INVESTIGAÇÃO
EM
EDUCAÇÃO
Prof. Bento
Outubro 2011
CONCEITO DE INVESTIGAÇÃO
- INVESTIGAÇÃO
- CARACTERÍSTICAS DA
INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA
- SENSO COMUM
- CONHECIMENTO CIENTÍFICO
- CARACTERÍSTICAS DAS CIÊNCIAS
FACTUAIS
CONCEITO DE INVESTIGAÇÃO
O QUE SIGNIFICA “INVESTIGAR”?
INVESTIGAR É PROCURAR DESCOBRIR
Método científico – é uma série organizada e sistemática de passos que garante
a máxima objectividade e uniformidade à pesquisa de um problema.
CONCEITO DE INVESTIGAÇÃO
 O termo “investigação” deriva da palavra latina
“investigatio” (in + vestigium). “In” significando uma acção
e “vestigium” correspondendo a vestígio, marca, sinal.
 “Vestigium é uma pegada, a marca do pé, o vestígio de
alguma coisa que aconteceu num certo lugar e num certo
tempo e aí deixou marcas e sinal de si” (Rosa, 1994)
 Investigar refere-se, em termos etimológicos, em entrar
nos vestígios, em procurar nos sinais o conhecimento
daquilo que os provocou.
“A investigação é, assim, uma demanda
daquilo que não se conhece. O
investigador vai do que sabe, os
vestígios, para o que não sabe, o que os
vestígios indicam. Nem se pode dizer
que vai para aquilo que procura, pois, em
verdadeira e radical investigação, não é
sequer possível saber o que é que se
procura. O termo da investigação, da
demanda, é uma descoberta” (Rosa,
1994)
NOS FINAIS DO SÉC. XIX
PREVALECIA O MITO DE QUE
OS HOMENS ERAM MAIS
INTELIGENTES
QUE
AS
MULHERES. MARY CALKINS,
UMA PSICÓLOGA, CONDUZIU
EXPERIÊNCIAS
NO
WELLESLEY COLLEGE EM
1887 QUE DEMONSTROU QUE
AS MULHERES SÃO TÃO
INTELIGENTES
COMO
OS
HOMENS (Furumoto, 1980).
INVESTIGAÇÃO
 INVESTIGAÇÃO: È UM DOS MUITOS
MEIOS DE “SABER” OU “COMPREENDER”.
 È UM PROCESSO DE SISTEMÁTICA
INQUIRIÇÃO QUE É DESENHADO PARA
RECOLHER, ANALISAR, INTERPRETAR, E
USAR DADOS PARA COMPREENDER,
DESCREVER, PREVER OU CONTROLAR
UM FENÓMENO EDUCACIONAL OU
PSICOLÓGICO.
CARACTERÍSTICAS DA
INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

A investigação científica possui três características
particulares que a distinguem de outros modos de
procura de conhecimento (Kerlinger, 1973):
1.
Enquanto que a experiência prática lida com eventos
que ocorrem aleatóriamente, a investigação é
sistematizada e controlada, baseando os seus
procedimentos no modelo dedutivo-indutivo
A investigação é empírica. O investigador procede à
validação da experiência. Há uma posição subjectiva
que é verificada em condições de realidade objectiva.
A investigação auto-correctora, na medida em que as
metodologias empregues possuem mecanismos para as
protegerem dos erros humanos que sempre são
possíveis de ocorrer.
2.
3.
“A investigação é um processo de
pesquisa
em
que
se
procura
cuidadosamente colocar uma questão e
proceder
sistematicamente
para
recolher,
analisar,
interpretar
e
comunicar a informação necessária para
responder à questão”
(Graziano e Raulin, 1989)
Premissas
Conhecimentos
já adquiridos
INVESTIGAÇÃO
Raciocínio logicamente
conduzido
Mètodos
Conclusões
Novos
conhecimentos
Validade
Probabilidade
Conclui da verdade
Grau de veracidade
Dedução
Indução
Tautologia
etc.
Repetição do
mesmo em termos
sinónimos
“A racionalidade da investigação consiste, por
conseguinte, na humildade de não saber, na
docilidade em aceitar a manifestação dos
vestígios, na honestidade intelectual de
enfrentar essa manifestação sem a perverter,
na constância e na diligência em prosseguir,
de vestígio em vestígio, mesmo quando não se
vislumbra um sentido final do percurso… A
investigação requer, por conseguinte, uma
grande maturidade interior do ser humano.
