O AQUECIMENTO GLOBAL E AS CONSEQUÊNCIAS
NAS REGIÕES LITORÂNEAS
A matriz energética
Petróleo e Gás no contexto
do Aquecimento Global
mitos e verdades
Neilton Fidelis
IVIG/COPPE/UFRJ
[email protected]
Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas
Impactos Ambientais da Geração de Energia
A partir da expansão do uso do carvão, iniciado na
Inglaterra no final do século XVIII, o processo de
expansão dos sistemas energéticos se realizou sobre a
crescente substituição das fontes renováveis por um
vertiginoso uso de fontes não renováveis, no princípio o
carvão mineral, e logo depois década de 1930 pelo
petróleo.
A abissal dependência dos sistemas energéticos/econômicos
das fontes não renováveis de energia tem acarretado, além
de uma permanente apreensão no que concerne ao caráter
esgotável desses recursos e a garantia do livre acesso a
estes, uma preocupação, em escala planetária, referente às
emissões de grandes quantidades de dióxido de carbono
(CO2) na atmosfera.
O debate conduzido nas ultimas décadas em torno do
registro de uma elevação na temperatura média do planeta
conduziu o meio cientifico ao estabelecimento de uma
uniformidade de pensamento na qual se afirma existir
estreitas relações entre a produção e uso da energia, e suas
contribuições para o “aquecimento global”, fruto de um
aumento nas concentrações dos gases intensificadores do
efeito estufa.
O debate conduzido nas ultimas décadas em torno do
registro de uma elevação na temperatura média do planeta
conduziu o meio cientifico ao estabelecimento de uma
uniformidade de pensamento na qual se afirma existir
estreitas relações entre a produção e uso da energia, e suas
contribuições para o “aquecimento global”, fruto de um
aumento nas concentrações dos gases intensificadores do
efeito estufa.
Atividades Antropogênicas que Contribuem para o
Aquecimento Global
3%
Atividades Nãoenergéticas
14%
GEE por Fontes
24%
18%
Geração de Energia
Industria
14%
Transporte
Construção
Outras Atividades Energéticas Relacionadas
Uso da Terra
5%
Agricultura
Resíduos
8%
14%
A distinção fundamental entre os homens
e os animais só é possível de ser
verificada a partir do momento em que o
homem passa a produzir e reproduzir
seus meios de sobrevivência
Ao produzirem os seus meios de
existência,
os
homens
produzem
indiretamente a sua própria vida material”
(Marx, p. 11, 2002).
“O tratamento consciente e racional da
terra como propriedade comunal
permanente é a condição inalienável
para a existência e reprodução da cadeia
de gerações humanas (Marx, 1860)
“Estruturas essenciais do relacionamento triunfante - do homem com a natureza, os
sistemas energéticos constituem realmente
os fundamentos do desenvolvimento das
sociedades; situados na articulação do
relacionamento – restritivo – da natureza,
com o homem, marcam os limites deste
desenvolvimento” - Hêmery
Uma
condição
indispensável
para
o
desenvolvimento de qualquer sociedade
moderna é a existência de um sistema
energético que possa garantir o abastecimento
regular de energia, baseado em recursos
abundantes, que possam ser obtidos a custos
racionais que sejam de fácil transporte e que
possuam suficiente qualidade
Os
sistemas
energéticos,
fundamentais
ao
desenvolvimento da sociedade, são compreendidos como
corpos que articulam a relação, restritiva por natureza, do
homem com os recursos naturais disponíveis a este,
abrangendo, portanto, toda a cadeia de produção,
transformação e distribuição, além de suas repercussões
no sistema sócioeconômico.
Ao longo da história humana os câmbios energéticos
foram condicionados por privações, escassez de matéria
prima, restrições ao acesso às fontes, bem como pelo
desmantelamento das estruturas energéticas anteriores.
A primeira grande ruptura energética o que está
descrito no livro do Gênesis: o momento que Adão foi
expulso do Paraíso e condenado à maldição divina aos
pesados trabalhos agrícolas. “O solo será maldito por
tua causa, é com sofrimento que tu te alimentarás
todos os dias da tua vida (...) tu comerás o pão
produzido com o suor do teu rosto”.
O que se escreve no processo histórico é a busca
contínua da superação dos obstáculos postos ao
trabalho. É desta procura que se estabeleceu à liturgia
do progresso – do desenvolvimento – está, por sua
vez, conformada na sucessiva inovação da produção
material.
Como saldo, historia-se o contínuo aumento dos
rendimentos dos sistemas naturais, a complexificação
das máquinas e sistemas energéticos, o crescimento
demográfico e o que é mais determinante: o aumento
da produtividade do trabalho humano.
Ao final do século passado a humanidade se viu diante
da constatação de uma ruptura na regularidade
tecnológica pautada no aumento de ganho de
produtividade a valores decrescente de utilização de
energia.
