UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE FISIOTERAPIA
Lucilene Nascimento dos Santos
Michele Araújo Chagas
INCIDÊNCIA DE ALGIAS POSTURAIS EM CARTEIROS NO
MUNICÍPIO DE BELÉM
Belém-Pa
2008
Lucilene Nascimento dos Santos
Michele Araújo Chagas
INCIDÊNCIA DE ALGIAS POSTURAIS EM CARTEIROS NO
MUNICÍPIO DE BELÉM
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Fisioterapia do Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde da UNAMA, como requisito
para obtenção do grau de bacharel em Fisioterapia.
Orientador: Nelson Higino de Oliveira filho.
Belém - Pa
2008
Santos, Lucilene Nascimento dos; Chagas, Michele Araújo.
Incidência de Algias Posturais em Carteiros no Município de Belém /Lucilene
Nascimento dos Santos; Michele Araújo Chagas – Belém: 2008.
73f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) –
Universidade da Amazônia, 2008.
Curso: Fisioterapia.
Orientador: Nelson Higino de Oliveira Filho.
1. Algias posturais 2. Carteiros 3. Doença Ocupacional 4.Fisioterapia preventiva
I. Chagas, Michele Araújo; Santos, Lucilene Nascimento dos. II. Filho, Nelson Higino
de Oliveira. III. Incidência de Algias Posturais em Carteiros no Município de Belém
Lucilene Nascimento dos Santos
Michele Araújo Chagas
INCIDÊNCIA DE ALGIAS POSTURAIS EM CARTEIROS NO MUNICÍPIO DE
BELÉM
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Fisioterapia do Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde da UNAMA, como requisito
para obtenção do grau de bacharel em Fisioterapia.
Orientador: Nelson Higino de Oliveira filho.
Banca Examinadora:
____________________________________________
Avaliador (a)
_____________________________________________
Avaliador (a)
Data da defesa ___/___/___
Conceito: ______________
DEDICATÓRIA
A Deus, agradeço pela força e por
estar sempre ao meu lado nesta
caminhada.
A minha família, em especial aos
meus pais Flávio e Nádia e aos meus
queridos irmãos Lívia e Fernando.
Lucilene dos Santos
AGRADECIMENTO
Primeiramente a Deus por estar sempre presente nos momentos de minha vida, dando-me
força, coragem para lutar sempre, a meus pais Nádia Nascimento e Flávio Rodrigues, pelo
amor, carinho e incentivo para que eu não desista nunca dos meus objetivos. Meus queridos
irmãos Lívia e Nando que sempre estiveram ao meu lado. Meus queridos avós Walter,
Osmarina e Nélia, pelo amor e carinho. Primos, tios, em especial Norma, Sandra, Andréia e
Oséias por confiarem em mim, contribuindo para minha formação. Minhas queridas amigas
Marcilene, pelos bons e maus momentos compartilhados e Michele pela amizade e
companheirismo durante a execução desta pesquisa e ao longo destes anos de curso.
Ao professor Nelson Higino, orientador deste TCC, pelos dias dedicando seu tempo a
orientar este trabalho, pela sua competência e grande conhecimento.
A Isaura que a conheci ao longo da pesquisa de campo, por sua amizade e colaboração
durante a pesquisa.
A Andreice por sua colaboração, disponibilidade e paciência.
A Fisioterapeuta Ana Júlia Brito, pela atenção, estímulo e incentivo.
Não esquecendo dos Carteiros por sua contribuição, paciência e compreensão. Sem os quais
seria impossível a realização desta pesquisa. Pelo diretor dos correios Roberto Dipólito,
Sr.Pantoja,Sr.Levi e Sr.Carlos pela atenção e colaboração conosco.
E a todos que diretamente ou indiretamente contribuíram para a realização desta pesquisa.
Muito obrigada!
Lucilene dos Santos
AGRADECIMENTO
Em primeiro lugar a Deus por ter me dado primeiramente a vida e em razão disto fé e força
necessárias para vencer todos os obstáculos que me são impostos, em segundo lugar uma Mãe
maravilhosa que sempre me ensinou a lutar em busca de meus objetivos me preparando
psicologicamente, emocionalmente e tecnicamente para isso. E ainda por esta sempre presente
me apoiando e incentivando nos momentos mais difíceis da minha caminhada ,e ainda a
família maravilhosa a qual pertenço orgulhosamente
A minha querida prima Andreici Marcela a qual colaborou com todo o apoio técnico
necessário para a confecção desta pesquisa desde o projeto inicial ate o resultado final.
A minha grande amiga e companheira Lucilene por ter sido compreensiva, nos momentos em
que tive que me ausentar das reuniões por motivos de trabalho e plantões, e por fazer parte
desta conquista tão valiosa para nós, nossa graduação, pois sabemos o quanto foi árduo o
caminho para que chegássemos a este ideal.
A Izaura por ter colaborado e participado ativamente conosco da pesquisa de campo junto aos
carteiros.
Aos carteiros lotados na Av. presidente Vargas, pela colaboração e atenção nos momentos da
pesquisa.
Ao professor Nelson Higino pela orientação e tempo dedicado ao trabalho.
Michele Chagas.
EPÍGRAFE
"Toda
a
felicidade
que
a
humanidade possa desfrutar não
consiste no prazer, mas antes,
na ausência da dor."
John Dryden
“Os
momentos
mais
esplêndidos da vida não são os
chamados dias de êxito, mas
sim, aqueles dias em que,
saindo do desânimo e do
desespero, sentimos erguer-se
dentro de nós um desafio: a
vida e a promessa de futuras
realizações”.
Gustave Flaubert
RESUMO
Autoras: Chagas, Michele A.; Santos, Lucilene D. Incidência de Algias Posturais em
Carteiros no Município de Belém. Universidade da Amazônia. Belém – Pará, 2008.
Este trabalho foi realizado com o objetivo de detectar a Incidência de Algias Posturais em
Carteiros no Município de Belém. O problema científico desse trabalho consiste em verificar
se a função de Carteiro lhe causa ou não Doença Ocupacional. Para tal foram entrevistados 21
Carteiros. Foi realizado um estudo Descritivo qualiquantintativo, utilizando-se um
questionário. Para análise da dor, foi utilizada uma escala de desconforto para diferentes
partes do corpo adaptado de Iida. Na análise dos resultados foi constatado em nossa pesquisa,
que a ocupação profissional dos Carteiros pode lhe causar Algias Posturais, no entanto
somente a região lombar foi altamente significativa quando relacionada com o tempo se
serviço. Com uma incidência de 42% de Carteiros que apresentaram dor suportável e 19% dor
intensa na coluna lombar, seguido de relatos de dor nos ombros e membros inferiores,
principalmente nos pés. Com esses resultados é essencial a intervenção da Fisioterapia
preventiva para a saúde destes profissionais.
Palavras-Chaves: algias posturais, carteiros, doença ocupacional, fisioterapia preventiva.
ABSTRACT
Authors: Chagas, Michele A.; Santos, Lucilene D. Incidence of Algias Posture in the
portfolio in the city of Bethlehem. University of Amazonia. Bethlehem - PA, 2008.
This work was carried out to detect the incidence of pain Posture in the portfolio in the city of
Belem the problem of scientific work is to see if the wallet or not it causes Occupational
Disease. To this end were interviewed 21 postmen. A study Overview qualiquantintativo,
using a questionnaire. For analysis of pain, was used a level of discomfort for different parts
of the body adapted to Iida. In the analysis of results was found in our research, that the
occupation professional portfolio may cause you Algias posture, however only the lumbar
region was highly significant when related to the time it serviço.Com an incidence of 42% of
portfolios that had pain bearable and
19% severe pain in the lumbar spine, followed by reports of pain in the shoulders and legs,
especially in pés.Com these results is required the intervention of physiotherapy for the
prevention of these health professionals.
Keywords: pain posture, postmen, occupational disease, preventive therapy.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Doença e sua Relação com Trabalho........................................................................31
Tabela 2 Faixa etária...............................................................................................................46
Tabela 3 Tempo de serviço......................................................................................................46
Tabela4 Tempo na função........................................................................................................46
Tabela5Estatísticas da variável idade.......................................................................................47
Tabela6 Testes de Correlação entre Algias na Cabeça, Coluna, Quadril e Tempo de
serviço.......................................................................................................................................47
Tabela 7 Testes de Correlação entre Algias nos membros superiores (Lado Direito) e Tempo
de serviço.................................................................................................................................47
Tabela 8 Testes de Correlação entre Algias nos membros inferiores (Lado Direito) e Tempo
de serviço..................................................................................................................................47
Tabela 9 Testes de Correlação entre Algias nos membros superiores (Lado Esquerdo) e
Tempo de serviço......................................................................................................................48
Tabela 10Testes de Correlação entre Algias nos membros inferiores (Lado Esquerdo) e
Tempo de serviço......................................................................................................................48
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Membros superiores do lado direito ...................................................................... 38
Gráfico 2 Membros superiores do lado esquerdo ...................................................................38
Gráfico 3 Cabeça, Coluna e Quadril........................................................................................40
Gráfico 4 Membros inferiores do lado direito ......... ...............................................................41
Gráfico 5 Membros inferiores do lado esquerdo......................................................................41
Gráfico 6 Se há pausas no trabalho .........................................................................................42
Gráfico 7 Se há a realização de horas extras no trabalho.........................................................42
Gráfico 8 Total de horas extras trabalhadas semanalmente ....................................................43
Gráfico 9 Classificação em relação às exigências físicas do trabalho.....................................43
Gráfico 10 Como o participante se sente fisicamente após sua jornada de trabalho...............44
Gráfico11 Se o participante sente dor ou desconforto em função da sua jornada de
trabalho......................................................................................................................................44
Gráfico 12 Tempo que o participante sente dor ou desconforto..............................................45
Gráfico 13 Número de dias de dispensa do trabalho................................................................45
Gráfico 14 Se os participantes já foram afastados em função de dor ou
desconforto................................................................................................................................45
Gráfico 15 Se os participantes sentem dor na coluna.............................................................46
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 14
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 19
2.1ALGIAS..............................................................................................................................19
2.2ANATOMIA DA DOR .................................................................................................... 21
2.3TEORIA DE ORIGEM DA DOR.................................................................................... 21
2.3.1 TEORIA NEUROLÓGICA......................................................................................... 22
2.3.2. TEORIA DAS SENSAÇÕES OU PADRÕE..............................................................22
2.3.3–TEORIA PSICONEUROLÓGICA............................................................................22
2.4 FISIOLOGIA DA DOR................................................................................................... 22
2.4.1 TIPOS DE DOR ...........................................................................................................22
2.5ALGIAS POSTURAIS..................................................................................................... 25
2.5.1 TENDINITE ................................................................................................................ 27
2.5.2BURSITE....................................................................................................................... 27
2.5.3 MIALGIA.......................................................................................................................27
2.5.4DORSALGIA................................................................................................................ 27
2.5.5LOMBALGIAS............................................................................................................. 28
2.5.6 POSTURAS ASSIMÉTRICAS.................................................................................... 28
2.6 DOENÇAS OCUPACIONAIS ....................................................................................... 29
2.7 FISIOTERAPIA PREVENTIVA .................................................................................. 32
3. METODOLOGIA...............................................................................................................35
3.1Tipo de estudo.....................................................................................................................35
3.2Local da pesquisa...............................................................................................................35
3.3 Amostra..............................................................................................................................35
3.4Critérios de inclusão.........................................................................................................36
3.5 Critérios de exclusão........................................................................................................36
3.6 Coleta de dados.................................................................................................................36
3.7 Análise de dados................................................................................................................36
4. RESULTADOS....................................................................................................................38
5. DISCUSSÃO........................................................................................................................49
6. CONCLUSÃO....................................................................................................................54
7.REFERÊNCIAS...................................................................................................................56
APÊNDICES............................................................................................................................60
Apêndice 1.Termo de Aceite do Orientador.........................................................................61
Apêndice 2 Termo de Aceite da Instituição.........................................................................62
Apêndice 3 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido............................................... 63
Apendice4.Cartilha Informativa .......................................................................................... 65
ANEXOS..................................................................................................................................66
Anexo 1. Escala de Desconforto para Diferentes partes do Corpo ................................... 67
Anexo2 Questionário...............................................................................................................69
Anexo3.Certificado de aprovação do Comitê de Ética .......................................................73
14
1. INTRODUÇÃO
“Do senso comum e do dicionário vem a idéia de que algia representa dor física,
sofrimento,angústia,aflição,amargura.infortúnio,desastre e agravo”.(Mendes1999,p5).
Fernandes (2001) ratifica dizendo “algia significa dor, sofrimento. Dor é impressão
penosa produzida por lesão ou por qualquer estado anormal do organismo, sofrimento físico
ou moral, aflição mágoa, dó, remorso, condolência manifestação de sentimentos”
A definição de dor de acordo com Aurélio (2001) é a seguinte “Sensação de
sofrimento, decorrente de lesão e percebida por formações nervosas especializadas”.
A Algia pode resultar muitas vezes em incapacidade e imobilidade, sendo ainda o
principal sintoma de alerta para que o indivíduo busque ajuda especializada. “A dor é um
sinal de alerta que ajuda a proteger o corpo de danos nos tecidos”. (CALILLET, 1999 p.19).
