UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
MESTRADO EM CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA
O EFEITO DO TREINO DA VISÃO PERIFÉRICA NO ATAQUE DE
INICIADOS DO FUTSAL: UM ESTUDO NA COMPETIÇÃO
NELSON KAUTZNER MARQUES JUNIOR
Rio de Janeiro
Julho de 2008
2
MARQUES JUNIOR, Nelson Kautzner
O EFEITO DO TREINO DA VISÃO PERIFÉRICA NO ATAQUE DE
INICIADOS DO FUTSAL: UM ESTUDO NA COMPETIÇÃO
Nelson Kautzner Marques Junior – Universidade Castelo Branco –
Rio de Janeiro, 2008. Copyright  2008.
Dissertação de Mestrado – 05 Capítulos.
3
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MOTRICIDADE HUMANA
STRICTO
SENSU
EM
CIÊNCIA
DA
A Dissertação: “O EFEITO DO TREINO DA VISÃO PERIFÉRICA NO ATAQUE DE
INICIADOS DO FUTSAL: UM ESTUDO NA COMPETIÇÃO.”
elaborada por: NELSON KAUTZNER MARQUES JUNIOR
e aprovada por todos os membros da Banca Examinadora, foi aceita pela
Universidade Castelo Branco e homologada pelo Conselho de Ensino. Pesquisa e
Extensão, como requisito parcial à obtenção do título de
MESTRE EM CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA
Rio de Janeiro, 7 de julho de 2008
BANCA EXAMINADORA
Dr. Vernon Furtado da Silva
Presidente
Dr. Walter Jacinto Nunes
Dr. Manoel José Gomes Tubino
4
DEDICATÓRIA
Ao meu alegre cachorro Sinhozinho
que chegou à família em 2002 e partiu em
12 de junho de 2008. Sinhozinho, você
nunca será esquecido porque muitas
pessoas te amaram, descanse em paz.
Sinhozinho
†
*1995 (data provável) a 12 de junho de 2008
5
AGRADECIMENTOS
Aos meus avós, Geraldo Marques e Odaléa Marques, pela ajuda nesta
caminhada.
Meus pais mais uma vez, que sempre acompanham os meus estudos.
Aos bibliotecários da UCB Recreio e da FIOCRUZ, pela enorme atenção
prestada.
Ao Professor Mestre em Ciências do Desporto (especialidade Treino de Alto
Rendimento) pela Faculdade de Motricidade Humana - Universidade Técnica de
Lisboa, Pedro Miguel Silva, do Porto, Portugal, pelo envio de sua dissertação para
meu estudo e a remessa de vários artigos que contribuíram para que eu concluísse
essa pesquisa com tranqüilidade.
Ao Professor Mestre em Ciências do Desporto (especialidade Treino de Alto
Rendimento) pela Faculdade de Motricidade Humana – Universidade Técnica de
Lisboa, Pedro Manuel de Oliveira Santos, de Braga, Portugal, pelo envio da sua
dissertação sobre periodização e a remessa de artigos de carga de treino que me
facilitaram na execução destas tarefas no treino dos iniciados do futebol de salão.
Aos jogadores de futsal, professores, outros funcionários e irmãs do Lar da
Criança Padre Franz Neumair, sem a contribuição dessas pessoas a dissertação
não seria realizada. Muito Obrigado!!!
À Deus que sempre me ilumina nos momentos difíceis, sem a inseparável
ajuda a dissertação não seria concluída.
À Revista Motriz da UNESP do Rio Claro, que corrigiu no ano de 2007 o meu
artigo Dominância Visual e Local de Ataque do Futebol de Salão, mesmo sendo
rejeitado me deu várias idéias para eu melhorar essa dissertação.
Ao Contador de História que me indicou o Orfanato Lar da Criança para eu
fazer a pesquisa.
6
RESUMO
O EFEITO DO TREINO DA VISÃO PERIFÉRICA NO ATAQUE DE
INICIADOS DO FUTSAL: UM ESTUDO NA COMPETIÇÃO
Por
Nelson Kautzner Marques Junior
Universidade Castelo Branco – RJ
Julho/2008
Orientador: Prof. Dr. Vernon Furtado da Silva
N° de palavras: 276
Este estudo foi inserido na Ciência da Motricidade Humana, na área de
concentração da Dimensão Biofísica, na linha de pesquisa do Estudo dos
Mecanismos e Processos da Aprendizagem e da Conduta Motora e no constructo
epistemológico de explicação fenomênica. O objetivo deste estudo foi investigar o
aprendizado do treino da visão periférica (TVP) e o efeito dessa sessão no ataque do
futsal, levando em consideração nas duas tarefas (aprendizado e ataque) a
hemisfericidade. Dez meninos com 10,4±2,31 anos praticantes de futsal do Lar da
Criança foram divididos em grupo experimental (GE, n = 5) e grupo controle (GC, n =
5) com hemisfericidade (H) similar (GE com 80% de H esquerda (E) e 20% de H
direita (D), GC com 60% de HE e 40% de HD). Foram praticadas nove sessões e
depois um campeonato, mais seis sessões e depois outro campeonato. Todos os
campeonatos foram filmados e depois analisados por scout. No grau da visão
periférica no ataque a ANOVA two way revelou diferença significativa, onde foi
evidenciado que o GE obteve aquisição do TVP. No grau das fases ofensivas a
ANOVA two way determinou diferença significativa, onde o GE foi melhor no início
ofensivo e na construção do ataque, o GC foi superior na finalização do 1° turno e o
GE foi mais competente na finalização do 2° turno. A quantidade de gols do GE e do
GC a ANOVA two way não estabeleceu diferença significativa. A freqüência e falta
no treino o teste “t” independente foi significativo (p≤0,05), o GE treinou mais.
Conclui-se que parece que o GE a conseguiu aquisição do TVP e parece que o TVP
otimizou o ataque dessa amostra.
Palavras-chave: treino da visão periférica. futebol de salão. hemisfericidade. ataque.
aprendizado neuromotor.
7
ABSTRACT
THE EFFECT OF THE PERIPHERAL VISION TRAINING OF THE ATTACK OF
YOUNG OF THE INDOOR SOCCER: A STUDY OF THE COMPETITION
By
Nelson Kautzner Marques Junior
Castelo Branco University – RJ
July/2008
Adviser: Prof. Dr. Vernon Furtado da Silva
N° of words: 323
This study was made within the context of Motor Skills science with a BioPhysical thematic, in line with Motor Skills Learning Process and Mechanism
research, and the epistemology construct of phenomenon explication of the Human.
The objective was to study the learning of the peripheral vision training (PVT) and the
benefit this training has on attack runs in indoor soccer, taking in to account the
dominant laterality (brain hemisphere function) in both learning speed and offensive
skills. Ten young indoor soccer players, 10.4 ± 2.31 years old, from Lar da Criança
Padre Franz Neumair, in Ititioca, Niterói, Rio de Janeiro, Brazil, participated in the
study. They were divided in an experimental group (EG, n = 5) and a control group
(CG, n = 5) with similar dominant laterality (brain hemisphere function) (H) (EG 80%
left (L) H, and 20% right (R) H, CG with 60% of LH and 40% of RH). Players practiced
nine training sessions, followed by a championship; subsequently players practiced
for six more sessions, followed by a second championship. Each championship was
filmed for technical analysis. Scout video analysis revealed by a Two Way ANOVA,
during offensive runs, a significant difference between control and experiment groups,
wherein the EG revealed a noticeable acquisition of PVT. The quality of the attack
runs, the Two Way ANOVA showed, was significant. The EG was the best team at
the start and development of the attack runs, while the CG remained better at attack
finalization during the first championship, and the EG showed more competence in
attack run finalizations during the second championship. In amount of the goals
scored, the EG and the CG showed similar performance (Two way ANOVA not
significant, p>0,05), with no large difference. Training practice session attendance
was significant, and Independent-Samples T Test results, was significant (p≤0,05):
the EG trained more. Concluding, it seems EG revealed PVT acquisition; it is likely
that TPV improved their attack capacity in indoor soccer.
Key-words: peripheral vision training. indoor soccer. hemisphericity. attack.
neuromotor learning.
8
SUMÁRIO
Página
RESUMO
6
ABSTRACT
7
CAPÍTULO I
1- O PROBLEMA
1.1. Introdução
1.2. Definição de termos
1.3. Objetivo do estudo
10
13
19
1.3.1. Objetivos gerais
19
1.3.2. Objetivos específicos
19
1.4. Identificação das variáveis
20
1.4.1. Variáveis independentes
20
1.4.2. Variáveis dependentes
20
1.4.3. Variáveis intervenientes
20
1.5. Justificativa do estudo
21
1.6. Relevância do estudo
21
1.7. Delimitação do estudo
22
1.8. Limitação do estudo
22
1.9. Pressupostos teóricos
22
1.10. Questões a investigar
24
1.11. Hipóteses
25
CAPÍTULO II
2 – REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Olho e sistema visual central
26
2.2. Hemisfério
35
2.3. Hemisfericidade
38
2.4. Tática ofensiva do futsal
41
2.5. Treino situacional do futsal
51
9
CAPÍTULO III
3 – METODOLOGIA
3.1. Tipo de pesquisa
56
3.2. Operacionalização das variáveis
57
3.3. População
57
3.4. Seleção da amostra e sujeitos no decorrer do estudo
58
3.5. Treinamento e campeonato da amostra
58
3.6. Modelo de disputa do campeonato em dupla
70
3.7. Instrumento e tarefa
74
3.7.1. Teste de CLEM
76
3.7.2. Coleta de dados, análise dos jogos e quantificação dos resultados
78
3.8. Procedimentos
3.8.1. Procedimentos da tarefa
3.9. Tratamento dos dados
86
86
86
CAPÍTULO IV
4 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1. Resultados e discussões da hemisfericidade
88
4.2. Resultados e discussões da visão periférica no ataque do futsal
91
4.3. Resultados e discussões do grau das fases ofensivas do futsal
96
4.4. Resultados e discussões dos gols do futsal
101
4.5. Resultados e discussões da freqüência e da falta no treino do futsal
104
CAPÍTULO V
5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusões
107
5.2. Recomendações
108
REFERÊNCIAS
110
ANEXOS
147
10
CAPÍTULO I
1. O PROBLEMA
1.1. Introdução
Ensinar o atleta de futebol a jogar com ênfase na visão periférica é uma tarefa
antiga dos treinadores, por volta do fim dos anos 50, o técnico do Canto do Rio
Football Club, da cidade de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil, orientava os aprendizes
dessa modalidade a atuar de cabeça erguida na partida. Através desses
ensinamentos, formou-se um dos maiores jogadores de meio-campo, atleta
importante na conquista da Copa do Mundo de 1970 no México. Esse desportista
atuava na partida com ênfase na visão espacial para conduzir a bola, efetuar passes
curtos e nos lançamentos que muitos resultaram em gols para a equipe brasileira. A
principal função desse futebolista era “armar” as jogadas da seleção brasileira. Pinto
e Araújo (1999) denominaram a sessão que ensina o atleta do futebol ou dos seus
derivados a jogar de cabeça erguida de treino da visão periférica. Recentemente
Navarro e Almeida (2008) consideraram o treino da visão periférica muito importante
para a prática do futebol de salão (futsal), ou seja, para desportistas da linha e do
gol. Segundo Williams (1999), a visão periférica permite ao jogador de futebol e dos
seus derivados observar as ações táticas do oponente e de sua equipe e executar o
fundamento
adequadamente.
Somado
a
visão
periférica,
outras
variáveis
(metacognição, condicionamento físico, adequado estado emocional, etc) exercem
influência na qualidade da jogada do futsal. Contudo, para o treinador prescrever o
treino da visão periférica, que educa o jogador a atuar de cabeça erguida, necessita
conhecer a literatura básica e aplicada a fim de estruturar a sessão com adequado
embasamento científico. Para isso, o técnico deverá estudar o olho e o sistema
visual central (conhecer o funcionamento desta estrutura), a diferença dos
hemisférios, a hemisfericidade, o uso do tipo de prática do aprendizado neuromotor
(prática em bloco e prática aleatória) e a aplicação da disciplina treinamento
desportivo (pausa, treino técnico, treino situacional e outros) nesta sessão.
11
Tanto referências antigas (CHRISTENSON& WINKELSTEIN, 1988; KNUDSON
& KLUKA, 1997) como as atuais (FORD, HODGES, WILLIAMS, 2007; HORN,
WILLIAMS, SCOTT & HODGES, 2005), indicam o treino da visão periférica, porém,
no futsal, não há estudos originais sobre o tema (AVELAR, SANTOS, CYRINO,
CARVALHO, RITTI DIAS, ALTIMARI & GOBBO, 2008; LIMA, SILVA & SOUZA,
2005) e a pratica desse treino é pouco encontrada nas sessões de iniciados dessa
modalidade (MACHADO & GOMES, 1999; SANTANA, FRANÇA & REIS, 2007).
Nesse desporto a quantidade de investigações é pequena (PUTUKIAN, KNOWLES,
SWERE & CASTLE, 1996; QUEIROGA, FERREIRA & ROMANZINI, 2005) e as
poucas pesquisas estão voltadas para avaliação funcional (DIAS, CARVALHO,
SOUZA, AVELAR, ALTIMARI & CYRINO, 2007; LEVANDOSKI, CARDOSO,
CIESLAK & CARDOSO, 2007), lesões (LINDENFELD, SCHMITT, HENDY, MAGINE
& NOYES, 1994), preparação física (RODRIGUES, VILARINHO, DUBAS, PESSOA,
GUEDES & MADUREIRA, 2006) e análise do esforço do atleta no jogo (freqüência
cardíaca, metragem percorrida, lactato e outros) (ANTUNES NETO, BARONI &
FREITAS, 2007; ARINS & ROSENDO DA SILVA, 2007). Isso confirma a declaração
de Da Silva (2002) de que o compêndio bio-operacional foi pouquíssimo investigado
nos desportos coletivos, nas pesquisas acontece predomínio do aspecto bioestrutural, portanto, a observação do efeito do treino da visão periférica no ataque do
futsal masculino torna-se um assunto relevante. Mas, como elaborar o treino da
visão periférica para os iniciados do futsal? A literatura dessa modalidade não
apresentou uma seqüência pedagógica com os tipos de exercícios para a aquisição
e/ou retenção dessa sessão (CHAGAS, LEITE, UGRINOWITSCH, BENDA,
MENZEL, SOUZA & MOREIRA, 2005; QUEIROGA, FERREIRA, PEREIRA &
KOKUBUN, 2008). Logo, a pesquisa do aprendizado neuromotor constitui um
assunto de extrema importância para o futsal e seus similares (futebol na areia,
futebol e outros).
O problema dos estudos do aprendizado neuromotor costuma ser a pouca
validade ecológica (MORENO, ÁVILA, DAMAS, GARCÍA, LUIS, REINA & RUÍZ,
2003; PEREZ, MEIRA JÚNIOR & TANI, 2005; WILLIAMS, WEIGELT, HARRIS &
SCOTT, 2002). As tarefas de laboratório ou de campo, com mínima aplicação no
cotidiano, tentam identificar um fenômeno como sendo o possível do mundo real
(CORRÊA, BENDA & TANI, 2001; CORRÊA, 2006). Cria-se um cenário sem
nenhuma aplicação prática e o cientista tenta evidenciar se ocorre aquisição ou
12
retenção de um fundamento do desporto estudado (SMITH & CHAMBERLIN, 1992;
TEIXEIRA, CHAVES, SILVA & CARVALHO, 1998), identifica-se uma variável
(equilíbrio ou tempo de reação visual) fora do contexto do jogo para responder o
ocorrido na partida (ANDO, KIDA, & ODA, 2001; MONTÉS-MICÓ, BUENO, CANDEL
& PONS, 2000; PAILLARD & NOÉ, 2006), também se observa a performance
cognitiva em joguinhos de apertar o botão (ZHONGFAN, INOMATA & TAKEDA,
2002) ou por acertos das respostas em questionário (GUSKIEWICZ, MARSHALL,
BROGLIO, CANTU & KIRKENDALL, 2002). Segundo Meira Junior, Tani e Manoel
(2001), existem poucos estudos do aprendizado neuromotor em tarefas do mundo
real. Portanto, uma pesquisa dessa disciplina da Educação Física que esteja
inserida numa competição do futsal, possui alta validade externa. Então, observar o
efeito do treino da visão periférica na tática ofensiva desse desporto parece ser
inédito porque as referências não apresentaram nenhum estudo desta natureza
(BUTT, WEINBERG & HORN, 2003; ROY & BENENSON, 2002). Será que atuar de
cabeça erguida na partida otimiza o ataque do futsal? Não foi possível encontrar
respostas nas pesquisas (LEMMINK, DIJKSTRA & VISSCHER, 2005; PAILLARD,
NOÉ, RIVIÈRE, MARION, MONTOYA & DUPUI, 2006).
A possível influência da hemisfericidade no aprendizado do treino da visão
periférica e na tática ofensiva foi fortalecida pelos estudos que atestaram que atletas
com hemisfério de processamento mental direito são hábeis em tarefas motrizes e a
competência dos desportistas com hemisfério de processamento mental esquerdo
são para tarefas analíticas (PÁVEL & DA SILVA, 2004; OLIVEIRA, BELTRÃO & DA
SILVA, 2003). A hemisfericidade vai oferecer um parâmetro sobre duas tarefas nesta
pesquisa: o técnico pode compreender sobre o aprendizado do treino da visão
periférica e também vai entender sobre a qualidade do ataque dos jogadores do
futsal. A presença da hemisfericidade neste estudo sobre o futsal é uma novidade já
que as investigações não trataram desse tema (DA SILVA, REZENDE,
GUAGLIARDI JÚNIOR, LOPES, VALLADO & RIBEIRO, 2004; DOS SANTOS,
2002). O objeto de investigação dessa dissertação foi pesquisar o aprendizado do
treino da visão periférica e o efeito dessa sessão no ataque de iniciados do futsal,
levando em consideração em ambas (aprendizado e ataque) a hemisfericidade.
13
1.2. Definição de Termos
Acíclico: ações da modalidade sem uma uniformidade de execução (ROCHA &
CALDAS, 1978).
Análise do jogo: é o estudo da partida em relação à tática, técnica por via
quantitativa e/ou qualitativa (OLIVEIRA, 1993). Esta pesquisa volta-se também, para
os aspectos físicos do jogo, relacionados com os esforços do desporto coletivo
investigado (MORTIMER, CONDESSA, RODRIGUES, COELHO, SOARES &
SILAMI-GARCIA, 2006).
Analítico: Relativo à análise, que procede por análise (FERREIRA, 1994).
Ansioso: que tem ânsia ou anseio (FERREIRA, 1994).
Avaliação funcional: aplicada no atleta através de testes físicos ou por testes
de habilidades técnicas do desporto (DANIEL & CAVAGLIERI, 2003). As medidas e
avaliações no futsal são feitas por testes que estabelecem os níveis das
capacidades
neuromotoras
(flexibilidade,
força
e
agilidade)
e
metabólicas
(velocidade e potência aeróbia), o valor dos testes antropométricos e os resultados
da composição corporal (CYRINO, ALTIMARI, OKANO & COELHO, 2002).
Bio-estrutural: são as adaptações fisiológicas agudas e/ou crônicas do
treinamento, relacionadas com o aspecto físico e/ou as mudanças corticais do
encéfalo (DA SILVA, 2002b). E, as alterações referentes ao destreino dessas
estruturas, física (muscular, bioquímico, cardiovsacular, etc) e/ou cortical pertencem
a essa variante que proporciona, no ser humano, o acontecimento fisio-mecânico da
motricidade humana.
Bio-operacional: referente ao trabalho do encéfalo junto da atividade motriz
para realizar uma técnica desportiva, ação tática ou atividade do cotidiano, tendo
como principal foco a coordenação (DA SILVA, 2002b).
14
Cognitivo: relativo ao conhecimento do atleta sobre o jogo, atua na percepção,
tomada de decisão e outros (NUNES, FANTATO & MONTAGNER, 2006).
Córnea: transparente e pertencendo à superfície externa do olho, atua na
refração (BEAR, CONNORS & PARADISO, 2002).
Córtex somatosenssorial primário: atua no sentido, sendo a área 3a, 3b, 1 e
2, localizado no giro pós-central (SHIPP, 2005).
Córtex parietal posterior: atua na atenção, na integração visual e
somatossensorial, composto pela área 5 (audição) e 7 (visão) (GROL, LANGE,
VERSTRATEN, PASSINGHAM & TONI, 2006).
Cristalino: região onde a imagem se forma mais nítida, a acomodação
(GUYTON, 1988). Sendo transparente e flexível.
Densidade: qualidade daquilo que é denso, compacto, densidão (FERREIRA,
1994).
Especialização precoce: prática de um único desporto nas etapas de iniciação
do atleta, sem experimentar outros (KREBS, 2000). Fato que acarreta uma menor
assembléia de neurônios no encéfalo e proporciona ao desportista um limitado
repertório motor. Esses competidores têm mais chance de lesões, e, por volta de 18
anos, abandonam as disputas devido à saturação do treino ou aos resultados
inferiores e a outros malefícios que os acometem (RIGOLIN DA SILVA, 2005).
Equipe iniciada do futsal: time com faixa etária de 7 a 19 anos, tendo as
primeiras experiências competitivas ou continuação das disputas nas categorias
anteriores, cujo objetivo é o desporto adulto e/ou profissional (ARENA & BÖHME,
2004).
Estudos originais: pesquisas de campo que contribuem com alguma
descoberta científica ou corroboram com o afirmado pela ciência (MATTOS,
ROSSETTO & BLECH, 2004). Apresenta a seguinte estrutura: título, resumo e/ou
15
abstract, introdução, material e método, resultados, discussões, conclusões e
referências.
Fases sensíveis de treinamento: períodos mais indicados para desenvolver
determinadas capacidades neuromotoras, metabólicas e intelectuais do jovem atleta
(FILIN & VOLKOV, 1998).
Flexiteste:
teste
de
flexibilidade
com diversos movimentos para
as
articulações, quando é estabelecido um grau de 0 a 4 para a ação articular avaliada,
no final todos os valores são somados e há a classificação da flexibilidade do atleta
de futsal (ARAÚJO, 2005).
Hemisfério: cada uma das duas partes do encéfalo, esquerdo e direito, forma a
metade de uma bola (RABINOWICZ, PETETOT, GARTSIDE, SHEYN, SHEYN &
COURTEN-MYERS, 2002).
Hemisfericidade: dominância do hemisfério esquerdo ou direito para o
processamento mental (MARQUES, RIBEIRO, ROCHA, BARROS, BORGES, DIAS
FILHO, ARAUJO, GUAGLIARDI JÚNIOR, GODOY, SILVA & DA SILVA, 2005).
Holístico: visão integral do ser humano.
Intermitente: desporto onde ocorre esforço e pausa, durante a partida, o caso
do futsal (KOKUBUN, MOLINA & ANANIAS, 1996).
Lobo parietal: onde se localiza o córtex somatosenssorial primário e o córtex
parietal posterior, esse lobo do encéfalo fica sob o osso parietal (JACOB,
FRANCONE & LOSSOW, 1990).
Metacognição: relacionada com as estratégias específicas para regular a
orquestração de várias tarefas cognitivas que possuem a melhor resposta para
resolver uma atividade (AUGUSTO DA SILVA, 2000).
16
Mielinizados: é o momento em que a bainha de mielina está em formação
(WILMORE & COSTILL, 2001).
Nervo óptico: estrutura do sistema visual central que vai do olho até o quiasma
óptico, composto pelos feixe de axônios das células ganglionares cuja função é levar
o estímulo nervoso ao quiasma óptico (BEAR, CONNORS & PARADISO, 2002).
Núcleo geniculado lateral (NGL): o estímulo nervoso do tracto óptico vai para
o córtex visual primário, onde ocorre a visão consciente (BEAR, CONNORS &
PARADISO, 2002).
Periodização tática: modelo de periodização que prioriza o treino com bola,
com o todo da equipe, a tática (CARVALHAL, 2001).
Quiasma óptico: formado pelo cruzamento do nervo óptico esquerdo e direito,
a quiasma óptico leva o impulso nervoso para o tracto óptico (BEAR, CONNORS &
PARADISO, 2002).
Retina: camada mais interna do bulbo ocular, com a função de receber a luz,
formando uma imagem mais nítida que o cristalino (JACOB, FRANCONE &
LOSSOW, 1990).
Scout: instrumento para a coleta de dados sobre a técnica e a tática de uma
equipe, feita após filmagem ou gravação em vídeo cassete da transmissão pela
televisão (TAVARES, 2006). O treinador observa as imagens da partida e anota as
ações da sua equipe ou do oponente a lápis numa folha de papel que possui um
campo reduzido do desporto (SILVA, 2006).
Sessão:
unidade
de
treinamento
onde
ocorre
o
aprendizado
e/ou
aperfeiçoamento desportivo (BARBANTI, 1997). A sessão é a menor estrutura
organizacional do treinamento.
17
Sessão
multilateral:
experiência
na
iniciação
desportiva
em
várias
modalidades, a partir dos 15 aos 19 anos o competidor deve se especializar em um
desporto, terminando com a sessão multilateral (VIEIRA, VIEIRA & KREBS, 1999).
Sistema numérico face do relógio: scout para coletar as ações dos olhos do
teste de CLEM (RIBEIRO, 2006).
Sistema visual central: estrutura do encéfalo responsável pela formação da
visão (BEAR, CONNORS & PARADISO, 2002).
Tarefas do mundo real: estudos do aprendizado neuromotor com alta validade
ecológica, porque a investigação do desporto ou de outro tema acontece em algum
lugar que tenha aplicação prática no dia-a-dia (CORRÊA, 2006).
Teste de movimento lateral conjugado dos olhos: teste que, conforme a
movimentação ocular, estabelece o hemisfério dominante, após a análise da
filmagem via televisão (OLIVEIRA, DA SILVA & SILVA, 2006).
Teste de CLEM: é a abreviatura do nome do teste em inglês, conjugate lateral
eye
movement
(CLEM),
para
estabelecer
o
hemisfério
de
supremacia
(FAIRWEATHER & SIDAWAY, 1994).
Tracto óptico: recebe o impulso nervoso do quiasma óptico, sendo constituído
por um conjunto de axônios de células ganglionares da retina (BEAR, CONNORS &
PARADISO, 2002).
Treino cognitivo: sessão que obriga o atleta a resolver os problemas no
decorrer do jogo, estimulando-o a raciocinar para solucionar tal tarefa (GRÉHAIGNE
& GODBOUT, 1995). O técnico orienta, a solução do problema é dada pelo atleta
que deve responder a questão e tentar fazer a ação adequada no próximo lance.
Validade ecológica: relacionada com a aplicação prática do experimento para
o mundo real (UGRINOWITSCH & MANOEL, 2005). Pesquisas de laboratório devido
ao seu controle preciso possuem baixa validade ecológica, mas com alta validade
18
interna por causa da alta precisão do experimento (COSTA, 2001). Enquanto que
investigações na competição proporcionam alta validade ecológica (alguns autores
chamam de validade externa) e baixa validade interna porque não dá para controlar
todas as variáveis intervenientes.
