SUMÁRIO AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR DE CRIANÇAS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA ........... 2 EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA X FORMAÇÃO DO HÁBITO ALIMENTAR ..................... 17 ESTADO NUTRICIONAL DE PACIENTES DA CLÍNICA DE CIRURGIA DO APARELHO DIGESTIVO .... 31 HÁBITOS ALIMENTARES DE ADOLESCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA PÚBLICA E OUTRA PRIVADA DE APUCARANA ............................................................................. 45 *Discente do Curso de Nutrição da Unifil. Orientanda do Trabalho de Conclusão de Curso (e-mail: [email protected]) ** Docente do Departamento de Nutrição da UNIFIL (Centro Universitário Filadélfia) (e-mail: [email protected]) *** Nutricionista do Hospital Infantil. Coorientadora do Trabalho de Conclusão de Curso (e-mail: [email protected]). AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR DE CRIANÇAS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA ASSESSMENT OF DIETARY INTAKE OF CHILDREN WITH CONGENITAL HEART DISEASE Mayra Bossa dos Santos* Mirtz Ayumi Nakamura** Natália D’Angelo Pierobon*** RESUMO As crianças com cardiopatias congênitas normalmente apresentam um grau de desnutrição devido ao gasto energético elevado, prejudicando o crescimento e o desenvolvimento da criança. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o consumo alimentar de crianças com cardiopatia congênita no Ambulatório de Cardiologia de um Hospital Pediátrico de Londrina-PR. Foram avaliadas 115 crianças portadoras de cardiopatia congênita de 0 a 12 anos, de ambos os sexos, no ambulatório cardiológico de um Hospital Pediátrico. Os inquéritos alimentares utilizados foram: Recordatório Habitual (RH) e Questionário de Frequência e Consumo alimentar (QFCA). Os cálculos das calorias, macronutrientes e micronutrientes foram realizado através do software Nutrilife. Grande parte das crianças possuem baixo consumo de lipídeos, potássio, ferro e ômega 3 e consumo superior de calorias, gordura saturada, sódio, cálcio, magnésio, fósforo e zinco. Crianças cardiopatas apresentam dietas inadequadas, sendo extremamente necessário o acompanhamento nutricional, tendo em vista que necessitam de auxilio para melhor crescimento e desenvolvimento; proporcionando melhor qualidade de vida. PALAVRAS CHAVES: cardiopatia congênita, nutrição, pediatria. ABSTRACT Children with congenital heart disease usually have a degree of malnutrition due to high energy expenditure, damaging growth and development of children. The objective of this research was to evaluate the dietary intake of children with congenital heart disease in an Outpatient Cardiology Pediatric Hospital of Londrina-PR. Total of 115 children with congenital heart disease 0-12 years, of both sexes, in the cardiology clinic of a pediatric hospital. The dietary questionnaires were used: Habitual dietary recall (HDR) and Frequency Questionnaire and food consumption (FQFC). The calculation of calories, macronutrients and micronutrients were performed using software Nutrilife. Most children have low consumption of fat, potassium, iron and omega 3 and higher consumption of calories, saturated fat, sodium, calcium, magnesium, phosphorus and zinc. Children with heart disease have inadequate diets, and nutritional counseling extremely necessary in order to needing help to better growth and development, providing better quality of life. KEY WORDS: Congenital Heart Disease, Nutrition, Pediatrics. INTRODUÇÃO Estudos populacionais americanos mostraram que a incidência de Cardiopatia Congênita (CC) era de aproximadamente 4 a 6/ 1.000 por nascimentos vivos. No Brasil, são poucas as referências, porém um estudo epidemiológico no estado do Paraná mostrou uma incidência estimada em 5,4/1.000 nascimentos (CARDOSO; ZAMBERLAN, 2010). A etiologia da doença é desconhecida, porém alguns fatores aumentam a incidência como rubéola na gravidez, desnutrição, diabetes materna, idade acima de 40 anos, síndromes e anormalidades congênitas e membros da família com problemas cardíacos. Normalmente a suspeita cardíaca pode ser feita pelos quadros de sopro cardíaco, cianose, taquipneia e arritmia. Fazem-se necessárias observações e análises, pois o período neonatal para o paciente portador de CC pode ser crítico devido à gravidade e alterações fisiológicas. Devido a essas alterações decorrentes da cardiopatia, o gasto energético se eleva interferindo no estado nutricional, tornando-se necessário um acompanhamento através da avaliação antropométrica, anamnese alimentar e exames bioquímicos. Algumas crianças apresentam alterações clínicas, como diminuição da capacidade gástrica, inóxia, congestão na circulação, motilidade intestinal alterada e absorção diminuída. Sabe-se que essas alterações influenciam a ingestão alimentar, fazendo com que o consumo alimentar fique abaixo das exigências nutricionais para a idade, interferindo no estado nutricional, com possibilidade de comprometimento das reservas calóricas e das proteínas viscerais (VIEIRA et al., 2007). Desta forma, este trabalho teve como objetivo analisar o consumo alimentar de crianças cardiopatas, a fim de identificar os pacientes que necessitam de intervenção nutricional para proporcionar melhor qualidade de vida. METODOLOGIA A amostra foi de 115 crianças portadoras de cardiopatia congênita, com patologias associadas ou não, do sexo masculino e feminino, com faixa etária de 0 a 12 anos, do Ambulatório do Hospital Pediátrico de Londrina - PR. Os pacientes foram atendidos após a aprovação do comitê de bioética da Santa Casa de Londrina – ISCAL e mediante a assinatura do responsável no Termo de consentimento Livre. A História Alimentar do paciente foi verificada, sendo analisado o hábito alimentar, a frequência, apetite, alergias e restrições alimentares. Os inquéritos alimentares também são informações necessárias, desta forma, foi avaliado a alimentação do paciente de forma quantitativa (recordatório habitual, onde foi calculado através do programa nutrilife) e qualitativa (questionário de frequência alimentar). Após análise de todos os dados obtidos do paciente, foram calculadas as necessidades de macronutrientes (carboidrato, proteína e lipídio) e micronutrientes (potássio, sódio, cálcio, magnésio, fibras, vitamina A, vitamina C, ferro). Os cálculos de necessidades energéticas foram realizados de acordo com a faixa etária e grau de atividade física através da referência de Dietary Reference Intake (DRI), (2002). Os macronutrientes foram analisados de acordo com Delgado, Cardoso e Zamberland (2010), utilizando referências para cardiopatia congênita. Os nutrientes foram analisados de acordo com de Dietary Reference Intake, DRI (2002). O levantamento de dados teve início em Julho com finalização em setembro de 2011. Os dados obtidos foram tabulados, sendo apresentados em gráficos e tabelas com percentuais, teste de significância, média e desvio padrão. RESULTADOS E DISCUSSÕES SEXO 46% 54% SEXO MASCULINO (62 CRIANÇAS) SEXO FEMININO (53 CRIANÇAS) Gráfico 1 – Sexo das crianças portadoras de cardiopatia congênita no Ambulatório de um Hospital Pediátrico de Londrina-Pr. Foram observadas semelhanças segundo ao sexo, com pequena predominâcia no sexo masculino com 54% (62 pacientes). No estudo de Rodrigues e cols. (2006), que teve como objetivo avaliar o estado nutricional, de crianças com cardiopatia congênita internadas no Hospital Universitário, foram estudadas 145 crianças sendo 84 do sexo masculino (57,93%) e 61 do sexo feminino (42,07%). Estudos de Gentil et al. (2003), onde foi realizado um estudo descritivo com 31 crianças de 0 a 12 meses que utilizaram o serviço de remoção aeromédica, observaram semelhanças com relação ao sexo. O estudo de Silva, Araújo e Lopes (2007), foi desenvolvido com 45 crianças portadoras de CC internadas em um hospital da rede pública, onde 66,7% das crianças eram do sexo masculino, numa razão de dois meninos para uma menina. SOPRO 18,340% COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR (CIV) COMUNICAÇÃO INTERATRIAL (CIA) FORAME OVAL PATENTE (FOP) 29,580% 15,380% 2,960% PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL (PCA) ESTENOSE PULMONAR VALVAR (EPV) TETRALOGIA DE FALLOT HIPERTENSÃO ARTERIAL 3,550% 11,830% 3,550% 4,730% 4,140% COARTAÇÃO DA AORTA OUTROS 5,920% Gráfico 2 - Porcentagem de Patologias das crianças portadoras de cardiopatia congênita no Ambulatório de um Hospital Pediátrico de Londrina-Pr. Há um total de 32 patologias diferentes encontradas nos prontuários das crianças atendidas no ambulatório, sendo que há pacientes com variação de 1 até 6 defeitos cardíacos. Conforme o gráfico acima, as patologias mais frequentes encontradas foram o sopro com 18,34% (31), seguida da CIV com 15,38% (26) e CIA com 11,83% (20). A porcentagem obtida como outros com 29,58%, apresenta as patologias que foram pouco frequentes, como Síndrome de Marfan, Síndrome de Wolff-Parkinson-White (WpW), Miocardiopatia Dilatada, Insuficiência da Valva Tricúspide entre outros. Miyague et al. (2003), verificou que as cardiopatias congênitas acianóticas mais frequentes foram: comunicação interventricular (30,5%), comunicação interatrial (19,1%), persistência do canal arterial (17%), estenose pulmonar valvar (11,3%) e coarctação da aorta (6,3%). Tetralogia de Fallot (6,9%), transposição dos grandes vasos da base (4,1%), atresia tricúspide (2,3%) e a drenagem anômala total de veias pulmonares (2%) foram as anomalias cianóticas mais frequentes. No estudo de Amaral et al. (2005), foram analisados 399 pacientes onde, 71% pacientes tinham sopro cardíaco; 8% com arritmia, 7% com dor precordial, 6,5% dispneia e 7,5% outras patologias. CIRURGIA 34,780% 65,210% SIM NÃO Gráfico 3 - Porcentagem de cirurgias realizadas nas crianças portadoras de cardiopatia congênita no Ambulatório de um Hospital Pediátrico de Londrina-Pr. Em 34,78% dos casos avaliados foram necessário correções cirúrgicas, paliativas e corretivas num total de 115 crianças estudadas. Tabela 1 - Recordatório Habitual dos pacientes Nº REFEIÇÕES KCAL CHO % PTN % LIP % G. SAT G. MONO G. POLI FIBRA (g) SÓDIO (mg) POTÁSSIO (mg) CÁLCIO (mg) FERRO(mg) MAGNÉSIO (mg) FÓSFORO (mg) ZINCO (mg) COLEST. (mg) VIT A (mcg) VIT. C (mg) ÔMEGA 3 (g) Nº MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA 115 0 13 5,25 97 526 3099 1783,5 97 37,33 71,84 57,28 97 7,77 25,72 16,65 97 13,36 47,07 26,05 97 0,12 42,52 19,8 97 0,2 34,54 12,57 97 0,26 34,82 7,7 97 2,04 54,86 15,31 97 16,12 7219 2142,4 97 10,81 4549 1703,1 97 18,65 3015 902,02 97 1,55 26,92 10,4 97 18,58 853 215,41 97 18,64 2125 986,98 97 0,52 34,64 10,47 97 0 468 206,9 97 1,82 2740 419,02 97 0 411 74,71 97 0 6,55 0,66 DV 2,695 582,33 7,56 3,63 6,15 9,06 6,63 7,05 8,59 1307,6 828,9 478,74 5,25 107,69 428,3 7,14 106,22 396,71 86,6 0,87 A tabela 1 apresenta a classificação do consumo alimentar observado nas crianças obtidos através do recordatório habitual. Pode-se observar que a média de refeições realizadas pelos pacientes é de 5,25 refeições ao longo do