A ocorrência de dor é crescente, talvez em decorrência dos novos hábitos de vida, das
modificações do meio ambiente, do prolongamento da sobrevida dos indivíduos em geral e
dos doentes com afecções clínicas naturalmente fatais, do decréscimo da tolerância ao
sofrimento do homem moderno e da aplicação dos novos conceitos que traduzem seu
significado. Ressaltando ainda que a dor, frequentemente causada por afecções do aparelho
locomotor, está presente em mais de 70% dos doentes que buscam os consultórios brasileiros
por razões diversas. É a razão das consultas médicas em um terço dos doentes. (TEIXEIRA,
2003).
As algias posturais atualmente são consideradas um sério problema de saúde pública,
devido à alta incidência na população economicamente ativa dos países, podendo ocasionar
afastamento das atividades profissionais temporárias ou definitivamente gerando ônus para o
governo. Esses problemas muitas vezes estão diretamente relacionados ao desenvolvimento
das atividades profissionais. O quadro álgico relacionado a aspectos posturais vem
constituindo-se uma condição extremamente comum no mundo atual (TEIXEIRA, 2003).
Afirma-se que cada categoria funcional possui uma característica especifica de
exigência mental e física, na mesma proporção dos fatores de riscos existentes e exposições
aos mesmos. E, algumas atividades laborativas podem desenvolver sintomas específicos como
alterações funcionais e posturais. (QUEIRÓGA, 2000).
As algias posturais são alterações corriqueiras encontradas em indivíduos sedentários,
devido à inatividade física destes, levando à desarmonia das alavancas musculares. Alterações
no alinhamento postural podem ser secundárias a má-formação estrutural, degeneração
15
articular, mudança no centro de gravidade, maus hábitos posturais ou dor recorrente.
(TRIBASTONE, 2001)
O Trabalho do carteiro é estudado sob diferentes perspectivas e recortes. No geral,
indicam a incorporação pelas empresas de serviços postais das novas tecnologias de gestão,
bem como tratam das questões de saúde ocupacional e do crescimento dos indicadores de
absenteísmo, relacionando tal crescimento aos distúrbios do sistema osteo-muscular 1.
Pois,
durante a jornada de trabalho os carteiros realizam movimentos considerados para alguns
autores como fatores de risco para doenças ocupacionais, pois este trabalho pode apresentar
condições ergonômicas inadequadas, execução de movimento de forma repetitiva ou errônea,
fatores estes que sobrecarregam as articulações solicitadas na execução de tarefas que se
inicia na triagem da correspondência (passando um longo período separando material por
logradouros).
Armazenando e transportando até o seu destino final, no qual estes profissionais
utilizam bolsas (com alças unilaterais) para o transporte de correspondências, passando a
carregá-las por até 4 horas diárias consecutivas, adotando postura assimétrica. Eles
transportam um peso que é pré-estabelecido pela empresa de correios e telégrafos para o
transporte (10 kg para homem e 08 kg para mulheres), mensurado antes da saída de cada
profissional para o chamado trabalho externo que se caracteriza pela entrega propriamente
dita das correspondências (cartas e objetos). Mensurando-se ainda as correspondências
restantes na volta das entregas, ao final do expediente, pois algumas vezes os carteiros
retornam ainda portando correspondências em suas bolsas.
De acordo com Vieira (2000), trabalhos que solicitam do homem a ação de grupos
musculares por meses ou anos constituem um campo propício a lesões. O primeiro sinal de
lesão é a dor, que pode progredir para retrações musculares, rigidez articular, instalação de
posturas inadequadas, ou seja, a dor é o primeiro sinal de desconforto corporal.
Cailliet (1999) considera que uma postura defeituosa está envolvida em todas as
condições patológicas dolorosas, devido a lesões, excesso de uso, mau uso e envelhecimento.
A postura trata-se de uma atitude, não de uma tarefa. Nessa diferença reside a característica
específica da postura.
O homem ao assumir uma posição para realizar suas atividades básicas como levantar,
deambular, sentar, correr, etc..., adota posturas que influenciam diretamente em sua estrutura
1
Menegon, Nilton Luiz. Projeto de Processos de Trabalho: O Caso da Atividade do Carteiro Rio de Janeiro, RJ Brasil - 2003.
16
anatômica músculo-esquelética, podendo contribuir de forma positiva, causando bem estar
físico, emocional e psíquico, ou negativamente ocasionando estresse articular, retração
muscular até mesmo deformidade ósseas, algias e patologias.
Cailliet (1999) acredita que a postura modifica os aspectos mecânicos, estáticos e
cinéticos das funções músculo-esquelética. Ressaltando ainda que a algia está associada
diretamente à má postura e é um dos principais sintomas deste mal.
Analisando as citações dos autores a respeito das algias posturais, partindo do
princípio que os quadros álgicos desencadeiam uma desordem na vida produtiva, social e
familiar, intervindo de forma negativa no bem estar físico e emocional do indivíduo, podendo
contribuir para o absenteísmo e redução de suas atividades produtivas, sociais e familiares.
Consideramos a afirmação de Denys-Struyf (1995) quando diz que o importante é
estar em condições de ver, compreender e responder às mensagens gestuais e posturais, desta
forma contribuindo para aliviar o desconforto humano no trabalho, colaborando para um bom
desempenho nas atividades laborais.
Knoplich (2003) ratifica a idéia que o indivíduo como um todo, corpo (agredido na
dor e, portanto doente) e mente (alterada pela dor que causa desprazer) pode sofrer uma
ruptura social no relacionamento com a família, o emprego e a sociedade de um modo geral.
E, afirma ainda, que quatro de cada cinco adultos sofrerão de um ou mais episódios de dor nas
costas durante o curso de suas vidas.
Tal condição gera consideráveis gastos, com repercussões que vão desde o
afastamento do trabalho, custos com previdência social, invalidez, além de inquestionável
queda no indicador de qualidade de vida do trabalhador.
Bienfaint (1995) diz que o desequilíbrio muscular, por sua vez, é definido como uma
desordem do sistema músculo-esquelético, os movimentos corporais resultam de cadeias
musculares e, quando há algias posturais, o organismo se reorganiza em cadeias de
compensação procurando uma resposta adaptativa a esta desarmonia.
As afecções músculo-esquelético têm ocupado os primeiros lugares nas estatísticas de
morbidades de vários países, quer sob forma de acidentes ou doenças (MENDES, 1999).
Revelando um dado preocupante, pois muito se tem investido em inovação tecnológica,
porém observa-se que não se tem dado ênfase às necessidades que a saúde do trabalhador
requer, e que as patologias que os acometem muitas vezes são tratadas aleatoriamente de
maneira que muitos profissionais nem a relacionam com o exercício de sua atividade
profissional. Considerando que a condição de ter saúde pode estar diretamente relacionada ao
ambiente que o cerca tanto profissional, quanto familiar e social.
17
Para Mendes (1999, p.35) ter saúde significa “um estado de equilíbrio entre o ser
humano, seu ambiente físico, emocional e social, compatível com a plena atividade funcional
da pessoa”.
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) um trabalhador saudável
pode ter sua vida produtiva prolongada, propondo ainda que os objetivos da “Saúde do
Trabalhador” incluem em seu amplo aspecto o prolongamento da expectativa de vida e
minimização da incidência de incapacidade, de doença, de dor e do desconforto” (MENDES,
1999, p.36).
É essa saúde ocupacional que iremos abordar, como um dos pontos essenciais do
trabalho. Esta pesquisa tem por objetivo geral identificar a Incidência de Algias Posturais nos
agentes de correios (carteiros) e, como conseqüência, realizar um mapeamento álgico através
da aplicação de uma escala de desconforto e de questionário, ou seja, mapear as queixas mais
freqüentes de algias, sua localização, tentando identificar as algias destes profissionais,
desenvolvendo uma proposta de atuação preventiva da fisioterapia, através de cartilha com
orientações cinesioterápicas, como cinesioflexibilidade muscular antes de iniciar suas tarefas
laborais, prevenindo o surgimento ou agravamento de patologias.
A pesquisa inicia a partir da seguinte problemática: a ocupação funcional dos carteiros
lhes causa ou não algias posturais? Dessa forma, iniciaremos a verificação de uma possível
relação entre o tempo de trabalho e as algias, e ainda com as atividades por ele executadas
diariamente, considerando também a execução de movimentos repetitivos, desempenhado
pela população escolhida em suas tarefas laborais.
A análise do universo de amostragem escolhida foi feita objetivando identificar a
incidência de algias posturais, analisando também os principais pontos dolorosos apontados
pelos indivíduos da amostra, o que caracteriza a pesquisa como um estudo de caráter
descritivo qualiquantitativo para a análise da incidência de algias posturais em carteiros na
população selecionada.
Considerando que a fisioterapia pode oferecer à sociedade brasileira por meio de suas
técnicas, medidas e ações preventivas capazes de minimizar ou até mesmo evitar a instalação
de algias e futuras patologias, conseqüente da utilização errônea de seu corpo, ou seja, uso
inadequado ou de forma repetitiva ou sobrecarga das estruturas ósseas, musculares e
ligamentares. Ações estas regulamentadas através do decreto de lei, que define como áreas de
18
atuação da fisioterapia à saúde2 coletiva englobando os programas institucionais, ações
básicas de saúde, fisioterapia do trabalho e vigilância sanitária, tendo como atribuição
principal a educação, prevenção e assistência fisioterapêutica coletiva na atenção primária em
saúde e ,como atribuição especifica, a fisioterapia do trabalho atuando na promoção de ações
terapêuticas preventivas à instalações de processos que levam a incapacidade funcional
laborativa,analisando os fatores ambientais contributivos ao conhecimento de distúrbios
funcionais laborativos e desenvolvendo programas coletivos, contributivos à diminuição dos
riscos de acidente de trabalho.
Considerando ainda que a fisioterapia possua o importante papel de contribuir para a
qualidade de vida, bem estar e desempenho da atividade profissional com conhecimento de
seu corpo, sua função no movimento e sua responsabilidade na manutenção de postura
adequada, com o uso de técnicas que foram desenvolvidas ao longo do tempo (a partir de
vários estudos comprovando sua eficácia) e que pode contribuir atuando preventivamente, ou
mesmo na reabilitação deste profissional, prevenindo afastamentos futuros de suas atividades
laborais, sociais e ate mesmo do convívio familiar.
O capítulo seguinte apresenta o referencial teórico, onde estão expostos, discutidos e
analisados os principais pontos referentes ao tema.
2
Atividade de saúde, regulamentada pelo Decreto-Lei 938/69, Lei 6.316/75, Resoluções do COFFITO, Decreto
9.640/84, Lei 8.856/94.
19
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 ALGIAS
“A dor e suas teorias vêm sendo descritas na literatura desde que a humanidade
começou a escrever e, aparentemente começou a sofrer”. (CAILLET, 1999).
Mesmo com todo o avanço da medicina, o desenvolvimento de novas e modernas
técnicas para o seu tratamento e cura, a dor ainda se faz muito presente e continua a
atormentar a humanidade com suas sensações, angústias e limitações peculiares.
Se nos remetermos á Antiguidade, constataremos que há evidencias de relatos de dor
desde o Antigo Egito, Grécia e Roma. Entretanto o que diferenciava a concepção de dor do
indivíduo daquele contexto histórico para o indivíduo moderno é a concepção ideológica, ou
seja, na época das civilizações antigas a dor geralmente era vista como uma forma de punição
dos Deuses para com os mortais e os remédios utilizados eram caseiros somados com muita
oração3. O que nos leva a crer que o conceito de dor era definido de forma religiosa, baseado
em uma crença, num imaginário da época.
Com a evolução da humanidade e o aprimoramento de diversas técnicas, a concepção
de dor foi se tornando cada vez mais científica, pois a partir de Hipócrates, o fundador da
medicina, observou-se uma mudança de mentalidade em relação à dor, pois ele postulou que
“nossos corpos eram controlados por quatro humores: sangue, fleuma, bile amarela e bile
branca, surgindo a dor quando ocorria um desequilíbrio na proporção desses humores.”
(CAILLET,1999).
Antagonizando com o pensamento religioso predominante da época, principalmente
depois do surgimento da Medicina com Hipocrátes no século V a. C., somente a partir do
século XV que irá iniciar a aplicação de novos medicamentos para o alívio da dor, como a
papoula e, posteriormente a aspirina, no século XIX4.
Instituindo então uma definição conceitual para a dor, segundo o comitê de
Taxonomia da Associação Internacional para o estudo da dor é uma desagradável experiência
sensorial e emocional associada a uma lesão tecidual já existente ou potencial,ou relatada
como se uma lesão existisse. Cerca de 90 milhões de pessoas sofrem de dor crônica nos
Estados Unidos, o que representa custos anuais de 1,25 bilhões de dólares com o tratamento
destes pacientes. (IASP apud TRIBIOLI, 2003).
3
TEIXEIRA, Manoel J. OKADA, Massako A dor na Antiguidade: punição dos Deuses á qualidade sensorial.
in: http://ligadador.ufcspa.edu.br/Paginas/historiadador.html.acessado em:12//10/2008
4
Ibdi.