Visão periférica: imagem iniciada pelos olhos e concluída pelo encéfalo na
direção horizontal ou formando uma linha reta bem à frente do jogador (FERREIRA,
1994). Tornando possível ao competidor de futsal observar e analisar as ações dos
desportistas que estão sem a bola.
19
1.3. Objetivo do Estudo
O presente estudo pertence à área da Ciência da Motricidade Humana, na linha
de pesquisa do Estudo dos Mecanismos e Processos de Aprendizagem da Conduta
Motora. A pesquisa preocupou-se em identificar se o treino da visão periférica
permitiu aos jovens jogadores de futsal não federados atuarem de cabeça erguida
no ataque e observou se esse treino causou efeito na tática ofensiva, sendo
considerado nas duas tarefas (aprendizado e ataque) a hemisfericidade. Foram
comparados os desempenhos dos futebolistas do grupo experimental (fez o treino
da visão periférica) e do grupo controle (fez o treino tradicional do futsal, ênfase na
visão central). As atividades de ataque na competição foram filmadas para mais
tarde serem analisadas olhando a televisão e foi utilizado um scout para coletar os
dados. Os dados obtidos pelo estudo foram tratados pela estatística descritiva e
inferencial.
1.3.1. Objetivos gerais
Determinar o efeito do treino da visão periférica no ato de jogar de cabeça
erguida nas ações do ataque e identificar o efeito do treino da visão periférica na
tática ofensiva do futsal, levando em consideração a hemisfericidade nas duas
tarefas (aprendizagem e ataque).
1.3.2. Objetivos específicos
- Realizar o teste de CLEM com o intuito de identificar o hemisfério de
processamento mental.
- Observar se o tipo de prática (em bloco e aleatória) do aprendizado neuromotor
permitiu na competição que os atletas atuem com ênfase na visão periférica,
levando em consideração a hemisfericidade.
20
- Comparar a qualidade ofensiva do grupo experimental que fez o treino da visão
periférica com o grupo controle que realizou o treino tradicional do futsal, levando em
consideração a hemisfericidade.
- Observar se o grupo experimental conseguiu diferença significativa nos gols em
relação ao grupo controle, considerando-se a hemisfericidade.
- Quantificar a freqüência e falta nas sessões com o intuito de observar se ambas
influenciam no resultado do campeonato.
1.4. Identificação da Variáveis
1.4.1. Variáveis independentes
O treino da visão periférica que foi realizado pelo grupo experimental, o treino
tradicional do futsal que foi praticado pelo grupo controle, a preferência hemisférica e
a atuação dos jogadores nas partidas em cada turno.
1.4.2. Variáveis dependentes
Jogar com ênfase na visão periférica no ataque do grupo experimental, atuar
com predomínio da visão central no trabalho ofensivo do grupo controle e identificar
o desempenho ofensivo dos atletas na competição, do grupo experimental e do
grupo controle.
1.4.3. Variáveis intervenientes
Procurou-se controlar todas as variáveis possíveis que pudessem prejudicar o
treinamento. Porém, não foi possível controlar na competição, a interferência da
21
torcida, a metacognição dos jogadores, os aspectos psicológicos, a deterioração da
performance referente ao calor ou ao frio e outros que trazem decréscimo ou
acréscimo no desempenho desportivo na disputa.
1.5. Justificativa do Estudo
Ao consultar a literatura específica da tática ofensiva do futsal (AMARAL &
GARGANTA, 2005; DIAS & SANTANA, 2006), foi observado que não existem
investigações sobre o efeito do treino da visão periférica no ataque de iniciados do
futsal e também, não foi encontrado, se esse treinamento possibilita que os
jogadores ergam a cabeça significativamente no ataque, então, este trabalho parece
ser inédito e poderá auxiliar os treinadores da modalidade e, indiretamente, os
técnicos de outros desportos do futebol, como o de campo, o na areia etc. Também,
não há referências (DANTAS & FERNANDES FILHO, 2002; HOFF & MARTIN, 1986)
quanto ao uso da hemisfericidade, que possibilita ao professor ter um parâmetro do
aprendizado e das ações de ataque dos atletas do treino da visão periférica.
1.6. Relevância do Estudo
Espera-se que o resultado desse estudo possa contribuir para o conhecimento
do treino da visão periférica no futsal e sua influência no aspecto ofensivo e no ato
de erguer a cabeça (ênfase na visão espacial), levando em consideração nas duas
tarefas (aprendizado e ataque) a hemisfericidade. Também, espera-se que essa
investigação sobre o treino da visão periférica traga benefícios para os outros tipos
de futebol. E que o teste de CLEM que estabelece a hemisfericidade seja uma
avaliação comum nesse desporto, pois permite ao professor compreender porque
determinados atletas são mais rápidos para aprender o treino da visão periférica e
porque outros jogadores alcançaram melhor qualidade na tática ofensiva do futsal.
22
1.7. Delimitação do Estudo
O presente estudo foi desenvolvido com meninos iniciados do futsal não
federados, da comunidade carente de Ititioca e Atalai, em Niterói, Rio de Janeiro, e
que freqüentavam o orfanato Lar da Criança Padre Franz Neumair. Jovens com
idade entre 8 e 14 anos. Os dias de treino eram 3ª e 5ª feira e as sessões tinham 1
hora de duração, sempre pela manhã, entre 9 e 10 horas. A duração do estudo foi
do dia 20 de março a 14 de junho de 2007, dando um total de 15 treinos e 2
campeonatos.
1.8. Limitação do Estudo
Não foram observados se o aspecto metacognitivo, o condicionamento físico, a
manifestação da torcida, a qualidade defensiva do oponente (goleiro e beques), os
problemas psicológicos e outros que podem influenciar na condição ofensiva dos
jogadores de futsal estudados. O scout apresentou limitações quanto à análise do
jogo, afirmações encontradas em Tavares (2006), pois a seqüência de ataque foi
observada sob a perspectiva de quem está com a bola. Os demais atletas deveriam
ser estudados já que o posicionamento dos jogadores sem o implemento do jogo
poderia influir na eficácia do ataque. Outra significativa limitação foi de não mensurar
ao mesmo tempo a atividade de ataque e da defesa, impedindo o pesquisador de
determinar se o ataque foi bom porque a defesa falhou ou se foi mérito do atacante.
Porém, o autor anterior afirmou que estas limitações ocorrem no scout e até nos
equipamentos sofisticados com tecnologia de ponta.
1.9. Pressupostos Teóricos
Testes oftalmológicos são aplicados para observar a qualidade da visão do
desportista (ABERNETHY & NEAL, 1999; BECKERMAN & HITZEMAN, 2003) e para
comparar a qualidade da visão entre atletas e não desportistas (JAFARZADEHPUR,
AAZAMI & BOLOURI, 2007) ou entre profissionais e aprendizes da modalidade
23
(ABERNETHY, GILL, PARKS & PACKER, 2001). Geralmente os competidores
profissionais possuem melhor visão do que os iniciados no desporto ou do que não
atletas. A visão pode ser treinada para otimizar o desempenho atlético do
competidor na disputa (ABERNETHY & WOOD, 2001; BECKERMAN & FORNES,
1997). Apesar da literatura da oftalmologia ser conclusiva quanto à eficiência do
treino da visão periférica na performance (WOOD & ABERNETHY, 1997), ele não é
difundido entre os técnicos, em especial no futsal, foco dessa dissertação. Contudo,
alguns pesquisadores da Educação Física afirmaram que a visão periférica no
esforço físico é melhor em atletas do que em não desportistas (OLIVA AREVENA,
ALARCÓN JIMENEZ, FERNADEZ URIBE, ARRIAZA ARDILES, WERNEKINCK
ARMSTRONG, ESPARZA HENRIQUEZ & GÚZMAN NOVA, 1996), fato já
corroborado há muito tempo na oftamologia (STINE, ARTERBURN & STERN, 1982).
Mas a Educação Física tem pesquisado a visão no tempo de reação (GREEN,
2000), a diminuição visual e o desempenho nas tarefas do cotidiano (RAY,
HORVAT, WILLIAMS & BLASCH, 2007), no aprendizado neuromotor (TEIXEIRA,
1998), o efeito visual na antecipação (FREUDENHEIM, OLIVEIRA, CORRÊA,
OLIVEIRA, DANTAS, SILVA, MOREIRA & TANI, 2005), a obstrução dos olhos e
depois a desobstrução do mesmo para identificar se otimiza o arremesso do
basquetebol (OUDEJANS & COOLEN, 2003), no erro visual do árbitro (MARUENDA,
2004) ou do auxiliar (popular “bandeirinha”) (BALDO, RANVAUD & MORYA, 2002)
em marcar com precisão a regra do futebol, no local que o goleiro do hóquei olha
antes e durante a defesa (PANCHUK & VICKERS, 2006), no acerto da recepção do
voleibol conforme a cor da bola (LENOIR, VANSTEENKISTE, VERMEULEN &
CLERCQ, 2005) e outros estudos.
Recentemente, o treino da visão periférica foi noticiado com alarde pela
imprensa. A equipe profissional de futebol do Botafogo utilizou um equipamento
fixado pouco abaixo do peitoral, denominado sutiã. Esse objeto encobria a visão do
jogador quando ele olhava para a bola, obrigando o atleta treinar a visão periférica,
ou seja, atuar na partida de cabeça erguida. Não foi possível aferir se o treino da
visão periférica ajudou, mas o Botafogo foi campeão carioca de 2006. Vencendo a
Taça Guanabara (primeiro turno), quando derrotou o América e na final do estadual,
o Madureira. Porém, esse ocorrido é raro no campo desportivo. Entretanto, para a
perfeita condução do treino da visão periférica, é necessário uma periodização bem
formulada (WOOD, HAYTER, ROWBOTTOM & STEWART, 2005), enfatizando a
24
coordenação, sendo indicada a periodização tática (MARQUES JUNIOR, 2006).
Com relação à metodologia de treino, a sessão para essa faixa etária precisa ser
multilateral e evitar o erro da especialização precoce (LOPES, MAIA, SILVA,
SEABRA & MORAIS, 2003). Propõe-se a prática de outras modalidades desportivas
que obriguem os atletas a atuar de cabeça erguida e que ajudem o futsal, logo a
inclusão do atletismo e do voleibol são atividades interessantes neste tipo de
treinamento. Outro aspecto que contribuirá para o professor fazer um prognóstico da
velocidade do aprendizado e no desempenho do treino da visão periférica na tática
ofensiva dos atletas de futsal masculino, é a hemisfericidade, tema amplamente
estudado no Mestrado em Ciência da Motricidade Humana da Universidade Castelo
Branco (BELTRÃO, 2007). Determina-se a hemisfericidade com o teste de CLEM
que é de fácil aplicação na amostra. Os atletas de hemisfério direito com
processamento mental são melhores na tarefa motriz, já os desportistas com
processamento mental esquerdo o raciocínio analítico se destaca (MARQUES,
2004). Sendo que 20 a 25% da população costuma ser mono-hemisfério e 75 a 80%
bi-hemisfério, em atletas, é comum o predomínio do lado direito (RIBEIRO, 2006).
Para ensinar e aperfeiçoar a jogar de cabeça erguida os futebolistas pelo treino
da visão periférica, o técnico deve estar embasado na ciência do desporto e
posteriormente observar se a tática ofensiva foi otimizada. Afinal de contas, a melhor
maneira para avaliar o atleta dos jogos desportivos coletivos é na partida
(COMÉDIAS, 2006), neste estudo foi no futsal.
1.10. Questões a Investigar
Esse estudo observou o aprendizado do treino da visão periférica em atletas
iniciados do futsal não federadas na competição. Também identificou na disputa o
efeito do treino da visão periférica na tática ofensiva do futsal e na quantidade de
gols. Para auxiliar o técnico a compreender porque determinados jogadores
aprendem mais rápido e são mais hábeis no ataque, foi estabelecida a
hemisfericidade de toda a amostra.
25
1.11. Hipóteses
Esse estudo teve o intuito de determinar se o treino da visão periférica foi
aprendido, causou uma melhora no ataque e proporcionou mais gols. Também essa
pesquisa observou se a maior freqüência nas sessões influenciou no resultado do
campeonato. Assim sendo, esta investigação testou as seguintes hipóteses:
H01 - o treino da visão periférica tendo auxílio da hemisfericidade, não produziu
efeitos significativos nos jogadores em atuar de cabeça erguida no ataque.
H1 - o treino da visão periférica tendo auxílio da hemisfericidade, produziu efeitos
significativos nos jogadores em atuar de cabeça erguida no ataque.
H02 - o treino da visão periférica tendo auxílio da hemisfericidade, não produziu
efeitos significativos sobre a tática ofensiva na competição de iniciados do futsal
masculino.
H2 - o treino da visão periférica tendo auxílio da hemisfericidade, produziu efeitos
significativos sobre a tática ofensiva na competição de iniciados do futsal masculino.
H03 - o treino da visão periférica tendo auxílio da hemisfericidade, não produziu
efeitos significativos sobre o número de gols na competição do futsal.
H3 - o treino da visão periférica tendo auxílio da hemisfericidade, produziu efeitos
significativos sobre o número de gols na competição do futsal.
H04 - a maior freqüência no treino não produziu melhores resultados na disputa.
H4 - a maior freqüência no treino produziu melhores resultados na disputa.
26
CAPÍTULO II
2. REVISÃO DA LITERATURA
Este capítulo foi estruturado em seções que fundamentam o objeto de estudo,
explicado pelo autor no capítulo I. As seções foram organizadas da seguinte
maneira: 2.1. Olho e sistema visual central, 2.2. Hemisfério, 2.3. Hemisfericidade,
2.4. Tática ofensiva do futsal e 2.5. Treino situacional do futsal.
2.1. Olho e Sistema Visual Central
A área 7 de Brodmann, localizada no lobo parietal, é responsável pela visão.
Formando com a área 5 da audição, o córtex parietal posterior, que também trata da
atenção, da integração sensorial e visual (JENMALM, DAHLSTEDT & JOHANSSON,
2000). Apesar da complexidade do olho e do sistema visual central, estas estruturas
do ser humano são muito pesquisadas (HEITWERTH, KERN, van HATEREN &
EGELHAAF, 2005; KURATA, TSUJI, NARAKI, SEINO & ABE, 2000; MISSLISCH &
HESS, 2002). Os componentes da visão, para funcionarem com qualidade,
dependem da integração sensorial (BEERS, SITTING, DENIER & GON, 1999;
BENT, INGLIS & McFAYDEN, 2004; CRAWFORD, MEDENDORP & MAROTTA,
2004). A performance de qualquer modalidade depende dos olhos e do sistema
visual central (ISODA, 2005; SPENCER, IVRY, CATTAERT & SEMJEN, 2005).
O olho atua como uma câmara fotográfica que focaliza a imagem pela retina,
onde é convertida em impulso nervoso, que é encaminhado pelo nervo óptico para o
encéfalo (GUYTON, 1988). A precisão visual na identificação do objeto, que é
encaminhado para os dois hemisférios, depende de uma estrutura anatômica
(SMYRNIS, THELERITIS, EVDOKIMIDIS, MÜRI & KARANDREAS, 2003). Bicas
(1997), Jacob, Francone e Lossow (1990) dividem em anatomia externa do olho
(constituída pelas pálpebras, cavidade orbitária, músculos extrínsecos do olho e
aparelho lacrimal) e anatomia interna do olho (formado pelo bulbo lacrimal), também
27
esses autores explicam sobre essas estruturas. As pálpebras protegem os olhos da
poeira e da luz forte através dos cílios, também defendem os olhos do impacto,
quando ocorre o fechamento da cortina das pálpebras situada na região anterior do
bulbo ocular. No canto lateral das pálpebras fica a corúncula lacrimal de cor
vermelha com poucos pêlos e possuindo glândulas sebáceas. Próximo da corúncula
lacrimal localiza-se o aparelho lacrimal que libera as lágrimas para limpar e lubrificar
os olhos, também presente na emoção, no ato de chorar. Além desses componentes
da anatomia externa do olho, existe a cavidade orbitária que atua na proteção do
olho, sendo constituída por osso e possuindo gordura para acomodar o bulbo ocular.
Para ocorrer uma ligação do bulbo ocular com a cavidade orbitária os músculos
extrínsecos do olho atuam nessa união, também realizam a rotação e o suporte dos
olhos. Na anatomia interna dos olhos existe o bulbo ocular composto por várias
camadas (externa, média e interna). Na camada externa do bulbo ocular existe a
esclera que atua como um envoltório protetor do olho dando sustentação ao mesmo.
A córnea é outro componente da camada externa, ela é transparente e cobre o olho,
agindo como superfície refratora (será explicada a seguir a refração). A camada
média do bulbo ocular é composta pela coróide, corpo ciliar e íris. A coróide localizase abaixo e atrás da retina tendo função de nutrir essa região, sendo vascularizada e
pigmentada, esta pigmentação impede o reflexo interno da luz. O corpo ciliar produz
humor aquoso para alimentar a lente e a córnea. Enquanto que a íris apresenta a
cor dos olhos, ficando à frente do cristalino, regula a quantidade de luz para o bulbo
ocular. As fibras circulares da íris diminuem a pupila se a luz for abundante e na
visão de perto, mas na pouca luz ou nenhuma, a íris aumenta a pupila através das
fibras radiais. Essas fibras radiais também dilatam a pupila se a visão for distante.
Na camada interna do bulbo ocular encontra-se a retina que proporciona uma
melhor imagem. O leitor pode observar a anatomia externa do olho e interna do
mesmo nas figuras a seguir:
28
Corúncula lacrimal (em vermelho)
Canais lacrimais
Figura 1: Anatomia externa do olho em www.colegiosaofrancisco.com/.
Figura 2: Anatomia externa e interna do olho em www.colegiosaofrancisco.com/.
29
Figura 3: Anatomia interna do olho em www.nossaotica.com/.
A formação da imagem pelo olho é fascinante (SOMMER & WURTZ, 2001;
TSUTSUI, YAMAMOTO, ITO & OKA, 2001), e extremamente difícil de ser
compreendido pelo estudante (ARBIB & ÉRDI, 2000). Mas Bear, Connors e Paradiso
(2002) explicaram que esse acontecimento de forma concisa e clara: a íris e a pupila
regulam a quantidade de luz que é absorvida, em seguida a córnea pratica uma
refração na luz absorvida, ou seja, os raios de luz se curvam para se compactarem,
proporcionando uma menor distância focal. Veja na figura 4 a refração:
Figura 4: Córnea fazendo refração da luz em Bear, Connors e Paradiso (2002).
30
Após a refração na córnea, no cristalino a imagem se torna mais nítida por
causa da acomodação. A próxima etapa da luz é chegar na retina, que forma melhor
a imagem através dos fotorreceptores. Em seguida, a imagem é encaminhada para
o encéfalo, no sistema visual central. Pode-se ver esses componentes na figura 5:
cristalino
Figura 5: Cristalino, retina e outros em www.colegiosaofrancisco.com/.
A luz que passa pela retina é convertida em impulso nervoso no nervo óptico
passa para o quiasma óptico e chegando no tracto óptico (PURPURA, KALIK &
SCHIFF, 2003). Este percurso é denominado de projeção retinofugal. Exposto na
figura 6:
31
Figura 6: Estruturas neurofisiológicas da projeção retinofugal em Bear, Connors e
Paradiso (2002).
Os nervos ópticos e os tractos ópticos são dois, um para esquerda e outro para
direita. Sendo que o nervo óptico esquerdo conduz o impulso nervoso pelo quiasma
óptico via tracto óptico direito, já o nervo óptico direito, encaminha o impulso nervoso
para o quiasma óptico e, em seguida, este estímulo desemboca no tracto óptico
esquerdo. Este fenômeno comprova que a visão é cruzada, fato que, também ocorre
no controle motor (DeSOUZA, MENON & EVERLING, 2003). Assim, conforme a
atividade dos olhos, o fluxo de oxigenação sangüínea é diferente no hemisfério
esquerdo e no direito (BRECHMANN, BAUMGART & SCHEICH, 2001). Não sendo
igual no trabalho das estruturas encefálicas da visão de cada hemisfério (FLOYERLEA & MATTHEWS, 2004; MACALUSO, FRITH & DRIVER, 2000), diferindo na
atividade elétrica dos dois hemisférios quando ocorre a visão (RUSSO & BRUCE,
32
2000; PRAAMSTRA, BOUTSEN & HUMPHREYS, 2005) e outros. Esses
componentes anatômicos são apresentados na figura 7:
Figura 7: Nervo óptico, quiasma óptico e tracto óptico em Bear, Connors e Paradiso
(2002).
Continuando a explicar o sistema visual central, do tracto óptico, o estímulo
nervoso passa pelo núcleo geniculado lateral (NGL) (NOWAK, MUNK, JAMES,
GIRARD & BULLIER, 1999), indo em direção ao córtex visual primário ou V1, onde
ocorre a visão consciente (READ & CUMMING, 2005). Esse caminho do NGL para o
córtex visual primário é denominado de radiação óptica (BEAR, CONNORS &
PARADISO, 2002). A figura 8 ilustra tais explicações:
33
A
B
Figura 8: O caminho da percepção visual consciente (A - secção horizontal do encéfalo, B – vista lateral) em Bear, Connors e Paradiso (2002).
34
O V1, que se situa no lobo occipital (área 17), é a primeira área visual cortical a
receber o impulso nervoso do NGL (DISBROW, ROBERTS, POEPPEL & KRUBITZER,
2001; RAO & DAW, 2004). O V1 encaminha a informação para V2 e V3 (SAKATA,
TAIRA, KUSUNOKI, MURATA & TANAKA, 1997). Estas regiões da área visual
secundária, V2 e V3, possuem funções diferentes. A primeira, V2, atua na visão de
profundidade (DURAND, ZHU, CELEBRINI & TROTTER, 2002), e a V3, encaminha o
estímulo nervoso para V4 e V5, ambas também pertencentes à área visual secundária.
A área V4 está associada à identificação da cor (JOHNSON, HAWKEN & SHAPLEY,
2004), enquanto que V5 ou área medial temporal (MT) está relacionada com a
identificação da mudança da ação de um objeto pelo campo visual, informam a
direção, ajudam na análise (NERI, BRIDGE & HEEGER, 2004). A área medial superior
temporal (MST) recebe eferência cortical da área V5 (TUSA, MUSTARI, BURROWS &
FUCHS, 2001), tendo função de navegação (noção dos objetos que passarem por nós
em diversas direções e velocidades), orientação do movimento dos olhos (habilidade
de sentir e analisar o movimento com os olhos) e percepção do movimento
(interpretação dos objetos em movimento) (BEAR, CONNORS & PARADISO, 2002). A
área V1, V2 e V3 pertencem ao feixe antecipado, a área V4 e lobo temporal inferior
(IT) são do feixe ventral e a área MT e MST são propriedades do feixe dorsal (NERI,
BRIDGE & HEEGER, 2004). A área IT recebe o impulso nervoso da V4, atuando na
percepção e memória visual. Sendo a última região do encéfalo a participar da visão.
Após a informação passar pelo IT ela se dirige para outras áreas ventrais, enquanto
que na MST o estímulo é encaminhado para diferentes áreas, cuja atuação no olho
e/ou no sistema visual central, a ciência ainda não conseguiu explicar. A figura 9
mostra todas as áreas corticais atuantes na visão:
35
Figura 9: O encéfalo com suas áreas visuais em Bear, Connors e Paradiso (2002).
Anteriormente foi explicado que a visão é comandada contralateralmente pelo
encéfalo, ou seja, o hemisfério esquerdo comanda o olho direito, enquanto que o
hemisfério direito, a visão esquerda. Por isso, o hemisfério é tema do próximo subcapítulo.
2.2. Hemisfério
O hemisfério de homens e mulheres possuem diferenças marcantes, fato
observado em estudo neuroanatômico (RABINOWICZ, PETETOT, GARTSIDE,
36
SHEYN, SHEYN & COURTEN-MYERS, 2002). Os mesmos autores (2002)
identificaram que a densidade dos neurônios é maior no sexo masculino, a
quantidade de neurônios é superior em homens; no sexo feminino, o hemisfério
esquerdo, relacionado com a fala, predomina. Segundo Bear, Connors e Paradiso
(2002), o hemisfério esquerdo difere do direito. Geralmente, o lado esquerdo é maior
do que o direito. Parece que essa superioridade de tamanho do hemisfério esquerdo
está relacionada com a função da fala. Essa assimetria dos hemisférios levou
Fernandes (2006) a algumas conclusões:
. O lobo frontal direito é mais longo e comprido para frente.
. O lobo occipital esquerdo é mais comprido para trás e mais largo.
. A fissura lateral de Sylvius no hemisfério esquerdo é mais na horizontal.
. A fissura lateral de Sylvius no hemisfério direito é mais para cima.
. Diferenças neuroquímicas, o direito atua sob noroepinefrina e o esquerdo por
dopamina.
As diferenças dos hemisférios são importantes na função de cada um deles
(COGHILL, GILRON & IADAROLA, 2001). O leitor pode observar os hemisférios nas
figuras 10 e 11:
Figura 10: O hemisfério esquerdo e direito em Jacob, Francone e Lossow (1990).
37
Figura 11: Os lobos do encéfalo em Guyton (1988).
Ribeiro (2006) informou que os hemisférios são ligados pelo corpo caloso, um
feixe nervoso na base da fissura longitudinal do córtex, que atua na comunicação
entre ambos. Apesar de serem divididos pela fissura longitudinal, cada hemisfério
atua de maneira contralateral nas ações do indivíduo (CRAMER, FINKLESTEIN,
SCHAECHTER, BUSH & ROSEN, 1999), ou seja, o hemisfério esquerdo comanda
os movimentos do lado direito, enquanto que o hemisfério direito atua nas ações
dirigidas da região esquerda do ser humano (PAL, HANAJIMA, GUNRAJ, LI,
WAGLE-SHUKLA, MORGANTE & CHEN, 2005). Nos hemisférios podem ocorrer
diferenças no fluxo sangüíneo, nas ondas eletromagnéticas e no córtex motor em
uma ação (MEDENDORP, GOLTZ & VILIS, 2005; MEDENDORP, GOLTZ,
CRAWFORD & VILIS, 2005; PEARCE, THOMPSON & NORDSTROM, 2005). Na
imaginação de uma seqüência motora da mão esquerda pode não ser igual o
estímulo magnético cortical, sendo geralmente mais pronunciado no hemisfério
direito (SOHN, DANG & HALLETT, 2003). Também foi evidenciado em pesquisa,
38
que o córtex somatosenssorial primário (HARTMANN & BOWER, 1998) e o córtex
parietal posterior (VYAZOVSKIY, BORBELY & TOBLER, 2002) atuam similares em
alguns momentos e diferentes, nas ações e no sono.
O próximo sub-capítulo continuará explanando a diferença hemisférica e a
distinção do trabalho dos hemisférios.
