Encefalopatia Espongiforme Bovina Forma clássica e atípica Ellen Elizabeth Laurindo Fiscal Federal Agropecuário Serviço de Saúde Animal Encefalopatia Espongiforme Bovina Clássica Doença neurodegenerativa fatal, diagnosticada em 1986 no Reino Unido (Wells et al., 1987). Transmitida para humanos (vDCJ) (Will et al., 1996) Pertence ao grupo das Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (EET) Príon Abreviação de Proteinaceous Infectious particle Partícula Proteica Infecciosa (Prusiner et al., 1982) PrPC PrPSC Ano do primeiro relato Etiologia/Transmissão Bovinos EEB clássica 1987 Alimentação EEB tipo H 2004 Desconhecido Biacabe et al., 2004 EEB tipo L (BASE) EEB atípica sem classificação Cervídeos Doença Crônica Depauperante (CWD) Felídeos Encefalopatia Espongiforme Felina Caprinos Scrapie Clássica 2004 2012 Desconhecido Desconhecido Casalone et al., 2004 Seuberlich et al., 2012 1980 Transmissão natural 1990 Alimentação Wyatt et al., 1990 1942 Transmissão natural Chelle et al., 1942 Scrapie Atípica 2007 Desconhecido EEB clássica Humanos 2005 Alimentação Doença de Creutzfeldt-Jacob 1920 Esporádica, genética, iatrogênica Creutzfeldt et al., 1920 Doença de GerstmannSträussler-Scheinker (GSS) 1936 Genética Gerstmann et al., 1936 Kuru 1958 Insônia Familiar Fatal (IFF) 1986 Genética, esporádica 1996 Alimentação Will et al., 1996 1947 Alimentação Burger et al., 1965 Hartsough et al., 1965 Scrapie clássica 1732 Transmissão natural Scrapie atípica 1998 Desconhecida Espécie/Doença vCJD (variante da Doença de Cretzfeldt-Jacob) Mink Encefalopatia Transmissível do Mink Ovinos Referência Wells et al., 1987 Williams et al., 1980 Seuberlich et al., 2007 Eloit et al., 2005 Alimentação (canibalismo) Gadjusek et al., 1958 Lugaresi et al., 1986 Leopold et al., 1750 Schneider et al., 2008 Benestad et al., 2003 História John Selwyn Gummer (Ministro da Agricultura da Inglaterra) e sua filha, em 16/05/1990: ingerem hambúrguer publicamente para ilustrar que não havia , risco de EEB para humanos Em 20/03/1996: Governo britânico admite erro, assumindo que a EEB é zoonose Fonte: E.J. Pierre ADAPAR Origem A partir de um ovino infectado pela scrapie (WILESMITH et al., 1988); Maior ocorrência da EEB no Reino Unido pelo fato deste país ter importado, da Índia, grande quantidade de FCO (Colchester & Colchester, 2005) Shankar & Satishchandra (2005) rebateram essa hipótese Reino Unido => na década de 70, a FCO era utilizada para a alimentação de animais bem mais jovens em comparação a média de idade de outros países europeus, e depois se descobriu que a infecção pelo agente, pela via oral, se dá principalmente nos primeiros dois anos de vida. Mudanças nos processos de extração da gordura nas graxarias, com mudança do processamento térmico das farinhas e retirada do solvente químico, no início dos anos 1980 (WILESMITH et al., 1991) Mutação genética espontânea em um animal (EDDY, 1995; PHILLIPS et al., 2000) EEB como zoonose !! Poucas semanas após a identificação do primeiro caso de EEB, autoridades sanitárias manifestaram preocupação sobre o risco de transmissão dos bovinos para seres humanos (BROWN, 1991). A preocupação com o possível caráter zoonótico da EEB aumentou após a descoberta dessa enfermidade em gatos domésticos (WYATT et al., 1990). A proximidade desses animais com seres humanos aumentou as especulações sobre a quebra da barreira interespécies (BROWN et al., 2001). DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS DE vDCJ DIAGNOSTICADOS NO MUNDO FONTE: NCJDRSU (2014) País Número total de casos primários (número de vivos) Número total de casos secundários: transfusão de sangue (número de vivos) Reino Unido 174(0) 