ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO 11 DE SETEMBRO E DA TAXA DE CÂMBIO SOBRE O TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL DE PASSAGEIROS NO BRASIL Paulo de Jesus Monçores1 RESUMO Os trágicos ataques terroristas cometidos em território norte-americano em setembro de 2001, utilizando como instrumento de destruição aeronaves comerciais, causaram grandes mudanças políticas e sócio-econômicas em todo o mundo, com reflexos que influenciam até hoje muitos setores da economia brasileira. O senso comum indica que este evento aprofundou a crise pela qual o setor aéreo brasileiro vinha passando desde 1999, grande parte devido às oscilações do câmbio do dólar. Através de métodos quantitativos este artigo se propõe a demonstrar a real influência do 11 de Setembro e da taxa de câmbio, sobre a conta Viagens Internacionais, da balança de pagamentos internacionais brasileira, bem como do fluxo de passageiros de transporte aéreo com destino para outros países. Por fim, são discutidas as implicações acadêmicas e gerenciais destes resultados, bem como as limitações do trabalho e oportunidades de pesquisas futuras. Palavras-chave: aviação comercial, taxa de câmbio, estudo de evento, análise de correlação, conta viagens internacionais. 1 Engenheiro Eletrotécnico pelo CEFET-PR, Administrador de Empresas (habilitado em Comércio Exterior) pela UFPR, Especialista em Marketing Empresarial pela UFPR, mestrando em Administração de Empresas pela PUC-PR e Professor da FARESC - Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba. E-mail: <[email protected]>. 2 1 INTRODUÇÃO As cenas registradas de aviões comerciais sendo atirados contra as torres do World Trade Center certamente permanecerão na memória de todos aqueles que as assistiram. É razoável supor que aquelas imagens traumáticas contribuíram em muito para um imediato efeito negativo para o setor aéreo mundial: a redução do tráfego. Depois de 11 de setembro, a ocupação dos aviões desabou nos EUA, e as companhias reduziram os vôos entre 15% e 20%. Contudo, no Brasil, antes mesmo do evento de setembro, a maioria das companhias aéreas já vinha enfrentando grandes prejuízos, e todo o setor estava, de qualquer forma, pronto para o desmonte da capacidade excessiva. Desde janeiro de 1999, época da desvalorização do real e do fim da paridade da moeda em relação ao dólar, o antes intenso fluxo de brasileiros que saía do país vem diminuindo dramaticamente (gráfico 1). E todas as empresas de transporte aéreo internacional de passageiros, cuja estrutura de custos é mais ou menos semelhante, possuem boa parte de suas despesas realizadas em dólar. O objetivo deste artigo é identificar o nível de influência dos eventos ocorridos em 11 de setembro e da taxa de câmbio no fluxo internacional de passageiros da aviação comercial brasileira. GRÁFICO 1 - TRÁFEGO AÉREO INTERNACIONAL NO BRASIL: PASSAGEIROS EMBARCADOS Vôos para os EUA 7.000 1400 6.000 1200 Milhares de Passageiros Milhares de Passageiros Vôos Internacionais 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000 1000 800 600 400 200 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 FONTE: Folha de São Paulo, 13/11/2001. Caderno Mundo, p. A14 Portanto, este artigo se propõe a responder à seguinte pergunta: Qual a real influência do 11 de Setembro e da taxa de câmbio do dólar sobre o saldo mensal da conta de despesas em viagens internacionais e o fluxo de passageiros embarcados em aviões comerciais para destinos fora do Brasil? 3 2 ANÁLISE TEÓRICO-EMPÍRICA 2.1 CARACTERÍSTICAS DO SETOR DE AVIAÇÃO COMERCIAL BRASILEIRO O setor de aviação comercial é caracterizado por subsídios governamentais (mais ou menos evidentes) na maioria dos países, diferentes graus de protecionismo e características econômicas do negócio que geram vantagens competitivas para as grandes linhas aéreas das principais economias do primeiro mundo. Os níveis de atividade do transporte aéreo refletem diretamente a atividade econômica, tanto em escala local como global, e respondem de forma quase que imediata às flutuações cíclicas das economias e às políticas conjunturais. Em termos de análise interna do setor, em todo o mundo, a desregulamentação e a liberalização do transporte aéreo intensificaram dramaticamente a competitividade entre as empresas, tanto no âmbito doméstico como no internacional. Guerras tarifárias, concorrência predatória, fusões e aquisições, má gestão, falências, abusos de posição dominante, tentativas de conluio, entre outras, são