20
Sendo que no Brasil, a dor crônica atinge cerca de 30% a 40% da população, estando
como a principal causa de absenteísmo, afastamentos e incapacidades (TRIBIOLI, 2003). É
uma sensação desagradável, que varia desde desconforto leve a excruciante, associada a um
processo destrutivo atual ou potencial dos tecidos que se expressa através de uma reação
orgânica e emocional5.
Merskey (1975) apud Knoplich (2003, p.89) ratifica a idéia de que “é uma sensação
desagradável e uma experiência emocional associada a um dano tissular real ou potencial”.
Porém, Porto (2001, p.62) diz que ela pode existir mesmo com ausência de um dano, ou lesão
real “dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão tissular
potencial ou real ou mesmo a nenhuma lesão”.
Sua definição é complexa e difícil por estar diretamente relacionada a fatores que
cercam a vida do indivíduo onde muitas vezes não há possibilidades de mudanças como
fatores genéticos, anatômicos, doenças crônicas e ocupacionais (DORTS), e ainda fatores
psicológicos, físicos e ambientais, ocasionando “limitação funcional e a incapacidade de
executar tarefas motoras” (LUNDY, 2004,p128).
Ainda que os estudos sobre sua origem, definição, fisiopatologia e mecanismos
acompanhem a história da humanidade ainda existem muitas incertezas em relação a
quantificá-la e qualificá-la, pois sua avaliação é algo extremamente relativo, não existindo um
método objetivo para se mensurar a intensidade desta sensação.
“A dor é uma experiência subjetiva, com múltiplos fatores influenciando sua
percepção e manifestação.”( PALMER, 2000, p.35).
Em relação à definição e aos fatores que ocasionam dores, Knoplich (2003, p.88)
afirma que há inúmeras dificuldades em definir o conceito de dor na espécie humana, pois é
intrínseca a fatores da própria personalidade de quem sente e de fatores originários do
ambiente em que vive o indivíduo, tornando-se dessa forma, uma definição de caráter mais
subjetivo do que um conceito estritamente científico. Segundo o mesmo autor, a dor é
responsável por cerca de 60% a 70% dos motivos de todas as consultas médicas,
manifestando-se de diversas formas e tornando-se assim, um dos fenômenos mais dramáticos,
complexos e universalmente difundidos, também é um importante guardião orgânico, pois sua
presença detecta que algo errado está ocorrendo na fisiologia orgânica afetando de forma
agressiva o corpo e que isto pode acarretar em danos funcionais futuros, danos estes que
podem levar um indivíduo a incapacidade não só física, mas também mental sinalizando então
5
Disponível em:http://pt.wikipedia.org/wiki/Dor/consultado em 10/08/2008. (s/ autor)
21
para que possam ser tomadas medidas que busquem interromper esse estímulo nocivo,
atuando preventivamente a sua instalação.
Apesar das incertezas sobre os diversos conceitos, os autores convergem num ponto
em comum: a definição é algo complexo, pois deve-se considerar componentes influentes
como o psicológico,somado às próprias experiências individuais de cada ser humano e ainda
a fatores culturais e ambientais, porém sua presença é considerada um importante sinal clínico
que em hipótese alguma deve ser desconsiderada,contribuindo para o sucesso ou fracasso da
terapêutica aplicada.
E afirmam ainda que sua presença geralmente está associada a existência de uma lesão
real ou tecidual. Um estímulo que cause ou que está no limite de causar lesão tecidual
geralmente incita uma sensação de dor. (SHERMAN ,2006).
2.2 Anatomia da dor
Mesmo com a complexidade em relação a sua definição, constata-se que para haver
uma manifestação álgica é imprescindível a integridade anatômica do sistema nervoso.
“A dor de qualquer parte do corpo e de qualquer tipo de causa necessita da presença da
estrutura anatômica do sistema nervoso para se manifestar”. (KNOPLICH, 2003, p.89).
Toda sensação dolorosa aguda é geralmente produzida ou por um agente externo, ou
por um distúrbio orgânico interno devido o estímulo nocivo, nociceptivo as terminações
nervosas enviam mensagens ao sistema nervoso central, o qual responde através de reações
diversas, emoções e respostas que contribuem para a adaptação ou restabelecimento do
equilíbrio orgânico, que fora alterado. Na dor crônica ocorre um desequilíbrio homeostático.
(KNOPLICH, 2003, p.90).
2.3 Teorias a respeito do mecanísmo e origem da dor
Knoplich (2003) didaticamente dividiu em três as teorias, que explicam o mecanismo,
trajeto e a origem da dor: em teoria neurológica, teoria das sensações ou padrões e teoria
psiconeurológica.
22
2.3.1 Teoria neurológica
Em todo o tecido orgânico, existem terminações nervosas específicas para a
dor que, por ligações sinápticas,ativam neurônios do corno posterior da medula.Os
eixos desses neurônios cruzam o lado oposto da medula espinhal e ascendem para o
quadrante ventro-lateral como trato espinotalâmico.Os neurônios do núcleo pósterolateral-ventral do tálamo recebem o trato espinotalâmico e o prejetam para o córtex
somatosensorial.A sensação,ou a percepção de dor, supostamente resultaria quando
os impulsos espinotalâmicos ativassem certos neurônios do núcleo póstero-lateralventral do tálamo ou do córtex, ou de ambos. (Knoplich,2003, p.90).
2.3.2 Teoria das sensações ou padrões:
“A percepção da dor pelo indivíduo não é devida à estimulação por vias nervosas
específicas da dor, mas ocorre como resultado da interpretação de sensações de
estimulação que chegaram aos centros nervosos superiores.Tudo ocorreria como se
estímulos nocivos agredissem receptores não específicos para dor, com uma
estimulação intensa, e essa estimulação fosse transmitida por via nervosas, também
não-específicas. Vários padrões de estimulação sensitivas, espaço-temporais, seriam
interpretadas pelo sistema nervoso como dor ” (knoplich,2003 p.90).
2.3.3Teoria psiconeurológica: (teoria das comportas)
“Ambos os tipos de fibras, de pequeno e de grande diâmetro, entram na porção
dorsal de substancia cinzenta da medula nervosa, onde formam sinapses com
neurônios. As fibras cutâneas de grande diâmetro, exitam a população de neurônios
espinhais que se encontram na chamada substância gelatinosa que, por sua vez,
deprime a transmissão sináptica tanto das fibras de grande como de pequeno
diâmetro.”
2.4 Fisiologia da Dor:
Para um melhor entendimento das alterações fisiológicas que acontecem no
organismo na dor . Knoplich (2003), utilizou o problema da síndrome geral da adaptação ou
“stress” de Selye.
O organismo agredido, com dano tecidual, sente dor aguda e responde com uma
variedade grande de mecanismos de defesa fisiológica que estão ligados ao
funcionamento do córtex supra-renal, produzindo a reação de “luta ou fuga’’, e na
fase seguinte, que é a de resistência ou compensação orgânica ,se o fator causal
inicial continuar existindo, quer seja real ou não, haveria um mecanismo de
adaptação que poderá ser descompensado ou entrar em exaustão, surgindo uma
moléstia de adaptação. (Knoplich, 2003, p.95),
2.4.1 Tipos de dor
Neste capítulo será abordado quais os tipos de dor, e qual o tipo de dor mais freqüente
nos carteiros.
23
Porto (2001) classifica as algias de acordo com sua distribuição temporal: em dor
aguda e crônica.
A dor Aguda:
é uma importantíssima modalidade sensorial, desempenhando entre outros
o papel de alerta, comunicando ao cérebro que algo está errado. Acompanha-se de
manifestações neurovegetativas e desaparece com a remoção do fator causal e
resolução do processo patológico. (Porto, 2001, p.62)
A dor Crônica:
é a que persiste por um período superior àquele necessário para a cura de
um processo mórbido ou aquela associada a afecções crônicas (câncer, artrite
reumatóide, alterações degenerativas da coluna) ou ainda a decorrente de lesão do
sistema nervoso. Não tem qualquer função de alerta e determina acentuado estresse,
sofrimento e perda na qualidade de vida. E a maior causa de afastamento do
trabalho, gerando um enorme ônus para o país. (Porto,2001, p.62).
Segundo Teixeira (2003) a dor classifica-se também quanto à sua origem, em: dor
somática superficial e dor somática profunda.
Dor Somática Superficial: é a forma de dor nociceptiva decorrente da estimulação de
nocicpetores do tegumento. Tende a ser bem localizada e apresentar qualidade bem distinta
(picada, pontada, rasgando, queimor), na dependência do estímulo aplicado. Sua intensidade é
variável e, de certa forma, proporcional à intensidade do estímulo. Decorre usualmente de
trauma, queimadura e processo inflamatório.
Dor Somática Profunda: é a modalidade de dor nociceptiva conseqüente à ativação de
nociceptores dos músculos, fáscias, tendões, ligamentos e articulações. Suas principais causas
são estiramento muscular, contração muscular isquêmica (exercício exaustivo prolongado),
contusão, ruptura tendinosa e ligamentar, síndrome miofascial, artrite e artrose.
Um exemplo de Dor Somática Profunda está as lesões músculo-esqueléticas, que será
enfatizada, pois haja vista sua grande incidência encontrada em diversos profissionais, o que
indica que tal alteração se encontra entre as mais comuns, sendo uma das grandes
responsáveis pela incapacitação na produção do trabalhador (TEIXEIRA,2003).
De acordo com Rio (2001) as lesões músculo-esquelética não são lesões propriamente
ditas, mas disfunções que podem comprometer a eficácia do sistema músculo-esquelético, por
sintomas como a dor.
O sistema músculo-esquelético é o mais volumoso do organismo e está sujeito a
constantes variações de solicitações mecânicas e traumatismos durante as atividades habituais,
respondendo reflexamente frente aos transtornos emocionais e a ocorrência da dor. O excesso
24
de atividade física ou inatividade prolongada são causas comuns de agravamento das lesões
músculo-esquelética, sendo a região lombar sede de estruturas que transferem a carga do
tronco para os membros inferiores e esforços repetitivos, sobrecargas mecânicas e contrações
musculares reflexas geradas por disfunções viscerais e anormalidades comportamentais
(TEIXEIRA, 2003).
Na profissão de carteiro, supõe-se que a região de maior incidência de dor
musculoesquelética esteja na coluna vertebral. Esta idéia está em função da realização da
tarefa, pois é necessário permanecer sentado ou em pé com constantes inclinações, rotações
do pescoço, vibrações, bem como a manutenção de determinados grupos musculares
contraídos por um determinado tempo, pois antes de fazer a entrega domiciliar os carteiros
fazem a triagem das cartas. Também há exigências de repetição de movimentos nos membros
superiores e inferiores durante o percurso das entregas de correspondências, contudo, ainda
não se sabe o quanto estas ações são prejudiciais para estes segmentos corporais. Solicitações
necessárias para execução de movimentos repetitivos podem causar fadiga e estressar estas
regiões (membros superiores, inferiores), em especial a coluna vertebral. De acordo com
Knoplich (2003)
na maioria das doenças crônicas de evolução lenta associadas com a idade e
o desgaste causado pelo trabalho, como as dores da coluna, é recomendada uma
intervenção preventiva pelas principais agências internacionais de saúde”. A
prevenção primária para as dores da coluna lombar e da cervical, que são os
cuidados que as pessoas sadias fazem para evitar ter futuras dores tais como: evitar
carregar malas escolares pesadas, trabalho infantil com pesos excessivos, evitar
acidentes esportivos e automobilíticos, incentivar a prática de exercícios. (Knoplich,
2003,p.274)
Para Barbosa (2002) é importante observar que, devido aos movimentos que o
trabalhador realiza em seu posto de trabalho, todo o membro superior pode sofrer o processo
de desgaste, e o acometimento costuma ser generalizado. Quase sempre a dor é desencadeada
e/ou agravada pelo movimento repetitivo, e nas fases iniciais costuma ser aliviada com o
repouso.
A combinação dos elementos desencadeadores e da solicitação física resulta no uso
abusivo dos músculos e tendões, elevando o risco de lesões quando associados à movimentos
rápidos, repetitivos, em ações nas quais prevalecem as contrações musculares estáticas e
posturas inadequadas. Estes fatores respondem, em parte, pelos elevados índices de dor
músculoesquelética (OLIVEIRA, 1998).
No Capítulo subseqüente será enfatizado a definição de Postura, as causas de algias
posturais relacionando com a atividade profissional dos carteiros.
25
2.5 Algias Posturais
A Postura é definida como o arranjo relativo das partes do corpo no espaço, considerase boa postura como estado de equilíbrio muscular e esquelético que protege as estruturas de
sustentação do corpo contra as lesões ou as deformidades progressivas, independentemente da
atitude nas quais essas estruturas estão trabalhando ou repousando. Por sua vez a má postura
está relacionada à ausência de relacionamento adequado entre essas estruturas (OLIVEIRA,
1998).
Cailliet (1999, p.121) define postura como, “uma atitude assumida pelos ser humano
na posição sentada ou de pé,influenciando em todos os aspectos do sistema músculoesquelético”.
O mesmo autor acredita que a “postura correta” seja aquela sem esforço
cosmeticamente correta e indolor. Ela faz sentir-se bem. Uma postura que preencha todos
esses critérios e seja, mesmo assim defeituosa é, potencialmente, lesiva aos tecidos, podendo
vir a produzir dor. (Cailliet,1999).
