QUAIS AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA NA COMPREENSÃO DA JORNADA DA VIDA? CAMPOS DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ACOMPANHAMENTO PSICOTERÁPICO INDIVIDUAL - PSICOTERAPIA FOCAL CONSULTORIA E INTERVENÇÃO INSTITUCIONAL AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO COGNITIVA E NEUROPSICOLÓGICA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA: APOIO À FORMAÇÃO E À MANUTENÇÃO DOS GRUPOS DE TERCEIRA-IDADE E PROGRAMAS SOCIAIS ATUAÇÃO ACADÊMICA: PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO O QUE É PROCESSO DE ENVELHECIMENTO PSÍQUICO NORMAL? (PEPN) O que significa desnaturalizar a noção da velhice? “estar vivo significa viver um mundo que precede à própria chegada e que sobreviverá à partida” QUAIS SÃO AS MÁSCARAS SOCIAIS QU USAMOS PARA ESCONDER A VELHICE O mundo não tem sentido sem o nosso olhar ENVELHECER É METAMORFOSEAR O QUE TORNA A VELHICE DE FATO UMA FASE TEMIDA? É no processo de significação que se aprende o essencial, a tirar excessos acumulados ao longo da existência efêmera Aspectos Psicológicos do Envelhecimento Unidade I - Velhice e Envelhecimento no interior da modernidade Unidade II - Perspectivas epistemológicas do envelhecimento Unidade III- Impactos subjetivos da institucionalização e possíveis saídas I- VELHICE E ENVELHECIMENTO Velhice no interior da modernidade Desaparecimento do princípio unificador do universo: A desmontagem do mundo medieval culminou em um desencantamento do mundo. Tempo de rupturas - Teocentrismo /Antropocentrismo - Laicização Idade Média - Conhecer os deuses para alcançar o céu. Séc. XVI - Começa a criar a possibilidade de construir um mundo mais confortável - Razão Instrumental Exata - CIência Projeto moderno: Conhecer a natureza para colocá-la a seu serviço QUANTO ESSE PROJETO CUSTOU? Passado perdeu autoridade - Quebra da Tradição Envelhecer tornou-se inconcebível: Fracasso do projeto de transformar o homem em imortal, belo e poderoso “Extinção” do espaço público - Primazia do privado - Individualismo Morte do paraíso terrestre CONSEQUÊNCIAS DA MODERNIDADE - Império do Efêmero - Consumismo: Ênfase no ter e não no ser - Busca frenética pelo prazer: Hedonismo - Individualismo: Emergência do Narcisismo - Culto ao corpo: Mito da “eterna juventude” - Sobrepujança do novo - Sociedade dos descartáveis: “peças” - Medo da morte / velhice - Perversidade Perda do sentido da continuidade histórica: Guerra à tradição Banalização do sexo e da violência Submisso ao império da tecnologia Valorização da memória informativa e desvalorização da memória evocativa Despolitização 1.2- Velho e idoso na modernidade - Sociedade Industrial Capitalista- A produção e o consumo são os divisores de águas para legitimar os espaços sociais que a pessoa ocupa - A necessidade de valorização, de ser admirado pela beleza, pela celebridade e pelo poder, tornam o envelhecimento intolerável - Imperativo da juventude - Era do Vazio: Busca individual pelo sentido da existência. PREMISSAS PSICOLÓGICAS BÁSICAS O Envelhecimento é multifatorial, multidirecional e heterogêneo. Envelhecimento bem sucedido não é mero atributo do indivíduo biológico, psicológico ou social, mas resulta da qualidade da INTERAÇÃO desses fatores. O Idoso é considerado POTÊNCIA: Todo profissional deve olhar para o idoso como um ser de possibilidades Resiliência: Propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora duma deformação elástica. Resistência ao choque ENVELHECIMENTO PSÍQUICO NORMAL (EPN) O enfrentamento da crise dependerá dos recursos internos e externos de cada idoso. Capacidade de significar e elaborar as perdas: maiores possibilidades de um envelhecimento saudável O envelhecimento depende da plasticidade do indivíduo Processo estruturado ente o pólo das perdas e das aquisições. A Psicologia interessa-se por descrever e explicar as condições nas quais é possível ocorrer preservação do potencial para o