algumas imperfeições comuns nessa indústria que, via de regra, têm contribuído para que ela esteja entre as de menor margem de lucro. Este ambiente altamente dinâmico e por vezes confuso, tem forçado as empresas a se submeterem a grandes e, por vezes, traumáticas reestruturações em busca de maior eficiência operacional, de aumentos de produtividade e, principalmente, de reduções consistentes de custos (SILVEIRA, 2003). Os custos das companhias aéreas são dominados pelo seu componente fixo, que inclui, entre outros itens, gastos com capital imobilizado e aeronaves. As significativas despesas operacionais incluem: o uso de mão-de-obra altamente qualificada que impõe um elevado custo em remunerações e encargos sociais; aluguel de aeronaves (arrendamento); manutenção e revisão; e combustíveis (que chegaram a 107% em 2002 e representam aproximadamente 20% da despesa total). O cenário se torna ainda mais complexo face o fato de que 65% dos custos de uma companhia aérea, no Brasil, são denominados em dólar.2 Além das deficiências crônicas nos marcos regulatórios, o setor tem uma carga tributária superior em relação aos outros países, bem como um aparelho governamental de fiscalização e de regulação mais pesado. No Brasil a carga chega a 37%, enquanto que na Europa é 16% e nos EUA permanece entre 7% e 8%.3 Outra característica do setor envolve as aquisições de aeronaves. Elas devem ser feitas por longos períodos de tempo antes de sua entrega efetiva. Fato comum no transporte aéreo é a compra de aeronaves em períodos de crescimento da demanda e a entrega 2 CEO Round Table. Evento Latin Trade, São Paulo, 08/06/2004. 3 FONTE: Folha de São Paulo, 08/11/2001. Caderno Dinheiro, p. B6. 4 ocorre em fases de queda de atividade. Como a demanda por transporte aéreo é altamente cíclica e dependente dos ciclos macroeconômicos, ajustar os surtos de demanda ao planejamento da capacidade numa perspectiva de médio-longo prazo é um dos maiores problemas de gestão de companhias aéreas (SILVEIRA, 2003). O cenário traçado explica, em certa medida, o cenário preocupante em termos de resultados do setor (gráfico 2). GRÁFICO 2 - RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA E RESULTADO LÍQUIDO DO SETOR AÉREO BRASILEIRO, 7.000 600 6.000 400 4.000 3.000 2.000 1.000 200 0 19 92 19 93 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 5.000 Milhões de Reais Milhões de Reais RESPECTIVAMENTE -200 -400 -600 19 92 19 93 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 - -800 FONTE: Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias - http://www.snea.com.br/ Em 2002, assim como todos os outros setores da economia brasileira, as companhias aéreas tiveram que enfrentar dificuldades políticas e financeiras que geraram um clima de desconfiança em todo o mundo, com acentuado incremento da aversão ao risco. Nos primeiros meses do ano, houve o confronto com as implicações do agravamento da crise Argentina e, depois, as incertezas sazonais típicas do Brasil, provocadas pelo processo eleitoral. Uma das conseqüências mais graves desse quadro foi uma forte contração nos financiamentos externos que, por sua vez, gerou uma grande desvalorização nominal da taxa de câmbio. Essa forte desvalorização da moeda, que chegou a alcançar patamares de 70%, produziu aumento da inflação e dos juros e uma expressiva retração no crescimento da economia. 2.2 OS ATENTADOS DE 11 DE SETEMBRO E AS VIAGENS INTERNACIONAIS Apesar dos lamentáveis eventos de 11 de setembro terem afetado o turismo em todas as regiões do mundo, já se percebia antes um esfriamento do crescimento das viagens ao exterior de países tradicionais como Alemanha, Japão e Estados Unidos. 5 Durante os oito primeiros meses de 2001, as chegadas internacionais cresceram 3%, contra uma média de cerca de 4% nos anos anteriores. Em termos de excursões internacionais, dados da Embratur4 indicam que em 1998 o número de saídas de brasileiros do país foi de 4,17 milhões, enquanto que em 2002, atingiu 1,8 milhão de excursões internacionais. Em 2000, o turismo internacional gerou US$ 4,2 bilhões de receita para o Brasil. Já em 2002, US$ 3,1 bilhões. Em 2003, até 80% das receitas do setor provieram de viagens domésticas. A França continuou como primeiro destino internacional, com 76,5 milhões de turistas (11,1% do total de viagens internacionais). A Espanha ocupa o segundo lugar (49,5 milhões), com uma cota de mercado 7,2% e crescimento de 3,4% em relação a 2000. Os Estados Unidos, com 44,5 milhões de turistas