TRABALHO EDUCATIVO POSTURAL: PREVENÇÃO EM PRÉ-ESCOLARES KRANN, Ana Carolina; MACHADO, Bruna; PESSOTA, Carla; RIBEIRO, Daniela; VIERA, Géssica; BRAUNER, Greice; GASPARETTO, Andriele; FLECK, Caren. Trabalho de pesquisa Centro Universitário Franciscano-UNIFRA Fisioterapia [email protected] RESUMO A educação postural não tem como objetivo limitar as atividades, mas ao contrário, permitir sua realização dentro de um espaço de segurança gestual. É papel do fisioterapeuta, auxiliar na prevenção de problemas posturais. O trabalho teve por finalidade trabalhar de forma educativa a postura de crianças pré-escolares de 3 a 4 anos, visando à prevenção de problemas posturais futuros. Teve uma abordagem descritiva, onde foi acompanhado crianças de 3 a 4 anos, que estudavam em uma escola Municipal de ensino infantil, em Santa Maria, RS. Na investigação do peso das mochilas verificou-se que todas estavam dentro do padrão de normalidade, que corresponde até 10% do peso corporal das crianças. Portanto para um bom resultado com crianças nesta faixa etária, é fundamental trabalhar de uma forma lúdica, para que as mesmas fixem a atenção no que está sendo trabalhado. INTRODUÇÃO A educação postural tem como finalidade possibilitar à pessoa ser capaz de proteger ativamente seus segmentos móveis de lesões dentro das condições de vida diária e profissional, seja no plano estático ou dinâmico. A educação postural não tem como objetivo limitar as atividades, mas ao contrário, permitir sua realização dentro de um espaço de segurança gestual (SIMON et al, 1988). Para que programas preventivos tenham sucesso é necessário realizar um trabalho educacional que enfatize a postura corporal de crianças e adolescentes, considerando a biomecânica corporal e as influências que o meio ambiente exerce nas atitudes e hábitos desenvolvidos e adotados pelos indivíduos (BRACCIALI e VILARTA, 2000). Para tentar diminuir a incidência de problemas posturais na idade adulta, é importante realizar um trabalho preventivo e educativo, inicialmente com crianças, o que certamente minimizará futuros problemas posturais. Postura é o estado de equilíbrio dos músculos e ossos, para proteção das demais estruturas do corpo humano de traumatismos, seja na posição em pé, sentada ou deitada. Um bom controle postural, com a solicitação de poucos músculos e baixo gasto de energia leva à boa postura (BACK e LIMA, 2009). A atuação da Fisioterapia na saúde escolar ainda é pouco explorada e a atenção profissional do fisioterapeuta deve estar voltada a aspectos preventivos que envolvam cuidados com a postura durante as atividades escolares (FERNANDES et al, 2008). É papel do fisioterapeuta, auxiliar na prevenção de problemas posturais, sendo de fundamental importância o trabalho inicial desde a infância, podendo evitar, assim, problemas futuros. Posturas viciosas são prejudiciais e devem ser evitadas, principalmente através de medidas que favoreçam a consciência de atitudes que proporcionarão uma melhor qualidade de vida durante o crescimento, desenvolvimento e vida adulta. Muitos comprometimentos posturais são detectáveis na infância, sendo estratégias de prevenção uma ferramenta de fácil aplicação, que levará a criança a pratica de movimentos saudáveis, os quais são facilmente incorporados quando iniciados precocemente (FORNAZZARI e PEREIRA, 2008). A postura adequada na infância possibilita padrões posturais corretos na vida adulta, pois esse período é da maior importância para o desenvolvimento músculoesquelético do indivíduo, com maior probabilidade de prevenção de alterações posturais (MARTELLI e TRAEBERT, 2006). O presente trabalho teve por finalidade trabalhar de forma educativa a postura de crianças pré-escolares de 3 a 4 anos, visando a prevenção de problemas posturais futuros. METODOLOGIA Este trabalho tem uma abordagem descritiva e ocorreu a partir da disciplina de Fisioterapia e Promoção da Saúde III, referente ao quinto semestre do curso de graduação em Fisioterapia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), onde foi possível acompanhar crianças de 3 a 4 anos, que estudavam em uma escola Municipal de ensino infantil, em Santa Maria, RS. Através das atividades propostas foi trabalhado a prevenção postural, visando uma melhor qualidade de vida, o trabalho foi realizado apartir de atividades lúdicas, a apresentação de um teatro, que incentivavam a boa postura. Foi investigado o peso das mochilas das crianças para comparar se estavam de acordo com a massa corporal das crianças. As visitas foram realizadas nas segundas–feiras, durante 2 meses, no período de setembro a outubro de 2011 possibilitando o acompanhamento da rotina das crianças, observando suas posturas durante as atividades propostas. RESULTADOS Foram acompanhadas dez crianças, sendo seis do sexo masculino e quatro do sexo feminino, de 3 a 4 anos que freqüentavam