dia, estando dentro dos padrões, pois o indicado é o fracionamento de 5 a 6 vezes diárias. Houve uma oscilação muito grande com relação às calorias. Na ingestão máxima, obteve-se 3099 kcal, ingerido por um paciente de 7 anos. O carboidrato e a proteína obtiveram a média dentro da porcentagem recomendada, porém o lipídio ficou abaixo com 26,05%, gorduras saturadas acima e gordura monoinsaturada e polinsaturada abaixo. Observou-se que o sódio também teve oscilação acentuada, sendo a média 2142,39 mg, quantidade excessiva para pacientes com cardiopatia congênita. Já o potássio, a ingestão verificada através da média foi baixa, não ocorrendo o equilíbrio adequado sódio/potássio. Observa-se que o cálcio, magnésio, fósforo, vitamina A e vitamina C obtiveram resultados com grandes oscilações. A média da ingestão de colesterol foi abaixo de 300mg, isto é, ideal de acordo com as recomendações, porém observa-se uma elevada oscilação verificada pelo desvio padrão. CALORIAS 15,500% ABAIXO 17,500% 67% IDEAL ACIMA Gráfico 4 - Consumo de calorias das crianças portadoras de cardiopatia congênita no Ambulatório de um Hospital Pediátrico de Londrina-Pr. Pode-se observar que 67% das crianças atendidas obtiveram ingestão calórica acima do recomendado, podendo ser o motivo pelo qual a maioria das crianças apresentam-se eutróficas e algumas com sobrepeso. Em várias literaturas, foram analisadas a baixa ingestão de calorias em crianças com CC, porém, pode-se observar no presente estudo ingestão excessiva de alimentos calóricos com alto teor de gorduras e açúcares. Tabela 2 – Análise dos Macronutrientes MACRONUTRIENTES ABAIXO IDEAL ACIMA CARBOIDRATOS 0% 68% 32% PROTEÍNA 30,90% 69,10% 0% LIPÍDEOS 90,70% 9,30% 0% Verificou-se que o consumo de carboidrato obteve-se dentro do recomendado para 68% dos pacientes. No estudo de Vieira e cols. (2007), foi observado consumo de carboidratos acima do recomendado em crianças de 0 a 24 meses com CC, com 29% das crianças. Houve diferenças com relação ao estudo de Vieira e cols. devido a faixa etária estudada. Dos pacientes avaliados, 69,10% apresentaram ingestão ideal de proteínas. No estudo de Albano e cols. (2003), 60% das crianças com CC internadas em hospital, apresentaram inadequações com relação à proteína. No estudo de Vieira et al. (2007), 63% das crianças de 0 a 24 meses com CC, apresentaram ingestão proteica acima do recomendado. Verificou-se que 90,70% dos pacientes apresentaram-se ingestão lipídica abaixo do recomendando. Conforme Vitolo (2008), 58% da energia do coração são gerados pela oxidação lipídica, o coração é um grande consumidor de ácidos graxos. A ingestão adequada é essencial para auxiliar no crescimento e desenvolvimento da criança. Tabela 3 – Análise dos Lipídeos LIPÍDEOS ABAIXO IDEAL ACIMA GORDURA SATURADA 0% 48,50% 51,50% COLESTEROL 1% 84,50% 14,40% Das crianças analisadas 51,50% apresentaram ingestão acima da recomendada, o que torna preocupante, pois este auxilia no aumento de LDL, agravando a cardiopatia. A estratégia utilizada no nível pediátrico é adotar uma dieta balanceada, dando principal atenção à restrição de ingesta de gorduras saturadas e colesterol (PELLANDA et al., 2000). A ingestão de colesterol apresenta-se de acordo com o recomendado com 84,50%, porém 14,40% consomem acima do recomendado. Altas concentrações de LDL e VLDL colesterol e uma baixa concentração de HDL colesterol em crianças estão associados a um maior risco de doença aterosclerótica precoce (PELLANDA et al., 2002). ÔMEGA 3 11,300% 14,400% ABAIXO IDEAL ACIMA 74,200% Gráfico 5 - Consumo de ômega 3 das crianças portadoras de cardiopatia congênita no Ambulatório de um Hospital Pediátrico de Londrina-Pr Observou-se ingestão de ômega 3 abaixo do recomendado com 74,2%. Os benefícios do ômega 3 são amplamente conhecidos no que diz respeito à prevenção de doenças coronárias, doenças cardiovasculares, ação anti-inflamatórias, efeitos antiarrítmicos entre outros (SOUZA; ANIDO; TOGNON, 2007). Também auxilia na redução da viscosidade do sangue, relaxamento das artérias e redução da pressão arterial (SILVA; MURA, 2007). Tabela 4 – Análise da relação Sódio/Potássio RELAÇÃO Na/K ABAIXO IDEAL ACIMA SÓDIO (Na) 10,3% 7,20% 82,50% POTÁSSIO (K) 93,8% 4,10% 2,10% Das crianças atendidas, 82,50% apresentaram ingestão de Sódio acima do recomendado. No estudo de Vieira et al., (2007), a ingestão de sódio esteve dentro do recomendado, porém não houve significância estatística (p<0,05). A porcentagem de crianças que ingerem potássio abaixo do ideal teve prevalência de 93,80%. No estudo de Vieira e cols. (2007), o potássio esteve abaixo do recomendado (p<0,05). O potássio é descrito pelo efeito anti-hipertensivo porque induz uma perda aumentada de água e sódio pelo corpo (TOMAZONI; SIVIERO, 2009). ZINCO 13,400% 11,300% ABAIXO IDEAL ACIMA 75,300% Gráfico 6 - Consumo de zinco das crianças portadoras de cardiopatia congênita no Ambulatório de um Hospital Pediátrico de Londrina-Pr Dos pacientes analisados, 75,30% apresentaram ingestão de zinco acima do recomendado, diferente do estudo de Hansen e Dorup (1993), onde a maioria das crianças não conseguiram alcançar as quantidades recomendadas de zinco. Conforme Zanoni e cols. (2007), no período pré-operatório das cirurgias cardíacas está indicada a análise plasmática do zinco. A reposição de zinco no período pós-operatório é benéfica para a recuperação da injúria de reperfusão. MAGNÉSIO 13,400% 10,300% ABAIXO IDEAL ACIMA 76,300% Gráfico 7 - Consumo de magnésio das crianças portadoras de cardiopatia congênita no Ambulatório de um Hospital Pediátrico de Londrina-Pr Dos pacientes analisados, 76,30% apresentaram com ingestão de magnésio acima do recomendado. De acordo com Cozzolino (2005), o magnésio é essencial para a função normal do miocárdio, relacionando-se com sua contratibilidade. Não foram encontrado estudos relacionados com o magnésio, não sendo possível sua comparação. Tabela 5 – Questionário de Frequência Alimentar ALIMENTO NÃO 1xSEM 2xSEM 3xSEM 4xSEM 5xSEM 7 X SEM 15 DIAS 1 XMÊS ARROZ 7,83% 0,87% 2,61% 1,74% 0,87% 0% 86,09% 0% 0% FEIJÃO 8,70% 1,74% 2,61% 0,87% 1,74% 0% 82,61% 1,74% 0% FRUTAS 5,22% 7,83% 17,39% 4,35% 6,09% 0% 56,52% 2,61% 0% VERDURAS 17,39% 7,83% 8,70% 6,09% 6,96% 0% 52,17% 0,87% 0% LEITE 4,35% 1,74% 0,00% 0,87% 0% 78,26% 0% 0% OVOS CARNE VERMELHA CARNE BRANCA QUEIJOS DOCES E GULOSEIMAS PÃES 27,83% 21,74% 19,13% 9,57% 6,09% 0% 3,48% 10,43% 1,74% 27,83% 0% 0% 22,61% 0% 12,17% 0,87% 0% 5,22% 0% 4,35% 7,83% 6,96% 20,00% 12,17% 13,04% 10,43% 7,83% 0,87% 29,57% 5,22% 0,87% 8,70% 5,22% 3,48% 5,22% 3,48% 0,87% 71,30% 1,74% 0% BISCOITOS 11,30% 4,35% 6,09% 5,22% 3,48% 0,87% 66,09% 2,61% 0% SALGADINHOS 31,30% 24,35% 14,78% 3,48% 0,87% 0% 7,83% 15,65% 1,74% 11,30% 6,09% 0% 24,35% 0,87% 0,87% FRITURAS 0,00% 14,78% 4,35% 9,57% 12,17% 30,43% 0,87% 13,91% 9,57% 32,17% 8,70% 47,83% 10,43% 13,91% 3,48% 33,91% 13,91% 8,70% Os alimentos escolhidos foram selecionados exclusivamente para a faixa etária estudada, para evitar subestimação. Dos pacientes estudados, 86,09% ingerem arroz todos os dias, juntamente com o feijão, 82,61%. No estudo de Chiara e Sichiri (2001), que avaliou o consumo alimentar de 650 adolescentes, 98,7% dos pacientes ingeriam arroz e 96,7% ingeriam feijão diariamente. Com relação às frutas e verduras, observa-se que apenas pouco mais da metade dos pacientes ingerem todos os dias, 17,39% e 8,70% ingerem frutas e verduras, respectivamente apenas 2X por semana, sendo possível relacionar com quadro de obstipação apresentado por grande parte dos pacientes analisados. O leite é ingerido todos os dias por 78,26% dos pacientes, sendo extremamente importante para evitar principalmente deficiência de cálcio. A maioria dos pacientes relataram consumir mais a carne vermelha, sendo que 30,43% ingere 4 X na semana. Já a carne branca, a maioria, com 32,17% consomem apenas 2X na semana. A ingestão de doces é diária em 29,57% dos pacientes, alimentos que contribuem para obesidade e agravos da cardiopatia. Os salgadinhos e frituras também representam alimentos que devem ser evitados para reduzir os riscos de transposição de gordura nas artérias, onde 7,83% consomem salgadinhos e 24,35% consomem frituras todos os dias. CONCLUSÃO A incidência de cardiopatia congênita tende a aumentar, tendo em vista que as doenças crônicas degenerativas estão se tornando cada vez mais um desafio para a saúde pública, principalmente devido ao aumento das doenças cardiovasculares, hipertensão e obesidade. Na literatura, observa-se que a desnutrição é um quadro característico da doença. Porém neste estudo observou-se que a minoria das crianças avaliadas apresentou desnutrição. Acredita-se que a explicação para este resultado é devido à falta de qualidade da dieta apresentada pelos pacientes. Grande parte das crianças possuem baixo consumo de lipídeos, potássio, ferro e ômega 3 e consumo superior de calorias, gordura saturada, sódio, cálcio, magnésio, fósforo e zinco. Nas últimas décadas, observa-se um processo de transição nutricional, houve uma redução da prevalência da desnutrição e aumento da obesidade infantil. Um dos principais fatores são as mudanças no estilo de vida, hábitos alimentares inadequados, influência da mídia e utilização de métodos práticos como fast foods, produtos industrializados e também devido ao baixo consumo de frutas e verduras. Acredita-se que essa transição tenha influenciado também as crianças que apresentam cardiopatia congênita, pois mesmo com o gasto energético elevado característico da patologia, o consumo principalmente de calorias tem se tornado excessivo. Com o acompanhamento do profissional Nutricionista, erros alimentares poderão ser verificados, e assim, dadas as devidas orientações específicas para o paciente. Com uma dietoterapia adequada, as crianças portadoras de cardiopatia congênita terão um crescimento e desenvolvimento saudável, proporcionando melhor qualidade de vida. O desafio de fornecer substrato nutricional adequado para essas crianças é árduo e envolve total integração do trabalho da equipe multiprofissional. REFERÊNCIAS ALBANO, M. R. C; BRUNO, M. L. M; CARDOSO, E. Disponível em: Avaliação nutricional de crianças cardiopatas em hospital universitário especializado em cardiologia. Acesso: 01 de out. 2011. AMARAL, F; et al. Perfil ambulatorial em cardiologia pediátrica na cidade de Ribeirão Preto, SP. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066782X2005000200010>. Acesso em: 4 de mar. 2011. CHIARA, V. L; SICHIERI, R. Consumo Alimentar em Adolescentes. Questionário Simplificado para Avaliação de Risco Cardiovascular. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abc/v77n4/p03v77n4.pdf>. Acesso em: 23 de ago. 2011. COZZOLINO, S.M.F. Biodisponibilidade de nutrientes. Barueri: Manole, 2005. DELGADO, A.F.; CARDOSO, A.L.; ZAMBERLAN, P. Nutrologia básica e avançada. Barueri: Manole; 2010. DIETARY REFERENCE INTAKE (DRI). 