James, Parker apud VIEIRA (2000) - citam que há uma adaptação da estrutura
músculo-articular de um indivíduo frente ao trabalho. Ocorrendo em resposta às tarefas e
cargas mecânicas, para quais os músculos são habitualmente sujeitos e pela repetição de
movimentos específicos em relação à postura cotidiana. Com o tempo o sistema corporal
torna-se desalinhado e desequilibrado.
De acordo com Barbosa (2002) é recomendado dividir a carga a ser transportada
manualmente em duas, evitando sobrecarregar a musculatura paravertebral de um só lado.
A dor é apenas o primeiro sinal do desconforto corporal inicial que pode surgir e,
dependendo do caso, até evoluir para uma doença ocupacional. O uso repetido e forçado de
grupos musculares, bem como a manutenção de posturas inadequadas pode comprometer
gradativamente a estrutura corporal de um indivíduo que se submete a realizar atividades
assim caracterizadas.
O ser humano necessita de prevenções e correções posturais a fim de evitar ou
eliminar algias e desconfortos provenientes de posições inadequadas em função do exercício
do trabalho.
São cinco os fatores listados por Barbosa tidos como os principais causadores das
Doenças Ocupacionais, porém é importante salientar que existe uma tríade responsável pelo
surgimento da lesão Ocupacional e ela se caracteriza pelo surgimento e perpetuação de três
fatores.
26
Tríade da lesão ocupacional: mobiliário inadequado, ausência de conhecimento sobre
ergonomia e estilo de vida incoerente (Barbosa 2002, p.41).
Causas: “conhecimento do processo etiológico é de extrema importância” devemos
identificar as causas de algias apresentadas pelos profissionais, com efeitos através de
movimentos repetitivos, postura errônea, força excessiva, compressão e vibração
Repetitividade: Quanto mais repetitivo o movimento durante o desenvolvimento da
atividade realizada pelo colaborador, maior será a probabilidade de aparecimento de
distúrbios.
Força Excessiva: A força necessária à realização de uma tarefa agrava o desgaste
físico; logo, o quanto maior for a força exercida, maior será o risco.
Postura Inadequada: As posturas inadequadas impõem esforços adicionais e
desequilibrados e inesperados, podendo atingir a coluna vertebral e as extremidades
superiores. As posturas inadequadas podem levar a fadiga muscular pela
manutenção prolongada de contrações musculares estáticas.
Compressão e Vibração Mecânica: A compressão mecânica de regiões como, por
exemplo, a região da palma das mãos por chaves de parafuso, ou região do punho
pelo contato vivo de mesas, são especialmente danosas aos tecidos vivos.
Predisposição: A predisposição, ou seja, a capacidade aumentada de uma pessoa de
contrair determinada doença tem sido considerada em virtude de que é muito
comum encontrarmos colaboradores em uma mesma atividade laboral, com postos
de trabalho idênticos, nível sócio-econômico parecido e um deles desenvolver o
DORT e o outro nada sentir. (Barbosa2002,p.42-45)
Ao relacionar estas causas com a atividade profissional dos Carteiros, analisamos que
as algias que provavelmente acometem estes profissionais, possuem uma intima ligação com
as afecções do sistema osteo-mio-articular, e estas afecções por sua vez tem relação intima
com a execução de movimentos repetitivos durante a jornada de trabalho, com o peso das
correspondências, o transporte de maneira inadequada, tarefas estas executadas diariamente
no ambiente laboral. Considerando que estes profissionais passam algumas horas triando
correspondências antes que elas possam ser enviadas ao seu destinatário final e que para a
execução desta tarefa as condições de mobiliário e equipamentos não estão adequadas, pois
durante este procedimento eles se mantém flexionando ou hiperestendendo o pescoço,
tentando colocar as cartas no Box , utilizam os ombros e braços repetidas vezes, separando
as cartas por logradouros,sentando de maneira “largada” nas cadeiras,com os braços sem
apoio.
Dentre os principais acometimentos que os carteiros apresentam destacam-se as
disfunções do sistema osteo-mio-articular, como as tendinites, mialgias, bursites, dorsalgias,
lombalgias e posturas assimétricas, e dores nos membros inferiores relacionadas ao esforço e
execução de movimentos de forma repetitiva sem que haja uma preparação prévia da
27
musculatura exigida para tal função e que muitas vezes requer o uso de força, podendo
causar lesões mecânicas localizadas e, com o tempo, ocasionar dores.
Os principais acometimentos serão descritos abaixo:
2.5.1 Tendinite
Segundo Brentice (2003) ,tendinite é um termo genérico que pode descrever muitas
afecções patológicas de um tendão. Isto é, qualquer resposta inflamatória no interior do
tendão, sem inflamação do paratendão. O termo paratendinite é a inflamação que ocorre
apenas na camada externa do tendão e, geralmente, surge quando o tendão se atrita com
alguma proeminência óssea. E tendinose refere-se a um tendão que sofreu alterações
degenerativas sem sinais clínicos ou histológicos de resposta inflamatória. Na tendinite
crônica há degenerações significativas do tendão, perda da estrutura normal de colágeno e
perda da celularidade na área, mas não há resposta inflamatória celular no tendão”.
Quadro Clínico: Para Barbosa (2002, p.48) “o quadro clínico varia desde sensações
de peso até dor local. A dor pode ser muito incômoda e é exacerbada por movimentos.
Podem apresentar-se quadros álgicos violentos, associados à completa impotência funcional
da articulação”.
2.5.2 Bursite
De acordo com Barbosa (2002):
a localização mais importante das bursites é nos ombros, mas podem ser encontradas
também em outras regiões. São decorrentes de processso inflamatório que acomete
as bursas, pequenas bolsas de paredes finas, constituídas de fibras colágenas e
revestidas de membrana sinovial, encontradas em regiões onde os tecidos são
submetidos à fricção, geralmente próximas a inserções tendinosas e articulações”.
(Barbosa, 2002,p.47).
Quadro Clínico: Dores importantes nos ombros, principalmente para realização de
certos movimentos como a abdução, rotação externa e elevação do membro superior.
2.5.3 Mialgia
É um termo utilizado para caracterizar dores musculares em qualquer parte do corpo.A
dor surge devido a tensões nos músculos (Teixeira,2003).
2.5.4 Dorsalgia
Para Miller (1999)
dorsalgia é a dor sentida nas costas que pode provir dos músculos,nervos,
ossos,articulações ou outras estruturas na coluna vertebral. A dor pode ser constante
ou intermitente, permanecer em um lugar ou deslocar-se ou espalhar-se para/por
outras áreas. Pode ser uma dor surda ou uma sensação aguda de perfuração ou
28
ardência. A dor pode ser sentida no pescoço (e deslocar-se pelo braço e mão), na
parte superior das costas, ou na parte inferior (e deslocar-se pela perna e pé ), e pode
incluir fraqueza e dormência.(MILLER, 1999,p. 23)
2.5.5 Lombalgia
Para Teixeira (2003) a lombalgia é a dor que ocorre nas regiões lombares inferiores,
lombossacrais ou sacroilíacas da coluna lombar. Ela pode ser acompanhada de dor que se
irradia para uma ou ambas as nádegas ou para as pernas na distribuição do nervo ciático (dor
ciática).
Sendo a Lombalgia e a dorsalgia com maior incidência de acometimento pelos carteiros.
2.5.6 Posturas assimétricas
“Em
posições
habitualmente
tensas
ou
rígidas,
os
músculos
exercem
desnecessariamente pressões elevadas sobre as articulações e podem desencadear alterações
degenerativas precoces” (OLIVER, 1999, p.61).
As posturas assimétricas prolongadas também podem acarretar alterações
estruturais fazendo com que os fibroblastos dos músculos se multipliquem ao longo
das linhas de tensão e produzem mais colágeno”. “Ocorre que essas fibras de
colágeno extra, invadem o espaço do tecido conjuntivo do músculo e também o
espaço que deveria ser ocupado por nervos, vasos sanguíneos e linfático,
ocasionando perda da elasticidade muscular, tornando-o doloroso para realizar
algum trabalho em especial estaticamente (parado). (Editorial, 1979 apud
Oliver,1999, p.61).
Devido o uso das bolsas durante a locomoção com as correspondências os carteiros
acabam assumindo posturas assimétricas prejudicando sua musculatura.
Considerando ainda os problemas de ordem psicológica, relacionados ao estresse
causado pelos trabalhos externo (executados durante a entrega propriamente das
correspondências nas residências e prédio comercias) todos os riscos que ele pode oferecer
como o ataque de cães, por exemplo, e a distância percorrida diariamente.
é fácil de perceber que a atividade laborativa deve causar danos às estruturas ósseas,
articulares, musculares, tendinosas e nervosas, resultando em dores. As afecções
músculo-esqueléticas são muito freqüentes na população adulta, e em especial entre
os trabalhadores. (Kesley apud Mendes, 1999, p215)
Considerando a importância das algias posturais na vida dos trabalhadores,
acreditamos que provavelmente estas possam contribuir decisivamente para o surgimento das
doenças ocupacionais, pois estas afecções osteo-mio-articulares, estão intimamente
29
relacionadas às algias e representam um sério problema em saúde pública devido ser
importante fator gerador de absenteísmos e incapacidades nos trabalhadores afetados.
No capítulo seguinte será abordado sobre as doenças ocupacionais, assim como seus
estágios evolutivos.
2.6 Doenças ocupacionais
A Doença Ocupacional é definida como sendo toda moléstia causada pelo trabalho ou
pelas condições do ambiente em que é executado (MONTEIRO, 1998).
As doenças ocupacionais e os acidentes do trabalho no Brasil revelam quadro
estarrecedor. Segundo a Previdência Social, são registrados no País anualmente cerca de 500
mil acidentes do trabalho, com a média de 2.800 mortes e mais de 12.500 casos de invalidez
permanente de trabalhadores6.
Em termos monetários, estima-se o gasto anual de cerca de R$ 20 bilhões com os
acidentes e doenças, não estando aí computados os números referentes aos trabalhadores
rurais e domésticos, o mercado informal e as subnotificações decorrentes da omissão de
registros.
Monteiro (1998) diz que as doenças ocupacionais estão conceitualmente subdivididas
de acordo com a lei em doenças profissionais e doenças do trabalho, estando previstos nos
artigos 20, I e II.
Doença Profissional: São as produzidas ou desencadeadas pelo exercício
profissional peculiar a determinada atividade.
Doença do Trabalho:São aquelas desencadeadas em função de condições especiais
em que o trabalho é realizado e com ele se relacionem diretamente. (Monteiro,
1999,p11).
Miranda (1988) ratifica a diferença conceitual entre doença profissional e doença de
trabalho:
Doença Profissional: é a entidade mórbida produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade.
Doença de Trabalho: é aquela adquirida ou desencadeada em funções de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relaciona diretamente.
(Miranda 1998, p.52).
6
(Site: http: www.previdênciasocial. gov.br)Debate:problema das doenças ocupacionais e acidente do trabalho
no Brasil(Agosto 11, 2008 — Carlos Alberto -consultado em: 01/10/08).
30
Elas são decorrentes da exposição do trabalhador aos riscos da atividade que
desenvolve. Podendo causar afastamentos temporários, repetitivos e até definitivos. A sua
maior incidência ocorre na faixa etária entre 30 e 40 anos, prejudicando a produtividade do
trabalhador e podendo interromper sua carreira e desestabilizar a sua vida7.
Estágios de Doenças Ocupacionais de acordo com Monteiro (1998, p.54) a atual
Norma Técnica do INSS didaticamente considera quatro estágios evolutivos das Doenças
Ocupacionais.
Grau I: Sensação de peso e desconforto no membro afetado. Dor espontânea
localizada nos membros superiores ou cintura escapular.
Grau II: A dor é mais persistente e mais intensa e aparece durante a jornada de
trabalho e de modo intermitente. A dor torna-se mais localizada e pode estar
acompanhada de um formigamento e calor, além de distúrbios de sensibilidade.
Pode haver uma irradiação definida.
Grau III: A dor torna-se persistente, é mais forte e tem irradiação mais definida. O
repouso em geral atenua a intensidade da dor, nem sempre a fazendo desaparecer
por completo, persistindo o dolorimento.São freqüentes a perda da força muscular e
parestesias.Há sensível queda da produtividade,quando não impossibilidade de
executar a função.O edema é freqüente e recorrente, a hipotonia muscular é
constante,as alterações da sensibilidade estão quase sempre presentes.
Grau IV: A dor é forte, contínua por vezes insuportável, levando o paciente a
intenso sofrimento. Os movimentos acentuam consideravelmente a dor, que em
geral se estende a todo o membro afetado. A perda da força e a perda do controle do
movimento se fazem constantes. O edema é persistente e podem aparecer
deformidades, provavelmente por processos fibróticos, reduzindo a circulação
linfática de retorno. As atrofias, principalmente dos dedos, são comuns e atribuídas
ao desuso. A capacidade de trabalho é anulada e a invalidez se caracteriza pela
impossibilidade de um trabalho produtivo regular. (Monteiro,1998, p54)
Considerando sua a importância na vida do trabalhador e ainda sociedade em geral,
devido todos os danos causados, quando diagnosticada ainda se observa um registro tímido
de sua ocorrência,porém segundo dados do Ministério da Previdência tem se observado um
crescente aumento nos registros das doenças ocupacionais em torno de 134%.
