Energia & Gases Industriais 2011
Novas formas de fomento a programas
de eficiência energética na indústria
brasileira
Sergio Valdir Bajay
Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE) e
Departamento de Energia (DE), Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM)
Universidade Estadual de Campians (Unicamp)
Campinas, SP, Brazil
Evolução de alguns indicadores de eficiência energética e
de emissões de CO2 nas indústrias brasileira, americana e
francesa, de 1980 a 2008
Brasil
Unidades
1980
1990
2000
2008
Intensidade energética da indústria (em relação ao seu valor adicionado (VA)) (em ppc)
kep/$05p
0,140
0,178
0,182
0,188
Intensidade energética da indústria de transformação (em ppc)
kep/$05p
0,211
0,269
0,283
0,291
Intensidade energética da indústria química (em ppc)
kep/$05p
n.d.
n.d.
0,247
0,253
Consumo energético específico na produção de aço
tep/t
0,59
0,63
0,55
0,53
Participação de processos elétricos na produção de aço
%
25,9
23,8
20,6
23,5
Participação da cogeração industrial na geração total de energia elétrica no País
%
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
Intensidade de emissões de CO2 na indústria (em relação ao seu VA) (em ppc)
kCO2/$05p
n.d.
0,223
0,278
0,243
tCO2/cap
n.d.
0,36
0,52
0,52
Intensidade energética da indústria (em relação ao seu valor adicionado (VA)) (em ppc)
kep/$05p
0,271
0,163
0,136
0,122
Intensidade energética da indústria de transformação (em ppc)
kep/$05p
0,418
0,252
0,197
0,180
Intensidade energética da indústria química (em ppc)
kep/$05p
0,506
0,421
0,535
0,503
tep/t
0,52
0,43
0,35
0,31
%
27,9
37,3
47,0
58,1
Emissões per capita de CO2 na indústria
Estados Unidos
Consumo energético específico na produção de aço
Participação de processos elétricos na produção de aço
Participação da cogeração industrial na geração total de energia elétrica no País
%
0
5,9
4,3
3,4
Intensidade de emissões de CO2 na indústria (em relação ao seu VA) (em ppc)
kCO2/$05p
n.d.
0,394
0,294
0,253
tCO2/cap
n.d.
2,90
2,58
1,95
Intensidade energética da indústria (em relação ao seu valor adicionado (VA)) (em ppc)
kep/$05p
0,168
0,113
0,105
0,079
Intensidade energética da indústria de transformação (em ppc)
kep/$05p
0,226
0,155
0,145
0,114
Intensidade energética da indústria química (em ppc)
kep/$05p
0,731
0,361
0,238
0,151
tep/t
0,50
0,43
0,32
0,36
Participação de processos elétricos na produção de aço
%
15,9
28,4
40,3
40,3
Participação da cogeração industrial na geração total de energia elétrica no País
%
0
0,3
1,9
2,2
Intensidade de emissões de CO2 na indústria (em relação ao seu VA) (em ppc)
kCO2/$05p
n.d.
0,296
0,242
0,199
tCO2/cap
n.d.