em 2001 e uma cota de mercado de 6,5%, sofreram uma queda de 12,6% em relação a 2000. Estes fatos causaram grave impacto no setor de turismo brasileiro, fazendo vítimas de peso principalmente entre operadoras cuja maior parte do faturamento era obtida da venda de pacotes internacionais. Em outubro de 2001, a Soletur, uma das maiores operadoras de turismo do Brasil, anunciou falência. A diminuição da procura dos EUA como roteiro levou a Stella Barros, outra tradicional operadora brasileira, entrou com pedido de falência em Fevereiro de 2003. Outras agências de turismo tradicionais como a Transatlântica, a Sigma e a Tass, cuja venda de viagens internacionais representava mais de 50% do faturamento, não resistiram e também quebraram5. Todas sofreram um problema crônico de falta de capital, em decorrência da desvalorização do real, agravado pelo atentados terroristas de setembro de 2001. Como conseqüência, o setor de transporte aéreo internacional de passageiros sofreu um severo revés em um dos seus principais canais de revenda de passagens. 2.3 A CONTA VIAGENS INTERNACIONAIS DA BALANÇA DE PAGAMENTOS BRASILEIRA O Balanço de Pagamentos Internacionais é um registro de transações envolvendo recebimentos ou pagamentos em relação ao estrangeiro, e também uma sistemática contabilização das transações econômicas de uma nação com o restante do mundo, durante um dado período de tempo (RATTI, 1997). A conta de “Viagens Internacionais” está subordinada à conta “Serviços” (Balança de Serviços) que, por sua vez, subordina-se à conta “Transações Correntes”. 4 Empresa Brasileira de Turismo. Fonte dos dados: Folha de São Paulo, 23/02/2003. Folha Negócios, p. 3. 5 FONTE: Folha de São Paulo, 14/02/2003. Caderno Dinheiro, p. B5. 6 Na conta Viagens Internacionais, as rubricas mais relevantes são Turismo no Exterior e Cartões de Crédito. A primeira delas refere-se às negociações de moeda estrangeira para gastos com viagens ao exterior (espécie, traveler's check ou pagamentos efetuados no exterior por meio de cartões de débito), ou seja, aqueles realizados por brasileiros na compra de produtos e serviços em suas viagens internacionais. Até novembro de 19996, os gastos com cartões eram responsáveis pelas maiores transferências líquidas ao exterior de Viagens Internacionais. A forte desvalorização do real a partir do início de 1999 teve influência marcante no comportamento da rubrica Cartões de Crédito, em um processo contínuo de redução no saldo líquido. 2.4 A TAXA DE CÂMBIO A taxa cambial nada mais é do que o preço, em moeda nacional, de uma unidade de moeda estrangeira. Ela mede o valor externo da moeda. Fornece uma relação direta entre os preços domésticos das mercadorias e fatores produtivos e dos preços destes nos demais países (RATTI, 1997). A moeda estrangeira mais negociada é o dólar dos Estados Unidos, fazendo com que a cotação mais comumente utilizada seja a dessa moeda. Por exemplo, quando uma pessoa vai viajar para o exterior e precisa de dinheiro para sua estada ou para suas compras o banco vende a essa pessoa moeda estrangeira (recebe moeda nacional e lhe entrega moeda estrangeira). Quando essa pessoa retorna da viagem ao exterior e ainda possui algum dinheiro do país que visitou, o banco compra a moeda estrangeira (recebe a moeda estrangeira e lhe entrega moeda nacional). 3 METODOLOGIA A pesquisa se caracteriza como quantitativa. Como ferramenta de análise de dados, foram utilizados os softwares Microsoft Excel 2000 e Statistica versão 5.1. A primeira parte da pesquisa consistiu de um teste de hipótese da diferença entre as médias de duas amostras idênticas quanto ao número de elementos (saldos mensais da conta viagens internacionais – despesas), dispostas em até 32 meses antes e depois do evento de referência, o 11 de Setembro (mês 09/2001). A metodologia utilizada nesta primeira etapa foi baseada em “Estudos de Evento” (CAMARGOS e BARBOSA, 2003), que consiste na análise do efeito de informações específicas de determinadas firmas sobre os preços de suas ações. 