O registro de doenças ocupacionais deu um salto nos últimos 11 meses. As notificações de
doenças do sistema osteo-muscular, nas quais se incluem as lesões por esforço repetitivo
(LER) e que representam 84,77% do total de doenças do trabalho, aumentaram 512,3%,
segundo dados do Ministério da Previdência.
8
7
site:htpp:www.google.com.br Mureile Mücke-Ergonomia e Ginástica Laboral para Intérpretes de Língua de
Sinais,Informação, Prevenção e Diagnóstico(artigo consultado em 01/10/08)
8
(Site:htpp:www.previdênciasocial.gov.br)Debate: problema das doenças ocupacionais e acidente do trabalho
no Brasil(Agosto 11, 2008 — Carlos Alberto -consultado em: 01/10/08).
31
A impressionante variação é creditada ao Nexo Técnico Epidemiológico
Previdenciário (NTEP), mecanismo que relaciona determinada doença às atividades nas qual
a moléstia ocorre com maior incidência. Em vigor desde abril do ano passado, o nexo obriga a
perícia do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a aplicar uma lista que relaciona cada
uma das profissões às doenças de maior incidência na atividade.
Os trabalhadores compartilham os perfis de adoecimento e morte da
população em geral, em função de sua idade, gênero, grupo social de inserção e um
grupo específico de risco. Além disso, os trabalhadores podem adoecer ou morrer
por causas relacionadas ao trabalho, como conseqüência da profissão que exercem,
ou pelas condições adversas em que seu trabalho é ou foi realizado. Assim o perfil
de adoecimento e morte dos trabalhadores resultará da amalgmação desses
fatores.(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001)
Tabela n° 1 Doença e sua Relação com Trabalho (Adaptado Schilling,1984)
*Destacado pelas autoras
Categoria
Exemplos
I-Trabalho como causa necessária
II-Trabalho como fator
II-Trabalho como Provocador de um distúrbio
latente, ou agravador de doença já estabelecida.
-Intoxicação por Chumbo
-Silicose
-Doenças Profissionais Legalmente Reconhecida.
-Doença Coronariana
-*Doença do Aparelho Locomotor*
-Câncer
-Varizes dos membros Inferiores
-Bronquite Crônica
-Dermatite de contato
-Asma
-Doença mental
Descreve ainda alguns fatores de risco para a saúde e segurança dos trabalhadores
presentes ou relacionados ao trabalho, e dentre eles estão. Ergonômico e Pssicosociais:
decorrem da organização e gestão do trabalhado, como, por exemplo:da utilização de
equipamento, máquinas e mobiliário inadequados ,levando a postura e posição
incorretas,locais adaptados com más condições de iluminação,ventilação e de conforto para os
trabalhadores , trabalho em turnos e noturno,monotonia ou ritmo de trabalho
excessivo,exigências de produtividade relações de trabalho autoritárias,falhas no treinamento
e supervisão dos trabalhadores ,entre outros9.
9
Ministério da Saúde do Brasil. Representação no Brasil da OPAS/OMS, Doenças Relacionadas ao Trabalho.
Brasília –DF-Brasil 2001 .Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde Serie/ A.Organizado por
Elizabeth Costa Dias et al...
32
“Ouvir o trabalhador falando de seu trabalho, de suas impressões e sentimentos em
relação ao trabalho, de como seu corpo reage no trabalho e fora dele, é de fundamental
importância para a identificação das relações saúde-trabalho-doença.10”
No capítulo subseqüente será abordado a definição da fisioterapia preventiva e suas
intervenções na saúde do trabalhador.
2.7 Fisioterapia Preventiva
Segundo o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional11 a
Fisioterapia é uma ciência da área da saúde voltada para o entendimento da funcionalidade
humana. Ela estuda, diagnostica, previne e trata os distúrbios dos movimentos humano
decorrentes de alterações de órgãos e sistemas humanos.
A atenção fisioterapêutica propicia o desenvolvimento de ações preventivas primárias,
secundárias e terciárias. Mesmo antes da doença atingir o horizonte clínico, ou seja, de exibir
sinais e sintomas, podem ser desenvolvidas intervenções preventivas¹¹.
a fisioterapia preventiva vem a ser um conjunto de ações que visam,
fundamentalmente, atuar na amenização das causas das dores e desconfortos no
trabalho. Quando se trata de distúrbios ocupacionais, a fisioterapia vem a ser um
complemento da ergonomia na orientação de posturas e movimentos mais funcionais
e menos críticos a serem adotados durante as atividades de trabalho. As orientações
devem ser individuais, considerando o modo de operação de cada trabalhador, assim
como orientações para a prática de exercícios preventivos e compensatórios que
permitam o relaxamento das estruturas músculo-esqueléticas mais utilizadas.
(Schmidt,2002, p. 74).
O mesmo autor classifica as intervenções da fisioterapia preventiva, que se inicia com
a Intervenção primária, ou seja, antes que lesões se instalem. Pode ser aplicada através de
exercícios
e
orientações
posturais
durante
a
jornada
de
trabalho;
Prevenindo compensações ou complicações, isto é, quando já existe algum distúrbio
osteomuscular, o trabalhador tende a realizar compensações posturais e sobrecarga em regiões
ainda sadias. Nesta situação, as orientações de pausas e restrições de tarefas auxiliariam muito
o trabalhador durante a jornada de trabalho.
Barbosa (2002) cita que a prevenção pressupõe uma forma de atuar com a saúde, não
considerando mais o indivíduo apenas como paciente, e sim como uma pessoa na qual se deve
impedir que o processo de doença se instale.
10
11
Ibdi.
Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional: RESOLUÇÃO Nº. 80, DE 9 DE MAIO DE 1987.
(Diário Oficial da União nº. 093 - de 21/05/87, Seção I, Págs. 7609), acessado em agosto de 2008.
33
Segundo Schmidt (2002)
A prevenção primária impede que o processo da doença se torne estabelecido, ao
eliminar as causas da doença ou aumentar a resistência para a doença; a prevenção
secundária interrompe o processo de doença antes que ela se torne sintomática; e a
prevenção terciária limita as conseqüências físicas e sociais de doenças sintomáticas.
(SCHMIDT,2002, p.75)
De acordo com Barbosa (2002 p.110) “é muito comum encontrarmos certa dificuldade
em entender a intervenção e, principalmente, o atendimento preventivo, visto que nossa
cultura é curativa”. Portanto, o mesmo autor cita que a imagem que se tem da intervenção
preventiva é apenas a da apresentação de palestra, avaliações posturais, ou mesmo confecção
de cartazes. É preciso entender que esta modalidade preventiva vai além de cartazes,
palestras, avaliação postural. A intervenção preventiva pode ser feita em diversos momentos,
inclusive com a aplicação dos diversos recursos físicos utilizados na fisioterapia.
Recursos como, alongamento, massoterapia, eletrotermofototerapia, cinesioterapia; estes
recursos têm como objetivos de aliviar a dor, promover relaxamento muscular e prevenção de
deformidades.
Alongamento:
Alongamento é um termo geral usado para descrever qualquer manobra
fisioterapêutica, elaborada para aumentar a mobilidade dos tecidos moles e
subseqüentemente melhorar a amplitude de movimento por meio de estiramento de
estruturas que tiveram encurtamento adaptativo e tornaram-se hipomóveis com o
tempo.( Kisner,1998, p.143)
Refere ainda sobre o auto-alongamento que é também chamando de exercício de
flexibilidade ou alongamento ativo, é o tipo de procedimento de alongamento que a própria
pessoa pode realizar independentemente, após cuidadosa e prática supervisionada. Ele
possibilita à pessoa de manter ou aumentar sua amplitude de movimento e ganhar como
resultado da intervenção direta do fisioterapeuta.
Massoterapia: Para Hollis (2001) é a utilização de diversas técnicas holísticas de
origem orientais e ocidentais, exercidas por meio de toques (massagens) proporcionando
grandes virtudes terapêuticas, relaxantes, anti-estresse, estéticas, emocionais e desportivas.
Possibilita maior contato com o próprio físico, valorizando a respiração e desenvolvendo uma
melhor percepção corporal, aumentando a consciência e dando a devida importância ao
equilíbrio na vida para o dia a dia.
34
Eletrotermofototerapia: Eletroterapia, Termoterapia e Fototerapia - são procedimentos
com aparelhos geradores de energia elétrica, térmica e luminosa, como o Ultra-som
Terapêutico, o LASER, TENS (STARKEY, 2001).
Cinesioterapia: Terapia por movimentos. São procedimentos onde se usa o
movimento com os músculos, articulações, ligamentos, tendões e estruturas do sistema
nervoso central e periférico, que têm como objetivo recuperar a função dos mesmos¹¹.
Kisner (1998); Anderson (1999) propõe que através da confecção de cartazes e
fôlderes, cria-se um direcionamento através de orientações para atividade que será realizada
por cada trabalhador, com uma linguagem correta, figuras explicativas e modelo de fácil
assimilação. Inserindo essa prática a diária de trabalho com trabalhos de exercícios laborais
individuais ou em grupos pequenos, de forma rotineira. Sendo essas atividades lúdicas e
agradáveis complementando o trabalho de prevenção, orientando também esses a prática de
atividades físicas dentro e fora da empresa, impedindo que esse desconhecimento seja um
fator insucesso pelo sedentarismo.
Caso já estejam presentes sinais de instalação de alguma algia postural, o trabalho
preventivo permanece presente impedindo a evolução do mal utilizando os recursos de
alongamento, cinesioterapia, massoterapia e orientação para recursos fisioterápicos de fácil
acesso como gelo e calor, desenvolvendo um programa específico iniciando de forma passiva
e progredindo para a independência.
No seguinte Capítulo será apresentado os itens que fizeram parte da metodologia
adotada, tendo por objetivo esclarecer o modo como a pesquisa foi estruturada
metodologicamente.
35
3. METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida após a aprovação do orientador (apêndice1), da
instituição onde foi realizada a pesquisa (apêndice 2), dos carteiros pelo termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (anexo 2) e do Comitê de Ética e Pesquisa da
Universidade da Amazônia-UNAMA (anexo 3).
O levantamento bibliográfico que deram suporte ao estudo, foi realizado através de
pesquisa nos acervos da biblioteca central da Universidade da Amazônia-UNAMA e
Universidade Estadual do Pará (UEPA), em artigos científicos, livros, monografias de
conclusão de curso, dissertações de mestrado e site do Conselho de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional (COFFITO), além da biblioteca virtual em saúde.
3.1 Tipo de Estudo: Esta pesquisa teve como caráter um estudo Descritivo
qualiquantitativo para a análise da incidência de algias posturais em carteiros na população
selecionada.
3.2 Local da Pesquisa: A pesquisa realizou-se durante o período compreendido de
Setembro á Outubro do corrente ano, com os carteiros selecionados da amostra no próprio
local de trabalho interno (CDD-Centro de Distribuição Domiciliar) na Avenida Presidente
Vargas, no bairro do Comércio, em Belém do Pará, tendo como horário para a realização
dos questionamentos o próprio horário estabelecido pela Empresa de Correios e Telégrafos,
no início do turno de trabalho o qual inicia-se às 08:00h e o final do expediente às
17:00h,sendo que este horário é dividido em 02 tempos de 04 horas de trabalho (turno
matutino,das 08:00 às 12:00 sendo destinado a triagem do material e turno vespertino das
13:00 às 17:00 onde são realizados os serviços externo,ou seja, a entrega do material triado
no período matutino e uma hora de intervalo para o almoço.
3.3 Amostra:
Para a amostra foram selecionados 30 agentes de correios (carteiros), lotados no CDD
(Centro de Distribuição Domiciliar) do Edifício Sede da Empresa de Correios e Telégrafos da
Avenida Presidente Vargas em Belém do Pará, do sexo masculino, com faixa etária variando
entre 24 e 64 anos de idade, que fazem diariamente a triagem e a entrega das
correspondências, entretanto do total de 30 carteiros, foram excluídos da pesquisa 9 ,devido
os critérios de exclusão, 4 carteiros haviam sofrido trauma através de acidente fora do
ambiente de trabalho,1 é agente de correios motorizado,utilizando bicicleta para entregar as
correspondências, 3 por apresentarem algias antes de exercer a profissão de carteiro, 1 é
agente dos correios do sexo feminino.
36
3.4 Critérios de Inclusão: Foram incluídos na pesquisa os agentes de correios
(carteiros) que tenham no mínimo 3 anos de exercício nesta atividade profissional, que sejam
submetidos há uma jornada de trabalho de 40 horas semanais e aceitem participar da pesquisa
após o devido esclarecimento.
3.5 Critérios de Exclusão: Como critério de exclusão os agentes de correios (carteiros)
que já apresentavam algias posturais com diagnóstico médico (como lombalgia, por exemplo)
antes de adentrarem nesta profissão, ou ainda aqueles que tenham sofrido algum tipo de
trauma ou acidente (automobilístico, quedas) fora do ambiente de trabalho, e ainda aqueles
que se encontram aposentados ou de licença médica, e as agentes de correio do sexo feminino
(em função da única funcionária existente estar em período gestacional), e ainda os agentes de
correios motorizados (são os que utilizam moto ou bicicleta na entrega de materiais que
ultrapassam o limite de peso da carga, ou seja, 10 kg para homem e 8 kg para mulheres, que é
permitido para o transporte).
