IMPACTOS ECONÔMICOS DAS CULTURAS GENETICAMENTE MODIFICADAS NO BRASIL Brasília, 13 de março de 2007 1 A adoção de culturas geneticamente modificadas (GM) vem crescendo de forma acelerada em âmbito global Área Global das Lavouras Geneticamente M odificadas (1996-2006) (ha milhões) 102 90 81 67,7 52,6 39,9 58,7 44,2 27,8 11 1,7 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Ano Crescimento de 60 vezes no total da área plantada com culturas GM entre 1996 e 2006, com adoção por 22 países Fonte: ISAAA (2006) 2 Os EUA são os principais usuários de culturas GM, com aproximadamente 53,5% da área plantada global País Área (milhões ha) Participação EUA Argentina Brasil Canadá Índia China Paraguai África do Sul Uruguai Filipinas Austrália Outros 54,6 18,0 11,5 6,1 3,8 3,5 2,0 1,4 0,4 0,2 0,2 0,3 102,0 53,5% 17,6% 11,3% 6,0% 3,7% 3,4% 2,0% 1,4% 0,4% 0,2% 0,2% 0,3% 100,0% Total Culturas Soja, milho, algodão, canola, abóbora, papaia, alfafa Soja, milho, algodão Soja, algodão Canola, milho, soja Algodão Algodão Soja Soja, milho, algodão Soja, milho Milho Algodão A área plantada com culturas GM em países em desenvolvimento corresponde a 40% da área plantada global Fonte: ISAAA (2006) 3 A soja GM continua sendo a cultura GM mais adotada em todo o mundo Cultura Área (milhões ha) Participação (%) Soja 58,6 57% Milho 25,2 25% Algodão 13,4 13% Canola 4,8 5% Total 102 100% A tolerância a herbicida é o principal tipo de gene comercializado (68%), seguido pela resistência a insetos (19%) e tratamentos combinados (13%) Fonte: ISAAA (2006) 4 A adoção de culturas GM proporciona ganhos econômicos e ambientais bastante significativos Tecnologia • Transferência de genes entre um organismo doador e uma planta por meio de técnicas seguras de engenharia genética; • Permite às plantas apresentarem as características desejadas, presentes nos genes transferidos para elas; • Principais tecnologias: tolerância ao glifosato; resistência a insetos. Benefícios • Econômicos: redução dos custos de produção e o aumento da produtividade quando comparada às culturas convencionais; • Ambientais: redução da necessidade de aplicação de produtos agroquímicos nas lavouras; • Incentiva adoção de técnicas de plantio mais produtivas e conservacionistas. Ex: plantio direto. 5 A tolerância ao glifosato eleva a produtividade da lavoura e reduz a necessidade de herbicidas Plantas Convencio nais • Controle de plantas daninhas por meio da aplicação de diversos tipos de herbicida, o que requer o uso intensivo de máquinas e combustíveis: custo elevado Plantas tolerantes • Os produtores conseguem reduzir o número de herbicidas e de suas aplicações, tornando os mecanismos de controle mais simples, mais baratos e, portanto, mais eficientes. • Aumento de produtividade: a produção agrícola é maior quanto menor a quantidade de plantas daninhas; Benefícios • Redução de custo de produção: menor número de aplicações reduz custo de produto, mão-de-obra e equipamentos; • Ambientais: redução do volume de herbicidas; menor toxicidade do glifosato. 