Exige paciência, constância, autoconfiança,
humildade, capacidade para enfrentar a
eventual incompreensão dos outros. A somar
a isto tudo, não é despiciendo um bom capital
de esperança”
(Rosa, 1994)
SENSO COMUM E CONHECIMENTO
CIENTÍFICO

1.
2.
3.
4.
IDEIAS BÁSICAS SOBRE O SENSO COMUM
SABER IMEDIATO. Nível mais elementar do conhecimento baseado
em observações ingénuas da realidade. Confunde o real com as
suas aparências. Está frequentemente ligado a resolução de
problemas práticos do quotidiano.
SABER SUBJECTIVO. Construído com base em experiências
subjectivas. Baseia-se em observações espontâneas. Está
contaminado por factores culturais e psicológicos sobre o modo de
ver as coisas.
SABER HETERÓGENO. Resulta de sucessivas acumulações de
dados provenientes da experiência, sem qualquer selectividade,
coerência ou método. Trata-se de uma forma de saber ligado ao
processo de socialização dos indivíduos, sendo muito evidente a
influência das tradições e ideias feitas transmitidas de geração em
geração.
SABER NÃO CRÍTICO. Baseia-se em ideias feitas e não reflectidas
sobre a realidade. Não procura apreender a universalidade das
mesmas coisas ou situações, nem o porquê das suas causas.
Conhecimento pouco generalizador.
CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Alguns autores apontam o conhecimento teórico, a explicação dos
fenómenos naturais, como o objectivo da ciência (Kerlinger, 1985). Outros
definem como objectivos da ciência a formulação de hipóteses, definições
terminológicas, descobrir leis, estabelecer generalizações, etc. Esta é a
corrente positivista, com uma concepção nomotética, ou seja, objectividade
para o estabelecimento das leis gerais.

Segundo Bisquerra (1989), as funções principais deste tipo de ciência são:
1.
DESCREVER: descrição dos fenómenos, conhecimento claro dos seus
elementos e do seu funcionamento.
EXPLICAR: Indicar o porquê de um comportamento, o que permitirá a sua
generalização e a procura das relações entre os diferentes fenómenos.
CONTROLAR: manipular as condições de produção do fenómeno para
observar o seu aparecimento.
PREDIZER: indicando as condições sob as quais se produzirão
acontecimentos futuros, com um certo grau de probabilidade.
2.
3.
4.
 As perspectivas humanistas opõem-se às positivistas,
ideográfica, enfatizando a compreensão dos fenómenos e
o estudo do individual e particular, sem pretender chegar a
leis gerais.
 A discussão entre o positivismo e o anti-positivismo, as
ciências nomotéticas e as ideográficas, bem como as
metodologias quantitativas e qualitativas de investigação,
originaram durante o século XX extensos debates e
posicionamentos quase radicais para se chegar a uma
posição ecléctica, muito modesta mas honesta, em que se
deverá procurar o melhor caminho para investigar em
função do que se pretende investigar, independentemente
de posições escolásticas e tendências metodológicas.
Nada impede que se cruzem ou façam convergir
metodologias diferentes numa investigação se com tal
procedimento se conseguir maior eficácia e validade.

No campo da Educação, o que constitui o
seu objectivo como ciência é, segundo
Bisquerra (1985):
1. A descoberta das leis e princípios
concretos dos processos educativos;
2. O estabelecimento de bases científicas de
um plano geral de educação;
3. A constante melhoria da qualidade da
educação.
CARACTERÍSTICAS DAS CIÊNCIAS
FACTUAIS
1.
O CONHECIMENTO É DE ORIGEM EMPÍRICA: tem o seu ponto de
partida na observação. Embora se baseie nos factos, não se fica na
sua análise, ultrapassando-os. “Faz-se ciência com os factos, tal
como uma casa se faz com tijolos; mas uma acumulação de factos
não é uma ciência, tal como um monte de tijolos não é uma casa”
(Poincaré, cit. por Bisquerra, 1985).
2.
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É RACIONAL, sendo constituído
por conceitos, juízos e raciocínios, permitindo que as ideias que o
compõem se associem em sequências lógicas que possam levar a
inferências dedutivas, procurando abstrair-se de emoções,
sentimentos e subejctividades.
3.
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É EFECTUADO EM
PROFUNDIDADE: o aprofundar é o que leva ao “porquê” e a um
conhecimento mais profundo do que o vulgar, preocupando-se com
as causas, os efeitos e a explicação dos fenómenos.
4.
O CONHECIMENTO CIENTIFICO É OBJECTIVO,
procurando alcançar a verdade factual através de meios
de observação, de experimentação e de investigação,
analisando a concordância com o seu objecto e a
adequação das hipóteses com os factos constatados. A
objectividade exige um acordo inter e intraobservadores, implicando a fiabilidade e constância das
observações e a constrastabilidade intersubjectiva.
