Aspectos Psicológicos do
Envelhecimento
Unidade I - Velhice e Envelhecimento
 Velhice no interior da modernidade
 Unidade II - Perspectivas epistemológicas do
envelhecimento:
 Psicologia do Desenvolvimento segundo Erik
Erikson
 Abordagem
Existencial- Humanista Logoterapia
 Abordagem Psicanalítica

INSTITUCIONALIZAÇÃO
Características das Instituições Totais
 Apresentação da pesquisa – “Identidade
Arquivada”
 Atividades Terapêuticas
 Acompanhamento Terapêutico (A.T.)
 Oficinas Terapêuticas
 Cuidando do Cuidador – Formal e
Informal
I- VELHICE E ENVELHECIMENTO





Velhice no interior da modernidade
Desaparecimento do princípio unificador do universo:
A desmontagem do mundo medieval culminou em um
desencantamento do mundo.
Tempo de rupturas - Teocentrismo /Antropocentrismo
- Laicização
Idade Média - Conhecer os deuses para alcançar o
céu.
Séc. XVI - Começa a criar a possibilidade de construir
um mundo mais confortável - Razão Instrumental
Exata - CIência
Projeto moderno: Conhecer a natureza para colocá-la
a seu serviço
QUANTO ESSE PROJETO CUSTOU?




Passado perdeu autoridade - Quebra da Tradição
Envelhecer tornou-se inconcebível: Fracasso do
projeto de transformar o homem em imortal, belo
e poderoso
“Extinção” do espaço público - Primazia do
privado - Individualismo
Morte do paraíso terrestre
CONSEQUÊNCIAS DA
MODERNIDADE

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

- Império do Efêmero
- Consumismo: Ênfase no ter e não no ser
- Busca frenética pelo prazer: Hedonismo
- Individualismo: Emergência do Narcisismo
- Culto ao corpo: Mito da “eterna juventude”
- Sobrepujança do novo
- Sociedade dos descartáveis: “peças”
- Medo da morte / velhice
- Perversidade
 Perda
do
sentido
da
continuidade
histórica:
Guerra à tradição
 Banalização do sexo e da
violência
 Submisso ao império da
tecnologia
 Valorização
da memória
informativa e desvalorização
da memória evocativa
 Despolitização
1.2- Velho e idoso na modernidade
- Sociedade Industrial Capitalista- A
produção e o consumo são os divisores de
águas para legitimar os espaços sociais
que a pessoa ocupa
- A necessidade de valorização, de ser
admirado pela beleza, pela celebridade e
pelo poder, tornam o envelhecimento
intolerável
- Imperativo da juventude
- Era do Vazio: Busca individual pelo
sentido da existência.
1ª Saída:



“Aquele que tem muito tempo
de existência, gasto pelo uso,
desusado”
Objeto
da
piedade
e
compaixão
Polo oposto da exacerbação do
culto ao eu, legado máximo
dos tempos modernos
2ª Saída:


A Modernidade justifica
as práticas capitalistas e
afirmam a individualidade
saudável
Consumidor ávido das
ilusões da modernidade
3ª SAÍDA:



Posição crítica frente ao consumismo
selvagem
O sujeito não é submisso aos códigos
da modernidade, nem tampouco é um
consumidor de ilusões.
O sujeito é construtor de sua própria
“OBRA” - Vida autêntica
Psicologia do Desenvolvimento
- Erik Erikson Desenvolvimento polarizado por conflitos
 A tensão que se cria entre forças
contraditórias irradiadas pelos pólos dessas
crises, originam-se qualidade do ego
 Habilidade em transitar entre os dois pólos
 Desenvolvimento durante todo o percurso
da vida

Intimidade X Distanciamento
Capacidade de amar
 “Encontro” com o outro
 Construção de um projeto amoroso
OU
 Afastamento da própria identidade
 Alienação

AMOR
Generatividade X Estagnação
Sentimento de pertencimento e engajamento
 Consciência da condição de sujeito cidadão
 Responsabilidade Social e Política
 Consciência da finitude
OU
 Sentimento de Inutilidade Social
 Irresponsabilidade
 Preocupação exagerada no próprio EU
CUIDADO

