UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO MESTRADO EM CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA O EFEITO DO TREINO DA VISÃO PERIFÉRICA NO ATAQUE DE INICIADOS DO FUTSAL: UM ESTUDO NA COMPETIÇÃO NELSON KAUTZNER MARQUES JUNIOR Rio de Janeiro Julho de 2008 2 MARQUES JUNIOR, Nelson Kautzner O EFEITO DO TREINO DA VISÃO PERIFÉRICA NO ATAQUE DE INICIADOS DO FUTSAL: UM ESTUDO NA COMPETIÇÃO Nelson Kautzner Marques Junior – Universidade Castelo Branco – Rio de Janeiro, 2008. Copyright 2008. Dissertação de Mestrado – 05 Capítulos. 3 UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MOTRICIDADE HUMANA STRICTO SENSU EM CIÊNCIA DA A Dissertação: “O EFEITO DO TREINO DA VISÃO PERIFÉRICA NO ATAQUE DE INICIADOS DO FUTSAL: UM ESTUDO NA COMPETIÇÃO.” elaborada por: NELSON KAUTZNER MARQUES JUNIOR e aprovada por todos os membros da Banca Examinadora, foi aceita pela Universidade Castelo Branco e homologada pelo Conselho de Ensino. Pesquisa e Extensão, como requisito parcial à obtenção do título de MESTRE EM CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA Rio de Janeiro, 7 de julho de 2008 BANCA EXAMINADORA Dr. Vernon Furtado da Silva Presidente Dr. Walter Jacinto Nunes Dr. Manoel José Gomes Tubino 4 DEDICATÓRIA Ao meu alegre cachorro Sinhozinho que chegou à família em 2002 e partiu em 12 de junho de 2008. Sinhozinho, você nunca será esquecido porque muitas pessoas te amaram, descanse em paz. Sinhozinho † *1995 (data provável) a 12 de junho de 2008 5 AGRADECIMENTOS Aos meus avós, Geraldo Marques e Odaléa Marques, pela ajuda nesta caminhada. Meus pais mais uma vez, que sempre acompanham os meus estudos. Aos bibliotecários da UCB Recreio e da FIOCRUZ, pela enorme atenção prestada. Ao Professor Mestre em Ciências do Desporto (especialidade Treino de Alto Rendimento) pela Faculdade de Motricidade Humana - Universidade Técnica de Lisboa, Pedro Miguel Silva, do Porto, Portugal, pelo envio de sua dissertação para meu estudo e a remessa de vários artigos que contribuíram para que eu concluísse essa pesquisa com tranqüilidade. Ao Professor Mestre em Ciências do Desporto (especialidade Treino de Alto Rendimento) pela Faculdade de Motricidade Humana – Universidade Técnica de Lisboa, Pedro Manuel de Oliveira Santos, de Braga, Portugal, pelo envio da sua dissertação sobre periodização e a remessa de artigos de carga de treino que me facilitaram na execução destas tarefas no treino dos iniciados do futebol de salão. Aos jogadores de futsal, professores, outros funcionários e irmãs do Lar da Criança Padre Franz Neumair, sem a contribuição dessas pessoas a dissertação não seria realizada. Muito Obrigado!!! À Deus que sempre me ilumina nos momentos difíceis, sem a inseparável ajuda a dissertação não seria concluída. À Revista Motriz da UNESP do Rio Claro, que corrigiu no ano de 2007 o meu artigo Dominância Visual e Local de Ataque do Futebol de Salão, mesmo sendo rejeitado me deu várias idéias para eu melhorar essa dissertação. Ao Contador de História que me indicou o Orfanato Lar da Criança para eu fazer a pesquisa. 6 RESUMO O EFEITO DO TREINO DA VISÃO PERIFÉRICA NO ATAQUE DE INICIADOS DO FUTSAL: UM ESTUDO NA COMPETIÇÃO Por Nelson Kautzner Marques Junior Universidade Castelo Branco – RJ Julho/2008 Orientador: Prof. Dr. Vernon Furtado da Silva N° de palavras: 276 Este estudo foi inserido na Ciência da Motricidade Humana, na área de concentração da Dimensão Biofísica, na linha de pesquisa do Estudo dos Mecanismos e Processos da Aprendizagem e da Conduta Motora e no constructo epistemológico de explicação fenomênica. O objetivo deste estudo foi investigar o aprendizado do treino da visão periférica (TVP) e o efeito dessa sessão no ataque do futsal, levando em consideração nas duas tarefas (aprendizado e ataque) a hemisfericidade. Dez meninos com 10,4±2,31 anos praticantes de futsal do Lar da Criança foram divididos em grupo experimental (GE, n = 5) e grupo controle (GC, n = 5) com hemisfericidade (H) similar (GE com 80% de H esquerda (E) e 20% de H direita (D), GC com 60% de HE e 40% de HD). Foram praticadas nove sessões e depois um campeonato, mais seis sessões e depois outro campeonato. Todos os campeonatos foram filmados e depois analisados por scout. No grau da visão periférica no ataque a ANOVA two way revelou diferença significativa, onde foi evidenciado que o GE obteve aquisição do TVP. No grau das fases ofensivas a ANOVA two way determinou diferença significativa, onde o GE foi melhor no início ofensivo e na construção do ataque, o GC foi superior na finalização do 1° turno e o GE foi mais competente na finalização do 2° turno. A quantidade de gols do GE e do GC a ANOVA two way não estabeleceu diferença significativa. A freqüência e falta no treino o teste “t” independente foi significativo (p≤0,05), o GE treinou mais. Conclui-se que parece que o GE a conseguiu aquisição do TVP e parece que o TVP otimizou o ataque dessa amostra. Palavras-chave: treino da visão periférica. futebol de salão. hemisfericidade. ataque. aprendizado neuromotor. 7 ABSTRACT THE EFFECT OF THE PERIPHERAL VISION TRAINING OF THE ATTACK OF YOUNG OF THE INDOOR SOCCER: A STUDY OF THE COMPETITION By Nelson Kautzner Marques Junior Castelo Branco University – RJ July/2008 Adviser: Prof. Dr. Vernon Furtado da Silva N° of words: 323 This study was made within the context of Motor Skills science with a BioPhysical thematic, in line with Motor Skills Learning Process and Mechanism research, and the epistemology construct of phenomenon explication of the Human. The objective was to study the learning of the peripheral vision training (PVT) and the benefit this training has on attack runs in indoor soccer, taking in to account the dominant laterality (brain hemisphere function) in both learning speed and offensive skills. Ten young indoor soccer players, 10.4 ± 2.31 years old, from Lar da Criança Padre Franz Neumair, in Ititioca, Niterói, Rio de Janeiro, Brazil, participated in the study. They were divided in an experimental group (EG, n = 5) and a control group (CG, n = 5) with similar dominant laterality (brain hemisphere function) (H) (EG 80% left (L) H, and 20% right (R) H, CG with 60% of LH and 40% of RH). Players practiced nine training sessions, followed by a championship; subsequently players practiced for six more sessions, followed by a second championship. Each championship was filmed for technical analysis. Scout video analysis revealed by a Two Way ANOVA, during offensive runs, a significant difference between control and experiment groups, wherein the EG revealed a noticeable acquisition of PVT. The quality of the attack runs, the Two Way ANOVA showed, was significant. The EG was the best team at the start and development of the attack runs, while the CG remained better at attack finalization during the first championship, and the EG showed more competence in attack run finalizations during the second championship. In amount of the goals scored, the EG and the CG showed similar performance (Two way ANOVA not significant, p>0,05), with no large difference. Training practice session attendance was significant, and Independent-Samples T Test results, was significant (p≤0,05): the EG trained more. Concluding, it seems EG revealed PVT acquisition; it is likely that TPV improved their attack capacity in indoor soccer. Key-words: peripheral vision training. indoor soccer. hemisphericity. attack. neuromotor learning. 8 SUMÁRIO Página RESUMO 6 ABSTRACT 7 CAPÍTULO I 1- O PROBLEMA 1.1. Introdução 1.2. Definição de termos 1.3. Objetivo do estudo 10 13 19 1.3.1. Objetivos gerais 19 1.3.2. Objetivos específicos 19 1.4. Identificação das variáveis 20 1.4.1. Variáveis independentes 20 1.4.2. Variáveis dependentes 20 1.4.3. Variáveis intervenientes 20 1.5. Justificativa do estudo 21 1.6. Relevância do estudo 21 1.7. Delimitação do estudo 22 1.8. Limitação do estudo 22 1.9. Pressupostos teóricos 22 1.10. Questões a investigar 24 1.11. Hipóteses 25 CAPÍTULO II 2 – REVISÃO DA LITERATURA 2.1. Olho e sistema visual central 26 2.2. Hemisfério 35 2.3. Hemisfericidade 38 2.4. Tática ofensiva do futsal 41 2.5. Treino situacional do futsal 51 9 CAPÍTULO III 3 – METODOLOGIA 3.1. Tipo de pesquisa 56 3.2. Operacionalização das variáveis 57 3.3. População 57 3.4. Seleção da amostra e sujeitos no decorrer do estudo 58 3.5. Treinamento e campeonato da amostra 58 3.6. Modelo de disputa do campeonato em dupla 70 3.7. Instrumento e tarefa 74 3.7.1. Teste de CLEM 76 3.7.2. Coleta de dados, análise dos jogos e quantificação dos resultados 78 3.8. Procedimentos 3.8.1. Procedimentos da tarefa 3.9. Tratamento dos dados 86 86 86 CAPÍTULO IV 4 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 4.1. Resultados e discussões da hemisfericidade 88 4.2. Resultados e discussões da visão periférica no ataque do futsal 91 4.3. Resultados e discussões do grau das fases ofensivas do futsal 96 4.4. Resultados e discussões dos gols do futsal 101 4.5. Resultados e discussões da freqüência e da falta no treino do futsal 104 CAPÍTULO V 5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 5.1. Conclusões 107 5.2. Recomendações 108 REFERÊNCIAS 110 ANEXOS 147 10 CAPÍTULO I 1. O PROBLEMA 1.1. Introdução Ensinar o atleta de futebol a jogar com ênfase na visão periférica é uma tarefa antiga dos treinadores, por volta do fim dos anos 50, o técnico do Canto do Rio Football Club, da cidade de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil, orientava os aprendizes dessa modalidade a atuar de cabeça erguida na partida. Através desses ensinamentos, formou-se um dos maiores jogadores de meio-campo, atleta importante na conquista da Copa do Mundo de 1970 no México. Esse desportista atuava na partida com ênfase na visão espacial para conduzir a bola, efetuar passes curtos e nos lançamentos que muitos resultaram em gols para a equipe brasileira. A principal função desse futebolista era “armar” as jogadas da seleção brasileira. Pinto e Araújo (1999) denominaram a sessão que ensina o atleta do futebol ou dos seus derivados a jogar de cabeça erguida de treino da visão periférica. Recentemente Navarro e Almeida (2008) consideraram o treino da visão periférica muito importante para a prática do futebol de salão (futsal), ou seja, para desportistas da linha e do gol. Segundo Williams (1999), a visão periférica permite ao jogador de futebol e dos seus derivados observar as ações táticas do oponente e de sua equipe e executar o fundamento adequadamente. Somado a visão periférica, outras variáveis (metacognição, condicionamento físico, adequado estado emocional, etc) exercem influência na qualidade da jogada do futsal. Contudo, para o treinador prescrever o treino da visão periférica, que educa o jogador a atuar de cabeça erguida, necessita conhecer a literatura básica e aplicada a fim de estruturar a sessão com adequado embasamento científico. Para isso, o técnico deverá estudar o olho e o sistema visual central (conhecer o funcionamento desta estrutura), a diferença dos hemisférios, a hemisfericidade, o uso do tipo de prática do aprendizado neuromotor (prática em bloco e prática aleatória) e a aplicação da disciplina treinamento desportivo (pausa, treino técnico, treino situacional e outros) nesta sessão. 11 Tanto referências antigas (CHRISTENSON& WINKELSTEIN, 1988; KNUDSON & KLUKA, 1997) como as atuais (FORD, HODGES, WILLIAMS, 2007; HORN, WILLIAMS, SCOTT & HODGES, 2005), indicam o treino da visão periférica, porém, no futsal, não há estudos originais sobre o tema (AVELAR, SANTOS, CYRINO, CARVALHO, RITTI DIAS, ALTIMARI & GOBBO, 2008; LIMA, SILVA & SOUZA, 2005) e a pratica desse treino é pouco encontrada nas sessões de iniciados dessa modalidade (MACHADO & GOMES, 1999; SANTANA, FRANÇA & REIS, 2007). Nesse desporto a quantidade de investigações é pequena (PUTUKIAN, KNOWLES, SWERE & CASTLE, 1996; QUEIROGA, FERREIRA & ROMANZINI, 2005) e as poucas pesquisas estão voltadas para avaliação funcional (DIAS, CARVALHO, SOUZA, AVELAR, ALTIMARI & CYRINO, 2007; LEVANDOSKI, CARDOSO, CIESLAK & CARDOSO, 2007), lesões (LINDENFELD, SCHMITT, HENDY, MAGINE & NOYES, 1994), preparação física (RODRIGUES, VILARINHO, DUBAS, PESSOA, GUEDES & MADUREIRA, 2006) e análise do esforço do atleta no jogo (freqüência cardíaca, metragem percorrida, lactato e outros) (ANTUNES NETO, BARONI & FREITAS, 2007; ARINS & ROSENDO DA SILVA, 2007). Isso confirma a declaração de Da Silva (2002) de que o compêndio bio-operacional foi pouquíssimo investigado nos desportos coletivos, nas pesquisas acontece predomínio do aspecto bioestrutural, portanto, a observação do efeito do treino da visão periférica no ataque do futsal masculino torna-se um assunto relevante. Mas, como elaborar o treino da visão periférica para os iniciados do futsal? A literatura dessa modalidade não apresentou uma seqüência pedagógica com os tipos de exercícios para a aquisição e/ou retenção dessa sessão (CHAGAS, LEITE, UGRINOWITSCH, BENDA, MENZEL, SOUZA & MOREIRA, 2005; QUEIROGA, FERREIRA, PEREIRA & KOKUBUN, 2008). Logo, a pesquisa do aprendizado neuromotor constitui um assunto de extrema importância para o futsal e seus similares (futebol na areia, futebol e outros). O problema dos estudos do aprendizado neuromotor costuma ser a pouca validade ecológica (MORENO, ÁVILA, DAMAS, GARCÍA, LUIS, REINA & RUÍZ, 2003; PEREZ, MEIRA JÚNIOR & TANI, 2005; WILLIAMS, WEIGELT, HARRIS & SCOTT, 2002). As tarefas de laboratório ou de campo, com mínima aplicação no cotidiano, tentam identificar um fenômeno como sendo o possível do mundo real (CORRÊA, BENDA & TANI, 2001; CORRÊA, 2006). Cria-se um cenário sem nenhuma aplicação prática e o cientista tenta evidenciar se ocorre aquisição ou 12 retenção de um fundamento do desporto estudado (SMITH & CHAMBERLIN, 1992; TEIXEIRA, CHAVES, SILVA & CARVALHO, 1998), identifica-se uma variável (equilíbrio ou tempo de reação visual) fora do contexto do jogo para responder o ocorrido na partida (ANDO, KIDA, & ODA, 2001; MONTÉS-MICÓ, BUENO, CANDEL & PONS, 2000; PAILLARD & NOÉ, 2006), também se observa a performance cognitiva em joguinhos de apertar o botão (ZHONGFAN, INOMATA & TAKEDA, 2002) ou por acertos das respostas em questionário (GUSKIEWICZ, MARSHALL, BROGLIO, CANTU & KIRKENDALL, 2002). Segundo Meira Junior, Tani e Manoel (2001), existem poucos estudos do aprendizado neuromotor em tarefas do mundo real. Portanto, uma pesquisa dessa disciplina da Educação Física que esteja inserida numa competição do futsal, possui alta validade externa. Então, observar o efeito do treino da visão periférica na tática ofensiva desse desporto parece ser inédito porque as referências não apresentaram nenhum estudo desta natureza (BUTT, WEINBERG & HORN, 2003; ROY & BENENSON, 2002). Será que atuar de cabeça erguida na partida otimiza o ataque do futsal? Não foi possível encontrar respostas nas pesquisas (LEMMINK, DIJKSTRA & VISSCHER, 2005; PAILLARD, NOÉ, RIVIÈRE, MARION, MONTOYA & DUPUI, 2006). A possível influência da hemisfericidade no aprendizado do treino da visão periférica e na tática ofensiva foi fortalecida pelos estudos que atestaram que atletas com hemisfério de processamento mental direito são hábeis em tarefas motrizes e a competência dos desportistas com hemisfério de processamento mental esquerdo são para tarefas analíticas (PÁVEL & DA SILVA, 2004; OLIVEIRA, BELTRÃO & DA SILVA, 2003). A hemisfericidade vai oferecer um parâmetro sobre duas tarefas nesta pesquisa: o técnico pode compreender sobre o aprendizado do treino da visão periférica e também vai entender sobre a qualidade do ataque dos jogadores do futsal. A presença da hemisfericidade neste estudo sobre o futsal é uma novidade já que as investigações não trataram desse tema (DA SILVA, REZENDE, GUAGLIARDI JÚNIOR, LOPES, VALLADO & RIBEIRO, 2004; DOS SANTOS, 2002). O objeto de investigação dessa dissertação foi pesquisar o aprendizado do treino da visão periférica e o efeito dessa sessão no ataque de iniciados do futsal, levando em consideração em ambas (aprendizado e ataque) a hemisfericidade. 13 1.2. Definição de Termos Acíclico: ações da modalidade sem uma uniformidade de execução (ROCHA & CALDAS, 1978). Análise do jogo: é o estudo da partida em relação à tática, técnica por via quantitativa e/ou qualitativa (OLIVEIRA, 1993). Esta pesquisa volta-se também, para os aspectos físicos do jogo, relacionados com os esforços do desporto coletivo investigado (MORTIMER, CONDESSA, RODRIGUES, COELHO, SOARES & SILAMI-GARCIA, 2006). Analítico: Relativo à análise, que procede por análise (FERREIRA, 1994). Ansioso: que tem ânsia ou anseio (FERREIRA, 1994). Avaliação funcional: aplicada no atleta através de testes físicos ou por testes de habilidades técnicas do desporto (DANIEL & CAVAGLIERI, 2003). As medidas e avaliações no futsal são feitas por testes que estabelecem os níveis das capacidades neuromotoras (flexibilidade, força e agilidade) e metabólicas (velocidade e potência aeróbia), o valor dos testes antropométricos e os resultados da composição corporal (CYRINO, ALTIMARI, OKANO & COELHO, 2002). Bio-estrutural: são as adaptações fisiológicas agudas e/ou crônicas do treinamento, relacionadas com o aspecto físico e/ou as mudanças corticais do encéfalo (DA SILVA, 2002b). E, as alterações referentes ao destreino dessas estruturas, física (muscular, bioquímico, cardiovsacular, etc) e/ou cortical pertencem a essa variante que proporciona, no ser humano, o acontecimento fisio-mecânico da motricidade humana. Bio-operacional: referente ao trabalho do encéfalo junto da atividade motriz para realizar uma técnica desportiva, ação tática ou atividade do cotidiano, tendo como principal foco a coordenação (DA SILVA, 2002b). 14 Cognitivo: relativo ao conhecimento do atleta sobre o jogo, atua na percepção, tomada de decisão e outros (NUNES, FANTATO & MONTAGNER, 2006). Córnea: transparente e pertencendo à superfície externa do olho, atua na refração (BEAR, CONNORS & PARADISO, 2002). Córtex somatosenssorial primário: atua no sentido, sendo a área 3a, 3b, 1 e 2, localizado no giro pós-central (SHIPP, 2005). Córtex parietal posterior: atua na atenção, na integração visual e somatossensorial, composto pela área 5 (audição) e 7 (visão) (GROL, LANGE, VERSTRATEN, PASSINGHAM & TONI, 2006). Cristalino: região onde a imagem se forma mais nítida, a acomodação (GUYTON, 1988). Sendo transparente e flexível. Densidade: qualidade daquilo que é denso, compacto, densidão (FERREIRA, 1994). Especialização precoce: prática de um único desporto nas etapas de iniciação do atleta, sem experimentar outros (KREBS, 2000). Fato que acarreta uma menor assembléia de neurônios no encéfalo e proporciona ao desportista um limitado repertório motor. Esses competidores têm mais chance de lesões, e, por volta de 18 anos, abandonam as disputas devido à saturação do treino ou aos resultados inferiores e a outros malefícios que os acometem (RIGOLIN DA SILVA, 2005). Equipe iniciada do futsal: time com faixa etária de 7 a 19 anos, tendo as primeiras experiências competitivas ou continuação das disputas nas categorias anteriores, cujo objetivo é o desporto adulto e/ou profissional (ARENA & BÖHME, 2004). Estudos originais: pesquisas de campo que contribuem com alguma descoberta científica ou corroboram com o afirmado pela ciência (MATTOS, ROSSETTO & BLECH, 2004). Apresenta a seguinte estrutura: título, resumo e/ou 15 abstract, introdução, material e método, resultados, discussões, conclusões e referências. Fases sensíveis de treinamento: períodos mais indicados para desenvolver determinadas capacidades neuromotoras, metabólicas e intelectuais do jovem atleta (FILIN & VOLKOV, 1998). Flexiteste: teste de flexibilidade com diversos movimentos para as articulações, quando é estabelecido um grau de 0 a 4 para a ação articular avaliada, no final todos os valores são somados e há a classificação da flexibilidade do atleta de futsal (ARAÚJO, 2005). Hemisfério: cada uma das duas partes do encéfalo, esquerdo e direito, forma a metade de uma bola (RABINOWICZ, PETETOT, GARTSIDE, SHEYN, SHEYN & COURTEN-MYERS, 2002). Hemisfericidade: dominância do hemisfério esquerdo ou direito para o processamento mental (MARQUES, RIBEIRO, ROCHA, BARROS, BORGES, DIAS FILHO, ARAUJO, GUAGLIARDI JÚNIOR, GODOY, SILVA & DA SILVA, 2005). Holístico: visão integral do ser humano. Intermitente: desporto onde ocorre esforço e pausa, durante a partida, o caso do futsal (KOKUBUN, MOLINA & ANANIAS, 1996). Lobo parietal: onde se localiza o córtex somatosenssorial primário e o córtex parietal posterior, esse lobo do encéfalo fica sob o osso parietal (JACOB, FRANCONE & LOSSOW, 1990). Metacognição: relacionada com as estratégias específicas para regular a orquestração de várias tarefas cognitivas que possuem a melhor resposta para resolver uma atividade (AUGUSTO DA SILVA, 2000). 16 Mielinizados: é o momento em que a bainha de mielina está em formação (WILMORE & COSTILL, 2001). Nervo óptico: estrutura do sistema visual central que vai do olho até o quiasma óptico, composto pelos feixe de axônios das células ganglionares cuja função é levar o estímulo nervoso ao quiasma óptico (BEAR, CONNORS & PARADISO, 2002). Núcleo geniculado lateral (NGL): o estímulo nervoso do tracto óptico vai para o córtex visual primário, onde ocorre a visão consciente (BEAR, CONNORS & PARADISO, 2002). Periodização tática: modelo de periodização que prioriza o treino com bola, com o todo da equipe, a tática (CARVALHAL, 2001). Quiasma óptico: formado pelo cruzamento do nervo óptico esquerdo e direito, a quiasma óptico leva o impulso nervoso para o tracto óptico (BEAR, CONNORS & PARADISO, 2002). Retina: camada mais interna do bulbo ocular, com a função de receber a luz, formando uma imagem mais nítida que o cristalino (JACOB, FRANCONE & LOSSOW, 1990). Scout: instrumento para a coleta de dados sobre a técnica e a tática de uma equipe, feita após filmagem ou gravação em vídeo cassete da transmissão pela televisão (TAVARES, 2006). O treinador observa as imagens da partida e anota as ações da sua equipe ou do oponente a lápis numa folha de papel que possui um campo reduzido do desporto (SILVA, 2006). Sessão: unidade de treinamento onde ocorre o aprendizado e/ou aperfeiçoamento desportivo (BARBANTI, 1997). A sessão é a menor estrutura organizacional do treinamento. 17 Sessão multilateral: experiência na iniciação desportiva em várias modalidades, a partir dos 15 aos 19 anos o competidor deve se especializar em um desporto, terminando com a sessão multilateral (VIEIRA, VIEIRA & KREBS, 1999). Sistema numérico face do relógio: scout para coletar as ações dos olhos do teste de CLEM (RIBEIRO, 2006). Sistema visual central: estrutura do encéfalo responsável pela formação da visão (BEAR, CONNORS & PARADISO, 2002). Tarefas do mundo real: estudos do aprendizado neuromotor com alta validade ecológica, porque a investigação do desporto ou de outro tema acontece em algum lugar que tenha aplicação prática no dia-a-dia (CORRÊA, 2006). Teste de movimento lateral conjugado dos olhos: teste que, conforme a movimentação ocular, estabelece o hemisfério dominante, após a análise da filmagem via televisão (OLIVEIRA, DA SILVA & SILVA, 2006). Teste de CLEM: é a abreviatura do nome do teste em inglês, conjugate lateral eye movement (CLEM), para estabelecer o hemisfério de supremacia (FAIRWEATHER & SIDAWAY, 1994). Tracto óptico: recebe o impulso nervoso do quiasma óptico, sendo constituído por um conjunto de axônios de células ganglionares da retina (BEAR, CONNORS & PARADISO, 2002). Treino cognitivo: sessão que obriga o atleta a resolver os problemas no decorrer do jogo, estimulando-o a raciocinar para solucionar tal tarefa (GRÉHAIGNE & GODBOUT, 1995). O técnico orienta, a solução do problema é dada pelo atleta que deve responder a questão e tentar fazer a ação adequada no próximo lance. Validade ecológica: relacionada com a aplicação prática do experimento para o mundo real (UGRINOWITSCH & MANOEL, 2005). Pesquisas de laboratório devido ao seu controle preciso possuem baixa validade ecológica, mas com alta validade 18 interna por causa da alta precisão do experimento (COSTA, 2001). Enquanto que investigações na competição proporcionam alta validade ecológica (alguns autores chamam de validade externa) e baixa validade interna porque não dá para controlar todas as variáveis intervenientes. Visão periférica: imagem iniciada pelos olhos e concluída pelo encéfalo na direção horizontal ou formando uma linha reta bem à frente do jogador (FERREIRA, 1994). Tornando possível ao competidor de futsal observar e analisar as ações dos desportistas que estão sem a bola. 19 1.3. Objetivo do Estudo O presente estudo pertence à área da Ciência da Motricidade Humana, na linha de pesquisa do Estudo dos Mecanismos e Processos de Aprendizagem da Conduta Motora. A pesquisa preocupou-se em identificar se o treino da visão periférica permitiu aos jovens jogadores de futsal não federados atuarem de cabeça erguida no ataque e observou se esse treino causou efeito na tática ofensiva, sendo considerado nas duas tarefas (aprendizado e ataque) a hemisfericidade. Foram comparados os desempenhos dos futebolistas do grupo experimental (fez o treino da visão periférica) e do grupo controle (fez o treino tradicional do futsal, ênfase na visão central). As atividades de ataque na competição foram filmadas para mais tarde serem analisadas olhando a televisão e foi utilizado um scout para coletar os dados. Os dados obtidos pelo estudo foram tratados pela estatística descritiva e inferencial. 