5.
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É FACTUAL, partindo
sempre de factos e voltando a eles, considerando como
fundamentais os “dados empíricos” factuais.
6.
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É RIGOROSO: o rigor
na utilização do método científico confere a validade e
garantia dos seus resultados.
7. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É TANSCENDENTE AOS FACTOS,
quando produz novos factos e os explica; quando selecciona,
controla e reproduz os factos; quando, para além da simples
descrição experimental, a sintetiza e compara com o que se conhece
de outros factos; quando ultrapassa os factos conhecidos e
observados para inferir novos factos.
8. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO E ANALÍTICO, quando decompõe
o todo nas suas partes para estudar cada uma em particular, voltando
à reconstrução das partes através da síntese, depois de descobrir o
mecanismo que une as partes num todo.
9. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É CLARO E PRECISO. Ao
contrário do conhecimento vulgar ou popular, o conhecimento
científico procura ao máximo ser exacto, preciso e formulado com
clareza, evitando ao máximo quaisquer ambiguidades.
10. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO BASEIA-SE
EM FACTOS MENSURÁVEIS: desenvolvendo
técnicas particulares de medição e registo de
fenómenos.
11. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É
IMPARCIAL: não sendo influenciado por ideias,
pressupostos, tendências ou subjectividades.
12. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É
COMUNICÁVEL, sendo formulado em termos
que permitem uma fácil transmissão e recepção
dos seus conteúdos. Possui um carácter
eminentemente informativo (e não de sedução
ou de imposição).
13. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É UNIVERSAL, sendo
considerado não como propriedade particular mas de toda
a humanidade, uma vez que é o elemento propulsor de
todo o progresso.
14. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É VERIFICÁVEL,
sendo por isso formulado de modo a que outros
investigadores possam repetir a investigação, verificando
os dados e as conclusões a que se chegou.
15. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO MANTÉM A DÚVIDA
METÓDICA: duvidando metodologicamente sempre, até
que seja obtida uma evidência empírica.
16. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO DEPENDE DA
INVESTIGAÇÃO METÓDICA, baseada no conhecimento
anterior, planeada e efectuada de modo sistemático,
procurando confirmar hipóteses baseadas em princípios já
estabelecidos, utilizando metodologia adequada e
analisando rigorosamente os dados obtidos.
17. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É PROBABILISTICO:
a validação das hipóteses faz-se com um nível de
probabilidade, nunca com a certeza absoluta.
18. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É AUTOCORRECTIVO: sendo capaz de descobrir as suas
próprias deficiências e de corrigir os seus erros.
19. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É SISTÉMICO, sendo
constituído por um sistema de ideias inter-relacionadas,
contendo sistemas referenciais, convergência de
informações e quadros teóricos eclécticos que explicam as
redes relacionais.
20. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É PROGRESSIVO E
EVOLUTIVO, ou seja, é consequência de um contínuo
seleccionar de novos conhecimentos que vêm substituir os
antigos, quando estes se revelem ultrapassados ou
inadequados.
21. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É FALÍVEL, nunca
sendo considerado como totalmente certo, absoluto,
definitivo, final ou perene. A perfeição é inatingível e toda a
ciência evolui, de modo que o que hoje se considera como
certo amanhã verifica-se estar errado e ultrapassado por
novos conhecimentos.
22. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É GERAL, na
medida em que procura descobrir leis ou
princípios gerais que permitam chegar-se a uma
certa unicidade, uniformidade e generalização.
23.
O
CONHECIMENTO
CIENTÍFICO
É
EXPLICATVO, inquirindo o como se processam
as coisas e procurando saber o porquê desse
processamento.
24.
O
CONHECIMENTO
CIENTÍFICO
É
PREDICTIVO, procurando, através da indução
probabilística, prever ocorrências, calculando
inclusivamente a margem de erro em que o
fenómeno pode ocorrer.
25. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É A BERTO,
dado que não coloca barreiras que limitem o
conhecimento, quer em relação ao seu campo,
quer em relação aos métodos que utiliza, não se
subordinando a quaisquer restrições doutrinárias
ou concepções paradigmáticas.
26. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É ÚTIL, dado
que ao contribuir para o aumento do
conhecimento da ciência está a contribuir para o
emprego desta para impulsionar o progresso,
promover a melhoria das condições de vida e
aumentar o bem-estar da humanidade.
BIBLIOGRAFIA
Ary, D., Jacobs, L. & Razavieh, A. (1990).