cmportamento e para o desenvolvimento Avaliação cognitiva dos eventos da vida: prejuízo, ameaça, perda, desafio ou algo benigno enfrentamento do estresse: esforços cognitivos e comportamentais, em constante mudança, para lidar com demandas internas e externas avaliadas como superiores aos recursos pessoais Psicologia do Desenvolvimento - Erik Erikson Desenvolvimento polarizado por conflitos A tensão que se cria entre forças contraditórias irradiadas pelos pólos dessas crises, originam-se qualidade do ego Habilidade em transitar entre os dois pólos Desenvolvimento durante todo o percurso da vida Intimidade X Distanciamento Adulto Jovem Capacidade de amar “Encontro” com o outro Construção de um projeto amoroso OU Afastamento da própria identidade Alienação AMOR Generatividade X Estagnação Idade Adulta Sentimento de pertencimento e engajamento Consciência da condição de sujeito cidadão Responsabilidade Social e Política Consciência da finitude OU Sentimento de Inutilidade Social Irresponsabilidade Preocupação exagerada no próprio EU CUIDADO Integridade X Desesperança Velhice Sentimento de missão cumprida Generatividade orientada à cultura Avaliação do percurso da existência OU Desespero Sentimento de “falta de tempo” SABEDORIA PERSPECTIVAS EPISTEMOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO Existencial-Fenomenológico- Humanista O Sentido da vida é uma busca existencial durante todo o percurso da vida Vida Autêntica Capacidade de interrogar sobre a própria existência e sobre o sentido da vida Ser-para-a morte Ser de projeto : vir-a-ser Vida Inautêntica Distanciamento de si mesmo Viver uma vida sem interrogação Viver uma vida mesquinha Vida alienada de nós mesmos Deixar de realizar as aspirações “não consigo imaginar algo que capacite melhor o homem a suportar ou superar sofrimentos subjetivos e dificuldades objetivas do eu, do que o sentimento de possuir uma tarefa, uma missão a cumprir” ENVELHE...SER Capacidade de dar sentido à existência Resignificação das perdas normais e patológicas Conjunto de significados construídos ao longo da existência. Processo de interiorização do envelhecimento como algo negativo Estas imagens, a princípio distantes da realidade, passam a ser auto-imagens negativas quando se envelhece Distância abismal entre o desejo e a representação “Mesmo a extrema falta de liberdade física e mesmo o desespero existencial não logram privar o homem da liberdade de decidir, além e acima do presente, o que ele virá a ser no futuro” Abordar a experiência existencial do envelhecer é resgatar, na pessoa do velho, o homem na sua totalidade. E identificar-se com ele. Tempo e Temporalidade Como habitamos o tempo? Momento de reflexão sobre a existência e sobre o envelhecimento Busca da autenticidade O que dilata o tempo são os significados que damos a ele OBJETIVO DA TERAPIA EXISTENCIAL JUNTO AOS IDOSOS Resgatar as possibilidades humanas do envelhecimento, buscando compreendê-lo como continuidade do processo existencial do ser humano. Busca de autenticidade no processo - saídas singulares e não generalizantes Neurose existencial: transtornos emocionais resultantes da incapacidade de perceber o sentido da vida A logoterapia consiste em: Ampliação do campo visual de valores: um homem em conflito tende a superestimar um valor e se torna cego para os demais valores Elevação dos valores Psicanálise Libido: “força amorosa”; manifestação energética dinâmica, que circula entre o ego e os objetos do mundo Envelhecimento Psíquico normal: processo estruturado ente o pólo das perdas e das aquisições. Velhice: interpretação do percurso da existência. Narcisismo negativo: provoca dores e queixas decorrentes da recusa e da estranheza inconsciente em relação às representações mentais do corpo Quanto mais espaço as perdas ocupam na psique do sujeito, menos rica e mais deteriorada torna-se sua qualidade de vida A sensação de estranhamento aponta para uma falha