uma turma de maternal II de uma escola municipal de ensino infantil. Apartir das visitas foi observado que as crianças não apresentavam uma postura adequada ao sentar-se nas cadeiras na hora de realizar as atividades propostas e também na hora do lanche, o que nos fez refletir sobre as possíveis alterações posturais que poderiam acometê-los no futuro. A avaliação de suas posturas deu-se por meio da observação em relação à maneira como sentavam e brincavam. A partir das observações de suas posturas foram planejadas atividades que de forma lúdica incentivavam o emprego da boa postura. Inicialmente foi conversado com as crianças sobre o que é postura, porque se deve ter uma boa postura desde a infância e o que o emprego de uma má postura pode acarretar no futuro. Foram contadas histórias onde alguns personagens não tinham o hábito de utilizar uma boa postura e foram apontados os malefícios que isto trazia para os mesmos. As histórias traziam personagens conhecidos pelas crianças, onde era incentivado que elas participassem do desenrolar da história, onde de uma forma simples elas podiam compartilhar e refletir entre elas sobre o tema proposto. Foram apresentadas a elas imagens de crianças fazendo atividades de vida diária, como sentar para lanchar, olhar televisão, colocar o calçado, entre outros. As imagens tinham como objetivo mostrar a melhor maneira de fazer essas atividades de uma forma que em que fosse mantida uma postura adequada. Na investigação do peso das mochilas verificou-se que todas estavam dentro do padrão de normalidade, que corresponde até 10% do peso corporal das crianças. A pesagem foi realizada em um dos encontros, com o auxílio de uma balança digital de alta precisão da marca Inselbras, onde em uma sala foi chamada cada criança e realizada a pesagem da sua mochila e de sua massa corporal. Foi criado pelas acadêmicas um teatro, que foi apresentado no último encontro, que tinha como objetivo resgatar tudo que tinha sido trabalhado durante os encontros sobre a boa postura. Tentou-se realizar um teatro que de forma engraçada e divertida chama-se a atenção das crianças para o tema e que pudesse fazê-las não só pensar, mas também adotar uma postura adequada. DISCUSSÃO A postura pode ser definida como a posição ou a atitude do corpo em disposição estática ou o arranjo harmônico das partes corporais a situações dinâmicas. Uma boa postura é resultado da capacidade que os ligamentos, cápsulas e tônus muscular têm de suportar o corpo ereto, permitindo sua permanência em uma mesma posição por períodos prolongados, sem desconforto e com baixo consumo energético (SANTOS et al, 2009). Em crianças, variações posturais são comumente encontradas no período do crescimento e desenvolvimento, sendo decorrentes dos vários ajustes, adaptações e mudanças corporais e psicossociais que marcam essa fase. A postura da criança e do adolescente pode ser afetada por vários fatores intrínsecos e extrínsecos, como hereditariedade, ambiente e condições físicas nas quais o indivíduo vive, bem como por fatores emocionais, socioeconômicos e por alterações consequentes do crescimento e desenvolvimento humano (PENHA et al, 2005). Torna-se necessário o trabalho em prol de uma boa postura desde o inicio da vida escolar, o que certamente a longo prazo evitará vícios posturais e os agravos que estes podem trazer. De acordo com Benini e Karolczak (2010), durante o período letivo, estudantes cumprem uma rotina de transporte da mochila e prolongados períodos sentados que, aliados a proporções inadequadas do mobiliário em geral oferecido pelas escolas, são considerados fatores responsáveis pela aquisição, manutenção ou agravamento de hábitos posturais inapropriados, expondo a coluna vertebral a desequilíbrios musculares e alterações de estruturas anatômicas em fase de crescimento. Por outro lado, o período escolar é favorável para a percepção precoce de alterações posturais, bem como para sua prevenção. O trabalho preventivo deve ser iniciado desde cedo, já que o padrão adequado e inadequado de postura e movimento começam a ser moldados desde a infância, sendo praticados na adolescência, tornando-se habituais (SANTOS et al, 2009). A escola é o espaço responsável pela formalização da educação e pelo processo ensino-aprendizagem e que são nos primeiros anos de vida escolar, quando a criança ainda se encontra em fase de crescimento, o melhor momento de iniciar um trabalho de prevenção de problemas músculo esqueléticos, tornando-os mais eficientes (ZAPATER et al, 2004). Dessa forma é importante que os professores também abordem esta temática com seus alunos e façam um trabalho preventivo. O fisioterapeuta que tem a oportunidade de realizar um trabalho de educação postural com escolares deve ter ciência de que isso representa pouco tempo comparado à rotina dos estudantes; em contrapartida, os professores têm