1.3.1. Objetivos gerais Determinar o efeito do treino da visão periférica no ato de jogar de cabeça erguida nas ações do ataque e identificar o efeito do treino da visão periférica na tática ofensiva do futsal, levando em consideração a hemisfericidade nas duas tarefas (aprendizagem e ataque). 1.3.2. Objetivos específicos - Realizar o teste de CLEM com o intuito de identificar o hemisfério de processamento mental. - Observar se o tipo de prática (em bloco e aleatória) do aprendizado neuromotor permitiu na competição que os atletas atuem com ênfase na visão periférica, levando em consideração a hemisfericidade. 20 - Comparar a qualidade ofensiva do grupo experimental que fez o treino da visão periférica com o grupo controle que realizou o treino tradicional do futsal, levando em consideração a hemisfericidade. - Observar se o grupo experimental conseguiu diferença significativa nos gols em relação ao grupo controle, considerando-se a hemisfericidade. - Quantificar a freqüência e falta nas sessões com o intuito de observar se ambas influenciam no resultado do campeonato. 1.4. Identificação da Variáveis 1.4.1. Variáveis independentes O treino da visão periférica que foi realizado pelo grupo experimental, o treino tradicional do futsal que foi praticado pelo grupo controle, a preferência hemisférica e a atuação dos jogadores nas partidas em cada turno. 1.4.2. Variáveis dependentes Jogar com ênfase na visão periférica no ataque do grupo experimental, atuar com predomínio da visão central no trabalho ofensivo do grupo controle e identificar o desempenho ofensivo dos atletas na competição, do grupo experimental e do grupo controle. 1.4.3. Variáveis intervenientes Procurou-se controlar todas as variáveis possíveis que pudessem prejudicar o treinamento. Porém, não foi possível controlar na competição, a interferência da 21 torcida, a metacognição dos jogadores, os aspectos psicológicos, a deterioração da performance referente ao calor ou ao frio e outros que trazem decréscimo ou acréscimo no desempenho desportivo na disputa. 1.5. Justificativa do Estudo Ao consultar a literatura específica da tática ofensiva do futsal (AMARAL & GARGANTA, 2005; DIAS & SANTANA, 2006), foi observado que não existem investigações sobre o efeito do treino da visão periférica no ataque de iniciados do futsal e também, não foi encontrado, se esse treinamento possibilita que os jogadores ergam a cabeça significativamente no ataque, então, este trabalho parece ser inédito e poderá auxiliar os treinadores da modalidade e, indiretamente, os técnicos de outros desportos do futebol, como o de campo, o na areia etc. Também, não há referências (DANTAS & FERNANDES FILHO, 2002; HOFF & MARTIN, 1986) quanto ao uso da hemisfericidade, que possibilita ao professor ter um parâmetro do aprendizado e das ações de ataque dos atletas do treino da visão periférica. 1.6. Relevância do Estudo Espera-se que o resultado desse estudo possa contribuir para o conhecimento do treino da visão periférica no futsal e sua influência no aspecto ofensivo e no ato de erguer a cabeça (ênfase na visão espacial), levando em consideração nas duas tarefas (aprendizado e ataque) a hemisfericidade. Também, espera-se que essa investigação sobre o treino da visão periférica traga benefícios para os outros tipos de futebol. E que o teste de CLEM que estabelece a hemisfericidade seja uma avaliação comum nesse desporto, pois permite ao professor compreender porque determinados atletas são mais rápidos para aprender o treino da visão periférica e porque outros jogadores alcançaram melhor qualidade na tática ofensiva do futsal. 22 1.7. Delimitação do Estudo O presente estudo foi desenvolvido com meninos iniciados do futsal não federados, da comunidade carente de Ititioca e Atalai, em Niterói, Rio de Janeiro, e que freqüentavam o orfanato Lar da Criança Padre Franz Neumair. Jovens com idade entre 8 e 14 anos. Os dias de treino eram 3ª e 5ª feira e as sessões tinham 1 hora de duração, sempre pela manhã, entre 9 e 10 horas. A duração do estudo foi do dia 20 de março a 14 de junho de 2007, dando um total de 15 treinos e 2 campeonatos. 1.8. Limitação do Estudo Não foram observados se o aspecto metacognitivo, o condicionamento físico, a manifestação da torcida, a qualidade defensiva do oponente (goleiro e beques), os problemas psicológicos e outros que podem influenciar na condição ofensiva dos jogadores de futsal estudados. O scout apresentou limitações quanto à análise do jogo, afirmações encontradas em Tavares (2006), pois a seqüência de ataque foi observada sob a perspectiva de quem está com a bola. Os demais atletas deveriam ser estudados já que o posicionamento dos jogadores sem o implemento do jogo poderia influir na eficácia do ataque. Outra significativa limitação foi de não mensurar ao mesmo tempo a atividade de ataque e da defesa, impedindo o pesquisador de determinar se o ataque foi bom porque a defesa falhou ou se foi mérito do atacante. Porém, o autor anterior afirmou que estas limitações ocorrem no scout e até nos equipamentos sofisticados com tecnologia de ponta. 1.9. Pressupostos Teóricos Testes oftalmológicos são aplicados para observar a qualidade da visão do desportista (ABERNETHY & NEAL, 1999; BECKERMAN & HITZEMAN, 2003) e para comparar a qualidade da visão entre atletas e não desportistas (JAFARZADEHPUR, AAZAMI & BOLOURI, 2007) ou entre profissionais e aprendizes da modalidade 23 (ABERNETHY, GILL, PARKS & PACKER, 2001). Geralmente os competidores profissionais possuem melhor visão do que os iniciados no desporto ou do que não atletas. A visão pode ser treinada para otimizar o desempenho atlético do competidor na disputa (ABERNETHY & WOOD, 2001; BECKERMAN & FORNES, 1997). Apesar da literatura da oftalmologia ser conclusiva quanto à eficiência do treino da visão periférica na performance (WOOD & ABERNETHY, 1997), ele não é difundido entre os técnicos, em especial no futsal, foco dessa dissertação. Contudo, alguns pesquisadores da Educação Física afirmaram que a visão periférica no esforço físico é melhor em atletas do que em não desportistas (OLIVA AREVENA, ALARCÓN JIMENEZ, FERNADEZ URIBE, ARRIAZA ARDILES, WERNEKINCK ARMSTRONG, ESPARZA HENRIQUEZ & GÚZMAN NOVA, 1996), fato já corroborado há muito tempo na oftamologia (STINE, ARTERBURN & STERN, 1982). Mas a Educação Física tem pesquisado a visão no tempo de reação (GREEN, 2000), a diminuição visual e o desempenho nas tarefas do cotidiano (RAY, HORVAT, WILLIAMS & BLASCH, 2007), no aprendizado neuromotor (TEIXEIRA, 1998), o efeito visual na antecipação (FREUDENHEIM, OLIVEIRA, CORRÊA, OLIVEIRA, DANTAS, SILVA, MOREIRA & TANI, 2005), a obstrução dos olhos e depois a desobstrução do mesmo para identificar se otimiza o arremesso do basquetebol (OUDEJANS & COOLEN, 2003), no erro visual do árbitro (MARUENDA, 2004) ou do auxiliar (popular “bandeirinha”) (BALDO, RANVAUD & MORYA, 2002) em marcar com precisão a regra do futebol, no local que o goleiro do hóquei olha antes e durante a defesa (PANCHUK & VICKERS, 2006), no acerto da recepção do voleibol conforme a cor da bola (LENOIR, VANSTEENKISTE, VERMEULEN & CLERCQ, 2005) e outros estudos. Recentemente, o treino da visão periférica foi noticiado com alarde pela imprensa. A equipe profissional de futebol do Botafogo utilizou um equipamento fixado pouco abaixo do peitoral, denominado sutiã. Esse objeto encobria a visão do jogador quando ele olhava para a bola, obrigando o atleta treinar a visão periférica, ou seja, atuar na partida de cabeça erguida. Não foi possível aferir se o treino da visão periférica ajudou, mas o Botafogo foi campeão carioca de 2006. Vencendo a Taça Guanabara (primeiro turno), quando derrotou o América e na final do estadual, o Madureira. Porém, esse ocorrido é raro no campo desportivo. Entretanto, para a perfeita condução do treino da visão periférica, é necessário uma periodização bem formulada (WOOD, HAYTER, ROWBOTTOM & STEWART, 2005), enfatizando a 24 coordenação, sendo indicada a periodização tática (MARQUES JUNIOR, 2006). Com relação à metodologia de treino, a sessão para essa faixa etária precisa ser multilateral e evitar o erro da especialização precoce (LOPES, MAIA, SILVA, SEABRA & MORAIS, 2003). Propõe-se a prática de outras modalidades desportivas que obriguem os atletas a atuar de cabeça erguida e que ajudem o futsal, logo a inclusão do atletismo e do voleibol são atividades interessantes neste tipo de treinamento. Outro aspecto que contribuirá para o professor fazer um prognóstico da velocidade do aprendizado e no desempenho do treino da visão periférica na tática ofensiva dos atletas de futsal masculino, é a hemisfericidade, tema amplamente estudado no Mestrado em Ciência da Motricidade Humana da Universidade Castelo Branco (BELTRÃO, 2007). Determina-se a hemisfericidade com o teste de CLEM que é de fácil aplicação na amostra. Os atletas de hemisfério direito com processamento mental são melhores na tarefa motriz, já os desportistas com processamento mental esquerdo o raciocínio analítico se destaca (MARQUES, 2004). Sendo que 20 a 25% da população costuma ser mono-hemisfério e 75 a 80% bi-hemisfério, em atletas, é comum o predomínio do lado direito (RIBEIRO, 2006). Para ensinar e aperfeiçoar a jogar de cabeça erguida os futebolistas pelo treino da visão periférica, o técnico deve estar embasado na ciência do desporto e posteriormente observar se a tática ofensiva foi otimizada. Afinal de contas, a melhor maneira para avaliar o atleta dos jogos desportivos coletivos é na partida (COMÉDIAS, 2006), neste estudo foi no futsal. 1.10. Questões a Investigar Esse estudo observou o aprendizado do treino da visão periférica em atletas iniciados do futsal não federadas na competição. Também identificou na disputa o efeito do treino da visão periférica na tática ofensiva do futsal e na quantidade de gols. Para auxiliar o técnico a compreender porque determinados jogadores aprendem mais rápido e são mais hábeis no ataque, foi estabelecida a hemisfericidade de toda a amostra. 25 1.11. Hipóteses Esse estudo teve o intuito de determinar se o treino da visão periférica foi aprendido, causou uma melhora no ataque e proporcionou mais gols. Também essa pesquisa observou se a maior freqüência nas sessões influenciou no resultado do campeonato. Assim sendo, esta investigação testou as seguintes hipóteses: H01 - o treino da visão periférica tendo auxílio da hemisfericidade, não produziu efeitos significativos nos jogadores em atuar de cabeça erguida no ataque. H1 - o treino da visão periférica tendo auxílio da hemisfericidade, produziu efeitos significativos nos jogadores em atuar de cabeça erguida no ataque. H02 - o treino da visão periférica tendo auxílio da hemisfericidade, não produziu efeitos significativos sobre a tática ofensiva na competição de iniciados do futsal masculino. H2 - o treino da visão periférica tendo auxílio da hemisfericidade, produziu efeitos significativos sobre a tática ofensiva na competição de iniciados do futsal masculino. H03 - o treino da visão periférica tendo auxílio da hemisfericidade, não produziu efeitos significativos sobre o número de gols na competição do futsal. H3 - o treino da visão periférica tendo auxílio da hemisfericidade, produziu efeitos significativos sobre o número de gols na competição do futsal. H04 - a maior freqüência no treino não produziu melhores resultados na disputa. H4 - a maior freqüência no treino produziu melhores resultados na disputa. 26 CAPÍTULO II 2. REVISÃO DA LITERATURA Este capítulo foi estruturado em seções que fundamentam o objeto de estudo, explicado pelo autor no capítulo I. As seções foram organizadas da seguinte maneira: 2.1. Olho e sistema visual central, 2.2. Hemisfério, 2.3. Hemisfericidade, 2.4. Tática ofensiva do futsal e 2.5. Treino situacional do futsal. 2.1. Olho e Sistema Visual Central A área 7 de Brodmann, localizada no lobo parietal, é responsável pela visão. Formando com a área 5 da audição, o córtex parietal posterior, que também trata da atenção, da integração sensorial e visual (JENMALM, DAHLSTEDT & JOHANSSON, 2000). Apesar da complexidade do olho e do sistema visual central, estas estruturas do ser humano são muito pesquisadas (HEITWERTH, KERN, van HATEREN & EGELHAAF, 2005; KURATA, TSUJI, NARAKI, SEINO & ABE, 2000; MISSLISCH & HESS, 2002). Os componentes da visão, para funcionarem com qualidade, dependem da integração sensorial (BEERS, SITTING, DENIER & GON, 1999; BENT, INGLIS & McFAYDEN, 2004; CRAWFORD, MEDENDORP & MAROTTA, 2004). A performance de qualquer modalidade depende dos olhos e do sistema visual central (ISODA, 2005; SPENCER, IVRY, CATTAERT & SEMJEN, 2005). O olho atua como uma câmara fotográfica que focaliza a imagem pela retina, onde é convertida em impulso nervoso, que é encaminhado pelo nervo óptico para o encéfalo (GUYTON, 1988). A precisão visual na identificação do objeto, que é encaminhado para os dois hemisférios, depende de uma estrutura anatômica (SMYRNIS, THELERITIS, EVDOKIMIDIS, MÜRI & KARANDREAS, 2003). Bicas (1997), Jacob, Francone e Lossow (1990) dividem em anatomia externa do olho (constituída pelas pálpebras, cavidade orbitária, músculos extrínsecos do olho e aparelho lacrimal) e anatomia interna do olho (formado pelo bulbo lacrimal), também 27 esses autores explicam sobre essas estruturas. As pálpebras protegem os olhos da poeira e da luz forte através dos cílios, também defendem os olhos do impacto, quando ocorre o fechamento da cortina das pálpebras situada na região anterior do bulbo ocular. No canto lateral das pálpebras fica a corúncula lacrimal de cor vermelha com poucos pêlos e possuindo glândulas sebáceas. Próximo da corúncula lacrimal localiza-se o aparelho lacrimal que libera as lágrimas para limpar e lubrificar os olhos, também presente na emoção, no ato de chorar. Além desses componentes da anatomia externa do olho, existe a cavidade orbitária que atua na proteção do olho, sendo constituída por osso e possuindo gordura para acomodar o bulbo ocular. Para ocorrer uma ligação do bulbo ocular com a cavidade orbitária os músculos extrínsecos do olho atuam nessa união, também realizam a rotação e o suporte dos olhos. Na anatomia interna dos olhos existe o bulbo ocular composto por várias camadas (externa, média e interna). Na camada externa do bulbo ocular existe a esclera que atua como um envoltório protetor do olho dando sustentação ao mesmo. A córnea é outro componente da camada externa, ela é transparente e cobre o olho, agindo como superfície refratora (será explicada a seguir a refração). A camada média do bulbo ocular é composta pela coróide, corpo ciliar e íris. A coróide localizase abaixo e atrás da retina tendo função de nutrir essa região, sendo vascularizada e pigmentada, esta pigmentação impede o reflexo interno da luz. O corpo ciliar produz humor aquoso para alimentar a lente e a córnea. Enquanto que a íris apresenta a cor dos olhos, ficando à frente do cristalino, regula a quantidade de luz para o bulbo ocular. As fibras circulares da íris diminuem a pupila se a luz for abundante e na visão de perto, mas na pouca luz ou nenhuma, a íris aumenta a pupila através das fibras radiais. Essas fibras radiais também dilatam a pupila se a visão for distante. Na camada interna do bulbo ocular encontra-se a retina que proporciona uma melhor imagem. O leitor pode observar a anatomia externa do olho e interna do mesmo nas figuras a seguir: 28 Corúncula lacrimal (em vermelho) Canais lacrimais Figura 1: Anatomia externa do olho em www.colegiosaofrancisco.com/. Figura 2: Anatomia externa e interna do olho em www.colegiosaofrancisco.com/. 29 Figura 3: Anatomia interna do olho em www.nossaotica.com/. A formação da imagem pelo olho é fascinante (SOMMER & WURTZ, 2001; TSUTSUI, YAMAMOTO, ITO & OKA, 2001), e extremamente difícil de ser compreendido pelo estudante (ARBIB & ÉRDI, 2000). Mas Bear, Connors e Paradiso (2002) explicaram que esse acontecimento de forma concisa e clara: a íris e a pupila regulam a quantidade de luz que é absorvida, em seguida a córnea pratica uma refração na luz absorvida, ou seja, os raios de luz se curvam para se compactarem, proporcionando uma menor distância focal. Veja na figura 4 a refração: Figura 4: Córnea fazendo refração da luz em Bear, Connors e Paradiso (2002). 30 Após a refração na córnea, no cristalino a imagem se torna mais nítida por causa da acomodação. A próxima etapa da luz é chegar na retina, que forma melhor a imagem através dos fotorreceptores. Em seguida, a imagem é encaminhada para o encéfalo, no sistema visual central. Pode-se ver esses componentes na figura 5: cristalino Figura 5: Cristalino, retina e outros em www.colegiosaofrancisco.com/. A luz que passa pela retina é convertida em impulso nervoso no nervo óptico passa para o quiasma óptico e chegando no tracto óptico (PURPURA, KALIK & SCHIFF, 2003). Este percurso é denominado de projeção retinofugal. Exposto na figura 6: 31 Figura 6: Estruturas neurofisiológicas da projeção retinofugal em Bear, Connors e Paradiso (2002). Os nervos ópticos e os tractos ópticos são dois, um para esquerda e outro para direita. Sendo que o nervo óptico esquerdo conduz o impulso nervoso pelo quiasma óptico via tracto óptico direito, já o nervo óptico direito, encaminha o impulso nervoso para o quiasma óptico e, em seguida, este estímulo desemboca no tracto óptico esquerdo. Este fenômeno comprova que a visão é cruzada, fato que, também ocorre no controle motor (DeSOUZA, MENON & EVERLING, 2003). Assim, conforme a atividade dos olhos, o fluxo de oxigenação sangüínea é diferente no hemisfério esquerdo e no direito (BRECHMANN, BAUMGART & SCHEICH, 2001). Não sendo igual no trabalho das estruturas encefálicas da visão de cada hemisfério (FLOYERLEA & MATTHEWS, 2004; MACALUSO, FRITH & DRIVER, 2000), diferindo na atividade elétrica dos dois hemisférios quando ocorre a visão (RUSSO & BRUCE, 32 2000; PRAAMSTRA, BOUTSEN & HUMPHREYS, 2005) e outros. Esses componentes anatômicos são apresentados na figura 7: Figura 7: Nervo óptico, quiasma óptico e tracto óptico em Bear, Connors e Paradiso (2002). Continuando a explicar o sistema visual central, do tracto óptico, o estímulo nervoso passa pelo núcleo geniculado lateral (NGL) (NOWAK, MUNK, JAMES, GIRARD & BULLIER, 1999), indo em direção ao córtex visual primário ou V1, onde ocorre a visão consciente (READ & CUMMING, 2005). Esse caminho do NGL para o córtex visual primário é denominado de radiação óptica (BEAR, CONNORS & PARADISO, 2002). A figura 8 ilustra tais explicações: 33 A B Figura 8: O caminho da percepção visual consciente (A - secção horizontal do encéfalo, B – vista lateral) em Bear, Connors e Paradiso (2002). 34 O V1, que se situa no lobo occipital (área 17), é a primeira área visual cortical a receber o impulso nervoso do NGL (DISBROW, ROBERTS, POEPPEL & KRUBITZER, 2001; RAO & DAW, 2004). O V1 encaminha a informação para V2 e V3 (SAKATA, TAIRA, KUSUNOKI, MURATA & TANAKA, 1997). Estas regiões da área visual secundária, V2 e V3, possuem funções diferentes. A primeira, V2, atua na visão de profundidade (DURAND, ZHU, CELEBRINI & TROTTER, 2002), e a V3, encaminha o estímulo nervoso para V4 e V5, ambas também pertencentes à área visual secundária. A área V4 está associada à identificação da cor (JOHNSON, HAWKEN & SHAPLEY, 2004), enquanto que V5 ou área medial temporal (MT) está relacionada com a identificação da mudança da ação de um objeto pelo campo visual, informam a direção, ajudam na análise (NERI, BRIDGE & HEEGER, 2004). A área medial superior temporal (MST) recebe eferência cortical da área V5 (TUSA, MUSTARI, BURROWS & FUCHS, 2001), tendo função de navegação (noção dos objetos que passarem por nós em diversas direções e velocidades), orientação do movimento dos olhos (habilidade de sentir e analisar o movimento com os olhos) e percepção do movimento (interpretação dos objetos em movimento) (BEAR, CONNORS & PARADISO, 2002). A área V1, V2 e V3 pertencem ao feixe antecipado, a área V4 e lobo temporal inferior (IT) são do feixe ventral e a área MT e MST são propriedades do feixe dorsal (NERI, BRIDGE & HEEGER, 2004). A área IT recebe o impulso nervoso da V4, atuando na percepção e memória visual. Sendo a última região do encéfalo a participar da visão. Após a informação passar pelo IT ela se dirige para outras áreas ventrais, enquanto que na MST o estímulo é encaminhado para diferentes áreas, cuja atuação no olho e/ou no sistema visual central, a ciência ainda não conseguiu explicar. A figura 9 mostra todas as áreas corticais atuantes na visão: 35 Figura 9: O encéfalo com suas áreas visuais em Bear, Connors e Paradiso (2002). Anteriormente foi explicado que a visão é comandada contralateralmente pelo encéfalo, ou seja, o hemisfério esquerdo comanda o olho direito, enquanto que o hemisfério direito, a visão esquerda. Por isso, o hemisfério é tema do próximo subcapítulo. 2.2. Hemisfério O hemisfério de homens e mulheres possuem diferenças marcantes, fato observado em estudo neuroanatômico (RABINOWICZ, PETETOT, GARTSIDE, 36 SHEYN, SHEYN & COURTEN-MYERS, 2002). Os mesmos autores (2002) identificaram que a densidade dos neurônios é maior no sexo masculino, a quantidade de neurônios é superior em homens; no sexo feminino, o hemisfério esquerdo, relacionado com a fala, predomina. Segundo Bear, Connors e Paradiso (2002), o hemisfério esquerdo difere do direito. Geralmente, o lado esquerdo é maior do que o direito. Parece que essa superioridade de tamanho do hemisfério esquerdo está relacionada com a função da fala. Essa assimetria dos hemisférios levou Fernandes (2006) a algumas conclusões: . O lobo frontal direito é mais longo e comprido para frente. . O lobo occipital esquerdo é mais comprido para trás e mais largo. . A fissura lateral de Sylvius no hemisfério esquerdo é mais na horizontal. . A fissura lateral de Sylvius no hemisfério direito é mais para cima. . Diferenças neuroquímicas, o direito atua sob noroepinefrina e o esquerdo por dopamina. As diferenças dos hemisférios são importantes na função de cada um deles (COGHILL, GILRON & IADAROLA, 2001). O leitor pode observar os hemisférios nas figuras 10 e 11: Figura 10: O hemisfério esquerdo e direito em Jacob, Francone e Lossow (1990). 37 Figura 11: Os lobos do encéfalo em Guyton (1988). Ribeiro (2006) informou que os hemisférios são ligados pelo corpo caloso, um feixe nervoso na base da fissura longitudinal do córtex, que atua na comunicação entre ambos. Apesar de serem divididos pela fissura longitudinal, cada hemisfério atua de maneira contralateral nas ações do indivíduo (CRAMER, FINKLESTEIN, SCHAECHTER, BUSH & ROSEN, 1999), ou seja, o hemisfério esquerdo comanda os movimentos do lado direito, enquanto que o hemisfério direito atua nas ações dirigidas da região esquerda do ser humano (PAL, HANAJIMA, GUNRAJ, LI, WAGLE-SHUKLA, MORGANTE & CHEN, 2005). Nos hemisférios podem ocorrer diferenças no fluxo sangüíneo, nas ondas eletromagnéticas e no córtex motor em uma ação (MEDENDORP, GOLTZ & VILIS, 2005; MEDENDORP, GOLTZ, CRAWFORD & VILIS, 2005; PEARCE, THOMPSON & NORDSTROM, 2005). Na imaginação de uma seqüência motora da mão esquerda pode não ser igual o estímulo magnético cortical, sendo geralmente mais pronunciado no hemisfério direito (SOHN, DANG & HALLETT, 2003). Também foi evidenciado em pesquisa, 38 que o córtex somatosenssorial primário (HARTMANN & BOWER, 1998) e o córtex parietal posterior (VYAZOVSKIY, BORBELY & TOBLER, 2002) atuam similares em alguns momentos e diferentes, nas ações e no sono. O próximo sub-capítulo continuará explanando a diferença hemisférica e a distinção do trabalho dos hemisférios. 