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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA X FORMAÇÃO DO HÁBITO ALIMENTAR CHILDHOOD NUTRITION EDUCATION X FORMATION OF FOOD HABIT Bruna Barreto da Costa * Cristina Faria de Souza Moreira * Graziela Maria Gorla Campiolo dos Santos** RESUMO A Saúde Infantil compreende um dos indicadores de Saúde Pública do país e representa as condições de vida de um local, despertando assim interesse no campo da pesquisa. A criança inicia seu vínculo alimentar no seio da mãe, e em seguida, começa a receber outros alimentos presentes na mesa da família e, logo é inserida nas instituições de Educação Infantil, onde aprende e adquire novos hábitos alimentares, e estas situações contribuem para a formação do hábito alimentar, existindo, portanto à necessidade da implantação da educação nutricional desde cedo. Portanto, esta pesquisa tem como objetivo fazer uma revisão da literatura publicada de 2002 a 2012 a cerca do tema e assim discutir os melhores métodos para se aplicar a educação nutricional. Para a identificação dos artigos, realizou-se, em 2012, um rastreamento na base de dados MEDLINE (National Library of Medicine, Estados Unidos), LILACS (Literatura Latinoamericana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SCIELO. Foram selecionados artigos de estudos experimentais, revisão bibliográfica, livros, teses e boletins de comitês de saúde, sobre as ações desenvolvidas voltadas para a educação nutricional na infância no contexto atual das crianças brasileiras e sobre a formação dos seus hábitos alimentares. A pesquisa revelou que existem várias ferramentas para a aplicação da educação nutricional dentre elas a culinária, formação de hortas, brincadeiras envolvendo os cinco sentidos, juntamente com refeições nutritivas que favorecem o desenvolvimento da preferência por alimentos saudáveis, e estratégias educativas que envolvam atividades corporais, tais como: projetos de arte, música, teatro, marionetes e quebra-cabeça. Assim, diante deste contexto é possível afirmar que a educação alimentar é uma estratégia fundamental na promoção da saúde na infância e de grande importância para a formação dos hábitos alimentares saudáveis e prevenção de inúmeras patologias na idade adulta. PALAVRAS - CHAVE: Criança. Educação nutricional. Hábito Alimentar. ABSTRACT The Children‟s Health comprises one of indicators of Public Health in the in the country and represents the living conditions from a local, arousing interest in the research field. The child begins its eating tied in the mother‟s breast and, then, it starts receaving other food present on the family‟s table and, soon it is inserted in the Institutions of Childhood Education, where they learn and get new eating habits, and those situations contribute to the eating habit formation, there is, therefore, the necessity to implement an easy nutrition education. Therefore, this research has, as an objective to make a revision of literature which was publiched from 2002 to 2012, around the issue and thus discuss the best metholds to apply it in nutrition education. To identify of the articles, the tracking in the data base was achieved in 2012 MEDLINE (National Library of Medicine, EstadosUnidos), LILACS (Literature in the Health Sciences in Latin America and the Caribbean) and SCIELO. The articles of experimental studies, literature review, books, theses and reports from health committees about developed actions for nutrition education in childhood in the current context of brazilian children and the training of their eating habits were selected.The research revealed that there are several tools to apply the nutrition education them such as cookery, vegetable garden building, games involving the five senses, along with nutritious meals which favor the development of preference for healthy foods and educational strategies that involve bodily activity, such as: art projects, music, theater, puppets and puzzle. Thus, before this context, it‟s possible to declare that the nutrition education is the fundamental strategy in promotion of children‟s health and the great importance for the formation of healthy eating habits and the prevention of countless deseases in adulthood. KEYWORDS: Children. Nutrition education. Food Habit. 1 INTRODUÇÃO Atualmente, sabe-se que é na escola onde a criança passa a maior parte do seu dia levando em consideração que com os pais trabalhando é grande o número de crianças que permanecem em período integral no âmbito escolar, realizando assim suas principais refeições, deve-se então considerar que é fundamental a escola ofertar uma alimentação equilibrada aos escolares bem como enfatizar a educação nutricional no âmbito de aprendizagem, visto que esta irá influenciar diretamente na formação dos hábitos alimentares saudáveis. Então o papel da escola na fase de educação nutricional vem sendo considerada por organismos internacionais um ambiente adotado para tratar sobre a promoção de hábitos alimentares saudáveis, uma vez que tais hábitos devem ser solidificados desde a infância (FERNANDES et al., 2009). A população infantil é considerada do ponto de vista psicológico, socioeconômico e cultural, influenciada pelo ambiente onde vive que, na maioria das vezes, é constituído pelo ambiente familiar e escolar. Dessa forma, as suas atitudes são, frequentemente, reflexos desse ambiente e quando este é desfavorável, o mesmo poderá propiciar condições que levem ao desenvolvimento de distúrbios alimentares que, uma vez instalados, poderão permanecer ao longo da vida, visto que as crianças são mais vulneráveis e não tem a perspicácia de identificar e escolher o certo e o errado (ROSSI; MOREIRA; RAUEN, 2008). A universalização da educação no Brasil é uma realidade, sendo que em 2002, 93,8% das crianças e adolescentes entre 7 e 14 anos freqüentavam o Ensino Fundamental, assim sendo a escola é propícia à aplicação de programas de educação em saúde em larga escala, incluindo programas de educação nutricional, onde estes devem consistir em processos ativos, lúdicos e interativos, que favoreçam mudanças de atitudes e das práticas alimentares (SCHMITZ et al., 2008). A presente pesquisa bibliográfica foi elaborada a partir de informações publicadas de 2002 a 2012 a cerca do tema e assim discutir os melhores métodos para se aplicar a educação nutricional na infância. Para a identificação dos artigos, realizou-se, em 2012, um rastreamento na base de dados MEDLINE (National Library of Medicine, Estados Unidos), LILACS (Literatura Latinoamericana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SCIELO (Scientific Electronic Library Online). Assim, o objetivo deste trabalho foi apontar os benefícios da Educação Alimentar na promoção do conhecimento nutricional, definir quais são as intervenções alimentares aplicadas por meio do ensino e comparar os diferentes estudos realizados, apontando as formas de aplicação da educação nutricional e discutir sobre a sua importância na formação do hábito alimentar. 2 FORMAÇÃO DO HÁBITO ALIMENTAR Segundo Marin, Berton e Rossi (2009), os hábitos alimentares são condicionados desde os primeiros anos de vida, pelo fato de que as crianças não estão dotadas de uma capacidade para escolher alimentos em função do seu valor nutricional, elas são dependentes de seus pais ou de seus cuidadores, e esta afirmação deve se ao fato de que as crianças não possuem autonomia para ir ao supermercado escolher ou preparar suas refeições. O comportamento alimentar da criança também é determinado pela interação da criança com o alimento, pelo seu desenvolvimento anatomorfisiológico e por fatores emocionais, psicológicos, socioeconômicos e culturais (VIEIRA et al., 2004). Vitolo (2008) também afirma que os hábitos alimentares são formados por meio de uma complexa rede de influências genéticas e ambientais e por esta razão é um grande desafio para os profissionais de saúde. Além de existirem predisposições genéticas para se gostar ou não de determinados alimentos e diferenças na sensibilidade para alguns gostos e sabores herdados dos pais e assim desta forma deve se estimular o contato com preparações de alimentos que sejam simultaneamente saudáveis e agradáveis aos sentidos, proporcionando prazer e respeitando a cultura dos indivíduos e de seu grupo social. Sendo que a influência marcante na formação dos hábitos alimentares é o produto da interação da criança com a própria mãe ou a pessoa mais ligada à sua alimentação. A família oferece amplo campo de aprendizado social à criança interligada ao ambiente doméstico e o estilo de vida dos pais, além das relações interfamiliares exercerem grande influência na alimentação, nas preferências alimentares onde a família poderá estabelecer o aprendizado de um hábito socialmente aceito ou inserir novos hábitos, contribuindo para a formação de um padrão de comportamento alimentar adequado ou não (VIEIRA et al., 2004). Os autores Rossi, Moreira e Rauen (2008), ressaltam que na promoção de uma alimentação saudável dois aspectos devem ser ressaltados, sendo que a mudança de um comportamento alimentar a longo prazo é um objetivo com elevadas taxas de insucesso e os hábitos alimentares da idade adulta estão relacionados com os aprendidos na infância e esses dois aspectos apontam para que a intervenção na promoção de comportamentos alimentares saudáveis devam incidir com maior ênfase os primeiros anos da infância, para que os mesmos permaneçam ao longo da vida. Sendo assim, o grande desafio para os profissionais de saúde é estimular o contato com preparações de alimentos que sejam simultaneamente saudáveis e agradáveis aos sentidos, proporcionando prazer e respeitando a cultura dos indivíduos e de seu grupo social. Almeida e Quaioti (2006) afirmam que as crianças estão abertas a novas descobertas no que diz respeito a sabor e cor, pois a sua palatabilidade não se encontra completamente formada e se houver este contato aliado a uma educação nutricional implantada por estes profissionais esta irá ter consequentemente uma melhor aceitação dos alimentos saudáveis. 3 EDUCAÇÃO ALIMENTAR Segundo Vitolo (2008) o tema educação alimentar e nutricional demanda de muitas discussões, que vão desde o âmbito histórico da inserção dessa atividade nas propostas de Políticas de Saúde a até que ponto ela esta conseguindo atingir o objetivo de mudar o comportamento; e atualmente pode-se dizer que essa área esta em período de grande evolução, pois em Maio de 2006 os Ministérios da Saúde e da Educação, em conjunto instituíram a Portaria nº 1010, que apresenta as diretrizes para a implantação da alimentação saudável nas escolas de educação infantil, fundamental, de nível médio das redes públicas e privadas em âmbito nacional. A educação alimentar é um dos caminhos existentes para a promoção da saúde, que leva a população a refletir sobre o seu comportamento alimentar a partir da conscientização sobre a importância da alimentação para a saúde, permitindo a transformação e o resgate dos hábitos alimentares tradicionais, onde envolve vários aspectos do desenvolvimento da criança, com uma metodologia de ensino-aprendizagem capaz de desenvolver habilidades individuais, possibilitando escolhas adequadas com relação à alimentação e nutrição como, por exemplo, relativas ao consumo de frutas, legumes e verduras, enfim uma alimentação saudável e balanceada, para que no futuro possa ter uma vida sadia, sem doenças relacionadas a maus hábitos alimentares (RODRIGUES; RONCADA, 2008). 