ID: 59856454
24-06-2015
Macedo diz que com
corte de impostos
não há SNS público
e gratuito
Saúde Ministro diz que cabe aos portugueses
escolherem como querem financiar o SNS.
Madalena Queirós
[email protected]
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, diz que os custos do Serviço
Nacional de Saúde (SNS) vão aumentar e que, por isso, os portugueses devem escolher como
querem financiar a despesa em
saúde. “Não podemos defender a
diminuição dos impostos para
zero e garantir um serviço de saúde que terá cada vez mais custos”, afirmou ontem Paulo Macedo, que falava no encerramento
da conferência “Que cuidados de
saúde no futuro”, organizada pelo
Oeiras Invest no Tagus Park.
Questionado no final da conferência sobre a necessidade de um
aumento de impostos, o ministro
considerou que “se os custos da
saúde aumentarem, isso terá que
ser discutido”.
Temos que “antecipar a discussão sobre o financiamento do
sistema: Será que queremos que
a principal fonte de financiamento sejam os impostos progressivos, para podermos continuar a financiar um serviço de
saúde público e universal?”,
questionou o ministro, sublinhando: “Podem existir novas
fontes de financiamento e este
governo já pediu uma grande
contribuição à indústria farmacêutica”. De acordo com os
cálculos do Ministério da Saúde, o sector farmacêutico suportou cerca de dois terços do
ajustamento na área da Saúde
nos quatro anos de ‘troika’. Os
profissionais de saúde suportaram 22% do ajustamento e os
utentes apenas 7%.
Na opinião de Paulo Macedo, o
SNS “deve ser financiado preferencialmente como é hoje, com
os impostos dos portugueses de
uma forma solidária, em que
aqueles que podem mais, têm
impostos progressivos, pagam
mais, sabendo que há pessoas que
têm acesso como deve ser ao SNS,
mas que pagam zero de imposto
de IRS”. Mas, acima de tudo, é
necessário que a discussão se
faça: as opções devem ser apresentadas aos portugueses, “a
quem cabe escolher”, defendeu
Macedo. “A conversa de que os
custos na saúde vão crescer, que
os novos medicamentos vão custar muitíssimo mais e depois ninguém dizer aos portugueses quais
são as opções para depois poderem escolher, porque é a eles que
cabe discutir, isso é a má discussão ou ausência de discussão”,
sustentou.
O financiamento do SNS e o
papel que deve desempenhar o
sector público e privado no sistema de saúde dominaram a conferência. Francisco Ramos, presidente do Conselho de Administração do IPO de Lisboa defendeu
que o ”SNS deve ser apoiado por
todos”, devendo o financiamento público “retomar o crescimento”, depois de uma “quebra
de investimento de dois mil milhões de euros face aos 12 mil milhões registados em 2010”. O antigo secretário de Estado da Saúde desafiou também o sector privado a funcionar sem financiamento público, no futuro. Em
resposta, a presidente da Comissão Executiva da Luz Saúde, Isabel Vaz, afirmou que o sector privado já representa 37% do investimento da saúde em Portugal.
O presidente do conselho de
administração da José de Mello
Saúde, Salvador de Mello, acredita que “o sistema de financiamento vai ter que evoluir para
um sistema que acompanhe a
vida das pessoas” e não se limite
a financiar o acto médico individualmente.
José Manuel Silva, bastonário
da Ordem dos Médicos afirmou
que “não há provas de que a gestão privada seja melhor que a pública”, como revela a experiência
britânica. ■
“Não podemos
defender a
diminuição dos
impostos para zero
e garantir um serviço
de saúde que terá
cada vez mais
custos”, avisou
Paulo Macedo.
Tiragem: 14617
Pág: 17
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 26,00 x 29,69 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 1 de 1
Paulo Alexandre Coelho
Paulo Macedo defende que o SNS deve ser
financiado com os impostos dos portugueses
“de uma forma solidária, em que aqueles
que podem mais, pagam mais”.
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