2.3. Hemisfericidade
Hemisfericidade é o maior processamento mental em um dos hemisférios,
proporcionando mais competência para um determinado número de tarefas. Na
população 75 a 80% é bi-hemisfério, mas geralmente ou o hemisfério esquerdo ou o
direito possui preferência no processamento da informação. Enquanto que 20 a 25%
dos seres humanos possuem forte processamento mental em um dos hemisférios,
ou o esquerdo ou o direito. Torna-se importante conhecer o hemisfério de maior
processamento mental de um jogador de futebol de salão (futsal) para o professor
compreender o porquê de certos indivíduos aprenderem mais rápido determinadas
tarefas ou as desempenharem melhor. O hemisfério esquerdo é dominante na
linguagem (PAULA NETO, 2004) e possui habilidade em coordenar a ação
complexa (VERSTYNEN, DIEDRICHSEN, ALBERT, APARICIO & IVRI, 2005). O
hemisfério direito tem competência para visão espacial (McGUIRE, ROBERTSON,
THACKER, DAVID, KITSON, FRACKOWIAK & FRITH, 1997) e é hábil para
atividades motrizes (NAITO, ROLAND, GREFKES, CHOI, EICKHOFF, GEYER,
ZILLES & EHRSSON, 2005).
Fairweather e Sidaway (1994) informaram que atletas com hemisfério de
processamento mental esquerdo aprenderam melhor através da instrução verbal do
técnico, enquanto que os competidores com hemisfério de processamento mental
direito, o conteúdo foi absorvido com boa qualidade através da orientação nãoverbal. Medeiros e Da Silva (2003) acrescentaram que a preferência no
processamento
da
informação
pelo
hemisfério
esquerdo
ocorreu
melhor
engramatização do ensinado quando as tarefas foram analíticas e verbais, já o
hemisfério de processamento mental direito, aprendeu significativamente quando o
treino foi holístico e não-verbal. O ensino não-verbal para o hemisfério de
39
preferência no processamento da informação direito pode ser transmitido por
observação de imagens, copiando as ações do professor e de um colega etc. Não
se pode esquecer que a forte preferência no processamento da informação pelo
hemisfério esquerdo precisa de treino prático. Muito eficaz para esses desportistas é
o treino cognitivo no qual o técnico faz perguntas ao atleta que responde e executa a
tarefa adequada. Geralmente, esse procedimento é realizado após uma ação
inadequada do jogador.
Em relação ao aspecto da personalidade, Marques, Ribeiro, Rocha, Barros,
Borges, Dias Filho, Araújo, Guagliardi Junior, Godoy, Silva e Da Silva (2005)
afirmaram que a hemisfericidade influencia no processamento cognitivo. O
hemisfério esquerdo de processamento da informação atua na liderança de um
grupo quando comparado ao direito, também, o indivíduo com hemisfério esquerdo
de processamento mental, possui um auto-controle superior ao do bi-hemisférico e
hemisfério direito de processamento da informação. Em contra partida, o ser
humano com hemisfério esquerdo preferencial da informação é mais ansioso do que
o bi-hemisférico. Mas as pessoas com preferência mental pelo hemisfério direito são
mais independentes e desinibidas do que as com forte tendência da informação pelo
hemisfério esquerdo. Porém, a hemisfericidade direita costuma ser mais ansiosa do
que o bi-hemisfério. Quando o bi-hemisfério é comparado com o direito no autocontrole e liderança de uma equipe, ele se sai melhor. Comparando o bi-hemisfério
com o mono-hemisfério de preferência esquerda, na independência, liderança e
extroversão, os primeiros são superiores.
Pável (2003) destacou as competências do hemisfério esquerdo de
processamento mental e do hemisfério direito de processamento da informação,
lembrando que se o indivíduo for bi-hemisfério, ele possui um lado de maior
processamento mental, esquerdo ou direito. As competências são:
Hemisfério Esquerdo (sobressai no processamento verbal, temporal, etc)
. Processamento da fala;
. No pensamento intelectual, racional, verbal e de análise;
. Elaboração gramaticais mais difíceis;
. Facilidade para identificar letras feitas na palma da mão direita (estereognosis);
. Percepção e processamento temporal;
. Precisão e velocidade;
40
. Superioridade em caracterizar o parâmetro temporal no comando motor;
. Participa no controle seqüencial do programa motor;
. Importante na sucessão de transição postural de um movimento para outro;
. Atua no programa de movimentos seqüenciais dos dois lados do corpo;
. Reconhecimento de palavras;
. Utilização de palavras para descrever, definir e manobrar;
. Nomeia objetos colocados na mão direita;
. Processamentos analíticos, em especial na produção e compreensão da
linguagem;
. Facilidade para reconhecer a fala humana;
. Maior concentração de dopamina no globo pálido esquerdo, acarretando numa
prontidão de ação no comportamento humano;
. Organização e “timing” do movimento seqüencial;
. Mais adaptado para processar altas freqüências audiovisuais;
. Especializado para codificar informações finais;
. Facilidade para identificar figura fundo no jogo dos sete erros;
. Extração de conclusões baseando-se na lógica, tudo seguindo uma ordem lógica.
Hemisfério Direito (sobressai nas tarefas não verbais e espaciais)
. Percepção e orientação espacial;
. Processamento espacial dos aspectos motores;
. Habilidades perceptivas viso-espaciais;
. Mais competente no processo viso-motor;
. Visão da figura como um todo (Gestalt);
. Conhecimento das coisas através de uma relação não-verbal;
. Competente na organização do esquema corporal;
. Controle postural;
. Facilidade no processamento perceptivo em habilidades grosseiras;
. Processamento holístico;
. Processamento simultâneo das informações;
. Habilidades musicais;
. Processamento rítmico interno e externo, com influência no andar, dançar e falar;
. Processamento para as notas musicais, sons de animais;
. Reconhecimento de faces e expressões faciais;
41
. Reconhecimento de figuras geométricas através do tato e da visão;
. Melhor performance na realização de tarefas não-verbal relativas a espacialidade;
. Processa informações visuais de baixa freqüência espacial.
Neste
sub-capítulo,
o
estudante
soube
a
importância
de
conhecer
hemisfericidade, já que o hemisfério de forte processamento mental pode influenciar
no aprendizado ou na tática ofensiva do time de iniciados do futsal. É importante que
o técnico conheça a fundamentação científica do ataque do futsal, que será ensinado
a diante.
2.4. Tática Ofensiva do Futsal
Desportos de invasão caracterizam-se por uma tática ofensiva que depende da
posse da bola (GRÉHAIGNE, GODBOUT & BOUTHIER, 1999). O aspecto
metacognitivo dos atletas é de extrema importância para a qualidade do ataque
(NEVETT, ROVEGNO, BABIARZ & McCAUGHTRY, 2001) porque a tomada de
decisão depende dessa variável (NEVETT, ROVENGO & BABIARZ, 2001),
resultando geralmente no chute para o gol (GRIFFIN, DODDS, PLACEK &
TREMINO, 2001). Contudo a qualidade da tomada de decisão está diretamente
ligada ao nível de entendimento do atleta sobre o jogo e de um treino que obrigue o
competidor a raciocinar, o treino cognitivo ou construtivista (tem o mesmo
significado, só mudando a nomenclatura) (GRÉHAIGNE & GODBOUT, 1995). Essas
sessões costumam ser constituídas pelo jogo ou pelo treino situacional (TURNER &
MARTINEK, 1995), mas o técnico não dá a resposta em uma jogada inadequada,
ele faz perguntas para o atleta de futebol de salão (futsal) sobre o motivo do lance
errado, induzindo o competidor a responder e depois tentar resolver essa tarefa em
uma jogada parecida com a ação recomendada. Essa tomada de decisão no futsal
pode ser treinada no jogo ou com recursos de vídeo o atleta responde o que fazer
da maneira mais eficaz, a metacognição (OLIVEIRA, 2002). Bianco (2006)
acrescentou que a percepção e a antecipação em uma jogada tem alta demanda da
metacognição. Araújo (2003) lembrou que, além da metacognição, há outros fatores
importantes na tática ofensiva do futsal: diversos aspectos neurais estão incluídos
42
na jogada - por exemplo: o sistema límbico, o controle motor, a hemisfericidade, o
sistema visual e outros como o sistema cardiovascular e a atuação hormonal.
Segundo Tavares e Faria (1996), 75% é gasto para efetuar a tomada de
decisão e 25% é o tempo que o atleta de futsal leva para executar uma habilidade
neuromotora. Mas com a atenção elevada, o jogador desempenha a tática ofensiva
com mais rapidez (FONTANI, MAFFEI, CAMELI & POLIDORI, 1999). Geralmente,
as ações de ataque mais adequadas são as dos desportistas mais experientes
(KIOUMOURTZOGLOU, MICHALOPOULOU, TZETZIS & KOURTESSIS, 2000) e
bem psicologicamente (PEDERSEN, 2000). Essas atividades bem realizadas na
tática ofensiva não estão só relacionadas com o tempo de treino, um fator
importante é a inteligência de jogo ou pensamento tático (FRENCH, WERNER,
TAYLOR, HUSSEY & JONES, 1996). É mostrado em pesquisa, que equipes de
futsal feminino ou masculino ou de outros desportos coletivos com alto nível de
pensamento tático são melhores qualificadas nas competições (GRECO, BASTOS,
NOVELI, FERREIRA FILHO, NOCE, PAULA, SOUZA & COSTA, 1998). A
inteligência tática só se desenvolve bem no educando do futsal a partir do período
operacional formal, de 12 anos em diante. Nesse momento, o jovem domina o
pensamento abstrato que facilita a tomada de decisão, que depende muito da
atenção. No educando do período operacional concreto, a concentração não ocorre
com qualidade. Ele se distrai com facilidade, talvez, porque os neurônios não
estejam todos mielinizados, o que provoca um impulso nervoso mais lento. Há que
se lamentar que no Brasil o aprendizado da tática dos atletas é realizado sem um
direcionamento específico desse trabalho (GRECO, 1999). Assim, torna-se
deficiente a tarefa do técnico do pré-púbere ao pós-púbere, que é de formar o futuro
atleta profissional (BRANDÃO, 2003). Recomenda-se que os treinadores dos
iniciantes sejam aqueles com maior conhecimento científico e prática para amenizar
esse ocorrido.
As ações inerentes à tática ofensiva do futsal depende do controle motor, o
planejamento do movimento inicia-se no córtex parietal posterior e no córtex
somatossensorial primário (CHAPMAN & MEFTAH, 2005). É o nível hierárquico mais
alto do controle motor, a estratégia. Em seguida, o estímulo de ambos os córtex
dessa etapa da estratégia encaminha a informação para a área 6 que analisa e
passa para os gânglios da base. A informação é enviada para o tálamo, retornando
à mesma área 6, onde o resíduo da ação fica organizado. Isso tudo acontece em um
43
lance da tática de ataque do futsal. Em seguida, a área 6 encaminha a informação
para a área 4 ou M1 que atua no início do movimento (KIM, ELIASSEN & SANES,
2005). Nesse começo da ação tática de ataque, o cerebelo atua na precisão do
movimento, no equilíbrio, na correção da motricidade inadequada etc (GOODKIN &
THACH, 2003). Essa etapa é o nível hierárquico médio do controle motor, a tática. A
última etapa da tática ofensiva do futsal no controle motor, a execução da ação
ocorre no baixo nível hierárquico. A área 4 encaminha o estímulo para o tronco
encefálico (CRAMMOND, 1997) e posteriormente, essa informação vai para a
medula espinhal e chega aos músculos pelos nervos, a unidade motora (NAFATI,
SCHMIED & ROSS-DURAND, 2005), desencadeando a ação (WESTGAARD & DE
LUCA, 2001), que depende da força e direção (PIGEON, BORTOLAMI, DIZIO &
LACKNER, 2003a). Após a leitura sobre o controle motor, é possível entender a
importância da neurociência para a compreensão da tática ofensiva do futsal.
Não se pode esquecer que o ataque do futsal depende de outra área cortical, o
sistema límbico, responsável pela emoção. A emoção de realizar o ataque é
respondida pelas alterações fisiológicas do organismo dos atletas de futsal. A teoria
da emoção decorrente do aspecto fisiológico foi proposta em 1884 por JamesLange: o desportista recebe informações sensoriais dos neurônios que são
encaminhadas para o encéfalo, mudando a expressão facial, a freqüência cardíaca e
outros. Completa-se essa teoria num lance da tática ofensiva com os estudos de
Cannon-Bard, publicado em 1927: o atleta de futsal recebe o estímulo da emoção
via a ativação talâmica podendo ou não ocasionar mudança facial para depois
ocorrer a reação. Essas teorias divergem, mas, conforme a situação de ataque do
futsal de iniciados, uma das teorias predomina. A diferença entre as duas teorias é
que: na teoria de James-Lange, o jogador sente alegria em conduzir a bola no
ataque e ocorrem diversas mudanças fisiológicas no organismo, reagindo com riso,
enquanto que na teoria de Cannon-Bard, primeiro o jogador de futsal sente o
estímulo da alegria no encéfalo, para depois ocorrer a manifestação. A emoção
desempenha um papel tão forte em desportistas do futsal que pode prejudicar ou até
otimizar o ataque de uma equipe (HERNANDEZ & GOMES, 2002), principalmente
em desportistas iniciantes. Essas alterações fisiológicas podem ser detectadas pela
taxa de cortisol liberada por esses competidores (FERRET, MATHIAN, DUPUIS,
MARTIN, PERETTI & DAVID, 2004).
44
A visão periférica é responsável pela qualidade da jogada e acontece na
manifestação da emoção e nas tarefas do controle motor no ataque do futsal, assim
o atleta é orientado a jogar de cabeça erguida, ou seja, no plano de Frankfurt para
exercitar este componente (visão periférica) com maestria na tática ofensiva. A
atividade do futsal necessita da visão periférica (McPHERSON, 1994) e na idade de
iniciação, 10 a 12 anos ou pouco mais (SILVA, FERNANDES & CELANI, 2001), os
atletas já dispõem do padrão visual de adulto (FARINATTI, 1995). Fato que não
ocorre aos 9 anos ou menos idade, pois a visão é menos apurada para acompanhar
a trajetória de um objeto, o que ocasiona significativa limitação para iniciação
desportiva destes. Então, a qualidade visual afeta na tomada de decisão (WILLIAMS
& DAVIDS, 1998), no tipo de ataque do futsal e outras ações ofensivas desse
desporto. Tavares (1991) informou que conforme o desporto ou posição do atleta na
equipe, esse competidor tem um estímulo visual diferente para efetuar com
velocidade a tomada de decisão. Logo, o sistema visual do goleiro para reagir com
rapidez ao perigo na área é totalmente diferente ao do beque (WISIAK & CUNHA,
2004), diferindo ainda mais do dançarino (WUYTS & BUEKERS, 1995), tanto na
performance como no aprendizado (CARNAHAN, HALL & LEE, 1996). É provável
que a qualidade da visão periférica seja um dos motivos que difere os melhores
jogadores de futsal dos inferiores. Será que a qualidade da visão periférica otimiza a
atenção no ataque do futsal? Consultando a literatura, nada é informado sobre essa
questão (PIGEON, BORTOLAMI, DIZIO & LACKNER, 2003).
Nota-se que no ataque do futsal, o controle motor, a emoção e a visão
periférica estão interligados para exercer o componente ofensivo dessa modalidade.
Todavia, conforme o hemisfério de preferência no processamento mental, a tática
ofensiva apresentará um tipo de qualidade, boa ou ruim. A preferência no
processamento da informação pelo hemisfério esquerdo é mais apta para atividades
analíticas, o direto tem mais competência para trabalhos motrizes. Conclui-se que
nos desportistas a hemisfericidade ideal é a direita. Outros fatores que podem
influenciar o ataque do time, e são estudados em artigos que abordam a tática, é a
memória declarativa e não-declarativa (SOUZA, PAULA & GRECO, 2000). Segundo
Bear, Connors e Paradiso (2002) a memória declarativa é usada no dia-a-dia e serve
para lembrar de fatos e eventos. A memória não-declarativa divide-se em vários
grupos, o de maior interesse é a memória de procedimento, atuante nas habilidades,
hábitos e comportamentos. A memória de procedimento resultante da experiência e
45
a memória declarativa é adquirida pelo esforço consciente. Greco (2006) informou
que a memória declarativa atua no “o que fazer” (tática) e a memória de
procedimento no “como fazer” (técnica).
Garganta (2002) afirmou que o nível
competitivo do atleta influi na qualidade da memória declarativa e da memória de
procedimento.
O futsal é um desporto coletivo de contato físico (GRECO & CHAGAS, 1992),
com freqüente confronto entre ataque e defesa (GRÉHAIGNE, GODBOUT &
BOUTHIER, 1997), apresenta ações de alta velocidade (LIMA, SILVA & SOUZA,
2005) num espaço pequeno de jogo, geralmente em poucos segundos numa
metragem de no máximo cinco a dez metros ou menos (BARROS & CORTEZ, 2006)
e depende de um bom tênis para realizar as ações táticas do jogo com maestria
(SERRÃO, SÁ & AMADIO, 2000). A modalidade é intermitente e acíclica, o período
de pausa é maior do que a fase ativa, beneficiando a recuperação do esforço e
proporcionando ações táticas velozes no jogo, que podem ser com bola ou não
(SOARES & TOURINHO FILHO, 2006). Desempenhado de maneira diferente
conforme a posição do atleta (BALIKIAN, LOURENÇÃO, RIBEIRO, FESTUCCIA &
NEIVA, 2002), é praticado pela condução de bola, no passe, na cabeçada, no chute
e outros fundamentos do futsal. A intensidade e o volume das ações táticas tendem
a diminuir no final do primeiro tempo e na etapa final do segundo tempo da partida,
devido ao cansaço e decréscimo do glicogênio muscular.
Neste desporto, a visão periférica influi decisivamente na tática ofensiva de
qualidade (RINK, FRENCH & TJEERDSMA, 1996). Principalmente porque, para o
ataque conseguir desorganizar a defesa, depende da imprevisibilidade, a fim de que
o modelo de jogo ofensivo cause supremacia sobre os beques do oponente
(GARGANTA, 1996). O fator surpresa, mas com racionalidade ofensiva, é
fundamental nos jogos desportivos coletivos (SISTO & GRECO, 1995). O modelo de
jogo do ataque é uma regra pré-estabelecida, que é alterada por uma situação
problema, a fim do sistema ofensivo conseguir efetuar a jogada com qualidade
(BENTES, 2004). No futsal, a tática ofensiva é construída pela condução da bola,
drible, finta, passe e recebimento do passe. Sendo um ciclo que é interrompido com
a perda da bola ou com a finalização, geralmente um chute, mas as vezes ocorre a
cabeçada. Neste jogo, atletas da linha e até do gol podem atuar no esquema
ofensivo, observado no modelo de jogo, a tática. Portanto, o futsal é uma
modalidade de cooperação e oposição (NOCE, GRECO & SAMULSKI, 1997),
46
caracterizado por uma tática com atuação no “o que fazer”, e a técnica participando
no “como fazer”, para solucionar o problema ofensivo da equipe de futsal. Conclui-se
que a tática ofensiva do futsal é uma atividade coreográfica, dependendo da
ludicidade e da inteligência de jogo dos futebolistas. Contudo, as ações táticas
ofensivas são praticadas pela força no aspecto bio-operacional e bio-estrutural e o
técnico monta o modelo de jogo ofensivo conforme o compêndio bio-operacional e
bio-estrutural da força de seus atletas iniciadas do futsal masculino. Apesar da tática
atuar como fator decisório no jogo, ela é pouca pesquisada devido à dificuldade de
investigação (GARGANTA, MAIA & MARQUES, 1996; MAIA, 2000).
Atualmente, a análise do jogo de uma equipe concentra-se no aspecto tático
(CUNHA, BINOTTO & BARROS, 2001). O estudo qualitativo da tática é de capital
importância para o rendimento dos jogos desportivos coletivos (RAMOS FILHO, &
ALVES, 2006), neste caso a tática ofensiva do futsal masculino. Porém Low, Taylor
& Williams (2002) lembraram que a análise do jogo, a tática, é mais proveitosa
quando abrange os aspectos quantitativo e qualitativo. O treinador compreende a
alta quantidade de chutes de sua equipe porque as jogadas ofensivas vêm sendo
bem organizadas a partir do meio-campo (qualitativo). Então, o scout da tática
ofensiva do futsal precisa fundamentar-se no número de ações de ataque, associado
a conceitos espaciais onde os lances começam e terminam, mas com uma
classificação qualitativa em relação à jogada, boa, ruim e outras. Na realidade, o que
a análise do jogo tenta responder para o treinador são as quatro questões
(GARGANTA, 2001):
1 - Quem realizou a jogada (quantitativo)?
2 - Como (ex. lançamento) e de que tipo (ex. boa ou ruim) é praticada a ação tática
(quantitativo e qualitativo)?
3 - Onde foi praticada a ação tática (ex. do meio-campo para o ataque com
perfeição) (quantitativo e qualitativo)?
4 - Quando é efetuado a atividade tática (ex. no momento que a defesa está
adiantada e tendo excelente lançamento) (quantitativo e qualitativo)?
47
Silva (2006) ilustrou como ocorre a interação da análise do jogo entre o aspecto
quantitativo e qualitativo:
Quantitativa
Jogador
Produto (gols)
Dados avulso
Ações técnicas
ANÁLISE DO JOGO
Qualitativa
Equipe
Organização
Análise de seqüências
Unidades táticas
Figura 12: Análise do jogo da atualidade pelos treinadores da vanguarda.
Mas como realizar uma análise quantitativa e qualitativa do ataque do futsal
masculino? Oliveira (1993) informou que a análise do jogo possui vários objetivos,
na tática pode tentar diagnosticar a qualidade da jogada e o número de vezes que
ela ocorreu. Sendo assim, é interessante demarcar o local que iniciou, foi construída
e desenvolvida e foi concluída a jogada de ataque. Sugere-se que as ações táticas
no futsal sejam estudadas em quatro quartos (1° quarto: 0 a 10`, 2° quarto: 11 a 20`,
3° quarto: 21 a 30` e 4° quarto: 31 a 40`) (DIAS & SANTANA, 2006) para que o
treinador identifique, mais facilmente, a otimização e decréscimo nesses períodos,
realizando uma análise mais criteriosa. Após o estudo dos quatro quartos,
recomenda-se a pesquisa dos valores do primeiro e segundo tempo em separado,
por último, a investigação de todos os dados ofensivos da partida para obter-se um
panorama tático do ocorrido (LAMAS & SEABRA, 2006). O estudo tático das partes
leva à investigação do todo. Indica-se a análise do grau da tática ofensiva e do grau
da visão periférica no ataque. O grau é a pontuação sobre a qualidade da seqüência
ofensiva e o número de vezes desse acontecido, a quantidade. Atualmente, é
possível realizar a análise do jogo pela informática (BARROS, BERGO, ANIDO,
CUNHA, LIMA FILHO, BRENZIKOFER & FREIRE, 2002), mas este recurso
48
tecnológico é oneroso. A literatura nacional (CORRÊA, DA SILVA & PAROLI, 2004)
e internacional (ANDERSEN, TENGA, ENGEBRETSEN & BAHR, 2004) aceitam de
bom grado, apesar de ser uma atividade que exige tempo e destreza do investigador
(TAVARES & VICENTE, 1991), o scout que é um equipamento confiável
(MOUTINHO, 1991). Isto foi confirmado por Oslin, Mitchell e Griffin (1998) que
encontraram no scout proposto para o futebol uma correlação (r) de 0,84 na tomada
de decisão, um r de 0,97 na execução técnica e um r de 0,86 no auxílio do jogador
ao companheiro que está com a bola. O r é alto em dois momentos e excelente em
uma vez nesse scout. Porém, no mestrado da UCB o r é alto a partir de 0,86.
Entretanto, Tavares (2006) lembrou que o equipamento de ponta e o scout possuem
limitações, que são:
a) A coleta de dados apresenta apenas o que o competidor realizou na jogada, mas
não indica o que deveria fazer e a ação que não fez.
b) A análise é no jogador que está com a bola, não investigando as ações que os
demais fazem para o sucesso e insucesso da jogada realizada.
c) Não é possível observar todo um time, prejudicando também a averiguação do
oponente.
d) O estudo do jogo não determina o aspecto psicológico, a influência da torcida, a
motivação em vencer a partida, as lideranças dentro do grupo e outros fatores que
influenciam na disputa, mas que não são ações táticas da equipe.
e) Só é avaliada uma equipe, sem observar ao mesmo tempo a atuação do
adversário.
f) Não consegue predizer o comportamento individual e coletivo do time no decorrer
da partida, não podendo evitar a imprevisibilidade das ações do oponente e não
conseguindo dizer se a equipe se adaptou à mudança tática do adversário.
Pode-se acrescentar outras limitações:
49
g) Não observa se a metacognição e o condicionamento físico influenciam no jogo.
h) Não tem capacidade de identificar o quanto o clima quente ou frio prejudica o
desempenho na competição.
i) Não pode estabelecer se a mudança de campo (jogar fora de casa) no aspecto
espacial prejudica os atletas na partida.
Tavares (2006) concluiu:
Por conseguinte, as informações obtidas por observação podem apresentar
vários riscos. Por isso, os treinadores devem ter cuidado para que as suas
observações não sejam supervalorizadas. Com a mesma cautela devem
ser analisadas as estatísticas de jogo. Elas incidem sobre um número
restrito de observações e não deve, em caso algum, tornar-se o único
critério para mudar as opções de jogo. Orientar uma equipe unicamente
com base em dados estatísticos seria a pior das coisas (p. 63).
No futsal a maioria dos gols ocorre no final do jogo, 2º tempo, entre 31 e 40
minutos (DIAS & SANTANA, 2006). O mesmo estudo demonstrou que o segundo
momento com mais gols é no final do 1º tempo, entre 11 e 20 minutos. Esse fato
corrobora com as informações das referências, que apontam como causa a fadiga e
o decréscimo do glicogênio muscular, para a maior ocorrência de gols nesse
período, final da primeira e segunda etapa (GUERRA, SOARES & BURINI, 2001; DA
SILVA, 2006), o mesmo acontece no futebol de campo. Logo, é possível concluir
que a fadiga dos atletas causa este fato (REILLY, 1994). Mas conforme se
desenvolve o jogo, o oponente se acostuma com o sistema tático defensivo,
podendo ser este outro motivo do maior número de gols no fim do primeiro e
segundo tempo. Então, indica-se que esse assunto seja estudado para verificar se é
a fadiga a única variável responsável pelos tentos no término da primeira e segunda
etapa. Segundo Amaral e Garganta (2005), a maior parte dos sucessos ofensivos no
futsal ocorrem no meio-campo ofensivo e no ataque. Geralmente, a atividade de
ataque mais utilizada é a condução da bola, a fim de ultrapassar o defensor. Isto
pode indicar que a situação 1 contra 1 (1x1) é corriqueira no jogo. Acontecem mais
chutes no ataque e no meio–campo ofensivo, devido à proximidade do gol,
confirmando a afirmativa das pesquisas, que as situações ofensivas de 1x0 são
50
raras nesse desporto (SILVA, 2006). O chute é a ação mais comum de finalizar os
ataques do futsal. Há variantes como a cabeçada, com a coxa e outros. Essas
jogadas de ataque costumam ser em alta velocidade (SILVA, BAÑUELOS,
GARGANTA & ANGUERA, 2005) ou através de lances inesperados, como na
cobrança do córner direto para o gol (BORRÁS & BARANDA, 2005).