4 INFLUÊNCIA DA ESCOLA De acordo com Schimtz et al. (2008) a escola está se destacando como espaço privilegiado para o desenvolvimento de ações de melhoria das condições de saúde e do estado nutricional das crianças, sendo um setor estratégico para a concretização de iniciativas de promoção da saúde, que incentiva o desenvolvimento humano saudável e as relações construtivas e harmônicas e também é propícia à aplicação de programas de educação em saúde em larga escala, incluindo programas de educação nutricional, e estes devem consistir em processos ativos, lúdicos e interativos, que favorecem mudanças de atitudes e das práticas alimentares. 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante a busca bibliográfica foram selecionados artigos que tratassem de estudos referentes à educação nutricional na infância e os ambientes mais propícios para a aplicação da educação nutricional, e observou-se que a maior parte dos artigos tem o objetivo de esclarecer e demonstrar as formas e os métodos eficazes para realizar a educação nutricional bem como o envolvimento da família, educadores, além do ambiente em que a criança vive incluindo, escola, crenças e culturas. Assim, pode-se observar nos achados científico desta área que a aplicação da educação nutricional apresenta se eficaz, pois os estudos aplicados utilizando diferentes métodos apresentaram resultados positivos sobre a educação nutricional e a formação do hábito alimentar na infância. A educação nutricional constitui por uma busca da construção de conceitos e estratégias para impulsionar a cultura e a valorização da alimentação saudável concebida no reconhecimento da necessidade de respeitar, mas também modificar crenças, valores, atitudes, representações e práticas sociais que se estabelecem em torno da alimentação, compreendendo uma busca compartilhada estabelecida entre educadores e educando (GARCIA; MANCUSO, 2011). Gonçalves et al. (2009 apud MACEDO; CERVATO; GAMBARDELLA, 2008) destacam que o papel da educação alimentar e nutricional está vinculado à produção de informações, que sirvam como subsídios para auxiliar a tomada de decisões dos indivíduos, tornando-os providos de seus direitos e assim ampliando seus conhecimentos, na busca do bem-estar físico e psicológico. Os métodos preventivos ainda são um desafio para as áreas envolvidas além da resistência familiar marcada por crenças e a falta de entendimento por parte dos educadores e planejamento bem como do apoio das entidades públicas em investir na educação nutricional como forma de prevenir o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2008). Tal necessidade nasce juntamente com a mudança encontrada no perfil epidemiológico onde as doenças infecto-contagiosas e parasitárias dão cada vez mais lugar para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), associada com a mudança no estilo de vida como o sedentarismo e a facilidade encontrada na aquisição de alimentos não nutritivos e altamente calóricos (AQUINO; PHILIPPI, 2002). Portanto, nos últimos anos tem ocorrido a implantação de vários programas e projetos de educação alimentar nas escolas, com o objetivo de evitar o aparecimento de doenças na vida adulta destas crianças. Essas ações tanto podem gerar conhecimento voltado para conscientização de hábitos alimentares saudáveis como também trazer melhor qualidade de vida capacitando crianças a fazerem escolhas saudáveis sobre um comportamento alimentar correto e benéfico para saúde do indivíduo (DAVANÇO; TADDEI; GAGLIANONE, 2004). A discussão dos artigos acerca da hipótese levantada tem sua relevância pautada na necessidade de interferência científica sobre a educação nutricional desde os primeiros anos, visto que as crianças têm uma rápida adesão aos ensinamentos, já que seus hábitos alimentares estão em processo de formação e a partir daí ocorre à aprendizagem a respeito da importância de uma alimentação saudável. Garcia e Mancuso (2011) afirmam que para realizar a aplicação da educação nutricional deve existir um planejamento, porém este deve ser embasado no contexto em que está envolvido e assim analisar os problemas alimentares e nutricionais da população a ser orientada, sendo assim possível identificar os fatores causais que serão considerados pela intervenção. O conhecimento sobre a educação nutricional deve ser diretamente aplicado por meio de diferentes procedimentos, tais como: atividades baseadas em alimentos como: culinária; cuidado com hortas, brincadeiras envolvendo os cinco sentidos, juntamente com refeições nutritivas que favorecem o desenvolvimento da preferência por alimentos saudáveis, e ainda existem estratégias educativas que envolvam atividade corporal, tais como: projetos de arte, música, teatro, marionetes e quebra-cabeça (MATTA, 2008). Linden (2011) também descreve sobre a colocação de Matta (2008) salientando que para os pré-escolares é aconselhável utilizar materiais os quais se envolvem os cinco sentidos para que o processo de ensino e aprendizagem seja mais eficiente, como por exemplo: alimentos para oficinas nas diferentes áreas do conhecimento, como: português, biologia, matemática. A mesma autora ainda afirma que são ótimos recursos voltados para educação alimentar com crianças as visitas em feira, fruteira, peixarias, supermercados e outros locais onde há venda de alimentos, pois propiciam a criança acesso e contato podendo ser uma ótima forma de aprendizagem acerca do conhecimento sobre os alimentos e consequentemente sobre a alimentação. Um estudo realizado por Bernart e Zanardo (2011) em uma escola de préescolares pode-se constatar a importância e a eficácia da educação nutricional, onde por meio de atividades lúdicas enfatizando a alimentação saudável proporcionaram a estas crianças um aprendizado do tema, as atividades consistiram em brincadeiras como: historinhas de frutas, verduras onde as crianças participavam; atividades de montagem do prato saudável, onde era enfatizada a importância de um prato colorido; brincadeiras dos cinco sentidos; teatro de fantoches, “O Segredo do Sherek”, onde era contada a história infantil, e em seguida servido o suco verde (hortelã, agrião, limão, açúcar), o qual o personagem tomava e assim incentivando o consumo de sucos naturais às crianças. Com estas atividades pode se concluir que por meio da educação nutricional torna-se possível despertar a curiosidade, e o interesse de préescolares pelos alimentos e demonstra a importância de cada um para a saúde humana. Também mostra, em seus resultados, que as atividades em educação nutricional tornam-se estratégias de fundamental importância para o desenvolvimento da aprendizagem sobre nutrição, pois prendem a atenção do ouvinte e fazem interagir com as atividades (BERNART; ZANARDO, 2011). Após análise dos estudos descritos pode se constatar que dentre as formas de aplicação e métodos utilizados para as iniciativas educativas são todas essenciais e importantes para cada vez mais criar novas estratégias e métodos para possibilitar que as crianças recebam educação nutricional as quais irão influenciar os hábitos alimentares por toda sua vida. Martins, Walder e Rubiatti (2010) desenvolveram um trabalho que propôs realizar atividades de educação nutricional com 75 crianças em idade escolar na faixa etária entre 09 e 12 anos, de uma escola municipal da cidade de Corumbataí/SP. As atividades de educação nutricional realizadas para incentivar hábitos alimentares saudáveis nas crianças foram abordadas em seis módulos de atividades de educação nutricional, visando à discussão de temas relacionados à alimentação saudável, aplicados em 06 dias seguidos, com duração de 30 a 40 minutos no máximo cada um. Todos os módulos consistiam em temas relacionados à alimentação com exposição teórica de um tema seguido de práticas a fim de facilitar na fixação dos conhecimentos adquiridos. Nas práticas realizadas às crianças demonstraram todas interessadas e participaram ativamente das atividades desta forma a execução das atividades de educação nutricional na escola age diretamente na modificação e formação de bons hábitos alimentares das crianças em idade escolar uma vez que além de transmitir o conhecimento de forma clara e de fácil compreensão (MARTINS; WALDER; RUBIATTI, 2010). Salvi e Ceni (2009) em trabalho de educação nutricional também desenvolvido com pré-escolares observaram que as crianças estão aptas para receber informações sobre alimentação e nutrição. É nesta fase da vida que as crianças apresentam maior facilidade em assimilar conceitos, aprendem a conhecer a si própria, as normas sociais de comportamento e inclusive se alimentar. Já Schmitz et al. (2008) focaram em um estudo analítico com dados de duas oficinas teóricas-práticas sobre temas relacionados à alimentação e nutrição para educadores e proprietários de cantinas e o estudo foi bem aceito, porém sabe se que a implantação de alimentos saudáveis nas cantinas escolares ainda é um grande desafio pelos profissionais da saúde visto que ainda existe resistência por parte dos proprietários levando a necessidade de muitos outros estudos e até aplicações mais severas por parte dos órgãos públicos, pois sabese que estes locais possuem uma parcela significativa no fornecimento diário de pelo menos uma refeição de muitos escolares. Em uma escola de ensino fundamental foi implantada algumas atividades e dinâmicas educativas em relação à educação nutricional, onde foram aplicados três tipos de dinâmicas; desenvolvendo-se um pré-teste com temas relacionados aos alimentos saudáveis e não saudáveis o qual possibilitou a verificação inicial da percepção dos estudantes acerca do conhecimento sobre alimentação. Ainda foram realizadas atividades denominadas minuto-cinema, em um vídeo que tratava os riscos de uma alimentação pautada em doces e guloseimas e a terceira dinâmica via metodologia intitulada caixa dos sentidos, onde foi explicado sobre a importância das frutas na alimentação e seus benefícios (MAIA et al., 2012). Após a concretização do estudo os resultados obtidos foram satisfatórios, demonstrando assim a aquisição de saberes a partir da interação com os meios de comunicação, o ensino nutricional e o convívio social infantil além das crianças terem demonstrado interesse e motivações pelas atividades realizadas e também o conhecimento adquirido ter sido constatado (MAIA et al., 2012). Os recursos didáticos utilizados para a educação nutricional são diversos o qual se encontra a produção de materiais educativos, tais como: guias, cartilhas e pirâmides alimentares, a realização de oficinas culinárias e de dietética cada vez mais com enfoque regional, assim como programas voltados para o treinamento de multiplicadores, a predominância de palestras e cursos com métodos expositivos, e ainda o uso