Introduction to research in education. Texas:
Harcourt Brace College Publishers.
Kerlinger, F. N. (1973).. New Foundations of
behavioral research. New York: Holt,
Rinehart and Winston.
Rosa, J. C. (1984). Investigação em
educação. Lisboa: E.S.E. João de Deus.
EXERCÍCIO
1. DEFINA “INVESTIGAÇÃO”
2. REFIRA AS CARACTERÍSTICAS DA
INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA
3. DEFINA “SENSO COMUM”
4. REFIRA AS FUNÇÕES PRINCIPAIS DO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
5. REFIRA ALGUMAS CARACTERÍSTICAS
DAS CIÊNCIAS FACTUAIS
PARTE II
 NATUREZA GERAL DA CIÊNCIA
A
ciência
é
um
empreendimento
preocupado
exclusivamente
com
o
conhecimento e a compreensão de
fenómenos. Os cientistas desejam conhecer
e empreender as coisas. Eles querem poder
dizer: se fizermos isto aqui, acontecerá
aquilo ali. Se frustrarmos as crianças,
provavelmente elas agredirão outras, seus
pais, seus professores e até a si próprias.
Se observarmos uma organização com regras
relativamente rígidas a restringir seus membros,
digamos, os professores de uma escola, poderemos
esperar encontrar considerável insatisfação entre eles.
Os cientistas, então, querem conhecer os fenómenos.
Eles querem saber, entre outras coisas, o que produz o
comportamento agressivo em crianças e adultos. Querem
saber se a frustração conduz à agressão. Querem saber
os efeitos dos meios restritivos ou permissivos de
administração sobre os membros de uma organização.
Em resumo, querem, compreender” de que maneira se
relacionam os fenómenos psicológicos, sociológicos e
educacionais.
DOIS EXEMPLOS DE
INVESTIGAÇÃO
Examinemos dois estudos: um experimental e outro não
experimental.
Experimental – estudo no qual se fazem coisas diferentes
com grupos diferentes de sujeitos – pombos, ratos,
crianças, adultos – para ver se o que se faz com eles
produz efeitos diferentes nos diferentes grupos. Por
exemplo, um investigador educacional pode pedir a
professores que escrevam notas elogiosas nos testes de
um grupo de alunos e nada nos testes de outro grupo de
alunos. (Page, 1958). Então o pesquisador vê como esta
“manipulação”, afecta o desempenho dos dois grupos em
testes subsequentes.
Por outro lado, num estudo não-experimental, não
há “manipulação”, não há tentativa deliberada e
controlada de produzir efeitos diferentes através
de diferentes manipulações. As relações entre os
fenómenos são estudadas sem intervenção
experimental. Por exemplo, quando os sociólogos
estudam a relação entre classe social e realização
escolar, eles tomam a classe social e a realização
escolar como eles “são”. Medem as duas
“variáveis”e estudam as relações entre elas. Não
procuram mudar uma das variáveis para estudar o
efeito da mudança sobre a outra variável.
Recompensa intensiva e aproveitamento na
leitura
Muitas pesquisas têm tentado compreender como
o homem e os animais aprendem. Uma das
descobertas mais bem documentadas é que a
recompensa aumenta a aprendizagem. Se as
respostas forem recompensadas de alguma
forma, as mesmas respostas, ou respostas
semelhantes, serão repetidas quando ocorrem
condições semelhantes novamente. Se, por
exemplo, a criança é elogiada quando pronuncia
uma palavra correctamente, a pronúncia correcta
tenderá
a
ser
lembrada
e
usada
subsequentemente.
(Os resultados não são tão previsiveis
quando se usa a punição). A teoria por trás
da pesquisa, chamada de teoria do
reforço(1), está sendo aplicada na educação,
ás vezes com resultados gratificantes.
Clark e Walberg (1968) desejavam saber
se a recompensa intensiva ajudaria a dar
melhores resultados na leitura entre alunos
potencialmente reprovados. Criaram uma
experiência simples para testar esta ideia.
(1) Se pensam que o princípio do reforço positivo é obvio, devem levar em conta que ele não era usado em
escolas de outras épocas, excepto, naturalmente por professores muito compreensivos. Antes , a punição era
evidentemente o princípio fundamental. Esperava-se que as crianças tivessem uma conduta correcta e que
estudassem e eram punidas se não o faziam. Sem dúvida, o castigo ou reforço negativo é ainda um método
usado na motivação escolar.
Usaram crianças negras de 10 a 13 anos e com
um atraso de vida escolar de um a quatro anos.