1,63
1,45
1,26
Emissões per capita de CO2 na indústria
França
Consumo energético específico na produção de aço
Emissões per capita de CO2 na indústria
Fonte: Enerdata (www.enerdata.net, acessado em 28 de novembro de 2010)
Potenciais técnicos, absolutos e relativos, de conservação de
energia em segmentos industriais energo-intensivos no Brasil
Segmentos
industriais:
Ano
Ind. siderúrgica
Energia térmica
Energia elétrica
Total
Pot. abs.(tep)
Pot. rel. (%)
Pot. abs.(tep)
Pot. rel.(%)
Pot. abs.(tep)
Pot. rel.(%)
2007
5.774.921
34,7
1.048.073
66,4
6.822.994
37,4
Ind. cerâmica
2007
1.464.345
41,0
28.427
10,0
1.492.772
38,9
Ind. química
2006
1.284.667
23,4
188.973
10,0
1.473.640
20,0
Papel e celulose
2006
1.273.035
19,0
160.259
12,0
1.433.294
17,9
Ind. de cimento
2007
912.958
30,4
144.147
38,8
1.057.105
31,3
Metais não
ferrosos
2006
415.132
16,5
398.981
12,6
814.113
14,3
Alimentos e
bebidas
2004
260.404
1,6
257.113
15,1
517.517
2,9
Fabric. de vidro
2007
222.831
46,3
0
0
222.831
44,5
Cal e gesso
2007
172.191
23,0
50.105
64,6
222.296
27,0
Ind. extrat. mineral
2007
0
0
212.921
22,9
212.921
6,4
Indústria têxtil
2005
129.990
24,0
62.219
9,4
192.209
16,0
Fundições
2007
57.328
22,2
65.881
24,1
123.208
23,1
Ferro-ligas
2007
0
0
87.725
11,8
87.725
4,9
Fonte: NIPE/Unicamp para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Procel
Comparações entre a experiência brasileira com
programas de eficiência energética na indústria e as
experiências de 13 outros países com tais programas
• Preocupações ambientais, sobretudo com as emissões de gases que causam o efeito
estufa, estão entre as principais motivações para a maioria dos programas de
eficiência energética adotados recentemente nos países desenvolvidos,
particularmente naqueles que fazem parte do Anexo I do Protocolo de Quioto
• Já em boa parte dos países em desenvolvimento, como o Brasil, existem outros
motivadores para estes programas, como, por exemplo, melhor utilização das
capacidades de suprimento de energia disponíveis, particularmente de energia
elétrica, diminuindo os riscos de desabastecimento, ou de ocorrerem grandes
aumentos de preços; diminuição dos montantes de investimento requeridos para se
expandir os parques produtores de energia; redução de gastos com importações de
energéticos, etc.
Comparações entre a experiência brasileira com
programas de eficiência energética na indústria e as
experiências de 13 outros países com tais programas
• A quase totalidade dos programas de eficiência energética na indústria analisados
foram concebidos por órgãos governamentais, envolvendo, com freqüência,
parcerias com associações de classe (EUA, Suécia, Canadá , Finlândia, Dinamarca
e Austrália)
• No Brasil isto começou a ser feito há alguns anos atrás, através de convênios entre
o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), coordenado
pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e executado pela Eletrobrás, e
federações estaduais da indústria, no âmbito do programa “Procel Indústria”
• Estes convênios do Procel visam minimizar perdas nos sistemas motrizes já
instalados na indústria brasileira, e acelerar a penetração de motores de indução
trifásicos de alto rendimento
• Em 2006 foi estabelecida uma parceria entre o Procel e a Confederação Nacional
da Indústria (CNI)
Comparações entre a experiência brasileira com
programas de eficiência energética na indústria e as
experiências de 13 outros países com tais programas
• Nos países analisados, se têm departamentos de ministérios responsáveis pelo
planejamento e gerenciamento dos programas de eficiência energética na indústria
(EUA, Canadá, Finlândia, Dinamarca, México e Austrália), ou, então, agências
criadas com esta finalidade (Nova Zelândia, Japão, Alemanha, Québec/Canadá e
China)
• A agência sueca trata da área energética como um todo, enquanto que a agência
francesa também lida com questões ambientais
• A Inglaterra é uma exceção em relação a estas duas tendências majoritárias, já que
criou uma empresa privada para buscar reduções nas emissões de GEEs naquele
país, lançando mão, entre outras estratégias, de programas de eficiência energética
• No Brasil não há departamentos de ministérios, ou agências encarregadas de
planejar e gerenciar programas de eficiência energética para a indústria. O MME,
através do Departmento de Desenvolvimento Energético, coordena os programas
Procel e Conpet, que são gerenciados pela Eletrobras e Petrobras, respectivamente,