3 (0) França 27 (0) Irlanda 4 (0) Itália 2 (0) EUA 4 (0) Canadá 2 (0) Arábia Saudita 1 (0) Japão 1* (0) Holanda 3 (0) Portugal 2 (0) Espanha 5 (0) Taiwan 1 (0) * Residiu no Reino Unido 24 dias no período de 1980-1996 Residentes do Reino Unido por período > 6 meses entre 1980-1996 177 1 2 0 2 1 0 0 0 0 0 1 Vítimas de variante de DCJ (doença fatal) http://www.justice4andy.com/current_blog_42.html Vítimas de variante de DCJ (doença fatal) “Últimos dias de Andy em dezembro 2007, incapaz de se mover, andar, falar, toda memória apagada e nem mesmo reconhecia sua mãe, incapaz de se alimentar por 15 dias, cego, surdo .... Com apenas 24 anos de idade, morto pelas mentiras do governo, manipulação e ganância”: http://www.justice4andy.com/current_blog_42.html http://www.5min.com/Video/Risks-of-Mad-Cow-Disease-173033501 TRANSMISSÃO VIA ORAL – Ingestão de farinha de carne e ossos (Wilesmith et al., 1988) 1mg de cérebro positivo já é capaz de transmitir a doença (Wells et al., 2007) Infecção em bovinos jovens (Wilesmith et al., 1988) PATOGENIA Longo período de incubação (Balkema-Buschmann et al., 2011) SINAIS CLÍNICOS Distúrbios de comportamento, aumento na sensibilidade, problemas de locomoção (Wilesmith & Ryan, 1992) Queda na produção leiteira e perda de peso progressiva (Wilesmith et al., 1992; Saegerman et al., 2004) MEDIDAS DE CONTROLE Proibição da utilização de FCO na alimentação de ruminantes Efeito prático visualizados após 5-6 anos. Redução de 40% dos casos no Reino Unido (Smith & Bradley, 2003) Remoção do material de risco específico (MRE) Importante medida de proteção aos consumidores (Seuberlich et al., 2010) Vigilância Epidemiológica Segue o preconizado pela OIE (ativa e passiva) Controle de subprodutos e importação de animais vivos Subprodutos: procedimentos que reduzem a infecividade (OIE, 2014) Importação: país de origem, alimentação e ocorrência Casos de EEB no mundo 40000 37316 35140 35000 30000 25390 25000 24542 20000 14424 15000 10000 14664 4 casos atípicos: Holanda, Polônia, Suíça 8310 7243 4553 5000 3485 2514 2637 1957 2215 2179 1389 878 561 329 179 125 70 45 30 21 7 4 1 0 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 (OIE, 2015) Casos de EEB no mundo 40000 37316 35140 35000 30000 25390 25000 24542 20000 14424 15000 10000 14664 6 casos atípicos: Brasil, Espanha, Suíça e EUA 8310 7243 4553 5000 3485 2514 2637 1957 2215 2179 1389 878 561 329 179 125 70 45 30 21 7 4 1 0 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 (OIE, 2015) Casos de EEB no mundo 40000 37316 35140 35000 30000 25390 25000 24542 20000 14424 15000 10000 14664 2 casos atípicos: França 8310 7243 4553 5000 3485 2514 2637 1957 2215 2179 1389 878 561 329 179 125 70 45 30 21 7 4 1 0 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 (OIE, 2015) Casos de EEB no mundo 40000 37316 35140 35000 30000 25390 25000 24542 20000 14424 15000 10000 14664 4 casos atípicos: Brasil, Alemanha, Romênia 8310 7243 4553 5000 3485 2514 2637 1957 2215 2179 1389 878 561 329 179 125 70 45 30 21 7 4 1 0 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 (OIE, 2015) Casos de EEB no mundo 40000 37316 35140 35000 30000 25390 25000 24542 20000 14424 15000 10000 14664 1 caso atípico: Noruega 8310 7243 4553 5000 3485 2514 2637 1957 2215 2179 1389 878 561 329 179 125 70 45 30 21 7 4 1 0 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 (OIE, 2015) Encefalopatia Espongiforme Bovina Atípica AGENTE CAUSAL Os primeiros casos atípicos foram diagnosticados em 2004, na França e Itália (Biacabe et al., 2004; Casalone et al., 2004) Diferenças de peso molecular na porção não-glicosilada do PrPRES TIPO L OU BASE MENOR PESO MOLECULAR QUANDO COMPARADO