2.3. Hemisfericidade Hemisfericidade é o maior processamento mental em um dos hemisférios, proporcionando mais competência para um determinado número de tarefas. Na população 75 a 80% é bi-hemisfério, mas geralmente ou o hemisfério esquerdo ou o direito possui preferência no processamento da informação. Enquanto que 20 a 25% dos seres humanos possuem forte processamento mental em um dos hemisférios, ou o esquerdo ou o direito. Torna-se importante conhecer o hemisfério de maior processamento mental de um jogador de futebol de salão (futsal) para o professor compreender o porquê de certos indivíduos aprenderem mais rápido determinadas tarefas ou as desempenharem melhor. O hemisfério esquerdo é dominante na linguagem (PAULA NETO, 2004) e possui habilidade em coordenar a ação complexa (VERSTYNEN, DIEDRICHSEN, ALBERT, APARICIO & IVRI, 2005). O hemisfério direito tem competência para visão espacial (McGUIRE, ROBERTSON, THACKER, DAVID, KITSON, FRACKOWIAK & FRITH, 1997) e é hábil para atividades motrizes (NAITO, ROLAND, GREFKES, CHOI, EICKHOFF, GEYER, ZILLES & EHRSSON, 2005). Fairweather e Sidaway (1994) informaram que atletas com hemisfério de processamento mental esquerdo aprenderam melhor através da instrução verbal do técnico, enquanto que os competidores com hemisfério de processamento mental direito, o conteúdo foi absorvido com boa qualidade através da orientação nãoverbal. Medeiros e Da Silva (2003) acrescentaram que a preferência no processamento da informação pelo hemisfério esquerdo ocorreu melhor engramatização do ensinado quando as tarefas foram analíticas e verbais, já o hemisfério de processamento mental direito, aprendeu significativamente quando o treino foi holístico e não-verbal. O ensino não-verbal para o hemisfério de 39 preferência no processamento da informação direito pode ser transmitido por observação de imagens, copiando as ações do professor e de um colega etc. Não se pode esquecer que a forte preferência no processamento da informação pelo hemisfério esquerdo precisa de treino prático. Muito eficaz para esses desportistas é o treino cognitivo no qual o técnico faz perguntas ao atleta que responde e executa a tarefa adequada. Geralmente, esse procedimento é realizado após uma ação inadequada do jogador. Em relação ao aspecto da personalidade, Marques, Ribeiro, Rocha, Barros, Borges, Dias Filho, Araújo, Guagliardi Junior, Godoy, Silva e Da Silva (2005) afirmaram que a hemisfericidade influencia no processamento cognitivo. O hemisfério esquerdo de processamento da informação atua na liderança de um grupo quando comparado ao direito, também, o indivíduo com hemisfério esquerdo de processamento mental, possui um auto-controle superior ao do bi-hemisférico e hemisfério direito de processamento da informação. Em contra partida, o ser humano com hemisfério esquerdo preferencial da informação é mais ansioso do que o bi-hemisférico. Mas as pessoas com preferência mental pelo hemisfério direito são mais independentes e desinibidas do que as com forte tendência da informação pelo hemisfério esquerdo. Porém, a hemisfericidade direita costuma ser mais ansiosa do que o bi-hemisfério. Quando o bi-hemisfério é comparado com o direito no autocontrole e liderança de uma equipe, ele se sai melhor. Comparando o bi-hemisfério com o mono-hemisfério de preferência esquerda, na independência, liderança e extroversão, os primeiros são superiores. Pável (2003) destacou as competências do hemisfério esquerdo de processamento mental e do hemisfério direito de processamento da informação, lembrando que se o indivíduo for bi-hemisfério, ele possui um lado de maior processamento mental, esquerdo ou direito. As competências são: Hemisfério Esquerdo (sobressai no processamento verbal, temporal, etc) . Processamento da fala; . No pensamento intelectual, racional, verbal e de análise; . Elaboração gramaticais mais difíceis; . Facilidade para identificar letras feitas na palma da mão direita (estereognosis); . Percepção e processamento temporal; . Precisão e velocidade; 40 . Superioridade em caracterizar o parâmetro temporal no comando motor; . Participa no controle seqüencial do programa motor; . Importante na sucessão de transição postural de um movimento para outro; . Atua no programa de movimentos seqüenciais dos dois lados do corpo; . Reconhecimento de palavras; . Utilização de palavras para descrever, definir e manobrar; . Nomeia objetos colocados na mão direita; . Processamentos analíticos, em especial na produção e compreensão da linguagem; . Facilidade para reconhecer a fala humana; . Maior concentração de dopamina no globo pálido esquerdo, acarretando numa prontidão de ação no comportamento humano; . Organização e “timing” do movimento seqüencial; . Mais adaptado para processar altas freqüências audiovisuais; . Especializado para codificar informações finais; . Facilidade para identificar figura fundo no jogo dos sete erros; . Extração de conclusões baseando-se na lógica, tudo seguindo uma ordem lógica. Hemisfério Direito (sobressai nas tarefas não verbais e espaciais) . Percepção e orientação espacial; . Processamento espacial dos aspectos motores; . Habilidades perceptivas viso-espaciais; . Mais competente no processo viso-motor; . Visão da figura como um todo (Gestalt); . Conhecimento das coisas através de uma relação não-verbal; . Competente na organização do esquema corporal; . Controle postural; . Facilidade no processamento perceptivo em habilidades grosseiras; . Processamento holístico; . Processamento simultâneo das informações; . Habilidades musicais; . Processamento rítmico interno e externo, com influência no andar, dançar e falar; . Processamento para as notas musicais, sons de animais; . Reconhecimento de faces e expressões faciais; 41 . Reconhecimento de figuras geométricas através do tato e da visão; . Melhor performance na realização de tarefas não-verbal relativas a espacialidade; . Processa informações visuais de baixa freqüência espacial. Neste sub-capítulo, o estudante soube a importância de conhecer hemisfericidade, já que o hemisfério de forte processamento mental pode influenciar no aprendizado ou na tática ofensiva do time de iniciados do futsal. É importante que o técnico conheça a fundamentação científica do ataque do futsal, que será ensinado a diante. 2.4. Tática Ofensiva do Futsal Desportos de invasão caracterizam-se por uma tática ofensiva que depende da posse da bola (GRÉHAIGNE, GODBOUT & BOUTHIER, 1999). O aspecto metacognitivo dos atletas é de extrema importância para a qualidade do ataque (NEVETT, ROVEGNO, BABIARZ & McCAUGHTRY, 2001) porque a tomada de decisão depende dessa variável (NEVETT, ROVENGO & BABIARZ, 2001), resultando geralmente no chute para o gol (GRIFFIN, DODDS, PLACEK & TREMINO, 2001). Contudo a qualidade da tomada de decisão está diretamente ligada ao nível de entendimento do atleta sobre o jogo e de um treino que obrigue o competidor a raciocinar, o treino cognitivo ou construtivista (tem o mesmo significado, só mudando a nomenclatura) (GRÉHAIGNE & GODBOUT, 1995). Essas sessões costumam ser constituídas pelo jogo ou pelo treino situacional (TURNER & MARTINEK, 1995), mas o técnico não dá a resposta em uma jogada inadequada, ele faz perguntas para o atleta de futebol de salão (futsal) sobre o motivo do lance errado, induzindo o competidor a responder e depois tentar resolver essa tarefa em uma jogada parecida com a ação recomendada. Essa tomada de decisão no futsal pode ser treinada no jogo ou com recursos de vídeo o atleta responde o que fazer da maneira mais eficaz, a metacognição (OLIVEIRA, 2002). Bianco (2006) acrescentou que a percepção e a antecipação em uma jogada tem alta demanda da metacognição. Araújo (2003) lembrou que, além da metacognição, há outros fatores importantes na tática ofensiva do futsal: diversos aspectos neurais estão incluídos 42 na jogada - por exemplo: o sistema límbico, o controle motor, a hemisfericidade, o sistema visual e outros como o sistema cardiovascular e a atuação hormonal. Segundo Tavares e Faria (1996), 75% é gasto para efetuar a tomada de decisão e 25% é o tempo que o atleta de futsal leva para executar uma habilidade neuromotora. Mas com a atenção elevada, o jogador desempenha a tática ofensiva com mais rapidez (FONTANI, MAFFEI, CAMELI & POLIDORI, 1999). Geralmente, as ações de ataque mais adequadas são as dos desportistas mais experientes (KIOUMOURTZOGLOU, MICHALOPOULOU, TZETZIS & KOURTESSIS, 2000) e bem psicologicamente (PEDERSEN, 2000). Essas atividades bem realizadas na tática ofensiva não estão só relacionadas com o tempo de treino, um fator importante é a inteligência de jogo ou pensamento tático (FRENCH, WERNER, TAYLOR, HUSSEY & JONES, 1996). É mostrado em pesquisa, que equipes de futsal feminino ou masculino ou de outros desportos coletivos com alto nível de pensamento tático são melhores qualificadas nas competições (GRECO, BASTOS, NOVELI, FERREIRA FILHO, NOCE, PAULA, SOUZA & COSTA, 1998). A inteligência tática só se desenvolve bem no educando do futsal a partir do período operacional formal, de 12 anos em diante. Nesse momento, o jovem domina o pensamento abstrato que facilita a tomada de decisão, que depende muito da atenção. No educando do período operacional concreto, a concentração não ocorre com qualidade. Ele se distrai com facilidade, talvez, porque os neurônios não estejam todos mielinizados, o que provoca um impulso nervoso mais lento. Há que se lamentar que no Brasil o aprendizado da tática dos atletas é realizado sem um direcionamento específico desse trabalho (GRECO, 1999). Assim, torna-se deficiente a tarefa do técnico do pré-púbere ao pós-púbere, que é de formar o futuro atleta profissional (BRANDÃO, 2003). Recomenda-se que os treinadores dos iniciantes sejam aqueles com maior conhecimento científico e prática para amenizar esse ocorrido. As ações inerentes à tática ofensiva do futsal depende do controle motor, o planejamento do movimento inicia-se no córtex parietal posterior e no córtex somatossensorial primário (CHAPMAN & MEFTAH, 2005). É o nível hierárquico mais alto do controle motor, a estratégia. Em seguida, o estímulo de ambos os córtex dessa etapa da estratégia encaminha a informação para a área 6 que analisa e passa para os gânglios da base. A informação é enviada para o tálamo, retornando à mesma área 6, onde o resíduo da ação fica organizado. Isso tudo acontece em um 43 lance da tática de ataque do futsal. Em seguida, a área 6 encaminha a informação para a área 4 ou M1 que atua no início do movimento (KIM, ELIASSEN & SANES, 2005). Nesse começo da ação tática de ataque, o cerebelo atua na precisão do movimento, no equilíbrio, na correção da motricidade inadequada etc (GOODKIN & THACH, 2003). Essa etapa é o nível hierárquico médio do controle motor, a tática. A última etapa da tática ofensiva do futsal no controle motor, a execução da ação ocorre no baixo nível hierárquico. A área 4 encaminha o estímulo para o tronco encefálico (CRAMMOND, 1997) e posteriormente, essa informação vai para a medula espinhal e chega aos músculos pelos nervos, a unidade motora (NAFATI, SCHMIED & ROSS-DURAND, 2005), desencadeando a ação (WESTGAARD & DE LUCA, 2001), que depende da força e direção (PIGEON, BORTOLAMI, DIZIO & LACKNER, 2003a). Após a leitura sobre o controle motor, é possível entender a importância da neurociência para a compreensão da tática ofensiva do futsal. Não se pode esquecer que o ataque do futsal depende de outra área cortical, o sistema límbico, responsável pela emoção. A emoção de realizar o ataque é respondida pelas alterações fisiológicas do organismo dos atletas de futsal. A teoria da emoção decorrente do aspecto fisiológico foi proposta em 1884 por JamesLange: o desportista recebe informações sensoriais dos neurônios que são encaminhadas para o encéfalo, mudando a expressão facial, a freqüência cardíaca e outros. Completa-se essa teoria num lance da tática ofensiva com os estudos de Cannon-Bard, publicado em 1927: o atleta de futsal recebe o estímulo da emoção via a ativação talâmica podendo ou não ocasionar mudança facial para depois ocorrer a reação. Essas teorias divergem, mas, conforme a situação de ataque do futsal de iniciados, uma das teorias predomina. A diferença entre as duas teorias é que: na teoria de James-Lange, o jogador sente alegria em conduzir a bola no ataque e ocorrem diversas mudanças fisiológicas no organismo, reagindo com riso, enquanto que na teoria de Cannon-Bard, primeiro o jogador de futsal sente o estímulo da alegria no encéfalo, para depois ocorrer a manifestação. A emoção desempenha um papel tão forte em desportistas do futsal que pode prejudicar ou até otimizar o ataque de uma equipe (HERNANDEZ & GOMES, 2002), principalmente em desportistas iniciantes. Essas alterações fisiológicas podem ser detectadas pela taxa de cortisol liberada por esses competidores (FERRET, MATHIAN, DUPUIS, MARTIN, PERETTI & DAVID, 2004). 44 A visão periférica é responsável pela qualidade da jogada e acontece na manifestação da emoção e nas tarefas do controle motor no ataque do futsal, assim o atleta é orientado a jogar de cabeça erguida, ou seja, no plano de Frankfurt para exercitar este componente (visão periférica) com maestria na tática ofensiva. A atividade do futsal necessita da visão periférica (McPHERSON, 1994) e na idade de iniciação, 10 a 12 anos ou pouco mais (SILVA, FERNANDES & CELANI, 2001), os atletas já dispõem do padrão visual de adulto (FARINATTI, 1995). Fato que não ocorre aos 9 anos ou menos idade, pois a visão é menos apurada para acompanhar a trajetória de um objeto, o que ocasiona significativa limitação para iniciação desportiva destes. Então, a qualidade visual afeta na tomada de decisão (WILLIAMS & DAVIDS, 1998), no tipo de ataque do futsal e outras ações ofensivas desse desporto. Tavares (1991) informou que conforme o desporto ou posição do atleta na equipe, esse competidor tem um estímulo visual diferente para efetuar com velocidade a tomada de decisão. Logo, o sistema visual do goleiro para reagir com rapidez ao perigo na área é totalmente diferente ao do beque (WISIAK & CUNHA, 2004), diferindo ainda mais do dançarino (WUYTS & BUEKERS, 1995), tanto na performance como no aprendizado (CARNAHAN, HALL & LEE, 1996). É provável que a qualidade da visão periférica seja um dos motivos que difere os melhores jogadores de futsal dos inferiores. Será que a qualidade da visão periférica otimiza a atenção no ataque do futsal? Consultando a literatura, nada é informado sobre essa questão (PIGEON, BORTOLAMI, DIZIO & LACKNER, 2003). Nota-se que no ataque do futsal, o controle motor, a emoção e a visão periférica estão interligados para exercer o componente ofensivo dessa modalidade. Todavia, conforme o hemisfério de preferência no processamento mental, a tática ofensiva apresentará um tipo de qualidade, boa ou ruim. A preferência no processamento da informação pelo hemisfério esquerdo é mais apta para atividades analíticas, o direto tem mais competência para trabalhos motrizes. Conclui-se que nos desportistas a hemisfericidade ideal é a direita. Outros fatores que podem influenciar o ataque do time, e são estudados em artigos que abordam a tática, é a memória declarativa e não-declarativa (SOUZA, PAULA & GRECO, 2000). Segundo Bear, Connors e Paradiso (2002) a memória declarativa é usada no dia-a-dia e serve para lembrar de fatos e eventos. A memória não-declarativa divide-se em vários grupos, o de maior interesse é a memória de procedimento, atuante nas habilidades, hábitos e comportamentos. A memória de procedimento resultante da experiência e 45 a memória declarativa é adquirida pelo esforço consciente. Greco (2006) informou que a memória declarativa atua no “o que fazer” (tática) e a memória de procedimento no “como fazer” (técnica). Garganta (2002) afirmou que o nível competitivo do atleta influi na qualidade da memória declarativa e da memória de procedimento. O futsal é um desporto coletivo de contato físico (GRECO & CHAGAS, 1992), com freqüente confronto entre ataque e defesa (GRÉHAIGNE, GODBOUT & BOUTHIER, 1997), apresenta ações de alta velocidade (LIMA, SILVA & SOUZA, 2005) num espaço pequeno de jogo, geralmente em poucos segundos numa metragem de no máximo cinco a dez metros ou menos (BARROS & CORTEZ, 2006) e depende de um bom tênis para realizar as ações táticas do jogo com maestria (SERRÃO, SÁ & AMADIO, 2000). A modalidade é intermitente e acíclica, o período de pausa é maior do que a fase ativa, beneficiando a recuperação do esforço e proporcionando ações táticas velozes no jogo, que podem ser com bola ou não (SOARES & TOURINHO FILHO, 2006). Desempenhado de maneira diferente conforme a posição do atleta (BALIKIAN, LOURENÇÃO, RIBEIRO, FESTUCCIA & NEIVA, 2002), é praticado pela condução de bola, no passe, na cabeçada, no chute e outros fundamentos do futsal. A intensidade e o volume das ações táticas tendem a diminuir no final do primeiro tempo e na etapa final do segundo tempo da partida, devido ao cansaço e decréscimo do glicogênio muscular. Neste desporto, a visão periférica influi decisivamente na tática ofensiva de qualidade (RINK, FRENCH & TJEERDSMA, 1996). Principalmente porque, para o ataque conseguir desorganizar a defesa, depende da imprevisibilidade, a fim de que o modelo de jogo ofensivo cause supremacia sobre os beques do oponente (GARGANTA, 1996). O fator surpresa, mas com racionalidade ofensiva, é fundamental nos jogos desportivos coletivos (SISTO & GRECO, 1995). O modelo de jogo do ataque é uma regra pré-estabelecida, que é alterada por uma situação problema, a fim do sistema ofensivo conseguir efetuar a jogada com qualidade (BENTES, 2004). No futsal, a tática ofensiva é construída pela condução da bola, drible, finta, passe e recebimento do passe. Sendo um ciclo que é interrompido com a perda da bola ou com a finalização, geralmente um chute, mas as vezes ocorre a cabeçada. Neste jogo, atletas da linha e até do gol podem atuar no esquema ofensivo, observado no modelo de jogo, a tática. Portanto, o futsal é uma modalidade de cooperação e oposição (NOCE, GRECO & SAMULSKI, 1997), 46 caracterizado por uma tática com atuação no “o que fazer”, e a técnica participando no “como fazer”, para solucionar o problema ofensivo da equipe de futsal. Conclui-se que a tática ofensiva do futsal é uma atividade coreográfica, dependendo da ludicidade e da inteligência de jogo dos futebolistas. Contudo, as ações táticas ofensivas são praticadas pela força no aspecto bio-operacional e bio-estrutural e o técnico monta o modelo de jogo ofensivo conforme o compêndio bio-operacional e bio-estrutural da força de seus atletas iniciadas do futsal masculino. Apesar da tática atuar como fator decisório no jogo, ela é pouca pesquisada devido à dificuldade de investigação (GARGANTA, MAIA & MARQUES, 1996; MAIA, 2000). Atualmente, a análise do jogo de uma equipe concentra-se no aspecto tático (CUNHA, BINOTTO & BARROS, 2001). O estudo qualitativo da tática é de capital importância para o rendimento dos jogos desportivos coletivos (RAMOS FILHO, & ALVES, 2006), neste caso a tática ofensiva do futsal masculino. Porém Low, Taylor & Williams (2002) lembraram que a análise do jogo, a tática, é mais proveitosa quando abrange os aspectos quantitativo e qualitativo. O treinador compreende a alta quantidade de chutes de sua equipe porque as jogadas ofensivas vêm sendo bem organizadas a partir do meio-campo (qualitativo). Então, o scout da tática ofensiva do futsal precisa fundamentar-se no número de ações de ataque, associado a conceitos espaciais onde os lances começam e terminam, mas com uma classificação qualitativa em relação à jogada, boa, ruim e outras. Na realidade, o que a análise do jogo tenta responder para o treinador são as quatro questões (GARGANTA, 2001): 1 - Quem realizou a jogada (quantitativo)? 2 - Como (ex. lançamento) e de que tipo (ex. boa ou ruim) é praticada a ação tática (quantitativo e qualitativo)? 3 - Onde foi praticada a ação tática (ex. do meio-campo para o ataque com perfeição) (quantitativo e qualitativo)? 4 - Quando é efetuado a atividade tática (ex. no momento que a defesa está adiantada e tendo excelente lançamento) (quantitativo e qualitativo)? 47 Silva (2006) ilustrou como ocorre a interação da análise do jogo entre o aspecto quantitativo e qualitativo: Quantitativa Jogador Produto (gols) Dados avulso Ações técnicas ANÁLISE DO JOGO Qualitativa Equipe Organização Análise de seqüências Unidades táticas Figura 12: Análise do jogo da atualidade pelos treinadores da vanguarda. Mas como realizar uma análise quantitativa e qualitativa do ataque do futsal masculino? Oliveira (1993) informou que a análise do jogo possui vários objetivos, na tática pode tentar diagnosticar a qualidade da jogada e o número de vezes que ela ocorreu. Sendo assim, é interessante demarcar o local que iniciou, foi construída e desenvolvida e foi concluída a jogada de ataque. Sugere-se que as ações táticas no futsal sejam estudadas em quatro quartos (1° quarto: 0 a 10`, 2° quarto: 11 a 20`, 3° quarto: 21 a 30` e 4° quarto: 31 a 40`) (DIAS & SANTANA, 2006) para que o treinador identifique, mais facilmente, a otimização e decréscimo nesses períodos, realizando uma análise mais criteriosa. Após o estudo dos quatro quartos, recomenda-se a pesquisa dos valores do primeiro e segundo tempo em separado, por último, a investigação de todos os dados ofensivos da partida para obter-se um panorama tático do ocorrido (LAMAS & SEABRA, 2006). O estudo tático das partes leva à investigação do todo. Indica-se a análise do grau da tática ofensiva e do grau da visão periférica no ataque. O grau é a pontuação sobre a qualidade da seqüência ofensiva e o número de vezes desse acontecido, a quantidade. Atualmente, é possível realizar a análise do jogo pela informática (BARROS, BERGO, ANIDO, CUNHA, LIMA FILHO, BRENZIKOFER & FREIRE, 2002), mas este recurso 48 tecnológico é oneroso. A literatura nacional (CORRÊA, DA SILVA & PAROLI, 2004) e internacional (ANDERSEN, TENGA, ENGEBRETSEN & BAHR, 2004) aceitam de bom grado, apesar de ser uma atividade que exige tempo e destreza do investigador (TAVARES & VICENTE, 1991), o scout que é um equipamento confiável (MOUTINHO, 1991). Isto foi confirmado por Oslin, Mitchell e Griffin (1998) que encontraram no scout proposto para o futebol uma correlação (r) de 0,84 na tomada de decisão, um r de 0,97 na execução técnica e um r de 0,86 no auxílio do jogador ao companheiro que está com a bola. O r é alto em dois momentos e excelente em uma vez nesse scout. Porém, no mestrado da UCB o r é alto a partir de 0,86. Entretanto, Tavares (2006) lembrou que o equipamento de ponta e o scout possuem limitações, que são: a) A coleta de dados apresenta apenas o que o competidor realizou na jogada, mas não indica o que deveria fazer e a ação que não fez. b) A análise é no jogador que está com a bola, não investigando as ações que os demais fazem para o sucesso e insucesso da jogada realizada. c) Não é possível observar todo um time, prejudicando também a averiguação do oponente. d) O estudo do jogo não determina o aspecto psicológico, a influência da torcida, a motivação em vencer a partida, as lideranças dentro do grupo e outros fatores que influenciam na disputa, mas que não são ações táticas da equipe. e) Só é avaliada uma equipe, sem observar ao mesmo tempo a atuação do adversário. f) Não consegue predizer o comportamento individual e coletivo do time no decorrer da partida, não podendo evitar a imprevisibilidade das ações do oponente e não conseguindo dizer se a equipe se adaptou à mudança tática do adversário. Pode-se acrescentar outras limitações: 49 g) Não observa se a metacognição e o condicionamento físico influenciam no jogo. h) Não tem capacidade de identificar o quanto o clima quente ou frio prejudica o desempenho na competição. i) Não pode estabelecer se a mudança de campo (jogar fora de casa) no aspecto espacial prejudica os atletas na partida. Tavares (2006) concluiu: Por conseguinte, as informações obtidas por observação podem apresentar vários riscos. Por isso, os treinadores devem ter cuidado para que as suas observações não sejam supervalorizadas. Com a mesma cautela devem ser analisadas as estatísticas de jogo. Elas incidem sobre um número restrito de observações e não deve, em caso algum, tornar-se o único critério para mudar as opções de jogo. Orientar uma equipe unicamente com base em dados estatísticos seria a pior das coisas (p. 63). No futsal a maioria dos gols ocorre no final do jogo, 2º tempo, entre 31 e 40 minutos (DIAS & SANTANA, 2006). O mesmo estudo demonstrou que o segundo momento com mais gols é no final do 1º tempo, entre 11 e 20 minutos. Esse fato corrobora com as informações das referências, que apontam como causa a fadiga e o decréscimo do glicogênio muscular, para a maior ocorrência de gols nesse período, final da primeira e segunda etapa (GUERRA, SOARES & BURINI, 2001; DA SILVA, 2006), o mesmo acontece no futebol de campo. Logo, é possível concluir que a fadiga dos atletas causa este fato (REILLY, 1994). Mas conforme se desenvolve o jogo, o oponente se acostuma com o sistema tático defensivo, podendo ser este outro motivo do maior número de gols no fim do primeiro e segundo tempo. Então, indica-se que esse assunto seja estudado para verificar se é a fadiga a única variável responsável pelos tentos no término da primeira e segunda etapa. Segundo Amaral e Garganta (2005), a maior parte dos sucessos ofensivos no futsal ocorrem no meio-campo ofensivo e no ataque. Geralmente, a atividade de ataque mais utilizada é a condução da bola, a fim de ultrapassar o defensor. Isto pode indicar que a situação 1 contra 1 (1x1) é corriqueira no jogo. Acontecem mais chutes no ataque e no meio–campo ofensivo, devido à proximidade do gol, confirmando a afirmativa das pesquisas, que as situações ofensivas de 1x0 são 50 raras nesse desporto (SILVA, 2006). O chute é a ação mais comum de finalizar os ataques do futsal. Há variantes como a cabeçada, com a coxa e outros. Essas jogadas de ataque costumam ser em alta velocidade (SILVA, BAÑUELOS, GARGANTA & ANGUERA, 2005) ou através de lances inesperados, como na cobrança do córner direto para o gol (BORRÁS & BARANDA, 2005). O sucesso do remate depende da força rápida dos membros inferiores e da boa técnica biomecânica do atleta em fazer esse fundamento (TEIXEIRA, SANTIAGO & CUNHA, 2003), da maneira (técnica) de golpear a bola com os pés (BRAY & KERWIN, 2003), da alta qualidade da visão periférica, da precisão em acertar a meta em local de difícil acesso para o goleiro, e outros. É interessante que o jogador seja apto a chutar com ambas as pernas, porque pode surgir durante a partida situação que obrigue a usar o membro inferior esquerdo ou direito (MIRANDA, 2005) e possuir no remate ótima inteligência para efetuar a ação (REILLY, BANGSBO & FRANKS, 2000). Pode-se acrescentar ao chute eficaz o excelente condicionamento. Reilly (1997) afirmou que os maiores esforços do jogo são com bola, logo, é importante a inclusão desse implemento em todas as sessões do futsal, principalmente para iniciados. Papaioannou, Ballon, Theodorakis e Auelle (2004) acrescentaram que o melhor percentual de chutes para o gol é conseguido com o atleta praticando os remates e recebendo instruções do treinador na sessão. O remate com êxito para o gol ou próximo da baliza possui uma seqüência de quatro ou menos passes (HUGHES & FRANKS, 2005) e/ou poucos toques de condução da bola pelo chutador. Na medida em que o número de passes e condução da bola aumentam, o ataque torna-se menos eficaz, diminui o efeito surpresa (PINTO & GARGANTA, 1996), há dificuldade em desequilibrar a estrutura defensiva, prejudicando o chute. Nesse mesmo raciocínio, Marques Junior (2004) afirmou que o ataque é mais eficaz se a troca de passes for em alta velocidade, não permitindo que o adversário posicione a sua defesa em condições ótimas. Os vencedores da partida costumam ser os que tem a posse de bola por mais tempo (LAGOS OLIVO, 2002) e os que chutam mais para a meta. Contudo, é bom lembrar que o tipo de marcação do oponente (individual, toda quadra, meia-quadra, por zona, losango e quadrado) pode influenciar no início ofensivo, na construção e desenvolvimento ofensivo e na finalização da tática de ataque. Portanto, a investigação do efeito do treino da visão periférica na tática ofensiva de iniciados do futsal masculino parece ser uma novidade e é extremamente 51 relevante, principalmente para um desporto, ainda, pouco pesquisado, cujo ápice é o ataque, e a tática é variável imprescindível para a vitória. Como a dissertação foi pesquisada em quatro situações de ataque, é interessante o estudo do treino situacional, que será apresentado no sub-capítulo 2.5. 