Centro Universitário da Zona Oeste Obtenção de Energia pelos Seres Vivos Curso: Tecnologia em Produção de Fármacos e Farmácia Período: 5° período Disciplina: Microbiologia Industrial Professora: Sabrina Dias AULA 6: FERMENTAÇÕES Obtenção de Energia pelos Seres Vivos Obtenção de Energia pelos Seres Vivos Os Quimiotróficos apresentam dois mecanismos conhecidos: 1. RESPIRAÇÃO: atuam aceptores externos de elétrons (fosforilação oxidativa) Podendo ser: Aeróbia: o aceptor externo é o oxigênio Anaeróbia: aceptores diferentes do oxigênio (nitrato, sulfato, carbonato, ...) 2. FERMENTAÇÃO: ocorre na ausência de aceptores externos de elétrons (fosforilação em nível de substrato) 1. Respiração aeróbia: é o procedimento mais comum às células e compreende 3 etapas: 1) Piruvato (glicólise quando o substrato é a glicose) 2) Ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs) 3) Cadeia respiratória Obtenção de Energia pelos Seres Vivos 2ª etapa: Ciclo de Krebs Ocorre no citoplasma (procariotos) e nas mitocôndrias (eucariotos). Além do papel-chave nas reações catabólicas, o ciclo de Krebs é importante nas reações biossintéticas. 1ª etapa: Via Glicolítica ou Glicólise É considerada a via metabólica mais primitiva, presente em todas as formas de vida atuais. Ocorre no citoplasma das células. Características: 1. Oxidação parcial da glicose a ácido pirúvico 2.Pequena quantidade de ATP é produzida 3.Pequena quantidade de NAD é reduzida a NADH Obtenção de Energia pelos Seres Vivos 3ª etapa: Cadeia respiratória (sistema de transporte de elétrons) Ocorre ao nível da membrana das mitocôndrias (eucariotos) e na membrana citoplasmática (procariotos). Os prótons e elétrons recolhidos na glicólise pelo NAD e no Ciclo de Krebs pelo NAD e FAD são transportados ao longo de Os intermediários são desviados para vias biossintéticas quando necessário: uma cadeia de citocromos Exemplos: em níveis sucessivamente α-cetoglutarato: precursor de aminoácidos mais baixos de energia de Oxalacetato: precursor de aminoácidos Succinil-CoA: formação de citocromos e da clorofila, entre outros modo que seja melhor aproveitada na formação de ATP. Acetil-CoA: biossíntese de ácidos graxos 1 Respiração Aeróbica Obtenção de Energia pelos Seres Vivos Quatro vias glicolíticas importantes nos diferentes microrganismos: 1. Via Embden-Meyerhoff-Parnas (EMP) Glicólise “clássica” Presente em todos os organismos vivos 2. Via Hexose monofosfato (HMP) Presente em quase todos os organismos Responsável pela síntese das pentoses usadas na síntese de nucleotídios 3. Via Entner-Doudoroff (ED) Encontrada nas Pseudomonas e gêneros relacionados 4. Via Fosfoketolase (FK) Encontrada no gênero Bifidobacterium e Leuconostoc Fermentaç ão Respiraç ão anaeró bia Processo onde o doador inicial e o aceptor final de elétrons Neste processo, o aceptor final de elétrons não é o oxigênio, sendo substituído por nitrato, sulfato ou carbonato. Uma vez que parte do ciclo de Krebs não é funcional em condições de anaerobiose, e também pelo menor número de moléculas transportadoras de elétrons correspondem a moléculas orgânicas. Desta forma, a fermentação é um processo onde ocorre oxidação parcial dos compostos orgânicos, que podem ser açúcares, proteínas, presentes, este processo rende menor quantidade de energia, mas ácidos, entre outros. Como o processo é parcial, há apenas ainda fornece mais que na fermentação. Eventualmente, ocorre em uma pequena fração de energia liberada. Nas fermentações, organismos que realizam respiração aeróbia. o ATP é gerado a partir da fosforilação em nível de substrato. Por exemplo, após a quebra da glicose, originando ácido pirúvico, este pode ser convertido a outro composto orgânico, por um processo de fermentação. Assim, a fermentação é um processo que não depende do ciclo de Krebs, ou da cadeia de transporte de elétrons. Neste tipo de reação, os elétrons são transferidos das coenzimas reduzidas (NADH, NADPH) ao ácido pirúvico ou derivados, regenerando-os Vários tipos para de novos fermentação são ciclos observados de em glicólise. diferentes microrganismos, sendo os exemplos mais conhecidos a fermentação alcoólica e a fermentação lática. 