O sucesso do remate depende da força rápida dos membros inferiores e da boa
técnica biomecânica do atleta em fazer esse fundamento (TEIXEIRA, SANTIAGO &
CUNHA, 2003), da maneira (técnica) de golpear a bola com os pés (BRAY &
KERWIN, 2003), da alta qualidade da visão periférica, da precisão em acertar a
meta em local de difícil acesso para o goleiro, e outros. É interessante que o jogador
seja apto a chutar com ambas as pernas, porque pode surgir durante a partida
situação que obrigue a usar o membro inferior esquerdo ou direito (MIRANDA, 2005)
e possuir no remate ótima inteligência para efetuar a ação (REILLY, BANGSBO &
FRANKS, 2000). Pode-se acrescentar ao chute eficaz o excelente condicionamento.
Reilly (1997) afirmou que os maiores esforços do jogo são com bola, logo, é
importante a inclusão desse implemento em todas as sessões do futsal,
principalmente para iniciados. Papaioannou, Ballon, Theodorakis e Auelle (2004)
acrescentaram que o melhor percentual de chutes para o gol é conseguido com o
atleta praticando os remates e recebendo instruções do treinador na sessão. O
remate com êxito para o gol ou próximo da baliza possui uma seqüência de quatro
ou menos passes (HUGHES & FRANKS, 2005) e/ou poucos toques de condução da
bola pelo chutador. Na medida em que o número de passes e condução da bola
aumentam, o ataque torna-se menos eficaz, diminui o efeito surpresa (PINTO &
GARGANTA, 1996), há dificuldade em desequilibrar a estrutura defensiva,
prejudicando o chute. Nesse mesmo raciocínio, Marques Junior (2004) afirmou que
o ataque é mais eficaz se a troca de passes for em alta velocidade, não permitindo
que o adversário posicione a sua defesa em condições ótimas. Os vencedores da
partida costumam ser os que tem a posse de bola por mais tempo (LAGOS OLIVO,
2002) e os que chutam mais para a meta. Contudo, é bom lembrar que o tipo de
marcação do oponente (individual, toda quadra, meia-quadra, por zona, losango e
quadrado) pode influenciar no início ofensivo, na construção e desenvolvimento
ofensivo e na finalização da tática de ataque.
Portanto, a investigação do efeito do treino da visão periférica na tática ofensiva
de iniciados do futsal masculino parece ser uma novidade e é extremamente
51
relevante, principalmente para um desporto, ainda, pouco pesquisado, cujo ápice é o
ataque, e a tática é variável imprescindível para a vitória. Como a dissertação foi
pesquisada em quatro situações de ataque, é interessante o estudo do treino
situacional, que será apresentado no sub-capítulo 2.5.
2.5. Treino Situacional do Futsal
O treino situacional consiste na decomposição do jogo de futebol de salão
(futsal) em uma ou mais partes para trabalhar um momento específico da partida
simulando uma disputa oficial (TIEGEL & GRECO, 1998). Por exemplo, o treinador
que quer otimizar o ataque a partir do meio-campo ofensivo utilizando o treino
situacional, pode elaborar uma sessão de ataque com dois atacantes orientados a
fazer diversos passes entre si, dribles e outros, para vencer a marcação de dois
jogadores e depois finalizar para o gol. O objetivo do treino situacional do futsal é a
melhora do ataque, assim o foco de atenção do técnico é a qualidade ofensiva, mas,
ao mesmo tempo, os defensores e o goleiro são treinados. Uma das vantagens
dessa tarefa é a alta motivação que esse trabalho ocasiona, o atleta vivencia uma
parte do jogo, facilitando a correção dos erros pelo técnico (DAOLIO, 2002), além de
exercitar num só treino, o ataque e a defesa (GARGANTA & GRÉHAIGNE, 1999). O
número de atletas participantes no treino situacional é variado, merecendo que o
professor converta as situações que deseja exercitar em um momento do jogo
(TAVARES & VELEIRINHO, 1999). Ele pode treinar um jogador contra um goleiro
(1x1), um atleta de linha versus um jogador e um goleiro (1x1x1) e outras variações
(GRAÇA & MESQUITA, 2002). Conforme o número de atletas no treino situacional,
pode-se exercitar a tática individual, a tática em grupo (ações entre dois ou três
jogadores) e a tática coletiva (ações simultâneas entre três ou mais atletas).
Garganta (1998) revelou que o trabalho tático do treino situacional exige muito da
memória declarativa e da memória de procedimento, capacitando o atleta a resolver
a situação-problema e segundo Freire Silva e Rose Junior (2005), esta sessão
permite ao jogador analisar o erro no momento da partida através de considerações
técnicas e táticas com explicação precisa do treinador ou com raciocínio do
desportista pelo treino cognitivo.
52
Reconhecendo o caráter de reprodução da realidade da competição
apresentado pelo treino situacional, aconselha-se ao técnico de futsal ministrá-lo
com cuidado. Nunes, Beltrão, Camões e Carreiro da Costa (2002) explicaram que
um número alto de erros na atividade proposta interfere no aprendizado ou no
aperfeiçoamento da situação de jogo treinada. Mas o problema pode ser
solucionado elaborando-se uma sessão cuja estrutura progride da tarefa mais
simples para a mais complexa. A concisão e a calma devem predominar nas
preleções do técnico aos seus atletas quanto às deficiências dos mesmos, sendo
ideal um número de informações moderadas (BOTELHO, MESQUITA & MORENO,
2005; SCHILD & CANFIELD, 1994). A instrução sóbria é benéfica porque não
interfere na tomada de decisão do desportista (FARIA & TAVARES, 1993) e permite
uma engramatização do que é pedido. Sugere-se o reforço positivo do treinador para
a jogada adequada do treino situacional, a fim de proporcionar aumento na
motivação do atleta e maior empenho na sessão (LOPES, SAMULSKI & NOCE,
2004). É importante no treino situacional que a tarefa prescrita faça parte do modelo
de jogo da equipe (OLIVEIRA, AMIEIRO, RESENDE & BARRETO, 2006) e a
averiguação, a posteriori, se ocorreu a transferência da atividade exercitada para o
modelo de jogo da equipe durante a partida (BUCK & HARRISON, 1990).
Monge da Silva (1988) informou que os desportos coletivos, no seu trabalho
com bola, pertencem ao grupo dos não mensuráveis, há uma carga subjetiva na
elaboração da sessão. É a complexidade dos exercícios do treino situacional que
determina se o trabalho da sessão é forte ou médio ou fraco (ABRANTES, 1992).
José Mourinho, ex-técnico de futebol profissional do Chelsea da Inglaterra,
acrescenta que a intensidade desse tipo de trabalho é definida pela concentração do
atleta ao realizar os exercícios com bola no treino situacional (OLIVEIRA, AMIEIRO,
RESENDE & BARRETO, 2006). Estar concentrado (também conhecido como
concentração de decisão ou concentração tática) significa que o jogador realizará as
tarefas propostas com atenção e empenho. Quando decresce a concentração,
geralmente a fadiga central já está instalada. Daí a importância das pausas no treino
situacional, esses intervalos devem ter durações variadas de alguns segundos a
muitos minutos, como ocorre no jogo de futsal (OLIVEIRA, 2003; PLATONOV,
2004). Em relação ao volume da sessão situacional, é difícil estabelecer quantas
vezes deve-se fazer a tarefa. Mas com a prática, o treinador percebe o valor
adequado para cada exercício do treino situacional. Costuma-se determinar o
53
volume adequado de um tipo de treino situacional quando a tarefa vem sendo bem
feita e com máxima concentração. A queda da qualidade das ações com bola
(técnica e/ou tática) e da concentração acusam um volume excessivo dessa
atividade. É bom lembrar que a carga do treino situacional é mais adequada quando
possui um caráter competitivo (TSCHIENE, 1999), ou seja, são tarefas específicas
do modelo de jogo que vão ser desempenhadas na partida (como jogará
taticamente) e com atividades idênticas do que deve ser encontrado no jogo (torcida,
adversário provocador etc.) (MESQUITA, 1996). A simulação com a realidade é
aumentada no treino situacional quando o treinador promove mini competições neste
tipo de sessão, proporcionando um estresse psicológico, coordenativo e físico
similar ao do campeonato. As mini disputas provocam o aumento da motivação dos
jogadores em ganhar a atividade prescrita, ou melhor, o jogo decomposto,
aperfeiçoando a concentração do atleta e a qualidade na execução das jogadas, nos
aspectos técnico e tático.
É importante a inclusão dos tipos de prática do aprendizado neuromotor no
treino situacional. A prática em bloco é a prescrição repetida de uma determinada
tarefa, com baixa interferência contextual (STE-MARIE, CLARK, FINDLAY &
LATIMER, 2004). Já a prática aleatória é a realização de uma tarefa com um foco de
treino e outras atividades no mesmo bloco de tentativas, que acarreta alta
interferência contextual (WRIGHT, MAGNUSON & BLACK, 2005). Entende-se como
interferência contextual a intervenção de outras tarefas no foco do treino. Por
exemplo, o objetivo do treino é o chute. Então, o tipo de prática atua da seguinte
maneira nessa sessão:
a) Prática aleatória: Treina-se o chute e outras tarefas, interferência no foco do
treino. Há um esforço maior da memória em reter a tarefa.
b) Prática em bloco: Repetição do fundamento na mesma seqüência, só depois o
desportista passa para outra tarefa. Ocorre pouca ou nenhuma interferência de uma
atividade sobre outra.
O treinamento de aprendizagem inicia-se com a prática em bloco que permite
rápida aquisição. Depois, as sessões precisam ser ministradas pela prática aleatória
que ocasiona melhor retenção na memória do conteúdo desportivo (GUADAGNOLI
54
& LEE, 2004). Após esse ocorrido, retenção neuromotora desportiva, o treinador
continuará a aperfeiçoar essa tarefa e outras para que seu time de futsal alcance a
excelência. Indica-se a mesma metodologia, a inclusão das práticas do aprendizado
neuromotor no aperfeiçoamento bio-operacional competitivo dos atletas. Porém a
literatura não informa o tipo de prática, em bloco e/ou aleatória, que atua
beneficamente no aperfeiçoamento técnico e/ou tático dos jogadores de futsal
(BRADY, 2004). Mas recomenda-se o uso dessas metodologias para otimizar mais
rápido e tornar mais organizado o aperfeiçoamento do compêndio bio-operacional,
sendo um novo campo de pesquisa para os especialistas do aprendizado
neuromotor. Os dois tipos de prática mais utilizados em pesquisa do aprendizado
neuromotor são a práticas em bloco e a aleatória (WRIGHT, BLACK, IMMINK,
BRUECKNER & MAGNUSON, 2004), mas é bom lembrar que existe a prática
seriada que causa moderada interferência contextual (CORRÊA, 2006). A seguir são
expostos exemplos das práticas mais utilizadas dessa disciplina da Educação Física,
aprendizagem neuromotor, com inclusão no treino situacional:
Tipo de prática: Bloco
Objetivo do treino: Otimizar o treino situacional de ataque (TSA)
Bloco 1 de 5 tentativas: (TSA, TSA, pausa e TSA)
Bloco 2 de 5 tentativas: (TSA, TSA, TSA, pausa e TSA)
Tipo de prática: Aleatória
Objetivo do treino: Otimizar o treino situacional de ataque (TSA)
Bloco 1 de 5 tentativas: (TSA, chute, cabeçada, TSA, pausa e cobrança de falta e
TSA)
Bloco 2 de 5 tentativas: (cobrança de pênalti, cabeçada, TSA, chute e TSA)
Obs.: A prática também é aleatória se ocorrer diferentes trabalhos do TSA numa ordem diferente, tendo um foco no TSA com
chute para o gol (ex. TSA com chute para o gol, depois TSA com cabeçada, em seguida TSA com passe e cruzamento para
área e outros), de preferência a seqüência do TSA nunca é igual em toda a semana.
Conhecendo a estruturação do treino situacional, priorizando essa sessão com
mini competição, o treinador deve saber que essa metodologia de treino não otimiza
sozinha o treino da visão periférica, ou seja, jogar de cabeça erguida para possuir
um melhor campo visual na execução das jogadas de ataque. Para tal tarefa ocorrer,
necessitam-se exercícios educativos (KRÖGER & ROTH, 2002), que podem ser
55
realizados no treino técnico, quando o atleta realiza o fundamento (somente treinar a
condução da bola), atento à biomecânica desportiva, esquecido do jogo (OLIVEIRA
& PAES, 2005). Esta atividade possui diversas nomenclaturas, tais como: treino
fragmentado, treino técnico, método analítico-sintético, misto (tendo o treino técnico
numa parte da tarefa e depois o treino situacional) e outros (FERREIRA, GOLATTI &
PAES, 2005). Conclui-se que o treino situacional necessita da ajuda do treino
técnico para que o treino da visão periférica influa na qualidade do modelo de jogo.
A observação do efeito do treino da visão periférica no modelo de jogo pode ser
constatado na qualidade da seqüência ofensiva dos fundamentos nas questões
técnicas e táticas. Jogar de cabeça erguida talvez resulte em uma maior intensidade
de trabalho da visão. A questão possibilita formular a hipótese de que este maior
trabalho visual ocasione uma diminuição do atraso (aumenta a velocidade) do
movimento sacádico dos olhos em perceber e acompanhar um objeto. Será que o
aumento da ação sacádica dos olhos otimiza a tomada de decisão no ataque do
futsal? Apesar do retardo do movimento sacádico, ele tem esse nome porque efetua
uma atividade balística rápida, numa sacada veloz permitindo que a visão fique
nítida (MONTEIRO, 1993). Nos capítulos quatro e cinco, será identificada qual
hipótese foi aceita, a nula ou a verdadeira.
56
CAPÍTULO III
3. METODOLOGIA
O estudo tem um delineamento quase-experimental porque as condições da
investigação se aproximam da realidade. Possui esse design devido a não
randomicidade em selecionar a amostra controle e experimental, foi uma divisão
intencional para equilibrar as equipes do futsal. A elaboração do treino da visão
periférica para iniciados do futsal não federados cujo objetivo é jogar de cabeça
erguida foi estruturado a partir das idéias de Pinto e Araújo (1999), baseado nas
informações dos trabalhos do aprendizado neuromotor (MAGILL, 2000; WILLIAMS,
SINGER & FREHLICH, 2002) e de estudos sobre a visão (ROUGIER & GARIN,
2007; STOFFREGEN, BARDY, BONNET, HOVE & OULLIER, 2007). O capítulo III
explicou a população e a amostra, como foi conduzido o treinamento, quais
instrumentos e testes foram utilizados nos futebolistas e mostrou a estatística
aplicada na investigação.
3.1. Tipo de pesquisa
O formato quase-experimental do estudo deriva-se do fato de que há um
fenômeno a ser observado num grupo experimental e numa amostra controle, a
causa e o efeito (THOMAS & NELSON, 2002). Nesta pesquisa ocorreu uma
comparação entre o grupo experimental que faz o treino da visão periférica
(ensinado a jogar na maior parte da partida de cabeça erguida, ênfase na visão
periférica) e a amostra controle que realiza o treino tradicional do futsal (o atleta
costuma jogar com predomínio da flexão da coluna cervical, ênfase na visão
central), buscando-se identificar qual tratamento tem melhor ataque. Tentando,
também, evidenciar se o treino da visão periférica ocasionou no grupo experimental
erguer a cabeça significativamente, se comparado à amostra controle. O treino
(visão periférica e tradicional), a atuação dos jogadores nas partidas de cada turno e
57
a hemisfericidade foram as variáveis independentes e as fases da tática ofensiva e o
grau da visão periférica no ataque foram as variáveis dependentes. Porém, não foi
conseguido controlar todas variáveis intervenientes na competição em dupla, tarefa
que não ocorre no laboratório.
3.2. Operacionalização das variáveis
O controle de quase todas as variáveis que pudessem interferir na pesquisa foi
requisito indispensável a atender a análise da hipótese da investigação. Exceto os
fatos que ocorrem na competição (interferência da torcida, estado psicológico e
outros). O horário do treino pela manhã, a idade dos jogadores, a condição sóciocultural foram variáveis controladas ao se selecionar jovens interessados na
atividade do futsal.
3.3. População
Lar da Criança Padre Franz Neumair, dirigido por freiras católicas, localiza-se
em Ititioca, bairro de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Atende meninos e meninas com
idade de 1 a 10 anos. As crianças residentes do orfanato são órfãos e estudam na
escola pública mais próxima. Para os educandos da comunidade de Ititioca e
Atalaia, o orfanato desenvolveu o Projeto de Esporte, onde se aprende capoeira e
futsal. Há aulas pela manhã e à tarde. Todos os aprendizes inscritos no projeto
devem estar obrigatoriamente matriculados na escola, geralmente esses jovens
estudam em instituições próximas à comunidade. A inscrição no projeto atende a
questões práticas como a facilidade em comunicar aos pais ou responsáveis
acidentes ou fatos desagradáveis que possam ocorrer com os meninos e meninas
da comunidade. Problemas com os órfãos do Lar da Criança, as freiras resolvem,
pois elas cuidam da educação desses jovens. Outra vantagem do orfanato é sua
estrutura física, possui uma quadra coberta, uma ampla cozinha, um salão de festas
e outras acomodações que oferecem conforto aos educandos.
58
3.4. Seleção da amostra e sujeitos no decorrer do estudo
Os pais liberaram os jovens para a pesquisa através de um termo de
consentimento que informava sobre a natureza da pesquisa. O grupo da
investigação de atletas de futsal não federados inicialmente era de 16, mas devido
algumas desistências, a pesquisa prosseguiu com 10 jogadores, oito na linha e dois
no gol. Esses desportistas realizaram alguns testes indicados por Matsudo (1998) e
as avaliações da agilidade (sem uso do toco) e da velocidade tiveram as distâncias
alteradas para atender a especificidade do futsal. Esta iniciativa visava a divisão do
grupo experimental e do grupo controle com um condicionamento físico próximo. As
tabelas e quadros apresentam a amostra:
Tabela 1: Participantes do estudo do futsal.
n
Mês
10 atletas
5 do
experimental
Abril de
2007
5 do controle
Idade
(anos)
Altura
(cm)
Envergadura
(cm)
10,4±2,31
139,2±10,30
181,3±14,11
Massa
corporal total
(kg)
40,7±12,29
10±2,82
136,6±10,73
177,2±13,80
36,8±10,56
10,8±1,92
141,8±10,32
185,4±14,67
44,6±13,79
Tabela 2: Testes neuromotores e metabólico da amostra do futsal.
n
Mês
Alcance no
SV
(cm)
209±16,43
Salto
Vertical
(cm)
27,7±5,53
Agilidade
de 5 m
(m/s)
1,37±0,20
Velocidade
de 10 m
(m/s)
3,66±0,70
Abril de
2007
206,2±18,30
29±6,89
1,42±0,24
3,66±0,74
211,8±15,89
26,4±4,15
1,33±0,18
3,66±0,74
10 atletas
5 do
experimental
5 do controle
Significado da abreviatura: SV – salto vertical, m/s – metros por segundo. / Obs.: O teste de salto vertical foi realizado com
balanceio dos braços e contramovimento. / Obs. 2: Por causa do alto desconforto que o teste de VO2máx acarreta no jovem
atleta ele não foi prescrito na avaliação desses meninos.
Em relação ao aspecto técnico e tático, a seleção do grupo experimental e do
grupo controle foi através da observação de dois jogos treinos ocorridos no
59
microciclo médio do mesociclo um. Acontecendo uma divisão intencional das
equipes. Seguindo a classificação do nível de jogo de Garganta (1995), os sujeitos
estavam no estágio mostrado no quadro 1:
Quadro 1: Nível de jogo dos iniciados do estudo.
Fase
Comunicação
da ação
Descentração
A função não
depende apenas da
posição da bola.
Prevalência da
verbalização.
Estruturação
do espaço
Relação com
a bola
Ocupação do
Elevada utilização
espaço em função da visão central.
dos elementos do
jogo.
Próximo do término do estudo (acabou em doze de junho de 2007), os atletas
praticaram as mesmas avaliações do pré-teste indicados por Matsudo (1998). O
intuito era observar se o treino causou mudanças nas características físicas dos
iniciados do futsal. A tabela 3 e 4 mostra o pós-teste:
Tabela 3: Participantes do estudo do futsal.
n
Mês
10 atletas
5 do
experimental
Maio de
2007
5 do controle
Idade
(anos)
Altura
(cm)
Envergadura
(cm)
10,9±2,07
140,3±10,50
183,60±14,70
Massa
corporal total
(kg)
40,8±11,83
10,6±2,70
137,2±10,70
178,20±13,04
35,8±10,13
11,2±1,48
143,4±10,47
189±15,60
45,8±12,23
Tabela 4: Testes neuromotores e metabólico da amostra do futsal.
n
Mês
Alcance no
SV
(cm)
210,4±17,82
Salto
Vertical
(cm)
26,8±7,71
Agilidade
de 5 m
(m/s)
1,47±0,18
Velocidade
de 10 m
(m/s)
4,16±0,88
Maio de
2007
206,6±20,42
28,4±9,12
1,45±0,14
3,99±0,91
214,2±16,17
25,2±6,64
1,49±0,22
4,33±0,91
10 atletas
5 do
experimental
5 do controle
O teste “t” independente não revelou diferença significativa (p>0,05) do préteste do grupo experimental versus o grupo controle na idade (t = -0,39), na altura (t
60
= -0,78), na envergadura (t = 0,38), na massa corporal total (t = 0,34), na impulsão (t
= 0,72), na agilidade (t = 0,64) e na velocidade (t = 0). No pós-teste, o teste “t”
independente não foi significativo (p>0,05) na comparação entre grupo experimental
versus o grupo controle nas seguintes variáveis: idade (t = -0,28), altura (t = -0,92),
envergadura (t = 0,26), massa corporal total (t = -1,40), impulsão (t = 0,63), agilidade
(t = -0,11) e velocidade (t = -0,57).
A coordenação foi ênfase no treinamento, ou seja, o aspecto bio-operacional.
No fim da investigação, Garganta (1995) foi consultado novamente e pôde-se
observar um avanço do nível de jogos desses jovens. O quadro 2 mostra o estágio
de futsal do grupo experimental e da amostra controle:
Quadro 2: Nível de jogo dos atletas no fim da pesquisa.
Grupo
Fase
5 do
experimental
Estruturação
5 do controle
Conscientização da
coordenação das
funções.
Igual ao
experimental.
Comunicação
da ação
Prevalência da
verbalização.
Igual ao
experimental.
Estruturação
do espaço
Relação com
a bola
Ocupação racional Da visão central
do espaço (tática para a periférica.
individual e de
grupo)
Igual ao
experimental.
Elevada utilização
da visão central.
3.5. Treinamento e campeonato da amostra
Os meninos do estudo se encontravam na etapa de especialização inicial
conforme determinou Matveev (1997). Esses jovens treinavam duas vezes por
semana (3ª e 5ª feira), de nove às dez horas da manhã, sendo a primeira vez que
esses iniciantes tiveram um treinamento sistemático visando evoluir da recreação
para a atividade desportiva. Para as sessões serem mais adequadas foi utilizada a
tabela científica de Rigolin da Silva (2005) das fases sensíveis de treinamento. Ela
foi prescrita para amostra conforme a média de idade dos iniciados do futsal:
61
Tabela 5: Fase sensível de treinamento.
Idade
Cronológica
Idade
Biológica
Cognição
Coordenação
Flexibilidade
Força
Aeróbio
Aláctico
10 e 11 anos
pré-puberal
Operacional
concreto
Essencial
Aperfeiçoamento
Início
FR e/ou
FRML
Início
Início
Abreviatura: FR (força rápida) e FRML (força de resistência muscular localizada).
O grupo experimental e o grupo controle realizaram testes antropométricos
(altura, envergadura e peso), neuromotores (salto vertical e agilidade de 5 m) e
metabólico (velocidade de 10 m) descritos por Matsudo (1998) (ver no anexo A a
ficha de coleta de testes). Isto ocorreu no início e próximo do fim da pesquisa, com o
intuito de conhecer melhor a amostra. O teste de agilidade de 5 m era adaptado do
tradicional shuttle run, sem o toco para o atleta pegar. Bastava o desportista ir e
voltar para obter o resultado expresso em metros por segundo (m/s), unidade de
medida não utilizada no shuttle run (segundo e centésimo), foi uma adaptação.
Outra alteração foi a metragem de 5 m na avaliação da agilidade devido ser essa
uma distância comum do futsal. O teste de velocidade de 10 m foi embasado no de
50 m porque na partida de futsal essa distância é mais habitual. Os valores nesta
avaliação são apresentados em m/s, diferente do original (segundo e centésimo). Os
meninos da investigação também tiveram acesso a equação de Cherebetiu (1989)
que foi indicada por Noronha (1992), cálculo que fornece o prognóstico da altura de
cada jogador. Todos foram esclarecidos que o pico de crescimento da faixa etária do
estudo aconteceria na idade de 13 a 16 anos, conforme Pompeu (2004) determinou.
Nos testes neuromotores e metabólico, foi apresentada a classificação dos
desportistas pelo percentil e posteriormente foi calculado o escore Z, que todos
tiveram acesso.
O modelo de periodização prescrito para os jogadores do estudo foi a
periodização tática, seguindo os ensinamentos de vários autores portugueses
(CARVALHAL, 2001; MARTINS, 2003; OLIVEIRA, AMIEIRO, RESENDE &
BARRETO, 2006; SANTOS, 2006). Algumas alterações foram adotadas para a
periodização tática ficar mais adequada para os atletas do futsal não federados e a
pesquisa, como a inclusão de mesociclos que permite melhor organização do
macrociclo, o uso de testes e do microciclo de teste. A ênfase do treino dos iniciados
do futsal foi na coordenação, ou seja, o trabalho com bola. Trinta minutos da sessão
eram dedicados a diversas tarefas, possuindo treino técnico, situacional e tático.
62
Esses treinamentos ocorriam antes dos trinta minutos finais, quando ocorria o jogo.
O mesmo tipo de treino foi prescrito para o grupo experimental e para o grupo
controle, a única diferença era que a amostra experimental realizava o treino da
visão periférica, instruído a jogar de cabeça erguida (ver no anexo B a diferença
visual conforme o tipo de treino). A tabela 6 mostra como os exercícios foram iguais
para os sujeitos do experimental e para o grupo controle:
Tabela 6: Treino da visão periférica e sessão tradicional do futsal.
Treino da visão periférica do
Grupo Experimental
Atividades:
conduzir a bola,
conduzir a bola e chutar para o gol,
passe,
drible,
driblar os cones e depois fazer o chute,
passe para o colega e ele faz o remate,
pênalti,
cobrança de falta,
domínio,
chute de voleio ou semi-voleio,
saída do meio-campo,
cruzamento para área e cabeceio,
3 contra 3 ou 4 contra 4 e outros.