que têm apresentado resultados bastante limitados em termos de ganhos de
eficiência energética na indústria
Comparações entre a experiência brasileira com
programas de eficiência energética na indústria e as
experiências de 13 outros países com tais programas
• A maioria dos países analisados possui programas nacionais de eficiência
energética, amparados por leis. Eles também possuem, em geral, metas
quantitativas para ganhos futuros de eficiência energética. Estas metas podem ser
expressas de diferentes maneiras. O mais usual é expressar estas metas na forma
de ganhos percentuais de eficiência energética, conforme ocorre nos países da
União Européia, Nova Zelândia e Japão. Na França e na Inglaterra existem metas
de redução de consumo energético em GWh ou tep. A França, Rússia e China
possuem metas de reduções na intensidade energética destes países
• A tabela mostrada no início desta apresentação ilustra bem que os indicadores
industriais de eficiência energética e de emissões de CO2 daquela tabela foram
muito pouco afetados, até agora, pelas ações dos programas nacionais de eficiência
energética (Procel, Conpet and PEE) and pela Lei de Eficiência Energética. O
Plano Nacional de Energia 2030, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética
(EPE) para o MME, estabeleceu uma meta de economia de eletricidade de 106
TWh/ano, mas o Plano Nacional de Eficiência Energética, que deve direcionar as
ações e programas para que esta meta seja alcançada, ainda não foi implementado
Comparações entre a experiência brasileira com
programas de eficiência energética na indústria e as
experiências de 13 outros países com tais programas
• Acordos voluntários entre governo e indústria têm sido comuns na implementação
de programas de eficiência energética neste setor da economia, sobretudo nos
segmentos energo-intensivos, como pode ser observado nos EUA, Suécia, Canadá,
Finlândia, Dinamarca e Austrália
• Conforme mencionado anteriormente, o Procel tem firmado, nos últimos anos,
convênios com federações estaduais da indústria e com a Confederação Nacional
da Indústria, mas estes convênios não contemplam metas regulares de economias
de energia, nem mecanismos de medição e verificação do atendimento destas
metas, conforme praticado nos países supra-citados
Comparações entre a experiência brasileira com
programas de eficiência energética na indústria e as
experiências de 13 outros países com tais programas
• Por outro lado, vários países tem adotado legislações e regulações de caráter
mandatório envolvendo programas de eficiência energética na indústria. Tais
“obrigações” podem incluir: a necessidade de empresas com consumos elevados
de energia declararem periodicamente, para o governo, ou em seus relatórios
anuais, tais consumos (ex.: Austrália); a obrigatoriedade de empresas acima de um
certo porte terem gerentes de energia; a realização compulsória de planos de
economia de energia (exs.: Rússia e Japão); a obrigatoriedade da realização de
manutenções periódicas de certos tipos de equipamentos, como caldeiras, de
acordo com procedimentos pré-determinados (ex.: França); e a imposição de metas
de conservação de energia para supridores de energia, ou para concessionárias de
serviços públicos de energia, em instalações de seus clientes, inclusive industriais
• Das medidas de caráter mandatório supra-citadas, só há, no Brasil, os Programas
de Eficiência Energética (PEEs) das concessionárias distribuidoras de energia
elétrica, reguladas pela ANEEL, que podem contemplar projetos no setor
industrial. A ANEEL tem estabelecido prioridades, a cada ano, quanto ao campo
de aplicação dos projetos inseridos nos PEE’s, mas não fixa metas de conservação
de energia, como ocorre, por exemplo, com os certificados brancos franceses
Comparações entre a experiência brasileira com
programas de eficiência energética na indústria e as
experiências de 13 outros países com tais programas
• O fomento à realização de diagnósticos energéticos e estudos de otimização
energética de instalações industriais existe desde os primeiros programas de
eficiência energética, ainda na década de setenta. Com freqüência, este fomento
envolve o custeio total, ou, mais usualmente, parcial destes trabalhos
• Desde a sua criação, em 1985, o Procel tem fomentado, de uma forma ou de outra,
diagnósticos energéticos em instalações industriais. Até a década de noventa, o
foco era em diagnósticos subsidiados para empresas de pequeno, ou médio porte.