6 A resistência a insetos também eleva a produtividade da lavoura, dispensando a aplicação de inseticidas Plantas Convencio nais Plantas resistentes Benefícios • Insetos causam danos severos e seu controle requer aplicação de diferentes tipos de inseticidas: custo elevado • O uso indiscriminado de inseticidas pode contaminar o solo, rios e lençóis freáticos, provocando alterações ambientais • A introdução de genes específicos em plantas torna-as resistentes a algumas espécies de insetos, que morrem ao tentar se alimentar das plantas • Aumento de produtividade: não há restrições quanto à localização do inseto na planta; não há risco de desenvolvimento de resistência por parte do inseto; controle é realizado em todo o ciclo da lavoura (da emergência à colheita); • Redução de custo de produção: substancial redução no volume de inseticidas e no número de aplicações; • Ambientais: redução do risco de contaminação ambiental 7 No Brasil, a penetração de culturas GM no total de lavouras do país é ainda reduzida em função do atraso da permissão para sua comercialização 1998 Safra 2003/2004 • CTNBio aprova comercialização da soja tolerante ao glifosato • Aprovação do plantio da soja tolerante ao glifosato por meio de Medida Provisória • Aprovação da Lei de Biossegurança (nº 11.105, de 2 de março), que regulamenta a aprovação e adoção de lavouras GM no país. 2005 • Permite a venda comercial de semente de soja certificada tolerante ao glifosato e o uso do algodão resistente a inseto. • O algodão não foi plantado em 2005, vez que as sementes registradas oficialmente não estavam disponíveis para plantio. A adoção de culturas GM se limita à soja tolerante ao glifosato, tendo se estendido recentemente à tecnologia do algodão resistente a insetos 8 Os benefícios estimados e potenciais da adoção da soja, do algodão e do milho GM no Brasil são bastante significativos Ganhos Econômicos Ganhos Ambientais Ganhos não considerados • Metodologia: concentra-se nos impactos econômicos gerados no âmbito de produção das lavouras; • Fonte: utiliza dados sobre redução de custos de produção e aumento de produtividade presentes em estudos de instituições de pesquisa e dados de órgãos oficiais • Devido à difícil mensuração, busca-se avaliar apenas os impactos diretos da adoção de culturas GM, traduzidos, sobretudo, na menor quantidade utilizada de agrotóxicos • Ganhos advindos do aumento da área cultivada devido ao menor custo e à maior produtividade das culturas GM; • Tecnologias do algodão e do milho tolerantes a herbicidas e tratamentos combinados. 9 A área plantada com soja tolerante ao glifosato atingiu aproximadamente 56% da área plantada de soja no Brasil na safra 2006/2007 Penetração da Soja Geneticamente Modificada (mil ha) 22% 24% 42% 56% 12.829 9.331 18% 1% 13% 5% 16% 17.721 16.756 15.115 13.669 12.875 12.788 12.100 9.400 120 720 1.870 1998/99 1999/00 2000/01 2.660 3.360 4.620 5.580 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 GM 2005/06 11.767 2006/07 Convencional MT, PR, GO, MS, MG e RS responderam por 85% da produção nacional de soja em 2005. No RS, 97% da área plantada de soja na safra 2006/07 correspondeu a culturas GM Fonte: Celeres (2007) 10 Estima-se que os benefícios econômicos obtidos pelos produtores de soja GM entre 1998 e 2007 cheguem a US$ 2,9 bilhões Benefícios (US$/ha) Ano Safra 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 Acumulado Período • Redução de custos = 42,34 • Ganhos de produtividade = 30,32 Área Plantada com Soja GM (mil ha) 120 720 1.870 2.660 3.360 4.620 5.580 9.400 11.767 40.097 Redução de Custos (US$ mil) 5.080 30.481 79.166 112.611 142.246 195.588 236.229 397.949 498.165 1.697.516 Ganho de Produtividade (US$ mil) 3.639 21.832 56.703 80.658 101.884 140.090 169.200 285.032 356.812 1.215.848 Aumento da (1) Renda Líquida (US$ mil) 8.719 52.313 135.870 193.269 244.129 335.678 405.429 682.980 854.977 2.913.364 Verifica-se, ainda, o aumento da participação do glifosato no total de herbicidas