Dois grupos foram formados de tal maneira que
se poderia admitir serem aproximadamente iguais
em características que pudessem afectar o
resultados. Sabe-se, por exemplo, que a
inteligência afecta o trabalho escolar, como leitura
e matemática. Os investigadores devem, portanto,
tentar formar grupos iguais em inteligência antes
de começar o estudo. De contrário, o resultado
pode ser devido não ao que for feito na
experiência, mas ao facto de um grupo ter em
média um nível de inteligência superior ao do
outro.
No tipo de pesquisa em que se usam dois
grupos e um tratamento especial é aplicado
a um deles, este grupo chama-se “grupo
experimental”. O outro, ao qual não se faz
nada em especial chama-se “grupo de
controlo”.
No início da experiência, todos os alunos
foram elogiados pelo seu trabalho. Isto foi
usado para estabelecer médias de
recompensa para os professores das
crianças. (Naturalmente o professores
diferem quanto à recompensa que usam.)
Depois de seis sessões, as médias de
recompensa ficaram estabilizadas e a
experiência propriamente dita começou. Os
professores do grupo experimental, das
crianças a receberem o tratamento especial
ou experimental, foram avisados para
dobrarem ou triplicarem a recompensa,
enquanto os professores do grupo de
controlo foram avisados para “manterem o
trabalho em ordem”. No fim de um período
de três semanas foi feito um teste de leitura
com as crianças.
A análise dos resultados dos testes mostrou que o
grupo experimental ou da “recompensa intensiva”
fez o teste melhor do que o grupo de controlo.
Esta conclusão foi inferida de um teste estatístico
da diferença entre médias de pontos de leitura
entre os dois grupos: a média do grupo
experimental foi maior do que a média do grupo
de controlo.
Pode-se dizer que a recompensa intensiva teve
resultados aumentando a contagem de pontos do
grupo experimental em comparação com o
número de pontos feitos pelo grupo de controlo.
Um estudo não-experimental:
Classes sociais e tipos de criação.
No estudo não experimental não há
manipulação de variáveis. Variável é
definida como um conceito psicológico ou
sociológico no qual as pessoas ou coisas
variam ou diferem: sexo, classe social,
habilidade verbal, realização, etc. Uma
“relação” em ciência sempre significa uma
relação entre variáveis.
Os psicólogos e sociólogos fizeram grande
número de pesquisas sobre classes sociais e
descobriram sua importância para a explicação de
diferentes tipos de comportamento: recreação,
eleições e criação dos filhos, etc.
Miller e Swanson (1960) levantaram a hipótese,
entre outras coisas, de uma relação entre a classe
social dos pais e o tempo que levavam para
desmamar os filhos. Foi perguntado a uma
amostra de 103 mães da classe média e da
classe trabalhadora de uma grande cidade como
estavam criando os seus filhos.
O resultado de uma pergunta sobre o tempo do desmame
é apresentado na tabela seguinte:
-----------------------------------------------------------Classe social
Desmame
----------------------------------------------------------Classe média
Classe trabalhadora
Cedo
Tarde
33
22
(0,60)
17
(0,40)
31
(0,35)
50
55
(0,65)
53
48
103
Há, aparentemente, uma relação, embora
não muito forte, entre a classe social e o
tempo do desmame.
As mães da classe média desmamam seus
filhos mais cedo (60%); as mães da classe
trabalhadora desmamam mais tarde (65%).
Podemos dizer que há uma tendência entre
as mães da classe média a desmamam
seus filhos mais cedo e entre as mães da
classe trabalhadora, mais tarde.
Concluindo, estes dois estudos, um
experimental e outro não-experimental
ilustram a objectividade, uma característica
da pesquisa científica.
Apresentam também problemas, relações e
metodologias simples e claras.
EXERCÍCIO
APÓS A LEITURA DO DOCUMENTO # 1: A NATUREZA DA CIÊNCIA E DA
PESQUISA CIENTÍFICA DE KERLINGER, RESPONDA ÀS SEGUINTES
QUESTÕES:
1. Comente a citação seguinte: “Há muito tempo que se sabe
que a maioria das pessoas são más observadoras até dos
fenómenos mais simples” (p.1)
2. Defina: a) Grupo experimental; b) Grupo de controlo; c)
Replicação.
3. Como responderia a este argumento? “… a distância e a
frieza da ciência destroem valores humanos e assim a
ciência é fundamentalmente prejudicial” (p.14).
4. Descreva o carácter empírico da ciência.
5. Comente a frase: “…a ciência e a pesquisa científica são
absolutamente neutras”(p.20).
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2ª AULA