118,00
121,00
124,00
127,40
132,00
137,00
85
9
10
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Afastamento dos MI (Graus)
Flexibilidade Senta e Alcança (cm)
22
130
21
125
20
19
120
18
115
17
16
110
6 anos
7 anos
8 anos
Femininos
9 anos 10 anos
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos
Masculinos
Femininos
Gráfico 8- Distribuição dos valores médios no teste do
senta e alcança adaptado (diferença), por idade e
género
Masculinos
Gráfico 9- Distribuição dos valores médios no teste de
amplitude de afastamento dos MI, por idade e género
No teste de amplitude de afastamento dos MI, identifica-se uma grande supremacia feminina.
Os valores médios, máximos e mínimos no sexo feminino são superiores ao do sexo
masculino. Apesar da pouca expressividade observa-se nas raparigas uma tendência para a
diminuição da amplitude de afastamento dos MI, entre os 6 e os 10 anos. No grupo feminino
aos 6 anos verifica-se o resultado médio mais elevado (128º), aos 7 anos o resultado mantémse praticamente igual e decresce aos 8 anos cerca de 3º, decréscimo mais acentuado mas sem
grande significado, tendo em conta que o desvio padrão é francamente superior a essa
variação (±12º). Nos rapazes, os valores médios são inconstantes, verificando-se variações
com o decorrer da idade.
86
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
4.2.3- Força
A avaliação da força inclui testes de força máxima (preensão manual), de força explosiva dos
membros superiores (lançamento da bola de ténis), de força explosiva dos membros inferiores
(salto horizontal sem corrida de impulsão) e força média resistente (flexões abdominais em
30seg).
Tabela 20- Distribuição dos valores do teste de força do membro superior, recorrendo à preensão manual e ao
lançamento da bola de ténis, em função da idade e género.
Força - Preensão Manual (kgf)
Idade
Sexo
Percentil
n
Média
SD
Mínimo
Máximo
10
20
30
40
50
60
70
80
90
6
♀
♂
♀
7
♂
♀
8
♂
♀
9
♂
♀
10
♂
Total
♀ ♂
22
10,50
±2,521
7
15
7,00
8,00
9,00
10,00
10,00
11,00
11,10
13,00
17
11,94
±2,045
8
17
9,60
10,00
11,00
11,20
12,00
12,00
13,00
13,40
38
10,05
±2,514
5
16
6,00
8,00
8,00
9,00
10,00
10,40
12,00
12,00
46
11,61
±2,832
7
19
8,70
10,00
10,00
10,00
11,00
12,00
12,00
14,00
41
13,00
±3,599
5
21
8,20
10,00
11,00
11,80
12,00
13,00
14,40
16,60
35
13,43
±3,284
5
19
9,60
11,00
11,00
12,00
13,00
14,60
16,00
17,00
29
13,76
±3,302
4
19
10,00
12,00
12,00
13,00
13,00
14,00
15,00
18,00
47
16,36
±3,253
10
24
12,80
13,60
14,00
15,00
16,00
17,00
18,00
20,00
24
16,42
±4,127
11
26
12,00
13,00
14,50
15,00
15,00
16,00
17,50
19,00
42
17,14
±3,613
11
25
12,30
13,60
15,00
16,00
17,00
18,00
19,00
20,00
341
13,59
±3,989
4
26
9,00
10,00
11,00
12,00
13,00
14,00
15,00
17,00
15,00
14,60
13,10
16,30
18,00
18,00
18,00
21,00
25,00
23,00
19,00
Força - Lançamento da Bola de Ténis (m)
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
Total
♀ ♂
n
Média
SD
Mínimo
Máximo
22
6,295
±1,642
3,2
9,2
17
9,094
±3,255
3,9
15,7
38
7,534
±2,390
3,1
12,8
46
12,591
±3,751
6,9
24,8
41
8,856
±2,362
3,8
14,0
35
14,454
±3,470
7,7
24,4
29
11,324
±2,498
5,8
16,4
47
15,551
±4,420
6,2
25,7
24
11,950
±3,640
4,4
19,6
42
18,602
±5,070
9,1
28,0
341
12,185
±5,090
3,1
28,0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
3,830
5,000
5,200
5,560
6,450
6,860
7,340
7,740
8,800
4,620
5,320
6,840
8,400
9,700
9,800
11,080
12,140
13,140
5,020
5,800
6,210
6,620
6,850
7,480
8,730
9,740
11,600
8,570
10,040
10,220
11,280
11,450
12,320
13,690
15,440
17,400
5,820
7,000
7,560
7,960
8,900
9,620
10,500
11,060
12,180
9,400
12,020
12,740
13,100
15,000
15,640
16,220
17,200
18,100
8,000
8,800
9,400
10,700
11,700
12,200
12,800
13,300
14,600
9,260
11,380
13,940
15,020
16,200
17,200
17,920
18,440
20,500
8,100
8,900
9,400
10,600
11,650
12,600
13,900
14,500
17,450
11,210
13,240
15,070
17,260
18,700
20,800
22,610
23,380
24,580
6,200
7,800
8,900
10,100
11,500
12,520
14,640
16,460
18,840
Percentil
Idade
Sexo
6
7
8
87
9
10
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Força- Preensão Manual (Kgf)
Força- Lanç. bola ténis (m)
20
20
18
16
15
14
12
10
10
8
5
6 anos
7 anos
Femininos
8 anos
9 anos 10 anos
6 anos
Masculinos
7 anos
8 anos
Femininos
Gráfico 10- Distribuição dos valores médios no teste
de Preensão Manual, por idade e género
9 anos 10 anos
Masculinos
Gráfico 11- Distribuição dos valores médios no teste
do Lançamento da Bola de Ténis, por idade e género
Na força máxima de preensão manual, no grupo masculino os resultados são praticamente
iguais aos 6-7 anos, verificando-se mesmo uma ligeira diminuição aos 7 anos que é explicada
pelo n mais elevado na subamostra. A média aos 6 e 7 anos foi de 12Kgf. Depois dos 7 anos
observa-se um aumento progressivo que varia entre 1 Kgf/ano e 3Kgf/ano. Aos 8 anos a
média é de 13 Kgf, aos 9 anos é 16 Kgf e aos 10 anos 17Kgf. Nos valores máximos e
mínimos observaram-se crianças que aos 6 anos já atingiam o valor de força média atingida
aos 10 anos.