3.6 Coleta de Dados: Foi utilizado um questionário adaptado de Scheffer- 2002 (anexo
2). Constando os seguintes dados: idade, tempo de trabalho na empresa, tempo de exercício
na função de carteiro, o horário de trabalho, e se existe pausas durante o expediente, se
realiza horas extras, como eles avaliam suas condições de trabalho se estão adequadas ou
não, se necessitam fazer grande esforço tanto físico quanto mental para realizar suas
atividades profissionais, como se sentem ao final da jornada de trabalho, tanto fisicamente
quanto mentalmente (cansados ou não) e ainda se sentem dor ou desconforto durante a
realização do seu trabalho, se receberam algum treinamento para adoção de posturas
adequadas durante o trabalho, se sentem dores articulares, ou nas costas (em que momento
do dia profissional) sentem “dormência” ou cãibras em alguma parte do corpo, se já foram
afastados das atividades profissionais por licença médica ou fisioterápica, se realizam
alguma atividade física, acrescido de uma Escala de Desconforto para as Diferentes Partes
do Corpo (anexo 1) Escala de desconforto adaptada de Iida (2005), que consiste em
graduar o nível de desconforto manifesto sob a forma de dor em cada parte do corpo, numa
escala representada por cores, sendo:(Verde corresponde a nenhuma dor, amarelo a dor
suportável,alaranjado corresponde a dor intensa e vermelho uma dor insuportável. A coleta
de dados realizou-se em duas visitas semanais.
3.7 Análise dos Dados: Os participantes foram divididos em grupos conforme o tempo de
serviço, inferior á dez anos de trabalho como carteiro e superior á dez anos. Esses grupos
foram analisados com objetivo de identificar a incidência de algias posturais, analisando
também os principais pontos dolorosos apontados pelos indivíduos da amostra. Os dados
37
coletados através de questionário e da Escala de Desconforto para diferentes partes do corpo
foram exportados para tabulação e análise. Utilizando-se de estatísticas descritivas (média,
desvio padrão, e porcentagens) para representar sumariamente as variáveis do banco de dados
e o teste de Correlação de Spearman com o objetivo de identificar se há ou não correlação
entre o tempo de serviço com as algias posturais.
38
4. RESULTADOS
Neste Capítulo abordaremos sobre os resultados encontrados através desta
pesquisa.
A amostra foi constituída por 21 carteiros. Com idade média de 44,6 anos.
O desconforto corporal segundo a escala de desconforto para diferentes partes do
corpo, referidos pelos carteiros identificou um alto índice em partes específicas do corpo.
Membros Sup.(Lado
1
Mão Direita
3
17
1
1
Punho Direito
4
15
Dor Insuportável
1
1
Antebraço Direito
Dor Intensa
19
1
Cotovelo Direito
Dor Suportável
20
Nenhuma Dor
1
Braço Direito
20
1
1
Ombro Direito
8
5
0
11
10
15
20
25
Frequência
Fonte: Pesquisa de campo
Menbros Superiores (Lado Esquerdo)
Gráfico 1 – Membros superiores do lado direito dos participantes do estudo sobre a incidência de Algias
posturais em carteiros no município de Belém em 2008.
1
Mão Esquerda
3
17
2
Punho Esquerdo
3
Antebraço Esquerdo
1
1
1
Cotovelo Esquerdo
1
1
Braço Esquerdo
1
1
16
Dor Insuportável
18
Dor Intensa
Dor Suportável
19
Nenhuma Dor
19
1
Ombro Esquerdo
0
3
8
5
9
10
15
Frequência
20
Fonte: Pesquisa de campo.
Gráfico 2 – Membros superiores do lado esquerdo dos participantes do estudo sobre a incidência de Algias
posturais em carteiros no município de Belém em 2008.
39
Na região dos membros superiores tanto no lado direito quanto no esquerdo a parte
específica do corpo que foi identificada maior índice de dor suportável foi no ombro, sendo
referida por 8 carteiros (38%) do total de 21. Sendo também que 3 carteiros apresentaram dor
intensa em ombro esquerdo.
1
Cabeça, Coluna e Quadriil
Quadril
2
5
2
Coluna
Lombar
13
4
6
9
Dor Insuportável
1
Coluna
Torácica
Dor Intensa
4
Coluna
Cervical
1
Dor Suportável
16
Nenhuma Dor
2
6
12
1
Cabeça
4
0
5
16
10
Frequência
15
20
Fonte: Pesquisa de campo.
Gráfico 3 – Cabeça, Coluna e Quadril dos participantes do estudo sobre a incidência de Algias posturais em
carteiros no município de Belém em 2008.
Identificamos que o acometimento maior de dor suportável e dor intensa localizou-se
na coluna vertebral em especial, na coluna lombar, onde 9 (42%) carteiros apresentaram dor
suportável e 4 carteiros (19%) dor intensa. Sendo que a coluna cervical apresentou um índice
considerável de 6 carteiros (29%) com dor suportável.
40
Membros Inferiores (Lado
2 Direito)
5
Pé Direito
4
Tornozelo
Direito
10
1
5
Dor Insuportável
15
Dor Intensa
1
Perna Direita
6
Dor Suportável
14
Nenhuma Dor
2
Joelho
Direito
5
14
1
1
Coxa Direita
19
5
0
10
15
Frequência
20
Fonte: Pesquisa de campo
Membros Inferiores (Lado Esquerdo)
Gráfico 4 – Membros inferiores do lado direito dos participantes do estudo sobre a incidência de Algias
posturais em carteiros no município de Belém em 2008.
2
Pé
Esquerdo
4
Tornozelo
Esquerdo
1
Perna
Esquerda
1
5
10
5
Dor Insuportável
15
Dor Intensa
6
Dor Suportável
14
Nenhuma Dor
2
Joelho
Esquerdo
5
14
1
1
Coxa
Esquerda
0
19
5
10
15
20
Frequência
Fonte: Pesquisa de campo.
Gráfico 5- Membros inferiores do lado esquerdo dos participantes do estudo sobre a incidência de Algias
posturais em carteiros no município de Belém em 2008.
Para as regiões dos membros inferiores tanto no lado direito quanto no lado esquerdo 5
carteiros apresentaram dor suportável no tornozelo, e joelho. Sendo que 4 carteiros
apresentaram dor suportável no pé e 6 na perna, apresentado também dor intensa por 5
participantes na região do pé.
41
5%
Sim
Em branco
95%
Fonte: Pesquisa de campo
Gráfico 6 – Se há pausas no trabalho dos participantes do estudo sobre a incidência de Algias posturais em
carteiros no município de Belém em 2008.
Quando se questionou sobre as pausas ou intervalos realizados durante a jornada de
trabalho, 95% dos carteiros afirmaram terem pausas de 1 hora.
38%
Sim
Não
62%
Fonte: Pesquisa de campo
Gráfico 7 – Se há a realização de horas extras no trabalho dos participantes do estudo sobre a incidência de
Algias posturais em carteiros no município de Belém em 2008.
Nos gráfico 7 quando questionado sobre a realização de horas extras, 62% realizam,
sendo 2 horas a mais trabalhadas.
42
39%
47%
Duas
Seis
Dez
Não realizam
5%
9%
Fonte:Pesquisa de campo.
Gráfico 8 - Total de horas extras trabalhadas semanalmente dos participantes do estudo sobre a incidência de
Algias posturais em carteiros no município de Belém em 2008.
Quando questionado sobre o total de horas extras trabalhadas semanalmente, 47% dos
carteiros responderam realizarem duas horas, 9 % seis horas, 5 % dez horas e 39% não
realizam horas extras.
14%
5%
14%
Muito boa
Boa
Moderada
Baixa
67%
Fonte: Pesquisa de campo
Gráfico 9 – Classificação em relação às exigências físicas do trabalho dos participantes do estudo sobre a
incidência de Algias posturais em carteiros no município de Belém em 2008.
No gráfico 9 em relação às exigências físicas do trabalho realizado pelos carteiros,
analisou-se que 67% dos carteiros da amostra acreditam estar em boas condições físicas.
43
5%
14%
14%
Muito boa
Boa
Moderada
Baixa
67%
Fonte: Pesquisa de campo
Gráfico 10 – Como o participante se sente fisicamente após sua jornada de trabalho, do estudo sobre a
incidência de Algias posturais em carteiros no município de Belém em 2008.
Quando questionado, em relação como se sente fisicamente após sua jornada de
trabalho, 42% dos carteiros responderam sentirem-se cansado.
14%
Sim
Não
86%
Fonte: Pesquisa de campo
Gráfico 11 – Se o participante sente dor ou desconforto em função da sua jornada de trabalho, do estudo sobre a
incidência de Algias posturais em carteiros no município de Belém em 2008.
Como pode ser constatado através da análise do gráfico11, 86% dos carteiros relatam
apresentarem dor ou desconforto em função da sua jornada de trabalho, que surgem da
realização e execução de suas tarefas diárias.
44
14%
38%
Dias
Meses
Anos
Em branco
38%
10%
Fonte: Pesquisa de campo
Gráfico 12 – Tempo que o participante sente dor ou desconforto, do estudo sobre a incidência de Algias
posturais em carteiros no município de Belém em 2008.
Quando questionado há quanto tempo sentiam dor ou desconforto, 38% afirmaram
sentir tanto há dias quanto há anos, apresentando a mesma porcentagem de carteiros, 10% à
meses.
14%
19%
Nenhum
Até 9 dias
10%
De 10 a 24 dias
De 25 a 99 dias
10%
14%
33%
De 100 a 365 dias
Em branco
Fonte: Pesquisa de campo
Gráfico 13 – Número de dias de dispensa do trabalho, do estudo sobre a incidência de Algias posturais em
carteiros no município de Belém em 2008.
Em relação ao número de dias de dispensa do trabalho, 33% dos carteiros estiveram
afastados por 9 dias, devido apresentarem algum tipo de algia.
45
48%
Sim
52%
Não
Fonte: Pesquisa de campo
Gráfico 14– Se os participantes já foram afastados em função de dor ou desconforto, do estudo sobre a
incidência de Algias posturais em carteiros no município de Belém em 2008.
Como pode ser observado 52% dos carteiros afirmam que já foram afastados em
função de dor ou desconforto.
Não
5%
24%
10%
Sim, ao iniciar o
trabalho
Durante o trabalho
24%
Ao final do trabalho
37%
Sempre
Fonte: Pesquisa de campo
Gráfico 15- Se os participantes sentem dor na coluna, do estudo sobre a incidência de Algias posturais em
carteiros no município de Belém em 2008.
Quando questionado sobre a presença de dor na coluna, 37% dos carteiros disseram
que sentem dor ao final do trabalho. E foi apresentado a mesma porcentagem de 24 %
sentirem dor tanto durante o trabalho quanto sentirem sempre, independentemente se for ao
iniciar, durante ou após o trabalho.
46
Tabela2 - Faixa etária dos participantes do estudo sobre a incidência de Algias posturais em carteiros no
município de Belém em 2008.
Idade
Frequência Percentual
24.0 |— 32
2
9,5
32.0 |— 40
6
28,6
40.0 |— 48
6
28,6
48.0 |— 56
4
19,0
56.0 |— 64
3
14,3
Total
21
100,0
Fonte: Pesquisa de campo.
A faixa etária dos carteiros entrevistados foi de 24 a 64 anos, com percentual igual de
28.6 na média de idade entre 32 a 48 anos.
Tabela 3 – Tempo de serviço dos participantes do estudo sobre a incidência de Algias posturais em carteiros no
município de Belém em 2008.
Tempo de serviço Frequência
4|----11
5
11|----18
9
18|----25
1
25|----32
1
32|----39
5
Total
21
Fonte: Pesquisa de campo.
Percentual
23.8
42.9
4.8
4.8
23.8
100.0
O tempo de serviço nos correios apresentado foi no mínimo de 4 anos e máximo de
39 anos na mesma empresa.
Tabela 4 – Tempo na função dos participantes do estudo sobre a incidência de Algias posturais em carteiros no
município de Belém em 2008.
Tempo na função Frequência
4|----11
5
11|----18
11
18|----25
1
25|----32
1
32|----39
3
Total
21
Fonte: Pesquisa de campo.
Percentual
23.8
52.4
4.8
4.8
14.3
100.0
47
Quanto ao tempo na função de carteiros, identificou-se que de 11 à 18 anos apresentou
uma porcentagem maior sendo de 52.4%.
Tabela 5 – Estatísticas da variável idade com que começou a trabalhar nessa atividade.
Estatísticas
Valor
Média
28,3
Desvio padrão
2,9
Mínimo
23
Máximo
32
A média de idade em que começou a trabalhar nesta atividade, como podemos
constatar foi de 28,3, com desvio padrão de 2,9, sendo o mínimo 23 e máximo 32 anos.
Obs. Na pergunta sobre o horário de trabalho, 100% dos entrevistados responderam
que trabalham de manhã e a tarde (100%).
Ao aplicar-se a Correlação de Spearman, com objetivo de determinar se há associação
do tempo de serviço com as algias verificou-se que somente a coluna lombar pode ser
considerada altamente significativa com p- valor de 0,006.