Mais recentemente, o foco mudou para diagnósticos energéticos realizados por
“elementos multiplicadores” nas empresas que participam dos convênios firmados
entre o Procel e federações estaduais da indústria
• A experiência internacional, e a brasileira também, revelam que o retorno destes
diagnósticos e estudos de otimização é incerto e muito difícil de ser estimado se
tais medidas não estiverem associadas a outras, como incentivos fiscais ou
creditícios, ou, ainda, a realização compulsória de planos de economia de energia
Comparações entre a experiência brasileira com
programas de eficiência energética na indústria e as
experiências de 13 outros países com tais programas
• Incentivos fiscais, ou creditícios para equipamentos industriais eficientes também
existem desde os primeiros programas de eficiência energética industriais. Tais
incentivos existem atualmente na maioria dos países analisados
• No Brasil, incentivos fiscais para equipamentos industriais eficientes só tem sido
concedidos ocasionalmente e por curtos períodos de tempo, como, por exemplo,
durante o período de racionamento de energia elétrica, em 2001
• Linhas de crédito específicas para programas de eficiência energética existem no
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já há alguns
anos; sua utilização, no entanto, têm sido bastante limitada, por conta dos altos
juros praticados no País (apesar dos juros destas linhas do BNDES serem
inferiores às do mercado financeiro, em geral) e da baixa prioridade que tem sido
dada pela maioria dos executivos industriais brasileiros a programas de eficiência
energética
Comparações entre a experiência brasileira com
programas de eficiência energética na indústria e as
experiências de 13 outros países com tais programas
• A participação de ESCOs e seus contratos de performance em programas de
eficiência energética nos setores industrial e de serviços têm crescido no mundo
todo a partir da década de noventa
• Nos países desenvolvidos, o setor de serviços públicos representa o maior mercado
das ESCOs, enquanto que nos países desenvolvidos o seu maior mercado é o setor
industrial. Neste último caso, a atuação das ESCO’s têm se concentrado mais em
sistemas envolvendo equipamentos de uso generalizado nos diversos segmentos
industriais, como motores, bombas, caldeiras, sistemas de ar comprimido, etc.
• Grandes empresas energo-intensivas têm se mostrado, em geral, refratárias para
contratar ESCOs por questões de segredo industrial e, também, por possuírem
capacidade técnica e financeira para realizarem elas próprias o trabalho das
ESCOs. A implantação de um bom sistema de credenciamento das ESCOs, como
ocorre, por exemplo, nos EUA e na China, diminui bastante a barreira de
desconfiança de seus potenciais clientes
Comparações entre a experiência brasileira com
programas de eficiência energética na indústria e as
experiências de 13 outros países com tais programas
• Vários países analisados (EUA, China e México) possuem padrões mínimos
obrigatórios de eficiência energética para alguns equipamentos de uso geral na
indústria
• No Brasil existe, desde 2001, a Lei de Eficiência Energética, que permite a
fixação de níveis mínimos obrigatórios de eficiência energética, ou consumos
energéticos específicos máximos em equipamentos, veículos e edifícios
• O único equipamento de uso industrial, até agora, que teve eficiência mínima
obrigatória regulamentada por força desta lei foi a categoria de motores elétricos
trifásicos do tipo gaiola de esquilo
• No exterior, diversos outros equipamentos de uso geral na indústria, como
bombas, compressores e caldeiras, estão entre os equipamentos que possuem
padrões mínimos obrigatórios de eficiência energética
Comparações entre a experiência brasileira com
programas de eficiência energética na indústria e as
experiências de 13 outros países com tais programas
• Uma estratégia essencial, pouco utilizada no Brasil, para se alcançar ganhos de
eficiência no longo prazo e se conseguir saltos de competitividade sustentáveis