6 FONTE: Site do Banco Central do Brasil - http://www.bcb.gov.br/ 7 Este método utiliza um modelo de geração de retorno de ações, considerado padrão, denominado de retorno normal ou esperado, que é tido como o retorno que o título teria caso o evento não ocorresse. Depois disso, focaliza-se a determinação de retornos anormais de títulos nos dias próximos ou na data do anúncio de um evento. O fato de a variância dos retornos aumentar quando próxima à data de divulgação do evento, indica que este contém informações relevantes. A segunda parte da pesquisa envolveu a uma duas análises de correlação. A primeira entre o saldo mês a mês da conta viagens internacionais (despesas) e a taxa de cambio mensal de reais por dólar comercial médio. A segunda entre o número de passageiros embarcados pela aviação comercial com destino internacional e, novamente, a taxa de câmbio trimestral (média) de reais por dólar comercial. As hipóteses da pesquisa são as seguintes: • H1: O evento 11 de Setembro não influenciou nem o saldo mensal da conta de despesas de viagens áreas internacionais, nem o fluxo trimestral do tráfego aéreo de passageiros embarcados para destinos fora do Brasil. • H2: Existe correlação entre a taxa de câmbio do dólar médio mensal e o saldo mensal da conta de despesas de viagens áreas internacionais. • H3: Existe correlação entre a taxa de câmbio do dólar médio trimestral e o fluxo trimestral do tráfego aéreo de passageiros embarcados para destinos fora do Brasil. O nível de significância adotado para o teste de hipóteses foi: sig.<0,05. 3.2 VARIÁVEIS Para o primeiro teste de hipótese, este artigo utilizou duas variáveis: O saldo mensal da conta viagens internacionais (despesas) e total trimestral de passageiros embarcados (tráfego aéreo Internacional) para destinos fora do Brasil. Para o segundo teste de hipótese, este artigo utilizou duas variáveis: O saldo mensal da conta viagens internacionais (despesas), o total trimestral de passageiros embarcados (tráfego aéreo Internacional) para destinos fora do Brasil, a taxa de câmbio de reais por dólar comercial médio mensal e a taxa de câmbio de reais por dólar comercial médio trimestral. 4 RESULTADOS 4.1 TESTE DE H1 O evento de interesse é o 11 de setembro. Como a série de dados é mensal, o “mês zero” ficou estipulado como setembro de 2001. Para proporcionar maior solidez do teste desta hipótese, foram realizados três testes. 8 Os dois primeiros utilizaram séries de saldo da conta viagens internacionais (despesas) sucessivamente maiores, onde a posterior englobava os meses da posterior. A definição da janela de análise (meses anteriores e posteriores ao evento) envolveu um certo grau de subjetividade e arbitrariedade, em função do objetivo de teste: verificar se de fato houve influência do 11 de setembro no setor de transporte aéreo comercial. Como conseqüência, as duas janelas escolhidas englobaram períodos considerados relevantes para a verificação de anormalidades no comportamento dos saldos da conta de viagens internacionais. Acreditou-se que as janelas de 20 e 32 meses possuíram um tamanho adequado, o suficiente para que não englobassem outros eventos significativos para a análise, evitando assim acrescentar um viés aos resultados obtidos. A extensão delas também foi o bastante para que possíveis discrepâncias nos saldos pudessem ser diluídas sem provocar grandes alterações em sua distribuição de freqüência. O terceiro e último teste, utilizou uma série totais trimestrais de passageiros embarcados em companhias aéreas. O primeiro período de análise (tabela 1) envolveu 20 meses de saldo da conta viagens internacionais (despesas), antes (desde janeiro de 2000) e depois do evento (até maio de 2003), sendo que o dado referente o mês de setembro de 2001 foi retirado da amostra. TABELA 1 - VIAGENS INTERNACIONAIS, JAN/00 A MAIO/03 - DESPESAS - MENSAL - US$ (MILHÕES) INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. BCB BOLETIM/BP ANTES mês/ano Série DEPOIS Variância Desv Pad Variância Desv Pad jan/00 244,89 244,05 15,62 0,16 0,40 Série 191,21 out/01 fev/00 274,56 77,72 8,82 5,19 2,28 183,01 nov/01 mar/00 301,13 7,41 2,72 236,79 15,39 260,02 dez/01 abr/00 279,61 58,63 7,66 86,08 9,28 233,39 jan/02 mai/00 307,96 1,33 1,15 10,04 3,17 206,76 fev/02 jun/00 361,68 124,80 11,17 58,07 7,62 226,16 mar/02 jul/00 371,34 179,22 13,39 129,42 11,38 242,54 abr/02 ago/00 374,50 199,17 14,11 456,37 21,36 286,07 mai/02 set/00 340,95 41,15 6,41 68,35 8,27 228,98 jun/02 out/00 354,25 89,63 9,47 80,70 8,98 232,11 jul/02 nov/00 339,62 37,32 6,11 5,54 2,35 182,69 ago/02 dez/00 343,57 49,24 7,02 135,82 11,65 142,15 set/02 jan/01 341,29 42,17 6,49 184,30 13,58 133,77 out/02 fev/01 283,95 44,37 6,66 226,79 15,06 127,30 nov/02 mar/01 293,39 20,22 4,50 80,26 8,96 153,90 dez/02 abr/01 252,05 195,44 13,98 155,35 12,46 138,62 jan/03 mai/01 306,76 2,04 1,43 267,16 16,35 121,70 fev/03 jun/01 343,58 49,24 7,02 66,65 8,16 157,36 mar/03 jul/01 286,55 36,79 6,07 74,66 8,64 