Integridade X Desesperança





Sentimento de missão cumprida
Generatividade orientada à cultura
Avaliação do percurso da existência
OU
Desespero
Sentimento de “falta de tempo”
SABEDORIA
PREMISSAS BÁSICAS





O Envelhecimento é multifatorial, multidirecional e
heterogêneo.
Envelhecimento bem sucedido não é mero atributo do
indivíduo biológico, psicológico ou social, mas
resulta da qualidade da INTERAÇÃO desses fatores.
O Idoso é considerado POTÊNCIA: Todo
profissional deve olhar para o idoso como um ser de
possibilidades
O envelhecimento depende da plasticidade do
indivíduo
Resiliência: Pólo positivo das diferenças individuais
entre as pessoas, quanto à sua capacidade de
responder ao estresse e à adversidade
PERSPECTIVAS EPISTEMOLÓGICAS
DO ENVELHECIMENTO

Existencial-Fenomenológico- Humanista
 O Sentido da vida é intermediado por valores
 O sentido da vida é um chamamento interno que
aponta para um destino e a vida se apresenta
como uma missão. O Homem é condenado a ser
livre


Vida Autêntica
 Capacidade de interrogar sobre a própria
existência e sobre o sentido da vida
 Ser-para-a morte
 Ser de projeto : vir-a-ser
Vida Inautêntica
 Distanciamento de si mesmo
 Viver uma vida sem interrogação
 Viver uma vida mesquinha
 Vida alienada de nós mesmos
 Deixar de realizar as aspirações
 “não
consigo imaginar
algo
que
capacite
melhor o homem a
suportar ou superar
sofrimentos subjetivos e
dificuldades objetivas
do eu, do que o
sentimento de possuir
uma tarefa, uma missão
a cumprir”
“Viver é
degustar o precário”
ENVELHE...SER



Capacidade de dar sentido à existência
Resignificação das perdas normais e patológicas
Conjunto de significados construídos ao longo da
existência.
 Processo de interiorização do envelhecimento como
algo negativo
 Estas imagens, a princípio distantes da realidade,
passam a ser auto-imagens negativas quando se
envelhece
 Distância abismal entre o desejo e a representação



O envelhecimento é a própria existência se
constituindo. Vamos SENDO enquanto envelhecemos,
vamos ENVELHE-SENDO e na medida em que
somos, envelhecemos.
“Mesmo a extrema falta de liberdade física e mesmo o
desespero existencial não logram privar o homem da
liberdade de decidir, além e acima do presente, o que
ele virá a ser no futuro”
Abordar a experiência existencial do envelhecer é
resgatar, na pessoa do velho, o homem na sua
totalidade. E identificar-se com ele.
Tempo e Temporalidade

Como habitamos o tempo?
 Momento
de reflexão sobre a existência e sobre o
envelhecimento
Busca da autenticidade

O que dilata o tempo são os significados que
damos a ele
OBJETIVO DA TERAPIA EXISTENCIAL
JUNTO AOS IDOSOS
Resgatar as possibilidades humanas do
envelhecimento, buscando compreendê-lo
como continuidade do processo existencial do
ser humano.
 Busca de autenticidade no processo - saídas
singulares e não generalizantes



Neurose existencial:
transtornos emocionais
resultantes da incapacidade de
perceber o sentido da vida
A logoterapia consiste em:
 Ampliação do campo visual
de valores: um homem em
conflito tende a
superestimar um valor e se
torna cego para os demais
valores
 Elevação dos valores

Psicanálise
 Libido:
“força amorosa”; manifestação energética
dinâmica, que circula entre o ego e os objetos do
mundo
 Envelhecimento Psíquico normal: processo
estruturado ente o pólo das perdas e das aquisições.
 A velhice psíquica fala de uma crise narcísica
 Velhice: interpretação do percurso da existência.
 Narcisismo negativo: provoca dores e queixas
decorrentes da recusa e da estranheza inconsciente
em relação às representações mentais do corpo
Quanto mais espaço as
perdas ocupam na psique do
sujeito, menos rica e mais
deteriorada torna-se sua
qualidade
de
vida
A sensação de estranhamento
aponta para uma falha no
processo de resignificação
“ Meu corpo não me
acompanha”
“Olho no espelho e não me
reconheço”

Para que dure a vida e o “duro desejo de
durar”, é importante que estejamos
continuamente fazendo o “luto” isto é, um
imenso trabalho psíquico de restauração do
desejo durante todo o processo de
envelhecimento psíquico normal.