Treino tradicional do
Grupo Controle
Igual ao grupo experimental, mas o treinador
não se preocupa em orientar o jogador e o
goleiro em erguer a cabeça.
Na fase inicial do treino do macrociclo um
cada jogador do controle só podia dar dois
toques na bola porque a qualidade técnica
do experimental declinou muito. Isto visava
um equilíbrio na partida. Depois o jogo
passou a ser conforme o oficial, no
macrociclo dois.
A única diferença de treino do grupo controle
que fez alguns exercícios com halter ou com
Jogo de cabeça erguida, se abaixar a tornozeleira e imediatamente era praticado o
cabeça por longo tempo perde a bola. fundamento. Este treino visava a motivar o
Mas partir do macrociclo dois, isto foi grupo.
abolido, sendo igual ao oficial.
O diferencial do treino do grupo controle no macrociclo um, foi a prática de um
trabalho de força com halter de 3 ou 5 kg simulando a movimentação dos braços ao
correr, corrida com peso nas mãos e, foram prescrito exercícios de condução da
bola, passe com bola e de chute no ar sem bola com tornozeleira de 3 kg. Esse
artifício deu mais ao grupo controle, um melhor estado psicológico porque passaram
a se considerar mais forte que o grupo experimental. Assim o grupo controle foi
denominado Fortão, enquanto que os sujeitos do experimental que se preocupavam
com o aspecto visual de jogar de cabeça erguida foi chamado Visão. Por mais que
os responsáveis do estudo tentassem utilizar a nomenclatura grupo experimental
(GE) e grupo controle (GC) (Obs.: O GE teve um técnico e o GC outro treinador),
63
não deu certo, ficando mais fácil para a compreensão dos menores os nomes Visão
e Fortão. No macrociclo um foram realizados nove treinos através da prática em
bloco, enquanto que no macrociclo dois ocorreram seis treinos, iniciou-se com a
prática em bloco (duas sessões) e sendo finalizado pela prática aleatória (quatro
sessões). Prática aleatória que foi prescrita com alternância ou não de um exercício
técnico e/ou situacional do futsal (Obs.: sem ordem definida), vindo logo depois
tarefas de outras modalidades que ajudam o futsal e evitam a especialização
precoce. Os exercícios eram:
. Voleibol: No jogo de voleibol ocorre o balanceio dos braços no saque em
suspensão, no bloqueio e na cortada. Esses fundamentos foram praticados sem a
bola de voleibol e depois, a ação dos membros superiores transferiu-se para o
cabeceio, saída do gol e defesa pelo alto do futsal, sendo realizado sem e com bola.
O motivo da prática do balanceio dos braços em alguns fundamentos com salto do
futsal é devido a maior elevação do centro de gravidade dos atletas que essa
atividade provoca. Mas para gerar menor braço de resistência, os jogadores
realizaram o balanceio dos braços com o cotovelo flexionado.
. Salto em Distância: Inicialmente foi ensinado o salto em distância. Depois os
meninos aprenderam como transferir essa atividade para o jogo de futsal. Por
exemplo, disputa entre dois jogadores em alta velocidade para alcançar a bola,
próximo da mesma, o atleta que praticar um salto em distância atingirá primeiro o
objeto da disputa.
. 10 m rasos: Distância comum do futsal em alta velocidade. Os jogadores
aprenderam a correr com a biomecânica do velocista e depois foi ensinado que está
técnica de corrida pode ser empregada no jogo de futsal, pois proporciona ao
jogador um deslocamento mais rápido.
. Salto Triplo: Esta atividade foi ensinada para os jovens jogadores e depois foi
mostrado como o salto triplo pode ser aplicado no futsal. Exemplo: após o drible no
goleiro, que está caído no solo e a bola já passou pelo goleiro, o jogador efetuou
uma passada do salto triplo, passou por cima do goleiro com um salto, caiu no solo
bem depois do goleiro, tocando a bola para o gol.
Além dessas modalidades evitarem a especialização precoce, antes do treino
do futsal, de 8 a 9 horas, ocorria aula de capoeira, mais uma tarefa que evitava o
prejuízo desse fato corriqueiro na iniciação desportiva. Também foi mostrado que
64
alguns golpes da capoeira eram idênticos ao chute do futsal. Por exemplo, o martelo
(chute lateral) possui biomecânica similar ao do chute voleio e a ginga pode ser
utilizada como uma “pedalada” alternativa pelos futebolistas.
O leitor pode observar na tabela 7 e 8 que a periodização possui as estações
do ano, atividade realizada por Pihkala nos anos 30 com os corredores finlandeses
para dividir o treinamento em períodos. Porém na periodização tática praticada
pelos iniciados do futsal, a atenção dada às estações do ano visava a entender sua
influência no resultado dos testes físicos (calor otimiza o resultado da velocidade) ou
se o estresse do calor ou do frio causa risco a saúde dos jovens atletas, se há
necessidade cancelar a atividade. O macrociclo 1 e 2 é exposto a seguir,
classificado por Zakharov (1992), como uma periodização dupla de dois ciclos
incompletos porque não possui duas etapas de transição em cada macrociclo.
Tabela 7: Periodização tática do estudo (macrociclo 1).
Etapa
Mês
Estação
Mesociclo
Microciclo
do ano
N° de
Sessões
Tempo
Objetivo do
Atividades
em
Mesociclo
Praticadas
Dividir os times
Jogo
minutos
Dia
das
sessões
e
do
mesociclo
Semana
P
Março
Outono
1
Médio
2
120`
20 – 3ªf
do GE e do GC.
22 – 5ªf
-
P
-
Março
-
Outono
-
2
-
Teste
Total
Total
2
120`
2
120`
-
-
Aquisição da VP.
Teste de CLEM,
27 – 3ªf
Otimizar a técnica
técnico e jogo.
29 – 5ªf
e a tática do
PB
grupo.
P
Abril
Outono
2
Teste
1
60`
Igual ao anterior.
3 – 3ªf
P
Abril
Igual ao trabalho
anterior.
Outono
2
Teste
2
120`
Igual ao anterior.
10 – 3ªf
Testes
antropométricos e
12 – 5ªf
físicos.
Técnico e jogo.
PB
-
-
-
-
-
Total
Total
5
300`
-
-
65
Continuação da tabela 7.
P
Melhorar o drible
Driblar de cabeça
17 – 3ªf
Abril
Outono
3
Médio
2
120`
de cabeça
erguida, técnico e
19 – 5ªf
erguida
jogo.
(aquisição da
PB
VP).
Otimizar a técnica
e tática do grupo.
P
Abril
Outono
3
Outono
3
Forte
2
120`
Igual ao anterior.
Igual ao anterior.
Pré-
1
60`
Simular a disputa.
Campeonato em
24 – 3ªf
26 – 5ªf
P
Maio
3 – 5ªf
competitivo
dupla e depois
jogo recreativo.
-
C
-
Maio
-
Outono
-
4
-
Competitivo
Total
Total
5
300`
2
80`
8 – 3ªf
-
-
Competir no 1°
Disputa em dupla
turno.
10 – 5ªf
-
-
no dia 8 e em
equipe na 5ªf.
-
-
-
Total
Total
2
80`
-
Total
PB: 9 sessões
PCo: 3 disputas
-
-
-
-
-
Total de
Total de
Treinos
Minutos
9
800`
-
Total do Tipo de
Prática
PB: 9 sessões
PCo: 3 disputas
-
-
-
-
-
Total de
-
-
-
-
-
-
Disputa
3
-
-
-
-
-
Total de
Treinos
para
Dividir a
Amostra
2
Significado da letra: P – preparatória, C – competitiva, GE – grupo experimental, GC – grupo controle, VP – visão periférica, PB – prática
em bloco, PCo – prática competitiva.
66
Tabela 8: Periodização tática do estudo (macrociclo 2).
Etapa
Mês
Estação
Mesociclo
Microciclo
do ano
N° de
Tempo
Objetivo do
Atividades
Sessões
em
Mesociclo
Praticadas
Dia
minutos
das
e
sessões
do
mesociclo
Semana
Observar o
P
Maio
Outono
5
Médio
2
180`
15 – 3ªf
aprendizado dos
Treino Cognitivo.
meninos.
PB
17 – 5ªf
Drible de cabeça
P
Maio
22 – 3ªf
Outono
5
Forte
2
120`
Aquisição ou
erguida, técnica,
Retenção da VP.
situacional e
24 – 5ªf
jogo.
Melhorar o drible
Estrutura da
de cabeça
Sessão sem uma
erguida.
ordem definida
das tarefas pela
Otimizar a técnica
e a tática do
grupo.
PA:
-
técnico
situacional
ou
do
futsal.
- balanceio dos
braços do vôlei
para ser usado
na cabeçada e
na saída do gol.
-
técnico
situacional
ou
do
futsal.
- 10 m
rasos
para ser usado
no futsal.
-
técnico
situacional
ou
do
futsal.
-
salto
distância
em
para
chegar antes na
bola.
-
técnico
situacional
ou
do
futsal.
- salto triplo para
chegar antes na
bola ou passar
por cima de um
oponente.
67
Continuação da tabela 8.
P
Maio
Outono
5
Forte
2
120`
Igual ao anterior.
29 de maio os
29 – 3ªf
mesmos testes
31 – 5ªf
do pré-teste.
Igual ao treino
anterior.
P
Junho
Outono
5
5 – 3ªf
Pré-
1
60`
Simular a disputa.
competitivo
Campeonato em
dupla e depois
jogo recreativo.
C
-
-
-
-
Total
Total
7
480`
2
80`
-
-
Competir no 2º
Disputa em
turno.
dupla no dia 12 e
Junho
12 – 3ªf
Outono
6
Competitivo
14 – 5ªf
em equipe na
5ªf.
-
-
-
-
-
Total
Total
2
80`
-
Total
PB: 2 sessões
PA: 4 sessões
PCo: 3 disputas
-
-
-
-
-
Total de
Total de
Treinos
Minutos
6
-
Total do Tipo de
Prática
PB: 11 sessões
560`
PA: 4 sessões
PCo: 6 disputas
-
-
-
-
-
Total de
-
-
-
Total de
Total de
-
-
Treinos
Minutos do
do
Macro 1 e
-
-
Disputa
3
-
-
-
-
-
Macro 1
2
e2
1360`
15
-
-
-
-
-
Disputa
-
do
Macro 1
e2
6
Significado da letra: P – preparatória, C – competitiva, VP – visão periférica, PB – prática em bloco, PA – prática aleatória, PCo – prática
competitiva.
Nesta investigação houve três tipos de campeonatos com objetivos diferentes,
e eram os seguintes:
68
a) Campeonato em dupla simulado: Visava preparar a amostra (n = 10) do estudo
para a disputa da pesquisa e outros jovens que não pertenciam à investigação
podiam competir. Do 1° ao 6° lugar os jogadores eram premiados e o goleiro
também recebia medalha de 1° ou de 2° lugar.
b) Campeonato em dupla: Somente os meninos da pesquisa participavam.
Enquanto que os demais atuavam marcando a súmula ou fazendo parte da torcida.
c) Campeonato em equipe: Os garotos do estudo e outros meninos podiam
participar desse campeonato. Acontecendo um jogo de 15 minutos cada tempo com
medalha para o 1° e 2° lugar. Visando a iniciação desportiva.
A figura a seguir expõe em minutos a duração de todas as sessões da
periodização tática de 2007:
Tempo em Minutos das Atividades da Periodização Tática de 2007
140
120
120
100
80
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
40
40
60
60
60
60
60
40
40
40
20
o
tu
rn
o
2º
do
tu
rn
2º
ul
a
20
Si
m
ão
ão
ão
ão
19
ss
Se
18
ss
Se
ss
Se
ão
17
16
ss
Se
15
ss
Se
ão
Se
ss
tu
rn
o
o
1º
do
tu
rn
1º
ul
a
Si
m
ão
11
10
ss
Se
9
ão
ss
Se
Se
ss
ão
8
7
no
ão
ss
Se
no
6
Tr
ei
no
5
Tr
ei
no
4
Tr
ei
3
Tr
ei
no
Tr
ei
ão
ss
Se
Se
ss
ão
1
2
0
Macrociclo 1: Sessão 1 e 2 do mesociclo 1, Treino 3 a 7 do mesociclo 2, Sessão 8 a 11 do mesociclo 3, Simulado em Dupla do mesociclo 3 e 1º
turno do campeonato do mesociclo 4.
Macrociclo 2: Sessão 15 a 20 do mesociclo 5, Simulado em Dupla do mesociclo 5 e 2º turno do campeonato do mesociclo 6.
Figura 13: Tempo de cada sessão de 2007.
Para maior controle do treinamento foi quantificado o número de cada tipo de
sessão e também foi apresentado o valor em percentual das tarefas.
69
Tabela 9: Número de tipos de treino do macrociclo 1 e 2.
Treino
Jogo de Futsal
Técnico
Situacional
Competição
Balanceio dos Braços do Voleibol para realizar a
Cabeçada e a Saída do Gol
10 m rasos
Salto em Distância
Salto Triplo
Musculação (só o grupo controle)
Treino Cognitivo
Total de Tipos de Treino: 10
N° de Sessões
14
9
7
6
4
4
4
4
4
2
-
Percentual dos Tipos de Treino
Treino Cognitivo
3%
Musculação
7%
Jogo de Futsal
24%
Salto Triplo
7%
Salto em
Distância
7%
10 m
7%
Técnico
16%
Voleibol
7%
Competição
10%
Situacional
12%
Figura 14: Percentual dos tipos de treino baseado no valor quantitativo das sessões
do macrociclo um e dois.
É importante lembrar que a freqüência de treino e as faltas nas sessões foram
computadas para saber se os jogadores estavam treinando conforme prometido (ver
no anexo C a ficha de freqüência).
70
3.6. Modelo de disputa do campeonato em dupla
Foi elaborado um campeonato em dupla (2x2) tendo dois goleiros um para
cada amostra, com o intuito de evitar o tento do experimental ou o gol do controle.
Justifica uma disputa em dupla porque permite maior controle laboratorial na coleta
de dados pela filmadora Sony Handycam Vision CCD-TRV 12 e fita Sony Digital
8mm. Na disputa em dupla eram realizadas quatro tarefas diferentes, apresentadas
pela tabela 10 (o anexo D ilustra as explicações da tabela 10):
Tabela 10: Atividades do campeonato em dupla.
Tentativas das tarefas
Atividades
a) Quando o juiz apitar! O atleta deve praticar uma seqüência ofensiva para frente até realizar a
finalização. Todos precisam tocar na bola, caso contrário a tentativa é desperdiçada.
b) Quando o juiz apitar! O atleta deve realizar uma seqüência ofensiva, mas tendo a marcação de
dois atletas que saem numa corrida de 3,5 m (3ª linha) vindo por trás do atacante e tentam
interceptar o ataque. Todos precisam tocar na bola, caso contrário a tentativa é desperdiçada.
c) Quando o juiz apitar! O atleta deve realizar uma seqüência ofensiva, mas tendo dois defensores
posicionados ao lado dos atacantes. Esses zagueiros inicialmente se localizam numa distância de
4,40 m (linha amarela), dado o início da tarefa eles podem chegar perto dos atacantes para
interceptar a tática ofensiva. Todos precisam tocar na bola, caso contrário a tentativa é
desperdiçada.
3
d) Quando o juiz apitar! O atleta deve realizar uma seqüência ofensiva, mas tendo dois defensores
de frente para os atacantes. Esses zagueiros inicialmente se localizam numa distância de 6,46 m
(linha branca), dado o início da tarefa eles podem chegar perto dos atacantes para interceptar a
tática ofensiva. Todos precisam tocar na bola, caso contrário a tentativa é desperdiçada.
As regras do campeonato em dupla são:
a) Cada dupla deve jogar com camisa ou colete da mesma cor para facilitar a
identificação do juiz e na análise do jogo, os goleiros devem atuar com a mesma
vestimenta com cor diferente das duplas para não confundir o árbitro.
b) Toda atividade da disputa começa no centro do campo, no pequeno círculo,
quando a bola é rolada para frente (saída de bola).
c) Feito par ou ímpar para a escolha da dupla que dará início ao ataque ou a defesa
iniciam-se os ataques, mas as duplas se alternam na realização ofensiva. Por
exemplo, uma dupla fez os três ataques e a outra defendeu na tarefa B. Na próxima
vez, a dupla que foi zagueiro agora é ataque e quem foi ataque passa para a defesa
71
na mesma atividade B. Isto acontece em todas as letras (A, B, C e D) das
respectivas tarefas.
d) A alternância do ataque entre experimental e controle obriga a constante troca
dos goleiros. Quando o experimental ataca, quem está no gol é o goleiro do controle,
caso o controle ataque, o goleiro é do grupo experimental. Mas se for controle contra
controle ou experimental contra experimental, o goleiro do controle agarra para uma
das amostras e o mesmo é praticado pelo goleiro do experimental.
e) Os atletas em cada jogo da disputa possuem dois períodos de tempo de 1 minuto
para recuperar-se da fadiga ou visando uma combinação tática.
f) A ação de ataque só é “gasta” quando ocorre interrupção desse ato, por exemplo:
chute para fora, o goleiro agarrou o chute, o zagueiro tirou a bola e mandou a bola
para fora, o defensor “desarmou” o atacante e enviou a mesma para o ataque e
outros.
g) Caso o zagueiro tire a bola e fique driblando, está em jogo a tentativa de ataque,
continuando a atividade.
h) Mas se o defensor tirar a bola e ficar brincando de atrasar o implemento para o
goleiro por diversas vezes, esta atividade será punida com tiro livre indireto.
i) Indisciplina que acarrete cartão será efetuado pênalti. Amarelo um pênalti e
vermelho duas cobranças.
j) Todas as distâncias estabelecidas com a trena (ver tabela 10) são marcadas com
giz, e quando necessário, é utilizado um cone para chamar atenção da metragem.
Feito somente na atividade B. Como a quadra possui marcações de dois tamanhos
de campo de futsal, em certas distâncias foram aproveitadas as linhas do campo
menor para saber a distância proposta.
k) Toda disputa ocorre em meia quadra (12 m de comprimento por 13,98 m de
largura), sendo colocado um cone (6ª linha) em cada linha lateral para facilitar na
72
análise do jogo, ou seja, o pesquisador consegue saber onde é o meio-campo
ofensivo e o ataque. Cada uma dessas zonas possui um comprimento de 6 m.
l) Em todos os jogos será utilizada uma súmula para ocorrer maior controle dos gols.
Facilitando na identificação da dupla vencedora e do goleiro campeão (ver no anexo
E).
m) Em todos os jogos a bola de futebol será calibrada no valor de 4,5 libras porque
os meninos jogam descalço. Isto ocorreu no primeiro turno, com o aumento da força
de chute, o segundo turno foi disputado com bola de futsal com o mesmo valor de
libras. Mas os meninos continuaram a jogar descalços.
n) Vence quem fizer mais gols.
o) O goleiro vencedor é o que sofrer menos gols. Em caso de empate em gols
sofridos, ambos são campeões.
p) Em caso de empate ocorre a disputa de pênalti, total de duas cobranças para
cada atleta, perfazendo um total de quatro remates. Empatando no pênalti, uma
cobrança para cada jogador até um errar.
q) Cada colocação na disputa em dupla possui a seguinte pontuação para linha (1º a
4º lugar) e gol (1º e 2º lugar): 1º lugar: 5 pontos, 2º lugar: 3 pontos, 3º lugar: 2 pontos
e 4º lugar: 1,5 pontos. Os vencedores do campeonato são as duplas e goleiros que
somarem mais pontos. Mas todos os jogadores serão premiados com medalha de 1°
ao 4° lugar na linha e para os goleiros, medalha de campeão e de vice-campeão.
r) Todas as partidas precisam que um árbitro conduza os jogos.
s) Antes de cada jogo foram seguidas as recomendações de Romero-Sangüesa,
Aranda, Forner, Villagrasa e Mascarós (2005), priorizando o aquecimento com bola,
se possível, simulando o jogo que é o melhor método para preparar o atleta para a
disputa. Essa atividade durou entre três a cinco minutos.
73
O modelo de disputa de cada turno ocorreu em um dia, sendo exposto a seguir:
Classificatória: dupla x dupla (classificatória 1) / dupla x dupla (classificatória 2)
Final do 3° lugar (antes): Perdedor da Classificatória 1 x Perdedor da Classificatória 2
Final do 1º lugar: Vencedor da Classificatória 1 x Vencedor da Classificatória 2
Todos os atletas receberam o modelo de disputa, as regras do campeonato em
dupla e para fixar este tipo de competição, foi realizado antes do dia da disputa um
simulado em dupla com premiação de medalhas. Outra tarefa realizada pela
federação do orfanato foi a distribuição para cada atleta do calendário do ano de
2007 (ver no anexo F), para que os desportistas ficassem informados sobre a
programação da temporada. O resultado do 1° turno e a colocação do 2° turno com
a respectiva pontuação da disputa em dupla são apresentados adiante:
1º turno
Horário: 9-10h 06` Data: 08/05/07 Semana: 3ªf Temperatura: 24ºC Estação do Ano: Outono
Tempo da Filmagem: 40` Microciclo: Competitivo Mesociclo: 4
Classificatória: Experimental A 3 x 6 Cotrole A / Experimental B 4 x 0 Controle B
3º lugar: Experimental A 5 x 4 Controle B / 1º lugar: Experimental B 6 x 7 Controle A
Classificação dos goleiros: Experimental com 17 gols sofridos / Controle com 18 gols sofridos.
2º turno
Horário: 9-10h
Data: 12/06/07
Semana: 3ªf
Temperatura: 23ºC
Estação do Ano: Outono
Tempo da Filmagem: 40` Microciclo: Competitivo Mesociclo: 6
Classificatória: Experimental A 8 x 1 Cotrole B / Experimental B 7 x 4 Controle A
3º lugar: Controle A 5 x 4 Controle B / 1º lugar: Experimental A 6 x 7 Experimental B
Classificação dos goleiros: Experimental com 25 gols sofridos / Controle com 27 gols sofridos.
Pontuação Final
Classificação por dupla: 1º Experimental B (2º no 1º turno / 1º no 2º turno) com 8 pontos, 2º
Controle A (1º no 1º turno / 3º no 2º turno) com 7 pontos, 3º Experimental A (3º no 1º turno / 2º no
2º turno) com 5 pontos e 4º Controle B (4º no 1º turno / 4º no 2º turno) com 3 pontos.
74
Classificação por goleiro: 1º Experimental (1º no 1º e 2º turno) com 10 pontos e 42 gols sofridos,
2º Controle (2º no 1º e 2º turno) com 6 pontos e 45 gols sofridos.
Classificação por amostra da linha: 1º Experimental com 13 pontos e 2º Controle com 10 pontos.
3.7. Instrumento e tarefa
Os instrumentos foram compostos por duas bolas de futebol e duas bolas de
futsal. Foram utilizadas sete pequenas bolas de plástico para aumentar a habilidade
do goleiro em defender. O professor também esteve munido dos cartões do futsal,
do apito oficial, do calibrador Penalty e da bomba de encher do mesmo fabricante.
Outros equipamentos usados foram os cones, utilizados no campeonato em dupla e
no treinamento. Para as equipes serem identificadas como oponentes, foram
utilizadas
duas
camisas
brancas
(experimental
A),
duas
camisas
pretas
(experimental B), dois coletes azuis (controle A), dois coletes amarelos (controle B) e
duas camisas para cada goleiro (laranja o experimental e azul claro o controle).
Cada guarda-redes teve acesso a uma luva Penalty e caneleira da mesma marca.
Os capitães de cada dupla utilizaram uma braçadeira para sua identificação, na cor
azul ou vermelha, elástico de prender cabelo de menina. Em caso de pedido de
tempo, foi utilizado um jogo de botão para a conversa tática das duplas. Todas as
atividades ocorreram numa quadra de cimento coberta, tendo 24 m de comprimento
por 13,98 m de largura. Valores pouco inferiores ao mínimo oficial (25 de
comprimento por 15 m de largura). A baliza do gol era de ferro e pintada de branco,
com 1,92 m de altura por 3 m de largura. A altura da baliza era pouco inferior a
oficial, 2 m. A espessura da trave era de 20 cm, como requer o padrão oficial. A
zona de segurança, afastamento da trave até a parede, media, na parte posterior de
um gol, 2,20 m (da baliza até o palco com 86 cm de altura) e atrás do outro gol, a
medida da zona de segurança era de 4,90 m (da baliza até o portão de entrada). A
distância da marca do pênalti, 5,50 m, era um pouco inferior a oficial, que é de 6 m.
Já as outras marcações na quadra (espessura da linha, dimensão do pequeno
círculo e outros) obedeciam a regra oficial. Quando necessário, usou-se giz para
marcar o piso e a trena para aferir as distâncias almejadas. Para destacar as
75
marcações de giz do piso utilizou-se pequenos pedaços de cano de pvc imitando
cones ou os próprios cones, facilitando a orientação do atleta. Para um melhor
controle da atividade, o treinador fez uso de relógio, lapiseira, borracha, prancheta e
planilha de treino. Durante os jogos dos campeonatos, um termômetro media a
temperatura ambiente, em caso de temperatura extrema, a disputa poderia ser
adiada. O giz também foi utilizado no teste de salto vertical. Uma fita métrica foi
fixada na parede para medir a altura dos jovens, os cones foram identificadores da
metragem do teste de agilidade de 5 m e do teste de velocidade de 10 m. Para
saber a massa corporal total uma balança G-Tech foi usada na investigação.
O material do teste de CLEM foi composto por uma filmadora Sony Handycam
Vision CCD-TRV 12 instalada no tripé Mirage e ligada diretamente numa tomada e
uma fita Sony Digital 8mm, uma cortina de TNT preta de 2,51 m de altura por 2,76 m
de largura foi erguida entre duas pilastras da churrasqueira através de duas cordas
de nylon de 5 m de comprimentos que foram amarradas no caibro que sustentam o
telhado da churrasqueira (ver no anexo G a foto desse teste). O salão de churrasco
era um ambiente propício à realização do teste porque era tranqüilo, tendo 16,15 m
de comprimento por 11 m de largura, em sua volta ele era aberto, mas isto não
interferiu na acústica do toca fita Nesk que reproduziu as perguntas analíticas e
espaciais da fita Emtec de 60 minutos. A região do teste de CLEM foi delimitada por
5,20 m de comprimento por 5,20 m de largura. O resto do material do teste de CLEM
foi composto por um retângulo de cartolina plastificada de 5 cm de altura por 10 cm
largura para o atleta fixar a visão, um pedaço de durex para prender a cartolina na
filmadora, uma cadeira a 2 m de distância da câmera, local marcado por uma fita
azul escuro colada no piso. No dia do teste de CLEM, o professor marcou a duração
dessa avaliação com um relógio Casio F-200 com disparo e ao final do teste, travava
o cronômetro. Depois da realização do teste de cada atleta, a duração do mesmo
era marcada em uma planilha (ver no anexo H) que ficava fixada na prancheta
Rinoceronte. Após a filmagem, numa sala de 4,90 m de comprimento por 3,14 m de
largura, a imagem do rosto dos jogadores no teste de CLEM foi transferida pela
filmadora para a televisão CCE 29 polegadas via fio ouro. Durante este
procedimento usou-se um controle remoto com duas pilhas para regredir ou avançar
a fita, quando foi estabelecido a hemisfericidade dos jovens atletas. Na filmagem dos
jogos do campeonato foi utilizado a mesma filmadora do teste de CLEM, a mesma
fita e com bateria Sony 360 minutos. Na análise das partidas foram utilizados os
76
mesmos procedimentos do teste de CLEM ao transferir a imagem para a televisão. A
sala onde ocorreu o estudo dos jogos foi a mesma do teste de CLEM.