A diferença de prestação entre os dois sexos nesta prova foi sempre favorável aos rapazes,
mantendo-se essa diferença estável, à exceção dos 9 anos de idade em que os valores médios
diferem um pouco mais (2,6Kgf). É importante de referir que apesar dos valores médios
serem superiores nos rapazes, a prestação com o valor mais elevado foi realizado por uma
rapariga com 26kgf, aparentemente explicado pela prematuridade no salto pubertário
feminino. O P50º apresenta apenas valores abaixo da média nos alunos com 6 anos de idade,
mostrando que a partir dos 7 anos a maioria dos resultados foram executados abaixo do valor
médio.
Na avaliação da força explosiva do membro superior recorrendo ao lançamento da bola ténis,
os alunos do género masculino são mais proficientes que os do género feminino, pois os
valores médios foram sempre superiores bem como os valores mínimos e máximos. Este
gesto é claramente mais adaptado ao género masculino. Em ambos os géneros os
desempenhos foram sendo superiores à medida que a idade aumentava.
88
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Tabela 21- Distribuição dos valores do teste de abdominais, em função da idade e género.
Força – Abdominais 30seg ( nº de execuções)
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
Total
♀ ♂
n
Média
SD
Mínimo
Máximo
22
10,59
±5,270
3
21
17
11,18
±3,909
5
20
38
11,79
±4,691
4
21
46
14,78
±4,988
6
25
41
14,56
±4,572
4
24
35
15,91
±4,104
6
24
29
16,45
±5,692
2
30
47
16,85
±5,345
4
28
24
17,92
±5,890
11
31
42
17,95
±4,968
5
31
341
15,00
±5,527
2
31
10
20
30
40
50
60
70
80
90
3,30
5,00
6,90
9,00
11,00
12,00
13,10
15,40
18,70
6,60
7,60
9,00
9,00
10,00
12,60
14,00
15,00
16,00
5,00
7,00
9,00
10,00
12,00
13,40
14,30
16,20
18,20
9,00
11,00
12,00
12,00
14,00
15,00
16,90
20,00
23,00
7,40
12,00
13,00
13,00
15,00
16,00
17,00
18,00
20,00
9,60
14,00
14,00
16,00
17,00
17,00
18,00
19,00
20,40
9,00
13,00
14,00
15,00
16,00
18,00
20,00
21,00
23,00
9,80
12,00
14,00
16,00
17,00
18,00
20,00
22,40
23,20
11,50
12,00
14,00
15,00
16,00
18,00
20,50
25,00
28,00
11,00
13,60
15,00
17,00
18,50
20,00
20,10
22,40
23,00
8,00
10,00
12,00
14,00
15,00
16,00
18,00
20,00
23,00
Percentil
Idade
Sexo
6
7
8
9
10
Na prova de força média, os rapazes realizaram, em média, um maior número de abdominais
durante os 30seg, tendo essa diferença diminuído com a idade. Nas raparigas o desempenho
foi melhorando progressivamente com o aumento da idade, tendo praticamente igualado os
rapazes no número medio de execuções, aos 10 anos de idade.
Tabela 22- Distribuição dos valores do salto horizontal sem corrida de impulsão, em função da idade e género.
Força - Salto Horizontal sem corrida de impulsão (cm)
Idade
Sexo
n
Média
SD
Mínimo
Percentil
Máximo
10
20
30
40
50
60
70
80
90
♀
6
♂
♀
7
♂
♀
8
♂
♀
9
♂
♀
10
♂
Total
♀ ♂
22
97,50
±13,423
71
121
75,10
83,00
92,80
95,20
98,50
103,60
105,10
108,20
115,10
17
109,06
±17,708
76
141
87,20
92,60
96,00
101,20
110,00
116,60
121,20
127,60
132,20
38
95,89
±20,835
45
148
71,10
79,80
83,70
88,00
96,00
105,80
110,00
112,40
120,00
46
109,15
±17,008
77
143
91,50
96,00
99,00
101,00
105,00
109,20
112,00
126,80
139,90
41
105,05
±16,453
73
140
84,20
88,80
94,60
100,80
107,00
110,00
114,00
118,80
127,80
35
120,74
±19,289
93
168
96,80
103,20
110,00
113,80
119,00
124,60
133,40
143,00
148,80
29
116,21
±19,852
80
150
87,00
98,00
105,00
111,00
116,00
120,00
130,00
131,00
145,00
47
121,38
±27,178
54
175
77,60
97,60
110,00
112,40
118,00
129,40
135,60
146,40
155,20
24
112,92
±27,953
52
165
78,50
94,00
97,00
98,00
108,00
117,00
127,50
144,00
155,00
42
129,29
±27,905
43
180
91,60
108,20
114,00
124,40
132,50
136,60
145,10
150,40
170,50
341
112,61
±23,815
43
180
84,20
93,40
99,00
105,00
110,00
115,20
124,00
133,00
145,00
Ao nível da força inferior a diferença de desempenho entre géneros foi sempre favorável aos
rapazes. Também no caso dos rapazes a média de desempenho vai melhorando com os anos,
não acontecendo o mesmo às raparigas, que diminui-o dos 6 para os 7 e dos 9 para os 10 anos.
Nesta habilidade existe uma supremacia clara dos rapazes em relação às raparigas. Os rapazes
apresentaram valores médios superiores a 12cm em relação às raparigas com exceção dos 9
anos que é de apenas 5cm. Observando os valores percentílicos confirmamos que os rapazes
89
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
mostram evoluir quase sempre a sua prestação, consoante vai aumentando a sua idade. Já no
escalão feminino apenas aquelas que saltam (acima do P80º) continuam a melhorar os seus
desempenhos ao longo da idade, enquanto as outras estabilizam ou até regridem.
Força- Abdominais 30seg (nº Rep)
Força- Salto Horizontal (cm)
20
130
18
120
16
14
110
12
100
10
8
90
6 anos
7 anos
8 anos
Femininos
9 anos 10 anos
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos
Masculinos
Femininos
Gráfico 12- Distribuição dos valores médios no teste
de Abdominais em 30seg, por idade e género.
Masculinos
Gráfico 13- Distribuição dos valores médios no teste
do salto horizontal sem corrida de impulsão, por idade
e género.
4.2.4- Resistência
O teste de resistência “Vaivém” é bastante utilizado para aferir a capacidade de resistência
aeróbia associada ao sistema cardiovascular. Trata-se de um teste de esforço progressivo em
que o ritmo de corrida de cada percurso de 20 metros é marcado por um sinal sonoro, ao qual
devem inverter o sentido de corrida e correr até à outra extremidade. Este teste, baseado no
teste de Leger & Lamber (1982) permite calcular o VO2 máximo.