de recursos como as dramatizações e os vídeos, dentre outros, já que estes recursos facilitam o aprendizado do conteúdo estabelecido. E ainda existem intervenções baseadas no modelo do aconselhamento dietético, assim como oficinas culinárias, e na perspectiva da educação ambiental, com hortas escolares (SANTOS, 2012). Nesse contexto, a American Dietetic Association e também os autores Bizzo e Leder (2005) destacam ser importante que o profissional especialista em nutrição participe dos programas de educação nutricional, o que é essencial para a efetividade de tais programas e para a aquisição de mudanças desejáveis no estado nutricional da população (DETREGIACHI; BRAGA, 2011). Nesta mesma esfera um estudo dirigido por Rigo et al. (2010) vem afirmar as descrições em relação a educação nutricional e os métodos a serem aplicados relatados por Santos (2012), pois quando estes autores realizaram um estudo centrado em atividades para um grupo de 10 crianças, de 4 a 13 anos com atividades de educação nutricional as quais foram baseadas em processos lúdicos utilizando os seguintes temas: aspectos de higiene e saúde; hábitos alimentares: os saudáveis e não saudáveis; alimentos e como eles podem ou não trazer benefícios a saúde e a aplicação de uma história chamada “Próxima Parada: Estação Barriga”, onde foi enfocado o sistema digestório e o que acontece com os alimentos após serem ingeridos. Portanto ao final, foi possível observar a construção do conhecimento sobre alimentação e nutrição de forma prazerosa e bem aceita pelas crianças. Triches e Giugliani (2005) realizaram um estudo com crianças das escolas municipais do Rio Grande Sul, onde foi observado que os escolares com maior índice de massa corporal apresentavam menor conhecimento de nutrição e possuíam práticas alimentares menos saudáveis. Estes resultados sugerem que a realização de intervenções nutricionais no ambiente escolar pode ter papel positivo na prevenção do desenvolvimento de doenças crônicas na vida adulta. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir deste estudo, pode-se constatar que a educação nutricional no âmbito educacional, permite que as crianças adquiram o conhecimento sobre uma alimentação saudável, devido esta fase ser propícia à aprendizagem. E com isso inúmeros benefícios são gerados, sendo desde formação de hábitos alimentares saudáveis como também a prevenção de doenças decorrentes de uma má alimentação. Portanto, a implantação da educação nutricional no âmbito escolar deve ser feita por profissionais capacitados e treinados para aplicar a educação da forma mais adequada, utilizando diversos recursos a fim de facilitar a aprendizagem de uma alimentação saudável. Além de intervir diretamente na formação do hábito alimentar, pois diante de tantos métodos e formas de aplicação é possível atingir os mais diferentes grupos sociais respeitando as individualidades, porém modificando conhecimentos e conceitos acerca da alimentação de forma agradável e prazerosa. Ainda sabe se que existe uma predisposição genética e ambiental capaz de influenciar de forma positiva ou negativa na formação do hábito alimentar, ou seja, o indivíduo já por si só possui uma tendência na escolha dos alimentos os quais serão consumidos por ele, mas no desenvolvimento deste trabalho foi possível observar que usando como ferramenta a educação nutricional esta é capaz de fazer a diferença, principalmente quando se trata das crianças, as quais não tem seus conceitos e costumes completamente formados e possuírem um rápida adesão ao processo de ensino e aprendizagem. Desta forma, se a educação nutricional for aplicada de forma correta e por pessoas qualificadas que utilizam as ferramentas específicas para cada grupo social torna se fundamental para a formação de hábitos alimentares saudáveis. REFERÊNCIAS AQUINO, R. C.; PHILIPPI, S. T. Consumo infantil de alimentos industrializados e renda familiar na cidade de São Paulo. 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ESTADO NUTRICIONAL DE PACIENTES DA CLÍNICA DE CIRURGIA DO APARELHO DIGESTIVO NUTRITIONAL STATUS OF PATIENTS OF SURGERY CLINIC OF DIGESTIVE Fernanda Guimarães Burghi* Silvia Mayumi Adanya* Mirtz Ayumi Nakamura** RESUMO: Pacientes com afecções no trato gastrointestinais tem o estado nutricional comprometido devido às alterações na digestão e absorção. Com o trauma cirúrgico e modificações na ingestão alimentar a piora do estado nutricional é intensificada aumentando o tempo de internação podendo ocorrer à desnutrição. O objetivo deste trabalho foi identificar o estado nutricional dos pacientes submetidos às cirurgias do aparelho digestivo através da revisão de literatura sobre o tema. As palavras-chaves utilizadas para a pesquisa de busca foram avaliação nutricional subjetiva global, pacientes hospitalizados, desnutrição, cirurgia do aparelho digestivo, trauma cirúrgico e terapia nutricional. Os estudos analisados demonstraram a prevalência de pacientes com risco de desnutrição e desnutridos devido às alterações metabólicas e fisiológicas decorrentes das doenças que acometem o trato gastrointestinal e do trauma cirúrgico, e o tempo de permanência prolongado. O nutricionista em uma equipe multidisciplinar é responsável em diagnosticar precocemente indivíduos com riscos nutricionais e intervir com adequações nas dietas e suporte na terapia enteral para a recuperação e manutenção do estado nutricional do paciente. PALAVRAS-CHAVE: Avaliação Subjetiva Global. Cirurgia do Aparelho Digestivo. Estado Nutricional. ABSTRACT: Patients who suffer with gastrointestinal disorders have impaired nutritional status due to changes in digestion and absorption. The surgical trauma and changes in food intake can also contribute for worsening the nutritional status and extend the period patients are kept at hospital, which can lead to malnutrition. The aim of this study was to identify the nutritional status in patients who have undergone any gastrointestinal surgery using a literature review about the topic. The keywords used were subjective global assessment, hospitalized patients, malnutrition, gastrointestinal surgery, surgery trauma and nutritional therapy. The study showed the patients at risk of malnutrition and malnourished prevalence due to physiological and metabolic disorders arising from gastrointestinal diseases, surgical trauma, and prolonged time at hospitals. The nutritionists, in a multidisciplinary team, is responsible for the early diagnosis in individuals with nutritional risks. The nutritionist is also responsible for intervening with adjustments in diet and in the enteral therapy to support the restoration and maintenance of the patient´s good nutritional status. KEYWORDS: Subjective Global Assessment. Digestive Tract Surgery. Nutritional Status. INTRODUÇÃO Dados levantados no relatório anual de 2011 de um Hospital do Paraná mostram que as cirurgias mais realizadas são pela clínica de ortopedia (1178), pronto socorro cirúrgico (807), ginecologia (608), obstetrícia (500), urologia (468), cirurgia infantil (409) seguido da clínica da Cirurgia do Aparelho Digestivo (CAD), que foram realizados 262 procedimentos. A cirurgia videolaparoscópica tem como característica básica a redução da agressão e do trauma cirúrgico. Tem menor repercussão orgânica, menor reação metabólica, inflamatória e imunológica, quando comparada a laparotomia, outro método de incisão cirúrgica, representando grande benefício para o paciente, incluindo aqui os mais graves e com comprometimento de órgãos e sistemas (SALIM; CUTAIT, 2008). A intervenção cirúrgica no aparelho digestivo desencadeia vários tipos de estresse ao paciente. Além das alterações locais, provoca distúrbios sistêmicos mediados pelos fenômenos de adaptação orgânica à nova condição e pela resposta ao trauma devido mudanças endócrinas metabólicas, liberação de mediadores suprarrenais e hipofisários, levando ao aumento do catabolismo protéico e lipídico, hiperglicemia não glicídica e retenção hidrossalina (PEREIRA, 1998; SILVA; MURA, 2007; BOTTONI e BOTTONI, 2002; WAITZBGERG; PLOPPER; TERRA, 1997; SENA et al., 1999). Estudos demonstram que a prevalência da desnutrição em doentes sujeitos a cirurgia digestiva oscila entre os 30% a 50%. Isto ocorre devido a maioria destes pacientes apresentarem a ingestão alimentar insuficiente, má digestão ou absorção relacionados diretamente ao órgão comprometido e anormalidades no metabolismo de nutrientes, aumentando o risco de desnutrição quando sujeitos a cirurgia (BARROS, 2009; SENA et al., 1999). A desnutrição pode afetar adversamente a evolução clínica de pacientes hospitalizados aumentando o tempo de permanência hospitalar, a incidência de infecções e complicações pós-operatórias, a mortalidade e retardo da cicatrização de feridas, representando um fator de estresse adicional que pode levar a complicações pós-operatórias ou agravá-las (MERHI et al., 2007). A Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG) é um método clínico de avaliação do estado nutricional, desenvolvido por Detsky e colaboradores (1984) e diferencia-se dos demais métodos de avaliação nutricional utilizados na prática clínica por englobar, não apenas alterações da composição corporal, mas também alterações funcionais do paciente. Trata-se de método simples, de baixo custo e não invasivo, podendo ser realizado à beira do leito (BARBOSA-SILVA; BARROS, 2002). Embora a morbidade cirúrgica correlacione-se mais com a extensão da doença primária e com o procedimento cirúrgico realizado, a má nutrição pode gerar diversas complicações o que está associado com uma alta incidência de intercorrências operatórias, de morbidade e mortalidade. (MAHAN; ESCOTTSTUMP, 2010). O cuidado nutricional adequado e precoce tem como objetivo a correção do quadro nutricional e a prevenção das suas complicações. A adequada terapia nutricional é um componente essencial do cuidado do paciente hospitalizado, a fim de fornecer nutrientes suficientes para manter ou recuperar o estado nutricional, atenuando os efeitos adversos da resposta metabólica às lesões de naturezas diversas e minimizando o acometimento da estrutura e funcionamento de órgãos vitais (VANUCCHI; UNAMUNO; MARCHINI, 1996). No âmbito hospitalar, as dietas utilizadas são adequadas conforme as necessidades de cada paciente. As modificações das dietas oferecidas para adequar a ingestão alimentar são necessárias na consistência, no valor energético, nas quantidades de macronutrientes e micronutrientes e preferências alimentares. O uso de complementos nutricionais e dietas enterais são frequentes nos hospitais pelo inadequado consumo alimentar, menos de 60% da dieta, devido as alterações no trato gastrointestinal ou inapetência. A prescrição das dietas enterais é realizada concomitantemente com os médicos para melhorar ou manter o estado nutricional. Este artigo trata-se de uma revisão bibliográfica, cuja trajetória apoia-se em leituras exploratórias e seletivas do material pesquisado com o objetivo de descrever o estado nutricional de pacientes submetidos a