2.5. Treino Situacional do Futsal O treino situacional consiste na decomposição do jogo de futebol de salão (futsal) em uma ou mais partes para trabalhar um momento específico da partida simulando uma disputa oficial (TIEGEL & GRECO, 1998). Por exemplo, o treinador que quer otimizar o ataque a partir do meio-campo ofensivo utilizando o treino situacional, pode elaborar uma sessão de ataque com dois atacantes orientados a fazer diversos passes entre si, dribles e outros, para vencer a marcação de dois jogadores e depois finalizar para o gol. O objetivo do treino situacional do futsal é a melhora do ataque, assim o foco de atenção do técnico é a qualidade ofensiva, mas, ao mesmo tempo, os defensores e o goleiro são treinados. Uma das vantagens dessa tarefa é a alta motivação que esse trabalho ocasiona, o atleta vivencia uma parte do jogo, facilitando a correção dos erros pelo técnico (DAOLIO, 2002), além de exercitar num só treino, o ataque e a defesa (GARGANTA & GRÉHAIGNE, 1999). O número de atletas participantes no treino situacional é variado, merecendo que o professor converta as situações que deseja exercitar em um momento do jogo (TAVARES & VELEIRINHO, 1999). Ele pode treinar um jogador contra um goleiro (1x1), um atleta de linha versus um jogador e um goleiro (1x1x1) e outras variações (GRAÇA & MESQUITA, 2002). Conforme o número de atletas no treino situacional, pode-se exercitar a tática individual, a tática em grupo (ações entre dois ou três jogadores) e a tática coletiva (ações simultâneas entre três ou mais atletas). Garganta (1998) revelou que o trabalho tático do treino situacional exige muito da memória declarativa e da memória de procedimento, capacitando o atleta a resolver a situação-problema e segundo Freire Silva e Rose Junior (2005), esta sessão permite ao jogador analisar o erro no momento da partida através de considerações técnicas e táticas com explicação precisa do treinador ou com raciocínio do desportista pelo treino cognitivo. 52 Reconhecendo o caráter de reprodução da realidade da competição apresentado pelo treino situacional, aconselha-se ao técnico de futsal ministrá-lo com cuidado. Nunes, Beltrão, Camões e Carreiro da Costa (2002) explicaram que um número alto de erros na atividade proposta interfere no aprendizado ou no aperfeiçoamento da situação de jogo treinada. Mas o problema pode ser solucionado elaborando-se uma sessão cuja estrutura progride da tarefa mais simples para a mais complexa. A concisão e a calma devem predominar nas preleções do técnico aos seus atletas quanto às deficiências dos mesmos, sendo ideal um número de informações moderadas (BOTELHO, MESQUITA & MORENO, 2005; SCHILD & CANFIELD, 1994). A instrução sóbria é benéfica porque não interfere na tomada de decisão do desportista (FARIA & TAVARES, 1993) e permite uma engramatização do que é pedido. Sugere-se o reforço positivo do treinador para a jogada adequada do treino situacional, a fim de proporcionar aumento na motivação do atleta e maior empenho na sessão (LOPES, SAMULSKI & NOCE, 2004). É importante no treino situacional que a tarefa prescrita faça parte do modelo de jogo da equipe (OLIVEIRA, AMIEIRO, RESENDE & BARRETO, 2006) e a averiguação, a posteriori, se ocorreu a transferência da atividade exercitada para o modelo de jogo da equipe durante a partida (BUCK & HARRISON, 1990). Monge da Silva (1988) informou que os desportos coletivos, no seu trabalho com bola, pertencem ao grupo dos não mensuráveis, há uma carga subjetiva na elaboração da sessão. É a complexidade dos exercícios do treino situacional que determina se o trabalho da sessão é forte ou médio ou fraco (ABRANTES, 1992). José Mourinho, ex-técnico de futebol profissional do Chelsea da Inglaterra, acrescenta que a intensidade desse tipo de trabalho é definida pela concentração do atleta ao realizar os exercícios com bola no treino situacional (OLIVEIRA, AMIEIRO, RESENDE & BARRETO, 2006). Estar concentrado (também conhecido como concentração de decisão ou concentração tática) significa que o jogador realizará as tarefas propostas com atenção e empenho. Quando decresce a concentração, geralmente a fadiga central já está instalada. Daí a importância das pausas no treino situacional, esses intervalos devem ter durações variadas de alguns segundos a muitos minutos, como ocorre no jogo de futsal (OLIVEIRA, 2003; PLATONOV, 2004). Em relação ao volume da sessão situacional, é difícil estabelecer quantas vezes deve-se fazer a tarefa. Mas com a prática, o treinador percebe o valor adequado para cada exercício do treino situacional. Costuma-se determinar o 53 volume adequado de um tipo de treino situacional quando a tarefa vem sendo bem feita e com máxima concentração. A queda da qualidade das ações com bola (técnica e/ou tática) e da concentração acusam um volume excessivo dessa atividade. É bom lembrar que a carga do treino situacional é mais adequada quando possui um caráter competitivo (TSCHIENE, 1999), ou seja, são tarefas específicas do modelo de jogo que vão ser desempenhadas na partida (como jogará taticamente) e com atividades idênticas do que deve ser encontrado no jogo (torcida, adversário provocador etc.) (MESQUITA, 1996). A simulação com a realidade é aumentada no treino situacional quando o treinador promove mini competições neste tipo de sessão, proporcionando um estresse psicológico, coordenativo e físico similar ao do campeonato. As mini disputas provocam o aumento da motivação dos jogadores em ganhar a atividade prescrita, ou melhor, o jogo decomposto, aperfeiçoando a concentração do atleta e a qualidade na execução das jogadas, nos aspectos técnico e tático. É importante a inclusão dos tipos de prática do aprendizado neuromotor no treino situacional. A prática em bloco é a prescrição repetida de uma determinada tarefa, com baixa interferência contextual (STE-MARIE, CLARK, FINDLAY & LATIMER, 2004). Já a prática aleatória é a realização de uma tarefa com um foco de treino e outras atividades no mesmo bloco de tentativas, que acarreta alta interferência contextual (WRIGHT, MAGNUSON & BLACK, 2005). Entende-se como interferência contextual a intervenção de outras tarefas no foco do treino. Por exemplo, o objetivo do treino é o chute. Então, o tipo de prática atua da seguinte maneira nessa sessão: a) Prática aleatória: Treina-se o chute e outras tarefas, interferência no foco do treino. Há um esforço maior da memória em reter a tarefa. b) Prática em bloco: Repetição do fundamento na mesma seqüência, só depois o desportista passa para outra tarefa. Ocorre pouca ou nenhuma interferência de uma atividade sobre outra. O treinamento de aprendizagem inicia-se com a prática em bloco que permite rápida aquisição. Depois, as sessões precisam ser ministradas pela prática aleatória que ocasiona melhor retenção na memória do conteúdo desportivo (GUADAGNOLI 54 & LEE, 2004). Após esse ocorrido, retenção neuromotora desportiva, o treinador continuará a aperfeiçoar essa tarefa e outras para que seu time de futsal alcance a excelência. Indica-se a mesma metodologia, a inclusão das práticas do aprendizado neuromotor no aperfeiçoamento bio-operacional competitivo dos atletas. Porém a literatura não informa o tipo de prática, em bloco e/ou aleatória, que atua beneficamente no aperfeiçoamento técnico e/ou tático dos jogadores de futsal (BRADY, 2004). Mas recomenda-se o uso dessas metodologias para otimizar mais rápido e tornar mais organizado o aperfeiçoamento do compêndio bio-operacional, sendo um novo campo de pesquisa para os especialistas do aprendizado neuromotor. Os dois tipos de prática mais utilizados em pesquisa do aprendizado neuromotor são a práticas em bloco e a aleatória (WRIGHT, BLACK, IMMINK, BRUECKNER & MAGNUSON, 2004), mas é bom lembrar que existe a prática seriada que causa moderada interferência contextual (CORRÊA, 2006). A seguir são expostos exemplos das práticas mais utilizadas dessa disciplina da Educação Física, aprendizagem neuromotor, com inclusão no treino situacional: Tipo de prática: Bloco Objetivo do treino: Otimizar o treino situacional de ataque (TSA) Bloco 1 de 5 tentativas: (TSA, TSA, pausa e TSA) Bloco 2 de 5 tentativas: (TSA, TSA, TSA, pausa e TSA) Tipo de prática: Aleatória Objetivo do treino: Otimizar o treino situacional de ataque (TSA) Bloco 1 de 5 tentativas: (TSA, chute, cabeçada, TSA, pausa e cobrança de falta e TSA) Bloco 2 de 5 tentativas: (cobrança de pênalti, cabeçada, TSA, chute e TSA) Obs.: A prática também é aleatória se ocorrer diferentes trabalhos do TSA numa ordem diferente, tendo um foco no TSA com chute para o gol (ex. TSA com chute para o gol, depois TSA com cabeçada, em seguida TSA com passe e cruzamento para área e outros), de preferência a seqüência do TSA nunca é igual em toda a semana. Conhecendo a estruturação do treino situacional, priorizando essa sessão com mini competição, o treinador deve saber que essa metodologia de treino não otimiza sozinha o treino da visão periférica, ou seja, jogar de cabeça erguida para possuir um melhor campo visual na execução das jogadas de ataque. Para tal tarefa ocorrer, necessitam-se exercícios educativos (KRÖGER & ROTH, 2002), que podem ser 55 realizados no treino técnico, quando o atleta realiza o fundamento (somente treinar a condução da bola), atento à biomecânica desportiva, esquecido do jogo (OLIVEIRA & PAES, 2005). Esta atividade possui diversas nomenclaturas, tais como: treino fragmentado, treino técnico, método analítico-sintético, misto (tendo o treino técnico numa parte da tarefa e depois o treino situacional) e outros (FERREIRA, GOLATTI & PAES, 2005). Conclui-se que o treino situacional necessita da ajuda do treino técnico para que o treino da visão periférica influa na qualidade do modelo de jogo. A observação do efeito do treino da visão periférica no modelo de jogo pode ser constatado na qualidade da seqüência ofensiva dos fundamentos nas questões técnicas e táticas. Jogar de cabeça erguida talvez resulte em uma maior intensidade de trabalho da visão. A questão possibilita formular a hipótese de que este maior trabalho visual ocasione uma diminuição do atraso (aumenta a velocidade) do movimento sacádico dos olhos em perceber e acompanhar um objeto. Será que o aumento da ação sacádica dos olhos otimiza a tomada de decisão no ataque do futsal? Apesar do retardo do movimento sacádico, ele tem esse nome porque efetua uma atividade balística rápida, numa sacada veloz permitindo que a visão fique nítida (MONTEIRO, 1993). Nos capítulos quatro e cinco, será identificada qual hipótese foi aceita, a nula ou a verdadeira. 56 CAPÍTULO III 3. METODOLOGIA O estudo tem um delineamento quase-experimental porque as condições da investigação se aproximam da realidade. Possui esse design devido a não randomicidade em selecionar a amostra controle e experimental, foi uma divisão intencional para equilibrar as equipes do futsal. A elaboração do treino da visão periférica para iniciados do futsal não federados cujo objetivo é jogar de cabeça erguida foi estruturado a partir das idéias de Pinto e Araújo (1999), baseado nas informações dos trabalhos do aprendizado neuromotor (MAGILL, 2000; WILLIAMS, SINGER & FREHLICH, 2002) e de estudos sobre a visão (ROUGIER & GARIN, 2007; STOFFREGEN, BARDY, BONNET, HOVE & OULLIER, 2007). O capítulo III explicou a população e a amostra, como foi conduzido o treinamento, quais instrumentos e testes foram utilizados nos futebolistas e mostrou a estatística aplicada na investigação. 3.1. Tipo de pesquisa O formato quase-experimental do estudo deriva-se do fato de que há um fenômeno a ser observado num grupo experimental e numa amostra controle, a causa e o efeito (THOMAS & NELSON, 2002). Nesta pesquisa ocorreu uma comparação entre o grupo experimental que faz o treino da visão periférica (ensinado a jogar na maior parte da partida de cabeça erguida, ênfase na visão periférica) e a amostra controle que realiza o treino tradicional do futsal (o atleta costuma jogar com predomínio da flexão da coluna cervical, ênfase na visão central), buscando-se identificar qual tratamento tem melhor ataque. Tentando, também, evidenciar se o treino da visão periférica ocasionou no grupo experimental erguer a cabeça significativamente, se comparado à amostra controle. O treino (visão periférica e tradicional), a atuação dos jogadores nas partidas de cada turno e 57 a hemisfericidade foram as variáveis independentes e as fases da tática ofensiva e o grau da visão periférica no ataque foram as variáveis dependentes. Porém, não foi conseguido controlar todas variáveis intervenientes na competição em dupla, tarefa que não ocorre no laboratório. 3.2. Operacionalização das variáveis O controle de quase todas as variáveis que pudessem interferir na pesquisa foi requisito indispensável a atender a análise da hipótese da investigação. Exceto os fatos que ocorrem na competição (interferência da torcida, estado psicológico e outros). O horário do treino pela manhã, a idade dos jogadores, a condição sóciocultural foram variáveis controladas ao se selecionar jovens interessados na atividade do futsal. 3.3. População Lar da Criança Padre Franz Neumair, dirigido por freiras católicas, localiza-se em Ititioca, bairro de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Atende meninos e meninas com idade de 1 a 10 anos. As crianças residentes do orfanato são órfãos e estudam na escola pública mais próxima. Para os educandos da comunidade de Ititioca e Atalaia, o orfanato desenvolveu o Projeto de Esporte, onde se aprende capoeira e futsal. Há aulas pela manhã e à tarde. Todos os aprendizes inscritos no projeto devem estar obrigatoriamente matriculados na escola, geralmente esses jovens estudam em instituições próximas à comunidade. A inscrição no projeto atende a questões práticas como a facilidade em comunicar aos pais ou responsáveis acidentes ou fatos desagradáveis que possam ocorrer com os meninos e meninas da comunidade. Problemas com os órfãos do Lar da Criança, as freiras resolvem, pois elas cuidam da educação desses jovens. Outra vantagem do orfanato é sua estrutura física, possui uma quadra coberta, uma ampla cozinha, um salão de festas e outras acomodações que oferecem conforto aos educandos. 58 3.4. Seleção da amostra e sujeitos no decorrer do estudo Os pais liberaram os jovens para a pesquisa através de um termo de consentimento que informava sobre a natureza da pesquisa. O grupo da investigação de atletas de futsal não federados inicialmente era de 16, mas devido algumas desistências, a pesquisa prosseguiu com 10 jogadores, oito na linha e dois no gol. Esses desportistas realizaram alguns testes indicados por Matsudo (1998) e as avaliações da agilidade (sem uso do toco) e da velocidade tiveram as distâncias alteradas para atender a especificidade do futsal. Esta iniciativa visava a divisão do grupo experimental e do grupo controle com um condicionamento físico próximo. As tabelas e quadros apresentam a amostra: Tabela 1: Participantes do estudo do futsal. n Mês 10 atletas 5 do experimental Abril de 2007 5 do controle Idade (anos) Altura (cm) Envergadura (cm) 10,4±2,31 139,2±10,30 181,3±14,11 Massa corporal total (kg) 40,7±12,29 10±2,82 136,6±10,73 177,2±13,80 36,8±10,56 10,8±1,92 141,8±10,32 185,4±14,67 44,6±13,79 Tabela 2: Testes neuromotores e metabólico da amostra do futsal. n Mês Alcance no SV (cm) 209±16,43 Salto Vertical (cm) 27,7±5,53 Agilidade de 5 m (m/s) 1,37±0,20 Velocidade de 10 m (m/s) 3,66±0,70 Abril de 2007 206,2±18,30 29±6,89 1,42±0,24 3,66±0,74 211,8±15,89 26,4±4,15 1,33±0,18 3,66±0,74 10 atletas 5 do experimental 5 do controle Significado da abreviatura: SV – salto vertical, m/s – metros por segundo. / Obs.: O teste de salto vertical foi realizado com balanceio dos braços e contramovimento. / Obs. 2: Por causa do alto desconforto que o teste de VO2máx acarreta no jovem atleta ele não foi prescrito na avaliação desses meninos. Em relação ao aspecto técnico e tático, a seleção do grupo experimental e do grupo controle foi através da observação de dois jogos treinos ocorridos no 59 microciclo médio do mesociclo um. Acontecendo uma divisão intencional das equipes. Seguindo a classificação do nível de jogo de Garganta (1995), os sujeitos estavam no estágio mostrado no quadro 1: Quadro 1: Nível de jogo dos iniciados do estudo. Fase Comunicação da ação Descentração A função não depende apenas da posição da bola. Prevalência da verbalização. Estruturação do espaço Relação com a bola Ocupação do Elevada utilização espaço em função da visão central. dos elementos do jogo. Próximo do término do estudo (acabou em doze de junho de 2007), os atletas praticaram as mesmas avaliações do pré-teste indicados por Matsudo (1998). O intuito era observar se o treino causou mudanças nas características físicas dos iniciados do futsal. A tabela 3 e 4 mostra o pós-teste: Tabela 3: Participantes do estudo do futsal. n Mês 10 atletas 5 do experimental Maio de 2007 5 do controle Idade (anos) Altura (cm) Envergadura (cm) 10,9±2,07 140,3±10,50 183,60±14,70 Massa corporal total (kg) 40,8±11,83 10,6±2,70 137,2±10,70 178,20±13,04 35,8±10,13 11,2±1,48 143,4±10,47 189±15,60 45,8±12,23 Tabela 4: Testes neuromotores e metabólico da amostra do futsal. n Mês Alcance no SV (cm) 210,4±17,82 Salto Vertical (cm) 26,8±7,71 Agilidade de 5 m (m/s) 1,47±0,18 Velocidade de 10 m (m/s) 4,16±0,88 Maio de 2007 206,6±20,42 28,4±9,12 1,45±0,14 3,99±0,91 214,2±16,17 25,2±6,64 1,49±0,22 4,33±0,91 10 atletas 5 do experimental 5 do controle O teste “t” independente não revelou diferença significativa (p>0,05) do préteste do grupo experimental versus o grupo controle na idade (t = -0,39), na altura (t 60 = -0,78), na envergadura (t = 0,38), na massa corporal total (t = 0,34), na impulsão (t = 0,72), na agilidade (t = 0,64) e na velocidade (t = 0). No pós-teste, o teste “t” independente não foi significativo (p>0,05) na comparação entre grupo experimental versus o grupo controle nas seguintes variáveis: idade (t = -0,28), altura (t = -0,92), envergadura (t = 0,26), massa corporal total (t = -1,40), impulsão (t = 0,63), agilidade (t = -0,11) e velocidade (t = -0,57). A coordenação foi ênfase no treinamento, ou seja, o aspecto bio-operacional. No fim da investigação, Garganta (1995) foi consultado novamente e pôde-se observar um avanço do nível de jogos desses jovens. O quadro 2 mostra o estágio de futsal do grupo experimental e da amostra controle: Quadro 2: Nível de jogo dos atletas no fim da pesquisa. Grupo Fase 5 do experimental Estruturação 5 do controle Conscientização da coordenação das funções. Igual ao experimental. Comunicação da ação Prevalência da verbalização. Igual ao experimental. Estruturação do espaço Relação com a bola Ocupação racional Da visão central do espaço (tática para a periférica. individual e de grupo) Igual ao experimental. Elevada utilização da visão central. 3.5. Treinamento e campeonato da amostra Os meninos do estudo se encontravam na etapa de especialização inicial conforme determinou Matveev (1997). Esses jovens treinavam duas vezes por semana (3ª e 5ª feira), de nove às dez horas da manhã, sendo a primeira vez que esses iniciantes tiveram um treinamento sistemático visando evoluir da recreação para a atividade desportiva. Para as sessões serem mais adequadas foi utilizada a tabela científica de Rigolin da Silva (2005) das fases sensíveis de treinamento. Ela foi prescrita para amostra conforme a média de idade dos iniciados do futsal: 61 Tabela 5: Fase sensível de treinamento. Idade Cronológica Idade Biológica Cognição Coordenação Flexibilidade Força Aeróbio Aláctico 10 e 11 anos pré-puberal Operacional concreto Essencial Aperfeiçoamento Início FR e/ou FRML Início Início Abreviatura: FR (força rápida) e FRML (força de resistência muscular localizada). O grupo experimental e o grupo controle realizaram testes antropométricos (altura, envergadura e peso), neuromotores (salto vertical e agilidade de 5 m) e metabólico (velocidade de 10 m) descritos por Matsudo (1998) (ver no anexo A a ficha de coleta de testes). Isto ocorreu no início e próximo do fim da pesquisa, com o intuito de conhecer melhor a amostra. O teste de agilidade de 5 m era adaptado do tradicional shuttle run, sem o toco para o atleta pegar. Bastava o desportista ir e voltar para obter o resultado expresso em metros por segundo (m/s), unidade de medida não utilizada no shuttle run (segundo e centésimo), foi uma adaptação. Outra alteração foi a metragem de 5 m na avaliação da agilidade devido ser essa uma distância comum do futsal. O teste de velocidade de 10 m foi embasado no de 50 m porque na partida de futsal essa distância é mais habitual. Os valores nesta avaliação são apresentados em m/s, diferente do original (segundo e centésimo). Os meninos da investigação também tiveram acesso a equação de Cherebetiu (1989) que foi indicada por Noronha (1992), cálculo que fornece o prognóstico da altura de cada jogador. Todos foram esclarecidos que o pico de crescimento da faixa etária do estudo aconteceria na idade de 13 a 16 anos, conforme Pompeu (2004) determinou. Nos testes neuromotores e metabólico, foi apresentada a classificação dos desportistas pelo percentil e posteriormente foi calculado o escore Z, que todos tiveram acesso. O modelo de periodização prescrito para os jogadores do estudo foi a periodização tática, seguindo os ensinamentos de vários autores portugueses (CARVALHAL, 2001; MARTINS, 2003; OLIVEIRA, AMIEIRO, RESENDE & BARRETO, 2006; SANTOS, 2006). Algumas alterações foram adotadas para a periodização tática ficar mais adequada para os atletas do futsal não federados e a pesquisa, como a inclusão de mesociclos que permite melhor organização do macrociclo, o uso de testes e do microciclo de teste. A ênfase do treino dos iniciados do futsal foi na coordenação, ou seja, o trabalho com bola. Trinta minutos da sessão eram dedicados a diversas tarefas, possuindo treino técnico, situacional e tático. 