ID: 47253357 19-04-2013 Tiragem: 18056 Pág: 14 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,80 x 31,82 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 2 Inspecção da Saúde lança raide aos exames feitos nos hospitais Seis grandes hospitais do país estão a ser alvo de uma auditoria aos meios completares de diagnóstico e terapêutica. Catarina Duarte e Lígia Simões [email protected] A Inspecção Geral da Saúde (IGAS) lançou uma mega auditoria aos meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT) efectuados nos hospitais. Desde o final da semana passada que os inspectores da IGAS estão a passar a pente fino os principais hospitais centrais e universitários do país, apurou o Diário Económico. O Centro Hospitalar Lisboa Norte (onde se inclui o Santa Maria), o Hospital de São João, no Porto, e o Centro Hospitalar de Coimbra são alguns dos hospitais alvo da auditoria da IGAS, que será posteriormente alargada a todo o território. O ponto de partida desta auditoria é comparar a capacidade instalada de cada hospital com a taxa utilização destes equipamentos. Objectivo: racionalizar os meios de diagnóstico e terapêutica e maximizar resultados através do apuramento de eventuais desperdícios. De acordo com dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, em 2012 foram gastos cerca de 643 milhões de euros em meios de diagnóstico e terapêutica. Ainda assim, o valor tem vindo a cair: em 2010 e 2011 a despesa chegou aos 760 milhões e 722 milhões, respectivamente. A percepção é que “existe uma margem de ganhos [de eficiência] que se podem obter se estes equipamentos forem utilizados mais vezes e durante mais tempo”, explicou uma fonte ligada ao processo que não quis, contudo, quantificar os valores que podem estar em causa. Num primeiro momento foi dada prioridade aos exames de imagiologia (radiografias e ressonâncias magnéticas, por exemplo), uma vez que estes são os exames mais diferenciados e que exigem maior investimento. Os inspectores vão analisar de perto três aspectos. Num O ministro da Saúde, Paulo Macedo, anunciou a criação de um grupo de combate à fraude nos medicamentos e meios complementares de diagnóstico. primeiro momento vão identificar e quantificar os principais equipamentos existentes, avaliando a sua operacionalidade e subutilização e respectivas causas (como a falta de recursos técnicos, obsolescência dos aparelhos, avarias, etc.) Serão também analisadas as horas de trabalho disponíveis dos médicos e técnicos, avaliando ineficiências produtivas. Os peritos da IGAS vão ainda avaliar os processos de aquisição e concessão de meios de diagnóstico a instituições fora do Serviço Nacional de Saúde. Neste aspecto, e sempre que possível, será efectuada uma análise custobenefício entre o custo de contratar estes serviços fora do SNS face aos custos a suportar se estes fossem realizados pelos hospitais públicos. Os inspectores vão tentar aferir também a “legalidade e transparência” nestes processos. A ideia é perceber se a quantidade de exames de diagnóstico é “propositadamente” desviada para o sector privado. Ou seja, se a quantidade de exames realizados é menor nestes hospitais do que a capacidade instalada, levando indirectamente os utentes a procurar os mesmos serviços no sector privado para evitar listas de espera. Aqui, será ainda feita uma análise aos tempos de espera para estes exames. Paulo Macedo aperta controlo à fraude nos hospitais DESPESA COM MCDT 643 milhões De acordo com o Ministério da Saúde, foram gastos 643 milhões de euros no ano passado com meios complementares de diagnóstico e terapêutica. Em paralelo, a Ministério da Saúde continua a investigar a fraude no SNS. No início deste mês, quando apresentou os resultados da acção conjunta com a Polícia Judiciária e com o Ministério da Justiça, Paulo Macedo anunciou a criação do grupo de trabalho de combate à fraude na área dos medicamentos e MCDT. O ministro explicou que o controlo à fraude no meio ambulatório já é hoje bastante apertado, “mas este ano queremos fazer o mesmo controlo no meio hospitalar”. ■ EM CURSO Utilização racional de medicamentos A Inspecção Geral da Saúde (IGAS) está também a analisar a utilização racional de medicamentos nos cuidados de saúde primários. Os inspectores da IGAS têm em mãos uma averiguação ao cumprimentos das normas de orientação clínica criadas para os agrupamentos de centros de saúde. POLÍCIA JUDICIÁRIA FAZ MAIS ID: 47253357 19-04-2013 Tiragem: 18056 Pág: 15 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 27,91 x 32,69 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 2 Alexandra Beier / Reuters UMA DETENÇÃO POR FRAUDE NO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE COMBATE AO DESPERDÍCIO E À FRAUDE NO SNS A Polícia Judiciária deteve ontem uma mulher por suspeita da prática de crimes de falsificação de documentos e burla qualificada, no âmbito de um inquérito relacionado com investigação de fraudes no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Segundo a PJ, a mulher estava na posse de receitas falsas, assim como de medicamentos adquiridos de forma fraudulenta e indevidamente comparticipados pelo SNS. O esquema de fraude passava pela falsificação manual e informática de receitas, que eram depois aviadas em farmácias. Além da mulher detida em flagrante delito, foi também constituído arguido um profissional de saúde, adianta um comunicado da PJ. Numa nota enviada às redacções, o Ministério da Saúde adianta que comunicou às autoridades mais de 80 casos em que existem suspeitas da existência duma prática irregular ou ilegal, num montante que ultrapassa 82,5 milhões de euros. Corte de 10% ‘Troika’ impõe redução da despesa com MCDT De acordo com o relatório da sexta avaliação ao memorando de entendimento assinado entre o Governo e a ‘troika’, o Ministério da Saúde tem de reduzir em mais de 10% a despesa global do SNS com entidades privadas que prestem serviços de meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT) ao SNS. O documento prevê ainda uma melhoria do sistema de monitorização e avaliação da prescrição dos MCDT em termos de volume e valor. Fraude no SNS Estado lesado em 25 milhões de euros As fraudes no Serviço Nacional de Saúde, sobretudo na área da prescrição de medicamentos, levou à detenção de 34 pessoas no último ano e custou ao Estado 25 milhões de euros. Os dados foram revelados no início deste mês, no balanço da acção conjunta do Ministério da Saúde, Justiça e Polícia Judiciária no âmbito do combate à fraude no SNS. Agora, Paulo Macedo quer debruçar-se sobre a fraude nos medicamentos hospitalares e nos meios complementares de diagnóstico (MCDT). Existem já 23 milhões de euros identificados como potencial fraude nos MCDT. Novas regras DGS emitiu 32 normas de prescrição de MCDT A Direcção-Geral de Saúde emitiu em 2011, e na sequência do compromisso assinado com a ‘troika’, 32 normas sobre prescrição de meios complementares de diagnóstico. Estas novas regras incidiram sobre 82% do total de encargos do SNS com o sector convencionado (privados). As novas regras visam obter ganhos em eficiência nas unidades do SNS e assegurar a qualidade das prestações de cuidados de saúde. 84 milhões Despesa caiu 8,5% em Fevereiro Em Fevereiro deste ano, e de acordo com os dados mais actuais da execução financeira do Serviço Nacional de Saúde, foram gastos 84 milhões de euros com meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT) realizados dentro das unidades do SNS, o que equivale a uma redução de 8,5% da despesa face ao mesmo mês de 2012. No ano passado, a despesa com Estado com MCDT chegou aos 643 milhões de euros, menos 11% que no ano anterior.