230,61 abr/03 ago/01 258,11 158,52 12,59 8,02 2,83 180,60 mai/03 Média 312,99 192,95 mês/ano 9 Após a aplicação na ferramenta MS Excel 2000 do Teste-t (n <30) às duas amostras (saldos de 20 meses antes e 20 meses depois) presumindo variâncias diferentes, nível de confiança de 0,05 e hipótese de diferença de média igual a 0 (zero), obteve-se o seguinte quadro: ANTES Variância Observações 2335,74 20 20 Hipótese da diferença de média gl DEPOIS 1658,45 0 37 Stat t 8,49 P(T<=t) uni-caudal t crítico uni-caudal 1,608E-10 1,69 P(T<=t) bi-caudal 3,216E-10 t crítico bi-caudal 2,03 Como o tCALC tem um valor superior ao tTAB (uni-caudal), a hipótese nula foi rejeitada, ou seja, esta segunda análise de 20 meses antes e depois dos acontecimentos de 11 de setembro ratifica a análise anterior não só ao demonstrar que houve um impacto no saldo da conta viagens internacionais (despesas), como também ao ampliar significativamente a diferença entre o valor calculado e tabelado, ou seja, reforçando ainda mais a rejeição da hipótese nula. O segundo período de análise (tabela 2) envolveu 32 meses de saldo da conta viagens internacionais (despesas), antes (desde janeiro de 1999) e depois do evento (até maio de 2004), sendo que o dado referente o mês de setembro de 2001 foi retirado da amostra. 10 TABELA 2 - VIAGENS INTERNACIONAIS, JAN/99 A MAIO/04 - DESPESAS - MENSAL - US$ (MILHÕES) INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. BCB BOLETIM/BP ANTES mês/ano Série DEPOIS Variância Desv Pad Variância Desv Pad Série mês/ano jan/99 337,59 66,94 8,18 1,02 1,01 191,21 out/01 fev/99 216,73 182,92 13,52 6,15 2,48 183,01 nov/01 mar/99 186,21 361,21 19,01 128,83 11,35 260,02 dez/01 abr/99 184,90 370,27 19,24 43,13 6,57 233,39 jan/02 mai/99 223,35 152,17 12,34 3,18 1,78 206,76 fev/02 jun/99 275,52 8,79 2,97 27,77 5,27 226,16 mar/02 jul/99 284,05 2,06 1,43 67,40 8,21 242,54 abr/02 ago/99 271,84 13,15 3,63 256,90 16,03 286,07 mai/02 set/99 277,97 6,38 2,53 33,36 5,78 228,98 jun/02 out/99 253,21 48,62 6,97 40,15 6,34 232,11 jul/02 nov/99 265,92 22,00 4,69 6,45 2,54 182,69 ago/02 dez/99 308,01 8,24 2,87 96,44 9,82 142,15 set/02 jan/00 244,89 71,69 8,47 128,24 11,32 133,77 out/02 fev/00 274,56 9,85 3,14 155,91 12,49 127,30 nov/02 mar/00 301,13 2,67 1,63 59,45 7,71 153,90 dez/02 abr/00 279,61 4,98 2,23 109,29 10,45 138,62 jan/03 mai/00 307,96 8,19 2,86 182,05 13,49 121,70 fev/03 jun/00 361,68 156,49 12,51 50,24 7,09 157,36 mar/03 jul/00 371,34 202,90 14,24 36,82 6,07 230,61 abr/03 ago/00 374,50 219,40 14,81 8,49 2,91 180,60 mai/03 set/00 340,95 77,18 8,79 13,69 3,70 217,43 jun/03 out/00 354,25 124,89 11,18 13,81 3,72 217,51 jul/03 nov/00 339,62 73,04 8,55 0,50 0,70 192,90 ago/03 dez/00 343,57 85,69 9,26 1,13 1,06 190,92 set/03 jan/01 341,29 78,28 8,85 32,62 5,71 228,62 out/03 fev/01 283,95 2,11 1,45 11,09 3,33 178,28 nov/03 mar/01 293,39 0,06 0,24 3,05 1,75 206,54 dez/03 abr/01 252,05 51,57 7,18 0,06 0,24 195,50 jan/04 mai/01 306,76 7,00 2,65 8,20 2,86 180,88 fev/04 jun/01 343,58 85,70 9,26 6,40 2,53 210,91 mar/04 jul/01 286,55 0,97 0,98 59,37 7,71 239,73 abr/04 ago/01 258,11 37,13 6,09 8,90 2,98 180,22 mai/04 Média 292,03 196,82 2.542,50 1.600,09 Variância Após a aplicação na ferramenta MS Excel 2000 do Teste-z (n > 30) às duas amostras (saldos de 32 meses antes e 32 meses depois) para média, informando as duas variâncias (uma por série), o nível de confiança de 0,05 e a hipótese de diferença de média igual a 0 (zero), obteve-se o seguinte quadro: 11 ANTES Variância conhecida DEPOIS 2.542,50 1.600,09 32 32 Observações Hipótese da diferença de média 0 z 8,37 P(Z<=z) uni-caudal 0,00 z crítico uni-caudal 1,64 P(Z<=z) bi-caudal 0,00 z crítico bi-caudal 1,96 Como o zCALC tem um valor superior ao zTAB (uni-caudal), a hipótese nula foi rejeitada, ou seja, esta terceira análise de 32 meses antes e depois dos acontecimentos de 11 de setembro confirmam as análises anteriores, ou seja, a rejeição da hipótese nula. O último período de análise (tabela 3) envolveu 18 trimestres de totais de passageiros embarcados em viagens internacionais, antes (desde o 2º trimestre de 1999 ao 2º trimestre de 2001) e depois do evento (até 4º trimestre de 2003), sendo que o dado referente ao 3º trimestre de 2001 foi retirado da amostra. TABELA 3 - PASSAGEIROS EMBARCADOS: TRÁFEGO AÉREO INTERNACIONAL, 2º TRIMESTRE DE 1999 AO 4º TRIMESTRE DE 2003 - INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA ANTES Trim./Ano DEPOIS Série Variância Desv Pad 2º Trim 1999 1.055.973 930.187.108 