62 Esses treinamentos ocorriam antes dos trinta minutos finais, quando ocorria o jogo. O mesmo tipo de treino foi prescrito para o grupo experimental e para o grupo controle, a única diferença era que a amostra experimental realizava o treino da visão periférica, instruído a jogar de cabeça erguida (ver no anexo B a diferença visual conforme o tipo de treino). A tabela 6 mostra como os exercícios foram iguais para os sujeitos do experimental e para o grupo controle: Tabela 6: Treino da visão periférica e sessão tradicional do futsal. Treino da visão periférica do Grupo Experimental Atividades: conduzir a bola, conduzir a bola e chutar para o gol, passe, drible, driblar os cones e depois fazer o chute, passe para o colega e ele faz o remate, pênalti, cobrança de falta, domínio, chute de voleio ou semi-voleio, saída do meio-campo, cruzamento para área e cabeceio, 3 contra 3 ou 4 contra 4 e outros. Treino tradicional do Grupo Controle Igual ao grupo experimental, mas o treinador não se preocupa em orientar o jogador e o goleiro em erguer a cabeça. Na fase inicial do treino do macrociclo um cada jogador do controle só podia dar dois toques na bola porque a qualidade técnica do experimental declinou muito. Isto visava um equilíbrio na partida. Depois o jogo passou a ser conforme o oficial, no macrociclo dois. A única diferença de treino do grupo controle que fez alguns exercícios com halter ou com Jogo de cabeça erguida, se abaixar a tornozeleira e imediatamente era praticado o cabeça por longo tempo perde a bola. fundamento. Este treino visava a motivar o Mas partir do macrociclo dois, isto foi grupo. abolido, sendo igual ao oficial. O diferencial do treino do grupo controle no macrociclo um, foi a prática de um trabalho de força com halter de 3 ou 5 kg simulando a movimentação dos braços ao correr, corrida com peso nas mãos e, foram prescrito exercícios de condução da bola, passe com bola e de chute no ar sem bola com tornozeleira de 3 kg. Esse artifício deu mais ao grupo controle, um melhor estado psicológico porque passaram a se considerar mais forte que o grupo experimental. Assim o grupo controle foi denominado Fortão, enquanto que os sujeitos do experimental que se preocupavam com o aspecto visual de jogar de cabeça erguida foi chamado Visão. Por mais que os responsáveis do estudo tentassem utilizar a nomenclatura grupo experimental (GE) e grupo controle (GC) (Obs.: O GE teve um técnico e o GC outro treinador), 63 não deu certo, ficando mais fácil para a compreensão dos menores os nomes Visão e Fortão. No macrociclo um foram realizados nove treinos através da prática em bloco, enquanto que no macrociclo dois ocorreram seis treinos, iniciou-se com a prática em bloco (duas sessões) e sendo finalizado pela prática aleatória (quatro sessões). Prática aleatória que foi prescrita com alternância ou não de um exercício técnico e/ou situacional do futsal (Obs.: sem ordem definida), vindo logo depois tarefas de outras modalidades que ajudam o futsal e evitam a especialização precoce. Os exercícios eram: . Voleibol: No jogo de voleibol ocorre o balanceio dos braços no saque em suspensão, no bloqueio e na cortada. Esses fundamentos foram praticados sem a bola de voleibol e depois, a ação dos membros superiores transferiu-se para o cabeceio, saída do gol e defesa pelo alto do futsal, sendo realizado sem e com bola. O motivo da prática do balanceio dos braços em alguns fundamentos com salto do futsal é devido a maior elevação do centro de gravidade dos atletas que essa atividade provoca. Mas para gerar menor braço de resistência, os jogadores realizaram o balanceio dos braços com o cotovelo flexionado. . Salto em Distância: Inicialmente foi ensinado o salto em distância. Depois os meninos aprenderam como transferir essa atividade para o jogo de futsal. Por exemplo, disputa entre dois jogadores em alta velocidade para alcançar a bola, próximo da mesma, o atleta que praticar um salto em distância atingirá primeiro o objeto da disputa. . 10 m rasos: Distância comum do futsal em alta velocidade. Os jogadores aprenderam a correr com a biomecânica do velocista e depois foi ensinado que está técnica de corrida pode ser empregada no jogo de futsal, pois proporciona ao jogador um deslocamento mais rápido. . Salto Triplo: Esta atividade foi ensinada para os jovens jogadores e depois foi mostrado como o salto triplo pode ser aplicado no futsal. Exemplo: após o drible no goleiro, que está caído no solo e a bola já passou pelo goleiro, o jogador efetuou uma passada do salto triplo, passou por cima do goleiro com um salto, caiu no solo bem depois do goleiro, tocando a bola para o gol. Além dessas modalidades evitarem a especialização precoce, antes do treino do futsal, de 8 a 9 horas, ocorria aula de capoeira, mais uma tarefa que evitava o prejuízo desse fato corriqueiro na iniciação desportiva. Também foi mostrado que 64 alguns golpes da capoeira eram idênticos ao chute do futsal. Por exemplo, o martelo (chute lateral) possui biomecânica similar ao do chute voleio e a ginga pode ser utilizada como uma “pedalada” alternativa pelos futebolistas. O leitor pode observar na tabela 7 e 8 que a periodização possui as estações do ano, atividade realizada por Pihkala nos anos 30 com os corredores finlandeses para dividir o treinamento em períodos. Porém na periodização tática praticada pelos iniciados do futsal, a atenção dada às estações do ano visava a entender sua influência no resultado dos testes físicos (calor otimiza o resultado da velocidade) ou se o estresse do calor ou do frio causa risco a saúde dos jovens atletas, se há necessidade cancelar a atividade. O macrociclo 1 e 2 é exposto a seguir, classificado por Zakharov (1992), como uma periodização dupla de dois ciclos incompletos porque não possui duas etapas de transição em cada macrociclo. Tabela 7: Periodização tática do estudo (macrociclo 1). Etapa Mês Estação Mesociclo Microciclo do ano N° de Sessões Tempo Objetivo do Atividades em Mesociclo Praticadas Dividir os times Jogo minutos Dia das sessões e do mesociclo Semana P Março Outono 1 Médio 2 120` 20 – 3ªf do GE e do GC. 22 – 5ªf - P - Março - Outono - 2 - Teste Total Total 2 120` 2 120` - - Aquisição da VP. Teste de CLEM, 27 – 3ªf Otimizar a técnica técnico e jogo. 29 – 5ªf e a tática do PB grupo. P Abril Outono 2 Teste 1 60` Igual ao anterior. 3 – 3ªf P Abril Igual ao trabalho anterior. Outono 2 Teste 2 120` Igual ao anterior. 10 – 3ªf Testes antropométricos e 12 – 5ªf físicos. Técnico e jogo. PB - - - - - Total Total 5 300` - - 65 Continuação da tabela 7. P Melhorar o drible Driblar de cabeça 17 – 3ªf Abril Outono 3 Médio 2 120` de cabeça erguida, técnico e 19 – 5ªf erguida jogo. (aquisição da PB VP). Otimizar a técnica e tática do grupo. P Abril Outono 3 Outono 3 Forte 2 120` Igual ao anterior. Igual ao anterior. Pré- 1 60` Simular a disputa. Campeonato em 24 – 3ªf 26 – 5ªf P Maio 3 – 5ªf competitivo dupla e depois jogo recreativo. - C - Maio - Outono - 4 - Competitivo Total Total 5 300` 2 80` 8 – 3ªf - - Competir no 1° Disputa em dupla turno. 10 – 5ªf - - no dia 8 e em equipe na 5ªf. - - - Total Total 2 80` - Total PB: 9 sessões PCo: 3 disputas - - - - - Total de Total de Treinos Minutos 9 800` - Total do Tipo de Prática PB: 9 sessões PCo: 3 disputas - - - - - Total de - - - - - - Disputa 3 - - - - - Total de Treinos para Dividir a Amostra 2 Significado da letra: P – preparatória, C – competitiva, GE – grupo experimental, GC – grupo controle, VP – visão periférica, PB – prática em bloco, PCo – prática competitiva. 66 Tabela 8: Periodização tática do estudo (macrociclo 2). Etapa Mês Estação Mesociclo Microciclo do ano N° de Tempo Objetivo do Atividades Sessões em Mesociclo Praticadas Dia minutos das e sessões do mesociclo Semana Observar o P Maio Outono 5 Médio 2 180` 15 – 3ªf aprendizado dos Treino Cognitivo. meninos. PB 17 – 5ªf Drible de cabeça P Maio 22 – 3ªf Outono 5 Forte 2 120` Aquisição ou erguida, técnica, Retenção da VP. situacional e 24 – 5ªf jogo. Melhorar o drible Estrutura da de cabeça Sessão sem uma erguida. ordem definida das tarefas pela Otimizar a técnica e a tática do grupo. PA: - técnico situacional ou do futsal. - balanceio dos braços do vôlei para ser usado na cabeçada e na saída do gol. - técnico situacional ou do futsal. - 10 m rasos para ser usado no futsal. - técnico situacional ou do futsal. - salto distância em para chegar antes na bola. - técnico situacional ou do futsal. - salto triplo para chegar antes na bola ou passar por cima de um oponente. 67 Continuação da tabela 8. P Maio Outono 5 Forte 2 120` Igual ao anterior. 29 de maio os 29 – 3ªf mesmos testes 31 – 5ªf do pré-teste. Igual ao treino anterior. P Junho Outono 5 5 – 3ªf Pré- 1 60` Simular a disputa. competitivo Campeonato em dupla e depois jogo recreativo. C - - - - Total Total 7 480` 2 80` - - Competir no 2º Disputa em turno. dupla no dia 12 e Junho 12 – 3ªf Outono 6 Competitivo 14 – 5ªf em equipe na 5ªf. - - - - - Total Total 2 80` - Total PB: 2 sessões PA: 4 sessões PCo: 3 disputas - - - - - Total de Total de Treinos Minutos 6 - Total do Tipo de Prática PB: 11 sessões 560` PA: 4 sessões PCo: 6 disputas - - - - - Total de - - - Total de Total de - - Treinos Minutos do do Macro 1 e - - Disputa 3 - - - - - Macro 1 2 e2 1360` 15 - - - - - Disputa - do Macro 1 e2 6 Significado da letra: P – preparatória, C – competitiva, VP – visão periférica, PB – prática em bloco, PA – prática aleatória, PCo – prática competitiva. Nesta investigação houve três tipos de campeonatos com objetivos diferentes, e eram os seguintes: 68 a) Campeonato em dupla simulado: Visava preparar a amostra (n = 10) do estudo para a disputa da pesquisa e outros jovens que não pertenciam à investigação podiam competir. Do 1° ao 6° lugar os jogadores eram premiados e o goleiro também recebia medalha de 1° ou de 2° lugar. b) Campeonato em dupla: Somente os meninos da pesquisa participavam. Enquanto que os demais atuavam marcando a súmula ou fazendo parte da torcida. c) Campeonato em equipe: Os garotos do estudo e outros meninos podiam participar desse campeonato. Acontecendo um jogo de 15 minutos cada tempo com medalha para o 1° e 2° lugar. Visando a iniciação desportiva. A figura a seguir expõe em minutos a duração de todas as sessões da periodização tática de 2007: Tempo em Minutos das Atividades da Periodização Tática de 2007 140 120 120 100 80 60 60 60 60 60 60 60 60 60 60 60 60 60 60 40 40 60 60 60 60 60 40 40 40 20 o tu rn o 2º do tu rn 2º ul a 20 Si m ão ão ão ão 19 ss Se 18 ss Se ss Se ão 17 16 ss Se 15 ss Se ão Se ss tu rn o o 1º do tu rn 1º ul a Si m ão 11 10 ss Se 9 ão ss Se Se ss ão 8 7 no ão ss Se no 6 Tr ei no 5 Tr ei no 4 Tr ei 3 Tr ei no Tr ei ão ss Se Se ss ão 1 2 0 Macrociclo 1: Sessão 1 e 2 do mesociclo 1, Treino 3 a 7 do mesociclo 2, Sessão 8 a 11 do mesociclo 3, Simulado em Dupla do mesociclo 3 e 1º turno do campeonato do mesociclo 4. Macrociclo 2: Sessão 15 a 20 do mesociclo 5, Simulado em Dupla do mesociclo 5 e 2º turno do campeonato do mesociclo 6. Figura 13: Tempo de cada sessão de 2007. Para maior controle do treinamento foi quantificado o número de cada tipo de sessão e também foi apresentado o valor em percentual das tarefas. 69 Tabela 9: Número de tipos de treino do macrociclo 1 e 2. Treino Jogo de Futsal Técnico Situacional Competição Balanceio dos Braços do Voleibol para realizar a Cabeçada e a Saída do Gol 10 m rasos Salto em Distância Salto Triplo Musculação (só o grupo controle) Treino Cognitivo Total de Tipos de Treino: 10 N° de Sessões 14 9 7 6 4 4 4 4 4 2 - Percentual dos Tipos de Treino Treino Cognitivo 3% Musculação 7% Jogo de Futsal 24% Salto Triplo 7% Salto em Distância 7% 10 m 7% Técnico 16% Voleibol 7% Competição 10% Situacional 12% Figura 14: Percentual dos tipos de treino baseado no valor quantitativo das sessões do macrociclo um e dois. É importante lembrar que a freqüência de treino e as faltas nas sessões foram computadas para saber se os jogadores estavam treinando conforme prometido (ver no anexo C a ficha de freqüência). 70 3.6. Modelo de disputa do campeonato em dupla Foi elaborado um campeonato em dupla (2x2) tendo dois goleiros um para cada amostra, com o intuito de evitar o tento do experimental ou o gol do controle. Justifica uma disputa em dupla porque permite maior controle laboratorial na coleta de dados pela filmadora Sony Handycam Vision CCD-TRV 12 e fita Sony Digital 8mm. Na disputa em dupla eram realizadas quatro tarefas diferentes, apresentadas pela tabela 10 (o anexo D ilustra as explicações da tabela 10): Tabela 10: Atividades do campeonato em dupla. Tentativas das tarefas Atividades a) Quando o juiz apitar! O atleta deve praticar uma seqüência ofensiva para frente até realizar a finalização. Todos precisam tocar na bola, caso contrário a tentativa é desperdiçada. b) Quando o juiz apitar! O atleta deve realizar uma seqüência ofensiva, mas tendo a marcação de dois atletas que saem numa corrida de 3,5 m (3ª linha) vindo por trás do atacante e tentam interceptar o ataque. Todos precisam tocar na bola, caso contrário a tentativa é desperdiçada. c) Quando o juiz apitar! O atleta deve realizar uma seqüência ofensiva, mas tendo dois defensores posicionados ao lado dos atacantes. Esses zagueiros inicialmente se localizam numa distância de 4,40 m (linha amarela), dado o início da tarefa eles podem chegar perto dos atacantes para interceptar a tática ofensiva. Todos precisam tocar na bola, caso contrário a tentativa é desperdiçada. 3 d) Quando o juiz apitar! O atleta deve realizar uma seqüência ofensiva, mas tendo dois defensores de frente para os atacantes. Esses zagueiros inicialmente se localizam numa distância de 6,46 m (linha branca), dado o início da tarefa eles podem chegar perto dos atacantes para interceptar a tática ofensiva. Todos precisam tocar na bola, caso contrário a tentativa é desperdiçada. As regras do campeonato em dupla são: a) Cada dupla deve jogar com camisa ou colete da mesma cor para facilitar a identificação do juiz e na análise do jogo, os goleiros devem atuar com a mesma vestimenta com cor diferente das duplas para não confundir o árbitro. b) Toda atividade da disputa começa no centro do campo, no pequeno círculo, quando a bola é rolada para frente (saída de bola). c) Feito par ou ímpar para a escolha da dupla que dará início ao ataque ou a defesa iniciam-se os ataques, mas as duplas se alternam na realização ofensiva. Por exemplo, uma dupla fez os três ataques e a outra defendeu na tarefa B. Na próxima vez, a dupla que foi zagueiro agora é ataque e quem foi ataque passa para a defesa 71 na mesma atividade B. Isto acontece em todas as letras (A, B, C e D) das respectivas tarefas. d) A alternância do ataque entre experimental e controle obriga a constante troca dos goleiros. Quando o experimental ataca, quem está no gol é o goleiro do controle, caso o controle ataque, o goleiro é do grupo experimental. Mas se for controle contra controle ou experimental contra experimental, o goleiro do controle agarra para uma das amostras e o mesmo é praticado pelo goleiro do experimental. e) Os atletas em cada jogo da disputa possuem dois períodos de tempo de 1 minuto para recuperar-se da fadiga ou visando uma combinação tática. f) A ação de ataque só é “gasta” quando ocorre interrupção desse ato, por exemplo: chute para fora, o goleiro agarrou o chute, o zagueiro tirou a bola e mandou a bola para fora, o defensor “desarmou” o atacante e enviou a mesma para o ataque e outros. g) Caso o zagueiro tire a bola e fique driblando, está em jogo a tentativa de ataque, continuando a atividade. h) Mas se o defensor tirar a bola e ficar brincando de atrasar o implemento para o goleiro por diversas vezes, esta atividade será punida com tiro livre indireto. i) Indisciplina que acarrete cartão será efetuado pênalti. Amarelo um pênalti e vermelho duas cobranças. j) Todas as distâncias estabelecidas com a trena (ver tabela 10) são marcadas com giz, e quando necessário, é utilizado um cone para chamar atenção da metragem. Feito somente na atividade B. Como a quadra possui marcações de dois tamanhos de campo de futsal, em certas distâncias foram aproveitadas as linhas do campo menor para saber a distância proposta. k) Toda disputa ocorre em meia quadra (12 m de comprimento por 13,98 m de largura), sendo colocado um cone (6ª linha) em cada linha lateral para facilitar na 72 análise do jogo, ou seja, o pesquisador consegue saber onde é o meio-campo ofensivo e o ataque. Cada uma dessas zonas possui um comprimento de 6 m. l) Em todos os jogos será utilizada uma súmula para ocorrer maior controle dos gols. Facilitando na identificação da dupla vencedora e do goleiro campeão (ver no anexo E). m) Em todos os jogos a bola de futebol será calibrada no valor de 4,5 libras porque os meninos jogam descalço. Isto ocorreu no primeiro turno, com o aumento da força de chute, o segundo turno foi disputado com bola de futsal com o mesmo valor de libras. Mas os meninos continuaram a jogar descalços. n) Vence quem fizer mais gols. o) O goleiro vencedor é o que sofrer menos gols. Em caso de empate em gols sofridos, ambos são campeões. p) Em caso de empate ocorre a disputa de pênalti, total de duas cobranças para cada atleta, perfazendo um total de quatro remates. Empatando no pênalti, uma cobrança para cada jogador até um errar. q) Cada colocação na disputa em dupla possui a seguinte pontuação para linha (1º a 4º lugar) e gol (1º e 2º lugar): 1º lugar: 5 pontos, 2º lugar: 3 pontos, 3º lugar: 2 pontos e 4º lugar: 1,5 pontos. Os vencedores do campeonato são as duplas e goleiros que somarem mais pontos. Mas todos os jogadores serão premiados com medalha de 1° ao 4° lugar na linha e para os goleiros, medalha de campeão e de vice-campeão. r) Todas as partidas precisam que um árbitro conduza os jogos. s) Antes de cada jogo foram seguidas as recomendações de Romero-Sangüesa, Aranda, Forner, Villagrasa e Mascarós (2005), priorizando o aquecimento com bola, se possível, simulando o jogo que é o melhor método para preparar o atleta para a disputa. Essa atividade durou entre três a cinco minutos. 73 O modelo de disputa de cada turno ocorreu em um dia, sendo exposto a seguir: Classificatória: dupla x dupla (classificatória 1) / dupla x dupla (classificatória 2) Final do 3° lugar (antes): Perdedor da Classificatória 1 x Perdedor da Classificatória 2 Final do 1º lugar: Vencedor da Classificatória 1 x Vencedor da Classificatória 2 Todos os atletas receberam o modelo de disputa, as regras do campeonato em dupla e para fixar este tipo de competição, foi realizado antes do dia da disputa um simulado em dupla com premiação de medalhas. Outra tarefa realizada pela federação do orfanato foi a distribuição para cada atleta do calendário do ano de 2007 (ver no anexo F), para que os desportistas ficassem informados sobre a programação da temporada. O resultado do 1° turno e a colocação do 2° turno com a respectiva pontuação da disputa em dupla são apresentados adiante: 1º turno Horário: 9-10h 06` Data: 08/05/07 Semana: 3ªf Temperatura: 24ºC Estação do Ano: Outono Tempo da Filmagem: 40` Microciclo: Competitivo Mesociclo: 4 Classificatória: Experimental A 3 x 6 Cotrole A / Experimental B 4 x 0 Controle B 3º lugar: Experimental A 5 x 4 Controle B / 1º lugar: Experimental B 6 x 7 Controle A Classificação dos goleiros: Experimental com 17 gols sofridos / Controle com 18 gols sofridos. 2º turno Horário: 9-10h Data: 12/06/07 Semana: 3ªf Temperatura: 23ºC Estação do Ano: Outono Tempo da Filmagem: 40` Microciclo: Competitivo Mesociclo: 6 Classificatória: Experimental A 8 x 1 Cotrole B / Experimental B 7 x 4 Controle A 3º lugar: Controle A 5 x 4 Controle B / 1º lugar: Experimental A 6 x 7 Experimental B Classificação dos goleiros: Experimental com 25 gols sofridos / Controle com 27 gols sofridos. Pontuação Final Classificação por dupla: 1º Experimental B (2º no 1º turno / 1º no 2º turno) com 8 pontos, 2º Controle A (1º no 1º turno / 3º no 2º turno) com 7 pontos, 3º Experimental A (3º no 1º turno / 2º no 2º turno) com 5 pontos e 4º Controle B (4º no 1º turno / 4º no 2º turno) com 3 pontos. 74 Classificação por goleiro: 1º Experimental (1º no 1º e 2º turno) com 10 pontos e 42 gols sofridos, 2º Controle (2º no 1º e 2º turno) com 6 pontos e 45 gols sofridos. Classificação por amostra da linha: 1º Experimental com 13 pontos e 2º Controle com 10 pontos. 3.7. Instrumento e tarefa Os instrumentos foram compostos por duas bolas de futebol e duas bolas de futsal. Foram utilizadas sete pequenas bolas de plástico para aumentar a habilidade do goleiro em defender. O professor também esteve munido dos cartões do futsal, do apito oficial, do calibrador Penalty e da bomba de encher do mesmo fabricante. Outros equipamentos usados foram os cones, utilizados no campeonato em dupla e no treinamento. Para as equipes serem identificadas como oponentes, foram utilizadas duas camisas brancas (experimental A), duas camisas pretas (experimental B), dois coletes azuis (controle A), dois coletes amarelos (controle B) e duas camisas para cada goleiro (laranja o experimental e azul claro o controle). Cada guarda-redes teve acesso a uma luva Penalty e caneleira da mesma marca. Os capitães de cada dupla utilizaram uma braçadeira para sua identificação, na cor azul ou vermelha, elástico de prender cabelo de menina. Em caso de pedido de tempo, foi utilizado um jogo de botão para a conversa tática das duplas. Todas as atividades ocorreram numa quadra de cimento coberta, tendo 24 m de comprimento por 13,98 m de largura. Valores pouco inferiores ao mínimo oficial (25 de comprimento por 15 m de largura). A baliza do gol era de ferro e pintada de branco, com 1,92 m de altura por 3 m de largura. A altura da baliza era pouco inferior a oficial, 2 m. A espessura da trave era de 20 cm, como requer o padrão oficial. A zona de segurança, afastamento da trave até a parede, media, na parte posterior de um gol, 2,20 m (da baliza até o palco com 86 cm de altura) e atrás do outro gol, a medida da zona de segurança era de 4,90 m (da baliza até o portão de entrada). A distância da marca do pênalti, 5,50 m, era um pouco inferior a oficial, que é de 6 m. Já as outras marcações na quadra (espessura da linha, dimensão do pequeno círculo e outros) obedeciam a regra oficial. Quando necessário, usou-se giz para marcar o piso e a trena para aferir as distâncias almejadas. Para destacar as 75 marcações de giz do piso utilizou-se pequenos pedaços de cano de pvc imitando cones ou os próprios cones, facilitando a orientação do atleta. Para um melhor controle da atividade, o treinador fez uso de relógio, lapiseira, borracha, prancheta e planilha de treino. Durante os jogos dos campeonatos, um termômetro media a temperatura ambiente, em caso de temperatura extrema, a disputa poderia ser adiada. O giz também foi utilizado no teste de salto vertical. Uma fita métrica foi fixada na parede para medir a altura dos jovens, os cones foram identificadores da metragem do teste de agilidade de 5 m e do teste de velocidade de 10 m. Para saber a massa corporal total uma balança G-Tech foi usada na investigação. O material do teste de CLEM foi composto por uma filmadora Sony Handycam Vision CCD-TRV 12 instalada no tripé Mirage e ligada diretamente numa tomada e uma fita Sony Digital 8mm, uma cortina de TNT preta de 2,51 m de altura por 2,76 m de largura foi erguida entre duas pilastras da churrasqueira através de duas cordas de nylon de 5 m de comprimentos que foram amarradas no caibro que sustentam o telhado da churrasqueira (ver no anexo G a foto desse teste). O salão de churrasco era um ambiente propício à realização do teste porque era tranqüilo, tendo 16,15 m de comprimento por 11 m de largura, em sua volta ele era aberto, mas isto não interferiu na acústica do toca fita Nesk que reproduziu as perguntas analíticas e espaciais da fita Emtec de 60 minutos. A região do teste de CLEM foi delimitada por 5,20 m de comprimento por 5,20 m de largura. O resto do material do teste de CLEM foi composto por um retângulo de cartolina plastificada de 5 cm de altura por 10 cm largura para o atleta fixar a visão, um pedaço de durex para prender a cartolina na filmadora, uma cadeira a 2 m de distância da câmera, local marcado por uma fita azul escuro colada no piso. No dia do teste de CLEM, o professor marcou a duração dessa avaliação com um relógio Casio F-200 com disparo e ao final do teste, travava o cronômetro. Depois da realização do teste de cada atleta, a duração do mesmo era marcada em uma planilha (ver no anexo H) que ficava fixada na prancheta Rinoceronte. Após a filmagem, numa sala de 4,90 m de comprimento por 3,14 m de largura, a imagem do rosto dos jogadores no teste de CLEM foi transferida pela filmadora para a televisão CCE 29 polegadas via fio ouro. Durante este procedimento usou-se um controle remoto com duas pilhas para regredir ou avançar a fita, quando foi estabelecido a hemisfericidade dos jovens atletas. Na filmagem dos jogos do campeonato foi utilizado a mesma filmadora do teste de CLEM, a mesma fita e com bateria Sony 360 minutos. Na análise das partidas foram utilizados os 76 mesmos procedimentos do teste de CLEM ao transferir a imagem para a televisão. A sala onde ocorreu o estudo dos jogos foi a mesma do teste de CLEM. 3.7.1. Teste de CLEM O teste de CLEM para estabelecer a hemisfericidade do atleta de futsal utiliza a teoria do