26 MAR | 2013 TROMPAS LUSAS 19:30 SALA 2 J. Bernardo Silva, Bruno Rafael, Nuno Costa e Hugo Sousa trompas Gioachino Rossini Le Rendez‑vous de Chasse, para quatro trompas naturais [1828; c.4min.] Paul Hindemith Sonata para quatro trompas 1. Fugato 2. Lebhaft 3. Variationen [1952; c.16min.] [pausa técnica] Carl Oestreich Quarteto para trompas - Presto scherzando [1836; c.3min.] Luís Carvalho Hornphony [2000‑02/2010; c.15min.] 1. Intrada 2. Fanfara 3. Epilogue Gioachino Rossini (Pesaro, 1792 – Paris, 1868) é um dos compositores mais reconhecidos, especialmente pelas suas inúmeras óperas. Mas da sua obra constam também obras corais e de música de câmara. Segundo rumores, Rossini apreciava muito a trompa e tocava ele próprio o instrumento. Provavelmente terá sido ensinado por seu pai, que era trompista. Le Rendez‑vous de Chasse foi com posta em 1828 depois de visitar em França os campos de caça de Compiègne. Paul Hindemith (Hanau, 1895 – Frankfurt am Main, 1963) nasceu na Alemanha e começou a sua educação musical ainda muito jovem. Aos nove anos iniciou o es tudo do violino e com 14 anos de idade estudava compo sição no Conservatório Superior de Frankfurt. Tornou ‑se particularmente proficiente no violino, viola d’arco, clarinete e piano. Em 1916, foi nomeado concertino da MECENAS PROGRAMAS DE SALA Orquestra da Ópera de Frankfurt, cargo a que renunciou em 1923 para viajar com o quarteto de cordas Amar como violetista. A apresentação pública da sua música viria a ser banida pelos nazis. Hindemith acabaria por deixar a Alemanha, tendo‑se radicado nos EUA. Aí foi professor na Universidade de Yale. Em 1953 regressaria à Europa, vivendo em Zurique e leccionando na Universidade local. Ao longo da sua vida, foi um músico multifacetado: in térprete, professor, administrador e maestro, para além de compositor. Era reconhecido pela sua habilidade em escrever para uma ampla variedade de instrumentos. A trompa era outro dos instrumentos que tocava. Compôs uma Sonata para trompa e piano; uma Sonata para trom pa alto e piano em Mi bemol (1943); um Concerto para trompa e orquestra (1949, inspirado pelo génio de Den nis Brain) e uma Sonata para 4 trompas. Hindemith completou a Sonata para quatro trompas em Yale durante o mês de Novembro de 1952. A Sonata foi dedicada aos trompistas de Salzburgo que, no ano ante rior, durante uma tournée de comboio pela Europa, sur preenderam numa manhã Hindemith com uma serenata musical. A obra foi estreada em Junho de 1953 em Viena, por trompistas da Orquestra Filarmónica de Viena, lide rados pelo lendário Gottfried von Freiberg. Carl Oestreich (Spremberg, 1800 – Frankfurt am Main, 1840) foi um compositor e trompista alemão. Estudou em Dresden e teve o seu primeiro emprego na Orques tra da Corte de Dresden. Em 1820 mudou‑se para Frank furt, onde mais tarde passou a ser trompista da Orques tra da Ópera. Conquistou reconhecimento através de uma tournée de concertos pela Alemanha. Em 1832 teve de se aposentar por motivos de saúde. Em Frankfurt foi membro da Loja Maçónica “Sócrates a firmeza”. A maio ria das suas composições são dedicadas à trompa, quer solista quer em conjuntos de trompas. Compôs também para diversos instrumentos de sopro, piano, voz e terá também escrito uma ópera. Algumas das suas obras fo ram dedicadas ao seu irmão Edward, também ele trom pista. Hoje, entre as suas obras mais tocadas estão os MECENAS CASA DA MÚSICA APOIO INSTITUCIONAL MECENAS PRINCIPAL CASA DA MÚSICA seus Trios e os Quartetos para trompas. Estas obras de monstram o óbvio conhecimento da trompa e o interesse em experimentar e explorar técnicas. Embora, na altura da composição, a nova trompa de válvulas tivesse já sido introduzida, estas obras foram originalmente pensadas para a trompa natural. 1ª trompa, que toca em meias‑válvulas. Finalmente o títu lo, Hornphony, é uma aglutinação entre os termos ingleses horn (trompa) e symphony (sinfonia). O uso do primeiro é óbvio; o segundo é aqui usado no seu sentido etimológico, significando “tocar em conjunto”. Assim, Hornphony pode ser traduzido como “trompas tocando em conjunto”.» Luís Carvalho (Porto, 1974) é clarinetista, maestro e com positor. Apresentou‑se em recitais e concertos um pou co por toda a Europa, Norte de África, Médio Oriente e Ásia, muitas vezes estreando as suas próprias obras e de outros compositores contemporâneos portugueses e es trangeiros. Natural do Porto, onde efectuou o essencial da sua formação inicial em composição com Fernando C. Lapa, frequentou também palestras e workshops com importantes compositores do panorama mundial como Luis de Pablo (Espanha) e Magnus