em muitos ramos industriais é através de projetos de pesquisa e desenvolvimento
(P&D) com equipamentos e processos industriais eficientes
• Parcerias público-privadas têm sido montadas em vários países para se diminuir
os riscos e incertezas associadas a estas atividades. Os EUA têm apostado nesta
estratégia, sobretudo através do DOE, já há bastante tempo. Um outro país,
dentre os analisados neste relatório, que também tem seguido este caminho de
uma forma significativa é a Austrália
• No Brasil, alguns projetos de P&D relacionados à eficiência energética industrial
foram financiados com recursos da FINEP e dos fundos setoriais de energia
elétrica (CT-ENERG) e de petróleo e gás natural (CT-PETRO), mas muito aquém
do verificado nos países supra-citados
Comparações entre a experiência brasileira com
programas de eficiência energética na indústria e as
experiências de 13 outros países com tais programas
• O levantamento realizado neste projeto mostra claramente que os programas de
eficiência energética industrial de maior sucesso no exterior não são ações
isoladas. Existem coordenações entre diferentes programas, órgãos
governamentais e empresas
• Certo grau de descentralização também é comum nos programas melhor
sucedidos
• No Brasil, tem sido notória a falta de articulação entre os programas de eficiência
energética industrial do Procel, Conpet e PEEs. Esta articulação, que hoje é
responsabilidade do MME, poderia, eventualmente, ter maior sucesso se
administrada por uma agência executiva de eficiência energética e,
eventualmente, fontes renováveis de energia, conforme está acontecendo na
maioria dos países da União Européia
Recomendações para se aumentar a eficiência energética
da indústria brasileira
• O Brasil nunca teve uma política pública abrangente e de longo prazo para
eficiência energética, com metas de economia de energia acordadas com parceiros
(“stakeholders”) chaves. Estas metas precisam ser baseadas nos resultados de
análises custo/benefício de tecnologias eficientes e boas práticas de gestão
energética. Prazos para se atingir as metas e as responsabilidades de cada parceiro
precisam ser definidas no plano que irá detalhar esta política
• A elaboração de tal política, com um capítulo voltado para ganhos de eficiência
energética na indústria, é uma tarefa para o Conselho Nacional de Política
Energética (CNPE), uma instituição multi-ministerial, diretamente ligada ao
Presidente da República, responsável pela elaboração de políticas energéticas no
País
• O CNPE poderia adotar o mesmo procedimento da Comissão Européia, lançando
inicialmente uma proposta de política para ser discutida pelos “stakeholders”.
Após uma avaliação de suas críticas e recomendações, o Conselho publicaria a
versão final, melhorada, desta política
Recomendações para se aumentar a eficiência energética
da indústria brasileira
• É importante se ter em mente que avanços na eficiência energética da indústria
brasileira trarão não só economias de energia, mas, também, benefícios ambientais
e melhorias na competitividade desta indústria. Logo, esta questão afeta não só o
MME, como também o Ministério do Meio Ambiente e o Minstério de
Desenvolvimento, Industria e Comércio. Todos estes ministérios participam do
CNPE
• Uma agência executiva, subordinada ao MME e com fortes ligações com a
Eletrobras e Petrobras, poderia gerenciar de uma maneira eficaz os vultosos
recursos que serão necessários para transformar programas de eficiência energética
em reais alternativas a projetos de expansão do suprimento de energia no País
• Este avanço nos programas de eficiência energética no Brasil só será possivel se
mecanismos efetivos de medição e verificação (M&V) forem empregados nestes
programas e se houver um razoável grau de descentralização dos programas, em
relação aos estados da Federação, como ocorre nos EUA. Estes dois objetivos
podem ser alcançados mais facilmente com a existência de uma agência executiva,
do que com o atual arranjo institucional