CORRELAÇÃO DE SPEARMAN
Tabela 6 – Testes de Correlação entre Algias na Cabeça, Coluna, Quadril e Tempo de serviço.
Algias (Cabeça e Coluna)
Tempo de serviço
Cabeça
Coluna Cervical
Coluna Torácica
Coluna Lombar
Quadril
Coeficiente de Correlação
p-valor
Análise
0,231
0,319
0,152
0,580
0,354
0,314
0,158
0,512
0,006
0,116
Não Significativo
Não Significativo
Não Significativo
Altamente Significativo
Não Significativo
Tabela 7 – Testes de Correlação entre Algias nos membros superiores (Lado Direito) e Tempo de serviço.
Algias (Membros Superiores D)
Tempo de serviço
Ombro Direito
Braço Direito
Cotovelo Direito
Antebraço Direito
Punho Direito
Mão Direita
Coeficiente de Correlação
p-valor
Análise
0,064
0,241
0,241
-0,047
0,053
-0,090
0,784
0,292
0,292
0,838
0,819
0,699
Não Significativo
Não Significativo
Não Significativo
Não Significativo
Não Significativo
Não Significativo
Tabela 8- Testes de Correlação entre Algias nos membros inferiores (Lado Direito) e Tempo de serviço.
48
Algias (Membros Inferiores D)
Tempo de serviço
Coxa Direita
Joelho Direito
Perna Direita
Tornozelo Direito
Pé Direito
Coeficiente de Correlação
p-valor
Análise
-0,073
0,154
0,226
-0,150
-0,047
0,753
0,505
0,325
0,517
0,840
Não Significativo
Não Significativo
Não Significativo
Não Significativo
Não Significativo
Tabela 9 - Testes de Correlação entre Algias nos membros superiores (Lado Esquerdo) e Tempo de serviço.
Algias (Membros Superiores E)
Tempo de serviço
Ombro Esquerdo
Braço Esquerdo
Cotovelo Esquerdo
Antebraço Esquerdo
Punho Esquerdo
Mão Esquerda
Coeficiente de Correlação
p-valor
Análise
-0,056
0,388
0,388
0,157
-0,244
-0,214
0,81
0,082
0,082
0,497
0,287
0,352
Não Significativo
Não Significativo
Não Significativo
Não Significativo
Não Significativo
Não Significativo
Tabela 10- Testes de Correlação entre Algias nos membros inferiores (Lado Esquerdo) e Tempo de serviço.
Algias (Membros Inferiores E)
Tempo de serviço
Coxa Esquerda
Joelho Esquerda
Perna Esquerda
Tornozelo Esquerda
Pé Esquerdo
Coeficiente de Correlação
p-valor
Análise
-0,073
0,207
0,231
-0,007
0,142
0,753
0,368
0,313
0,977
0,538
Não Significativo
Não Significativo
Não Significativo
Não Significativo
Não Significativo
COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE SPEARMAN Trata-se de uma prova
não paramétrica com a finalidade de determinar o grau de associação entre duas variáveis
mensuradas pelo menos ao nível ordinal e dispostas em postos ordenados em duas séries: X e
Y.
N = Número de pares;
rs = 1 −
t = rs
2
i
6∑ D
;
N ( N 2 − 1)
N −2
1 − rs2
D = Diferença entre postos;
49
5. DISCUSSÃO
Este capítulo descreve analiticamente os dados levantados nos resultados encontrados
nesta pesquisa.
O trabalho humano possui um duplo caráter: por um lado é fonte de realização,
satisfação, prazer, estruturando e conformando o processo de identidade dos sujeitos, por
outro, pode também se transformar em elemento patogênico, tornando-se nocivo à saúde
(Dejours apud DELCOR et al, 2003).
A atividade profissional pode ocasionar lesões em estruturas do sistema músculoesquelético. Quando se mencionam os distúrbios relacionados ao trabalho, torna-se
importante lembrar que ele ocupa grande parte da vida humana (ALENCAR et al;2001).
Por meio da análise das respostas obtidas pelo questionário, e da escala de desconforto
para diferentes partes do corpo realizada no local de trabalho dos carteiros, pode se constatar
que a maior incidência de algia apresentou-se na coluna vertebral, que é um conjunto de
vértebras sobrepostas uma sobre as outras, desta forma temos também um conjunto de
articulações sobrepostas que tem por mobilidade os movimentos de flexão, extensão,
hiperextensão, rotação, flexão lateral e circundação, mas cada articulação se limita em apenas
alguns graus para cada movimento. Estes movimentos variam de amplitude entre as regiões
da coluna (CAMPOS, 2000). Concentrando-se as considerações sobre as algias mais referidas
por 9 carteiros,com percentual de 42% apresentando dor suportável e 4 carteiros (19%)
apresentando dor intensa na região lombar (lombalgia).
A lombalgia é definida como uma dor localizada na região lombar da coluna vertebral
(parte inferior das costas), constituindo um sintoma muito freqüente, representando um alto
custo para o sistema atual de saúde (Mendes, 1999).
O mesmo autor refere que paradoxalmente, esta afecção- a lombalgia é benigna, sendo a
maioria das vezes de recuperação espontânea, mas causa enormes perdas para a economia do
país, elevando as taxas de absenteísmo das fábricas, transtornando a vida do próprio
trabalhador e de suas famílias.
Para Nascimento; Moraes (2000 p.80) “lombalgia é uma dor localizada na região
lombar decorrente de postura viciosa no trabalho, lazer em casa ou no dormir, pegar peso de
forma inadequada”.
Segundo Ferreira Junior (2000), a lombalgia para se ter uma idéia de sua importância
clínico-epidemiológica, cerca de 80% das pessoas apresentam dores lombares ao longo de sua
50
vida, e a lombalgia é a maior causa de incapacidade de curta e longa duração entre
trabalhadores.
Dezan apud Scheffer (2001) a lombalgia é a doença osteomuscular que com maior
freqüência limita as atividades profissionais e cotidianas dos trabalhadores.
De acordo com Teixeira (2001, p.2) a dor crônica geralmente localiza-se na região
lombar e nas articulações em até dois terço das vezes e, no segmento cefálico, em um quarto
dos indivíduos. Nas clínicas de dor, há queixa de desconforto em mais de uma região do
corpo na maioria dos casos.
Para o mesmo autor as lombalgias são uma das causas mais comum de incapacidade
por afecção do aparelho locomotor. Ressaltando ainda que ela torna-se crônica em 10 a 15%
dos trabalhadores. Teixeira (2003, p.4)
Foi realizado um estudo sobre as atividades exercidas pelos carteiros onde creditou-se
a dor lombar presente nestes profissionais muito mais pelo esforço e conseqüente fadiga
muscular e contração assimétrica prolongada, do que pela ação de forças ao nível de L3.
(MENEGON, 2002)
Sendo a fadiga muscular definida por Itiro (2005, p.72) como uma redução da força,
provocada pele deficiência da irrigação sanguínea do músculo. Ela um processo
reversível, que pode ser superada por um período de descanso. Afirmando ainda que
a lombalgia “é provocada pela fadiga da musculatura das costas, [...] ocorrendo
principalmente quando se permanece durante muito tempo na mesma postura, com a
cabeça inclinada para frente”.
Na pesquisa observou-se que 95% dos carteiros afirmaram terem pausas durante sua
jornada de trabalho. É importante que haja pausas com a finalidade de evitar a sobrecarga
músculo-esquelético, pois “deve-se proporcionar um período de descanso, para que a
circulação tenha tempo para remover os produtos do metabolismo (ácido lático, potássio,
dióxido de carbono e água) acumulados no interior dos músculos” e a fadiga muscular,
freqüentemente expressa através de irritabilidade, queixas inespecíficas e dificuldade para
memorização (Itiro, 2005).
É necessária a resistência à fadiga muscular para manter o controle postural. Posturas
mantidas requerem continuamente pequenas adaptações nos músculos estabilizadores para
suportar o tronco contra forças flutuantes. Grandes movimentos repetitivos também requerem
músculos que respondam controlando a atividade. Nos dois casos, quando o músculo se cansa
a carga é transferida para os tecidos inertes que suportam a coluna nos finais de amplitude.
Com a manutenção da carga, ocorre atrito e distensão nos tecidos inertes, levando a
sobrecarga mecânica (Kisner,1998).
51
Mendes (1999, p.217) cita que “a região lombar, na altura da L5-S é o segmento mais
móvel e, portanto mais sujeito as alterações de desgaste”.
Ressaltando ainda que a duração da jornada deve ser compatível com o ritmo do
corpo.É comum, principalmente em nosso país, que possui uma das maiores jornadas de
trabalho do mundo, a exposição prolongada aos movimentos repetitivos.
De acordo com Bernardino (1999) através de sua pesquisa de campo “Em
indicadores epidemiológicos em operadores postais” pela Universidade Federal de São
Carlos, analisaram-se os impactos da carga de trabalho sobre a saúde dos operadores postais,
sendo sistematizados a partir dos dados disponíveis nos relatórios de Absenteísmo,
prontuários médicos das unidades participantes do projeto e atestado médico arquivados nas
unidades de referência.
Dados pesquisados durante a execução de sua pesquisa de campo que revelaram
através de buscas realizadas em prontuários médicos referentes aos anos de 1996 a 1998 as
principais patologias osteomioarticulares responsáveis por afastamentos maiores que 15 dias
em se tratando de algias encontrou-se o seguinte: 10 casos de lombalgia, 3 casos de
cervicalgia, 5 casos de dorsalgia, 1 caso de cervicobraquialgia, 2 casos de lombociatalgia e 1
caso de hérnia de disco para os carteiros do estudo em questão.
Uma outra estrutura acometida referidas pelos carteiros foi o ombro tanto o lado
direito quanto o lado esquerdo, que é uma articulação complexa e requer coordenada
interação de ossos e tecidos moles para que ocorra uma função normal do membro superior.
Região esta onde ocorre uma sobrecarga local causada pelos movimentos de elevação e
sustentação dos braços, durante o momento da triagem ou mesmo durante a distância
percorrida com a “bolsa unilateral” utilizadas pelos carteiros para levar as correspondências
mantendo os ombros contraídos.
De acordo com (Ilda apud PLENTZ, 2004) a fadiga muscular, o estresse mecânico
sobre a cartilagem, os movimentos repetitivos e as contrações musculares contínuas provocam
a isquemia local, que pode se manifestar por dor difusa, cansaço e desconforto nos membros
superiores e região cervical.
No ambiente de trabalho, os processos de desgaste do corpo são determinados em boa
parte pelo tipo de trabalho e pela forma como este está organizado.
Para Mendes (1999, p.184) “é importante observar que, devido aos movimentos que o
trabalhador realiza em seu posto de trabalho, todo o membro superior pode sofrer o processo
de desgaste, o acometimento costuma ser generalizado”.
52
De acordo com o movimento operário, citado pela 2ª câmara cível do tribunal de
justiça12 inúmeros carteiros adquirem problemas nos ombros, em função da exigência de
metas na triagem de cartas, as quais obrigam o trabalhador a ficar durante horas fazendo o
mesmo movimento, nos chamados armários de triagem.
As algias nos ombros são influenciadas por fatores biomecânicos relacionados ao
trabalho, como flexão ou abdução dos ombros por tempo prolongado, vibrações, postura
estática ou com carga no membro superior (Teixeira, 2003).
Observamos que em relação aos membros inferiores, 5 carteiros com percentual de
14% apresentaram dor intensa tanto no pé direito quanto no pé esquerdo, devido as longas
caminhadas durante a distribuição das correspondências, e por não praticarem alongamento
antes de sua atividade profissional.
Para o Ministério da Saúde13 (2002), a dor poderá causar comprometimento da
qualidade de vida e da saúde do ser humano. Esta manifestação de comprometimento foi
observada nesta pesquisa, quando 86% dos carteiros relataram queixas de dor e desconforto
em função da sua jornada de trabalho.
Dos carteiros que relataram realizar horas extras, verificou-se uma forte tendência à
presença de dor, pelo maior número de horas trabalhadas, mostrando-se maior a relação com
o surgimento de algia.
As horas extras geram sobrecargas para aqueles que permanecem na mesma atividade
extra-jornada, sobrecarregando a musculatura e articulações (IIDA, 2005), o que exacerbará
os sintomas de algias posturais.
Quando questionados como se sentiam fisicamente após a jornada de trabalho, 42%
dos carteiros referiam-se cansados.
Para Rio (2001), o cansaço é um mecanismo de proteção contra cargas de atividade
acima de certos limites (...). A sensação subjetiva de cansaço é o principal sintoma de fadiga,
que pode inibir as atividades até quase paralisá-las. O que nos leva a concluir que tarefas
realizadas, às vezes, de modo inadequado e desconfortável, na maior parte do dia, carga
excessiva de trabalho e pausas insuficientes ou mal programadas, acabam originando
condições de trabalho desfavoráveis em detrimento à sua saúde. Podendo agravar a saúde do
12
Doença ocupacional por excesso de trabalho gera aposentadoria e indenização por danos morais.
Disponível em: http://www.pco.org.br/conoticias/causaoperaria,acesso em 28 de Setembro de 2008.
13
___________ Portaria nº. 19/GM, de 03 de janeiro de 2002. Disponível em:
http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2002/Gm/GM-19.htm. Acesso em: 29 de Setembro 2008.