Lindberg (Finlândia). Estudou ainda direcção de música contemporânea em Madrid com Arturo Tamayo. Galardoado em diversos concursos, destaca‑se o prémio obtido no 4º Concurso Internacional de Composição da Póvoa de Varzim (2009) pela sua obra orquestral Metamorphoses… hommage à M. C. Escher. Mais recentemente foi nomeado para o Pré mio Autores SPA‑RTP (2012) pela sua obra também para orquestra Nise Lacrimosa, inspirada na história trágica dos Amores de D. Pedro e Inês de Castro, uma encomen da do Cistermúsica – Festival de Música de Alcobaça. Luís Carvalho aparece em mais de uma dúzia de CDs, como clarinetista, maestro ou compositor, em etiquetas como Numérica, Casa da Música, Afinaudio ou Public Art. É docente da Universidade de Aveiro, maestro titu lar da Orquestra Verazin (Póvoa de Varzim) e fundador e director artístico/musical da Camerata Nov’Arte (Porto). Sobre Hornphony, escreve Luís Carvalho: «Hornphony foi escrita a pedido do J. Bernardo Silva para ser estreada pelo seu quarteto Trompas Lusas no 1º Festival Trompas Lusas de Espinho, em Outubro de 2010. Parte de uns quantos rascunhos que tinha guardados há já uns anos, que uti lizei e desenvolvi para esta nova obra, se bem que exista também uma considerável quantidade de material novo (por exemplo todo o primeiro andamento, Intrada). Tentei aqui, além obviamente de trabalhar o conteúdo puramen te musical, colocar em evidência as principais caracterís ticas da(s) trompa(s), pelo que é feito um uso intensivo de efeitos como o bouchê, o cuivrêz, a surdina ou a criação de massas sonoras em bloco do estilo fanfarra/coral, as campanas in alto, além das amplas frases musicais, para mim tão psicologicamente ligadas ao timbre grandioso da trompa. A forma externa é uma espécie de tríptico lento ‑rápido‑lento, em que os andamentos exteriores (Intrada e Epilogue) são essencialmente lentos e relativamente lon gos, permitindo largos momentos reflexivos, ao passo que o andamento central (Fanfara) é muito rápido e breve, ape sar de bastante rico em termos de material musical. O úl timo andamento acaba também por fazer uma súmula da obra, ao ser ele próprio uma forma ternária ABA (lento ‑rápido‑lento), concluindo com uma coda de carácter me ditativo, e um derradeiro “chamamento” algo surreal na j. bernardo silva trompas lusas O quarteto Trompas Lusas foi fundado em 2010. Na sua es treia, em Maio de 2010, apresentou‑se com a Orquestra Fi larmónica Cidade de Pontevedra (Espanha) com o Kon‑ zertstück op.86 para quatro trompas e orquestra de Robert Schumann. Tem‑se apresentado regularmente em concerto em diferentes cidades de Portugal e Espanha, e em Abril de 2013 faz a sua estreia na Alemanha. Em 2012, apresentou‑se no Festival Internacional de Música de Espinho, onde jun tamente com Radovan Vlatkovic estreou a obra Voo aos ven‑ tos de Eurico Carrapatoso. Apresentou‑se também em Bar celona na 5ª Trobada de Trompistas da Catalunha. O agrupamento aborda um repertório amplo e varia do, desde a Música de Caça, Barroca, Clássica, até à Mú sica Contemporânea e Popular, e dá especial atenção à execução de obras com trompas naturais. Tem também colaborado com compositores no sentido de alargar o re pertório dedicado à formação, estreando obras de Eurico Carrapatoso, Luís Carvalho, Jon Hansen, Jorge Prendas e Cláudio Moreira. Em 2012 foi lançado o seu álbum de estreia, que apre senta obras do repertório mais tradicional para a forma ção, assim como obras em estreia mundial. Paralelamente à actividade de concertos, o quarte to tem orientado masterclasses e organizado o seu pró prio festival – o Festival Trompas Lusas, que conta já com duas edições e promove vários eventos dedicados à trompa, contando com a presença de jovens trompistas de todo o país. Este Festival tem apresentado convida dos de renome internacional como Hermann Baumann, Ab Koster ou Radovan Vlatkovic. Trompas Lusas é formado por: José Bernardo Silva – Solista da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, Professor de trompa na Universida de de Aveiro e Escola Profissional de Música de Espinho; Bruno Rafael – Professor de trompa na Escola Profissio nal de Música de Viana do Castelo, Academia de Música Valentim Moreira de Sá e Universidade do Minho; Nuno Costa – Professor de trompa no Conservatório de Lousada, Escola Profissional de Música de Viana do Cas telo e Escola Profissional de Música de Espinho; Hugo Sousa – Professor de trompa na Academia de Mú sica de Esposende e Conservatório Regional de Música de Vila Real. O quarteto Trompas Lusas usa bocais e surdinas Romera Brass. www.trompaslusas.net A CASA DA MÚSICA É MEMBRO DE