AO AGENTE DA EEB CLÁSSICA Lower TIPO H MAIOR PESO MOLECULAR QUANDO COMPARADO AO AGENTE DA EEB CLÁSSICA Higher (Casalone et al., 2004) (Biacabe et al., 2004) Neuropatologia País Idade Raça Sinais Clínicos Alterações Espongiformes IHQ Caraterização no WB Itália 11 15 Bruna Alpina Piemontes Não Não Branda Branda Placas amiloidóticas Placas amiloidóticas L L Dinamarca 14 Charolês Não Não Informado Não Informado L Polônia 12 Holandesa Não Presente Positiva (sem placas) L 2 Holstein Não Não Negativa L* 14 Japanese Black Distasia Severa Positiva (sem placas) H Bélgica 5,5 East-Flemish Não Não Negativa L* França 10 15 8 Cruzamento Industrial Prim Holstein Charolês Não Não Não Não Informado Não Informado Não Informado Não Informado Não Informado Não Informado H H H Holanda 13 Holstein NA Presente Positiva (sem placas) H Suécia 12 Mestiço Charolês Caído Não Informado Positiva (sem placas) H 19 Zebu Típicos de EEB Típicas de EEB Positiva (sem placas) H 6,5 Red Angus Não Não Positiva (sem placas) H 13 15 12 10 13 11 12 21 Angus Holstein-Freisian Mestiço Brahman Red Angus Friesian Limousin Limousin Hereford Não Informado Não Informado Caído Caído Ataxia Não Não Não Não Não Não Não Não Informado Não Informado Não Informado Não Informado Positiva (sem placas) Positiva (sem placas) Positiva (sem placas) Positiva (sem placas) Não Informado Placas amiloidóticas Não Informado Não Informado H L H H L L L L 13 Galloway Caído Não Informado Não Informado 14 15 Simmental Friesian Caído/paresia Caído Não Informado Não Informado Não Informado Não Informado 16 Charolês Caído Não Informado Positiva (sem placas) 13 12 15 Nelore Nelore Não Informado Caído Não Não Não Não Não Informado Positiva (sem placas) Positiva (sem placas) Positiva Japão Suíça Alemanha Estados Unidos Reino Unido Canadá Brasil Noruega * não estão classificados no meio científico (DUDAS et al., 2010) ** com características de EEB tipo H, no exame de WB Referências Casalone et al., 2004 Ducrot et al., 2008 Polak et al., 2004 Yamakawa et al., 2003 Masujin et al., 2008 De Bosschere et al., 2004 Biacabe et al., 2004 Jacobs et al., 2007 Gavier-Widén et al., 2008 Seuberlich et al., 2008 Guldimann et al., 2012 Buschmann et al., 2006 Richt et al., 2008 Stack et al., 2009 Terry et al., 2007 H Stack et al., H 2009 Dudas et al., H 2010 Inconclusivo** OIE, 2015 H OIE, 2015 H OIE, 2015 H EPIDEMIOLOGIA Ocorre em animais idosos (>8 anos) Ocorrência Mundial Europa: Itália, França, Dinamarca, Polônia, Bélgica, Holanda, Suécia, Suíça, Alemanha, Reino Unido, Portugal Ásia: Japão América: EUA, Canadá e Brasil Frequência (França) EEB tipo H 0,41/1 milhão de bovinos adultos testados EEB tipo L 0,35/1 milhão de bovinos adultos testados Incidência de EEB tipo L e H foram constantes (Biacabe et al., 2008) Encefalopatia Espongiforme Bovina Atípica Transmissão e patogenia Limitações Ausência de encéfalos inteiros e/ou carcaças de animais positivos (Okada et al., 2011) Vias de transmissão: intracerebral, intraperitoneal DISTRIBUIÇÃO DO PrPSC (CODA/SEVA) SINAIS CLÍNICOS Os casos atípicos estão sendo diagnosticados em bovinos aparentemente saudáveis (Konold et al., 2012) Característica comum: dificuldade para levantar (Balkema-Buschmann et al., 2011; Konold et al., 2012) “Com base nos estudos de sinais clínicos já realizados, pode-se considerar as EEB atípicas em diagnósticos clínicos diferenciais em bovinos idosos (com mais de oito anos) encontrados caídos, com dificuldade de se levantar, e com histórico ou presença de reações exacerbadas a estímulos externos” (KONOLD et al., 2012) Obrigada! Serviço de Saúde Animal (SSA-PR) Ellen Laurindo E-mail: [email protected] Fone: (41) 3361-3974