30.499 3º Trim 1999 1.165.773 69.242.258 8.321 Variância Desv Pad Série Trim./Ano 176.784.761 13296,04 1.079.674 4º Trim 2001 190.650.780 13807,63 1.081.121 1º Trim 2002 31174,26 953.893 2º Trim 2002 4º Trim 1999 1.134.462 7.556.544 2.749 971.834.234 1º Trim 2000 1.295.123 2.921.761.878 54.053 215.051.908 14664,65 1.083.545 3º Trim 2002 2º Trim 2000 1.134.174 8.126.720 2.851 388.843.934 19719,13 986.293 4º Trim 2002 3º Trim 2000 1.165.950 70.287.637 8.384 30.995.564 5567,37 1.057.814 1º Trim 2003 4º Trim 2000 1.102.689 195.506.637 13.982 1.342.011.406 36633,47 938.452 2º Trim 2003 1º Trim 2001 1.176.126 143.557.099 11.982 510.000.179 22583,18 1.105.942 3º Trim 2003 2º Trim 2001 1.049.864 1.066.598.957 32.659 310.040.968 17607,98 1.091.870 4º Trim 2003 Média 1.142.237 1.042.067 Após a aplicação na ferramenta MS Excel 2000 do Teste-t (n <30) às duas amostras (total de passageiros embarcados, 9 trimestres antes e 9 depois) presumindo variâncias diferentes, nível de confiança de 0,05 e hipótese de diferença de média igual a 0 (zero), obteve-se o seguinte quadro: Variância Observações Hipótese da diferença de média gl Stat t ANTES DEPOIS 5,413E+09 4,136E+09 9 9 0 16 3,0752406 P(T<=t) uni-caudal 0,003623 t crítico uni-caudal 1,7458842 P(T<=t) bi-caudal 0,0072459 t crítico bi-caudal 2,1199048 12 Como o tCALC tem um valor superior ao tTAB (uni-caudal), a hipótese nula foi, mais uma vez, rejeitada, ou seja, esta última análise de 9 trimestres antes e depois dos acontecimentos de 11 de setembro confirmam todas as outras duas análises anteriores. 4.2 TESTE DE H2 A hipótese foi testada com o uso do método quantitativo de correlação de Pearson7. Contrapondo-se a variável “saldo da conta viagens internacionais (despesas)”, com a variável “taxa de cambio de reais por dólar comercial médio mensal” e equiparandoas mês a mês (par a par) no período de janeiro de 2004 a maio de 2004, obteve-se a tabulação abaixo: TABELA 5 - SALDO DA CONTA VIAGENS INTERNACIONAIS (DESPESAS) X TAXA DE CÂMBIO jan/99 337,59 1,5019 jan/01 341,29 1,9545 jan/03 138,62 3,4384 fev/99 216,73 1,9137 fev/01 283,95 2,0019 fev/03 121,70 3,5908 mar/99 186,21 1,8968 mar/01 293,39 2,0891 mar/03 157,36 3,4469 abr/99 184,90 1,6941 abr/01 252,05 2,1925 abr/03 230,61 3,1187 mai/99 223,35 1,6835 mai/01 306,76 2,2972 mai/03 180,60 2,9557 jun/99 275,52 1,7654 jun/01 343,58 2,3758 jun/03 217,43 2,8832 jul/99 284,05 1,8003 jul/01 286,55 2,4660 jul/03 217,51 2,8798 ago/99 271,84 1,8807 ago/01 258,11 2,5106 ago/03 192,90 3,0025 set/99 277,97 1,8981 set/01 198,71 2,6717 set/03 190,92 2,9228 out/99 253,21 1,9695 out/01 191,21 2,7402 out/03 228,62 2,8615 nov/99 265,92 1,9299 nov/01 183,01 2,5431 nov/03 178,28 2,9138 dez/99 308,01 1,8428 dez/01 260,02 2,3627 dez/03 206,54 2,9253 jan/00 244,89 1,8037 jan/02 233,39 2,3779 jan/04 195,50 2,8518 fev/00 274,56 1,7753 fev/02 206,76 2,4196 fev/04 180,88 2,9303 mar/00 301,13 1,7420 mar/02 226,16 2,3466 mar/04 210,91 2,9055 abr/00 279,61 1,7682 abr/02 242,54 2,3204 abr/04 239,73 2,9060 mai/00 307,96 1,8279 mai/02 286,07 2,4804 mai/04 180,22 3,1004 jun/00 361,68 1,8083 jun/02 228,98 2,7140 Média 243,72 2,44 jul/00 371,34 1,7978 jul/02 232,11 2,9346 Mediana 233,39 2,38 ago/00 374,50 1,8092 ago/02 182,69 3,1101 Desv Pad 65,61 0,60 set/00 340,95 1,8392 set/02 142,15 3,3420 out/00 354,25 1,8796 out/02 133,77 3,8059 nov/00 339,62 1,9480 nov/02 127,30 3,5764 dez/00 343,57 1,9633 dez/02 153,90 3,6259 FONTE: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Maio/2004 Uma rotina específica do software Statistica foi aplicada primeiro na amostra representada pela tabela 5, para obtenção da medida de correlação entre as duas variáveis. O 7 Para maiores detalhes consultar MONTGOMERY (2004). 13 coeficiente do momento do produto de Pearson obtido foi o seguinte: Rxy = - 0,778, com significância dentro dos parâmetros estabelecidos na seção 3 (p aproximadamente igual a zero) . A análise do coeficiente sugere uma forte8 relação linear negativa (grau de correlação de 77,8%), que confirma a hipótese 2, ou seja, um aumento no valor do câmbio está associado à diminuição do valor do saldo mensal da conta viagens internacionais (despesas). 