cirurgias do aparelho digestivo e as consequências da desnutrição no pós-operatório. METODOLOGIA Esse artigo trata-se de uma revisão bibliográfica, sobre o tema, de artigos científicos impressos e online, nacionais e internacionais nas bases de dados Medline, Lilacs, Scielo, Capes, livros de nutrição publicados nos últimos 10 anos e teses de dissertação. Inicialmente foi realizada uma busca com o objetivo de identificar complicações devido as cirurgias do aparelho digestivo e suas consequências no estado nutricional através da revisão de literatura sobre o tema. Na busca inicial foram considerados os títulos e os resumos dos artigos para a seleção ampla de prováveis trabalhos de interesse, utilizando-se como palavras chave: avaliação nutricional, avaliação nutricional subjetiva global, pacientes hospitalizados, desnutrição, doenças gastrointestinais, cirurgia do aparelho digestivo, trauma cirúrgico e terapia nutricional no pós-operatório. CIRURGIA DO APARELHO DIGESTIVO O trato gastrointestinal é responsável pela digestão, absorção e excreção dos alimentos. No estudo da terapia nutricional das doenças que envolvem o trato digestório deve-se relacionar a repercussão da doença sobre o estado nutricional e realizar alterações necessárias frente aos aspectos fisiopatológicos existentes (CUPPARI, 2005). A Cirurgia do Aparelho Digestivo (CAD) é um ramo da medicina que estuda sob ponto de vista cirúrgico e endoscópico, as patologias provenientes no esôfago, estomago, intestinos, pâncreas, fígado e vias biliares, ou seja, órgãos responsáveis pela digestão dos alimentos. Em um estudo realizado por Lima et al. (2012), o qual comparava os métodos cirúrgicos de apendicectomia videoassistida com o método laparoscópico e a laparotomia, mostrou vantagens das duas primeiras técnicas cirúrgicas em relação a tradicional. As chances dos pacientes com laparotomia de apresentar dor pósoperatória foi aproximadamente quatro vezes aos submetidos à laparoscópica. As possibilidades de evoluírem com complicações foram, aproximadamente, duas vezes mais em aqueles que realizaram a apendicectomia laparotômica. Os pacientes que realizaram a cirurgia por laparotomia, 6,9% apresentaram infecção às feridas enquanto 2,7% dos pacientes de laparoscopia infectaram a incisão. O tempo médio de internação também foi maior nas cirurgias por laparotomia comparados a laparoscopia e o retorno das atividades habituais dos pacientes com cirurgia tradicional foi de 14 dias a mais que por laparoscopia (LIMA et al.,2012). A resposta inflamatória está diretamente relacionada ao trauma inerente ao processo cirúrgico caracterizado pela produção de mediadores próinflamatórios que irão promover a ativação de mecanismos imunológicos. Entretanto, a resposta inflamatória exagerada pode ser prejudicial ao organismo (CAMPOS; CARAVATTO; ARAÚJO, 2005). O trauma cirúrgico induz às extensas mudanças fisiológicas, causadas por dano tecidual e isquemia em adição a distúrbios hemodinâmicos o que leva a desencadear complexa resposta neuroendócrina, imunológicos e inflamatórios, cujos efeitos metabólicos e cardiorrespiratórios tendem a preservar algumas funções fundamentais para manter a volemia, o debito cardíaco, a oxigenação tecidual, a oferta e a utilização de substratos energéticos. A intensidade da resposta é variável e diretamente proporcional a severidade da cirurgia, a ocorrência de complicações e aos fatores relacionados como diagnóstico e tratamento (BOTTONI e BOTTONI, 2002; WAITZBGERG; PLOPPER; TERRA, 1997). AVALIAÇÃO NUTRICIONAL O risco nutricional se refere ao risco aumentado de morbimortalidade em decorrência do estado nutricional. Tão importante quanto diagnosticar desnutrição é avaliar o risco de deterioração nutricional naqueles pacientes em situações que podem estar associadas a problemas nutricionais possibilitando uma intervenção adequada de forma a auxiliar na recuperação e/ou manutenção do estado de saúde do paciente (RASLAN et al., 2008; CUPPARI, 2005). O conhecimento do estado nutricional de um paciente é de fundamental importância na avaliação pré-operatória, já que a desnutrição implica aumento de riscos operatórios e pós-operatórios. Os fatores que fazem o paciente desenvolver complicações no pós-operatório e ter o tempo de internação mais prolongado depende também do tamanho do procedimento cirúrgico realizado e da doença aguda ou crônica antes do tratamento (CASTIONI; GARCIA; SOUSA, 2010). Com o propósito de complementar os métodos usuais de avaliação nutricional, vários autores têm utilizado a Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG) como uma opção para a detecção de pacientes com risco de desnutrição e para a organização e a avaliação das informações coletadas para elaboração do plano de terapia nutricional principalmente devido a alta sensibilidade e especificidade na detecção de estado nutricional em pacientes cirúrgicos (YAMAUTI et al., 2006; RASLAN et al., 2008; MOURÃO et al., 2004). A Avaliação Nutricional Subjetiva Global é capaz de identificar os pacientes com maior risco de complicações associadas ao estado nutricional durante a internação através de história clínica, exame físico e exames bioquímicos onde se avalia principalmente, perda de peso relatada pelo próprio paciente ou acompanhante, diminuição do tecido adiposo e muscular analisada pelo investigador, sintomas gastrointestinais e alterações na ingestão alimentar relativa ao habitual, capacidade funcional, albumina, transferrina, hemoglobina, hematócrito e contagem total de linfócitos (QUADROS; VENTURI, 2009; PRATO et al.,2010; WAITZBERG, 2002; MERHI et al., 2007). TERAPIA NUTRICIONAL As doenças no trato digestivo podem acarretar alterações nos processos de ingestão, digestão, absorção e/ou utilização dos nutrientes da dieta o que traz prejuízos ao estado nutricional no pré-operatório, podendo ser minimizados com adaptações da dieta de maneira individualizada e monitorização constante (WAITZBERG, 2002). A ingestão alimentar adequada deve ser retomada o mais breve possível após o procedimento cirúrgico. A terapia nutricional deve iniciar-se tão logo o paciente esteja hemodinamicamente estável, apresentando funções vitais estabilizadas, equilíbrio de líquidos, eletrólitos, ácido-básico e perfusão tecidual adequada para permitir o transporte de oxigênio e combustível, tornando mais lenta a perda de proteínas corporais (FONSECA, 2006). Apesar das necessidades energéticas estarem aumentadas em decorrência do trauma operatório, as calorias e proteínas ofertadas são mínimas deixando o balanço nitrogenado negativo. O longo período de jejum em que o paciente já passou para o preparo da cirurgia se mantem até o retorno da motilidade intestinal caracterizada clinicamente pelo aparecimento dos ruídos hidroaéreos e eliminação de gases, por um período de dois a cinco dias do pósoperatório. No entanto, essa prática está sendo discutida e os resultados de estudos têm demonstrado que a realimentação precoce após cirurgias envolvendo ressecções e anastomoses trazem benefícios para os pacientes como a alta mais rápida, menor incidência de complicações e infecções e menores custos aos hospitais (AGUILAR-NASCIMENTO; GOELZER, 2002; TARTARI; BUSNELLO; NUNES, 2010). Segundo Aguilar-Nascimento e Goelzer (2002), a realimentação precoce em pacientes submetidos a cirurgias do aparelho digestivo é possível, segura e pode trazer potenciais benefícios, iniciando com dieta líquida restrita por via oral evoluindo conforme a aceitação do paciente. Ademais, pacientes submetidos a grandes intervenções e alimentados precocemente apresentam melhor oxigenação da mucosa intestinal, diminuição da resposta orgânica e do número de complicações no pós-operatório, assim como redução do tempo da volta do peristaltismo intestinal (CORREIA; SILVA, 2005; TARTARI; BUSNELLO; NUNES, 2010). A dieta hospitalar é importante para garantir o aporte de nutrientes ao paciente hospitalizado, permitindo preservar ou recuperar seu estado nutricional através do seu papel co-terapêutico em doenças crônicas e agudas considerando o estado fisiológico e nutricional das pessoas. (GARCIA, 2006; WAITZBERG, 2009). Além disso, a terapia nutricional enteral poderá ser indicada quando o trato gastrointestinal seja funcionante e tenha capacidade de digerir e absorver, mesmo que parcialmente os alimentos, quando a alimentação oral não for possível ou não alcançar ao menos 60% das necessidades nutricionais do paciente ocorre a saciedade precoce, a presença de náuseas e desordens neurológicas que dificultam a deglutição, caquexia cardíaca e câncer, queimaduras, cirurgia ortopédica, lesão de face e mandíbula, ou por anormalidades funcionais do intestino como, anorexia, diminuição do esvaziamento gástrico, síndrome do intestino curto e estados hipermetabólicos podendo ser administrada tanto como via exclusiva de calorias e nutrientes como na forma de complementação, associada à via oral e/ou parenteral (SILVA; MURA, 2007; VANUCCHI; UNAMUNO; MARCHINI, 1996; WAITZBERG, 2009). Fonseca (2006) em um estudo realizado com pacientes internados para cirurgias por laparotomia,constatou que a ingestão calórica e proteica desses pacientes foi insuficiente para suprir a demanda nutricional na primeira semana pós-operatória. A maior queixa para a baixa ingestão alimentar foi a falta de apetite em 63,8% dos enfermos. DESNUTRIÇÃO NAS COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS DO APARELHO DIGESTIVO As condições gastrintestinais que podem levar à desnutrição são as relacionadas a má absorção (doença celíaca, deficiência de dissacaridases, insuficiência pancreática, Síndrome de Dumping, Síndrome do intestino curto, Doença de Crohn, Colite ulcerativa e infecção por HIV ou AIDS), a função mecânica prejudicada (constrição esofágica, obstrução esofágica, acalasia ou hipomotilidade esofágica, fístula traqueoesofágica, estenose pilórica, íleo adinâmico, obstrução intestinal, Doença de Hirschsprung) e condições que podem causar receio em comer (diarréia, espasmo esofágico, esofagite de refluxo, gastrite, pancreatite, colelitíase e outras doenças biliares, diverticulite) (ESCOTTSTUMP, 2007). As doenças gastrointestinais que levam a maior alteração do estado nutricional são as doenças do pâncreas e vias biliares, neoplasias, vasculopatia, abdome agudo, doenças intestinais, hemorragias digestivas e doenças do esôfago, quando em conjunto de fatores, da doença e dieta insuficiente ou inadequada, agravam o quadro podendo ser levado à desnutrição (LEANDROMERHI et al., 2000). Além de alterar esses mecanismos, os pacientes que são submetidos a grandes intervenções cirúrgicas do trato digestivo normalmente passam por jejum prolongado ou ingestão inadequada de nutrientes ocorrendo respostas fisiológicas, desencadeadas por múltiplos estímulos que atingem o hipotálamo e estimulam o sistema nervoso simpático e a medula suprarrenal a liberarem substâncias desencadeadoras da resposta, no intuito de manter a homeostase corporal, tornando-se exacerbada se o estímulo for prolongado e de grande intensidade (CORREIA; SILVA, 