Por Caroline Martin Especial para O Papel Foto: Guilherme Balconi/ABTCP José Ventura detalha projeto que ampliou a capacidade produtiva da Celulose Riograndense para 1,8 milhão de toneladas por ano J osé Ventura, diretor industrial da Celulose Riograndense – dos provedores, optamos por um gerente de Segurança, atuando com o CMPC, apresentou ao público presente detalhes do projeto mesmo nível de um gerente de Montagem ou de Construção Civil. Acre- Guaíba 2, cujo startup aconteceu em maio último. “Apesar de a ditamos que isso foi um dos itens importantes e fundamentais para que obra ter-se desenrolado ao longo dos últimos dois anos, o pro- registrássemos valores bastante baixos de incidentes ou acidentes com jeto começou em 2006, com a iniciativa da Aracruz Celulose, e teve afastamento e consequente perda de tempo”, detalhou. Ele ressaltou continuidade a partir de 2010, já sob a gestão da CMPC”, contou ele que a atuação ativa da Superintendência Regional do Trabalho e Empre- sobre a planta de capacidade produtiva de 1,8 milhão de toneladas go do Rio Grande do Sul também teve papel de destaque nesse processo por ano, somando-se a Linha 1 e a Linha 2. para reduzir ao máximo a ocorrência de acidentes. Assim que o projeto foi definido e aprovado, o Conselho e a Direção da Outro driver definido pelo Cconselho e pela Direção da CMPC: star- CMPC se reuniram para definir alguns drivers, a começar pela segurança. tup em 24 meses. “Se uma empresa vai ao mercado e informa em “Assumimos o compromisso de ter os mais estritos indicadores de segu- que data irá produzir celulose, precisa ter o produto disponível para rança. Além de trabalhar com engenheiros de Segurança da empresa e comercialização de acordo com o informado, já que a imagem e a 40 Revista O Papel - novembro/November 2015 LIDERANÇAS EM DESTAQUE reputação também são ativos e devem ser gerencia- porto de Rio Grande, de onde segue em navios com dos”, enfatizou Ventura, lembrando que a promessa destino aos portos dos países importadores. Para foi cumprida e que no último dia 13 de maio o medi- atender à nova demanda de exportação, a Celulose dor de cavacos foi colocado em funcionamento. Riograndense investiu em incrementos e melhorias Ventura informou ainda que um sistema centralizado nos terminais de Guaíba e de Rio Grande. O terminal de gerenciamento da obra foi estabelecido. “A equipe portuário instalado junto à fábrica tem comunicação contratada organizou todas as atividades e funções fun- direta com a Lagoa dos Patos. Segundo as expectati- damentais para o desenvolvimento do projeto, inclusive vas da empresa, a partir de 2016 esse mesmo termi- evitando paradas. Não tivemos nenhum dia de greve nal onde é embarcada a celulose receberá toras de desde que assinamos o contrato até a conclusão da madeira que serão carregadas no porto de Pelotas no planta.” Outro diferencial que possibilitou uma obra sem retorno das barcaças, após a descarga da celulose no interrupções foi a presença do sindicato da construção porto de Rio Grande. Isso significa que as embarca- civil na fábrica. “O escritório interno permitiu atender às ções circularão pelas hidrovias sempre carregadas, demandas dos trabalhadores com mais rapidez e agilida- seja de celulose (na ida), seja de madeira (na volta), de”, comentou o diretor industrial. resultando em impacto positivo nos custos logísticos. A relação entre a empresa e a comunidade do en- Dando enfoque ao período de learning curve pelo torno foi mais um fator de atenção e dedicação por qual a empresa passa, o diretor industrial contou que, parte da Celulose Riograndense. “Todo startup de a partir do segundo mês do startup, a planta operava planta demanda ajustes, que foram sendo realizados normalmente, superando pequenas dificuldades in- ao longo dos últimos meses. Estabelecemos comitês trínsecas à etapa. “A curva de aprendizagem se esten- junto às comunidades e mensalmente recebíamos as de até 180 dias. Observamos, também tomando outras pessoas para discutirmos algumas questões”, contou plantas como referência, que esse prazo é desafiador, o diretor industrial, reforçando que a empresa não já que os projetos atuais são muito complexos e au- mede esforços para evitar impactos à comunidade e tomatizados. De qualquer forma, já atingimos 80% da ser uma fábrica admirada por todos. nossa curva e, em dezembro, pretendemos atingir nos- Em paralelo à expansão do parque fabril, a Celulose sa capacidade total.” Riograndense investiu na modernização da estrutura vi- Ventura informou que o investimento da CMPC no ária da cidade. A intenção era, num primeiro momento, Brasil foi motivado por inúmeros fatores competitivos, atender à chegada dos equipamentos necessários ao incluindo disponibilidade de terras, florestas de alta projeto. Mesmo assim, a empresa optou pela construção produtividade e tecnologia em linha com o que há de de uma estrada privada que liga a fábrica à rodovia fe- mais moderno no mundo. “Além disso, os Estados re- deral, pela qual passará todo o fluxo logístico. “Toda a cebem bem esses investimentos, justamente por serem nossa logística atual passará por essa estrada, evitando indutores do crescimento”, pontuou. Ele frisou que hoje que a movimentação de cerca de mil caminhões por dia não se fala mais da atuação de uma única empresa, mas seja feita pela cidade”, informou Ventura sobre a pista, de toda a cadeia formada pelo segmento. “Cada vez que deve ser inaugurada até o final deste ano. mais, buscamos fornecedores que tragam boas ideias, O diretor industrial revelou que o modal fluvial ado- agregando mão de obra, oportunidades de redução tado pela companhia também recebeu incrementos. de custos e expertise. A criação de uma rede, que atua Na prática, a celulose carregada no porto da fábrica, de forma conjunta, acaba tornando todas as empresas às margens do Lago Guaíba, em barcaças dedicadas, envolvidas mais competitivas”, disse sobre os pon- navega por aproximadamente 24 horas até chegar ao tos fortes que enxerga no País. n Ventura: “Cada vez mais, buscamos fornecedores que tragam boas ideias, agregando mão de obra com oportunidades de redução de custos e expertise” novembro/November 2015 - Revista O Papel 41