Recomendações para se aumentar a eficiência energética
da indústria brasileira
• Centros de Avaliação Industrial poderiam ser criados nos estados da Federação, tal
qual nos EUA, financiados por esta agência. Estes centros possibilitariam uma
relação mais próxima com a indústria, através de aconselhamento técnico sobre
medidas de eficiência energética, estabelecimento de procedimentos específicos de
M&V para alguns ramos industriais, certificação de empresas prestadoras de
serviços de eficiência energética (ESCOs) e realização de diagnósticos energéticos
em certos casos. Um papel importante destes centros seria pesquisar e registrar os
impactos, na demanda energética e nas emissões de poluentes e de GEEs, das
ações e programas de eficiência energética de empresas em sua área de atuação
• Estes centros também seriam responsáveis por treinamento técnico na área de
eficiência energética, através de parcerias com universidades, ONGs e institutos de
pesquisa
• Programas voluntários entre o governo e indústrias energo-intensivas deveriam ser
criados no Brasil, seguindo as experiências bem sucedidas do Japão e EUA. Estes
programas devem contemplar guias de boas práticas, benchmarking, treinamento
técnico, diretrizes de M&V, financiamento conjunto de projetos de P&D, e
incentivos fiscais e facilidades creditícias para equipamentos eficientes, em troca
de metas de eficiência energética verificáveis, estabelecidas pelas indústrias
Recomendações para se aumentar a eficiência energética
da indústria brasileira
• Guias de boas práticas e facilidades de financiamento também devem estar
disponíveis para indústrias não energo-intensivas, junto com incentivos fiscais para
a adoção de tecnologias de uso geral, tais como motores elétricos e caldeiras,
eficientes
• Normas de gestão energética tem sido adotadas nos últimos anos por muitas
empresas industriais tanto em países desenvolvidos como os EUA e a Suécia, como
em países em desenvolvimento como a China. Foi lançada recentemente a norma
ISO 50.001, compatível com a família de normas ISO 9.000, para qualidade, e a
família de normas ambientais ISO 14.000. A Confederação Nacional da Indústria
(CNI) e as associações ligadas a empresas energo-intensivas, como a ABM, devem
encorajar essas empresas a adotar a nova norma e auxiliá-las no processo de
implementação, independente de novas iniciativas governamentais para a eficiência
energética, na medida em que benefícios substanciais podem ser auferidos pelas
empresas em qualquer circunstância
Alguns grupos industriais no Brasil que adotaram
recentemente programas de eficiência energética
• Apesar da legislação branda e dos poucos incentivos governamentais
hoje existentes, os seguintes grupos industriais, de grande
importância econômica para o País, adotaram, nos últimos anos,
programas abrangentes de eficiência energética:
–
–
–
–
–
–
–
–
Petrobras
Grupo Votorantim
Braskem
Vale
Alcoa
Danone
V&M
3M
Eficiência energética na indústria brasileira:
levantamentos de campo e projeções
• A Universidade Federal do Amazonas (região Norte), a Universidade Federal de
Pernambuco (região Nordeste), a Universidade de Brasília (região Centro-Oeste),
a Universidade Federal de Itajubá (região Sudeste) e a Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (região Sul), financiadas pela FINEP e sob a
coordenação do NIPE/Unicamp, estarão realizando levantamentos de campo sobre
eficiência energética na indústria e em alguns ramos do setor de serviços em todas
as regiões do País
• As principais características técnicas, econômicas, ambientais e de
consumo/produção (cogeração) de energia dos segmentos industriais energointensivos serão analisadas no projeto
• Serão realizadas projeções da demanda energética e dos potenciais ganhos de
energia para cada um destes segmentos nas cinco regiões do País
• Duração do projeto: de agosto de 2011 a dezembro de 2012
Obrigado pela atenção
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Workshop US – Brazil on energy efficiency in industry