no processo de resignificação “ Meu corpo não me acompanha” “Olho no espelho e não me reconheço” Para que dure a vida e o “duro desejo de durar”, é importante que estejamos continuamente fazendo o “luto” isto é, um imenso trabalho psíquico de restauração do desejo durante todo o processo de envelhecimento psíquico normal. Aumenta a possibilidades desejantes do sujeito Desinvestimento no presente Falência da possibilidade de Temporalidade DESNARCIZAÇÃO: Empobrecimento e recolhimento libidinal; Falta de Futuro Estilos Psíquicos Depressão: Incapacidade de retificar o passado, se prendendo a ele como lamúria; Paranóia: Projeção das frustrações pessoais Mania: Negação da passagem do tempo “Travestismo envelhecer Juvenil”: Maneira bizarra de Elaboração do luto : substituição simbólica. O fechamento do processo de temporalização, pela desnarcisação do sujeito e pela perda do reconhecimento simbólico, impede qualquer processo de elaboração da perda. ASILO: INSTITUIÇÃO CARITATIVA OU INSTITUIÇÃO TOTAL? INSTITUCIONALIZAÇÃO ASILO: INSTITUIÇÃO TOTAL OU INSTITUIÇÃO DE CARIDADE? - Acima de qualquer suspeita - Legitimação da exclusão HISTÓRIA DOS ASILOS EM BELO HORIZONTE História Área de Belo Horizonte urbana Elite e estatamento burocrático Área suburbana Área predominantemente operária Área rural - região dos sítios Sítios de pequena lavoura - “Cinturão Verde” História dos asilos SSVP - 1833 - Frederico Ozanam inspirou-se na obra de São Vicente (1581-1660) - Pai dos pobres História dos asilos em Belo Horizonte 1912 - “Asilo dos Inválidos” - Asilo Afonso Pena - Área urbana Operação Limpeza Ideal Higienista e moralista garantia da ordem pública, impedindo que fosse denegrida a imagem de cidade-modelo INSTITUIÇÃO TOTAL “Local de residência onde um grande número de pessoas com situação semelhante, separados da sociedade mais ampla, levam uma vida formalmente administrada” E. Goffman O Assistencialismo : ao contrário de caminhar na direção da consolidação de um direito, reforça os mecanismos de exclusão social, impedindo o exercício da cidadania CARIDADE OU SOLIDARIEDADE CARIDADE FAZER PARA... SOLIDARIEDADE FAZER COM... EFEITOS DA CARIDADE NA SUBJETIVIDADE DO IDOSO Paradoxo: Como os asilos - redutos das práticas caritativas podem ser considerados Instituições Totais? Asilo: acima de qualquer suspeita Asilo: Abrigo e exclusão social CARIDADE FAZER PARA... DESCONHECIMENTO DO SUJEITO AUTÔNOMO E LIVRE REFORÇA A EXISTÊNCIA DA DEPENDÊNCIA E DA CARÊNCIA SOLIDARIEDADE FAZER COM... POSSIBILITA O EXERCÍCIO DA AUTONOMIA RESGATA O SUJEITO DESEJANTE REFORÇA A AUTO-ESTIMA FORMAS DE GESTÃO PARTICIPATIVA CONSEQÜÊNCIAS DA INSTITUCIONALIZAÇÃO Perda da autonomia Mortificação do eu Impossibilidade de exercer a cidadania Perda da posição de sujeito político Perda da continuidade histórica Desculturamento Redução dos papéis sociais Controle da comunicação Perda do sentido Fim da história social APRESENTAÇÃO DA PESQUISA IDENTIDADE ARQUIVADA CUIDADORES: HERÓIS ANÔNIMOS DO COTIDIANO SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR Asilo Instituição detonadora do adoecimento psíquico do funcionário CAUSAS Esforço não é reconhecido Trabalho não sonhado – “Castigo” Trabalho não compartilhado – “Sem trocas” Mal remunerado Sentimentos vivenciados como frustração, angústia diante da morte, impotência, amor não correspondido QUANDO NOS TORNAMOS PAIS DOS NOSSOS PAIS Cuidar: Ato de assistir alguém ou prestarlhe serviço quando necessita. É uma atividade complexa, com dimensões éticas, psicológicas, sociais e que também tem seus aspectos clínicos, técnicos e comunitários. O ato de cuidar aponta sempre para a fragilidade e para a dependência, fatores que relativizam o cuidado. QUEM É O CUIDADOR? Parentesco: Cônjuges ou filhos Gênero: tradicionalmente é a mulher Proximidade Física Proximidade afetiva POR QUE CUIDAR? AMOR OBRIGAÇÃO GRATIDÃO MORALIDADE VONTADE PRÓPRIA CARACTERÍSTICAS DO CUIDADO O trabalho