Tabela 23- Distribuição dos valores na prova de resistência do vaivém, em função da idade e género.
Resistência – Teste do Vaivém (nº de percursos)
♀
♂
♀
♂
8
♀
♂
9
♀
♂
n
Média
SD
Mínimo
Máximo
22
14,45
±5,612
6
25
17
15,59
±6,520
7
29
38
13,34
±5,910
6
32
46
17,91
±9,184
7
45
41
14,37
±5,995
7
38
35
21,03
±10,753
8
41
29
21,52
±9,074
7
46
47
28,02
±15,624
5
72
24
19,79
±9,441
8
44
42
30,81
±16,110
7
62
341
20,38
±12,152
5
72
10
20
30
40
50
60
70
80
90
6,30
9,60
10,90
12,00
13,50
16,80
17,10
19,80
23,40
7,80
8,00
12,00
12,40
15,00
16,80
19,60
20,40
27,40
6,00
8,00
9,70
11,00
12,00
14,00
15,00
19,00
22,10
9,70
11,00
13,00
14,00
15,50
18,00
20,00
21,00
35,50
7,00
8,80
11,00
12,00
13,00
15,20
16,00
19,20
21,00
9,00
10,20
12,80
13,40
19,00
24,20
28,00
30,00
39,40
8,00
14,00
18,00
19,00
20,00
21,00
24,00
28,00
32,00
10,00
14,60
19,80
22,00
24,00
25,80
32,80
40,00
54,20
9,50
12,00
14,00
16,00
16,50
20,00
21,00
30,00
36,00
10,60
13,60
19,00
24,00
28,00
32,00
44,00
46,80
55,40
8,00
11,00
12,60
14,00
17,00
20,00
22,40
28,00
39,00
Percentil
Idade
Sexo
6
7
90
10
♀
♂
Total
♀ ♂
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Em termos gerais a capacidade de resistência (nº de percursos realizados) aumenta com a
idade no grupo masculino, mas no grupo feminino apenas entre os 8 e os 9 anos se identifica
um claro incremento, verificando-se uma diminuição pronunciada entre os 9 e os 10 anos. A
prestação média das raparigas foi sempre inferior à dos rapazes, com a diferença a tornar-se
mais relevante com o aumento da idade. Observando os valores percentílicos percebemos que
existe uma grande diferença entre os melhores e os piores desempenhos, aumentando à
medida que as idades também aumentam. Ao Compararmos com os valores criteriais da
bateria de testes do FITNESSGRAM, valores de referência indicados apenas para alunos com
10 anos, concluímos que o valor médio se encontra dentro dos limites recomendados para a
zona saudável da aptidão aeróbia (23-61 para rapazes; 15-41 para raparigas).
Tabela 24- Distribuição dos valores de VO2Máx. a partir da prova de resistência do vaivém, em função da idade
e género.
VO2 Máximo (ml. Kg . min )
-1
6
7
-1
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
♀
♂
Total
♀ ♂
n
Média
SD
Mínimo
Máximo
22
50,273
±1,718
47,4
53,4
17
50,524
±1,734
47,1
53,8
38
47,650
±1,645
44,6
52,0
46
48,774
±2,618
44,9
56,2
41
46,037
±1,925
42,5
51,5
35
47,729
±2,6995
44,6
52,5
29
46,334
±2,598
41,3
53,3
47
47,772
±3,867
41,4
55,6
24
43,938
±2,625
41,2
50,9
42
46,717
±4,249
39,4
53,7
341
47,457
±3,232
39,4
56,2
10
20
30
40
50
60
70
80
90
47,500
49,220
49,400
49,500
49,600
51,400
51,500
51,600
52,860
48,780
49,260
49,340
49,520
49,700
51,400
51,620
51,740
53,480
45,480
46,500
46,870
47,060
47,400
47,600
47,800
49,220
49,910
46,700
46,840
47,000
47,300
48,200
48,800
49,190
49,860
53,160
43,240
44,700
45,100
45,200
45,700
46,100
47,340
47,720
48,200
44,880
45,200
45,300
45,560
47,200
48,680
49,700
50,400
51,980
43,000
43,900
45,200
45,400
46,100
46,300
47,500
48,300
48,600
43,180
43,920
45,340
46,040
47,600
48,180
49,300
51,520
54,480
41,400
41,500
41,700
43,200
43,550
43,800
44,300
46,300
48,500
41,160
41,940
43,980
45,600
45,900
46,760
50,400
51,000
52,970
43,400
45,100
45,600
46,500
47,300
47,920
49,200
50,060
51,700
Percentil
Idade
Sexo
8
9
Resistência- Teste Vaivém (nº)
10
VO2 Máximo (ml. Kg-1. min-1)
35
52
30
50
25
48
20
46
15
44
10
42
6 anos
7 anos
Femininos
8 anos
9 anos 10 anos
6 anos
Masculinos
7 anos
Femininos
Gráfico 14- Distribuição dos valores médios no teste
do vaivém, por idade e género
8 anos
9 anos 10 anos
Masculinos
Gráfico 15- Distribuição dos valores médios de VO2
Máx, por idade e género
91
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
Relativamente ao VO2 máx, no escalão etário dos 6 aos 10 anos, verificámos na pesquisa
efetuada sobre estudos da última década, existirem poucos dados relativos à avaliação do VO 2
máx. Uma solução adaptada para os vários escalões etários é a utilização do teste PACER da
bateria FITNESSGRAM, que foi o realizado por nós. Fazendo uma análise dos valores
médios, verifica-se que em ambos os grupos há uma tendência para diminuir o VO2 máx. com
a idade. Comparando os valores médios entre género, podemos ver que os rapazes têm sempre
valores superiores aos das raparigas, diferença essa que vai aumentando ligeiramente com a
idade, acontecendo o mesmo no P50º e no valor máximo. Os valores médios de VO2 máx.
para os alunos com 10 anos, encontram-se dentro da ZSAF, segundo os valores do
FITNESSGRAM (2002).
4.2.5- Velocidade
A velocidade é inversamente proporcional ao tempo gasto para efetuar o percurso. Neste
sentido a analise dos dados (tempo gasto) deve ser analisado em função da proporcionalidade
descrita anteriormente.