2005). O jejum simples, não associado ao estresse, leva a degradação dos lipídios para o fornecimento do substrato energético, já o jejum acompanhado ao estresse metabólico ou desnutrição, faz com que as catecolaminas inibam a liberação de insulina, e então, sua ação periférica é antagonizada pela atividade glicocorticoide levando ao aumento da gliconeogênese e a depleção de massa celular corpórea através do turnover proteico (SENA et al., 1999) As manifestações imunológicas da desnutrição são amplas e incluem a atrofia do tecido linfoide, a redução do número de linfócitos, e as respostas imunológicas humorais e celulares anormalmente baixas. Como resultado, a desnutrição está associada a uma incidência alta de morbidade e mortalidade por infecções (FONSECA, 2006). Pacientes desnutridos submetidos a tratamento cirúrgico tem retardo da cicatrização das feridas, com aumento de probabilidade de deiscência da ferida operatória e das anastomoses aumentando o período de hospitalização e da mortalidade (FONSECA, 2006). Trabalhos bem conduzidos são concordantes em verificar a alta incidência de pacientes cirúrgicos hospitalizados com alterações no seu estado nutricional, tendendo a desnutrição. Quanto mais precocemente instalar uma terapia nutricional bem conduzida, melhor será a repercussão da mesma no estado nutricional do paciente e na diminuição das suas complicações cirúrgicas (WAITZBERG, 2002). Em amostra de 709 pacientes do Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional (IBRANUTRI), notou-se que a incidência de complicações nos desnutridos foi de 27% sendo que os custos hospitalares aumentaram em 60,5% para os desnutridos e a mortalidade neste grupo foi de 12,4% contra 4,7% nos pacientes bem nutridos. A permanência hospitalar dos pacientes desnutridos foi de 16,7 dias contra 10,1 dias de permanência dos bem nutridos (CORREIA; WAITZBERG, 2003). A longa permanência hospitalar é uma das causas da desnutrição presente em 60,6% dos pacientes avaliados sendo a média do tempo de internação de 13, enquanto o tempo médio de internação de 6 dias para pacientes eutróficos, segundo os dados obtidos pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE) através do Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional (IBRANUTRI) em 2001, e presente em 50,2% nos pacientes em hospitais públicos da América Latina – ELAN (WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA, 2001; CORREIA; CAMPOS, 2003). Esses dados também foram encontrados em um estudo realizado por Santos et al. (2010), em um hospital público na cidade de Vitória – ES, nos meses de agosto a setembro de 2008, em que pacientes com tempo de internação de 31 a 90 dias encontravam-se a maioria desnutridos, enquanto os que estavam internados até 30 dias ou com tempo de internação acima de 90 dias a maioria encontravam-se com menor frequência de desnutrição. Em uma pesquisa realizada por Sena et al. (1999), em uma enfermaria de Gastroenterologia Clínica do Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo, no período de dezembro de 1996 a junho de 1997, 31,5% dos pacientes analisados estavam com o estado nutricional de desnutrição. Já Rezende et al. (2004), constataram que a desnutrição hospitalar alcança valores mais altos nos pacientes internados para tratamento de doenças do trato digestório (14,34%), seguidos dos casos de neoplasias (9,84%) e patologias do aparelho cardiovascular (9,02%). Em um estudo realizado com pacientes com disfagia, internado na Clínica Médica do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo entre agosto e dezembro de 2008 obteve 43,3% dos indivíduos classificados como baixo peso (SONSIN et al., 2009). CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com a revisão de literatura foi possível concluir que a intervenção cirúrgica no aparelho digestivo desencadeia vários tipos de estresse ao paciente e junto com o aumento das demandas nutricionais, normalmente, observa-se a ingestão inadequada de calorias e nutrientes, predispondo às deficiências nutricionais que podem ser evitadas com o acompanhamento do profissional nutricionista junto aos pacientes através da avaliação, do diagnóstico nutricional e das intervenções impostas com uma equipe multiprofissional. A ANSG composta de avaliação antropométrica, exames laboratoriais, avaliação física, sintomas gastrointestinais, quantificação do consumo alimentar e do diagnóstico clínico, é capaz de identificar os pacientes com maior risco de complicações associadas ao estado nutricional durante a internação e intervir o quanto antes para recuperar ou manter o estado nutricional de pacientes hospitalizados devido à cirurgia do aparelho digestivo. A importância do nutricionista na equipe multiprofissional se deve ao fato de adequar a dieta conforme as necessidades nutricionais, intercorrências, aversões, intolerâncias e preferências alimentares de cada paciente. Quando necessário indicar a necessidade da terapia nutricional enteral a fim de melhorar o estado nutricional do paciente no pré e pós-operatório para evitar complicações decorrentes do déficit nutricional e reduzir o tempo de internação. REFERÊNCIA AGUILAR-NASCIMENTO, J. E. ACERTO: Acelerando a Recuperação Total Pós-operatória. ed. 2. 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Camila Storm Ribeiro*, Tatiana Marin** * Graduação em Nutrição, Faculdade de Apucarana-FAP,campus de Apucarana/Pr. **Nutricionista,Mestre em Ciência de Alimentos, Especialista em Tecnologia e Controle de Qualidade dos Alimentos e Coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade de ApucaranaFAP,campus de Apucarana/Pr. E-mail: [email protected] Telefone: (43) 9911-1025 Rua Renê Camargo de Azambuja, nº 752, aptº 501, Apucarana, Paraná. RESUMO Hoje em dia, os adolescentes de todas as classes sociais costumam pular refeições, substituindo refeições de grande importância como o almoço e o jantar por lanches e salgados. Essas mudanças observadas no hábito alimentar dos adolescentes tem favorecido o aparecimento de doenças como obesidade, doenças do coração, câncer entre outras. O presente estudo tem como objetivo comparar o hábito alimentar entre adolescentes de uma escola pública e outra privada. Foi aplicado um questionário de hábito alimentar e freqüência alimentar com dezoito perguntas em escolas públicas e privadas para duzentos e quatorze alunos. A coleta de dados foi feita no mês de maio e junho de dois mil e onze. Pode-se observar que os adolescentes das duas escolas consomem grandes quantidades de frutas e verduras diariamente, porém, o índice de consumo de produtos industrializados se mostrou bastante elevado, onde a maioria dos adolescentes de escola privada consome esses produtos diariamente e os de escola estadual a maior parte consomem semanalmente. Foi concluído que o monitoramento e mudanças de hábitos alimentares na fase da adolescência são de suma importância para prevenção de doenças crônicas não transmissíveis no futuro. PALAVRAS-CHAVE: Alimentação . Diário Alimentar . Produtos Industrializados. Frutas e Verduras. ABSTRACT Nowadays, teenagers from all social classes tend to skip meals, replacing meals of great importance as lunch and dinner for snacks and „‟fast foods‟‟. These observed changes in the dietary habits of adolescents have favored the emergence of diseases such as obesity, heart disease, cancer and others. The present study aims to compare the eating habits among students of a public and a private school. A questionnaire was applied in eating habits and food frequency questions in eighteen public and private schools for two hundred and fourteen students. Data collection was made in May and June of the year Two Thousand and Eleven. It can be observed that adolescents from both schools consume large quantities of fruits and vegetables daily, but the rate of consumption of industrial products proved to be very high, where the majority of private school teens consume these products daily and those of state school most consume weekly. It was also noted that differences in the frequency of consumption is due to socioeconomic issues, eating habits, and extra class activities what makes teenagers prefer fast food. It was concluded that monitoring and changes in eating habits during adolescence is very important for prevention of chronic noncommunicable diseases in the future. KEYWORDS: Food. Food Diary. Industrial Products. Fruits and vegetables Introdução A formação dos hábitos alimentares é influenciada através de uma série de fatores: fisiológicos, psicológicos, socioculturais e econômicos. A adolescência é uma das mais ricas e plenas variantes e condicionantes etapas da vida pelas quais passa o ser humano antes de atingir a fase adulta. (1) Hoje em dias os adolescentes costumam pular e trocar as principais refeições como o café da manhã, almoço e jantar por lanches e salgados. Apesar de saberem e conhecerem quais são os alimentos saudáveis existe ainda uma alta porcentagem que preferem consumir alimentos como pizzas, biscoitos recheados, batata frita, refrigerantes entre outros. Além de não praticarem nenhum tipo de atividade física ou deixar de praticar para ficar assistindo televisão, em frente ao computador ou jogando vídeo-game, ganhando assim uma vida sedentária podendo levar a obesidade. A dieta dos adolescentes costuma ser pobre em fibras, vitamina e minerais, sendo um fator preocupante à má ingestão de cálcio, pois é um período associado à formação de massa óssea. Os principais fatores dietéticos responsável pelo aumento do sobrepeso e obesidade são causados pelo hábito inadequado alimentar como a alimentação fora de casa, o crescimento na oferta de refeições rápidas (fast food) e a ampliação do uso de alimentos industrializados e processados. (2) Essas mudanças observadas no hábito alimentar dos adolescentes tem favorecido o aparecimento de doenças como obesidade, doenças do coração, câncer entre outras. Este trabalho tem como objetivo comparar o hábito alimentar dos adolescentes do ensino fundamental de uma escola pública e outra privada de Apucarana. Materiais e Métodos Trata-se de um estudo transversal, realizados em uma escola pública e outra privada de Apucarana, através de uma pesquisa de campo com uma amostra que constitui 400 adolescentes, sendo 200 da escola pública e 200 da escola privada, divididos em 5ª e 6ª séries na faixa etária de 10 a 12 anos. Foram excluídos adolescentes com idade inferior a 10 anos e superior a 12 anos. A coleta de dado foi realizada no período de maio a junho de 2011/1, o trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana da Faculdade de Apucarana. Foi utilizado um questionário elaborado para este estudo e analisado por três professores da área, este questionário contém dezoito questões sobre hábito e freqüência alimentar dos adolescentes. Resultados e Discussão Dos 400 adolescentes selecionados para pesquisa que estudam nas 5ª e 6ª séries houve uma participação de 214 alunos das duas escolas. Dentre os 186 que não participaram foi pelo motivo de não terem entregado para a pesquisadora o termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelos pais. Os adolescentes da escola pública a amostra foi de 112 alunos, sendo 59 (53%) do sexo feminino e 53 (47%) do sexo masculino. Na escola privada houve uma participação de 102 alunos, a amostra foi composta de 66 (65%) do sexo feminino e 35 (35%) do sexo masculino como observado na figura 1. 