geralmente não é reconhecido. Relações unidirecionais acabam por levar à frustação, impotência e angústia. Prover cuidados é uma tarefa custosa emocional, social e financeiramente Quanto mais o cuidador se envolve, mais os nãocuidadores de afastam O cuidado uma vez assumido, é intransferível O ato de cuidar remonta cenas familiares e faz aflorar os conflitos antigos, inclusives edipianos CUIDADO COM O CUIDADOR Adoecimento Psíquico do cuidador Depressão Perda do sentido da vida Sentimentos paradoxais: amor e ódio pelo idoso Redução dos papéis sociais Esgotamento físico e emocional ABORDAGEM AO CUIDADOR Suporte técnico Suporte emocional: ampliação dos papéis, divisão e delegação das tarefas Uma pessoa torna-se cuidadora no processo de cuidar Intervenção Multidisciplinar Organização do cotidiano do idoso e do cuidador Acompanhamento do cuidador após a morte do idoso: vazio, culpa e depressão. Reestruturação dos papéis DAR VOZ AO CUIDADOR “Minha maior dificuldade é lidar com o medo da morte. Não consigo pensar nesta separação” “Peço a Deus que poupe minha mãe deste sofrimento, e que a leve para junto dele” “Tenho medo do que os outros vão falar. Cuido por causa da mamãe e por causa dos outros. Eles sempre acham defeito, falam que ela está fedendo... Mas ninguém vem para dar banho nela. Me sinto muito cobrada.” GRUPO DE APOIO “No grupo, eu encontrei e continuo encontrando respostas necessárias para todas as dificuldades” “A cruz fica muito mais leve se for dividida” “Aprendi a suportar que a piora progressiva era inevitável, mas aprendi a ser flexivel e criativa para poder me adaptar com menos frustação à situação”. “Com as coisas que aprendi lá me sinto mais segura para lidar com as mudanças que a doença causou em meu marido”. “Aqui eu descobri que tenho o direito de sentir raiva. Com isso, os momentos de amor ficaram mais constantes, e eu achava que era horrível ter raiva dela”. “Sofri muito. Pois quando se é jovem os pais não nos preparam para cuidar deles. Eu não sabia que ela ia envelhecer... O grupo me ajudou e me fortaleceu. Consegui voltar a viver antes dela morrer. Se fosse o contrário, se esperasse ela morrer, não conseguiria voltar a viver”. Desculturamento Redução dos papéis sociais Controle da comunicação Perda do sentido Fim da história social 1ª Saída: “Aquele que tem muito tempo de existência, gasto pelo uso, desusado” Objeto da piedade e compaixão Polo oposto da exacerbação do culto ao eu, legado máximo dos tempos modernos 2ª Saída: A Modernidade justifica as práticas capitalistas e afirmam a individualidade saudável Consumidor ávido das ilusões da modernidade 3ª SAÍDA: Posição crítica frente ao consumismo selvagem O sujeito não é submisso aos códigos da modernidade, nem tampouco é um consumidor de ilusões. O sujeito é construtor de sua própria “OBRA” - Vida autêntica “Viver é degustar o precário” O QUE TORNA O ASILO UM VERDADEIRO LAR? ESPAÇO FÍSICO? EQUIPE QUALIFICADA? NÚMERO DE MORADORES? QUALIDADE DOS SERVIÇOS? ... SE VOCÊ FOSSE DIRETOR DE UM ASILO.... QUAL SERIA O PERFIL DOS IDOSOS? DEPENDENTES? INDEPENDENTES? LÚCIDOS? DEMENCIADOS? POR QUE? ABORDAGENS TERAPÊUTICAS ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO (A.T.) Modalidade Terapêutica que visa resgatar o sujeito nas suas potencialidades. A rua como espaço clínico de intervenção Método de ressocialização Resgate da identidade e da memória histórica e da cidadania ETAPAS: Planejamento (Levantamento da história funcional e afetiva; levantamento dos dados relacionados com a saída: onde? como? por que? (qual o sentido da saída?) quando? Quem paga? Execução : a saída propriamente dita, mediada pelo A.T. Avaliação: Ponto de reflexão para futuras saídas OFICINAS TERAPÊUTICAS Espaço produtivo, criativo, lúdico e terapêutico que visa a produção de um sentido no fazer potencializado Crítica ao tarefismo: “Fazer para ocupar”; “Faz por que é bom” ETAPAS: Planejamento Execução Avaliação