Tabela 25- Distribuição dos valores do teste de velocidade, em função da idade e género.
Velocidade – 20m lançados (segundos)
♀
♂
♀
♂
8
♀
♂
9
♀
♂
♀
♂
n
Média
SD
Mínimo
Máximo
22
4,675
±0,492
4,12
5,98
17
4,494
±0,465
3,75
5,75
38
4,663
±0,543
3,61
5,93
46
4,275
±0,452
3,39
5,08
41
4,373
±0,506
3,06
5,40
35
4,270
±0,476
3,33
5,07
29
3,949
±0,480
2,90
5,34
47
3,941
±0,481
3,05
4,98
24
3,887
±0,504
3,11
5,13
42
3,711
±0,324
3,16
4,35
341
4,192
±0,562
2,90
5,98
10
20
30
40
50
60
70
80
90
4,1860
4,2300
4,2780
4,4620
4,5250
4,6540
4,8930
5,2160
5,3380
3,9180
4,1820
4,2260
4,3340
4,4600
4,4960
4,6320
4,7680
5,2700
3,9410
4,0880
4,3910
4,5320
4,6150
4,8140
4,9930
5,2300
5,3410
3,5860
3,8440
4,0510
4,1000
4,3150
4,4220
4,5390
4,6960
4,8910
3,8060
3,9360
4,0480
4,2460
4,3400
4,4720
4,6640
4,8420
5,1260
3,5380
3,8920
3,9760
4,0800
4,3800
4,5400
4,6340
4,7520
4,8140
3,4000
3,6000
3,7500
3,8400
3,9000
4,0200
4,1600
4,3500
4,5200
3,4200
3,4900
3,6140
3,7760
3,8800
4,0280
4,1260
4,3880
4,7280
3,2700
3,4100
3,5000
3,6400
3,7650
4,1500
4,2200
4,3200
4,5250
3,2980
3,4040
3,4870
3,6020
3,6800
3,7460
3,8620
4,0240
4,2150
3,4720
3,6840
3,8600
4,0200
4,1600
4,3220
4,4800
4,6800
4,9740
Percentil
Idade
Sexo
6
7
10
Total
♀ ♂
Em ambos os géneros a velocidade melhora à medida que a idade aumenta. Este aumento de
velocidade é menos evidente dos 7 para os 8 anos masculinos e dos 6 para os 7 anos
femininos. O género masculino é comparativamente ao género feminino mais rápido em todos
os escalões etários, com principal incidência aos 7 anos de idade. O desvio padrão é na sua
maioria maior para as raparigas face aos rapazes, o que poderá pressupor maior
92
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados
heterogeneidade das velocidades obtidas pelas raparigas. Com exceção dos rapazes de 7 e 8
anos, o P50º relativo ao tempo gasto para realizar os 20m, encontra-se abaixo das médias, isto
indica que esta diferença entre médias e P50º se deve essencialmente a um maior desvio em
relação à média por parte percentis mais elevados da amostra.
93
_________________________________________________________________________________Conclusões
Capitulo V – Conclusões
5.1- Conclusões
Após a apreciação dos resultados apresentados na nossa investigação ao nível
antropométrico, podemos concluir que:
Na estatura, dos 6 aos 10 anos não se observaram nos rapazes picos de crescimento, existindo
sim uma certa regularidade no crescimento com um aumento médio de 4,8cm ao ano. Já
quanto às raparigas parecem confirmar-se pequenas fases de maior crescimento (dos 7 para os
8 e dos 9 para os 10 anos). Os rapazes em média são sempre mais altos do que as raparigas.
Na massa corporal, observaram-se duas fases de maior aumento ponderal nas raparigas, um
aos 8 anos e outro aos 10 anos, que poderão estar associadas às fases do crescimento em
altura conhecidas como pico de crescimento pré-pubertário e início do salto pubertário. Nos
rapazes o aumento médio da massa corporal, tal como na estatura apresentou alguma
regularidade, tendo um aumento médio de 3,8Kg ao ano.
Comparando os valores médios de estatura e massa corporal do presente estudo com os
valores obtidos noutros estudos de referência, as crianças de Mira são ligeiramente mais
baixas e mais leves nas idades dos 6-7 anos. Aos 8 e 9 anos os valores estão muito próximos
dos outros estudos, não existindo diferenças consideráveis. Aos 10 anos de idade em ambos
os géneros os valores médios da nossa amostra superam os valores de todos os estudos com os
quais efetuámos comparações.
Relativamente ao Índice de Massa Corporal (IMC) e segundo os pontos de corte da Zona
Saudável de Aptidão Física (ZSAF) da bateria de testes FITNESSGRAM, os rapazes
apresentam maiores percentagens na ZSAF, contudo aos 9 anos a percentagem de rapazes
acima dessa zona é de 36% e aos 10 anos de 24%. Pelo contrário, as raparigas abaixo da
ZSAF, apresentam em todas as faixas etárias percentagens acima dos 20%, (41% aos 6 anos,
37% aos 7 anos, 24% aos 8 e 9 anos e 21% aos 10 anos).
94
_________________________________________________________________________________Conclusões
Considerando os pontos de corte de IMC de Cole et al. (2000), a nossa amostra apresentou
uma taxa de obesidade de 11% para a totalidade da amostra. Nas raparigas a prevalência de
obesidade foi de 14% e nos rapazes foi de 8%. Ao nível da prevalência de sobrepeso e
obesidade, observaram-se valores mais elevados aos 9-10 anos, o que poderá estar associado
ao processo normal de crescimento e maturação, como o tempo mínimo de velocidade de
crescimento em altura e não tanto relacionado com processos de evolução para situações de
obesidade patológica.
Relativamente às pregas adiposas subcutâneas, estas parecem andar lado a lado, ou seja o
aumento ou diminuição de uma é acompanhado pelas outras. Isto significa que nestas idades
não há alterações no padrão da distribuição do tecido adiposo pelas diversas regiões corporais.
Este facto é relevante porque a verificar-se a generalização do fenómeno poder-se-ia, de
forma mais económica, calcular a %MG com base na medição de apenas uma prega adiposa
subcutânea.