3.7.1. Teste de CLEM
O teste de CLEM para estabelecer a hemisfericidade do atleta de futsal utiliza a
teoria do movimento conjugado lateral dos olhos (LEITE, 2004). Esse teste é
correlacionado significativamente com o eletroencefalograma. A ação dos olhos
mais para esquerda significa que o indivíduo possui hemisfério de processamento
mental direito, mas se a movimentação visual for predominantemente para direita, a
pessoa é tem uma preferência de informação com o hemisfério esquerdo. Caso
venha ser bi-hemisfério, os olhos oscilam, porém sempre um dos hemisférios tende
a ser mais forte no processamento mental, o esquerdo ou o direito. A aplicação do
teste de CLEM é fácil para o pesquisador (MARQUES, DA SILVA, SOUZA E SILVA
& ALBERGARIA, 2006).
Inicialmente, perguntou-se aos atletas se eles estavam sem problemas físicos,
emocionais e outros que interfiram na avaliação, essas normas foram baseadas em
Vallado, Delgado, Souza, Guagliardi Junior, Da Silva e Lins (2004). Em seguida é
explicado o motivo do teste. Um jogador de futsal sentou na cadeira situada numa
distância de 2 m da cortina de cor preta que tinha um orifício para a lente da
filmadora captar a ação dos olhos do atleta. O corpo da câmera e o tripé ficaram
atrás da cortina, o mesmo ocorreu com o professor e o gravador. Abaixo da lente da
filmadora foi seguida as recomendações de Oliveira, Da Silva e Silva (2006), foi
fixada com durex uma cartolina branca de 5 cm de altura por 10 cm de largura, local
de referência para o desportista direcionar a visão. A última norma do teste foi
realizado, o salão de churrasco era tranqüila. O avaliador orientou ao atleta que não
existem respostas certas e erradas, alertando ao jogador que a resposta será dada
mentalmente. As perguntas foram feitas através de uma gravação. Após essas
explicações foi acionada a filmadora e, logo depois, o gravador. Nunca o contrário, o
gravador antes da filmadora, pois quando o gravador é ligado antes e o professor
demora apertar o botão de início da filmadora, a captação da imagem dos olhos do
jogador não acontece em todas as perguntas, o que torna o teste inválido. As
77
primeiras perguntas gravadas foram para descontrair o avaliado, depois foi praticado
um bloco de cinco perguntas analíticas e outro bloco de cinco perguntas espaciais
(ver no anexo I). Entre cada pergunta há uma pausa de cinco segundos. Foram
avaliados no teste de CLEM 16 atletas, que foram divididos em três blocos pelo
treinador. O tempo gasto no teste de hemisfericidade coletado por um relógio e
anotado no scout do anexo H é exposto na tabela 11:
Tabela 11: Dispêndio de tempo do teste de CLEM.
Bloco
Nome
1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Duração do
teste
3` 30``
3` 30``
3` 30``
3` 19``
3` 19``
3` 20``
3` 18``
3` 29``
3` 29``
3` 20``
3` 28``
3` 20``
13
14
15
16
3` 16``
3` 16``
3` 29``
3` 20``
2
3
Tempo total
do teste
8 h 30` a 9 h
16`
Temperatura Estação Data e
do ano Semana
26ºC
Outono
ou
27/03/07
3ªf
46`
8 h 59` a 9 h
30`
28ºC
Outono
29/03/07
5ªf
ou
32`
9 h 22` a 9 h
35`
ou
26ºC
Outono
03/04/07
3ªf
14`
A duração do teste da tabela 11 é somente o registro da execução da filmagem
do CLEM. Enquanto que o tempo total (coletado pelo mesmo relógio) inicia-se no
momento de entrada no salão de churrasco e termina na última avaliação, exposto
na própria tabela 12. Passados alguns dias da coleta de dados do teste de CLEM, o
pesquisador passou a gravação da filmadora via fia ouro para a televisão, em
seguida sentou numa cadeira de escritório, distante 1,20 m da televisão, anotou, no
Sistema Numérico Face do Relógio (ver esse scout no anexo J), a movimentação
ocular dos jogadores conforme as normas de Ribeiro (2006) para determinar o
hemisfério de processamento mental (ver no anexo K). Nesta tarefa, o pesquisador
usou uma prancheta, lapiseira e borracha e a anotação demorou 1 hora (das 17 até
78
às 18 h). O local onde ficou a cadeira foi marcado com durex azul escuro colado ao
piso. Após uma pausa, o pesquisador transferiu as anotações do scout Face do
Relógio para o scout que estabelece a hemisfericidade através de uma quantificação
que estabeleceu o hemisfério de preferência no processamento da informação (das
21 h 15 minutos às 21 h 56 minutos, durou 40 minutos) (ver no anexo L).
3.7.2. Coleta de dados, análise dos jogos e quantificação dos resultados
Recordando o que foi explicado anteriormente, após nove sessões de prática
em bloco aconteceu o primeiro turno do campeonato em dupla. Momento da
primeira coleta de dados. O pesquisador se posicionou no meio da meia quadra na
antepenúltima arquibancada, numa distância do local da competição de 2,80 m.
Para a filmagem do evento foram usadas a câmera Sony Handycam Vision CCDTRV 12 e fita Sony Digital 8mm com bateria Sony 360 minutos. Apesar da coleta de
dados ser na arquibancada, a filmagem e a anotação na súmula dos gols marcados
não foram prejudicadas pela presença de atletas e torcedores, pois estes não
podiam se posicionar em frente da meia quadra da disputa. Cones colocados na
arquibancada impediam o público ultrapassar essa região. Ao término do 1° turno,
constatou-se ser inadequado afastar o público dos jogadores, porque além de fazer
um estudo científico, o autor tinha o objetivo de formar atletas, tanto que organizouse o campeonato em dupla da dissertação, o simulado em dupla que era aberto a
qualquer menino que não participassem da pesquisa e a disputa em equipe. Por
isso, no segundo turno, a filmagem, feita com a mesma câmera e pelo mesmo
pesquisador, posicionado em cima de uma cadeira no meio da meia quadra, pouco
atrás da região de jogo.
Após a filmagem dos dois turnos, o autor iniciou-se a análise dos jogos por
scout. O professor situou sua cadeira a 87 cm da televisão, marcando o local com
durex azul escuro. Para a marcação dos dados no scout usou prancheta, lapiseira e
borracha, além de um pequeno banco que, próximo da cadeira pesquisador, foi
usado para apoiar o controle remota da filmadora e a própria prancheta quando
necessário. A imagem da filmagem foi enviada diretamente da câmera para a
televisão CCE 30 polegadas pelo fio ouro. A investigação das ações de ataque dos
79
jogos foi preferida com o som da partida, porque considerou-se que o barulho do
campeonato torna a tarefa do scout menos monótona. O scout para análise dos
jogos foi formulado com adaptações no Flexiteste de Araújo (1986, 2005), no scout
utilizado no estudo de Amaral e Garganta (2005) e no scout da investigação de
Vilhena Silva, Moreira, Costa e Greco (2005). O material fica da seguinte maneira:
SCOUT PARA IDENTIFICAR A TÁTICA OFENSIVA DO FUTSAL
Horário da Coleta dos Dados: ................
Filmadora que foi utilizada: ................
Sexo: ...........
Semana: ...........
Vídeo usado: ...............
Temperatura no dia da filmagem: ...........
Categoria: ........................
Periodização (modelo): .................................
Data da filmagem: ...................
Microciclo: ..........................
Defesa
Tentativa: ................
Meio-campo Defensivo
Evento da Filmagem: .....................
Jogo: .........................
Horário da filmagem: ......................
Semana: ..............
Mesociclo: ...........................
DURAÇÃO da OBSERVAÇÃO: ...................................................
Atividade: ................
Distância da Observação: ..................
Estação do Ano: ......................
Tempo da Gravação pelo Vídeo: .....................................
Dupla no Ataque: ..............................
Meio-campo Ofensivo
Ataque
Direção do Ataque
Colocar no Campo: as Abreviações Ofensivas no Campo / o Grau da Jogada
INÍCIO OFENSIVO - IO
Tiro de Meta - TM / Lateral - LA /
Lançamento – L / Drible - DR /
Passe – P / Condução da Bola – C /
Desarme – D / Falta Indireta – FI
Outros:
CONSTRUÇÃO e DESENVOLVIMENTO OFENSIVO - CDO
Condução da Bola – C / Passe – P / Drible – DR / Lançamento – L
Intervenção do Oponente – Iop / Lateral – LA / Córner – Cor /
Falta Indireta – FI / Jogada Ensaiada – JE
Outros:
FINALIZAÇÃO - F
Chute Fora - ChF / Chute perto do gol - ChG /
Chute tirado pela defesa - ChD /
Chute defendido pelo goleiro – Ch goleiro /
Gol de chute – G / Gol de córner – GC
Outros:
Grau e Classificação da Jogada de Ataque (fazer no IO, na CDO e na F)
0 muito fraco / 1 fraco / 2 médio / 3 bom / 4 excelente
80
Continuação do scout da tática ofensiva
Onde teve a Visão Periférica com o seu respectivo Grau e Classificação
Descrição da Ação
IO
CDO
F
Grau
Classificação
Joga olhando para a bola.
0
Muito fraco
Joga olhando para a bola e num determinado
momento ergue a cabeça, mas não faz o fundamento
com precisão.
1
Fraco
Joga olhando para a bola e num determinado
momento ergue a cabeça, fazendo o fundamento com
precisão.
2
Médio
Joga de cabeça erguida, mas é inconstante na
precisão do fundamento. Embora faça a jogada
melhor do que a classificação médio.
3
Bom
Joga de cabeça erguida, fazendo o fundamento com
precisão.
4
Excelente
Figura 15: Scout do futsal para análise ofensiva.
O uso do scout para análise da tática ofensiva do futsal foi da seguinte maneira:
a) Através da observação do jogador que está com a bola no início ofensivo (IO), o
pesquisador marcou no mini-campo do scout a ação desempenhada ou viu a
imagem da televisão durante o ataque, retrocedeu a fita da filmadora pelo controle
remoto e observou novamente a atividade ofensiva para registrar no scout a ação
desempenhada. Conforme a necessidade um tipo de marcação no mini-campo foi
praticado.
b) Após registrar no scout a tarefa do IO, foi estabelecido o grau do IO. Podendo ser
determinado na primeira observação ou após retroceder a fita, foi visto novamente
esta jogada e marcado o grau dessa fase do ataque.
c) A terceira tarefa do IO, é determinar como ocorreu a visão periférica nesta etapa
do ataque. Geralmente o professor retrocede a fita pelo controle remoto e torna a
observar novamente esta fase do ataque e faz um X na parte do scout responsável
por essa variável.
81
d) O próximo passo é fazer a mesma tarefa do IO na construção e desenvolvimento
ofensivo.
e) No último uso do scout, o professor faz a mesma tarefa de análise do jogo da letra
A a E para saber como ocorre a finalização.
f) Para cada jogada ofensiva foi utilizado um scout com o intuito de analisar as fases
ofensivas e a visão periférica no ataque. O estudo de mais um ataque da dupla foi
utilizado um novo scout. Em cada jogo foi utilizado inicialmente 12 scouts
grampeados, em caso de necessidade era acrescido mais scouts.
A próxima figura ilustra as explicações anteriores do uso do scout:
a) É marcado no mini-campo o IO.
Atividade: A
Defesa
Tentativa: 1
Meio-campo Defensivo
Dupla no Ataque: Experimental A
Meio-campo Ofensivo
Ataque
C
C significa condução da bola
b) No mini-campo é estabelecido o grau do IO, sendo 4.
Defesa
Meio-campo Defensivo
Meio-campo Ofensivo
C
4
C significa condução da bola
Ataque
82
c) O grau e a classificação da visão periférica no IO é marcado com um X.
Defesa
Meio-campo Defensivo
Meio-campo Ofensivo
C
Ataque
4
C significa condução da bola
Onde teve a Visão Periférica com o seu respectivo Grau e Classificação
Descrição da Ação
IO
CDO
F
Grau
Classificação
Joga olhando para a bola.
0
Muito fraco
Joga olhando para a bola e num determinado
momento ergue a cabeça, mas não faz o
fundamento com precisão.
1
Fraco
Joga olhando para a bola e num determinado
momento ergue a cabeça, fazendo o
fundamento com precisão.
2
Médio
Joga de cabeça erguida, mas é inconstante na
precisão do fundamento. Embora faça a jogada
melhor do que a classificação médio.
3
Bom
4
Excelente
X
Joga de cabeça erguida, fazendo o fundamento
com precisão.
Figura 16: Ensino do uso do scout para um lance de ataque.
A tabela 12 expõe o número de scouts utilizados em cada jogo e em todo o
campeonato, o leitor pode ver a seguir:
Tabela 12: Quantidade de scouts usados no jogo de cada dupla.
Amostra
Experimental A
Controle A
N° de scouts usados
em cada partida
13
12
Jogo
Turno
1º
1º
83
Continuação da tabela 12.
Experimental B
Controle B
14
12
2º
1º
3º lugar
1º
1º lugar
1º
Experimental A
Controle B
15
15
Experimental B
Controle A
12
13
Total de Scouts
Usados
106
-
-
Amostra
Jogo
Turno
Experimental A
Controle B
N° de scouts usados
em cada partida
13
12
1º
2º
Experimental B
Controle A
12
12
2º
2º
Controle A
Controle B
13
12
3º lugar
2º
1º lugar
2º
Experimental A
Experimental B
12
12
Total de Scouts
Usados
98
-
-
Total de Scouts
Usados no 1º e 2º
turno
204
-
-
O scout para identificar a tática ofensiva do futsal foi impresso na impressora hp
Deskjet 3920. A partir deste modelo foram feitos 220 scouts por xerox. Foram
necessários ao estudo 204 scouts e sobraram 16 desse instrumento. A tarefa de
análise dos jogos via scout demorou sete dias. A tabela 13 apresenta a duração de
cada estudo por jogo:
84
Tabela 13: Duração da análise de cada jogo.
Dia da
análise
1º
Jogo
Turno
Horas e
Tempo Total
10 h 43` a 12 h 17`
almoço
13 h 20` a 14 h 26`
Tempo Total: 2 h 39`
Experimental A x Controle A
1º
2º
Experimental B x Controle B
1º
11 h 20` a 12 h 09`
almoço
13 h 46` a 15 h 07`
Tempo Total: 2 h 10`
3º
Experimental A x Controle B
1º
13 h 46` a 15 h 16`
Tempo Total: 1 h 30`
3º
Experimental B x Controle A
1º
4º
Experimental A x Controle B
2º
12 h 29` a 12 h 45`
almoço
13 h 50` a 14 h
pausa
16 h 35` a 17 h 12`
Tempo Total: 1 h 05`
5º
Experimental B x Controle A
2º
1 h 40` a 2 h
sono
10 h a 11 h 30`
Tempo Total: 1 h 51`
6º
Controle A x Controle B
2º
20 h 09` a 21 h
Tempo Total: 51`
7º
Experimental A x Experimental B
2º
-
-
-
14 h 12` a 15 h 04`
Tempo Total: 52`
Média± DP
do tempo total
23 h 33` a 0 h 36`
Tempo Total: 1 h 03`
1,2±0,42 horas
Após esta tarefa, e um breve descanso, o pesquisador passou a quantificação
da atividade ofensiva de cada scout de análise do jogo para o scout das diversas
variáveis do estudo da dissertação. A seqüência da quantificação ocorreu na
seguinte ordem:
85
a) O primeiro scout utilizado foi o de gols, a súmula dos gols estava marcada
corretamente porque os jogos foram revistos para confirmar os tentos marcados (ver
no anexo M o scout de gols).
b) O penúltimo scout foi o do grau do ataque, que exigiu atenção do professor ao
coletar os valores (ver esse scout no anexo N).
c) Último scout, o do grau da visão periférica no ataque, sua quantificação era mais
simples, ocorreu sem problema (ver no anexo O).
A quantificação em cada scout do grupo experimental e do grupo controle foi
realizada separadamente. A qualidade da elaboração do scout obrigou o autor a
fazer pausas e retornar ao trabalho quando se sentia bem. Todos os valores do 1°
turno do scout do grau ofensivo e do scout do grau da visão periférica no ataque do
grupo experimental e do grupo controle foram aferidos em um scout e todos os
números do 2° turno em outro scout. A tabela 14 apresenta um resumo da
quantificação de cada scout:
Tabela 14: Resumo da quantificação de cada scout.
Ordem de
quantificação
N° de scouts usados
Duração
Dias de
trabalho
1º scout de gols
1
12,0±4,24
minutos
1
2º scout do grau
ofensivo
2 para o Experimental (E),
um para cada turno
45,44±68,87
minutos
2 para o Controle (C), um
para cada turno
3
3º scout do grau da
visão periférica no
ataque
2 para o E, um para cada
turno
26,60±12,47
minutos
2 para o C, um para cada
turno
2
Após a quantificação de todos os scouts os valores começaram ser tratados
pela estatística.
86
3.8. Procedimentos
Os procedimentos na formalização e execução da coleta de dados
aconteceram conforme é explicado a seguir.
3.8.1. Procedimento da tarefa
A seleção dos meninos da amostra era constituída pelos interessados da
manhã que faziam parte do Projeto de Esporte do Lar da Criança Padre Franz
Neumair. Inicialmente, a presidente do orfanato e os pais, responsáveis pelos
menores, autorizaram a participação dos jovens no estudo (ver o termo de
consentimento no anexo P). Todos foram informados sobre a natureza da pesquisa.
A investigação também foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa envolvendo
seres humanos (COMEP) da Universidade Castelo Branco, Resolução 196/96, do
Conselho Nacional de Saúde de 10/10/1996 – protocolo nº 0028/2007. Após a
aprovação foi explicado que, na temporada de 2007, seriam realizadas sessões com
ênfase no trabalho com bola e os seguintes testes: teste de CLEM para identificar o
hemisfério dominante, testes antropométricos, testes neuromotores e teste
metabólico. Os jogos seriam filmados para posterior análise sobre a qualidade do
ataque e para saber se houve aprendizado significativo do treino da visão periférica.
Todas essas novidades objetivavam a observação da eficácia de jogar de cabeça
erguida no ataque do futsal.
3.9. Tratamento dos dados
Quase todos os dados coletados foram tratados pelo SPSS (Statistical Pockage
for the Social Sciences) versão 12.0 for Windows. Foram estabelecidos por esse
programa a média e o desvio padrão de todas as variáveis do estudo (testes
antropométricos, testes físicos, idade, duração do trabalho no scout, grau do ataque,
87
grau da visão periférica e freqüência e falta no treino). Também foram determinados
por esse pacote estatístico a quantidade e o percentual dos valores da
hemisfericidade e os gráficos referente às variáveis do estudo (gols, freqüência e
falta, grau ofensivo e grau da visão periférica no ataque). O SPSS 12.0 também foi
usado na estatística inferencial, sendo adotado um nível de significância de p≤0,05.
O teste “t” independente comparou o grupo experimental (GE) versus o grupo
controle (GC) no pré-teste e depois no pós-teste em diversas variáveis (idade,
antropométrico, neuromotor e metabólico) (apresentado anteriormente). A ANOVA
two way (2 grupos x 2 turnos) analisou os dados de cada variável do ataque
separadamente (grau ofensivo, gols e o grau da visão periférica no ataque). O teste
“t” independente foi utilizado para identificar o motivo da interação significativa da
ANOVA two way de todas as variáveis do ataque que foram necessárias. Para uma
análise mais profunda da interação significativa, foi resolvida a equação do tamanho
do efeito de Dancey e Reidy (2006) pela calculadora Casio SL-807. Para interpretar
o tamanho do efeito foi consultada a tabela da porcentagem de sobreposição de
Dancey e Reidy (2006) a fim de estabelecer os valores. O teste “t” independente
determinou se existia diferença na freqüência do treino dos jogadores do GC x GE e
nas faltas, dos mesmos grupos. Seguindo as recomendações de Thomas e Nelson
(2002), foram estabelecidas pela calculadora Casio SL-807 o tamanho do efeito da
presença do treino e da ausência da sessão referente ao teste “t” independente.
Agora o leitor pode observar os resultados da dissertação sobre o treino da visão
periférica aplicado no futsal.
88
CAPÍTULO IV
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Este capítulo aborda os resultados do tratamento estatístico com sua respectiva
discussão. O teste de CLEM e o scout utilizado para análise da tática ofensiva foram
explicados anteriormente. Os resultados foram dispostos da seguinte maneira: 4.1.
Resultados e discussões da hemisfericidade; 4.2. da visão periférica no ataque do
futsal; 4.3. do grau das fases ofensivas do futsal; 4.4. dos gols do futsal; 4.5. da
freqüência e da falta no treino do futsal.
4.1. Resultados e discussões da hemisfericidade
Através do teste de CLEM foi determinado que seis jogadores eram bihemisférios (60%) e quatro futebolistas de salão eram mono-hemisférios (40%).
Esses valores estão em dissonância com a literatura porque 75 a 80% das pessoas
são bi-hemisférios e 20 a 25% da população são mono-hemisférios (RIBEIRO,
2006). Entretanto, sete desportistas apresentaram hemisfério de processamento
mental esquerdo (70%) e três desportistas, uma hemisfericidade direita (30%).
Segundo Oliveira, Beltrão e Da Silva (2003), esse maior número de jogadores com
processamento mental esquerdo talvez pode prejudicar o estudo porque são hábeis
em tarefas analíticas. Simon e Bjork (2002) informaram que existem outras variáveis
que interferem na qualidade do aprendizado e da performance como a
metacognição. Apesar desses últimos autores discordarem, foi evidenciado no
primeiro turno que a dupla vencedora (controle A) tinha hemisfério direito de
processamento da informação e a dupla vice-campeã foi composta por um jogador
de processamento mental direito e outro esquerdo (experimental B). Enquanto que o
terceiro lugar (experimental A) e o quarto lugar (controle B) eram formados por
atletas de hemisfericidade esquerda. Baseado em Pável (2003), não há surpresa
nos resultados do primeiro turno porque as melhores posições foram de jogadores
89
com processamento da informação pelo hemisfério direito. Mattar e Gribble (2005)
explicaram que quando se preocupa com o aspecto visual a performance costuma
ser superior na disputa. Portanto, o resultado do estudo esteve contrário a essa
informação porque o vencedor do primeiro turno foi o grupo controle A. Talvez a
causa dessa vitória foi a hemisfericidade direita, bom para atividades motrizes.
Lopes e Maia (2000) escreveram que a idade biológica causa uma diferença nos
resultados do campeonato de iniciados do desporto. Logo, os primeiros postos do
primeiro turno podem estar relacionados com a idade biológica, não mensurada
nesta pesquisa. José da Silva, Andrade, Oliveira, Araújo, Paula Silva e Matsudo
(2006) ensinaram que a idade biológica só influencia no aspecto físico e, neste
estudo, não ocorreu diferença significativa (p>0,05) nos testes antropométricos e
físicos, essa hipótese foi descartada. Então, consultando Guardiola, Ferreira e Rotta
(1998), parece que a hemisfericidade foi determinante nos resultados do primeiro
campeonato. Foi evidenciado que nove sessões da prática em bloco do treino da
visão periférica não proporcionaram um diferencial entre o grupo experimental em
relação ao grupo controle.
O grupo experimental tinha quatro atletas com hemisfério de processamento
mental esquerdo (80%) e um desportista de processamento da informação direito
(20%). A amostra controle era bem parecida com o grupo experimental, três
competidores com hemisfericidade esquerda (60%) e dois futebolistas com
hemisfericidade direita (40%). Logo a hemisfericidade foi um fator determinante nas
colocações do primeiro turno (CUNHA, MELO, MELO & DA SILVA, 2004). E no
segundo turno? Será que ocorreu o mesmo? A figura 17 apresenta o tipo de
hemisfericidade do grupo experimental e depois a figura 18 mostra do grupo
controle:
Tipo de Hemisfericidade (experimental)
1; 20%
1; 20%
Bi-hemisfério Esquerdo
3; 60%
Bi-hemisfério Direito
Hemisfério Esquerdo
Figura 17: Perfil da hemisfericidade do grupo experimental.
90
Tipo de Hemisfericidade (controle)
1; 20%
1; 20%
1; 20%
2; 40%
Bi-Hemisfério Esquerdo
Bi-Hemisfério Direito
Hemisfério Esquerdo
Hemisfério Direito
Figura 18: Perfil da hemisfericidade do grupo controle.
Antes do segundo turno, o grupo experimental realizou seis sessões do treino
da visão periférica (dois treinos da prática em bloco e quatro treinos da prática
aleatória), totalizando 15 sessões para educar o futebolista de salão a atuar de
cabeça erguida na partida. Este treinamento proporcionou um diferencial, porque no
segundo campeonato a final foi entre experimental A contra experimental B, que
possuía um atleta de preferência no processamento da informação pelo hemisfério
direito (a dupla experimental B), e que foi a campeã. Em conclusão, a maior duração
das sessões do treino da visão periférica ocasionaram uma supremacia do grupo
experimental na disputa devido a elevada percepção visual (GASPAR, FERREIRA &
PÉREZ, 2005). Para Pinho, Da Silva, Nunes e Beltrão (2007), esses resultados
foram contrários da literatura, na final não houve predomínio de atletas com
hemisfério processamento da informação direito. O diferencial foi o treino da visão
periférica. Porém, no terceiro lugar, o grupo controle A tinha a hemisfericidade direita
e no quarto lugar o hemisfério de processamento mental do grupo controle B era o
esquerdo. Portanto, quando aconteceu o estímulo significativo do treino da visão
periférica (15 sessões) as primeiras colocações foram do grupo experimental, mas
quando essa sessão não estava engramatizada, a hemisfericidade estava
relacionada com os postos da disputa, fato observado no primeiro turno. Essas
conclusões são muito precipitadas, porque para Suzuki e Nishijima (2007) a
investigação não mensurou a qualidade dos defensores da linha e do gol. Parece
que o treino da visão periférica causou um diferencial no resultado dessa
dissertação. Outra limitação, Gréhaigne, Godbout e Bouthier (2001) informaram que
neste estudo não foi detectado a qualidade da tomada de decisão de acordo com a
91
hemisfericidade, não podendo ser conclusivo apenas com uma variável. Portanto,
parece que a hemisfericidade está relacionada com as colocações do primeiro turno
do campeonato em dupla e no segundo turno parece que o treino da visão periférica
proporcionou um diferencial para o grupo experimental, 1º e 2º lugar.