4.3 TESTE DE H3 Contrapondo-se a variável “passageiros embarcados (tráfego aéreo internacional)”, com a variável “taxa de cambio de reais por dólar comercial médio trimestral” e equiparandoas trimestre a trimestre (par a par) no período do 1º trimestre de 1999 a 4º trimestre de 2003, obteve-se a tabulação a seguir: TABELA 6 - TAXA DE CÂMBIO X PASSAGEIROS EMBARCADOS EM AVIÕES COMERCIAIS COM DESTINO AO EXTERIOR Taxa de câmbio R$/US$ média trimestral Passageiros embarcados Tráfego Aéreo Internacional Taxa de câmbio Passageiros R$/US$ média embarcados Tráfego trimestral Aéreo Internacional 1º Trim 1999 1,7708 1.335.108 3º Trim 2001 2,5494 1.201.335 2º Trim 1999 1,7143 1.055.973 4º Trim 2001 2,5487 1.079.674 3º Trim 1999 1,8597 1.165.773 1º Trim 2002 2,3814 1.081.121 4º Trim 1999 1,9141 1.134.462 2º Trim 2002 2,5049 953.893 1º Trim 2000 1,7737 1.295.123 3º Trim 2002 3,1289 1.083.545 2º Trim 2000 1,8015 1.134.174 4º Trim 2002 3,6694 986.293 3º Trim 2000 1,8154 1.165.950 1º Trim 2003 3,4920 1.057.814 4º Trim 2000 1,9303 1.102.689 2º Trim 2003 2,9859 938.452 1º Trim 2001 2,0152 1.176.126 3º Trim 2003 2,9350 1.105.942 2º Trim 2001 2,2885 1.049.864 4º Trim 2003 2,9002 1.091.870 Média 2,3990 1.109.759 Mediana 2,3349 1.097.280 Desv Pad 0,6129 99.020 FONTE: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Maio/2004 e Departamento de Aviação Civil (DAC). Dados Econômicos Trimestrais - INFO PL3. Do 1º trimestre de 1999 ao 4º trimestre de 2004 Uma rotina específica do software Statistica foi aplicada primeiro na amostra representada pela tabela 6, para obtenção da medida de correlação entre as duas variáveis. O coeficiente do momento do produto de Pearson obtido foi o seguinte: Rxy = - 0,587, com significância dentro dos parâmetros estabelecidos na seção 3 (p = 0,0065). A análise do 8 Para LEVIN e FOX (2004) uma correlação acima de 0,60 é considerada forte. 14 coeficiente sugere uma relação linear negativa entre moderada e forte9 (grau de correlação de 58,7%) que confirma a hipótese 3, ou seja, um aumento no valor do câmbio médio trimestral está associado à diminuição do total trimestral de passageiros embarcados. 5 CONCLUSÕES Este artigo comprova que de fato houve uma influência bastante significativa do 11 de Setembro sobre o saldo mensal da conta de despesas em viagens internacionais e o fluxo de passageiros embarcados em aviões comerciais para destinos fora do Brasil. Além disso ele demonstra uma forte correlação entre a taxa de câmbio do dólar e o saldo mensal da conta de despesas em viagens internacionais, bem como a taxa de câmbio do dólar e o fluxo de passageiros embarcados em aviões comerciais para destinos fora do Brasil. A despeito da premissa de que o transporte aéreo no Brasil está correlacionado com o nível de atividade econômica, severamente afetada pelos ataques de 11 de Setembro, a evidência estatística não suporta a conclusão de que não houve qualquer impacto do evento sobre o saldo mensal da conta de despesas de viagens áreas internacionais, nem no fluxo trimestral do tráfego aéreo de passageiros embarcados para destinos fora do Brasil. Pelo contrário. Segundo Almeida (2002), os atentados não resultaram, propriamente, em uma nova crise financeira mundial de longo prazo, mas gerou um declínio temporário dos mercados, tendência esta repentinamente agravada pela ruptura súbita das praças financeiras dos EUA e pelo aprofundamento da crise setorial em determinadas indústrias e serviços, e que permanece até hoje. Naturalmente que tais tendências recessivas nas principais economias globais provoca efeitos mais ou menos nefastos nas chamadas economias emergentes, como o Brasil, em proporção de sua dependência direta desses mercados. Este foi o caso do setor aéreo. Por exemplo, só para os EUA, logo após os atos terroristas, houve uma grande redução do número de vôos e de assentos nas aeronaves, bem como a criação de grandes empecilhos para se obter um visto para visitar os EUA, em nome das novas regras de segurança inerentes à nova ordem mundial. Além disso, com os ataques, as companhias aéreas viram seus custos com seguros, e segurança de uma maneira geral, significativamente amplificados. Outra explicação possível para os resultados, alega que o transporte aéreo é altamente sensível aos ciclos econômicos estando o desempenho das companhias aéreas intimamente associado às flutuações na renda de pessoas e empresas e na produção agregada do país. Quando a economia cresce e a confiança dos consumidores está em alta, 9 Para LEVIN e FOX (2004) uma correlação acima de 0,30 é considerada moderada e acima de 0,60 é considerada forte. 