Em relação aos valores médios da percentagem de massa gorda (%MG) calculados em função
das pregas tricipital e geminal, estes são muito idênticos em ambos os géneros aos 6, 9 e 10
anos, existindo nas raparigas um valor com superioridade marcada aos 7 e 8 anos. Analisando
os resultados criteriais da %MG em função dos valores de corte da zona saudável do
FITNESSGRAM, nos rapazes aos 6 anos, 6% estão acima da ZSAF aumentando
consideravelmente com a idade (7 anos 10%, 8 anos 17%, anos 32%) até atingir 48% aos 10
anos. Já no género feminino a situação é ao contrário, pois aos 6 anos 50% das meninas
encontravam-se abaixo da ZSAF, aos 7 anos 29%, aos 8 anos 22%, aos 9 anos 19% e aos 10
anos 9%, diminuindo a percentagem de meninas abaixo da ZSAF, aumentando a percentagem
de meninas na ZSAF com o decorrer da idade.
A comparação dos perímetros (braquial, abdominal e geminal) são semelhantes para ambos os
géneros apresentando o seu crescimento (tal como as pregas adiposas) proporcionalidades
idênticas entre eles em todas as idades estudas estudadas.
Quanto às correlações, os perímetros estão mais corelacionados com a massa corporal do que
com as pregas em ambos os géneros e o mesmo acontece em relação à estatura.
95
_________________________________________________________________________________Conclusões
Ao nível da Aptidão Física os resultados obtidos sugerem as seguintes conclusões:
Ao nível da coordenação motora, os rapazes obtiveram um valor médio superior. Também se
verificou que a evolução em função da idade é mais pronunciada no grupo masculino, pelo
que a diferença entre géneros é maior aos 10 anos do que aos 6 anos.
A flexibilidade no teste da amplitude de afastamento dos MI parece ser uma qualidade
marcadamente feminina, pois os valores médios são bastante superiores ao dos rapazes. Tanto
nos rapazes como nas raparigas há uma diminuição da capacidade entre os 6 e os 10 anos. No
teste do senta e alcança adaptado, observámos nos resultados da diferença entre o valor
encostado com o resultados obtidos após a flexão do tronco, ao contrário do que era de
esperar, que os rapazes em média apresentam maior flexibilidade do que as raparigas, sendo
apenas superados pelas raparigas aos 7 anos de idade
Na componente força, nos 4 testes selecionados observou-se uma clara supremacia masculina.
No lançamento da bola de ténis e no salto horizontal, tanto aos 6 anos como aos 10 anos, os
valores médios observados nos rapazes superam largamente os observados nas raparigas. Já
na força abdominal e na preensão manual, os valores médios observados estão mais próximos,
contudo as raparigas nunca conseguiram superar os valores médios de desempenho dos
rapazes, nestes testes de força.
Na capacidade de resistência aeróbia, os rapazes apresentaram resultados médios superiores
aos das raparigas. A prestação das raparigas foi sempre inferior à dos rapazes, com a diferença
a tornar-se mais relevante com o aumento da idade.
Em relação à velocidade de corrida, na prova dos 20m lançados os rapazes foram em média
mais rápidos do que as raparigas da mesma idade. Em ambos os géneros a velocidade
melhorou com a idade.
96
_________________________________________________________________________________Conclusões
5.2- Considerações finais
A realização deste trabalho teve como objetivo caracterizar a população escolar do 1.º CEB
do concelho de Mira, relativamente às suas características antropométricas e de Aptidão
Física. Os dados apresentados poderão apoiar as entidades competentes na análise da
necessidade ou não de alterar ou reformular algumas políticas educativas concelhias.
O tratamento estatístico permitiu identificar valores descritivos de tendência central, de
dispersão e amplitude, como também os valores percentílicos (P10º, P20º, P30º, P40º, P50º,
P60º, P70º, P80º e P90º), valores esses que poderão servir para a localização dos resultados de
sujeitos que posteriormente venham a utilizar os mesmos testes, nomeadamente no contexto
da Educação Física e no contexto desportivo.
As aulas de Atividade Física e Desportiva (AFD) três vezes por semana, com a duração de 45
minutos por aula, têm sido uma excelente opção, contudo não resolve na sua totalidade o
problema de colocar as nossas crianças a praticarem desporto e a terem bons níveis de ApF.
Perante isto, é importante não terminar com as Atividades de Enriquecimento Curricular e
com as aulas de AFD no 1ºCEB, sugerindo-se um melhor enquadramento dos programas a
implementar, um reforço de ampliação e melhoria dos espaços desportivos e um aumento dos
materiais necessários para a prática desportiva nas escolas do 1ºCEB.
Encaramos como sendo bastante importante, a realização de testes de ApF nas escolas do
1ºCEB, no início e no final de cada ano letivo, para que se possa monitorizar a evolução dos
níveis de ApF da população escolar do 1ºCEB e os efeitos do trabalho realizado no contexto
da AFD.
Por último, considerando que no futuro se possam realizar trabalhos de continuidade deste
nosso estudo, achamos relevante sugerir que se realize o cruzamento dos resultados com
dados relativos à maturação biológica e análise da atividade física habitual das crianças,
identificando-se assim o papel de cada um destes fatores nos indicadores antropométricos e de
aptidão física.
97
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109
____________________________________________________________________________________Anexos
ANEXOS
Anexo 1 – Pedido de autorização ao agrupamento
Exmo. Sr. Diretor
do Agrupamento de Escolas de Mira
Mira, 5 de Dezembro de 2011
Estudos sobre aspetos da vida e características da população infantil e juvenil como a aptidão
física, o crescimento e a maturação, devem ser realizados com alguma regularidade e permitem aceder
a informações importantes para a intervenção mais fundamentada de profissionais de Educação Física
e Desporto, profissionais de saúde e em última instância revelam informações que interessam também
aos decisores políticos que podem promover a atividade física e o desporto e a criação de
infraestruturas apropriadas.
Eu, José António Ribeiro Santo licenciado em Professores do Ensino Básico, Variante de
Educação Física pela Escola Superior de Educação de Coimbra, e no âmbito do meu processo
formativo no curso de mestrado em Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Ciências da
Educação), apresentei à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro um projeto de tese de mestrado
que se destina à caracterização da população infanto-juvenil do Concelho de Mira, mais concretamente
os alunos do 1º CEB, relativamente à sua Condição Física, Crescimento, Maturação Biológica e
Aptidão Física. Para tal, iremos aplicar testes antropométricos e testes de aptidão física.
Nesse sentido vimos por este meio solicitar a V.ª autorização para realizarmos o trabalho
prático do estudo com os alunos do 1º Ciclo do Agrupamento de Escolas de Mira.