O que se constatou, desde então, foi a crescente
necessidade de ampliação da quantidade da energia
primária, necessária ao funcionamento do sistema
econômico, para a obtenção de uma energia final, sem
se auferir um acréscimo na taxa de disponibilidade desta
última.
Evolução do Consumo Mundial de Energia Primária
Carvão
Petróleo
Gás Natural
Eletricidade Primaria
MtEP
Total Fonte Comercial
Biomassa e outros
10000
Total
9000
8000
7000
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
1700
1750
1800
1850
1900
1950
1973
1989
2000
Ano
Evolução do Consumo Mundial de Energia Primária
1700 – Consumo Mundial predominantemente renovável – LENHA e DERIVADOS
1800 – O Consumo cresceu 25% neste século
1850 – Em meio século (1800 -1850) o consumo mundial cresceu 47%
• LENHA tem maior participação
• CARVÃO 15%
1900 – No período de 1850 a 1900, o consumo mundial de energia quase
duplicou
• LENHA em queda
• CARVÃO é a maior fonte comercial (mais da metade da
demanda)
• PETRÓLEO, GÁS NATURAL e ELETRICIDADE passam a compor a
cesta das fontes comerciais (juntas respondem por apenas 2%)
1950 - No período de 1900 a 1950, o consumo mundial de energia cresceu quase
duas vezes e meia
• PETRÓLEO o “energético do século” – 24%
• GÁS NATURAL 8%
• ELETRICIDADE se consolidou como fonte
Evolução do Consumo Mundial de Energia Primária
1973 – Entre 1950 e 1970 o consumo mundial quase que triplicou
• PETRÓLEO, GÁS NATURAL e ELETRICIDADE segue em crescimento
• ENERGIA NUCLEAR como fonte de geração de eletricidade
• O Choque do Petróleo impulsionou a pesquisa de novas fontes de energia
1973 – Entre 1970 e 1990 o crescimento do consumo fica restrito a pouco menos que
35%
 Acidentes nas Usinas Nucleares
 Ações sobre a demanda e oferta devido o choque do PETRÓLEO
2000 – O século termina com os combustíveis fósseis totalizando 80% de todo consumo
Energético
• Humor dos mercados
• Conflitos por condicionados por escassez e restrições ao acesso ás fontes
Projeção Mundial de Emissões de CO2
1998
13 % Ex-URSS e
Europa Oriental
23 bilhões de
toneladas de C
24% EUA
25% Ásia e
Europa Ocidental
38 % Países em
Desenvolvimento
Regiões
Responsáveis
pelas emissões
de CO2 no
mundo
2020
11 % Ex-URSS e
Europa Oriental
21% EUA
18% Ásia e
Europa
Ocidental
35 bilhões de
toneladas de C
50% Países em
Desenvolvimento
Participação por Fonte
Nuclear
6,3%
H idroeletricidade
2,2%
C ombus tiveis R enováveis e
R es íduos
10,0%
O utros (*)
0,5%
G ás Natural
20,7%
C arvão
25,3%
P etróleo
35,0%
Fonte: IEA, 2007
Distribuição Percentual do Abastecimento de
Energia por Região Econômica em 2007
África
5,3%
América L atina
4,4%
outros
1,5%
Ás ia (*)
11,2%
OC DE
48,5%
C hina
15,2%
E uropa Não-O C D E
0,9%
E x-UR S S
8,6%
O riente Médio
4,4%
Fonte: IEA, 2007
(*) Ásia exclui China
Brasil: Evolução da Oferta
Interna de Energia
Fonte: MME (BEM 2007)
Brasil: Oferta Interna de Energia
Fonte: MME (BEM 2007)
Matriz Energética: Brasil/Mundo
Brasil Emissões de CO2 - 1994
Queima de Combustíveis
Indústria
7%
Queima de Combustíveis
Transporte
9%
Queima de Combustíveis
Outros Setores
6%
Emissões
Fugitivas
1%
Processos
Industriais
2%
Mudança no Uso da Terra
e Florestas
75%
20%
Emissões Brasileiras de CO2eq (1994)
1%
17%
2%
55%
Energia
Processos Industriais
Uso de Solventes e Outros Produtos
Agropecuária
Mudança no Uso da Terra e Florestas
Tratamento de Resíduos
Considerando GWP do CH4 = 21
Fonte: MMA/SMCQ - Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental
25%
Contribuição Histórica do Brasil
Contribuições para a Mudança do Clima em 1990 da
emissão de Combustíveis Fósseis e Mudança no uso da
terra por país
Brasil
1,0%
Austrália África do Sul
1,2%
1,3%
Itália
1,7%
Índia
1,9%
Soma de outros
países com
menos de 1%
19,1%
Polônia
2,8%
Japão
4,2%
Estados Unidos
42,6%
Reino Unido
10,5%
China
6,4%
Canadá
2,9%
França
4,5%
Mitigação da Mudança do Clima:
Contribuição do Grupo de Trabalho III
Oferta
de
energia
Principais tecnologias e práticas de
mitigação
disponíveis
comercialmente na atualidade.
