UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR
UFMS
Professor: Reis
AULA 09 – A MORTE E O MORRER
Contato:
[email protected]
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Na Grécia antiga, acreditava-se que os médicos
tinham o poder da cura delegado pelos deuses. Daí
tornarem-se semideuses numa sociedade em que
as relações sociais eram rigidamente definidas
entre os cidadãos e os não cidadãos (escravos e
estrangeiros).
O que os médicos determinavam deveria ser
cumprido sem questionamentos.
José Roque Junges - Reflexões legais e éticas sobre o final da vida: uma discussão sobre a ortotanásia
Revista Bioética CFM 2010; 18 (2): 275 - 88
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Séculos depois, Descartes fundamentou o
método científico em sólidas bases racionais,
deixando de lado os deuses e passando a divinizar
a própria ciência médica. A tecnologia passa a ser
capaz de realizar qualquer coisa: prolongar a vida,
aumentar o bem-estar da população e, porque não,
evitar a morte. O fim da vida passa a ser um
acidente não admissível e todos os meios devem
ser utilizados para, ao menos, retardá-lo.
Aguiar AMFM. A ortotanásia e a Resolução CFM nº 1.805/2006. Jus Navigandi, 2007; 11(1.468). [acesso 10 ago.
2009] Disponível: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto. asp?id=10119>.
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A morte no século XXI é vista como tabu,
interdita, vergonhosa; por outro lado, o grande
desenvolvimento da medicina permitiu a cura de
várias doenças e um prolongamento da vida.
Entretanto, este desenvolvimento pode levar a um
impasse quando se trata de buscar a cura e salvar
uma vida, com todo o empenho possível, num
contexto de missão impossível: manter uma vida na
qual a morte já está presente.
Maria Julia Kovács - Bioética nas Questões da Vida e da Morte Psicologia USP, 2003
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Esta atitude de tentar
preservar a vida a todo custo é
responsável por um dos
maiores temores do ser
humano na atualidade.
Que é o de ter a sua vida
mantida às custas de muito
sofrimento, solitário numa UTI,
ou quarto de hospital, tendo
por companhia apenas tubos e
máquinas.
Maria Julia Kovács - Bioética nas Questões
da Vida e da Morte-Psicologia USP, 2003
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“(...) Torna-se, por isso, fundamental recuperar
o sentido da naturalidade da morte, voltar a
encará-la como um processo inerente à
condição Humana e deixar de a pensar como
um acidente ou um acontecimento que podia
ser evitado (...)”
Susana Pacheco (2002)
Washington Morais Costa – UNIPAC - Morte & Luto no Contexto Hospitalar
Ciência e Caridade, Picasso, 1897
OS NOVOS PARADIGMAS DE ATENÇÃO
INDIGENTE:
INDIGNO DE SER GENTE.
PACIENTE
Na visão
conservadora
CLIENTE
Na tendência de
mercado
PESSOA HUMANA
Em sua dignidade
Capelão e Professor: REIS
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Freud (1914) vem nos falar que
a morte de um ente querido
nos revolta pois, este ser leva
consigo uma parte do nosso
próprio eu amado. E na
contemporaneidade
vivemos
uma exigência de imortalidade:
que nada mais é que um
produto dos nossos desejos.
Washington Morais Costa – UNIPAC - Morte & Luto no Contexto Hospitalar
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Quando falar da morte?
• Desde o início da intervenção, e não apenas na fase terminal.
• Falar da morte com a pessoa e com a sua família
Características da intervenção:
• Acompanhar a pessoa e a sua família, demonstrando
disponibilidade e abertura.
• Validar os esforços de todos os envolvidos.
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mentira piedosa
Revelando a verdade
descobrindo como ajudar ..
verdade piedosa
Pan Chacon et al. Rev Assoc Med Bras 1995; 41(4): 274.
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Avaliações prévias:
• Funcionamento da família
• Situações de doença e lutos anteriores
• Contexto e significado da doença
• Como a família compreende a morte
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Estratégias:
• Avaliar Necessidades;
• Detectar Sinais de Sofrimento;
• Encontrar respostas para essas Necessidades e
Sinais de Sofrimento;
• Promover a Comunicação;
• Ajudar a Família a tratar o Doente como Pessoa
Viva, e não como se já tivesse morrido;
• Estar presente sempre que necessário e possível;
• Reforçar o Apoio à Família durante a fase terminal
• Prestar Apoio quando da Morte.
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A equipe médica vivencia a morte de um paciente
como um fracasso, colocando à prova, a onipotência da
medicina. Ainda segundo Mannoni (1995):
"é porque a morte é vivenciada como um fracasso
pela medicina que os serviços médicos chegam a
esquecer a família (ou a esconder-se dela)."
Segundo Kübler-Ross (1997):
"Quando um paciente está gravemente enfermo, em
geral é tratado como alguém sem direito a opinar."
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“Dentro dessa humanidade no atendimento ao doente
terminal, Kübler-Ross (1997) nos fala da importância do
acolhimento ao doente por parte da equipe médica, da
importância da verdade. O que se questiona não é o
dizer ou não a verdade, mas sim como contar essa
verdade, aproximando-se da dor do paciente, colocandose no lugar dele para entender seu sofrimento. Essa
seria a verdadeira disponibilidade humana para ajudar o
outro em seu caminho em direção à morte.”
Washington Morais Costa – UNIPAC - Morte & Luto no Contexto Hospitalar
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Paciente terminal:
“É aquele que se encontra além da possibilidade de
uma terapêutica curativa e que necessita de um
tratamento paliativo visando alívio de inúmeros
sintomas que o atormentam, sempre levando em
consideração a melhoria da qualidade de vida de uma
maneira global, isto é, não somente a parte biológica,
mas também nas esferas espiritual, social e
psicológica.”
(CHIBA, 1996).
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