Aumenta a possibilidades desejantes do
sujeito



Desinvestimento no
presente
Falência da
possibilidade de
Temporalidade
Desnarcisação:
Empobrecimento e
recolhimento libidinal;

Falta de Futuro

Estilos Psíquicos
 Depressão: Incapacidade de retificar o
passado, se prendendo a ele como
lamúria;
 Paranóia: Projeção das frustrações
pessoais
 Mania: Negação da passagem do tempo
 “Travestismo
envelhecer
Juvenil”: Maneira bizarra de


Elaboração do luto :
substituição simbólica.
O fechamento do
processo
de
temporalização, pela
desnarcisação
do
sujeito e pela perda do
reconhecimento
simbólico,
impede
qualquer processo de
elaboração da perda.
INSTITUCIONALIZAÇÃO
ASILO: INSTITUIÇÃO TOTAL OU
INSTITUIÇÃO DE CARIDADE?
- Acima de qualquer suspeita
- Legitimação da exclusão
INSTITUIÇÃO TOTAL
 “Local
de residência onde um
grande número de pessoas com
situação semelhante, separados
da sociedade mais ampla, levam
uma
vida
formalmente
administrada”
E. Goffman

O Assistencialismo : ao
contrário de caminhar na
direção da consolidação de
um direito, reforça os
mecanismos de exclusão
social,
impedindo
o
exercício da cidadania
CARIDADE OU
SOLIDARIEDADE

CARIDADE
FAZER PARA...

SOLIDARIEDADE
FAZER COM...
EFEITOS DA CARIDADE NA
SUBJETIVIDADE DO IDOSO



Paradoxo: Como os
asilos - redutos das
práticas caritativas
podem ser
considerados
Instituições Totais?
Asilo: acima de
qualquer suspeita
Asilo: Abrigo e
exclusão social
CARIDADE
FAZER PARA...
DESCONHECIMENTO
DO
SUJEITO
AUTÔNOMO E LIVRE
 REFORÇA
A
EXISTÊNCIA
DA
DEPENDÊNCIA E DA CARÊNCIA

CONSEQÜÊNCIAS DA
INSTITUCIONALIZAÇÃO










Perda da autonomia
Mortificação do eu
Impossibilidade de exercer a cidadania
Perda da posição de sujeito político
Perda da continuidade histórica
Desculturamento
Redução dos papéis sociais
Controle da comunicação
Perda do sentido
Fim da história social
O QUE TORNA O ASILO UM
VERDADEIRO LAR?

ESPAÇO FÍSICO?

EQUIPE QUALIFICADA?

NÚMERO DE MORADORES?

QUALIDADE DOS SERVIÇOS?

...
SE VOCÊ FOSSE DIRETOR
DE UM ASILO....

QUAL SERIA O PERFIL DOS IDOSOS?
 DEPENDENTES?
 INDEPENDENTES?
 LÚCIDOS?
 DEMENCIADOS?

POR QUE?
ABORDAGENS
TERAPÊUTICAS

ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO (A.T.)
 Modalidade Terapêutica que visa resgatar o sujeito nas suas
potencialidades.
 A rua como espaço clínico de intervenção
 Método de ressocialização
 Resgate da identidade e da memória histórica e da cidadania
ETAPAS:
 Planejamento (Levantamento da história funcional e afetiva;
levantamento dos dados relacionados com a saída: onde?
como? por que? (qual o sentido da saída?) quando? Quem
paga?
 Execução : a saída propriamente dita, mediada pelo A.T.
 Avaliação: Ponto de reflexão para futuras saídas
OFICINAS TERAPÊUTICAS
Espaço produtivo, criativo, lúdico e
terapêutico que visa a produção de um sentido
no fazer potencializado
 Crítica ao tarefismo: “Fazer para ocupar”;
“Faz por que é bom”
ETAPAS:

 Planejamento
 Execução
 Avaliação
CUIDADORES: HERÓIS
ANÔNIMOS DO COTIDIANO
SAÚDE MENTAL DO
TRABALHADOR
Asilo

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


Instituição detonadora do adoecimento psíquico do
funcionário
CAUSAS
Esforço não é reconhecido
Trabalho não sonhado – “Castigo”
Trabalho não compartilhado – “Sem trocas”
Mal remunerado
Sentimentos vivenciados como frustração, angústia
diante da morte, impotência, amor não correspondido
QUANDO NOS TORNAMOS
PAIS DOS NOSSOS PAIS
Cuidar: Ato de assistir alguém ou prestarlhe serviço quando necessita. É uma
atividade complexa, com dimensões éticas,
psicológicas, sociais e que também tem seus
aspectos clínicos, técnicos e comunitários.
 O ato de cuidar aponta sempre para a
fragilidade e para a dependência, fatores
que relativizam o cuidado.

QUEM É O CUIDADOR?
Parentesco: Cônjuges ou filhos
 Gênero: tradicionalmente é a mulher
 Proximidade Física
 Proximidade afetiva

POR QUE CUIDAR?
AMOR
OBRIGAÇÃO
GRATIDÃO
MORALIDADE
VONTADE PRÓPRIA
CARACTERÍSTICAS DO CUIDADO
O trabalho geralmente não é reconhecido.
Relações unidirecionais acabam por levar à
frustação, impotência e angústia.
 Prover cuidados é uma tarefa custosa emocional,
social e financeiramente
 Quanto mais o cuidador se envolve, mais os nãocuidadores de afastam
 O cuidado uma vez assumido, é intransferível
 O ato de cuidar remonta cenas familiares e faz
aflorar os conflitos antigos, inclusives edipianos

CUIDADO COM O CUIDADOR

Adoecimento Psíquico do cuidador
Depressão
 Perda do sentido da vida
 Sentimentos paradoxais: amor e ódio pelo idoso
 Redução dos papéis sociais
 Esgotamento físico e emocional

ABORDAGEM AO CUIDADOR
Suporte técnico
 Suporte emocional: ampliação dos papéis, divisão
e delegação das tarefas
 Uma pessoa torna-se cuidadora no processo de
cuidar
 Intervenção Multidisciplinar
 Organização do cotidiano do idoso e do cuidador
 Acompanhamento do cuidador após a morte do
idoso: vazio, culpa e depressão. Reestruturação dos
papéis

DAR VOZ AO CUIDADOR
“Minha maior dificuldade é lidar com o medo
da morte. Não consigo pensar nesta separação”
 “Peço a Deus que poupe minha mãe deste
sofrimento, e que a leve para junto dele”
 “Tenho medo do que os outros vão falar. Cuido
por causa da mamãe e por causa dos outros.
Eles sempre acham defeito, falam que ela está
fedendo... Mas ninguém vem para dar banho
nela. Me sinto muito cobrada.”

GRUPO DE APOIO
“No grupo, eu encontrei e continuo encontrando
respostas necessárias para todas as
dificuldades”
 “A cruz fica muito mais leve se for dividida”
 “Aprendi a suportar que a piora progressiva era
inevitável, mas aprendi a ser flexivel e criativa
para poder me adaptar com menos frustação à
situação”.
 “Com as coisas que aprendi lá me sinto mais
segura para lidar com as mudanças que a
doença causou em meu marido”.

“Aqui eu descobri que tenho o direito de
sentir raiva. Com isso, os momentos de
amor ficaram mais constantes, e eu achava
que era horrível ter raiva dela”.
 “Sofri muito. Pois quando se é jovem os
pais não nos preparam para cuidar deles. Eu
não sabia que ela ia envelhecer... O grupo
me ajudou e me fortaleceu. Consegui voltar
a viver antes dela morrer. Se fosse o
contrário, se esperasse ela morrer, não
conseguiria voltar a viver”.

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