Com o acordo dos respetivos professores o estudo decorrerá entre os meses de Fevereiro e Abril
durante o tempo de aulas de Atividade Física e Desportiva. Em pequenos grupos os alunos autorizados
e que se voluntariem para tal interromperão por cerca de 15/20 minutos as atividades das aulas e irão
fazer alguns testes junto da equipa de avaliadores. Depois de terminados esses testes voltarão a
integrar-se nas atividades da aula.
Um pedido de autorização será também enviado aos encarregados de educação e só
participarão no estudo os alunos que o façam de forma voluntária. Como as normas éticas associadas à
investigação exigem, será escrupulosamente respeitada a confidencialidade dos dados pessoais
recolhidos e os mesmos servirão exclusivamente para a realização o presente estudo.
Com os melhores cumprimentos.
Mestrando:
Dr. José António Ribeiro Santo
Professor Orientador da Tese de Mestrado:
Professor doutor Artur Manuel Anjos Martins
110
____________________________________________________________________________________Anexos
Anexo 2 – Pedido de autorização aos Encarregados de Educação
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO
Exmo. (a) Sr. (a) Encarregado(a) de Educação
Estudos sobre características da população infantil e juvenil como a aptidão física, o
crescimento e a maturação, devem ser realizados regionalmente com alguma regularidade.
Permitem aceder a informações importantes para os pais, para a intervenção fundamentada de
profissionais de Educação Física e Desporto, profissionais de saúde e em última instância este
tipo de estudos são também importantes para os decisores políticos fundamentarem as suas
decisões relativamente à promoção da atividade física e do desporto e investirem na criação
de infraestruturas desportivas.
No âmbito do mestrado que estamos a cursar em Educação Física no Ensinos Básico e
Secundário, apresentámos à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro um projeto de tese
de mestrado que se destina à caracterização do crescimento e aptidão física da população
infanto-juvenil do Concelho de Mira. Para tal iremos aplicar testes antropométricos e testes de
aptidão física.
Assegura-se a confidencialidade dos resultados, podendo os Encarregados de Educação ter
acesso aos resultados da avaliação do seu educando.
Nesse sentido vimos por este meio solicitar autorização para incluirmos o vosso educando na
amostra do estudo que está previsto decorrer durante o tempo de aulas de Atividade Física e
Desportiva das AEC entre os meses de Fevereiro e Abril.
Antes e durante a realização do estudo qualquer Encarregado de Educação poderá solicitar
esclarecimentos adicionais sobre detalhes da pesquisa e revogar a autorização dada.
Com os melhores cumprimentos.
Mira, 16 de Dezembro de 2011
O Mestrando
_______________________________________
(José António Ribeiro Santo)
---------------------------------------------------------------------------------------------------------Autorização do Encarregado de Educação ou Tutor
Li e percebi a explicação que me foi dada relativamente ao estudo e autorizo o(a) meu
(minha) educando(a) a participar no referido estudo.
Escola EB1 ____________________________________ Ano de Escolaridade ___________
Nome do aluno(a) _______________________________ Data Nascimento ____/____/_____
Assinatura do Enc. de Educação ou Tutor _________________________________________
Data_____/_____/_______
111
____________________________________________________________________________________Anexos
Anexo 3 – Protocolos de avaliação
Protocolo de avaliação antropométrica
Estatura (Altura)
Descrição:
Será feita a medição da distância do ponto superior da cabeça ao solo. O avaliado estará na posição ortostática:
indivíduo em pé, posição ereta, braços estendidos ao longo do corpo, pés unidos, procurando pôr em contacto o
instrumento de medida com as superfícies posteriores dos calcanhares, cintura pélvica, cintura escapular e
região occipital.
A cabeça deve estar orientada segundo o plano de Frankfurt: a cabeça é posicionada de modo que a linha
imaginária que liga a pálpebra inferior (orbitale) à parte mais alta do lóbulo da orelha (trago) esteja paralela em
relação ao solo.
O avaliado realizará a avaliação descalço e a medida será feita com o cursor em 90º em relação à escala.
Avaliação:
- O avaliador deve-se posicionar à direita do avaliado;
- O registo da avaliação será efetuado no período da tarde.
- Evitar que o avaliado se encolha quando o cursor tocar a sua cabeça.
- A medida será registada em centímetros
Massa Corporal (Peso)
Descrição:
O avaliado vai se posicionar em pé e ereto, com os pés afastados à largura dos ombros. Deve manter o olhar
dirigido para a frente e fixo num ponto ao mesmo nível dos seus olhos. Terá de usar o mínimo de roupa
possível.
Será verificado o nivelamento do solo sobre o qual vai ser apoiada a balança. Esta será calibrada a cada 10
pesagens e o registo do peso será feito no mesmo período do dia.
Avaliação:
A medida será registada em quilogramas, com aproximação a 0,1kg.
112
____________________________________________________________________________________Anexos
Prega Adiposa Subcutânea Tricipital
Descrição:
O que se pretende medir neste teste é a camada dupla de pele e a gordura subcutânea.
A prega adiposa subcutânea tricipital é medida na parte posterior do braço direito, no ponto medial entre o
cotovelo e o acrômio. Esta prega adiposa é vertical e deve estar firmemente agarrada entre o polegar e
indicador, afastando-a do restante tecido corporal, sem provocar dor ao avaliado.
Avaliação:
O registo da medida será feito em milímetros.
Prega Adiposa Subcutânea Subescapular
Descrição:
O avaliado estará de pé, posição ereta, braços estendidos ao longo do corpo. Segura-se a prega adiposa mesmo
abaixo do vértice inferior da omoplata. Esta prega assume uma orientação oblíqua e é medida na região
posterior do tronco.
Avaliação:
O registo desta medida será feito em milímetros.
Prega Adiposa Subcutânea Geminal
Descrição:
A prega adiposa subcutânea geminal é medida na parte interna da perna direita na zona de maior perímetro da
mesma. O pé direito deve estar apoiado numa superfície elevada, para que o joelho fique em 90º de flexão.
Agarra-se a Dobra Cutânea no sentido paralelo ao eixo longitudinal do corpo, destacando-a com o polegar
apoiado no bordo medial da tíbia.
É uma prega vertical, na qual os olhos do observador devem estar ao nível do local a medir e o adipómetro deve
estar horizontal ao plano de referência do solo.
Avaliação:
O registo desta medida será feito em milímetros.
113
____________________________________________________________________________________Anexos
Perímetro Braquial
Descrição:
O aluno deverá ter o membro superior direito descontraído e ao longo do corpo.