Principais tecnologias e práticas de mitigação
projetadas para serem comercializadas
antes de 2030.
Oferta de
Energia
Melhoria da eficiência da oferta e
da distribuição;
troca de combustível: carvão
mineral por gás; energia nuclear;
calor
e
energia
renováveis
(hidrelétrica, energia solar, eólica,
geotérmica e bioenergia); calor e
energia combinados;
aplicações
antecipadas
de
captação e armazenamento de
carbono
(por
exemplo,
armazenamento do CO2 removido
do gás natural)
Captação e armazenamento de carbono para
usinas geradoras de eletricidade a base de
gás, biomassa e carvão mineral; energia
nuclear avançada;
energia renovável avançada, inclusive energia
de ondas e marés, solar concentrada e solar
fotovoltaica
Transporte
Veículos com combustíveis mais
eficientes;
veículos
híbridos;
veículos a diesel mais limpos;
biocombustíveis;
Biocombustíveis
de
segunda
geração;
aeronaves mais eficientes; veículos elétricos e
híbridos avançados com baterias mais
potentes e confiáveis
Mitigação da Mudança do Clima:
Contribuição do Grupo de Trabalho III
Setor
Oferta de
Energia
Manejo de
resíduos
Políticas, medidas e instrumentos
que
se
mostraram
ambientalmente eficazes
Principais restrições ou oportunidades
Redução dos subsídios aos
combustíveis fósseis
Impostos ou taxas do carbono
sobre os combustíveis fósseis
Tarifas por unidade para as
tecnologias de energia renovável
Obrigações de energia renovável
Subsídios aos produtores
A resistência decorrente do capital investido
pode dificultar a implementação
Incentivos à energia renovável ou
obrigação de uso de energia
renovável
Disponibilidade local de combustível de baixo
custo
Podem ser adequadas para criar mercados
para tecnologia
Mitigação da Mudança do Clima:
Contribuição do Grupo de Trabalho III
A energia renovável tem efeito positivo na segurança
energética, na geração de empregos e na qualidade do
ar. Tendo em vista os custos relativos a outras opções
de oferta, a eletricidade renovável, que respondeu por
18% da oferta de energia em 2005, pode ter uma
participação de 30 a 35% na oferta total de
eletricidade em 2030.
Para níveis de estabilização mais baixos, os cenários do
IPCC colocam ênfase no uso de fontes energéticas com
baixo carbono, como a energia renovável e a energia
nuclear.
A bioenergia moderna poderá contribuir de forma
substancial com a parcela de energia renovável no
portfólio de mitigação.
Mitigação da Mudança do Clima:
Contribuição do Grupo de Trabalho III
As políticas de mudança do clima relacionadas com a
eficiência energética e a energia renovável são com
freqüência benéficas do ponto de vista econômico,
melhoram a segurança energética e reduzem as
emissões de poluentes locais.
Outras opções de mitigação na área da oferta de
energia podem ser planejadas para também alcançar
benefícios de desenvolvimento sustentável, como evitar
o deslocamento de populações locais, criação de
empregos e benefícios para a saúde.
É necessário agora reconhecer que a energia física,
ultrapassados certos limites, se torna inevitavelmente
corruptora do ambiente social. Mesmo que se
conseguisse produzir uma energia não contaminante
e produzi-la em quantidade, o uso massivo de energia
terá sobre o corpo social o mesmo efeito que a
intoxicação produzida por uma droga fisicamente
inofensiva, mas psiquicamente escravizante (ILLICH).
120%
Evolução do Consumo de Energia
Elétrica e do PIB
100%
80%
60%
PIB
Consumo de Eletricidade
40%
20%
0%
-20%
Desafio
O homem seguiu continuamente
substituindo os conversores orgânicos,
estes de difícil controle, pelos inorgânicos.
Os marcos do aproveitamento dos recursos energéticos e
usos da energia estão postos sobre o grau de liberdade que
estes possibilitaram à exteriorização do corpo humano.
Primeiros
Usos
Utilização direta dos
Fluxos naturais de
energia
Segunda
Fase
Descoberta do Fogo
– consumo de
energia de forma
acumulada
Terceira
Fase
Máquina a Vapor –
Modifica as
condições de oferta
e demanda
Quarta
Fase
Novas Tecnologias –
Gerador elétrico de
corrente alternada
?
Energia
Nuclear
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Seminário Aquecimento Global