contato diário, facilitando a identificação e correção dos hábitos no âmbito escolar, enquanto os pais têm a tarefa de educá-los nas atividades de vida diária (BENINI e KAROLCZAK, 2010). A questão da postura deve ser difundida em âmbito coletivo não apenas como questão estética, mas como atitude corporal inerente a uma vida saudável e fator preventivo para diversas doenças. Nesse sentido, dentre as possibilidades de atuação do fisioterapeuta na orientação postural, no âmbito da atenção básica, destaca-se a atuação em grupos de escolares. O desenvolvimento de hábitos posturais saudáveis deve começar ainda na fase da infância. A percepção e a conscientização da postura corporal, se iniciadas quando da formação dos conceitos iniciais da criança, podem acompanhá-la durante toda vida, desenvolvendo nos cidadãos consciência da própria postura. Desta forma, o fisioterapeuta deve atuar na orientação postural de crianças, em especial de escolares, instituindo uma cultura de valorização e cuidado com a postura corporal. A educação postural de escolares deve ser uma atividade continuada, articulada entre os setores de educação e saúde, com destacada participação dos professores, e que valorize o espaço da escola e o mundo da criança (BISPO JÚNIOR, 2010). O trabalho com crianças pré escolares, principalmente na faixa etária dos 3 a 4 anos, necessita de uma abordagem lúdica, já que as mesmas se dispersam com maior facilidade, portanto há necessidade de elaborar métodos de trabalho que visem chamar a atenção das mesmas. De acordo com Santos et al (1998), concluiu que programas posturais em escolares melhoraram o conhecimento sobre desvios posturais e suas possíveis causas. Programas educacionais referentes à postura sentada para alunos do ensino fundamental podem produzir mudanças nos conhecimentos e possibilitar que ações preventivas longitudinais possam ser realizadas durante toda a sua vida escolar (ZAPATER et al, 2004). CONCLUSÃO Ao término deste trabalho percebeu-se a importância de se trabalhar a postura desde a infância para minimizar problemas posturais futuros. Notou-se a dificuldade de se trabalhar com crianças na faixa etária de 3 a 4 anos, pois as mesmas se dispersam facilmente e não apresentam uma noção postural bem formada. Desta forma a intervenção da Fisioterapia em escolas de Ensino Infantil é de grande valia, pois instiga a curiosidade das crianças em adquirir uma postura adequada, proporcionando uma melhor qualidade de vida. Portanto para se ter um bom resultado com crianças nesta faixa etária, é fundamental trabalhar de uma forma lúdica, para que as mesmas fixem a atenção no que está sendo trabalhado. É importante a participação dos professores e dos pais para que dêem continuidade ao trabalho realizado pela Fisioterapia, possibilitando melhor manutenção de uma postura correta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACK, C. M. Z.; LIMA, I. A. X. Fisioterapia na escola: Avaliação postural. Revista Fisioterapia Brasil, Rio de Janeiro, 10(2):72-77, mar.-abr. 2009. BENINI, J.; KAROLCZAK, A. B. Benefícios de um programa de educação postural para alunos de uma escola municipal de Garibaldi, RS. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.17, n.4, p.346-51 , out/dez.2010. BISPO JÚNIOR, J.P. Fisioterapia e saúde coletiva: desafios e novas responsabilidades profissionais. Ciência & Saúde Coletiva, 15(Supl. 1):1627-1636, 2010. BRACCIALLI, L. M. P.; VILARTA, R. Aspectos a serem considerados na elaboração de programas de prevenção e orientação de problemas posturais. Rev. Paulista de Educação Física, São Paulo, 14(2):159-71, jul./dez. 2000. FERNADES, S. M. S. et al. Efeitos de sessões educativas no uso das mochilas escolares em estudantes do ensino fundamental I. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, vol. 12 no. 6, dez. 2008. FORNAZARI, L. P.; PEREIRA, V. C. G. Prevalência de postura escoliótica em escolares do ensino fundamental. Cadernos da Escola de Saúde Fisioterapia. UNIBRASIL, no. 1. Jun. 2008. MARTELLI, R. C.; TRAEBERT, J. Estudo descritivo das alterações posturais de coluna vertebral em escolares de 10 a 16 anos de idade. Tangará-SC, 2004. Rev. Bras. Epidemiol. 2006; 9(1): 87-93. PENHA, P. J. et al. Postural assessment of girls between 7 and 10 years of age. Clinics 2005;60:9-16. SANTOS, C. I. S. et al. Ocorrência de desvios posturais em escolares do ensino público fundamental de Jaguariúna, São Paulo. Rev. Paul. Pediatria. 2009;27(1):7480. SANTOS, S. G. et al. Educação postural mediante um trabalho teórico. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, 1998, 3(2):32-42. SIMON, L. et al. Biomécanique du rachis lombaire et education posturale. Revue du Rhumatisme, v.55, n.5, p.415- 20, 1988. ZAPATER, A. R. et al. Postura sentada: a eficácia de um programa de educação para escolares. Ciência & Saúde Coletiva, 9(1):191-199, 2004.