4.2. Resultados e discussões da visão periférica no ataque do futsal
A visão periférica permite uma informação de qualidade sobre o contexto
espacial (BENNETT, BUTTON, KINGSBURY & DAVIDS, 1999), importante para as
ações do ataque do futebol de salão (futsal). Contudo, para o jovem engramatizar o
treino da visão periférica precisa ser prescrito os tipos de prática do aprendizado
neuromotor (BRUZI, PALHARES, FIALHO, BENDA & UGRINOWITSCH, 2006;
CÓRDOVA & CASTRO, 2000), estando ciente da hemisfericidade da amostra.
Quanto mais exercitado o atleta de futsal maiores são as possibilidades de aquisição
e posteriormente da retenção em atuar de cabeça erguida na tática ofensiva
(CHIVIACOWSKY & WULF, 2005; KRAKAUER, MANZZONI, GHAZIZADEH,
REVINDRAN & SHADMEHR, 2006). Um dos aspectos que pode beneficiar os jovens
desse estudo no aprendizado do treino da visão periférica é o período das sessões,
pela manhã, momento que os atletas se encontram intelectualmente e fisicamente
descansados (MARQUES JUNIOR, 2007). A estatística descritiva do grau da visão
periférica no ataque é mostrada na tabela a seguir:
Tabela 15: Média e desvio padrão do grau da visão periférica nas fases do ataque.
Grupo
VPIO do
1º turno
Experimental 2,52±1,90
médio
Controle
0,17±0,80
muito fraco
VPIO do VPCDO do
2º turno 1º turno
0,72±1,37 3,31±1,38
muito fraco
bom
0,12±0,62 0,38±1,10
muito fraco muito fraco
VPCDO do VPF do
VPF do
2º turno
1º turno 2º turno
2,82±1,65
3±1,64
2,83±1,70
médio
bom
médio
0,01±0,10 0,02±0,15 0,03±0,15
muito fraco muito fraco muito fraco
Significado das abreviaturas: VPIO – visão periférica no início ofensivo, VPCDO – visão periférica na construção e desenvolvimento
ofensivo, VPF – visão periférica na finalização.
A ANOVA two way (2 grupos x 2 turnos) no início ofensivo determinou diferença
significativa para o grupo F (1,187) = 64,88, p = 0,001, para o turno F (1,187) =
25,23, p = 0,001 e para a interação entre grupo e turno F (1,187) = 22,74, p = 0,001.
92
Essa interação foi investigada pelo teste “t” independente, as análises mostraram
diferenças significativas em todos os cálculos sobre os graus da visão periférica no
início ofensivo do grupo experimental (GE) em relação ao grupo controle (GC). As
comparações entre GC x GE foram as seguintes: 1° turno do GC x 1° turno do GE (t
(92) = - 7,85, p = 0,001, tamanho do efeito (d) = 1,74 (grande), 25% de
sobreposição), 2° turno do GC x 2° turno do GE (t (95) = - 2,80, p = 0,006, d = 0,60
(médio), 67%), 1° turno do GC x 2° turno do GE (t (94) = -8,43, p = 0,001, d = 2,4
(grande), 16%) e 2° turno do GC x 1° turno do GE (t (93) = -2,40, p = 0,018, d = 0,50
(médio), 67%). Na construção e desenvolvimento ofensivo, a ANOVA two way (2
grupos x 2 turnos) detectou diferença significativa para o grupo F (1, 218) = 355,99,
p = 0,001 e para o turno F (1,218) = 7,82, p = 0,001, não foram encontradas
diferenças para a interação entre grupo e turno na construção e desenvolvimento
ofensivo F (1, 218) = 0,16, p = 0,68. Enquanto que na finalização, a ANOVA two way
(2 grupos x 2 turnos) revelou diferença significativa para o grupo F (1,167) = 241, p =
0,001, contudo, esse modelo estatístico na finalização não identificou diferença
significativa para o turno F (1,167) = 0,31, p = 0,64 e para a interação entre grupo e
turno F (1,167) = 0,22, p = 0,63. Na figura 19, o leitor pode observar que o grupo
experimental obteve aquisição do treino da visão periférica porque teve médias
superiores as do grupo controle, mas não melhorou seus resultados no segundo
turno.
Grau da Visão Periférica no Ataque
3,5
3,31
3
3
2,82
2,83
2,52
2,5
Grau
2
1,5
1
0,72
0,38
0,5
0,17
0,12
VPGC IO
1° t
VPGC IO
2° t
0,01
0
VPGE IO
1° t
VPGE IO
2° t
VPGE
CDO 1° t
VPGE
CDO 2° t
VPGC
CDO 1° t
VPGC
CDO 2° t
VPGE F
1° t
VPGE F
2° t
0,02
0,03
VPGC F
1° t
VPGC F
2° t
Significado da abreviatura: VPGE 1° t – visão periférica do grupo experimental no início ofensivo, GC – grupo controle, CDO –
construção e desenvolvimento ofensivo, 2° t – segundo turno, F – finalização.
Figura 19: Média da visão periférica no ataque de cada turno.
93
Na interação significativa entre grupo e turno da visão periférica no início
ofensivo, o leitor pode observar na figura 20 que ocorreu diferença entre duas
variáveis onde o grupo experimental foi superior em todas as condições.
Interação entre Grupo e Turno no IO da VP no Ataque
TURNO
Média do Grau da VP no Início Ofensivo
3
1
2
2,5
2
1,5
1
0,5
0
1
2
GRUPO
Significado da abreviatura: 1 – grupo experimental, 2 – grupo controle, IO – início ofensivo, VP – visão periférica.
Figura 20: Interação entre grupo e turno no início ofensivo.
A aquisição do treino da visão periférica pelo grupo experimental era esperada
após nove sessões antes do primeiro turno porque a prática em bloco possibilita
rápida aquisição, isto a literatura comprova (LEE & SIMON, 2003). Contudo, Santos,
Lage, Calvacante, Ugrinowitsch e Benda (2006) acharam essa aquisição muito
rápida porque o predomínio da hemisfericidade esquerda em tarefas motrizes é
dificultada. Porém, essa aquisição não acarretou um diferencial nos resultados do
grupo experimental (2° e 3° lugar) em relação ao grupo controle (1° e 4° lugar) no
primeiro turno do campeonato em dupla. Mas no gol o grupo experimental foi
campeão do primeiro e do segundo turno. Entretanto, este goleiro não foi mensurado
no seu grau da visão periférica e na qualidade defensiva, apenas foi identificado a
sua hemisfericidade. Será que o treino da visão periférica causa uma otimização no
ataque do futsal? Consultando Ladewig (2000) não se pode evidenciar, mas a
aquisição do treino da visão periférica que educa o atleta de futsal a jogar de cabeça
erguida foi mostrada no grau do grupo experimental. Lendo o estudo de Souza e
Silva, Piedade, Alves, Deslandes, Brandão, Oliveira, Souza e Ribeiro (2002), podese considerar as afirmações anteriores muito conclusivas porque o scout costuma
94
ser um instrumento subjetivo para estabelecer o aprendizado. Deveria ser
identificado se ocorreu um aumento na assembléia de neurônios para se afirmar que
aconteceu aquisição do treino da visão periférica. Somente com equipamentos
sofisticados o autor dessa investigação conseguiria praticar essa tarefa. Contudo, o
laboratório da UCB possui o ProComp para observar as mudanças das ondas do
encéfalo decorrente do aprendizado do treino da visão periférica. Esta pesquisa
deveria ter sido conduzida com esse neurofeedback. Então, baseado no resultado
do campeonato do primeiro turno, na hemisfericidade e no equipamento de recolha
dos dados (scout), pode-se concluir após a leitura em Tani, Freudenheim, Meira
Júnior e Corrêa (2004): parece que o grupo experimental obteve aquisição do treino
da visão periférica, merecendo um novo estudo sem algumas limitações
apresentadas.
Antes do segundo turno, o grupo experimental realizou duas sessões de prática
em bloco de baixa interferência contextual e quatro treinos de prática aleatória de
alta interferência contextual (total de 6 sessões). Todavia, os resultados dessa
pesquisa foram contrários ao do estudo de Brady (2004), os jogadores não atingiram
a retenção do treino da visão periférica após realizar essa prática aleatória. Para
Guadagnoli e Lee (2004) o motivo foi o pouco uso da prática aleatória nas sessões.
Meira Junior, Tani e Manoel (2001) informaram que o técnico do grupo experimental
deveria prescrever a prática mista (prática em bloco e a prática aleatória) porque o
mesmo programa motor generalizado consegue significativa retenção com esta
prática. Talvez a não retenção do treino da visão periférica pelo grupo experimental
esteja relacionada com as atividades não comuns ao futsal (voleibol e atletismo)
realizadas na prática aleatória. Também nesta prática aleatória ocorreu trabalho
técnico e/ou situacional do futsal. Em Ugrinowitsch e Manoel (1999) a prática
aleatória funciona em qualquer atividade desportiva. No estudo foi possível observar
que a prática aleatória foi o momento da pesquisa que esses jovens conseguiram
driblar de cabeça erguida. O drible com o treino da visão periférica ocorreu no treino
situacional (3 x 3 ou 4 x 4) e depois foi consolidado na memória com execução
desse fundamento na partida de futsal.
O não uso da instrução conforme o hemisfério de processamento mental foi o
fator responsável pela não retenção do treino da visão periférica pelo grupo
experimental no segundo turno, essas afirmações foram embasadas Fairweather e
Sidaway (1994). Tanto o grupo experimental como o grupo controle tinham
95
jogadores de hemisfério de processamento da informação esquerdo e direito, para o
treinador orientar os atletas de hemisfericidade esquerda o conteúdo deveria ser
passado pela instrução verbal e analítica e os desportistas de hemisfericidade
direita o ensino deveria ser não-verbal e holístico. Porém, Campos, Ladewig e
Coelho (2001) explicaram que fica difícil fazer um treino com instrução analítica e
não-verbal para meninos com nenhuma vivência desportiva. Somente com mais de
três meses jovens no período operacional concreto, talvez, consigam entender o
treino com este tipo de instrução (BIANCO, 1999). Qual a causa do decréscimo do
grau da visão periférica nas fases do ataque do grupo experimental? Marques Junior
(2001) atribuiu um aspecto não controlado nesta investigação e que a pesquisa não
se preocupou. Segundo este autor (2001), o grupo experimental piorou o grau da
visão periférica no segundo turno e não atingiu a retenção por causa do período das
provas do final do segundo semestre (maio e junho). O cansaço intelectual do
estudo e das provas do colégio interferiu no rendimento do aprendizado do futsal.
Para Lima e Matta (2005) o decréscimo dos valores da visão periférica no ataque do
segundo turno foi devido aos problemas econômicos e socioculturais que os jovens
dessa pesquisa passam todos os dias, eles são de comunidade carente. Então,
Robertson, Pascual-Leone e Miall (2004), baseados nestes fatos, sugeriram que os
atletas do futsal deste estudo não possuem um sono de qualidade o que prejudica
na consolidação do conteúdo na memória. Esses cientistas (2004) afirmaram que o
sono influencia entre 15 a 20% do aprendizado porque ele reorganiza as
informações. Tubino e Moreira (2003) acrescentaram que o sono acarreta um
reforço nas sinapses do aprendizado. O mais interessante para esses cientistas
(2003) foi a regressão do treino da visão periférica após 15 sessões.
Um fato relevante foi o decréscimo do grau da visão periférica no ataque do
segundo turno e a vitória da mesma amostra nesta competição (1° e 2° lugar). Será
que o treino da visão periférica causa um diferencial na atividade de ataque? Pelos
estudos do aprendizado neuromotor (UGRINOWITSCH & DANTAS, 2002;
ZUBIAUR, OÑA & DELGADO, 1999) e da performance (ALTINI NETO,
PELLEGRINOTTI & MONTEBELO, 2006; BANGSBO, 1998) não se chegou a tal
explicação. Essa melhor colocação foi por causa da melhora da metacognição? As
pesquisas não possuem respostas (CORRÊA, MARTEL, BARROS & WALTER,
2005; MOREIRA, OKANO, DE SOUZA, OLIVEIRA & GOMES, 2005). Pode-se
concluir baseado nas inúmeras limitações, que embora a amostra esteja em uma
96
faixa etária com sinapses não totalmente mielinizadas e que nesta idade a
capacidade sináptica declina quase 50% devido a perda de receptores colinérgicos
pós-sinápticos resultando na retirada das terminais axônicas para o músculo,
ocasionando um recrutamento insuficiente de unidades motoras, portanto, parece
que o grupo experimental conseguiu aquisição do treino da visão periférica.
4.3. Resultados e discussões do grau das fases ofensivas do futsal
Os jogos desportivos coletivos (JDC) caracterizam-se pelo conflito do ataque
contra a defesa (LEBED, 2006), onde o modelo de jogo da equipe A ou da equipe B
tenta obter supremacia na partida (McGARRY & FRANKS, 2007). A análise do jogo
acontece através da estatística descritiva e inferencial do ataque que determina os
melhores e inferiores nesta tarefa (DIAS NETO, 2007). Embora existam limitações
porque os JDC são difíceis de serem mensurados com precisão por causa da
complexidade das ações do jogo e do o tamanho do campo para a recolha de todos
os dados (MONGE DA SILVA, 1988), a estatística não pode ser um indicador
preciso sobre o ocorrido na partida (NEVILL, ATKINSON, HUGHES & COOPER,
2002; NEVILL, HOLDER & COOPER, 2007). Contudo, ela é um parâmetro para o
profissional das ciências do desporto identificar o motivo que certas equipes
conseguiram sucesso na disputa. Em relação a tática ofensiva do futebol de salão
(futsal) e dos seus similares, a literatura possui um bom número de estudos sobre o
aspecto quantitativo do ataque (quantidade de passes, número de chutes, etc) (DIAS
& SANTANA, 2006; TAYLOR & WILLIAMS, 2002) e poucas investigações
endereçadas à qualidade ofensiva (é
boa, ruim ou outros) (VILHENA SILVA,
MOREIRA, COSTA & GRECO, 2005). A pesquisa foi focada no grau das fases
ofensivas do futsal.
O grupo experimental praticou mais três tipos de seqüências ofensivas. A
primeira foi a saída do meio-campo (início ofensivo – IO)-condução da bola
(construção e desenvolvimento ofensivo - CDO)-chute (finalização - F) (31 vezes,
dando 30%), a segunda foi composta pela saída do meio-campo (IO)-a bola rola
sem ser tocada (CDO)-chute (F) (11 vezes, 11%) e a terceira mais praticada foi a
saída do meio-campo (IO)-chute (F) (8 vezes, 8%). Enquanto que o grupo controle
97
praticou as mesmas seqüências ofensivas que o grupo experimental. As ações
foram: saída do meio-campo (IO)-a bola rola sem ser tocada (CDO)-chute (F) (13
vezes, 13%), saída do meio-campo (IO)-condução da bola (CDO)-chute (F) (12
vezes, 12%) e saída do meio-campo (IO)-chute (F) (7 vezes, 7%). Estes dados
quantitativos mostraram uma semelhança na seqüência ofensiva do grupo
experimental e do grupo controle. Será que o mesmo ocorreu no grau da tática
ofensiva? A estatística descritiva do grau das fases ofensivas é exposta na tabela a
seguir:
Tabela 16: Média e desvio padrão do grau das fases ofensivas.
Grupo
IO do
IO do
CDO do
CDO do
F do
F do
2º turno
1º turno
2º turno
1º turno
2º turno
1º turno
Experimental 3,65±0,87 3,56±0,94 3,46±1,17 3,67±0,86 3,23±1,09 3,57±0,86
bom
bom
bom
bom
bom
bom
Controle
3,02±1,39 2,62±1,57 3,23±1,28 2,90±1,57 3,37±1,03 2,80±1,39
bom
médio
bom
médio
bom
médio
Significado da abreviatura: IO – início ofensivo, CDO – construção e desenvolvimento ofensivo, F – finalização.
A ANOVA two way (2 grupos x 2 turnos) no início ofensivo determinou diferença
significativa para o grupo F (1,207) = 21,15, p = 0,001, não foram encontradas
diferenças, entretanto, no inicio ofensivo entre os turnos F (1,207) = 2,09, p = 0,14 e
na interações entre grupos e turnos F (1,207) = 0,77, p = 0,38. Na construção e
desenvolvimento ofensivo, a ANOVA two way (2 grupos x 2 turnos) detectou
diferença significativa para o grupo F (1,303) = 11,43, p = 0,001, não foram
encontradas diferenças entre os turnos F (1,303) = 0,18, p = 0,66 e nas interações
entre grupos e turnos F (1,303) = 3,40, p = 0,06. Enquanto que na finalização, a
ANOVA two way (2 grupos x 2 turnos) não revelou diferença significativa para o
grupo F (1,174) = 3,53, p = 0,06 e para o turno F (1,174) = 0,44, p = 0,50, contudo,
esse modelo estatístico na finalização do futsal identificou diferença significativa
para a interação entre grupo e turno F (1,174) = 7,50, p = 0,001. Essa interação foi
investigada pelo teste “t” independente, as análises mostraram diferença significativa
apenas em uma comparação do grau da finalização do 2° turno do grupo controle
(GC) x o 2° turno do grupo experimental (GE) (t (98) = - 2,98, p = 0,004, tamanho do
efeito (d) = 0,68 (médio), 62% de sobreposição). Neste cálculo o grupo experimental
foi superior do que o grupo controle. As demais análises que não foram significativas
eram as seguintes: 1° turno do GC x 1° turno do GE (t (77) = 0,59, p = 0,553, d =
98
0,13 (pequeno), 92%), 1° turno do GC x 2° turno do GE (t (87) = - 1, p = 0,319, d =
0,43 (pequeno), 73%) e 2° turno do GC x 1° turno do GE (t (87) = - 1,60, p = 0,112, d
= 0,21 (pequeno), 85%). Na figura 21, é possível observar uma superioridade do
grau do início ofensivo e da construção e desenvolvimento ofensivo do grupo
experimental em relação ao grupo controle. Essa diferença foi mais acentuada no
segundo turno, quando o grupo experimental fez a final do campeonato. Porém, o
grupo controle conseguiu um melhor desempenho no grau da finalização no primeiro
turno, talvez isso seja o motivo do título do primeiro turno dessa amostra. Entretanto,
no segundo turno, o grupo experimental conseguiu o seu melhor grau na finalização,
um dos motivos que essa amostra obteve supremacia nesta disputa. Em
contrapartida, no segundo turno o grupo controle teve a sua pior média na
finalização.
Grau das Fases Ofensivas
4
3,65
3,67
3,56
3,5
3
3,57
3,46
3,23
3,23
3,02
2,9
2,62
3,37
2,8
Grau
2,5
2
1,5
1
0,5
0
GE IO 1° t GE IO 2° t GC IO 1° t GC IO 2° t GE CDO
1° t
GE CDO
2° t
GC CDO
1° t
GC CDO GE F 1° t GE F 2° t GC F 1° t GC F 2° t
2° t
Significado da abreviatura: GE IO 1°t – grupo experimental no início ofensivo do 1° turno, GC – grupo controle, CDO – construção e
desenvolvimento ofensivo, 2° t – segundo turno, F – finalização.
Figura 21: Média de cada fase ofensiva nos respectivos turnos.
Na interação significativa entre grupo e turno na finalização, a figura 22 mostra
a superioridade do segundo turno do grupo experimental em relação ao grupo
99
controle. No primeiro turno o grupo controle foi melhor na finalização do que o grupo
experimental, mas não foi significativo. O leitor pode observar abaixo:
Interação entre Grupo e Turno
TURNO
3,6
1
2
Média do Grau da Finalização
3,5
3,4
3,3
3,2
3,1
3
2,9
2,8
1
2
GRUPO
Significado da abreviatura: 1 – grupo experimental, 2 – grupo controle.
Figura 22: Interação entre grupo e turno na finalização.
O grupo experimental tinha quatro jogadores com hemisfério esquerdo de
processamento da informação e um atleta com hemisfericidade direita. O grupo
controle era bem parecido com o grupo experimental, três desportistas com
preferência no processamento mental no hemisfério esquerdo e dois competidores
com hemisfericidade direita. Os resultados do início ofensivo e na construção e no
desenvolvimento ofensivo do grupo experimental foram superiores aos do grupo
controle, principalmente no segundo turno quando essa amostra realizou 15 sessões
do treino da visão periférica. Como existia um número similar da hemisfericidade do
grupo experimental e do grupo controle pode-se afirmar que jogar de cabeça erguida
foi um diferencial do grupo experimental em relação ao grupo controle, sendo este o
motivo do título do campeonato em dupla de futsal desses sujeitos. Vilhena Silva,
Costa, Souza e Greco (2004) concordaram com estas afirmações porque a melhor
qualidade
ofensiva
no
futsal
proporciona
a
vitória
na
competição.
Para
Papadimitriou, Aggeloussis, Derri, Michalopoulou e Papas (2001), o início ofensivo e
a construção ofensiva mais eficazes ocasionaram mais chances de gol, foi
100
observado no grupo experimental somente no segundo turno. Mas no primeiro turno,
o grupo experimental não esteve conforme a literatura porque foi melhor no início
ofensivo e na construção e desenvolvimento ofensivo, tendo pior finalização.
Contudo, O`Shaughnessy (2006) considerou muito otimista a afirmação dos autores
anteriores porque o estudo não determinou a velocidade da seqüência ofensiva.
Quanto mais rápido o ataque maiores são as chances de gol porque gera um
desequilíbrio defensivo em relação à atividade ofensiva (LEITÃO, 2004). Portanto,
afirmar que o treino da visão periférica resultou numa qualidade superior nas fases
do ataque que precedem o remate do grupo experimental tornou-se abusivo para
Felisberto e Sampaio (2004).
Sparrow, Begg e Parker (2006) afirmaram que a visão aumenta o tempo de
reação. Williams e Hodges (2005) acrescentaram que a qualidade visual no futsal
aumenta em 5% a antecipação na jogada. Talvez o treino da visão periférica tenha
resultado isto para o grupo experimental por esse motivo ele foi melhor no início
ofensivo e na construção e desenvolvimento ofensivo. Teixeira (2006) alertou que o
tempo de reação visual é mais longo quando comparado com a mesma capacidade
física em relação ao aspecto tátil e ao auditivo. Então, o grupo experimental pode ter
um tempo de reação tátil e visual ou outro dois superiores ao grupo controle, por
esse motivo foi o campeão. Não se pode concluir que uma variável, a visão
periférica, foi causadora da vitória do grupo experimental em um campeonato
(FLYNN, 2001).
A visão periférica é apropriada para a observação espacial (LEE, LEGGE &
ORTIZ , 2003), sendo importante no momento do passe, do remate para o jogador
direcionar a bola com precisão para o local desejado. Os mesmos cientistas (2003)
informaram que a visão central possui mais nitidez na observação dos objetos.
Seguindo estes ensinamentos, em certos momentos da partida, como no drible, o
ideal para o sucesso consiste na alternância dos dois tipos de visão. Todavia, a
interação entre grupo e turno foi significativa na finalização, podendo ser observada
nos valores do grupo experimental (3,57±0,86) quando comparado com o grupo
controle (2,80±1,39) na finalização do segundo turno. Isto se torna fácil de ser
compreendido com a observação nas figuras anteriores. Para Sampedro, Lorenzo e
Refoyo (2001) este ocorrido foi por causa da visão periférica durante a jogada do
futsal. O mesmo Moreno, Luis, Salgado, García e Reina (2005) determinaram, a
visão periférica acarretou esse diferencial. Clark e Harrelson (2002) acharam que,
101
talvez, o motivo da finalização ser superior no segundo turno do grupo experimental
foi por causa da metacognição. Enquanto que Rose Junior, Pereira e Lemos (2002)
consideraram que o grupo experimental tolera maior o estresse nos momentos
decisivos do jogo, o caso da finalização. Já Krustrup, Mohr, Ellingsgaard e Bangsbo
(2005) acreditaram que o grupo experimental foi beneficiado por uma melhor
potência aeróbia. Martin, Uezu, Parra, Arena, Bojikian e Böhme (2001) acharam que
a idade biológica do grupo experimental em relação a aptidão aeróbia esteja
adiantada quando comparado ao grupo controle. Para Amaral e Garganta (2005)
todos estes estudos contrários o efeito do treino da visão periférica na finalização do
grupo experimental no segundo turno são hipóteses, merecendo pesquisas
referentes a estas limitações para essas informações serem conclusivas. Como
aconteceram muitas limitações, pode-se afirmar que parece que o treino da visão
periférica causou um diferencial na tática ofensiva do grupo experimental quando
comparado com o grupo controle.
4.4. Resultados e discussões dos gols do futsal
O gol é momento mais importante do futsal, por esse motivo foi averiguado se o
treino da visão periférica causa um incremento nesse lance do jogo. Os gols das
partidas do primeiro e do segundo turno do grupo experimental e do grupo controle
foram de chute com a perna direita dando um total de 77 tentos. O grupo
experimental marcou 46 gols (60%) e o grupo controle 31 tentos (40%), diferença de
15 gols. Para Ford, Hodges, Huys e Williams (2006), talvez esse maior número de
gols do grupo experimental em relação ao grupo controle esteja relacionado com a
melhor qualidade visual. Chutar a bola olhando para o gol e para o goleiro parece
ser superior do que a maneira tradicional do futebol de salão (futsal), primeiro o
atleta olha para a bola no momento preparatório do remate e depois que o chute foi
desferido a visão é direcionada para a meta. Passos, Batalau e Gonçalves (2006)
consideraram as afirmações muito conclusivas dos ingleses, não foi averiguada a
estatística inferencial e existem outras variáveis que comprometem a quantidade de
gols, como a qualidade da tomada de decisão no ato de efetuar o remate para o gol.
A estatística descritiva é apresentada na tabela a seguir:
102
Tabela 17: Gols em cada turno e no campeonato.
Grupo
1° turno
2° turno
M±DP do campeonato
Experimental
4,50±1,29
7±0,81
5,75±1,66
Controle
4,25±3,09
3,50±1,73
3,87±2,35
Significado da abreviatura: M – média, DP – desvio padrão
ANOVA two way (2 grupos x 2 turnos) não revelou diferença significativa para
nenhum fator, sendo que para grupo obteve-se F (1,12) = 3,77, p = 0,07, para turno
F (1,12) = 0,82, p = 0,38 e para a interação entre grupo e turno F (1,12) = 2,83, p =
0,11. A figura 23 ilustra as médias de gols do grupo experimental e do grupo
controle, onde não ocorreu diferença significativa. O leitor pode observar:
Média de Gols do Futsal
8
7
7
6
Gols
5
4,5
4,25
3,5
4
3
2
1
0
1
2
Turno
GE
GC
Significado da abreviatura: GE – grupo experimental, GC – grupo controle.
Figura 23: Média de gols em cada turno.