15 a demanda por serviços de transporte aéreo aumenta e isso incrementa as receitas e a lucratividade das transportadoras. Todavia, quando a economia entra em recessão com aumento nos níveis de desemprego e queda na atividade dos negócios e do turismo, a confiança dos usuários também cai, o que afeta negativamente a demanda por transporte aéreo e, em conseqüência o desempenho das empresas. A década dos anos 90 no Brasil foi um período de grandes transformações para transporte aéreo, marcada que foi pela estabilização econômica, o controle da inflação, e a flexibilização da regulamentação do setor (SILVEIRA, 2003). Os ataques de 11 de setembro apenas aceleraram e exacerbaram uma crise que já vinha maturando. E a situação do setor no Brasil pode piorar. Pesquisadores do Grupo de Transporte Aéreo do ITA, de São José dos Campos10, apontam para o risco de desestruturação aviação comercial, graças ao sucateamento e/ou superlotação dos aeroportos brasileiros, ao uso de tecnologias obsoletas de gerenciamento do tráfego aéreo (especialmente nos controles de aproximação), à escassez progressiva de profissionais altamente qualificados, ao planejamento estratégico inexistente, à insegurança jurídica para investimentos privados e à regulamentação da aviação comercial ainda grotescamente porosa e gasosa (BETING, 2001). O artigo também provou, através de evidência quantitativa manifesta, que existe uma forte correlação entre a taxa de câmbio do dólar médio mensal e o saldo mensal da conta de despesas de viagens áreas internacionais, bem como uma correlação de moderada a forte entre a taxa de câmbio do dólar médio trimestral e o fluxo trimestral do tráfego aéreo de passageiros embarcados para destinos fora do Brasil. Ambas as correlações confirma a grande dependência que o setor de transporte aéreo de passageiros possui com o câmbio. Face a estes fatos, é razoável supor que a alta nos preços internacionais do petróleo pode gerar graves prejuízos para o setor de transporte aéreo brasileiro. Se o preço médio do barril do petróleo este ano ficar em torno de US$ 36, as companhias aéreas acumularão perdas de bilhões de dólares nos próximos anos, apenas com os custos com combustíveis. Parcerias entre as companhias aéreas brasileiras e as internacionais provavelmente serão vistas em breve e, embora não esteja clara uma “fórmula da solução” para a aviação comercial brasileira, possivelmente haverá processos de consolidação entre as companhias aéreas, semelhante ao ocorrido nos últimos anos em outros setores da economia. Afinal, os ataques terroristas podem ter significado o golpe de misericórdia em algumas empresas cujas finanças já se encontravam combalidas. Todas as reflexões exigem uma análise mais detalhada. Seria interessante que os resultados deste estudo de caso promovessem novas pesquisas com a finalidade do 10 http://www.cnsatm.pcs.usp.br/sbta/index.php?URL=index.htm 16 cruzamento com outras séries de indicadores, tais como o PIB e o crescimento populacional, bem como estudos comparativos entre os dados encontrados neste artigo e os dados setor de aviação comercial de outros países. REFERÊNCIAS ALMEIDA, P. R. Os Primeiros Anos do Século XXI - O Brasil e as Relações Internacionais Contemporâneas. São Paulo: Paz e Terra, 2002. ANDERSON, D. R. et al. Estatística aplicada à administração e economia. 2.ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. BETING, Joelmir. Batendo as Asas. Estado de S. Paulo, São Paulo, 03/07/01. CAMARGOS, M A.; BARBOSA, F. V. Estudos de Evento: teoria e operacionalização. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 10, nº 3, p. 01-20, julho/setembro 2003. ANUÁRIO DO TRANSPORTE AÉREO: DADOS ESTATÍSTICOS. Rio de Janeiro: Departamento de Aviação Civil (DAC). De 1997 a 2003. DADOS ECONÔMICOS TRIMESTRAIS - INFO PL3. Rio de Janeiro: Departamento de Aviação Civil (DAC). Do 1º trimestre de 1999 ao 4º trimestre de 2004. DADOS MACROECONÔMICOS E REGIONAIS. São Paulo: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEADATA). Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.br/>. Acesso em: 30 de mai. 04. LAKATOS, E. M. Fundamentos da metodologia científica. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2003. LEVIN, J.; FOX, J. A. Estatística para ciências humanas. 9.ed. São Paulo: Prentice-Hall, 2004. MONTGOMERY, D. C. et. al. Estatística aplicada à engenharia. 2.ed. São Paulo: LTC, 2004. RATTI, B. Comércio Internacional e câmbio. 9.ed. São Paulo: Aduaneiras, 1997. SILVEIRA, J. A. Transporte Aéreo Regular no Brasil: Análise Econômica e Função Custo. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Transportes) – Departamento de Engenharia dos Transportes. 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