movimento conjugado lateral dos olhos (LEITE, 2004). Esse teste é correlacionado significativamente com o eletroencefalograma. A ação dos olhos mais para esquerda significa que o indivíduo possui hemisfério de processamento mental direito, mas se a movimentação visual for predominantemente para direita, a pessoa é tem uma preferência de informação com o hemisfério esquerdo. Caso venha ser bi-hemisfério, os olhos oscilam, porém sempre um dos hemisférios tende a ser mais forte no processamento mental, o esquerdo ou o direito. A aplicação do teste de CLEM é fácil para o pesquisador (MARQUES, DA SILVA, SOUZA E SILVA & ALBERGARIA, 2006). Inicialmente, perguntou-se aos atletas se eles estavam sem problemas físicos, emocionais e outros que interfiram na avaliação, essas normas foram baseadas em Vallado, Delgado, Souza, Guagliardi Junior, Da Silva e Lins (2004). Em seguida é explicado o motivo do teste. Um jogador de futsal sentou na cadeira situada numa distância de 2 m da cortina de cor preta que tinha um orifício para a lente da filmadora captar a ação dos olhos do atleta. O corpo da câmera e o tripé ficaram atrás da cortina, o mesmo ocorreu com o professor e o gravador. Abaixo da lente da filmadora foi seguida as recomendações de Oliveira, Da Silva e Silva (2006), foi fixada com durex uma cartolina branca de 5 cm de altura por 10 cm de largura, local de referência para o desportista direcionar a visão. A última norma do teste foi realizado, o salão de churrasco era tranqüila. O avaliador orientou ao atleta que não existem respostas certas e erradas, alertando ao jogador que a resposta será dada mentalmente. As perguntas foram feitas através de uma gravação. Após essas explicações foi acionada a filmadora e, logo depois, o gravador. Nunca o contrário, o gravador antes da filmadora, pois quando o gravador é ligado antes e o professor demora apertar o botão de início da filmadora, a captação da imagem dos olhos do jogador não acontece em todas as perguntas, o que torna o teste inválido. As 77 primeiras perguntas gravadas foram para descontrair o avaliado, depois foi praticado um bloco de cinco perguntas analíticas e outro bloco de cinco perguntas espaciais (ver no anexo I). Entre cada pergunta há uma pausa de cinco segundos. Foram avaliados no teste de CLEM 16 atletas, que foram divididos em três blocos pelo treinador. O tempo gasto no teste de hemisfericidade coletado por um relógio e anotado no scout do anexo H é exposto na tabela 11: Tabela 11: Dispêndio de tempo do teste de CLEM. Bloco Nome 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Duração do teste 3` 30`` 3` 30`` 3` 30`` 3` 19`` 3` 19`` 3` 20`` 3` 18`` 3` 29`` 3` 29`` 3` 20`` 3` 28`` 3` 20`` 13 14 15 16 3` 16`` 3` 16`` 3` 29`` 3` 20`` 2 3 Tempo total do teste 8 h 30` a 9 h 16` Temperatura Estação Data e do ano Semana 26ºC Outono ou 27/03/07 3ªf 46` 8 h 59` a 9 h 30` 28ºC Outono 29/03/07 5ªf ou 32` 9 h 22` a 9 h 35` ou 26ºC Outono 03/04/07 3ªf 14` A duração do teste da tabela 11 é somente o registro da execução da filmagem do CLEM. Enquanto que o tempo total (coletado pelo mesmo relógio) inicia-se no momento de entrada no salão de churrasco e termina na última avaliação, exposto na própria tabela 12. Passados alguns dias da coleta de dados do teste de CLEM, o pesquisador passou a gravação da filmadora via fia ouro para a televisão, em seguida sentou numa cadeira de escritório, distante 1,20 m da televisão, anotou, no Sistema Numérico Face do Relógio (ver esse scout no anexo J), a movimentação ocular dos jogadores conforme as normas de Ribeiro (2006) para determinar o hemisfério de processamento mental (ver no anexo K). Nesta tarefa, o pesquisador usou uma prancheta, lapiseira e borracha e a anotação demorou 1 hora (das 17 até 78 às 18 h). O local onde ficou a cadeira foi marcado com durex azul escuro colado ao piso. Após uma pausa, o pesquisador transferiu as anotações do scout Face do Relógio para o scout que estabelece a hemisfericidade através de uma quantificação que estabeleceu o hemisfério de preferência no processamento da informação (das 21 h 15 minutos às 21 h 56 minutos, durou 40 minutos) (ver no anexo L). 3.7.2. Coleta de dados, análise dos jogos e quantificação dos resultados Recordando o que foi explicado anteriormente, após nove sessões de prática em bloco aconteceu o primeiro turno do campeonato em dupla. Momento da primeira coleta de dados. O pesquisador se posicionou no meio da meia quadra na antepenúltima arquibancada, numa distância do local da competição de 2,80 m. Para a filmagem do evento foram usadas a câmera Sony Handycam Vision CCDTRV 12 e fita Sony Digital 8mm com bateria Sony 360 minutos. Apesar da coleta de dados ser na arquibancada, a filmagem e a anotação na súmula dos gols marcados não foram prejudicadas pela presença de atletas e torcedores, pois estes não podiam se posicionar em frente da meia quadra da disputa. Cones colocados na arquibancada impediam o público ultrapassar essa região. Ao término do 1° turno, constatou-se ser inadequado afastar o público dos jogadores, porque além de fazer um estudo científico, o autor tinha o objetivo de formar atletas, tanto que organizouse o campeonato em dupla da dissertação, o simulado em dupla que era aberto a qualquer menino que não participassem da pesquisa e a disputa em equipe. Por isso, no segundo turno, a filmagem, feita com a mesma câmera e pelo mesmo pesquisador, posicionado em cima de uma cadeira no meio da meia quadra, pouco atrás da região de jogo. Após a filmagem dos dois turnos, o autor iniciou-se a análise dos jogos por scout. O professor situou sua cadeira a 87 cm da televisão, marcando o local com durex azul escuro. Para a marcação dos dados no scout usou prancheta, lapiseira e borracha, além de um pequeno banco que, próximo da cadeira pesquisador, foi usado para apoiar o controle remota da filmadora e a própria prancheta quando necessário. A imagem da filmagem foi enviada diretamente da câmera para a televisão CCE 30 polegadas pelo fio ouro. A investigação das ações de ataque dos 79 jogos foi preferida com o som da partida, porque considerou-se que o barulho do campeonato torna a tarefa do scout menos monótona. O scout para análise dos jogos foi formulado com adaptações no Flexiteste de Araújo (1986, 2005), no scout utilizado no estudo de Amaral e Garganta (2005) e no scout da investigação de Vilhena Silva, Moreira, Costa e Greco (2005). O material fica da seguinte maneira: SCOUT PARA IDENTIFICAR A TÁTICA OFENSIVA DO FUTSAL Horário da Coleta dos Dados: ................ Filmadora que foi utilizada: ................ Sexo: ........... Semana: ........... Vídeo usado: ............... Temperatura no dia da filmagem: ........... Categoria: ........................ Periodização (modelo): ................................. Data da filmagem: ................... Microciclo: .......................... Defesa Tentativa: ................ Meio-campo Defensivo Evento da Filmagem: ..................... Jogo: ......................... Horário da filmagem: ...................... Semana: .............. Mesociclo: ........................... DURAÇÃO da OBSERVAÇÃO: ................................................... Atividade: ................ Distância da Observação: .................. Estação do Ano: ...................... Tempo da Gravação pelo Vídeo: ..................................... Dupla no Ataque: .............................. Meio-campo Ofensivo Ataque Direção do Ataque Colocar no Campo: as Abreviações Ofensivas no Campo / o Grau da Jogada INÍCIO OFENSIVO - IO Tiro de Meta - TM / Lateral - LA / Lançamento – L / Drible - DR / Passe – P / Condução da Bola – C / Desarme – D / Falta Indireta – FI Outros: CONSTRUÇÃO e DESENVOLVIMENTO OFENSIVO - CDO Condução da Bola – C / Passe – P / Drible – DR / Lançamento – L Intervenção do Oponente – Iop / Lateral – LA / Córner – Cor / Falta Indireta – FI / Jogada Ensaiada – JE Outros: FINALIZAÇÃO - F Chute Fora - ChF / Chute perto do gol - ChG / Chute tirado pela defesa - ChD / Chute defendido pelo goleiro – Ch goleiro / Gol de chute – G / Gol de córner – GC Outros: Grau e Classificação da Jogada de Ataque (fazer no IO, na CDO e na F) 0 muito fraco / 1 fraco / 2 médio / 3 bom / 4 excelente 80 Continuação do scout da tática ofensiva Onde teve a Visão Periférica com o seu respectivo Grau e Classificação Descrição da Ação IO CDO F Grau Classificação Joga olhando para a bola. 0 Muito fraco Joga olhando para a bola e num determinado momento ergue a cabeça, mas não faz o fundamento com precisão. 1 Fraco Joga olhando para a bola e num determinado momento ergue a cabeça, fazendo o fundamento com precisão. 2 Médio Joga de cabeça erguida, mas é inconstante na precisão do fundamento. Embora faça a jogada melhor do que a classificação médio. 3 Bom Joga de cabeça erguida, fazendo o fundamento com precisão. 4 Excelente Figura 15: Scout do futsal para análise ofensiva. O uso do scout para análise da tática ofensiva do futsal foi da seguinte maneira: a) Através da observação do jogador que está com a bola no início ofensivo (IO), o pesquisador marcou no mini-campo do scout a ação desempenhada ou viu a imagem da televisão durante o ataque, retrocedeu a fita da filmadora pelo controle remoto e observou novamente a atividade ofensiva para registrar no scout a ação desempenhada. Conforme a necessidade um tipo de marcação no mini-campo foi praticado. b) Após registrar no scout a tarefa do IO, foi estabelecido o grau do IO. Podendo ser determinado na primeira observação ou após retroceder a fita, foi visto novamente esta jogada e marcado o grau dessa fase do ataque. c) A terceira tarefa do IO, é determinar como ocorreu a visão periférica nesta etapa do ataque. Geralmente o professor retrocede a fita pelo controle remoto e torna a observar novamente esta fase do ataque e faz um X na parte do scout responsável por essa variável. 81 d) O próximo passo é fazer a mesma tarefa do IO na construção e desenvolvimento ofensivo. e) No último uso do scout, o professor faz a mesma tarefa de análise do jogo da letra A a E para saber como ocorre a finalização. f) Para cada jogada ofensiva foi utilizado um scout com o intuito de analisar as fases ofensivas e a visão periférica no ataque. O estudo de mais um ataque da dupla foi utilizado um novo scout. Em cada jogo foi utilizado inicialmente 12 scouts grampeados, em caso de necessidade era acrescido mais scouts. A próxima figura ilustra as explicações anteriores do uso do scout: a) É marcado no mini-campo o IO. Atividade: A Defesa Tentativa: 1 Meio-campo Defensivo Dupla no Ataque: Experimental A Meio-campo Ofensivo Ataque C C significa condução da bola b) No mini-campo é estabelecido o grau do IO, sendo 4. Defesa Meio-campo Defensivo Meio-campo Ofensivo C 4 C significa condução da bola Ataque 82 c) O grau e a classificação da visão periférica no IO é marcado com um X. Defesa Meio-campo Defensivo Meio-campo Ofensivo C Ataque 4 C significa condução da bola Onde teve a Visão Periférica com o seu respectivo Grau e Classificação Descrição da Ação IO CDO F Grau Classificação Joga olhando para a bola. 0 Muito fraco Joga olhando para a bola e num determinado momento ergue a cabeça, mas não faz o fundamento com precisão. 1 Fraco Joga olhando para a bola e num determinado momento ergue a cabeça, fazendo o fundamento com precisão. 2 Médio Joga de cabeça erguida, mas é inconstante na precisão do fundamento. Embora faça a jogada melhor do que a classificação médio. 3 Bom 4 Excelente X Joga de cabeça erguida, fazendo o fundamento com precisão. Figura 16: Ensino do uso do scout para um lance de ataque. A tabela 12 expõe o número de scouts utilizados em cada jogo e em todo o campeonato, o leitor pode ver a seguir: Tabela 12: Quantidade de scouts usados no jogo de cada dupla. Amostra Experimental A Controle A N° de scouts usados em cada partida 13 12 Jogo Turno 1º 1º 83 Continuação da tabela 12. Experimental B Controle B 14 12 2º 1º 3º lugar 1º 1º lugar 1º Experimental A Controle B 15 15 Experimental B Controle A 12 13 Total de Scouts Usados 106 - - Amostra Jogo Turno Experimental A Controle B N° de scouts usados em cada partida 13 12 1º 2º Experimental B Controle A 12 12 2º 2º Controle A Controle B 13 12 3º lugar 2º 1º lugar 2º Experimental A Experimental B 12 12 Total de Scouts Usados 98 - - Total de Scouts Usados no 1º e 2º turno 204 - - O scout para identificar a tática ofensiva do futsal foi impresso na impressora hp Deskjet 3920. A partir deste modelo foram feitos 220 scouts por xerox. Foram necessários ao estudo 204 scouts e sobraram 16 desse instrumento. A tarefa de análise dos jogos via scout demorou sete dias. A tabela 13 apresenta a duração de cada estudo por jogo: 84 Tabela 13: Duração da análise de cada jogo. Dia da análise 1º Jogo Turno Horas e Tempo Total 10 h 43` a 12 h 17` almoço 13 h 20` a 14 h 26` Tempo Total: 2 h 39` Experimental A x Controle A 1º 2º Experimental B x Controle B 1º 11 h 20` a 12 h 09` almoço 13 h 46` a 15 h 07` Tempo Total: 2 h 10` 3º Experimental A x Controle B 1º 13 h 46` a 15 h 16` Tempo Total: 1 h 30` 3º Experimental B x Controle A 1º 4º Experimental A x Controle B 2º 12 h 29` a 12 h 45` almoço 13 h 50` a 14 h pausa 16 h 35` a 17 h 12` Tempo Total: 1 h 05` 5º Experimental B x Controle A 2º 1 h 40` a 2 h sono 10 h a 11 h 30` Tempo Total: 1 h 51` 6º Controle A x Controle B 2º 20 h 09` a 21 h Tempo Total: 51` 7º Experimental A x Experimental B 2º - - - 14 h 12` a 15 h 04` Tempo Total: 52` Média± DP do tempo total 23 h 33` a 0 h 36` Tempo Total: 1 h 03` 1,2±0,42 horas Após esta tarefa, e um breve descanso, o pesquisador passou a quantificação da atividade ofensiva de cada scout de análise do jogo para o scout das diversas variáveis do estudo da dissertação. A seqüência da quantificação ocorreu na seguinte ordem: 85 a) O primeiro scout utilizado foi o de gols, a súmula dos gols estava marcada corretamente porque os jogos foram revistos para confirmar os tentos marcados (ver no anexo M o scout de gols). b) O penúltimo scout foi o do grau do ataque, que exigiu atenção do professor ao coletar os valores (ver esse scout no anexo N). c) Último scout, o do grau da visão periférica no ataque, sua quantificação era mais simples, ocorreu sem problema (ver no anexo O). A quantificação em cada scout do grupo experimental e do grupo controle foi realizada separadamente. A qualidade da elaboração do scout obrigou o autor a fazer pausas e retornar ao trabalho quando se sentia bem. Todos os valores do 1° turno do scout do grau ofensivo e do scout do grau da visão periférica no ataque do grupo experimental e do grupo controle foram aferidos em um scout e todos os números do 2° turno em outro scout. A tabela 14 apresenta um resumo da quantificação de cada scout: Tabela 14: Resumo da quantificação de cada scout. Ordem de quantificação N° de scouts usados Duração Dias de trabalho 1º scout de gols 1 12,0±4,24 minutos 1 2º scout do grau ofensivo 2 para o Experimental (E), um para cada turno 45,44±68,87 minutos 2 para o Controle (C), um para cada turno 3 3º scout do grau da visão periférica no ataque 2 para o E, um para cada turno 26,60±12,47 minutos 2 para o C, um para cada turno 2 Após a quantificação de todos os scouts os valores começaram ser tratados pela estatística. 86 3.8. Procedimentos Os procedimentos na formalização e execução da coleta de dados aconteceram conforme é explicado a seguir. 3.8.1. Procedimento da tarefa A seleção dos meninos da amostra era constituída pelos interessados da manhã que faziam parte do Projeto de Esporte do Lar da Criança Padre Franz Neumair. Inicialmente, a presidente do orfanato e os pais, responsáveis pelos menores, autorizaram a participação dos jovens no estudo (ver o termo de consentimento no anexo P). Todos foram informados sobre a natureza da pesquisa. A investigação também foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa envolvendo seres humanos (COMEP) da Universidade Castelo Branco, Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/1996 – protocolo nº 0028/2007. Após a aprovação foi explicado que, na temporada de 2007, seriam realizadas sessões com ênfase no trabalho com bola e os seguintes testes: teste de CLEM para identificar o hemisfério dominante, testes antropométricos, testes neuromotores e teste metabólico. Os jogos seriam filmados para posterior análise sobre a qualidade do ataque e para saber se houve aprendizado significativo do treino da visão periférica. Todas essas novidades objetivavam a observação da eficácia de jogar de cabeça erguida no ataque do futsal. 3.9. Tratamento dos dados Quase todos os dados coletados foram tratados pelo SPSS (Statistical Pockage for the Social Sciences) versão 12.0 for Windows. Foram estabelecidos por esse programa a média e o desvio padrão de todas as variáveis do estudo (testes antropométricos, testes físicos, idade, duração do trabalho no scout, grau do ataque, 87 grau da visão periférica e freqüência e falta no treino). Também foram determinados por esse pacote estatístico a quantidade e o percentual dos valores da hemisfericidade e os gráficos referente às variáveis do estudo (gols, freqüência e falta, grau ofensivo e grau da visão periférica no ataque). O SPSS 12.0 também foi usado na estatística inferencial, sendo adotado um nível de significância de p≤0,05. O teste “t” independente comparou o grupo experimental (GE) versus o grupo controle (GC) no pré-teste e depois no pós-teste em diversas variáveis (idade, antropométrico, neuromotor e metabólico) (apresentado anteriormente). A ANOVA two way (2 grupos x 2 turnos) analisou os dados de cada variável do ataque separadamente (grau ofensivo, gols e o grau da visão periférica no ataque). O teste “t” independente foi utilizado para identificar o motivo da interação significativa da ANOVA two way de todas as variáveis do ataque que foram necessárias. Para uma análise mais profunda da interação significativa, foi resolvida a equação do tamanho do efeito de Dancey e Reidy (2006) pela calculadora Casio SL-807. Para interpretar o tamanho do efeito foi consultada a tabela da porcentagem de sobreposição de Dancey e Reidy (2006) a fim de estabelecer os valores. O teste “t” independente determinou se existia diferença na freqüência do treino dos jogadores do GC x GE e nas faltas, dos mesmos grupos. Seguindo as recomendações de Thomas e Nelson (2002), foram estabelecidas pela calculadora Casio SL-807 o tamanho do efeito da presença do treino e da ausência da sessão referente ao teste “t” independente. Agora o leitor pode observar os resultados da dissertação sobre o treino da visão periférica aplicado no futsal. 88 CAPÍTULO IV 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Este capítulo aborda os resultados do tratamento estatístico com sua respectiva discussão. O teste de CLEM e o scout utilizado para análise da tática ofensiva foram explicados anteriormente. Os resultados foram dispostos da seguinte maneira: 4.1. Resultados e discussões da hemisfericidade; 4.2. da visão periférica no ataque do futsal; 4.3. do grau das fases ofensivas do futsal; 4.4. dos gols do futsal; 4.5. da freqüência e da falta no treino do futsal. 4.1. Resultados e discussões da hemisfericidade Através do teste de CLEM foi determinado que seis jogadores eram bihemisférios (60%) e quatro futebolistas de salão eram mono-hemisférios (40%). Esses valores estão em dissonância com a literatura porque 75 a 80% das pessoas são bi-hemisférios e 20 a 25% da população são mono-hemisférios (RIBEIRO, 2006). Entretanto, sete desportistas apresentaram hemisfério de processamento mental esquerdo (70%) e três desportistas, uma hemisfericidade direita (30%). Segundo Oliveira, Beltrão e Da Silva (2003), esse maior número de jogadores com processamento mental esquerdo talvez pode prejudicar o estudo porque são hábeis em tarefas analíticas. Simon e Bjork (2002) informaram que existem outras variáveis que interferem na qualidade do aprendizado e da performance como a metacognição. Apesar desses últimos autores discordarem, foi evidenciado no primeiro turno que a dupla vencedora (controle A) tinha hemisfério direito de processamento da informação e a dupla vice-campeã foi composta por um jogador de processamento mental direito e outro esquerdo (experimental B). Enquanto que o terceiro lugar (experimental A) e o quarto lugar (controle B) eram formados por atletas de hemisfericidade esquerda. Baseado em Pável (2003), não há surpresa nos resultados do primeiro turno porque as melhores posições foram de jogadores 89 com processamento da informação pelo hemisfério direito. Mattar e Gribble (2005) explicaram que quando se preocupa com o aspecto visual a performance costuma ser superior na disputa. Portanto, o resultado do estudo esteve contrário a essa informação porque o vencedor do primeiro turno foi o grupo controle A. Talvez a causa dessa vitória foi a hemisfericidade direita, bom para atividades motrizes. Lopes e Maia (2000) escreveram que a idade biológica causa uma diferença nos resultados do campeonato de iniciados do desporto. Logo, os primeiros postos do primeiro turno podem estar relacionados com a idade biológica, não mensurada nesta pesquisa. José da Silva, Andrade, Oliveira, Araújo, Paula Silva e Matsudo (2006) ensinaram que a idade biológica só influencia no aspecto físico e, neste estudo, não ocorreu diferença significativa (p>0,05) nos testes antropométricos e físicos, essa hipótese foi descartada. Então, consultando Guardiola, Ferreira e Rotta (1998), parece que a hemisfericidade foi determinante nos resultados do primeiro campeonato. Foi evidenciado que nove sessões da prática em bloco do treino da visão periférica não proporcionaram um diferencial entre o grupo experimental em relação ao grupo controle. O grupo experimental tinha quatro atletas com hemisfério de processamento mental esquerdo (80%) e um desportista de processamento da informação direito (20%). A amostra controle era bem parecida com o grupo experimental, três competidores com hemisfericidade esquerda (60%) e dois futebolistas com hemisfericidade direita (40%). Logo a hemisfericidade foi um fator determinante nas colocações do primeiro turno (CUNHA, MELO, MELO & DA SILVA, 2004). E no segundo turno? Será que ocorreu o mesmo? A figura 17 apresenta o tipo de hemisfericidade do grupo experimental e depois a figura 18 mostra do grupo controle: Tipo de Hemisfericidade (experimental) 1; 20% 1; 20% Bi-hemisfério Esquerdo 3; 60% Bi-hemisfério Direito Hemisfério Esquerdo Figura 17: Perfil da hemisfericidade do grupo experimental. 90 Tipo de Hemisfericidade (controle) 1; 20% 1; 20% 1; 20% 2; 40% Bi-Hemisfério Esquerdo Bi-Hemisfério Direito Hemisfério Esquerdo Hemisfério Direito Figura 18: Perfil da hemisfericidade do grupo controle. Antes do segundo turno, o grupo experimental realizou seis sessões do treino da visão periférica (dois treinos da prática em bloco e quatro treinos da prática aleatória), totalizando 15 sessões para educar o futebolista de salão a atuar de cabeça erguida na partida. Este treinamento proporcionou um diferencial, porque no segundo campeonato a final foi entre experimental A contra experimental B, que possuía um atleta de preferência no processamento da informação pelo hemisfério direito (a dupla experimental B), e que foi a campeã. Em conclusão, a maior duração das sessões do treino da visão periférica ocasionaram uma supremacia do grupo experimental na disputa devido a elevada percepção visual (GASPAR, FERREIRA & PÉREZ, 2005). Para Pinho, Da Silva, Nunes e Beltrão (2007), esses resultados foram contrários da literatura, na final não houve predomínio de atletas com hemisfério processamento da informação direito. O diferencial foi o treino da visão periférica. Porém, no terceiro lugar, o grupo controle A tinha a hemisfericidade direita e no quarto lugar o hemisfério de processamento mental do grupo controle B era o esquerdo. Portanto, quando aconteceu o estímulo significativo do treino da visão periférica (15 sessões) as primeiras colocações foram do grupo experimental, mas quando essa sessão não estava engramatizada, a hemisfericidade estava relacionada com os postos da disputa, fato observado no primeiro turno. Essas conclusões são muito precipitadas, porque para Suzuki e Nishijima (2007) a investigação não mensurou a qualidade dos defensores da linha e do gol. Parece que o treino da visão periférica causou um diferencial no resultado dessa dissertação. Outra limitação, Gréhaigne, Godbout e Bouthier (2001) informaram que neste estudo não foi detectado a qualidade da tomada de decisão de acordo com a 91 hemisfericidade, não podendo ser conclusivo apenas com uma variável. Portanto, parece que a hemisfericidade está relacionada com as colocações do primeiro turno do campeonato em dupla e no segundo turno parece que o treino da visão periférica proporcionou um diferencial para o grupo experimental, 1º e 2º lugar. 