Apesar de ANOVA two way não mostrar diferença significativa, o grupo
experimental marcou 5,75±1,66 gols no campeonato, enquanto que o grupo controle
realizou 3,87±2,35 tentos. O maior número de gols do grupo experimental em
relação ao grupo controle se acentuou no segundo turno, momento que esta
amostra realizou 15 sessões do treino da visão periférica e venceu todos os jogos
contra o grupo controle, fazendo a final do segundo campeonato. Apesar de não
existir diferença significativa na quantidade de gols, os valores de tentos do grupo
103
experimental contribuíram para a vitória do campeonato em dupla de futsal.
Segundo Reina, Moreno e Sanz (2007), a fixação visual para o alvo no momento do
chute permitiu o acerto no gol com qualidade, resultando em mais gols para o grupo
experimental. Harle e Vickers (2001) acrescentaram que o treino da visão periférica
proporcionou uma fixação visual para a meta e ocasionou uma otimização ocular
para a tarefa do remate, gerando um número superior de tentos do grupo
experimental. Wisiak e Cunha (2004) foram contrários ao aspecto visual, fazer o
remate de cabeça erguida não pode ser o único fator de mais gols do grupo
experimental. O estudo deveria ter mensurado a qualidade do goleiro do grupo
controle, fato não praticado. Pode-se acrescentar ainda, a condição técnica e tática
dos fixos, que não foi observado nesta pesquisa. Jackson e Baker (2001)
observaram outro problema desse estudo, não foi aferida a distância que ocorreram
os tentos e chutes sem gol. Espera-se que jogar com ênfase na visão espacial que
permite observar todo o contexto da partida possibilite em gols mais próximos da
meta e menos chutes sem gol. Então, o treino da visão periférica não pode ser
considerado o único causador da maior quantidade de gols do grupo experimental.
Existem muitas limitações que a investigação não conseguiu medir.
McGarry e Franks (2000) acreditaram que o treino da visão periférica permitiu
mais tentos para o grupo experimental. Seguindo o mesmo raciocínio Van Der Kamp
(2006) afirmou que a informação visual costuma proporcionar ações mais eficazes,
fato que foi evidenciado nos gols do grupo experimental. Barfield, Kirkendall e Yu
(2002) foram contrários aos dois estudos anteriores, eles informaram que talvez o
grupo controle tenha uma pior biomecânica do chute em relação ao grupo
experimental. Sousa, Garganta e Garganta (2003) lembraram que o grupo controle
pode ter pior força rápida na execução do remate. Não investigando esse dois
quesitos torna-se difícil afirmar que a vitória do campeonato do grupo experimental
foi por causa do treino da visão periférica. Porém, a força rápida desses jovens foi
medida no teste de salto vertical, não sendo significativa (p>0,05) entre experimental
e controle. Então, a vitória do grupo experimental no número de tentos foi devido ao
aspecto visual, jogar de cabeça erguida (FINNOF, NEWCOMER & LASKOWSKI,
2002). Para vários pesquisadores existem muitas deficiências nesse estudo para
que essas afirmações sejam definitivas porque essa pesquisa não identificou a
metacognição dos jogadores (OLIVEIRA, 2002), a atenção no momento do remate
(HELENE & XAVIER, 2003), o estado piscológico do jogador para fazer o chute
104
(PEDERSEN, 2000) e a aerodinâmica da bola após o remate, ela costuma sofrer
influência da crise do arrasto e do efeito Magnus que influenciam na direção desse
implemento para a meta (AGUIAR & RUBINI, 2004). Em conclusão, por causa das
diversas limitações desse estudo, parece que o treino da visão periférica foi o
causador de mais gols do grupo experimental em relação ao grupo controle.
4.5. Resultados e discussões da freqüência e da falta no treino do futsal
O estudo foi composto por dez meninos com idade de 10,4±2,31 que treinavam
duas vezes na semana por uma hora, dando uma média de 63,16±13,76 minutos.
Consultando autores renomados sobre iniciação desportiva, estes jovens estavam
na idade ideal para iniciação desportiva (ARENA & BÖHME, 2000; MARQUES &
OLIVEIRA, 2001). O número de sessões semanais e a duração estavam de acordo
para a etapa que estes jogadores se encontravam, etapa de especialização inicial
(MARQUES, 1999; RIGOLIN DA SILVA, 2006; MATVEEV, 1997). Segundo Ré e
Barbanti (2006), nesta idade a prioridade nas sessões deve ser a coordenação,
tarefa praticada nesta investigação. Contudo, o treino dos jovens merece ter uma
adequada periodização (CARVALHO, GONÇALVES & COELHO E SILVA, 2006),
sendo utilizada a periodização tática que dá ênfase ao aspecto coordenativo e tático
do futebolista de salão. Nesta investigação aconteceram 15 sessões e 2
campeonatos em dupla para identificar o efeito do treino da visão periférica nos
iniciados do futebol de salão (futsal). Logo este estudo não poderia deixar de
controlar a freqüência nas sessões e faltas nos treinos do grupo experimental e do
grupo controle. A tabela a seguir mostra a estatística descritiva dessas variáveis do
treinamento:
Tabela 18: Freqüência no treino e falta na sessão.
Grupo
Presença
Ausência
Experimental
22,60±0,89
0,40±0,1
Controle
20,80±1,09
2,20±1,09
105
A próxima tabela expõe a estatística inferencial da freqüência do treino:
Tabela 19: Resultados do teste “t” independente na freqüência.
Variável
Teste “t” na presença
GC x GE
Tamanho do Efeito
- 2,84*
*p≤0,05
- 1,65 (grande)
Significado da abreviatura: GC – grupo control, GE – grupo experimental.
A tabela 20 mostra a estatística inferencial da ausência nas sessões:
Tabela 20: Resultados do teste “t” independente na ausência.
Variável
Teste “t” na falta
GC x GE
Tamanho do Efeito
2,84*
1,65 (grande)
*p≤0,05
Para melhor visualização do leitor em relação a presença e a falta nas sessões
do grupo experimental e do grupo controle, a figura 24 mostra as médias desses
componentes da sessão:
Presença e Falta nas Sessões do Futsal
25
22,6
20,8
20
Dias
15
10
5
0,4
2,2
0
PGE
PGC
FGE
FGC
Significado da abreviatura: PGE – presença do grupo experimental, PGC – presença do grupo controle, FGE – falta do grupo
experimental, FGC – falta do grupo controle.
Figura 24: Média da freqüência e da ausência na sessão.
106
Os valores da presença e da falta no treino foram significativos (p≤0,05) para o
grupo experimental em relação ao grupo controle. Talvez este ocorrido seja o motivo
dos melhores resultados do grupo experimental no campeonato em dupla do futsal e
não por causa do treino da visão periférica. Toubekis, Douda e Tokmakidis (2005)
estiveram de acordo com estas afirmações, quanto maior o estímulo de treino
melhores são os resultados na disputa. O mesmo pensaram Bonifazi, Sardella e
Lupo (2000). Para Rigolin da Silva (2006b) não foi este o motivo da vitória do grupo
experimental no campeonato em dupla, foi o fenômeno da compensação,
relacionado com uma melhor técnica e tática dessa amostra. Twisk (2001) foi
contrário as idéias de Rigolin da Silva (2006b), o grupo experimental foi superior do
que o grupo controle devido ao maior número de treinos praticados. Em
contrapartida, Naughton, Farpour-Lambert, Carlson, Bradney e Praagh (2000)
divergiram de todas as referências, jogar de cabeça erguida exige maior atenção,
conseqüentemente aumenta a intensidade da sessão e ocasiona melhores
resultados na disputa. São muitas divergências entre as pesquisas, mas o
importante para a Sociedade de Medicina do Esporte (1998) foram os benefícios que
a competição trouxe para esses jovens no aspecto educacional, ou seja, respeitar
regras e saber conviver com a vitória e com a derrota. Böhme (2000) concluiu, além
da relevância da pesquisa para as ciências do desporto, este estudo serviu para
preparar os meninos para futuras competições oficiais. Segundo Palomares e
Francisco (1997), esses iniciados do futsal merecem ser encaminhados para clubes
vinculados às federações a fim de iniciar outra fase do treinamento a longo prazo.
107
CAPÍTULO V
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusões
A prescrição do treino da visão periférica em 15 sessões parece que ocasionou
uma aquisição dessa sessão pelo grupo experimental porque o grau dessa variável
foi superior ao do grupo controle, ocorrendo diferença significativa (p≤0,05), mas
aconteceram muitas limitações para determinar se os jogadores do futebol de salão
(futsal) atuaram de cabeça erguida. Por esse motivo não é possível afirmar a
respeito do aprendizado do treino da visão periférica. Durante o grau das fases
ofensivas do futsal, o grupo experimental foi um pouco melhor do que o grupo
controle, tendo superioridade no segundo turno, onde ocorreu diferença significativa
(p≤0,05), momento da final entre experimental A versus experimental B. Contudo,
como a pesquisa não mensurou diversas variáveis dos futebolistas de salão
(velocidade do ataque, qualidade defensiva, estresse dos atletas durante os jogos e
outros) no momento do ataque, parece que o grupo experimental foi melhor do que o
grupo controle. Não podendo identificar se o treino visão periférica permitiu um
incremento do grupo experimental em relação ao grupo controle no ataque porque a
investigação não tinha mini câmera presa nos olhos para determinar para onde o
atleta estava olhando quando jogava de cabeça erguida. Em relação aos gols do
futsal, não ocorreu diferença significativa (p>0,05) entre grupo experimental versus
grupo controle, mas como a média de gols de todo o campeonato foi maior do grupo
experimental (5,75±1,66) e no segundo turno essa amostra teve a melhor média de
gols (7±0,81), parece que o treino da visão periférica otimizou a quantidade de
tentos. Entretanto, o grupo experimental treinou mais do que o grupo controle, sendo
significativo (p≤0,05). Então, não se pode saber que o melhor resultado do grupo
experimental no campeonato em dupla foi por causa do treino da visão periférica ou
foi devido a maior presença das sessões dessa amostra.
108
5.2. Recomendações
Para uma próxima pesquisa são indicadas algumas melhorias para facilitar a
coleta de dados, a inclusão de outras variáveis para o estudo tornar-se mais robusto
e o aperfeiçoamento de alguns quesitos para a investigação ficar mais precisa.
Essas idéias são as seguintes:
a) Melhorias para a coleta de dados
- Uso de mais uma filmadora seguindo as recomendações de Menezes, Misuta,
Figueroa, Cunha e Barros (2005). O ideal são cinco câmeras para registrar as
imagens do campeonato em dupla. Localizando uma filmadora em cada lateral da
meia quadra, uma câmera atrás do gol, outra pegando os jogadores de costas, após
o cone da atividade B e a última filmadora na tomada de cima, fixada no teto do
ginásio.
- A quadra deverá ser pintada com os números das respectivas zonas do campo
para facilitar a identificação das regiões (meio-campo ofensivo ou ataque) onde
ocorre a tática ofensiva.
- A análise do jogo deverá ser por recurso de informática para ter mais precisão.
- Criar um programa de informática que determine o ângulo da cabeça erguida para
a coleta de dados ser mais precisa.
- Utilizar mini câmera para registrar por vídeo-computador para onde o atleta está
olhando.
b) Novas variáveis para a pesquisa ficar mais robusta
- Utilizar uma amostra maior na pesquisa.
- Mensurar a metacognição dos jogadores.
- Estabelecer o estado psicológico dos jogadores na competição.
- Determinar a idade biológica da amostra.
- Identificar a qualidade defensiva dos atletas da linha e do gol.
- Mensurar a velocidade do ataque e da defesa para tentar observar o desequilíbrio
que a ação ofensiva causa na defesa.
- Verificar a qualidade biomecânica do chute e a força rápida dos jogadores neste
fundamento.
109
- Determinar a aerodinâmica da bola após o remate.
- Realizar o estudo em vários jogos oficiais, tendo no mínimo cinco câmeras para
recolher as imagens.
c) Aperfeiçoamento para a investigação ser mais precisa
- Mais tempo do treino da visão periférica no momento que os desportistas estiverem
na fase de retenção para jogar de cabeça erguida.
- Utilizar a prática aleatória em maior quantidade no período de retenção do treino da
visão periférica.
- Usar o ProComp a fim de detectar as mudanças das ondas do encéfalo referentes
a aprendizagem para determinar a duração da aquisição e da retenção do treino da
visão periférica. Tarefa que não foi realizada nessa dissertação, sendo baseada no
tempo de treino da pesquisa, realizada por Mesquita, Marques e Maia (2001).
Então, esta pesquisa é o início para muitas investigações, sendo um novo
campo de estudo para os envolvidos no futsal, para técnicos de outras modalidades
do futebol (campo, areia e outros) e para os cientistas do aprendizado neuromotor.
Tornando-se um desafio de estudo para os teóricos e práticos das ciências do
desporto.
110
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Endereço para correspondência: [email protected] / [email protected]
147
ANEXO A
FICHA DE COLETA DOS TESTES
Avaliação na periodização .............................................................................................. (etapa, micro e meso)
Horário: .....................
Data: .......................
Temperatura: ......... °C
Atleta
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
ALTURA
cm
ENVERGADURA
cm
Semana: .....................
Estação do Ano: .............................
PESO
kg
Salto Vertical
(braços e contramovimento)
3x / cm
(vale a melhor marca)
Agilidade de 5 m
2 vezes
m/s
(vale o melhor tempo)
Velocidade de 10 m
1 vez
m/s
148
ANEXO B
DIFERENÇA DA OBSERVAÇÃO NO JOGO DO (A) GRUPO EXPERIMENTAL DO
TREINO DA VISÃO PERIFÉRICA E DO (B) GRUPO CONTROLE DO TREINO
TRADICIONAL DO FUTSAL COM ÊNFASE NA VISÃO CENTRAL
A
Visão de 180º
B
Visão de 20º
149
ANEXO C
FICHA DE FREQÜÊNCIA
FREQÜÊNCIA em março de 2007
Atletas
VISÃO
1 Bombinha (gol)
8 anos
20
22
27
29
Total de
Sessões
3ªf
5ªf
3ªf
5ªf
x
x
x
x
4
x
x
x
x
4
x
x
x
x
4
x
x
x
x
4
x
x
x
x
4
x
x
x
x
4
x
x
x
x
4
x
x
x
x
4
x
x
x
x
4
x
x
x
x
4
Bi-hemisfério Esquerdo
2 Dudu
14 anos
Hemisfério Esquerdo
13 anos
3 Nelinho
Bi-hemisfério Direito
4 Barudinho
10 anos
Bi-hemisfério Esquerdo
9 anos
5 Galak
Bi-hemisfério Esquerdo
FORTÃO
1 Boné (gol)
11 anos
Bi-hemisfério Esquerdo
12 anos
2 Cabeludo
Hemisfério Direito
3 Preto
9 anos
Hemisfério Esquerdo
12 anos
4 Maradona
Hemisfério Esquerdo
5 Sarda
14 anos
Bi-hemisfério Direito
150
ANEXO D
ATIVIDADES DO CAMPEONATO EM DUPLA DE FUTSAL
- Quando o juiz apitar, o atacante deve dar a saída e começar a tática ofensiva.
- Cada atividade são 3 tentativas.
- Todas atividades começam com a saída do meio-campo.
151
ANEXO D (continuação)
ATIVIDADE A
- Não tem marcação. É uma dupla contra o goleiro do grupo adversário. Se o grupo controle esteja no
ataque o goleiro é do grupo experimental. Mas se a tarefa ofensiva for do grupo experimental ocorre
ao contrário, o goleiro é do grupo controle. Este revezamento de goleiros acontece em todas as
atividades. Caso a partida seja controle x controle ou experimental x experimental, o goleiro do
controle agarra para uma das amostras e o mesmo é praticado pelo goleiro do experimental.
152
ANEXO D (continuação)
ATIVIDADE B
1 Cone. / 2 Jogador de defesa numa distância de 3,5 m da linha central.
3 Quando o juiz apitar o atleta corre para fazer a marcação.
4A Saída do meio-campo e condução da bola. / 4B Saída do meio-campo e corre para receber o passe.
5 Passe.
153
ANEXO D (continuação)
ATIVIDADE C
1 Círculo central.
2 Jogadores do ataque.
3 Jogador de defesa numa distância de 4,40 m do círculo central.
4 Quando o juiz apitar o atleta corre para fazer a marcação.
154
ANEXO D (continuação)
ATIVIDADE D
1 Jogadores de ataque.
2 Jogadores de defesa numa distância de 6,46 m da linha central.
3 Quando o juiz apitar o atleta corre para fazer a marcação.
155
ANEXO E
SÚMULA PARA IDENTIFICAR OS GOLS
Turno: ........... (1° e 2°)
Horário: ............
Data: ............
Temperatura: .......... °C
Equipe
Classificatória 1
Atividade A
Semana: .........
Estação do Ano: .......................
Atividade B
Atividade C
Atividade D
Gols Sofridos
Boné
Visão A (Galak e Menor)
Tempo: 1 e 2
Fortão B (Sarda e Cabelo)
Tempos: 1 e 2
Classificatória 2
........................................
Tempo: 1 e 2
........................................
Tempos: 1 e 2
3° lugar
........................................
Tempo: 1 e 2
........................................
Tempos: 1 e 2
1° lugar
....................
Tempo: 1 e 2
................
Tempos: 1 e 2
Equipe: Colocar visão, fortão e o nome dos atletas ou apelido.
Tempos: Riscar para saber os números gastos.
Gols Sofridos: Colocar o nome do goleiro.
Vencedor: Quem fizer mais gols na atividade é o vencedor.
Bombinha
156
ANEXO F
CALENDÁRIO
CALENDÁRIO DE TREINO DO FUTSAL EM 2007
Prof. Nelson Kautzner Marques Junior & Prof. Guilherme Soares Garcia
Dia da Semana: 3ª e 5ªf / Horário: 9 – 10 h
Mês
Dia
Atividades
Março
20 – 3ªf
22 – 5ªf
Conhecer como o grupo joga para dividir os meninos em duas equipes.
Continuar a conhecer o grupo.
27 – 3ªf
29 – 5ªf
Realizar o teste de CLEM. Depois praticar o treino do FORTÃO e o treino da VISÃO.
Total de 4 dias
Abril
3 – 3ªf
Realizar o teste de CLEM. Depois praticar o treino do FORTÃO e o treino da VISÃO.
10 – 3ªf
12 – 3ªf
Realizar o teste de CLEM. Depois praticar o treino do FORTÃO e o treino da VISÃO.
17 – 3ªf
19 – 5ªf
Antes da capoeira, praticar os testes antropométricos (altura, envergadura e peso) e os
neuromotores (salto, agilidade) e metabólico (velocidade). Depois realizar o treino do FORTÃO e o
treino da VISÃO.
24 – 3ªf
26 – 5ªf
Antes da capoeira, praticar os testes antropométricos (altura, envergadura e peso) e os
neuromotores (salto, agilidade) e metabólicos (velocidade). Depois realizar o treino do FORTÃO e o
treino da VISÃO.
Total de 7 dias
Maio
3 – 5ªf
Simulado da disputa em dupla e jogo recreativo (equipes misturadas).
8 – 3ªf
10 – 5ªf
1° turno do campeonato em dupla.
1° turno do campeonato em equipe.
15 – 3ªf
17 – 5ªf
Realizar o treino do FORTÃO e o treino da VISÃO.
Realizar o treino de ambos os grupos.
22 – 3ªf
24 – 5ªf
Voltar a realizar o treino do FORTÃO e o treino da VISÃO.
Continuar as sessões.
29 – 3ªf
31 – 5ªf
Realizar os mesmos testes do pré-teste e depois fazer o treino.
Continuar a fazer o treino do FORTÃO e o treino da VISÃO.
Total de 9 dias
Junho
5 – 3ªf
Simulado da disputa em dupla e jogo recreativo (equipes misturadas)
12 – 3ªf
14 – 5ªf
2° turno do campeonato em dupla.
2° turno do campeonato em equipe.
19 – 3ªf
Tentar encaminhar os meninos para clubes de futsal e futebol.
Total de 3 dias
Total de 23 dias
157
ANEXO G
FOTO DO TESTE DE CLEM
Jogador fazendo o teste de CLEM.
158
ANEXO H
SCOUT DE COLETA DO TEMPO DO TESTE DE CLEM
Data: ............. Semana: ........ Horário: .................. Sexo: ..............
Categoria: ........................
Nome
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Data de
Nascimento
Temperatura: ........
Tempo do CLEM
159
ANEXO I
PERGUNTAS DO TESTE DE CLEM
Perguntas para Descontrair:
1) Qual o seu nome?
2) Quantos anos tem?
3) Qual modalidade pratica?
4) Qual sua posição?
As perguntas analíticas e espaciais foram baseadas em Pável (2003):
Problemas Analíticos:
1) Tenho 26 balas para dividir com 2 amigos. Com quantas balas ficará cada um?
2) Em um jogo de futebol, uma equipe está vencendo por 5 a 2. Quantos gols a equipe que
está perdendo deverá fazer para conseguir empatar o jogo?
3) No céu, havia 18 pipas. Um vento forte levou 3 delas. Quantas pipas continuaram voando
no céu?
4) Com 1 (um) real consigo comprar 5 balas. Quanto custa cada bala?
5) Serão distribuídos 12 picolés entre 3 crianças. Quantos picolés receberá cada criança?
Problemas Espaciais:
1) Uma pipa vermelha está voando no céu azul. De repente surge uma nuvem cinza e
esconde a pipa.
2) Você está passeando numa floresta e encontra uma árvore caída. Por onde você passa?
Por cima ou por baixo dela?
3) Mentalmente, desenhe devagar um pequeno círculo. Ao finalizar o círculo, desenhe um
quadrado e coloque uma figura dentro da outra. Quando tiver concluído levante suas mãos.
4) Imagine que um animal bem grande e feroz aparece de repente à sua frente e pode atacálo. Construa mentalmente e bem rápido uma barreira capaz de impedir que ele lhe ataque.
5) Você está participando de um jogo de futebol. Você vê que um atleta adversário vai em
direção ao seu gol com a bola dominada. Corra até ele para interceptá-lo.
No término da avaliação há a seguinte gravação:
Fim do teste de CLEM!
Muito obrigado!!!
160
ANEXO J
SISTEMA NUMÉRICO FACE DO RELÓGIO
Data: ……………
Nome: …………………………………………………
Idade: ………….
161
ANEXO K
NORMAS PARA DETERMINAR A HEMISFERICIDADE BASEADA EM RIBEIRO (2006)
a) Observar a movimentação dos olhos durante as perguntas.
b) Se durante todo o tempo o atleta fizer desvio ocular para a esquerda nas perguntas
analíticas e espaciais, ele é classificado como hemisfério direito.
c) Caso o desportista faça desvio ocular em todas as perguntas analíticas e espaciais
para a direita, ele é considerado hemisfério esquerdo.
d) Para o jogador ser bi-hemisfério, os olhos precisam oscilar de um lado para o outro,
sendo necessário um ou dois desvios para esquerda e para a direita, em algumas
perguntas.
e) O bi-hemisfério com tendência no hemisfério direito precisa apresentar em algumas
perguntas analíticas e espaciais ações oculares iguais às letras d e b. Lembrando que
para o competidor ser bi-hemisfério, basta que ocorra a movimentação visual da letra
d em uma ou mais questões. Porém, para ter tendência direita, essa movimentação
ocular precisa aparecer várias vezes nos resultados do scout face do relógio.
f) O bi-hemisfério com tendência no hemisfério esquerdo precisa possuir em algumas
perguntas analíticas e espaciais, ações oculares iguais às letras d e c. Lembrando
que para o atleta ser bi-hemisfério, basta que ocorra movimentação visual da letra d
em uma ou mais questões. Porém, para possuir tendência esquerda, os resultados no
scout face do relógio devem apresentar várias vezes essa movimentação ocular.
162
ANEXO L
SCOUT PARA ESTABELECER A HEMISFERICIDADE
PROBLEMAS ANALÍTICOS
Atletas
1
2
3
4
PROBLEMAS ESPACIAIS
5
1
2
3
4
5
Hemisfericidade
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Obs.1: Colocar em cada espaço do tipo de problema (analítico e espacial) o hemisfério de processamento mental
encontrado no teste de CLEM (BHD: bi-hemisfério direito / BHE: bi-hemisfério esquerdo / HD: hemisfério direito /
HE: hemisfério esquerdo) e posteriormente somar para estabelecer a hemisfericidade.
163
ANEXO M
SCOUT DOS GOLS
Duração da Quantificação: ..........................................
Nº de Dias de Quantificação: ...............
Jogo: .......................................................
Grupo
Experimental .........
Controle ...............
Disputa: ..............................
Total de Gols
164
ANEXO N
SCOUT DO GRAU OFENSIVO
Duração da Quantificação: .............................
Nº de Dias de Quantificação: .........
Jogo: .......................................................
Disputa: ..............................
Grupo: .....................................................
GRAU
IO
Fases do Ataque
CDO
F
0
1
2
3
4
Significado da Abreviação: IO – início ofensivo / CDO – construção e desenvolvimento ofensivo / F - finalização
165
ANEXO O
SCOUT DO GRAU DA VISÃO PERIFÉRICA NO ATAQUE
Duração da Quantificação: ........................
Jogo: .......................................................
Nº de Dias de Quantificação: ...............
Disputa: ..............................
Grupo: .....................................................
GRAU
Fases do Ataque na Visão Periférica
IO
CDO
F
0
1
2
3
4
Significado da Abreviação: IO – início ofensivo / CDO – construção e desenvolvimento ofensivo / F - finalização
166
ANEXO P
TERMO de CONSENTIMENTO
Eu, Nelson Kautzner Marques Junior, Professor de Educação Física, solicito a
autorização do ou da responsável do atleta, para participação do estudo (treino da
visão periférica) que estou elaborando, denominado de O Efeito do Treino da Visão
Periférica no Ataque de Iniciados do Futsal: um estudo na competição, visando a
coleta dos dados necessários para a minha pesquisa. O estudo tem por objetivo
verificar se o treino da visão periférica é melhor do que o treino tradicional do futsal.
O jovem atleta está sendo convidado, em caráter voluntário, para fazer parte de uma
pesquisa onde sua participação será extremamente valiosa e poderá ser muito útil
para a evolução da ciência do desporto. A pesquisa se desenvolverá da seguinte
forma:
- 9 treinos e depois um campeonato (1º turno).
- 6 treinos e depois um campeonato (2º turno).
- Cada jogo será filmado com o intuito de identificar a evolução das duplas.
O participante da pesquisa não estará proibido de desistir da mesma a
qualquer momento, mais a sua desistência causará grande danos ao andamento do
estudo. Os participantes não terão participação em eventuais direitos autorais que
possam advir de publicação dos resultados da pesquisa.
Benefício: Aprender e/ou aperfeiçoar o futsal.
AUTORIZAÇÃO:
Niterói, ................. de .................................... de 2007.
Autorizo o(s) educando(s), para participar da pesquisa de Nelson Kautzner
Marques Junior sobre Treino da Visão Periférica, com o compromisso de se
empenhar nos testes e nos treinos ministrados.
Assinatura do Responsável: ..............................................................................
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