70% 60% 50% 65% 53% 47% 40% 35% 30% Meninas Meninos 20% 10% 0% Escola Estadual Escola Particular Figura 1- Gênero dos participantes da pesquisa A figura 2 mostra que os adolescentes que estudam tanto na escola pública quanto na escola particular 86% (n=96) e 75% (n=76), respectivamente, têm o hábito de realizar o desjejum. Esta porcentagem alta das duas escolas pode ser pelo hábito que estes adolescentes têm de realizar o café da manha desde crianças. Confirmando o resultado da presente pesquisa Silva et al. (2009) (3), em pesquisa realizada em escolas públicas observam que 90,3% dos escolares têm o hábito de tomar o café da manhã, entre os que não tomavam o café da manhã, os motivos citados foram não ter o hábito e principalmente acordar perto da hora do almoço deixando apenas para fazer essa refeição. Resultado parecidos com o da presente pesquisa foi encontrados por Nuzzo et al. (2010) (4), observou em sua pesquisa de frequência de refeições que adolescentes de escola particular que 97,5% realizavam o café da manhã. Adolescentes que têm o hábito de realizar o desjejum têm um rendimento escolar melhor, tendo uma disposição melhor nos estudos dos que os adolescentes que não consomem. (6) Figura 2 - Adolescentes que realizam o desjejum, matriculados nas duas escolas. 100% 90% 80% 86% 75% 70% 60% 50% Escola Pública 40% Escola Particular 25% 30% 20% 14% 10% 0% Sim Não Ao analisarmos a figura 3 foi observado que dos 112 alunos da escola pública 87% (n=97) consomem arroz todos os dias, 3% (n=4) não consomem e 10% (n=11) consomem ás vezes e dos 102 alunos da escola particular 92% (n=93) consomem arroz todos os dias e 8% (n=8) consomem ás vezes. O arroz é um dos alimentos bases de nossa alimentação, por isso nas duas escolas é grande o número de adolescentes que consomem arroz todos os dias, os adolescentes que consomem ás vezes são por não ter o hábito desde criança de consumir esse alimento diariamente e os que não consomem, podemos afirmar que é um motivo de aversão a esse alimento. 100% 90% 92% 87% 80% 70% 60% Escola Pública 50% Escola Particular 40% 30% 20% 10% 3% 0% 10% 8% 0% Sim Não As vezes Figura 3 - Porcentagem do consumo de arroz entre os adolescentes Já na figura 4 podemos observar que o consumo diariamente de feijão pelos adolescentes das duas escolas é menor que o consumo de arroz diariamente, 70% (n=79) dos adolescentes de escola pública consome feijão diariamente contra 58% (n=59) da escola particular, os que não consomem 10% (n=11) são da escola pública e 13% (n=13) da escola particular e os que consomem ás vezes 20% (n=22) e 29% (n=29) da escola pública e escola particular respectivamente. 80% 70% 70% 60% 58% 50% Escola Pública 40% 29% 30% Escola Particular 20% 20% 13% 10% 10% 0% Sim Não As vezes Figura 4 - Porcentagem do consumo de feijão entre os adolescentes O feijão contribui em média com 2,6 e 2,4 mg de ferro no almoço e no jantar respectivamente, sendo uma fator muito importante no crescimento e desenvolvimento dos adolescentes ajudando a prevenir doenças do tipo anemia ferropriva. (7) Resultados parecidos com o da presente pesquisa foi encontrado por Silva et al. (2009) (3), em pesquisa realizada com adolescentes de escola pública de Recife os autores observaram que 95,8% consomem arroz diariamente, já o feijão é consumido por 75% dos adolescentes. Novaes, Priore e Franceschini (2004) (8), observaram resultados parecidos com o da presente pesquisa onde adolescentes de escolas privadas 92% tinham frequência de consumirem arroz, o consumo de feijão pelos adolescentes foi de 86,5%, isto caracteriza o hábito típico da população brasileira. O arroz e feijão são consumidos pela maior parte dos adolescentes das duas escolas, sendo muito importante na fase da adolescência, pois a combinação dos dois alimentos ajuda no crescimento e desenvolvimentos dos adolescentes. Pode-se observar que na tabela I que alguns adolescentes das duas escolas preferem somente um tipo dos alimentos citados na questão sete, sendo que 5% (n=5) da escola privada e 2% (n=2) da escola pública consomem somente a carne de peixe. Na escola privada 15% (n=17) e na e na escola pública 12% (n=12) consomem somente a carne de frango. Nas duas escolas 4% (n=4) dos adolescentes consomem somente a carne bovina. 2% (n=2) dos adolescentes da escola pública e 1% (n=1) dos adolescentes da escola privada consomem somente a carne bovina. Os adolescentes da escola pública 4% (n=4), e da escola privada 3% (n=3) consomem somente o ovo, não consumindo nenhum tipo de carne. A maior parte dos adolescentes das duas escolas consome todos os tipos de alimentos protéicos, 57% (n=64) deles são da escola pública e 59% (n=59) da escola privada sem nenhuma aversão. Deduz-se que a maioria destes adolescentes tem este hábito desde criança ou se espelham no hábito alimentar da família. Alguns adolescentes matriculados tanto na escola pública quanto na particular consomem a maioria dos alimentos protéicos, porém com algumas exceções, os que não consomem ovo 2% (n=2) e 7% (n=7), peixe 11% (n=12) e 5% (n=5), carne suína 3% (n=5) e 4% (n=5) respectivamente. Tabela I - Porcentagem de adolescentes que consomem alimentos protéicos Alimento Protéico Escola Pública Particular Peixe Escola 2% 5% 15% 12% Boi 4% 4% Porco 2% 1% Ovo 4% 3% 57% 59% 2% 7% Todos menos peixe 11% 5% Todo menos porco 3% 4% Frango Todos Todos tipos de carne menos o ovo O baixo consumo de peixes merece destaque, podendo sugerir que os adolescentes não estão atingindo a quantidade necessária de ácidos graxos da série ômega-3 que está relacionada à prevenção de distúrbios cardiovasculares e câncer. (9) As proteínas têm grande importância para o metabolismo energético é essencial pelo fato dos aminoácidos não apenas atuar como energia mais também como cofator enzimático e manutenção da imunidade. (10) A maior parte dos adolescentes tanto da escola pública quanto da privada 96% (n=96) e 92% (n=93) respectivamente tem o hábito de consumir frutas. Arruda e Lopes (2007) (10), encontraram resultados diferentes da presente pesquisa com adolescentes de escolas públicas e privadas, apenas 9% dos estudantes tinham o hábito de consumir frutas. Em relação à frequência do consumo de fruta pelos adolescentes observar-se na figura 5, que 86% dos alunos das duas escolas têm o hábito de consumir frutas diariamente, sendo divididos em 44% (n=47) da escola pública e 42% (n=39) da escola privada. Já o hábito dos adolescentes consumirem semanalmente foi de 50% (n=54) de estudantes da escola pública e 54% (n=50) de escola privada. E 1 vez ao mês apenas 6% (n=7) e 4% (n=4) de escola pública e privada respectivamente. Na presente pesquisa sobre a frequência do consumo de frutas foi observado que os adolescentes das duas escolas estão ingerindo a quantidade adequada de frutas. Júnior et al. (2009) (11), observaram que cerca de 46,5% dos adolescentes do sul do Brasil consumiam frutas com frequência de menos de quatro dias por semana. Figura 5 – Frequência do consumo de frutas pelos adolescentes 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 44% 42% 35% 26% 24% Escola Pública 19% Escola Privada 6% Todos os dias 3 vezes por semana 1 vez por semana 4% 1 vez por mês Pode-se observar que a maior parte dos adolescentes as duas escolas tem um grande consumo de verduras sendo que 87% (n=97) dos adolescentes da escola pública e 81% (n=82) consomem este tipo de alimento, juntamente com o grande consumo de frutas dos adolescentes diminuem as chances dos mesmos de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis na vida adulta. 60% 54% 52% 50% 40% 32% 30% 26% Escola Pública Escola Privada 18% 20% 15% 10% 2% 1% 0% Todos os dias 3 vezes por 1 vez por semana semana 1 vez por mês Figura 6 – Frequência do consumo de verduras pelos adolescentes Diferente resultado da presente pesquisa foi encontrado por Schumacher, Morelo, Rufatto (2010) (12), em estudos com 147 adolescentes sobre comportamento alimentar, verificam que 51% dos estudantes têm um baixo consumo de verduras. Observa-se na figura 6 que 54% (n=52) dos adolescentes de escola pública e 52% (n=43) de escola privada consomem verduras diariamente. Já o consumo de verduras semanalmente pelos adolescentes foi 44% (n=43) e 47% (n=38) de escola pública e particular respectivamente. E o consumo de 1 vez por mês foi baixo, sendo que 2% (n=2) são de escola pública e apenas 1% (n=1) de escola particular. O consumo insuficiente de verduras entre os adolescentes podem acarretar doenças no futuro aumentando o risco de doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares e alguns tipos de câncer. (12) Sobre o hábito dos adolescentes consumirem produtos industrializados pode-se observar na figura 7 que alunos de escola pública 62% (n=70) e de escola privada 60% (n=61) consomem estes tipos de produtos. Ao analisar estes resultados foi possível perceber que a troca de alimentos saudáveis por alimentos com alta concentração de sódio, açúcar e gorduras está cada vez mais presente na vida dos brasileiros. No estudo de Andrade, Pereira e Sichieri (2003) (13), os autores perceberam que os adolescentes estão consumindo abaixo do recomendado porções de frutas, leguminosas e grãos integrais e os produtos industrializados acima das recomendações. Conclusão Algumas práticas alimentares dos adolescentes das duas escolas mostraram-se inadequadas, como a elevada freqüência do consumo de todos os produtos industrializados citados no questionário principalmente pelos adolescentes de escola privada devido o poder aquisitivo. Outra prática inadequada por alguns adolescentes é deixar de realizar as refeições mais importantes ou trocá-las por lanche. Porém em relação à alimentação saudável pode-se observar que a condições socioeconômicas não influenciaram, pois os alunos das duas escolas têm uma frequência de consumo elevado de frutas e verduras. Outro fator positivo encontrado pela maioria dos adolescentes das duas escolas foi o consumo de ovos e todos os tipos de carnes sem nenhuma aversão. O grande consumo de arroz e feijão pela maior parte dos adolescentes também foi observado no estudo, assim os mesmos estão consumindo macronutrientes e micronutrientes de grande importância no desenvolvimento dos mesmos. Faz-se necessário a implementação de educação nutricional nas escolas para promover algumas mudanças de comportamento alimentar e assegurar e monitorar a formação de hábitos alimentares saudáveis na adolescência como uma forma de promoção de saúde e prevenção de doenças na vida adulta. REFERÊNCIAS Andrade, RG, Pereira, RA, Sichieri, R. Consumo alimentar de adolescentes com e sem sobrepeso do município do Rio de Janeiro. 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