4.2. Resultados e discussões da visão periférica no ataque do futsal A visão periférica permite uma informação de qualidade sobre o contexto espacial (BENNETT, BUTTON, KINGSBURY & DAVIDS, 1999), importante para as ações do ataque do futebol de salão (futsal). Contudo, para o jovem engramatizar o treino da visão periférica precisa ser prescrito os tipos de prática do aprendizado neuromotor (BRUZI, PALHARES, FIALHO, BENDA & UGRINOWITSCH, 2006; CÓRDOVA & CASTRO, 2000), estando ciente da hemisfericidade da amostra. Quanto mais exercitado o atleta de futsal maiores são as possibilidades de aquisição e posteriormente da retenção em atuar de cabeça erguida na tática ofensiva (CHIVIACOWSKY & WULF, 2005; KRAKAUER, MANZZONI, GHAZIZADEH, REVINDRAN & SHADMEHR, 2006). Um dos aspectos que pode beneficiar os jovens desse estudo no aprendizado do treino da visão periférica é o período das sessões, pela manhã, momento que os atletas se encontram intelectualmente e fisicamente descansados (MARQUES JUNIOR, 2007). A estatística descritiva do grau da visão periférica no ataque é mostrada na tabela a seguir: Tabela 15: Média e desvio padrão do grau da visão periférica nas fases do ataque. Grupo VPIO do 1º turno Experimental 2,52±1,90 médio Controle 0,17±0,80 muito fraco VPIO do VPCDO do 2º turno 1º turno 0,72±1,37 3,31±1,38 muito fraco bom 0,12±0,62 0,38±1,10 muito fraco muito fraco VPCDO do VPF do VPF do 2º turno 1º turno 2º turno 2,82±1,65 3±1,64 2,83±1,70 médio bom médio 0,01±0,10 0,02±0,15 0,03±0,15 muito fraco muito fraco muito fraco Significado das abreviaturas: VPIO – visão periférica no início ofensivo, VPCDO – visão periférica na construção e desenvolvimento ofensivo, VPF – visão periférica na finalização. A ANOVA two way (2 grupos x 2 turnos) no início ofensivo determinou diferença significativa para o grupo F (1,187) = 64,88, p = 0,001, para o turno F (1,187) = 25,23, p = 0,001 e para a interação entre grupo e turno F (1,187) = 22,74, p = 0,001. 92 Essa interação foi investigada pelo teste “t” independente, as análises mostraram diferenças significativas em todos os cálculos sobre os graus da visão periférica no início ofensivo do grupo experimental (GE) em relação ao grupo controle (GC). As comparações entre GC x GE foram as seguintes: 1° turno do GC x 1° turno do GE (t (92) = - 7,85, p = 0,001, tamanho do efeito (d) = 1,74 (grande), 25% de sobreposição), 2° turno do GC x 2° turno do GE (t (95) = - 2,80, p = 0,006, d = 0,60 (médio), 67%), 1° turno do GC x 2° turno do GE (t (94) = -8,43, p = 0,001, d = 2,4 (grande), 16%) e 2° turno do GC x 1° turno do GE (t (93) = -2,40, p = 0,018, d = 0,50 (médio), 67%). Na construção e desenvolvimento ofensivo, a ANOVA two way (2 grupos x 2 turnos) detectou diferença significativa para o grupo F (1, 218) = 355,99, p = 0,001 e para o turno F (1,218) = 7,82, p = 0,001, não foram encontradas diferenças para a interação entre grupo e turno na construção e desenvolvimento ofensivo F (1, 218) = 0,16, p = 0,68. Enquanto que na finalização, a ANOVA two way (2 grupos x 2 turnos) revelou diferença significativa para o grupo F (1,167) = 241, p = 0,001, contudo, esse modelo estatístico na finalização não identificou diferença significativa para o turno F (1,167) = 0,31, p = 0,64 e para a interação entre grupo e turno F (1,167) = 0,22, p = 0,63. Na figura 19, o leitor pode observar que o grupo experimental obteve aquisição do treino da visão periférica porque teve médias superiores as do grupo controle, mas não melhorou seus resultados no segundo turno. Grau da Visão Periférica no Ataque 3,5 3,31 3 3 2,82 2,83 2,52 2,5 Grau 2 1,5 1 0,72 0,38 0,5 0,17 0,12 VPGC IO 1° t VPGC IO 2° t 0,01 0 VPGE IO 1° t VPGE IO 2° t VPGE CDO 1° t VPGE CDO 2° t VPGC CDO 1° t VPGC CDO 2° t VPGE F 1° t VPGE F 2° t 0,02 0,03 VPGC F 1° t VPGC F 2° t Significado da abreviatura: VPGE 1° t – visão periférica do grupo experimental no início ofensivo, GC – grupo controle, CDO – construção e desenvolvimento ofensivo, 2° t – segundo turno, F – finalização. Figura 19: Média da visão periférica no ataque de cada turno. 93 Na interação significativa entre grupo e turno da visão periférica no início ofensivo, o leitor pode observar na figura 20 que ocorreu diferença entre duas variáveis onde o grupo experimental foi superior em todas as condições. Interação entre Grupo e Turno no IO da VP no Ataque TURNO Média do Grau da VP no Início Ofensivo 3 1 2 2,5 2 1,5 1 0,5 0 1 2 GRUPO Significado da abreviatura: 1 – grupo experimental, 2 – grupo controle, IO – início ofensivo, VP – visão periférica. Figura 20: Interação entre grupo e turno no início ofensivo. A aquisição do treino da visão periférica pelo grupo experimental era esperada após nove sessões antes do primeiro turno porque a prática em bloco possibilita rápida aquisição, isto a literatura comprova (LEE & SIMON, 2003). Contudo, Santos, Lage, Calvacante, Ugrinowitsch e Benda (2006) acharam essa aquisição muito rápida porque o predomínio da hemisfericidade esquerda em tarefas motrizes é dificultada. Porém, essa aquisição não acarretou um diferencial nos resultados do grupo experimental (2° e 3° lugar) em relação ao grupo controle (1° e 4° lugar) no primeiro turno do campeonato em dupla. Mas no gol o grupo experimental foi campeão do primeiro e do segundo turno. Entretanto, este goleiro não foi mensurado no seu grau da visão periférica e na qualidade defensiva, apenas foi identificado a sua hemisfericidade. Será que o treino da visão periférica causa uma otimização no ataque do futsal? Consultando Ladewig (2000) não se pode evidenciar, mas a aquisição do treino da visão periférica que educa o atleta de futsal a jogar de cabeça erguida foi mostrada no grau do grupo experimental. Lendo o estudo de Souza e Silva, Piedade, Alves, Deslandes, Brandão, Oliveira, Souza e Ribeiro (2002), podese considerar as afirmações anteriores muito conclusivas porque o scout costuma 94 ser um instrumento subjetivo para estabelecer o aprendizado. Deveria ser identificado se ocorreu um aumento na assembléia de neurônios para se afirmar que aconteceu aquisição do treino da visão periférica. Somente com equipamentos sofisticados o autor dessa investigação conseguiria praticar essa tarefa. Contudo, o laboratório da UCB possui o ProComp para observar as mudanças das ondas do encéfalo decorrente do aprendizado do treino da visão periférica. Esta pesquisa deveria ter sido conduzida com esse neurofeedback. Então, baseado no resultado do campeonato do primeiro turno, na hemisfericidade e no equipamento de recolha dos dados (scout), pode-se concluir após a leitura em Tani, Freudenheim, Meira Júnior e Corrêa (2004): parece que o grupo experimental obteve aquisição do treino da visão periférica, merecendo um novo estudo sem algumas limitações apresentadas. Antes do segundo turno, o grupo experimental realizou duas sessões de prática em bloco de baixa interferência contextual e quatro treinos de prática aleatória de alta interferência contextual (total de 6 sessões). Todavia, os resultados dessa pesquisa foram contrários ao do estudo de Brady (2004), os jogadores não atingiram a retenção do treino da visão periférica após realizar essa prática aleatória. Para Guadagnoli e Lee (2004) o motivo foi o pouco uso da prática aleatória nas sessões. Meira Junior, Tani e Manoel (2001) informaram que o técnico do grupo experimental deveria prescrever a prática mista (prática em bloco e a prática aleatória) porque o mesmo programa motor generalizado consegue significativa retenção com esta prática. Talvez a não retenção do treino da visão periférica pelo grupo experimental esteja relacionada com as atividades não comuns ao futsal (voleibol e atletismo) realizadas na prática aleatória. Também nesta prática aleatória ocorreu trabalho técnico e/ou situacional do futsal. Em Ugrinowitsch e Manoel (1999) a prática aleatória funciona em qualquer atividade desportiva. No estudo foi possível observar que a prática aleatória foi o momento da pesquisa que esses jovens conseguiram driblar de cabeça erguida. O drible com o treino da visão periférica ocorreu no treino situacional (3 x 3 ou 4 x 4) e depois foi consolidado na memória com execução desse fundamento na partida de futsal. O não uso da instrução conforme o hemisfério de processamento mental foi o fator responsável pela não retenção do treino da visão periférica pelo grupo experimental no segundo turno, essas afirmações foram embasadas Fairweather e Sidaway (1994). Tanto o grupo experimental como o grupo controle tinham 95 jogadores de hemisfério de processamento da informação esquerdo e direito, para o treinador orientar os atletas de hemisfericidade esquerda o conteúdo deveria ser passado pela instrução verbal e analítica e os desportistas de hemisfericidade direita o ensino deveria ser não-verbal e holístico. Porém, Campos, Ladewig e Coelho (2001) explicaram que fica difícil fazer um treino com instrução analítica e não-verbal para meninos com nenhuma vivência desportiva. Somente com mais de três meses jovens no período operacional concreto, talvez, consigam entender o treino com este tipo de instrução (BIANCO, 1999). Qual a causa do decréscimo do grau da visão periférica nas fases do ataque do grupo experimental? Marques Junior (2001) atribuiu um aspecto não controlado nesta investigação e que a pesquisa não se preocupou. Segundo este autor (2001), o grupo experimental piorou o grau da visão periférica no segundo turno e não atingiu a retenção por causa do período das provas do final do segundo semestre (maio e junho). O cansaço intelectual do estudo e das provas do colégio interferiu no rendimento do aprendizado do futsal. Para Lima e Matta (2005) o decréscimo dos valores da visão periférica no ataque do segundo turno foi devido aos problemas econômicos e socioculturais que os jovens dessa pesquisa passam todos os dias, eles são de comunidade carente. Então, Robertson, Pascual-Leone e Miall (2004), baseados nestes fatos, sugeriram que os atletas do futsal deste estudo não possuem um sono de qualidade o que prejudica na consolidação do conteúdo na memória. Esses cientistas (2004) afirmaram que o sono influencia entre 15 a 20% do aprendizado porque ele reorganiza as informações. Tubino e Moreira (2003) acrescentaram que o sono acarreta um reforço nas sinapses do aprendizado. O mais interessante para esses cientistas (2003) foi a regressão do treino da visão periférica após 15 sessões. Um fato relevante foi o decréscimo do grau da visão periférica no ataque do segundo turno e a vitória da mesma amostra nesta competição (1° e 2° lugar). Será que o treino da visão periférica causa um diferencial na atividade de ataque? Pelos estudos do aprendizado neuromotor (UGRINOWITSCH & DANTAS, 2002; ZUBIAUR, OÑA & DELGADO, 1999) e da performance (ALTINI NETO, PELLEGRINOTTI & MONTEBELO, 2006; BANGSBO, 1998) não se chegou a tal explicação. Essa melhor colocação foi por causa da melhora da metacognição? As pesquisas não possuem respostas (CORRÊA, MARTEL, BARROS & WALTER, 2005; MOREIRA, OKANO, DE SOUZA, OLIVEIRA & GOMES, 2005). Pode-se concluir baseado nas inúmeras limitações, que embora a amostra esteja em uma 96 faixa etária com sinapses não totalmente mielinizadas e que nesta idade a capacidade sináptica declina quase 50% devido a perda de receptores colinérgicos pós-sinápticos resultando na retirada das terminais axônicas para o músculo, ocasionando um recrutamento insuficiente de unidades motoras, portanto, parece que o grupo experimental conseguiu aquisição do treino da visão periférica. 4.3. Resultados e discussões do grau das fases ofensivas do futsal Os jogos desportivos coletivos (JDC) caracterizam-se pelo conflito do ataque contra a defesa (LEBED, 2006), onde o modelo de jogo da equipe A ou da equipe B tenta obter supremacia na partida (McGARRY & FRANKS, 2007). A análise do jogo acontece através da estatística descritiva e inferencial do ataque que determina os melhores e inferiores nesta tarefa (DIAS NETO, 2007). Embora existam limitações porque os JDC são difíceis de serem mensurados com precisão por causa da complexidade das ações do jogo e do o tamanho do campo para a recolha de todos os dados (MONGE DA SILVA, 1988), a estatística não pode ser um indicador preciso sobre o ocorrido na partida (NEVILL, ATKINSON, HUGHES & COOPER, 2002; NEVILL, HOLDER & COOPER, 2007). Contudo, ela é um parâmetro para o profissional das ciências do desporto identificar o motivo que certas equipes conseguiram sucesso na disputa. Em relação a tática ofensiva do futebol de salão (futsal) e dos seus similares, a literatura possui um bom número de estudos sobre o aspecto quantitativo do ataque (quantidade de passes, número de chutes, etc) (DIAS & SANTANA, 2006; TAYLOR & WILLIAMS, 2002) e poucas investigações endereçadas à qualidade ofensiva (é boa, ruim ou outros) (VILHENA SILVA, MOREIRA, COSTA & GRECO, 2005). A pesquisa foi focada no grau das fases ofensivas do futsal. O grupo experimental praticou mais três tipos de seqüências ofensivas. A primeira foi a saída do meio-campo (início ofensivo – IO)-condução da bola (construção e desenvolvimento ofensivo - CDO)-chute (finalização - F) (31 vezes, dando 30%), a segunda foi composta pela saída do meio-campo (IO)-a bola rola sem ser tocada (CDO)-chute (F) (11 vezes, 11%) e a terceira mais praticada foi a saída do meio-campo (IO)-chute (F) (8 vezes, 8%). Enquanto que o grupo controle 97 praticou as mesmas seqüências ofensivas que o grupo experimental. As ações foram: saída do meio-campo (IO)-a bola rola sem ser tocada (CDO)-chute (F) (13 vezes, 13%), saída do meio-campo (IO)-condução da bola (CDO)-chute (F) (12 vezes, 12%) e saída do meio-campo (IO)-chute (F) (7 vezes, 7%). Estes dados quantitativos mostraram uma semelhança na seqüência ofensiva do grupo experimental e do grupo controle. Será que o mesmo ocorreu no grau da tática ofensiva? A estatística descritiva do grau das fases ofensivas é exposta na tabela a seguir: Tabela 16: Média e desvio padrão do grau das fases ofensivas. Grupo IO do IO do CDO do CDO do F do F do 2º turno 1º turno 2º turno 1º turno 2º turno 1º turno Experimental 3,65±0,87 3,56±0,94 3,46±1,17 3,67±0,86 3,23±1,09 3,57±0,86 bom bom bom bom bom bom Controle 3,02±1,39 2,62±1,57 3,23±1,28 2,90±1,57 3,37±1,03 2,80±1,39 bom médio bom médio bom médio Significado da abreviatura: IO – início ofensivo, CDO – construção e desenvolvimento ofensivo, F – finalização. A ANOVA two way (2 grupos x 2 turnos) no início ofensivo determinou diferença significativa para o grupo F (1,207) = 21,15, p = 0,001, não foram encontradas diferenças, entretanto, no inicio ofensivo entre os turnos F (1,207) = 2,09, p = 0,14 e na interações entre grupos e turnos F (1,207) = 0,77, p = 0,38. Na construção e desenvolvimento ofensivo, a ANOVA two way (2 grupos x 2 turnos) detectou diferença significativa para o grupo F (1,303) = 11,43, p = 0,001, não foram encontradas diferenças entre os turnos F (1,303) = 0,18, p = 0,66 e nas interações entre grupos e turnos F (1,303) = 3,40, p = 0,06. Enquanto que na finalização, a ANOVA two way (2 grupos x 2 turnos) não revelou diferença significativa para o grupo F (1,174) = 3,53, p = 0,06 e para o turno F (1,174) = 0,44, p = 0,50, contudo, esse modelo estatístico na finalização do futsal identificou diferença significativa para a interação entre grupo e turno F (1,174) = 7,50, p = 0,001. Essa interação foi investigada pelo teste “t” independente, as análises mostraram diferença significativa apenas em uma comparação do grau da finalização do 2° turno do grupo controle (GC) x o 2° turno do grupo experimental (GE) (t (98) = - 2,98, p = 0,004, tamanho do efeito (d) = 0,68 (médio), 62% de sobreposição). Neste cálculo o grupo experimental foi superior do que o grupo controle. As demais análises que não foram significativas eram as seguintes: 1° turno do GC x 1° turno do GE (t (77) = 0,59, p = 0,553, d = 98 0,13 (pequeno), 92%), 1° turno do GC x 2° turno do GE (t (87) = - 1, p = 0,319, d = 0,43 (pequeno), 73%) e 2° turno do GC x 1° turno do GE (t (87) = - 1,60, p = 0,112, d = 0,21 (pequeno), 85%). Na figura 21, é possível observar uma superioridade do grau do início ofensivo e da construção e desenvolvimento ofensivo do grupo experimental em relação ao grupo controle. Essa diferença foi mais acentuada no segundo turno, quando o grupo experimental fez a final do campeonato. Porém, o grupo controle conseguiu um melhor desempenho no grau da finalização no primeiro turno, talvez isso seja o motivo do título do primeiro turno dessa amostra. Entretanto, no segundo turno, o grupo experimental conseguiu o seu melhor grau na finalização, um dos motivos que essa amostra obteve supremacia nesta disputa. Em contrapartida, no segundo turno o grupo controle teve a sua pior média na finalização. Grau das Fases Ofensivas 4 3,65 3,67 3,56 3,5 3 3,57 3,46 3,23 3,23 3,02 2,9 2,62 3,37 2,8 Grau 2,5 2 1,5 1 0,5 0 GE IO 1° t GE IO 2° t GC IO 1° t GC IO 2° t GE CDO 1° t GE CDO 2° t GC CDO 1° t GC CDO GE F 1° t GE F 2° t GC F 1° t GC F 2° t 2° t Significado da abreviatura: GE IO 1°t – grupo experimental no início ofensivo do 1° turno, GC – grupo controle, CDO – construção e desenvolvimento ofensivo, 2° t – segundo turno, F – finalização. Figura 21: Média de cada fase ofensiva nos respectivos turnos. Na interação significativa entre grupo e turno na finalização, a figura 22 mostra a superioridade do segundo turno do grupo experimental em relação ao grupo 99 controle. No primeiro turno o grupo controle foi melhor na finalização do que o grupo experimental, mas não foi significativo. O leitor pode observar abaixo: Interação entre Grupo e Turno TURNO 3,6 1 2 Média do Grau da Finalização 3,5 3,4 3,3 3,2 3,1 3 2,9 2,8 1 2 GRUPO Significado da abreviatura: 1 – grupo experimental, 2 – grupo controle. Figura 22: Interação entre grupo e turno na finalização. O grupo experimental tinha quatro jogadores com hemisfério esquerdo de processamento da informação e um atleta com hemisfericidade direita. O grupo controle era bem parecido com o grupo experimental, três desportistas com preferência no processamento mental no hemisfério esquerdo e dois competidores com hemisfericidade direita. Os resultados do início ofensivo e na construção e no desenvolvimento ofensivo do grupo experimental foram superiores aos do grupo controle, principalmente no segundo turno quando essa amostra realizou 15 sessões do treino da visão periférica. Como existia um número similar da hemisfericidade do grupo experimental e do grupo controle pode-se afirmar que jogar de cabeça erguida foi um diferencial do grupo experimental em relação ao grupo controle, sendo este o motivo do título do campeonato em dupla de futsal desses sujeitos. Vilhena Silva, Costa, Souza e Greco (2004) concordaram com estas afirmações porque a melhor qualidade ofensiva no futsal proporciona a vitória na competição. Para Papadimitriou, Aggeloussis, Derri, Michalopoulou e Papas (2001), o início ofensivo e a construção ofensiva mais eficazes ocasionaram mais chances de gol, foi 100 observado no grupo experimental somente no segundo turno. Mas no primeiro turno, o grupo experimental não esteve conforme a literatura porque foi melhor no início ofensivo e na construção e desenvolvimento ofensivo, tendo pior finalização. Contudo, O`Shaughnessy (2006) considerou muito otimista a afirmação dos autores anteriores porque o estudo não determinou a velocidade da seqüência ofensiva. Quanto mais rápido o ataque maiores são as chances de gol porque gera um desequilíbrio defensivo em relação à atividade ofensiva (LEITÃO, 2004). Portanto, afirmar que o treino da visão periférica resultou numa qualidade superior nas fases do ataque que precedem o remate do grupo experimental tornou-se abusivo para Felisberto e Sampaio (2004). Sparrow, Begg e Parker (2006) afirmaram que a visão aumenta o tempo de reação. Williams e Hodges (2005) acrescentaram que a qualidade visual no futsal aumenta em 5% a antecipação na jogada. Talvez o treino da visão periférica tenha resultado isto para o grupo experimental por esse motivo ele foi melhor no início ofensivo e na construção e desenvolvimento ofensivo. Teixeira (2006) alertou que o tempo de reação visual é mais longo quando comparado com a mesma capacidade física em relação ao aspecto tátil e ao auditivo. Então, o grupo experimental pode ter um tempo de reação tátil e visual ou outro dois superiores ao grupo controle, por esse motivo foi o campeão. Não se pode concluir que uma variável, a visão periférica, foi causadora da vitória do grupo experimental em um campeonato (FLYNN, 2001). A visão periférica é apropriada para a observação espacial (LEE, LEGGE & ORTIZ , 2003), sendo importante no momento do passe, do remate para o jogador direcionar a bola com precisão para o local desejado. Os mesmos cientistas (2003) informaram que a visão central possui mais nitidez na observação dos objetos. Seguindo estes ensinamentos, em certos momentos da partida, como no drible, o ideal para o sucesso consiste na alternância dos dois tipos de visão. Todavia, a interação entre grupo e turno foi significativa na finalização, podendo ser observada nos valores do grupo experimental (3,57±0,86) quando comparado com o grupo controle (2,80±1,39) na finalização do segundo turno. Isto se torna fácil de ser compreendido com a observação nas figuras anteriores. Para Sampedro, Lorenzo e Refoyo (2001) este ocorrido foi por causa da visão periférica durante a jogada do futsal. O mesmo Moreno, Luis, Salgado, García e Reina (2005) determinaram, a visão periférica acarretou esse diferencial. Clark e Harrelson (2002) acharam que, 101 talvez, o motivo da finalização ser superior no segundo turno do grupo experimental foi por causa da metacognição. Enquanto que Rose Junior, Pereira e Lemos (2002) consideraram que o grupo experimental tolera maior o estresse nos momentos decisivos do jogo, o caso da finalização. Já Krustrup, Mohr, Ellingsgaard e Bangsbo (2005) acreditaram que o grupo experimental foi beneficiado por uma melhor potência aeróbia. Martin, Uezu, Parra, Arena, Bojikian e Böhme (2001) acharam que a idade biológica do grupo experimental em relação a aptidão aeróbia esteja adiantada quando comparado ao grupo controle. Para Amaral e Garganta (2005) todos estes estudos contrários o efeito do treino da visão periférica na finalização do grupo experimental no segundo turno são hipóteses, merecendo pesquisas referentes a estas limitações para essas informações serem conclusivas. Como aconteceram muitas limitações, pode-se afirmar que parece que o treino da visão periférica causou um diferencial na tática ofensiva do grupo experimental quando comparado com o grupo controle. 