53
profissional, levando-o ao afastamento de suas atividades e elevando o índice de absenteísmo,
o que afetará na sua qualidade de vida, e na organização dos serviços. Na pesquisa 33% dos
carteiros relataram dispensa do trabalho até 9 dias,por apresentarem algais posturais, devido a
sua atividade profissional .
Quando se aplicou a correlação de Spearman para analisar se havia alguma relação de
algias com o tempo de serviço, verificou-se que somente as algias da coluna lombar
apresentou significância com o tempo de serviço, o que mostra que mesmo os carteiros que
estão na função no mínimo 4 anos podem apresentar algum tipo de algia, independentemente
do tempo que estejam nesta função.
Nessa pesquisa a maioria dos dados obtidos não foi estatisticamente significativa, já
que não foram utilizados recursos suficientemente precisos, porém esta pesquisa foi de grande
valia para conhecer as possíveis complicações que um Carteiro possa vir a apresentar por
realizar diariamente movimentos repetitivos durante a triagem, podendo adotar posturas
incorretas durante a sua jornada de trabalho. Sabe-se que essa postura é um dos fatores
desencadeantes da dor lombar, por isso tornou-se importante um estudo visando esses
profissionais, uma vez que, durante os movimentos realizados diversas articulações estão
sendo solicitadas para execução do posicionamento, e qualquer movimento inadequado, o
corpo responderá com Algia. Apesar dos dados apresentados não possuírem estatisticamente
uma significância, os resultados condizem com a literatura pesquisada.
54
6. CONCLUSÃO
Observamos no decorrer desta pesquisa que a saúde ocupacional ainda não se tem o
devido valor que merece, apesar de toda sua importância (comprovada por vários estudos) e
influencia na qualidade de vida do trabalhador podendo interferir diretamente na sua vida
profissional, social e familiar, a julgar pela incidência de algias encontradas nos carteiros,
algias esta que poderiam ser prevenidas ou amenizadas com a aplicação de medidas simples
como adoção e posturas adequadas, por exemplo, na execução das atividades cotidianas dos
carteiros, através da educação por meio de palestras ou mesmo uma demonstração prática do
mal que estes indivíduos possam vir a adquirir em virtude da prática diária de posturas
errôneas, e tarefas repetitivas sem o devido preparo da musculatura solicitada para tal função,
em suas tarefas laborais e ainda com a aplicação dos recursos fisioterápicos, que poderiam ser
aplicados na prevenção das algias posturais a aqueles indivíduos que ainda não referem algias,
ou mesmo em indivíduos que já apresentam algum tipo de algia e ate mesmo patologia, ou
afecção do sistema músculo esquelético. Contribuindo para uma diminuição significativa do
índice de absenteísmo destes trabalhadores.
Após a análise dos dados concluiu-se que a ocupação funcional dos Carteiros lhe
causa Algias Posturais, mesmo a maioria das variáveis não apresentar significância estatística
entre o tempo de trabalho e as Algias, percebemos uma maior incidência de Algias na região
lombar, seguida de Algias nos ombros, através de movimentos repetitivos executados por
estes profissionais durante a triagem das cartas, ou até mesmo devido adotarem posturas
inadequadas durante sua jornada de trabalho, sendo fatores desencadeantes para o surgimento
de Algias. Esta pesquisa foi de grande valia para conhecer as possíveis complicações que um
Carteiro possa vir a apresentar por realizar diariamente movimentos repetitivos durante a
triagem, podendo adotar posturas incorretas durante a sua jornada de trabalho.
Fato que merece atenção especial em futuros estudos, trazendo orientações posturais e
exercícios preventivos para a área dolorosa. Torna-se essencial a inclusão da fisioterapia
como medida de intervenção primária, a fim de se evitar surgimento das complicações osteomio-articulares decorrentes do esforço repetitivo, e posturas incorretas constantes que a
profissão requer. Além da intervenção secundária e terciária se já estiver instalada alguma
patologia. Enfim, ressaltamos a importância da Fisioterapia como medida de prevenção, para
uma melhor qualidade de vida destes profissionais. E novas pesquisas precisam ser realizadas
através de avaliações e testes minuciosos, tanto da ergonomia no ambiente de trabalho dos
carteiros quanto do indivíduo, observando-se fatores intrínsecos e extrínsecos que podem
55
influenciar diretamente sobre o posicionamento corporal, e consequentemente na dor
apresentada por esses profissionais.
56
7. REFERÊNCIAS
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Setembro. 2008.
60
APÊNDICES
61
APÊNDICE 1: TERMO DE ACEITE DO ORIENTADOR
62
APÊNDICE 2: TERMO DE ACEITE DA INSTITUIÇÃO
63
APÊNDICE 3
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
ESTUDO: INCIDÊNCIA DE ALGIAS POSTURAIS EM CARTEIROS NO
MUNICÍPIO DE BELÉM
Você está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O
documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que
estamos fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para
nós, mas se desistir a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você.
Eu, ___________________________ , portador da Cédula de identidade, RG
____________ , e inscrito no CPF_________________ nascido (a) em _____ /
_____ /_______ , abaixo assinado (a), concordo de livre e espontânea vontade em
participar como voluntário (a) do estudo “INCIDÊNCIA DE ALGIAS POSTURAIS
EM CARTEIROS NO MUNICÍPIO DE BELÉM”.
Estou ciente que:
I)
“O estudo se faz necessário para que se possa identificar as possíveis
causas de algias presentes nos Carteiros no Município de Belém”.
II)
Os dados serão coletados através de questionário e escala de desconforto
para diferentes partes do corpo.
III)
A participação neste projeto não tem objetivo de me submeter a um
tratamento, bem como não me causará nenhum gasto com relação aos
procedimentos médico-clínico-terapêuticos efetuados com o estudo;
IV)
Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo
no momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação;
V)
A desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou bem estar
físico. Não virá interferir no atendimento ou tratamento médico;
VI)
A minha participação neste projeto contribuirá para acrescentar à literatura
dados referentes ao tema, direcionando as ações voltadas para a promoção
da saúde e não causará nenhum risco;
VII)
Não receberei remuneração e nenhum tipo de recompensa nesta pesquisa,
sendo minha participação voluntária;
VIII)
Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo;
64
IX)
Concordo que os resultados sejam divulgados em publicações científicas,
desde que meus dados pessoais não sejam mencionados;
X)
Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados
parciais e finais desta pesquisa.
( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa.
( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa.
Belém,
de
de 2008
Declaro que obtive todas as informações necessárias, bem como todos os
eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas.
Voluntário
_______________________________________
Testemunha 1 : __________________________________________
Nome / RG / Telefone
Testemunha 2 : ____________________________________
Nome / RG / Telefone
Responsável pelo Projeto:
___________________________________________________________
Prof. NELSON HIGINO DE OLIVEIRA FILHO
Telefone para contato:
(91) 8852-3106 - Lucilene Nascimento dos Santos
(91) 8803-7530 - Michele Araújo Chagas
65
APÊNDICE 4: CARTILHA INFORMATIVA
66
ANEXOS
67
ANEXO 1: ESCALA DE DESCONFORTO PARA AS DIFERENTES PARTES DO
CORPO:
Escala de desconforto adaptada de Iida (2000), consiste em graduar o nível de
desconforto manifesto sob a forma de dor em cada parte do corpo, numa escala
representada por cores, sendo:
Verde: nenhuma dor;
Amarelo: dor suportável, dor que se caracteriza como um leve desconforto
consegue-se trabalhar mesmo sentindo-a;
Alaranjado: dor intensa, dor forte que obriga o trabalhador por alguns instantes
parar o trabalho manter-se em repouso ou mudar de posição para aliviar a dor
possibilitando depois continuar o trabalho e;
Vermelho: dor insuportável caracteriza a incapacidade de continuar o trabalho
obrigando-o a parar. A escala divide o corpo humano em segmentos e, para cada
um deles, registrou-se o nível de desconforto relatado subjetivamente através da
escala ao final de um período de trabalho, utilizando protocolo próprio conforme a
figura abaixo.
68
Escala de desconforto para as diferentes partes do corpo.
69
ANEXO 2: QUESTIONÁRIO
Este questionário tem a finalidade de obter informações sobre as condições de
trabalho, a capacidade para o trabalho e fatores que podem afetá-la. Portanto
responda cuidadosamente a todas as questões, escrevendo quando for solicitado ou
assinalando a alternativa que melhor refletir sua opinião.
Saliento a importância da devolução do questionário respondido, pois as
informações obtidas serão analisadas e servirão como subsídios para melhorar seu
serviço.
Obs: TODAS AS INFORMAÇÕES FORNECIDAS SERÃO MANTIDAS EM SIGILO
E SERÃO UTILIZADAS SOMENTE PARA FINS DE PESQUISA.
QUESTIONÁRIO DO TRABALHADOR
Nº de ordem___________
I. DADOS PESSOAIS:
1.Nome:(iniciais)____________________________________ Idade:_______anos
Telefone:
1.1. Há quanto tempo trabalha nesta empresa? [
1.2. Há quanto tempo trabalha nesta função? [
] anos [
] meses
] anos
1.3. Com que idade começou a trabalhar nesta atividade? [
] anos
II. CONDIÇÕES DE TRABALHO
2. Qual é seu horário de trabalho?
[1] manhã [2] tarde [3] noite [4] outro
2.1. Existem pausas no seu trabalho? [1] sim [2] não
2.2. Você realiza horas extras? [1] sim [2] não
Caso afirmativo, quantas horas por semana?____________________________
2.3. Com relação às condições de trabalho, você afirmaria que:
[1] são adequadas
[2] poderia melhorar
[3] não são adequadas
[4] está completamente inadequado
2.4. O seu ambiente de trabalho é:
a) Quanto ao espaço b) Quanto à ventilação c) Quanto à temperatura
70
[1] adequado [1] adequada [1] adequada
[2] satisfatório [2] satisfatória [2] satisfatória
[3] inadequado [3] inadequada [3] inadequada
2.5. Como você classificaria sua capacidade atual para o trabalho em relação às
exigências físicas do seu trabalho?
[1] muito boa [2] boa [3] moderada [4] baixa [5] muito baixa
2.6. Como você classificaria sua capacidade atual para o trabalho em relação às
exigências mentais do seu trabalho?
[1] muito boa [2] boa [3] moderada [4] baixa [5] muito baixa
2.7. Seu ritmo de trabalho é?
[1] lento [2] normal [3] rápido [4] muito rápido
2.8. Você recebeu treinamento da empresa para exercer sua função?
[1] sim [2] não
2.9. Ao final da jornada de trabalho você se sente?
Fisicamente:
[1] bem
[2] um pouco cansado
[3] cansado
[4] muito cansado
[5] exausto
Mentalmente:
[1] bem
[2] um pouco cansado
[3] cansado
[4] muito cansado
[5] exausto
2.10. Você sente dor ou desconforto em função do seu trabalho?
[1] sim [2] não
2.11. Há quanto tempo você sente dor ou desconforto?
[1] dias [2] semanas [3] meses [4] anos
2.12. Você recebeu algum tipo de treinamento ou orientação para adoção de
posturas adequadas na realização do trabalho?
[1] sim nesta empresa [2] sim em outra empresa [3] não
71
2.13. Você considerada esta orientação importante?
[1] sim [2] não
III. CONDIÇÕES DE SAÚDE
3. Você já foi dispensado do trabalho devido a problemas de saúde relacionados
com o seu trabalho?
[1] nenhum
[2] até 9 dias
[3] de 10 a 24 dias
[4] de 25 a 99 dias
[5] de 100 a 365 dias
3.1. Tem problemas de: (pode assinalar mais de um item)
[1] coluna
[2] visão
[3] gastrite
[4] audição
[5] estresse
[6] outros: ___________________________________________________________
[7] nenhum
3.2. Você sente dores nas articulações (juntas)?
[1] não sim [2] ao iniciar o trabalho
[3] durante o trabalho
[4] ao final do trabalho
[5] sempre
3.3. Você sente dores na coluna?
[1] não sim [2] ao iniciar o trabalho
[3] durante o trabalho
[4] ao final do trabalho
[5] sempre
3.4. Você já foi afastado do trabalho em função desta dor ou desconforto?
[1] sim [2] não
3.5. Você sente dormência em alguma parte do corpo?
[1] não sim [2] início do trabalho
[3] durante o trabalho
[4] ao final do trabalho
72
3.6. Sente cãibras?
[1] não sim [2] início do trabalho
[3] durante o trabalho
[4] final do trabalho
3.8. Pratica alguma atividade física regularmente? [1] sim [2] não
Qual?_______________________________________________________________
3.7. Com que freqüência semanal a(s) atividade(s) física(s) é(são) feita(s)?
[1] uma vez [2] duas vezes [3] três vezes
[4] cinco vezes [5] todos os dias
3.8. Qual a duração da atividade física a cada vez que ela é feita?
[1] menos de 15 minutos
[2] 15 a 30 minutos
[3] mais de 30 minutos
3.9. Quanto tempo faz que você pratica a atividade física?
[1] dias [2] semanas [3] meses [4] anos
73
ANEXO 3 :CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA
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Lucilene Nascimento dos Santos Michele Araújo Chagas