2 Diferenças entre respiração aeróbica e anaeróbica Características da fermentação: § Ácido pirúvico é reduzido a ácidos orgânicos e álcoois § NADH é oxidado a forma NAD: essencial para operação continuada da via glicolítica § O 2 não é necessário vOs produtos finais são vOs produtos finais são compostos compostos de baixa energia de elevada energia potencial (ácido lácteo ou etanol e CO2) potencial (H2O e CO2) vO rendimento energético é de 38 vO rendimento energético é de 2 moléculas de ATP moléculas de ATP vOs NADH e FADH2 formados durante as várias etapas deste processo são utilizados na última etapa para a produção de grandes quantidades de energia vO NADH formado durante a glicólise e utilizado na etapa seguinte, sem, no entanto, ocorrer produção de energia vÉ utilizado o O2, que funciona vNão é utilizado o O2 como aceitador final de eletrons § Não há obtenção adicional de ATP. § Gases (CO2 e/ou H 2 ) podem ser produzidos vAs descarboxilações ocorrem em vAs descarboxilações ocorrem duas fases – na formação de somente na fermentação alcoólica (2 Acetil-CoA e no ciclo de Krebs (6 por molécula de glicose) por molécula de glicose) Tipos básicos de fermentação: Lática (homo ou heterolática) => ácidos lático, acético, fórmico, etanol (Lactobacillus, Streptococcus, Leuconostoc). Propiônica: Propiônico, acético e CO2 (Propionibacterium, Veillonella). Acetona-Butírica: ácido butírico, acetona, butanol, isopropanol, ácido acético, ácido fórmico, etanol, H2 e CO2 (Clostridium, Eubacterium, Bacillus). Acética: acético, glucônico (Acetobacter). Aerogenes-coli-tífico: Fórmico, acético, lático, succínico, etanol, 2,3butilenoglicol, H2 e CO2 (Escherichia, Enterobacter, Salmonella). Ação sobre carboidratos: Ação sobre carboidratos: Monossacarídeos Acetoína – 2,3 butilenoglicol Monossacarídeos Carboidrato Ác. Succínico – ác. propiônico Fermentação Propiônica Ácido Pirúvico Fermentação Diacetil Fermentação Butanodióica Carboidrato Ácido Pirúvico Fermentação Fórmica Ác. lático, Ác. Acético, Ác. Succínico, Ác. fórmico Fermentação Butírica Ác. Acético, CO2 , H 2 , Acetona, Isopropanolol, nbutanol Fermentação Alcoólica Acetaldeído – etanol • enzima alcool desidrogenase Fermentação Lática Fermentação Acética Ác. Lático Acetaldeído – Etanol -ác. acético •Via das pentoses – enzima fosfocetolase Acetaldeído – citrato, diacetil, cetopina e glicol • enzima acetolactato descarboxilase e diacetil sintetase • Via Glicolítca – enzima lactatodesidrogenase 3 Proteínas: Lipídios: Proteólise = peptídeos e aminoácidos Decomposição de radicais = indol a partir do triptofano Putrefação = mercaptanas, aminas, Sulfeto de hidrogênio Proteína Produção de Sulfeto de hidrogênio Descarboxilação = aminas voláteis, histamina, cadaverina e putrescina Fosfolipídios = ação de fosfolipases Desaminação oxidativa = amônia, alfacetoácidos Rancificação hidrolítica = cetonas metiladas e AGCC livres Lipídios Odor desagradável = hidroperóxidos, AGCC voláteis Desaminação redutora = amônia, ác. orgânicos Desaminação oxidativa e redutora = reação de Strickland Processos Fermentativos Bioprocessos: São processos que procuram preservar ou transformar materiais biológicos de origem animal, vegetal Processos Fermentativos • Processos Fermentativos ou biológicos: Transformação realizada pelos microrganismos (biocatalisadores). Os mo´s metabolizam o composto químico. Ocorre quando o mo’s se reproduz, a partir de uma fonte e microbiológico ou viral em produtos de interesse apropriada de nutrientes. Pode ser anaerobiose ou aerobiose. comercial e econômico. MEIO Composição (substratos, nutrientes) • Fonte de carbono • Fonte de nitrogênio • Fonte de fósforo • Outros elementos (Na, K, Ca...) • Vitaminas Laboratório Industrial (matéria-prima) •Processos fermentativos: microrganismos naturalmente ocorrentes ou recombinantes; •Processos com células animais ou vegetais; •Processos enzimáticos; •Biotratamentos de resíduos/efluentes AGENTES DA FERMENTAÇÃO AGENTES DA FERMENTAÇÃO Características • Apresentar elevada eficiência na conversão de um dado substrato. •Não exigir condições de processo muito complexas • Permitir o acúmulo do produto no meio de forma a se ter elevada • Não exigir meios de cultura dispendiosos concentração do produto no caldo fermentado. • Permitir a rápida liberação do produto para o meio • Não produzir substâncias incompatíveis com o produto. • Apresentar constância quanto ao comportamento fisiológico. • Não exigir condições de processo muito complexas • Não exigir meios de cultura dispendiosos Características Culturas puras e consórcio Conservação (genética) Quantificação • Permitir a rápida liberação do produto para o meio 4 Processos Fermentativos Processo Fermentativo – Etapas e Pontos Básicos Exemplos: Produção de bebidas alcoólicas (cerveja, vinho, sidra, aguardente); Vinagres; Etanol; Enzimas; Ácidos orgânicos; Solventes (butanol, acetona); Vitaminas; Antibióticos; Polissacarídeos; Aminoácidos. Processos Fermentativos Processos Fermentativos Características desejáveis dos mo’s: Seleção de Microrganismos de Interesse: Bactérias e Fungos – classificados em relação a estrutura celular; Classificação em relação a nutrição – fonte de energia e carbono (heterotróficos – requerem fonte de carbono, autotróficos – usam CO2); 1. Compra em coleções de culturas (FIOCRUZ, Embrapa,etc.) 2. Isolamento a partir de recursos naturais (solo, água, plantas) • Apresentar elevada eficiência na conversão do substrato em produto; • Permitir acumulo do produto no meio, de forma a se ter elevada concentração do produto sem sofrer inibição; • Não possuir substâncias incompatíveis com o produto, apresentar estabilidade fisiológica; • Não ser patogênico; • Não exigir condições de processo muito complexas ou onerosas; • Permitir rápida liberação do produto para o meio. 3. Obtenção de mutantes naturais ou induzidos Matérias-Primas para Indústria de Bioprocessos Matéria – prima: Matérias-Primas para Indústria de Bioprocessos Fonte de substrato para determinado bioprocesso, podendo ser de natureza orgância (produtos ou resíduos agrícolas) ou inorgâncias (CO2, minérios). Substrato – É a substância química cuja estrutura ou parte da mesma está presente na molécula do produto, podendo ser de natureza orgânica ou inorgânica. Insumo – é um componente essencial do meio, Matéria - prima Substrato Produto Sacaríneas Sacarose Glicose,frutose Amiláceas Amido Glicose Celulósica Hemicelulose, Xilose, Celulose manose, glicose indiretamente relacionado à formação do produto. Fonte de sais minerais e vitaminas. 5 Matérias-Primas para Indústria de Bioprocessos Matérias-Primas para Indústria de Bioprocessos Critérios de escolha de matérias-primas: •Presença e teor de substrato; •Especificação do produto; •Custo; •Disponibilidade; •Facilidade de beneficiamento; •Facilidade de transporte e estocagem; •Caráter de sazonalidade; •Baixa toxicidade Matérias-Primas para Indústria de Bioprocessos Produtos obtidos a partir de matéria –prima sacarínea •Etanol (combustível); •Bebida fermentada (vinho,aguardente, espumante) •Fermento de panificação; •Iogurte, coalhada, queijos •Ácidos orgânicos; •Solventes; •Vitaminas; •Antibióticos Matérias-Primas para Indústria de Bioprocessos Produtos obtidos a partir de matéria –prima amiláceas Etanol (farmacêutico e combustível) Bebidas (vodka, uísque) Edulcorantes ( polióis – sorbitol, manitol) Xaropes Amido modificado 6 Matérias-Primas para Indústria de Bioprocessos Produtos obtidos a partir de matéria –prima celulósicas Produção de álcool Produção de Enzimas – celulases, hemicelulases, lignases Produção de Edulcorantes – Xilitol Uso em tintas e adesivos – lignina Geração de energia Tipos de Fermentação Maté Maté riasrias- primas alcoó alcoó licas Fermentaç Fermentaç ão Submersa ou lílí quida; Vinagres de suco de frutas: uva (vinagre de vinho branco e tinto), tinto), maç maç ã, Fermentaç Fermentaç ão semisemi- s ó lida; Fermentaç Fermentaç ão só só lida. pera, pera, acerola, banana, laranja; Vinagres de tubé tubé rculos amilá amilá ceos: ceos: batata, mandioca; Vinagres de cereais: cevada, centeio, trigo,arroz; Fermentaç Fermentaç ão lílí quida: meio de cultivo com á gua livre (Aa =/=/1,0); geralmente com substrato solú solú vel. Vinagres de maté car, mel, soro de maté riasrias- primas aç aç ucaradas: xarope de açú açúcar, leite, caldo de cana Vinagres de á lcool: aguardante, aguardante, á lcool propriamente dito – necessitam de Fermentaç Fermentaç ão semisemi- s ó lida ou em estado só só lido: crescimento ocorre sob uma matriz só só lida, com baixa Aa, ú mido. adiç adiç ão de nutrientes Cultivo Superficial Cultivo Submerso Equipamentos - Biorreatores Reatores de fase líquida: 1. Células/enzimas livres: reatores agitados mecanicamente, reatores agitados pneumaticamente (colunas de bolhas, fluxo pistonado) 2. Células/enzimas imobilizadas em suportes: leito fixo, leito fluidizado 3. Células/enzimas confinadas em membranas: membranas planas, reatores com fibra oca reatores com Reatores de Fase semi-sólida ou sólida: 1. Reatores estáticos (bandejas) 2. Reatores com agitação (tambor rotativo) 3. Reatores de leito fluidizado gás-sólido 4. Reatores de leito fixo 7 a) agitados mecanicamente Equipamentos - Biorreatores b) colunas de bolhas Tipos de Fermentação c) “air lift” d) fluxo pistonado Operações do reator: e) f) g) h) Descontínuo: com um inóculo por tanque ou com recirculação de células; leito fixo leito fluidizado membranas planas fibra oca Semicontínuo: sem recirculação de células ou com recirculação de células Descontínuo alimentado: sem recirculação de células ou com recirculação de células Contínuo: Executado em um reator ou executado em vários reatores Descontínua ou Batelada Descontínuo alimentado ou semi-contínuo Tipos de Fermentação Quanto a condução • Batelada simples • Batelada contínua Tipos de Fermentação Formas de Aeraç Aeraç ão Quanto ao crescimento do agente • Superfície • Submerso Quanto ao suprimento de oxigênio • Aeróbio (natural ou forçado) • Anaeróbio 8 Formas de Aeraç Aeraç ão Processo Fermentativo Processo Fermentativo Processo contínuo x Processo descontínuo Vantagens Desvantagens Aumento na produtividade do Maior investimento inicial processo por redução no tempo morto ou não produtivo Obtenção de caldos fermentados Possibilidade de ocorrência uniformes, facilitando a recuperação mutações espontâneas do produto de interesse de Manutenção das células no mesmo Maior possibilidade de ocorrência de estado fisiológico contaminações Menor necessidade de mão-de-obra ACOMPANHAMENTO E CONTROLE Dificuldades de operações: formação de espuma, crescimento nas paredes dos reatores, saída de líquido CINÉTICA DOS PROCESSOS Importância: otimização e controle Deindoerfer (concentração x tempo) Estado do sistema Controle (atividade máxima) Variáveis (pH, temperatura, oxigênio (aeração), Nutrientes, espuma, contaminantes, umidade, agitação...) 9 CINÉTICA DOS PROCESSOS Tipo Descrição Simples O substrato é convertido a produto(s) numa proporção estequiométrica fixa e definida, sem acumulo de intermediários. Simultânea O substrato é convertido a produtos (s) numa proporção estequiométrica variável, sem acúmulo de intermediários. Consecutiva O substrato é convertido a um intermediário, o qual é transformado em produto. O intermediário se acumula em uma determinada fase, antes de ser totalmente formado. Etapas O substrato é totalmente convertido a um intermediário antes da sua transformação em produto. CINÉTICA DOS PROCESSOS Gaden (velocidades específicas x tempo) 10