A mediada será efetuada na face posterior do braço direito, a meia distância da linha que une os pontos
anatómicos designados de olecrâneo e acrómio, ao nível do local correspondente ao maior perímetro do braço
em descontração.
Avaliação:
O registo será efetuado em centímetros.
Perímetro Abdominal
Descrição:
O aluno estará na posição de pé, com os membros superiores ao longo do corpo. O avaliador coloca a fita num
plano horizontal, passando por cima da cicatriz umbilical.
A medida será efetuada após o final de uma ligeira expiração.
Avaliação:
O registo será efetuado em centímetros.
Perímetro Geminal
Descrição:
A mediada será efetuada ao nível correspondente ao maior perímetro.
Com o avaliado em posição ortostática, com a perna apoiada num banco e realizando um ângulo aproximado de
90º entre a perna e a coxa. O avaliador coloca a fita no plano horizontal, no ponto de maior massa muscular.
Avaliação:
O registo será efetuado em centímetros.
114
____________________________________________________________________________________Anexos
Protocolo de avaliação da aptidão física
Coordenação (Ria)
Descrição:
De acordo com o protocolo de Martins Carvalho (2007), o teste realiza-se num espaço retangular com
aproximadamente 30 m2 (6x5) dividido a meio por duas linhas paralelas separadas por 1,5 m, o aluno de frente
para a linha que se vai ultrapassar, bola agarrada por ambas as mãos. Ao sinal de começo lança-se a bola (de
baixo para cima) de forma a que esta ultrapasse o espaço delimitado pelas linhas, e após lançar a bola, o aluno
desloca-se rapidamente para o outro lado das linhas de forma a agarrar a bola antes de esta tocar o chão. Se a
bola tocar o chão essa receção não é contada. Depois de agarrar a bola o aluno volta a lançá-la rapidamente em
sentido contrário e o movimento processa-se de forma idêntica. Quando a bola não é apanhada na trajetória
aérea, o aluno agarra nova bola dada por um colega e reinicia rapidamente o movimento. Se a bola for agarrada
mas os pés estiverem a pisar a linha ou no espaço entre linhas (ria) a receção também não conta, devendo o
aluno dirigir-se rapidamente para um dos lados da ria e reiniciar o movimento.
A prova tem a duração de 30 segundos, e só contam o número de transposições efetuadas corretamente.
Fazem-se duas tentativas intervaladas por um período mínimo de 2 minutos e máximo de 10 minutos e assumese o melhor resultado.
Avaliação:
Será feito o registo do número de transposições efetuadas corretamente.
Flexibilidade (Senta e Alcança - Adaptado)
Descrição:
A prova de Flexibilidade (flexão anterior do tronco sobre os membros inferiores e máxima extensão do tronco e
membros superiores) “senta e alcança” (sit-and-reach) foi realizada de acordo com o protocolo de Martins
Carvalho (2007) tendo uma adaptação em relação ao da Bateria de Testes do FITNESSGRAM (2002). A
adaptação consiste em medir a diferença entre, a distância do ponto atingido pelo dedo médio com as duas mãos
sobrepostas uma sobre a outra, mantendo o tronco na posição vertical e ombros e região dorsal em contacto com
parede, e o ponto mais afastado (na régua desenhada na caixa) que se consegue atingir e manter durante 2
segundos com o dedo médio (mãos em sobreposição), alcançado após flexão anterior do tronco.
Numa primeira medição (encostado), o aluno deve descalçar-se e sentar-se no chão com a zona da bacia,
ombros e cabeça encostados a uma parede. Colocar a planta dos pés contra a caixa, mantendo os joelhos em
extensão. Deve estender completamente um dos membros inferiores, ficando a planta do pé em contacto com a
extremidade da caixa e a parte posterior do joelho em contacto com o solo. Nesta posição o aluno irá esticar os
braços à frente, com uma mão em cima da outra, sem desencostar o tronco e a cabeça da parede, tocando com a
ponta dos dedos na fita métrica, sendo este o “ponto zero”. De seguida (segunda medição - senta e alcança) o
aluno irá fletir uma das pernas colocando a planta do pé assente no solo e irá fletir o tronco, deslizando
lentamente os braços para a frente, mantendo as mãos paralelas, no centro da caixa (as mãos devem ser
colocadas uma sobre a outra). O avaliador irá ler o valor que a ponta mais avançada dos dedos alcança na fita
métrica, tendo o avaliando de manter a posição de alongamento durante alguns segundos.
115
____________________________________________________________________________________Anexos
O membro inferior que deverá estar estendido será sempre o direito, durante a flexão anterior do tronco é
permitido o movimento do joelho fletido para o lado e só será realizado apenas um ensaio.
Esta avaliação exigiu a utilização de uma caixa com 30 cm de lado, um colchão e uma régua.
Antes de se efetuar esta avaliação os alunos realizam exercícios de aquecimento e alongamentos estáticos
durante pelo menos 3 minutos.
Avaliação:
O resultado para cada uma das avaliações, regista-se em centímetros e será arredondado ao centímetro mais
próximo. O valor final contabilizado é a diferença entre a medição obtida com o tronco encostado à parede e o
valor obtido com a flexão anterior do tronco sobre os membros inferiores.
Flexibilidade (Amplitude de Afastamento dos Membros Inferiores)
Descrição:
O teste de Flexibilidade (Amplitude de afastamento dos MI) o protocolo foi adaptado do teste de Afastamento
lateral dos MI de Johnson e Nelson (1979) apud Fernandes Filho (1999) e de Lopéz (2002) tendo sido criado o
nosso próprio protocolo.
O aluno irá descalçar-se e adotar uma postura sentado no solo afastando o mais possível as duas pernas. A
medição é realizada por um Goniómetro adaptado colocado entre os MI, colocando os braços do mesmo em
ajustados à parte interna das pernas de forma a que toque nos côndilos internos e nos tornozelos. O ponto zero
será no prolongamento do MI esquerdo e o prolongamento do MI direito e irá marcar o ângulo formado pela
abertura dos dois membros. Os MI terão que estar em extensão máxima e pousados junto com os calcanhares no
chão. A avaliação será efetuada no período da tarde e antes serão realizados exercícios de aquecimento e
alongamentos estáticos durante pelo menos 3 minutos, para mobilizar os membros inferiores antes da prova. O
avaliado na posição de sentado formará o maior ângulo possível entre os MI.
