Título: MODERNIDADE/PÓS-MODERNIDADE: RUPTURAS?
Tema: Outros
Autor responsável por apresentar o Trabalho: EMMANUELA NEVES GONSALVES
Financiador: Resumo: Considerando a Modernidade como um momento histórico descontínuo, Bauman,
no livro Modernidade Líquida, traça a linha divisória desta ruptura. Assim, o autor traz o
termo “modernidade sólida” para caracterizar o momento da história moderna em que se
rompe com o passado, em que começa uma quebra de tradições que busca abrir caminho
para novos e aperfeiçoados sólidos que deveriam perpetuar. Para representar o derretimento
desses sólidos, o autor utiliza o termo “modernidade líquida”.
Para marcar os paradoxos, descontinuidades e rupturas contemporâneas, Bauman analisa
cinco conceitos: emancipação, individualidade, tempo/espaço, trabalho e comunidade. A
emancipação na modernidade sólida seria conquistada através da luta veemente contra o
totalitarismo homogeneizante. Assim, na luta pela emancipação do ser, o público era o alvo
de críticas e o responsável pelos obstáculos a serem ultrapassados. Com o advento da
modernidade líquida, o privado é projetado no espaço público e não se torna público,
fazendo com que se perca o interesse pelo público. Antes o papel da crítica era de atacar o
domínio público em defesa do ser, da vida privada, da autonomia, mas hoje, seu papel é de
proteger a esfera pública, repovoá-la, protegê-la da colonização pelo privado. Com a
crescente individualização do ser, a responsabilidade recai de forma devastadora sobre cada
um. Assim, por exemplo, uma pessoa fica desempregada por incapacidade própria e não
por um problema de ordem social, não porque o país não consegue gerar emprego para seus
habitantes.
Na modernidade sólida, o tempo é a ferramenta da ampliação do espaço. Dava-se grande
valor à conquista espacial -entendia-se que quanto maior, melhor seria. Na modernidade
líquida, o espaço se torna irrelevante, a ação não se limita mais ao espaço. Com a
emergência que se confere às realizações do presente, cai o modelo fordista de trabalho e
surge a flexibilidade no mundo do trabalho, onde se encontram contratos de curto prazo, ou
até mesmo relações empregatícias sem contrato. Encerrando sua análise sobre as
transformações vivenciais provocadas pela ruptura dentro do próprio contexto da
modernidade, Bauman aponta para a transformação do conceito de comunidade. A idéia de
comunidade, que sempre indicava a garantia de um porto seguro, algo permanente, onde se
podia estabelecer vínculos interpessoais profundos, se transforma no que o autor chama de
comunidades explosivas. Estas visam a quebra da monotonia cotidiana, precisam de
espetáculos que atendam às diferentes pessoas e cumprem o papel de aliviar
momentaneamente as ansiedades e solidões vividas. Como exemplo ele oferece a festa do
carnaval que impede o surgimento das verdadeiras comunidades, pois não permitem
contatos profundos e intensificam a solidão.
Seguindo, de certa forma, a lógica de dois momentos históricos dentro da modernidade
proposta por Bauman, o sociólogo Singly, ao discutir sobre questões familiares na
contemporaneidade, designa dois tipos de família. Entretanto, este autor não coloca estes
dois momentos como se tivessem sido marcados por descontinuidades. Singly atribui à
família 1 as características de estabilidade e respeito às tradições e pelo fato de que seus
componentes estão a serviço do grupo. A família 2 é marcada pela grande instabilidade
proporcionada pela facilidade de divórcio, emancipação feminina, entre outros aspectos.
Contudo, estas não estão em dois planos completamente distintos porque ambas são regidas
pelo amor. Este é muito mais intenso na família 2, pois esta só permanece unida se todos os
membros do grupo se amarem ardentemente para manter esta relação. Trazendo esta
discussão, não pretendo fechar nenhum pensamento, mas sim, instigar a reflexão e o debate
acerca do mundo em que vivemos.
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MODERNIDADE/PÓS-MODERNIDADE: RUPTURAS? - CRP-RJ