utilizados na cultura da soja, com redução do uso de outros herbicidas mais tóxicos Fonte: Elaboração Própria com base em Martin et. al. (2002), Celeres/Abrasem/Conab/ISAAA. (1) Considerando constante o preço da saca. 11 A legalização da cultura de algodão resistente a insetos foi aprovada no Brasil apenas em 2005 Aprovação Plantio Produção • Aprovação, em 2005, de um evento (MON 531) permitiu pela primeira vez aos produtores de algodão a cultura legal do algodão resistente a insetos • Apesar de autorizada a utilização de sementes de algodão GM resistente a insetos, as sementes registradas oficialmente não estiveram disponíveis para plantio comercial em 2005. • Não houve produção oficial de algodão GM em 2005 no Brasil, não existindo dados da penetração do algodão resistente a insetos no total da produção brasileira de algodão Não há histórico suficiente de dados para avaliar quais os ganhos econômicos e ambientais já alcançados com a produção de algodão resistente a insetos no Brasil 12 Estima-se que os ganhos da produção de algodão resistente a insetos possam chegar a US$ 86 milhões ao ano no Brasil Benefícios (US$/ha) Taxa de Penetração da Tecnologia 10% 20% 30% 40% 50% 100% • Economia de produto = 57,82 • Economia Pulverização = 10,52 • Ganhos de produtividade = 101,81 Redução no Redução no Custo de Custo do Pulverização (mil US$) 1.068 2.135 3.203 4.271 5.338 10.677 (**) Produto (**) (mil US$) 5.868 11.736 17.604 23.473 29.341 58.682 Ganho de Produtividade (mil US$) 10.333 20.665 30.998 41.331 51.663 103.327 Economia Total (mil US$) 17.269 34.537 51.806 69.074 86.343 172.685 A redução no volume de inseticidas utilizados na lavoura do algodão a partir da adoção do algodão GM é bastante significativa, podendo chegar a aproximadamente 2.893 toneladas Fonte: Ferreira Filho & Gameiro (2001); CONAB . Considerou-se como base a área plantada de 1.015 mil ha da safra de 2006/07. Preços constantes de 2001. 13 Apesar da utilização de culturas comerciais de milho GM ainda não estar autorizada no Brasil, estima-se que os ganhos possam chegar a US$ 192 milhões ao ano Benefícios (US$/ha) • Ganhos de produtividade = 10% (kg/ha) • Economia de produto = 3,65/ha (safra); 8,09/ha (safrinha) Taxa de Penetração da Tecnologia 10% 20% 30% 40% 50% 100% Redução no Custo do Ganho de Produtividade (**) Produto (mil US$) 6.158 12.316 18.475 24.633 30.791 61.582 (mil US$) 32.190 64.379 96.569 128.759 160.948 321.896 Economia Total (mil US$) 38.348 76.696 115.043 153.391 191.739 383.478 A redução no volume de inseticidas utilizados na lavoura do milho a partir da adoção do algodão GM pode chegar a aproximadamente 1.739 toneladas Fonte: ISAAA (2003); CONAB. Considerou-se como base a produção de 35.134 mil ton do ano de 2005 e o preços mínimos médios de venda de US$ 91,62/ton. Não se considera reduções de custo relativas às aplicações de inseticidas 14 Em resumo, o total de ganhos a partir da adoção de soja, algodão e milho GM pode chegar a US$ 1,1 bilhão ao ano(*) no Brasil Cultura/Safra Redução de Custos de Produção (US$ mil) Aumento de Produtividade (US$ mil) Total Ganhos Econômicos (US$ mil) Soja acumulado (1998/99 – 2006/07) 1.697.516 1.215.848 2.913.364 Soja (safra 2006/07) 498.165 356.812 854.977 Algodão (anual) 34.679 51.663 86.343 Milho (anual) 30.791 160.948 191.739 Total (anual) 563.635 569.423 1.133.058 (*) Total anual considerando a os ganhos da soja geneticamente modificada na safra 2006/07. Taxa de 50% de adoção do algodão e do milho geneticamente modificados 15