Avaliação:
Serão realizados dois ensaios seguidos, sendo apenas considerado o melhor. O valor é definido em graus.
Força (Preensão Manual)
Descrição:
O aluno realizará o máximo de preensão possível no dinamómetro e para tal tem de adotar uma posição ereta,
com a cabeça erguida, olhando em frente. O dinamómetro manual deve ser ajustado para que a segunda falange
do dedo polegar esteja em ângulo reto; o antebraço deve estar posicionado em qualquer ângulo entre 90º e 180º
em relação ao braço que deve estar em posição vertical; o pulso e o antebraço devem estar em leve pronação.
O avaliado terá de exercer uma força máxima e breve, sendo a pressão realizada de forma contínua.
Avaliação:
A prova é realizada com a mão preferencial, sendo permitidos dois ensaios, com registo do melhor resultado,
expresso em quilogramas força (Kgf), com uma casa decimal.
116
____________________________________________________________________________________Anexos
Força (Lançamento da Bola de Ténis)
Descrição:
O aluno terá de lançar a bola de ténis o mais longe possível.
O lançamento é feito com a mão preferida, tipo “lançamento de dardo”, entre duas linhas paralelas marcadas no
chão, distantes 2 metros entre si. É permitida uma corrida de balanço, dentro dos limites da zona de lançamento.
O aluno deverá respeitar as zonas limitadas para a corrida de balanço.
Avaliação:
São realizados dois ensaios, sendo registada a melhor marca, expressa em metros.
Força (Abdominais 30seg)
Descrição:
Em relação ao teste de força média foi o teste de abdominais em que o objetivo era realizar o maior número de
abdominais num período de 30 segundos.
O aluno teria de efetuar elevações e abaixamentos do tronco, partindo da posição de decúbito dorsal, os joelhos
fletidos a 90º, com os membros superiores cruzados, ficando as mãos sobre o ombro contrário.
Os pés, estarão ligeiramente afastados e deverão manter o contacto com o solo pela ajuda de um companheiro
que lhe segura os tornozelos.
Outro dos companheiros ajoelha-se atrás dele, colocando as mãos por baixo da cabeça deste e em contacto com
o colchão, vigiando o cumprimento dos critérios de êxito e contabilizando o número de abdominais.
Conta-se o número de ciclos completos (elevação e descida do tronco) que o executante realiza, sendo
contabilizadas as vezes que os cotovelos tocam nos joelhos.
Avaliação:
Realiza-se apenas um ensaio, no qual será contabilizado o número de repetições realizadas corretamente num
período de 30 segundos.
Força (Salto em Comprimento sem corrida de impulsão)
Descrição:
Foi marcada no chão uma linha a partir da qual o aluno efetuava o salto o mais longe possível a pés juntos e
sem corrida ou qualquer passo preparatório, fazendo apenas uso dos braços para ganhar balanço.
A saída dos pés do solo deverá ser simétrica e sem estar a transpor a linha inicialmente traçada. Após cada salto,
o ponto mais recuado de contacto com o solo é marcado e lido pelo observador com recurso a uma fita métrica
colocada perpendicularmente à linha de salto.
Avaliação:
O aluno teve direito a realizar duas tentativas, tendo sido registada apenas a melhor marca em centímetros.
117
____________________________________________________________________________________Anexos
Resistência (Teste do Vaivém – PACER)
Descrição:
Seguindo o protocolo do FITNESSGRAM, no teste do vaivém, o percurso é delimitado por duas linhas
distanciadas 20 metros uma da outra. O avaliado terá de cumprir o percurso em ambos os sentidos, adequando o
seu ritmo de corrida ao sinal sonoro, de forma a encontrar-se numa das extremidades do percurso quando este
soar. Os alunos colocam-se na linha de partida, correm pela área estipulada e devem transpor a linha oposta. Ao
sinal sonoro devem inverter o sentido de corrida e correr até à outra extremidade. Se os alunos atingiram a linha
antes do sinal sonoro, deverão esperar pelo mesmo para correr em sentido contrário.
Um sinal sonoro indica o final do tempo de cada percurso e um triplo sinal sonoro no final de cada minuto
indica o final de cada patamar de esforço, alertando ainda os alunos de que o ritmo vai acelerar e a velocidade
de corrida terá de aumentar para percorrerem a distância de 20 metros em menos tempo. Trata-se de uma prova
de patamares progressivos com a duração de 60 segundos (1 patamar = 1 minuto) o que obriga os executantes a
aumentar a velocidade (+ 0,5 km/h. por patamar). A prova inicia-se a uma velocidade de 8,5 km/h. O teste
termina com a desistência do participante, ou quando este não conseguir atingir a linha demarcada, 2 vezes
consecutivas ou não consecutivas.
Avaliação:
É registado o número de percursos efetuados (um percurso corresponde a uma distância de 20 metros).
Velocidade de Corrida (20m lançados)
Descrição:
O protocolo seguido foi o apresentado por Martins de Carvalho (2007) em que a uma distância de 25 metros
relativamente à meta, o aluno começa a correr à máxima velocidade, tentando passar a meta o mais rápido
possível. O tempo só começa a ser contabilizado, após passar a linha dos 5 metros e termina no momento em
que passa a linha dos 25 metros. Será registado o tempo que demora a percorrer 20 metros de corrida.
O avaliado deve percorrer a distância o mais rápido possível e não deve travar o movimento antes de passar a
meta, nem travar bruscamente após atravessar a mesma.
Avaliação:
Regista-se o tempo de duas tentativas (mínimo 5 min. de intervalo) e seleciona-se o melhor registo. O tempo de
duração da corrida é contabilizado em segundos.
118
Nomes
119
Velocidade
(20 m lançados)
Resistência - Vaivém
Ano
Força- Salto horizontal
Força
(Abdominais - 30 Seg)
ForçaLançam. Bola de Ténis
Força
(Dinamómetro)
Antropometria
Flexibilidade
(Ângulo MI)
Flexibilidade
(Senta e Alcança)
Flexibilidade
- Encostado
Coordenação (Ria)
Perímetro
Geminal
Turma
Perímetro
Abdominal
Perímetro
Braquial
Prega
Geminal
Prega
Subescapular
Identificação
Prega
Tricipital
Escola EB1
Peso
Estatura
Sexo
Idade
Data Nascimento
Ano de Escolaridade
Anexo 4 - Grelha de registo de dados
Grelha de Registo de Dados
Aptidão Física
Prof. José Santo
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José António Ribeiro Santo