4.4. Resultados e discussões dos gols do futsal O gol é momento mais importante do futsal, por esse motivo foi averiguado se o treino da visão periférica causa um incremento nesse lance do jogo. Os gols das partidas do primeiro e do segundo turno do grupo experimental e do grupo controle foram de chute com a perna direita dando um total de 77 tentos. O grupo experimental marcou 46 gols (60%) e o grupo controle 31 tentos (40%), diferença de 15 gols. Para Ford, Hodges, Huys e Williams (2006), talvez esse maior número de gols do grupo experimental em relação ao grupo controle esteja relacionado com a melhor qualidade visual. Chutar a bola olhando para o gol e para o goleiro parece ser superior do que a maneira tradicional do futebol de salão (futsal), primeiro o atleta olha para a bola no momento preparatório do remate e depois que o chute foi desferido a visão é direcionada para a meta. Passos, Batalau e Gonçalves (2006) consideraram as afirmações muito conclusivas dos ingleses, não foi averiguada a estatística inferencial e existem outras variáveis que comprometem a quantidade de gols, como a qualidade da tomada de decisão no ato de efetuar o remate para o gol. A estatística descritiva é apresentada na tabela a seguir: 102 Tabela 17: Gols em cada turno e no campeonato. Grupo 1° turno 2° turno M±DP do campeonato Experimental 4,50±1,29 7±0,81 5,75±1,66 Controle 4,25±3,09 3,50±1,73 3,87±2,35 Significado da abreviatura: M – média, DP – desvio padrão ANOVA two way (2 grupos x 2 turnos) não revelou diferença significativa para nenhum fator, sendo que para grupo obteve-se F (1,12) = 3,77, p = 0,07, para turno F (1,12) = 0,82, p = 0,38 e para a interação entre grupo e turno F (1,12) = 2,83, p = 0,11. A figura 23 ilustra as médias de gols do grupo experimental e do grupo controle, onde não ocorreu diferença significativa. O leitor pode observar: Média de Gols do Futsal 8 7 7 6 Gols 5 4,5 4,25 3,5 4 3 2 1 0 1 2 Turno GE GC Significado da abreviatura: GE – grupo experimental, GC – grupo controle. Figura 23: Média de gols em cada turno. Apesar de ANOVA two way não mostrar diferença significativa, o grupo experimental marcou 5,75±1,66 gols no campeonato, enquanto que o grupo controle realizou 3,87±2,35 tentos. O maior número de gols do grupo experimental em relação ao grupo controle se acentuou no segundo turno, momento que esta amostra realizou 15 sessões do treino da visão periférica e venceu todos os jogos contra o grupo controle, fazendo a final do segundo campeonato. Apesar de não existir diferença significativa na quantidade de gols, os valores de tentos do grupo 103 experimental contribuíram para a vitória do campeonato em dupla de futsal. Segundo Reina, Moreno e Sanz (2007), a fixação visual para o alvo no momento do chute permitiu o acerto no gol com qualidade, resultando em mais gols para o grupo experimental. Harle e Vickers (2001) acrescentaram que o treino da visão periférica proporcionou uma fixação visual para a meta e ocasionou uma otimização ocular para a tarefa do remate, gerando um número superior de tentos do grupo experimental. Wisiak e Cunha (2004) foram contrários ao aspecto visual, fazer o remate de cabeça erguida não pode ser o único fator de mais gols do grupo experimental. O estudo deveria ter mensurado a qualidade do goleiro do grupo controle, fato não praticado. Pode-se acrescentar ainda, a condição técnica e tática dos fixos, que não foi observado nesta pesquisa. Jackson e Baker (2001) observaram outro problema desse estudo, não foi aferida a distância que ocorreram os tentos e chutes sem gol. Espera-se que jogar com ênfase na visão espacial que permite observar todo o contexto da partida possibilite em gols mais próximos da meta e menos chutes sem gol. Então, o treino da visão periférica não pode ser considerado o único causador da maior quantidade de gols do grupo experimental. Existem muitas limitações que a investigação não conseguiu medir. McGarry e Franks (2000) acreditaram que o treino da visão periférica permitiu mais tentos para o grupo experimental. Seguindo o mesmo raciocínio Van Der Kamp (2006) afirmou que a informação visual costuma proporcionar ações mais eficazes, fato que foi evidenciado nos gols do grupo experimental. Barfield, Kirkendall e Yu (2002) foram contrários aos dois estudos anteriores, eles informaram que talvez o grupo controle tenha uma pior biomecânica do chute em relação ao grupo experimental. Sousa, Garganta e Garganta (2003) lembraram que o grupo controle pode ter pior força rápida na execução do remate. Não investigando esse dois quesitos torna-se difícil afirmar que a vitória do campeonato do grupo experimental foi por causa do treino da visão periférica. Porém, a força rápida desses jovens foi medida no teste de salto vertical, não sendo significativa (p>0,05) entre experimental e controle. Então, a vitória do grupo experimental no número de tentos foi devido ao aspecto visual, jogar de cabeça erguida (FINNOF, NEWCOMER & LASKOWSKI, 2002). Para vários pesquisadores existem muitas deficiências nesse estudo para que essas afirmações sejam definitivas porque essa pesquisa não identificou a metacognição dos jogadores (OLIVEIRA, 2002), a atenção no momento do remate (HELENE & XAVIER, 2003), o estado piscológico do jogador para fazer o chute 104 (PEDERSEN, 2000) e a aerodinâmica da bola após o remate, ela costuma sofrer influência da crise do arrasto e do efeito Magnus que influenciam na direção desse implemento para a meta (AGUIAR & RUBINI, 2004). Em conclusão, por causa das diversas limitações desse estudo, parece que o treino da visão periférica foi o causador de mais gols do grupo experimental em relação ao grupo controle. 4.5. Resultados e discussões da freqüência e da falta no treino do futsal O estudo foi composto por dez meninos com idade de 10,4±2,31 que treinavam duas vezes na semana por uma hora, dando uma média de 63,16±13,76 minutos. Consultando autores renomados sobre iniciação desportiva, estes jovens estavam na idade ideal para iniciação desportiva (ARENA & BÖHME, 2000; MARQUES & OLIVEIRA, 2001). O número de sessões semanais e a duração estavam de acordo para a etapa que estes jogadores se encontravam, etapa de especialização inicial (MARQUES, 1999; RIGOLIN DA SILVA, 2006; MATVEEV, 1997). Segundo Ré e Barbanti (2006), nesta idade a prioridade nas sessões deve ser a coordenação, tarefa praticada nesta investigação. Contudo, o treino dos jovens merece ter uma adequada periodização (CARVALHO, GONÇALVES & COELHO E SILVA, 2006), sendo utilizada a periodização tática que dá ênfase ao aspecto coordenativo e tático do futebolista de salão. Nesta investigação aconteceram 15 sessões e 2 campeonatos em dupla para identificar o efeito do treino da visão periférica nos iniciados do futebol de salão (futsal). Logo este estudo não poderia deixar de controlar a freqüência nas sessões e faltas nos treinos do grupo experimental e do grupo controle. A tabela a seguir mostra a estatística descritiva dessas variáveis do treinamento: Tabela 18: Freqüência no treino e falta na sessão. Grupo Presença Ausência Experimental 22,60±0,89 0,40±0,1 Controle 20,80±1,09 2,20±1,09 105 A próxima tabela expõe a estatística inferencial da freqüência do treino: Tabela 19: Resultados do teste “t” independente na freqüência. Variável Teste “t” na presença GC x GE Tamanho do Efeito - 2,84* *p≤0,05 - 1,65 (grande) Significado da abreviatura: GC – grupo control, GE – grupo experimental. A tabela 20 mostra a estatística inferencial da ausência nas sessões: Tabela 20: Resultados do teste “t” independente na ausência. Variável Teste “t” na falta GC x GE Tamanho do Efeito 2,84* 1,65 (grande) *p≤0,05 Para melhor visualização do leitor em relação a presença e a falta nas sessões do grupo experimental e do grupo controle, a figura 24 mostra as médias desses componentes da sessão: Presença e Falta nas Sessões do Futsal 25 22,6 20,8 20 Dias 15 10 5 0,4 2,2 0 PGE PGC FGE FGC Significado da abreviatura: PGE – presença do grupo experimental, PGC – presença do grupo controle, FGE – falta do grupo experimental, FGC – falta do grupo controle. Figura 24: Média da freqüência e da ausência na sessão. 106 Os valores da presença e da falta no treino foram significativos (p≤0,05) para o grupo experimental em relação ao grupo controle. Talvez este ocorrido seja o motivo dos melhores resultados do grupo experimental no campeonato em dupla do futsal e não por causa do treino da visão periférica. Toubekis, Douda e Tokmakidis (2005) estiveram de acordo com estas afirmações, quanto maior o estímulo de treino melhores são os resultados na disputa. O mesmo pensaram Bonifazi, Sardella e Lupo (2000). Para Rigolin da Silva (2006b) não foi este o motivo da vitória do grupo experimental no campeonato em dupla, foi o fenômeno da compensação, relacionado com uma melhor técnica e tática dessa amostra. Twisk (2001) foi contrário as idéias de Rigolin da Silva (2006b), o grupo experimental foi superior do que o grupo controle devido ao maior número de treinos praticados. Em contrapartida, Naughton, Farpour-Lambert, Carlson, Bradney e Praagh (2000) divergiram de todas as referências, jogar de cabeça erguida exige maior atenção, conseqüentemente aumenta a intensidade da sessão e ocasiona melhores resultados na disputa. São muitas divergências entre as pesquisas, mas o importante para a Sociedade de Medicina do Esporte (1998) foram os benefícios que a competição trouxe para esses jovens no aspecto educacional, ou seja, respeitar regras e saber conviver com a vitória e com a derrota. Böhme (2000) concluiu, além da relevância da pesquisa para as ciências do desporto, este estudo serviu para preparar os meninos para futuras competições oficiais. Segundo Palomares e Francisco (1997), esses iniciados do futsal merecem ser encaminhados para clubes vinculados às federações a fim de iniciar outra fase do treinamento a longo prazo. 107 CAPÍTULO V CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 5.1. Conclusões A prescrição do treino da visão periférica em 15 sessões parece que ocasionou uma aquisição dessa sessão pelo grupo experimental porque o grau dessa variável foi superior ao do grupo controle, ocorrendo diferença significativa (p≤0,05), mas aconteceram muitas limitações para determinar se os jogadores do futebol de salão (futsal) atuaram de cabeça erguida. Por esse motivo não é possível afirmar a respeito do aprendizado do treino da visão periférica. Durante o grau das fases ofensivas do futsal, o grupo experimental foi um pouco melhor do que o grupo controle, tendo superioridade no segundo turno, onde ocorreu diferença significativa (p≤0,05), momento da final entre experimental A versus experimental B. Contudo, como a pesquisa não mensurou diversas variáveis dos futebolistas de salão (velocidade do ataque, qualidade defensiva, estresse dos atletas durante os jogos e outros) no momento do ataque, parece que o grupo experimental foi melhor do que o grupo controle. Não podendo identificar se o treino visão periférica permitiu um incremento do grupo experimental em relação ao grupo controle no ataque porque a investigação não tinha mini câmera presa nos olhos para determinar para onde o atleta estava olhando quando jogava de cabeça erguida. Em relação aos gols do futsal, não ocorreu diferença significativa (p>0,05) entre grupo experimental versus grupo controle, mas como a média de gols de todo o campeonato foi maior do grupo experimental (5,75±1,66) e no segundo turno essa amostra teve a melhor média de gols (7±0,81), parece que o treino da visão periférica otimizou a quantidade de tentos. Entretanto, o grupo experimental treinou mais do que o grupo controle, sendo significativo (p≤0,05). Então, não se pode saber que o melhor resultado do grupo experimental no campeonato em dupla foi por causa do treino da visão periférica ou foi devido a maior presença das sessões dessa amostra. 108 5.2. Recomendações Para uma próxima pesquisa são indicadas algumas melhorias para facilitar a coleta de dados, a inclusão de outras variáveis para o estudo tornar-se mais robusto e o aperfeiçoamento de alguns quesitos para a investigação ficar mais precisa. Essas idéias são as seguintes: a) Melhorias para a coleta de dados - Uso de mais uma filmadora seguindo as recomendações de Menezes, Misuta, Figueroa, Cunha e Barros (2005). O ideal são cinco câmeras para registrar as imagens do campeonato em dupla. Localizando uma filmadora em cada lateral da meia quadra, uma câmera atrás do gol, outra pegando os jogadores de costas, após o cone da atividade B e a última filmadora na tomada de cima, fixada no teto do ginásio. - A quadra deverá ser pintada com os números das respectivas zonas do campo para facilitar a identificação das regiões (meio-campo ofensivo ou ataque) onde ocorre a tática ofensiva. - A análise do jogo deverá ser por recurso de informática para ter mais precisão. - Criar um programa de informática que determine o ângulo da cabeça erguida para a coleta de dados ser mais precisa. - Utilizar mini câmera para registrar por vídeo-computador para onde o atleta está olhando. b) Novas variáveis para a pesquisa ficar mais robusta - Utilizar uma amostra maior na pesquisa. - Mensurar a metacognição dos jogadores. - Estabelecer o estado psicológico dos jogadores na competição. - Determinar a idade biológica da amostra. - Identificar a qualidade defensiva dos atletas da linha e do gol. - Mensurar a velocidade do ataque e da defesa para tentar observar o desequilíbrio que a ação ofensiva causa na defesa. - Verificar a qualidade biomecânica do chute e a força rápida dos jogadores neste fundamento. 109 - Determinar a aerodinâmica da bola após o remate. - Realizar o estudo em vários jogos oficiais, tendo no mínimo cinco câmeras para recolher as imagens. c) Aperfeiçoamento para a investigação ser mais precisa - Mais tempo do treino da visão periférica no momento que os desportistas estiverem na fase de retenção para jogar de cabeça erguida. - Utilizar a prática aleatória em maior quantidade no período de retenção do treino da visão periférica. - Usar o ProComp a fim de detectar as mudanças das ondas do encéfalo referentes a aprendizagem para determinar a duração da aquisição e da retenção do treino da visão periférica. Tarefa que não foi realizada nessa dissertação, sendo baseada no tempo de treino da pesquisa, realizada por Mesquita, Marques e Maia (2001). Então, esta pesquisa é o início para muitas investigações, sendo um novo campo de estudo para os envolvidos no futsal, para técnicos de outras modalidades do futebol (campo, areia e outros) e para os cientistas do aprendizado neuromotor. Tornando-se um desafio de estudo para os teóricos e práticos das ciências do desporto. 110 REFERÊNCIAS ABERNETHY, Bruce & NEAL, Robert J. Visual characteristics of clay target shooters. Journal of Science and Medicine in Sport. v. 2, n. 1, p. 1-19, 1999. ABERNETHY, Bruce, GILL, Danny P., PARKS, Sheri L. & PACKER, Stephen T. Expertise and the perception of kinematic and situational probability information. Perception. v. 30, n. 2, p. 233-252, 2001. ABERNETHY, Bruce, WOOD, Joanne M. Do generalized visual training programmes for sport really work? An experimental investigation. 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Temperatura: ......... °C Atleta 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 ALTURA cm ENVERGADURA cm Semana: ..................... Estação do Ano: ............................. PESO kg Salto Vertical (braços e contramovimento) 3x / cm (vale a melhor marca) Agilidade de 5 m 2 vezes m/s (vale o melhor tempo) Velocidade de 10 m 1 vez m/s 148 ANEXO B DIFERENÇA DA OBSERVAÇÃO NO JOGO DO (A) GRUPO EXPERIMENTAL DO TREINO DA VISÃO PERIFÉRICA E DO (B) GRUPO CONTROLE DO TREINO TRADICIONAL DO FUTSAL COM ÊNFASE NA VISÃO CENTRAL A Visão de 180º B Visão de 20º 149 ANEXO C FICHA DE FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA em março de 2007 Atletas VISÃO 1 Bombinha (gol) 8 anos 20 22 27 29 Total de Sessões 3ªf 5ªf 3ªf 5ªf x x x x 4 x x x x 4 x x x x 4 x x x x 4 x x x x 4 x x x x 4 x x x x 4 x x x x 4 x x x x 4 x x x x 4 Bi-hemisfério Esquerdo 2 Dudu 14 anos Hemisfério Esquerdo 13 anos 3 Nelinho Bi-hemisfério Direito 4 Barudinho 10 anos Bi-hemisfério Esquerdo 9 anos 5 Galak Bi-hemisfério Esquerdo FORTÃO 1 Boné (gol) 11 anos Bi-hemisfério Esquerdo 12 anos 2 Cabeludo Hemisfério Direito 3 Preto 9 anos Hemisfério Esquerdo 12 anos 4 Maradona Hemisfério Esquerdo 5 Sarda 14 anos Bi-hemisfério Direito 150 ANEXO D ATIVIDADES DO CAMPEONATO EM DUPLA DE FUTSAL - Quando o juiz apitar, o atacante deve dar a saída e começar a tática ofensiva. - Cada atividade são 3 tentativas. - Todas atividades começam com a saída do meio-campo. 151 ANEXO D (continuação) ATIVIDADE A - Não tem marcação. É uma dupla contra o goleiro do grupo adversário. Se o grupo controle esteja no ataque o goleiro é do grupo experimental. Mas se a tarefa ofensiva for do grupo experimental ocorre ao contrário, o goleiro é do grupo controle. Este revezamento de goleiros acontece em todas as atividades. Caso a partida seja controle x controle ou experimental x experimental, o goleiro do controle agarra para uma das amostras e o mesmo é praticado pelo goleiro do experimental. 152 ANEXO D (continuação) ATIVIDADE B 1 Cone. / 2 Jogador de defesa numa distância de 3,5 m da linha central. 3 Quando o juiz apitar o atleta corre para fazer a marcação. 4A Saída do meio-campo e condução da bola. / 4B Saída do meio-campo e corre para receber o passe. 5 Passe. 153 ANEXO D (continuação) ATIVIDADE C 1 Círculo central. 2 Jogadores do ataque. 3 Jogador de defesa numa distância de 4,40 m do círculo central. 4 Quando o juiz apitar o atleta corre para fazer a marcação. 154 ANEXO D (continuação) ATIVIDADE D 1 Jogadores de ataque. 2 Jogadores de defesa numa distância de 6,46 m da linha central. 3 Quando o juiz apitar o atleta corre para fazer a marcação. 155 ANEXO E SÚMULA PARA IDENTIFICAR OS GOLS Turno: ........... (1° e 2°) Horário: ............ Data: ............ Temperatura: .......... °C Equipe Classificatória 1 Atividade A Semana: ......... Estação do Ano: ....................... Atividade B Atividade C Atividade D Gols Sofridos Boné Visão A (Galak e Menor) Tempo: 1 e 2 Fortão B (Sarda e Cabelo) Tempos: 1 e 2 Classificatória 2 ........................................ Tempo: 1 e 2 ........................................ Tempos: 1 e 2 3° lugar ........................................ Tempo: 1 e 2 ........................................ Tempos: 1 e 2 1° lugar .................... Tempo: 1 e 2 ................ Tempos: 1 e 2 Equipe: Colocar visão, fortão e o nome dos atletas ou apelido. Tempos: Riscar para saber os números gastos. Gols Sofridos: Colocar o nome do goleiro. Vencedor: Quem fizer mais gols na atividade é o vencedor. Bombinha 156 ANEXO F CALENDÁRIO CALENDÁRIO DE TREINO DO FUTSAL EM 2007 Prof. Nelson Kautzner Marques Junior & Prof. Guilherme Soares Garcia Dia da Semana: 3ª e 5ªf / Horário: 9 – 10 h Mês Dia Atividades Março 20 – 3ªf 22 – 5ªf Conhecer como o grupo joga para dividir os meninos em duas equipes. Continuar a conhecer o grupo. 27 – 3ªf 29 – 5ªf Realizar o teste de CLEM. Depois praticar o treino do FORTÃO e o treino da VISÃO. Total de 4 dias Abril 3 – 3ªf Realizar o teste de CLEM. Depois praticar o treino do FORTÃO e o treino da VISÃO. 10 – 3ªf 12 – 3ªf Realizar o teste de CLEM. Depois praticar o treino do FORTÃO e o treino da VISÃO. 17 – 3ªf 19 – 5ªf Antes da capoeira, praticar os testes antropométricos (altura, envergadura e peso) e os neuromotores (salto, agilidade) e metabólico (velocidade). Depois realizar o treino do FORTÃO e o treino da VISÃO. 24 – 3ªf 26 – 5ªf Antes da capoeira, praticar os testes antropométricos (altura, envergadura e peso) e os neuromotores (salto, agilidade) e metabólicos (velocidade). Depois realizar o treino do FORTÃO e o treino da VISÃO. Total de 7 dias Maio 3 – 5ªf Simulado da disputa em dupla e jogo recreativo (equipes misturadas). 8 – 3ªf 10 – 5ªf 1° turno do campeonato em dupla. 1° turno do campeonato em equipe. 15 – 3ªf 17 – 5ªf Realizar o treino do FORTÃO e o treino da VISÃO. Realizar o treino de ambos os grupos. 22 – 3ªf 24 – 5ªf Voltar a realizar o treino do FORTÃO e o treino da VISÃO. Continuar as sessões. 29 – 3ªf 31 – 5ªf Realizar os mesmos testes do pré-teste e depois fazer o treino. Continuar a fazer o treino do FORTÃO e o treino da VISÃO. Total de 9 dias Junho 5 – 3ªf Simulado da disputa em dupla e jogo recreativo (equipes misturadas) 12 – 3ªf 14 – 5ªf 2° turno do campeonato em dupla. 2° turno do campeonato em equipe. 19 – 3ªf Tentar encaminhar os meninos para clubes de futsal e futebol. Total de 3 dias Total de 23 dias 157 ANEXO G FOTO DO TESTE DE CLEM Jogador fazendo o teste de CLEM. 158 ANEXO H SCOUT DE COLETA DO TEMPO DO TESTE DE CLEM Data: ............. Semana: ........ Horário: .................. Sexo: .............. Categoria: ........................ Nome 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Data de Nascimento Temperatura: ........ Tempo do CLEM 159 ANEXO I PERGUNTAS DO TESTE DE CLEM Perguntas para Descontrair: 1) Qual o seu nome? 2) Quantos anos tem? 3) Qual modalidade pratica? 4) Qual sua posição? As perguntas analíticas e espaciais foram baseadas em Pável (2003): Problemas Analíticos: 1) Tenho 26 balas para dividir com 2 amigos. Com quantas balas ficará cada um? 2) Em um jogo de futebol, uma equipe está vencendo por 5 a 2. Quantos gols a equipe que está perdendo deverá fazer para conseguir empatar o jogo? 3) No céu, havia 18 pipas. Um vento forte levou 3 delas. Quantas pipas continuaram voando no céu? 4) Com 1 (um) real consigo comprar 5 balas. Quanto custa cada bala? 5) Serão distribuídos 12 picolés entre 3 crianças. Quantos picolés receberá cada criança? Problemas Espaciais: 1) Uma pipa vermelha está voando no céu azul. De repente surge uma nuvem cinza e esconde a pipa. 2) Você está passeando numa floresta e encontra uma árvore caída. Por onde você passa? Por cima ou por baixo dela? 3) Mentalmente, desenhe devagar um pequeno círculo. Ao finalizar o círculo, desenhe um quadrado e coloque uma figura dentro da outra. Quando tiver concluído levante suas mãos. 4) Imagine que um animal bem grande e feroz aparece de repente à sua frente e pode atacálo. Construa mentalmente e bem rápido uma barreira capaz de impedir que ele lhe ataque. 5) Você está participando de um jogo de futebol. Você vê que um atleta adversário vai em direção ao seu gol com a bola dominada. Corra até ele para interceptá-lo. No término da avaliação há a seguinte gravação: Fim do teste de CLEM! Muito obrigado!!! 160 ANEXO J SISTEMA NUMÉRICO FACE DO RELÓGIO Data: …………… Nome: ………………………………………………… Idade: …………. 161 ANEXO K NORMAS PARA DETERMINAR A HEMISFERICIDADE BASEADA EM RIBEIRO (2006) a) Observar a movimentação dos olhos durante as perguntas. b) Se durante todo o tempo o atleta fizer desvio ocular para a esquerda nas perguntas analíticas e espaciais, ele é classificado como hemisfério direito. c) Caso o desportista faça desvio ocular em todas as perguntas analíticas e espaciais para a direita, ele é considerado hemisfério esquerdo. d) Para o jogador ser bi-hemisfério, os olhos precisam oscilar de um lado para o outro, sendo necessário um ou dois desvios para esquerda e para a direita, em algumas perguntas. e) O bi-hemisfério com tendência no hemisfério direito precisa apresentar em algumas perguntas analíticas e espaciais ações oculares iguais às letras d e b. Lembrando que para o competidor ser bi-hemisfério, basta que ocorra a movimentação visual da letra d em uma ou mais questões. Porém, para ter tendência direita, essa movimentação ocular precisa aparecer várias vezes nos resultados do scout face do relógio. f) O bi-hemisfério com tendência no hemisfério esquerdo precisa possuir em algumas perguntas analíticas e espaciais, ações oculares iguais às letras d e c. Lembrando que para o atleta ser bi-hemisfério, basta que ocorra movimentação visual da letra d em uma ou mais questões. Porém, para possuir tendência esquerda, os resultados no scout face do relógio devem apresentar várias vezes essa movimentação ocular. 162 ANEXO L SCOUT PARA ESTABELECER A HEMISFERICIDADE PROBLEMAS ANALÍTICOS Atletas 1 2 3 4 PROBLEMAS ESPACIAIS 5 1 2 3 4 5 Hemisfericidade 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Obs.1: Colocar em cada espaço do tipo de problema (analítico e espacial) o hemisfério de processamento mental encontrado no teste de CLEM (BHD: bi-hemisfério direito / BHE: bi-hemisfério esquerdo / HD: hemisfério direito / HE: hemisfério esquerdo) e posteriormente somar para estabelecer a hemisfericidade. 163 ANEXO M SCOUT DOS GOLS Duração da Quantificação: .......................................... Nº de Dias de Quantificação: ............... Jogo: ....................................................... Grupo Experimental ......... Controle ............... Disputa: .............................. Total de Gols 164 ANEXO N SCOUT DO GRAU OFENSIVO Duração da Quantificação: ............................. Nº de Dias de Quantificação: ......... Jogo: ....................................................... Disputa: .............................. Grupo: ..................................................... GRAU IO Fases do Ataque CDO F 0 1 2 3 4 Significado da Abreviação: IO – início ofensivo / CDO – construção e desenvolvimento ofensivo / F - finalização 165 ANEXO O SCOUT DO GRAU DA VISÃO PERIFÉRICA NO ATAQUE Duração da Quantificação: ........................ Jogo: ....................................................... Nº de Dias de Quantificação: ............... Disputa: .............................. Grupo: ..................................................... GRAU Fases do Ataque na Visão Periférica IO CDO F 0 1 2 3 4 Significado da Abreviação: IO – início ofensivo / CDO – construção e desenvolvimento ofensivo / F - finalização 166 ANEXO P TERMO de CONSENTIMENTO Eu, Nelson Kautzner Marques Junior, Professor de Educação Física, solicito a autorização do ou da responsável do atleta, para participação do estudo (treino da visão periférica) que estou elaborando, denominado de O Efeito do Treino da Visão Periférica no Ataque de Iniciados do Futsal: um estudo na competição, visando a coleta dos dados necessários para a minha pesquisa. O estudo tem por objetivo verificar se o treino da visão periférica é melhor do que o treino tradicional do futsal. O jovem atleta está sendo convidado, em caráter voluntário, para fazer parte de uma pesquisa onde sua participação será extremamente valiosa e poderá ser muito útil para a evolução da ciência do desporto. A pesquisa se desenvolverá da seguinte forma: - 9 treinos e depois um campeonato (1º turno). - 6 treinos e depois um campeonato (2º turno). - Cada jogo será filmado com o intuito de identificar a evolução das duplas. O participante da pesquisa não estará proibido de desistir da mesma a qualquer momento, mais a sua desistência causará grande danos ao andamento do estudo. Os participantes não terão participação em eventuais direitos autorais que possam advir de publicação dos resultados da pesquisa. Benefício: Aprender e/ou aperfeiçoar o futsal. AUTORIZAÇÃO: Niterói, ................. de .................................... de 2007. Autorizo o(s) educando(s), para participar da pesquisa de Nelson Kautzner Marques Junior sobre Treino da Visão Periférica, com o compromisso de se empenhar nos testes e nos treinos ministrados. Assinatura do Responsável: ..............................................................................